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1 Introdução
Em outras disciplinas, vocês viram funções a valores reais. Nesta aula, estudaremos
funções cujos valores são vetores. Estas funções a valores vetoriais são úteis para descrever
curvas e objetos no espaço e, também, o movimento de objetos no espaço.
2 Funções Vetoriais
Uma função é uma regra que associa a cada elemento de seu domı́nio um elemento de
sua imagem. Em geral temos que uma função f associa cada número real a outro número
real, por exemplo
f :R→R
x 7→ f (x) = y
Uma função vetorial é uma função cujo domı́nio é o conjunto dos números reais R
e cuja imagem é um conjunto de vetores, por exemplo:
→
−r :R→V
t 7→ →
−
r (t) ∈ V
, ou seja, para cada t ∈ R existe um vetor →
−
v ∈ V tal que
→
−
r (t) = →
−
v.
Digamos que V = R3 então cada vetor em R3 possui 3 coordenadas que vamos chamar
de f (t), g(t) e h(t), respectivamente, as funções coordenadas ou funções componentes
de →
−r , e escrevemos
→
−
r (t) = hf (t), g(t), h(t)i
→
− →
− →
−
= f (t) i + g(t) j + h(t) k .
1
Adaptado pelo Prof. Artino Quintino da Silva Filho em 07/12/2020 a partir das notas de aula do
Prof. Jarne Donizetti Ribeiro
√
Exemplo 2.1 Seja →
−
r (t) = ht3 , ln(3 − t), ti. Assim temos:
f (t) = t3
g(t) = ln(3 − t)
√
h(t) = t.
Observação 2.2 Instale o Geogebra 3D, no computador ou até mesmo no celular, ele é
gratuito. Logo após abra o arquivo do Geogebra 3D que anexei e movimente a variável t
e veja o que acontece.
Sejam →−
r (t) e →
−q (t) funções vetoriais então:
→
−
1. h (t) = →
−r (t) ± →−q (t). (adição e subtração)
→
−
2. h (t) = →
−r (t) × →−q (t) (produto vetorial).
→
−
3. h (t) = p(t) · →
−r (t), onde p(t) é um função escalar.
lim → −
D E
r (t) = lim f (t), lim g(t), lim h(t) ,
t→a t→a t→a t→a
Observação 2.3 Todas as regras dos limites de funções reais são válidas para funções
vetoriais.
→
− →
− 3 →
− −t →
− sin(t) →−
Exemplo 2.2 Determine lim r (t), onde r (t) = (1 + t ) i + (te ) j + k.
t→0 t
lim →
−
r (t) = hlim f (t), lim g(t), lim h(t)i
t→0 t→0 t→0 t→0
3 −t sin(t)
= hlim(1 + t ), lim(te ), lim i
t→0 t→0 t→0 t
= h1, 0, 1i
− →
→ −
= i + k.
sin(t)
Só lembrando que, lim = 1 é o primeiro limite fundamental.
t→0 t
lim →
−
r (t) = →
−
r (a).
t→a
Observação 2.4 Se → −
r (t) = hf (t), g(t), h(t)i é continua se, e somente se, f (t), g(t) e
h(t) são funções continuas.
3 Curvas
Vimos no inicio da matéria que ao variar a variável t numa função vetorial → −
r (t),
→
−
obtemos o gráfico da função r (t) o qual chamaremos de curva espacial. Ou seja, as
curvas espaciais e as funções vetorial continuas estão intimamente relacionadas da seguinte
forma:
Exemplo 3.2 A curva → −r : R → R2 , dada por →−r (t) = h2 cos(t), 2 sin(t)i, tem equação
2 2
cartesiana x + y = 4 e representa uma circunferência de centro (0, 0) e raio 2.
Vamos encontrar as funções f (t) e g(t) que parametrizam essa curva, ou seja,
x = f (t) x = a sin(t)
⇔ com t ∈ [0, 2π].
y = g(t). y = a cos(t).
