A astrobiologia, também conhecida como exobiologia, é um campo científico
interdisciplinar que teoriza a distribuição, dispersão e futuro da vida no universo. Este campo admite a teoria da panspermia que pode ocorrer, por exemplo, quando material biológico chega à Terra em um cometa. Há também a possibilidade de panspermia dirigida, quando organismos vivos são intencionalmente transferidos para outro planeta, com ou sem manipulação genética para facilitar a adaptação ao novo ecossistema. Por exemplo, quando humanos planejam terraformar Marte e Europa, quarta lua de Júpiter. Na falta de oportunidade para coleta de dados precisos, a ficção-científica é um recurso utilizado pela astrobiologia para estudar a vida extraterrestre antes mesmo de sua detecção. Neste caso não basta um ficcionista escrevendo qualquer coisa que lhe venha à mente. É necessário conhecer a biologia dos extremófilos, entre outros fatores que tornam verossímeis as sugestões e previsões do exobiólogo. Sendo assim há livros de ficção-científica mais úteis à astrobiologia por se aproximarem da probabilidade do real, a exemplo de Vampyroteuthis Infernalis (2011) de Vilém Flusser e Louis Bec. E há livros de ficção-científica sem nenhum préstimo à astrobiologia, a exemplo do romance de horror The Space Vampires (1976), de Colin Wilson, – o qual serviu de base para o roteiro do filme Lifeforce (1985). Ora, ambos os livros tratam do mesmo tema: cefalópodes extremófilos que exercem fascínio sobre os humanos. Mas na ficção- filosófica de viés científico o organismo desconstruído, despressurizado, arrebenta fora de seu meio-ambiente nativo e estado mental original. Já na ficção-científica de viés parapsicológico os alienígenas vampiros tem poder de mudança de aparência, de polvos para humanos, e drenam energia por meio de atividade sexual extenuante. Nota-se que este clássico da literatura do nicho não é inútil por ser inverossímil. Pelo contrário, The Space Vampires é coerente conforme certa perspectiva. Afinal, Colin Wilson teorizou sobre uma ampla gama de evidências compiladas e esquematizadas na obra de não-ficção The Occult: A History (1971). O problema é que suas premissas são inaceitáveis porque parapsicologia e holística não são ciências oficiais. A ufologia não é uma ciência de formação acadêmica. Todo ufólogo é ufólogo honoris causa. Você se declara ufólogo e espera pelo reconhecimento dos seus iguais, algo que pode não acontecer. Ademar José Gevaerd é ufólogo. Carol Capel é ufóloga. Porém o dia em que Gevaerd endossar as teorias de Carol Capel choverá canivetes. Considera-se ufólito o sujeito que aprecia a temática ufológica, mas não teoriza a respeito, não dispõe de meios para realização de pesquisa de campo e não possui conhecimento para produção de conteúdo. Por exemplo, os autores que escrevem e publicam na Revista UFO são ufólogos. Os leitores da Revista UFO são ufólitos. A tendência entre ufólogos e ufólitos influenciados pela astrobiologia é deixar de mencionar antigos filmes com alienígenas humanoides. Quanto aos vampiros, eles no máximo aceitam hipóteses onde o contato entre espécies iniciaria uma infecção por algo como um patógeno ou príon causador de transposão de informação genética; e neste caso me recomendaram o filme Priest (2010). Mas eles poderiam muito bem ter endossado o mitologema de qualquer tokusatsu japonês onde o vampiro extraterreno original, animalesco kaijū (怪獣), transpõe características a humanos que se tornam vampiros kaijin (怪人). Se não fizeram isso foi apenas pelo aspecto pobre e desleixado dos únicos efeitos especiais cabíveis em produções de baixo orçamento. Outro filme que me foi recomendado foi Área 51 (2015) onde pessoas invadem furtivamente a famosa base militar e visitam vários cômodos. No nível mais baixo há um túnel onde vivem alienígenas. Nesse túnel ou caverna há uma dispensa carregada de “sangue fresco”. Muitas roupas e brinquedos de fabricação humana estão espalhados pelo chão. A sugestão mental é que jovens humanos são oferecidos como alimento aos alienígenas hematófagos. Ou então eles fazem experimentos com sangue humano. Ainda menos verossímil, embora igualmente recomendado, é War of the Worlds (2005) onde astronautas alienígenas desperdiçam tanto sangue humano, espalhado pelos cenários por onde passam, que não deveria restar muito para coleta e consumo. Detalhe: Neste filme as máquinas que incineram cidades humanas não descem do céu, elas emergem do solo onde estavam enterradas desde tempos imemoriais. Quando questionamos não por meros filmes inspiradores, mas por informações concretas, observamos que a ufologia flerta com a criptozoologia. Pessoas de boa-fé recomendam um livro esgotado e caríssimo no mercado de usados, Alien Harvest: Further Evidence Linking Animal Mutilations and Human Abductions to Alien Life Forms (1989), da autora Linda Moulton Howe, uma das mais respeitadas ufólogas do mundo. O mesmo tema foi estudado e