Assim
x2 + y 2 = (a sin(t))2 + (a cos(t))2
= a2 sin2 (t) + a2 cos2 (t)
a2 sin2 (t) + cos2 (t)
=
= a2 .
Portanto
x = a sin(t)
(2)
y = a cos(t).
satisfaz a equação da circunferência, o que mostra que (2) é chamada de equações pa-
ramétricas.
Como vimos no exemplo anterior , podemos ver que x2 +y 2 = cos2 (t)+sin2 (t) = 1, ou seja
se olharmos somente nas coordenadas x e y sem alterar a coordenada z sempre teremos
circunferências de raio 1. Agora se começarmos a variaz o z = t teremos o seguinte:
Para você conseguir esboçar o gráfico da Figura 3 basta dar valores para t, por exemplo
→
−r (0) = h1, 0, 0i e →
−
r (2π) = h1, 0, 2πi e marque esses pontos no gráfico e assim você vai
conseguir ter uma ideia de como o é o gráfico completo.
Observação 3.1 O arquivo do Geogebra que geramos o gráfico acima está na pasta,
sugiro que movimente o parâmetro t que você verá que o vetor →
−
r (t) irá acompanhar a
curva vermelha.
Exemplo 3.6 Determine uma equação vetorial que representa a curva obtida pela inter-
secção do cilindro x2 + y 2 = 1 com o plano y + z = 2.
paralelas ao eixo z.
t = 2−y
= 2 − cos(t).
Ideia Geométrica
→
− →
− →
−
Definição 4.1 Se → −
r (t) = hf (t), g(t), h(t)i = f (t) i + g(t) j + h(t) k , onde f, g, h são
funções diferenciais, então
→
−
r 0 (t) = hf 0 (t), g 0 (t), h0 (t)i
→
− →
− →
−
= f 0 (t) i + g 0 (t) j + h0 (t) k .
→
−r (t + t) − →−r (t)
→
−
r 0 (t) = lim
t→0 t
hf (t + t), g(t + t), h(t + t)i − hf (t), g(t), h(t)i
= lim
t→0
t
f (t + t) − f (t) g(t + t) − g(t) h(t + t) − h(t)
= lim , lim , lim
t→0 t t→0 t t→0 t
0 0 0
= hf (t), g (t), h (t)i
Definição 4.2 A reta tangente a curva C em B é definida como a reta que passa por
B e é paralela ao vetor →
−
r 0 (t). Em algumas ocasiões vamos considerar o vetor tangente
unitário dado por:
→
− →
−r 0 (t)
T (t) = →
k−r 0 (t)k
→
− →
− →
−
Exemplo 4.1 Determinar a derivada de → −r (t) = (1 + t3 ) i + te−t j + sin(2t) k . Depois
encontre o vetor tangente unitário no ponto onde t = 0.
→
− →
− →
−
Solução: Seja →
−
r (t) = (1 + t3 ) i + te−t j + sin(2t) k , então
→
−
r (0) = B ⇒ B = (1, 0, 0)
Calculando a derivada,
→
− →
− →
− →
−
r 0 (t) = (3t2 ) i + (e−t − te−t ) j + 2 cos(2t) k
→
− −0 →
− →
−
Como →−
r (0) = i e → r (0) = j + 2 k temos que o vetor tangente unitário passando por
B = (1, 0, 0) é dado por
−−−−→
→
− →
− →
−
→
−
r 0 (0) j+2k j +2k 1 →− 2 →−
1 2
T (0) = →
k−
r 0 (0)k
= →
− − = √
→ = √ j +√ k = √ ,√
kj +2kk 1+4 5 5 5 5
√→− →
−
Exemplo 4.2 Para a curva → −r (t) = t i + (2 − t) j . Determine →
−
r 0 (t) e desenhe o vetor
posição →
−
r (1) e o vetor →
−
r 0 (1).
Solução:
→
− 1 →− → − 1
r 0 (t) = √ i − j = √ , −1
2 t 2 t
→
− →
− 0 1
Assim temos que r (1) = h1, 1i e r (1) = , −1 e as equações paramétricas são :
2
√ 2
x = t x =t
⇔
y =2−t y = 2 − x2
onde t ∈ R.
Exemplo 4.3 Determine as equações paramétricas para a reta tangente à hélice com
equações paramétricas
x = 2 cos(t)
y = sin(t)
z =t
π
no ponto 0, 1, .
2
Solução: Temos que
→
−
r (t) = h2 cos(t), sin(t), ti→
−r 0 (t) = h−2 sin(t), cos(t), 1i
⇒
→
−
π
Como queremos que r (t) passe em no ponto 0, 1, , logo devemos ter
2
2 cos(t) = 0
sin(t) =1
t π
=
2
π
Portanto para t = temos as três equações acima sendo satisfeita, logo o vetor tangente
2
π
a hélice passando por 0, 1, é
2
→
− π
r 0 ( ) = h−2, 0, 1i .
2
Assim a equação da reta tangem é
→
− πE πE
m(t) = (1 − t)→
− + t→
−
D D
r 0, 1, r 0 0, 1,
2 2
D πE
= 1, 0, (1 − t) + th−2, 0, 1i
2
D π π E
= −2t, 1 − t, + (1 − )t .
2 2
As equações paramétricas da reta são
x = −2t
y =1−t
z = π + (1 − π )t
2 2
d →
i) [−
u (t) ± →
−
v (t)] = →
−
u 0 (t) ± →
−
v 0 (t).
dt
d →
ii) [c−
u (t)] = c→
−
u 0 (t).
dt
d
iii) [f (t)→
−
u (t)] = f 0 (t)→
−
u (t) + f (t)→
−
u 0 (t).
dt
d →
iv) [−
u (t).→
−
v (t)] = →
−
u 0 (t)→
−
v (t) + →
−
v 0 (t)→
−
u (t).
dt
d →
v) [−
u (t) × →
−
v (t)] = →
−
u 0 (t) × →
−
v (t) + →
−
v 0 (t) × →
−
u (t).
dt
d →
vi) [−
u (f (t))] = f 0 (t) · →
−
u 0 (f (t)).
dt
Z π
→
− →
− →
−
Exemplo 4.4 Se →
−
r (t) = 2 cos(t) i + sin(t) k + 2t k , calcule 2→−
r (t)dt.
0
Solução:
Z π *Z π Z π Z π +
2→−
r (t)dt = 2 2 cos(t)dt, 2 sin(t)dt, 2 2tdt
0 0 0 0
D π π π E
= 2 sin(t) |0 , − cos(t) |0 , t2 |0
2 2 2
π2
= 2, 1,
4
5 Tarefa da semana
Nesta semana, as tarefas para contabilização da presença consiste em resolver os dois
exercı́cios a seguir. Os exercı́cios devem ser feitos em letra cursiva (famoso ”letra de
mão”). Encaminhar uma foto (pode ser do celular mesmo) da tarefa realizada.
5.1 Exercı́cio 1
Determine as equações paramétricas e esboce as curvas:
1. x = −1 + t, y = 2 − t, t ∈ R.
5.2 Exercı́cio 2
A projeção do gráfico do exemplo 3.5 também é conhecida como hélice. Existem
diversas outras projeções famosas, como a cicloide, a trocoide, a cúbica retorcida e o nó
de trevo. Em nosso curso de engenharia elétrica, existe uma projeção em particular que
é muito interessante, chamada espira toroidal, Figura 7.
• Procure na internet algum tipo de aplicação na engenharia elétrica que faça uso
deste formato, toroide e espira toroidal.
Referências Bibliográficas
ANTON, H. Cálculo: um novo horizonte. 10 Edição Bookman, 2000.
STEWART, J. Cálculo - Volume 2. Cengage Learning, 2016.
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