detalhado pelo ufólogo brasileiro Carlos Alberto Machado, autor dos livros Olhos de Dragão: Reflexões para uma nova realidade (2016) e Estranha Colheita: Mutilações Humanas do Insólito (2018). Ambos estão disponíveis na Amazon, o primeiro no formato e-book e o outro em livro físico. Não deixe de ler os livros, mas antes leia aqui um resumo dos casos estudados por Carlos Alberto Machado: http://fenomenum.com.br/ufo/investigacao/chupacabras/chupacabras8 É muito raro que o mesmo caso concreto exija uma análise interdisciplinar abordando ufologia e vampirologia ao mesmo tempo, mas as vezes acontece. Os exemplos de não-ficção mais conhecidos são os fenômenos do come-línguas, chupa- chupa, chupa-cabras e os vídeos das entrevistas com os contatados norte-americanos Alex Collier (1994) e Philip Schneider (1996) onde ambos denunciam a presença de alienígenas vivendo escondidos num imenso sistema espeleológico abaixo de solo ou em bases militares subterrâneas. (Aparente variação da lenda de Agharta, a Terra oca). Na ocasião da entrevista do jornalista Rick Keefe com Alex Collier (pseudônimo de Ralph George Amigron), em 1994, este afirmou haver sido informado por extraterrestres da galáxia de Andrômeda sobre a destruição do edifício World Trade Center; algo que realmente viria a acontecer em 11/09/2001. No vídeo vemos Alex Collier, muito sério, vestindo terno e gravata, falando sobre raças alienígenas dentre as quais haveriam predadores de humanos. Segundo ele, uma espécie inteligente de α Draconis estaria a caminho da Terra, para se encontrar com os 1833 indivíduos que já vivem aqui, num sistema espeleológico localizado entre 100 e 200 milhas abaixo da superfície... Philip Schneider ganhou cicatrizes e perdeu dedos brigando com esses bichos (!), que ele afirma serem consumidores de sangue humano com adrenocromo.
Imagino que todas as fontes da lenda urbana sobre humanos e alienígenas
viciados em adrenocromo de origem biológica pequem por problemas técnicos. Entenda: Adrenalina ou epinefrina (C₉H₁₃NO₃) é um hormônio secretado pelas glândulas adrenais ou supra renais quando a pessoa vive situações de estresse ou excitação. Depois que a adrenalina é liberada na corrente sanguínea e se espalhada pelo corpo todo, sua auto-oxidação produz o metabólito adrenocromo (C9H9NO3), o qual tem efeito psicotomimético e neurotóxico. Ou seja, você sai do terror (situação de perigo real) e cai no horror (alucinação). Em organismos normais o efeito colateral é combatido pela produção da enzima glutationa S-transferase, que elimina o adrenocromo. Mas em organismos com um determinado gene defeituoso não há desintoxicação e a pessoa pode alucinar. Então dá para ficar doidão apenas chupando sangue? Não! A hipótese do uso de adrenocromo como droga recreativa, lançada por Hunter S Thompson, em Fear and Loathing in Las Vegas (1971) e Fear and Loathing on the Campaign Trail '72 (1973), é inverossímil porque um adulto médio possui algo entre 4,5 e 5,5 litros de sangue em circulação no corpo. Não dá para filtrar e coletar quantidades significativas de adrenocromo. Beber só algumas gotas ou só um frasquinho de sangue retirado do Homo sapiens aterrorizado ou sobrexcitado introduziria doses homeopáticas tão ínfimas no organismo doutro Homo sapiens que, se surtisse efeito, seria placebo. Então o que estaria acontecendo, se algo estivesse acontecendo? Obras como o Necronomicon compilado em La Magia Estelar (1988) de Frank G. Ripel sugerem que H. P. Lovecraft esteve em posse de informações privilegiadas as quais codificou em suas obras de ficção. Haveria de fato os grandes antigos, deuses astronautas, alienígenas do passado, vindos do multiverso. No caso dos deuses vampiros do Temple of Vampire vemo-los prestando auxílio a seus tutelados por meio de dreno energético. Pois bem, luta livre só se aprende apanhando e pelo menos no quesito mestres antigos da realidade onírica eu nunca tive do que reclamar. Jacó não teve bênção maior. Em 07/03/2003 meu pessoal deu seu melhor para me deixar um trapo. Mal levantei tirei foto kirlian do meu próprio dedo. Estava anômala, com carga quase totalmente negativa. (Foto 01) Calhou duma amiga bater em minha porta nesse exato momento, espavorida, outro trapo de gente. Ela tinha acabado de fugir de casa porque seus pais estavam discutindo aos berros, chegando às vias de fato da agressão doméstica. Tirei foto kirlian do dedo dela. Anômala, com falhas preocupantes e sobrecarregada com carga quase totalmente positiva. (Foto 02) Bastou juntarmos os dedos para a osmose fazer sua parte conforme as leis da física. (Foto 03) Após o balanceamento de cargas minha amiga se acalmou, contou o que lhe havia acontecido e retornou ao lar se sentindo melhor. Deduzimos que descargas de energia podem ser benéficas para doadores. (Foto 02).
Foto 01 Foto 02 Foto 03 Foto 04
Suponhamos a hipótese onde um organismo alienígena naturalmente dotado de
carga magnética negativa esteja ansioso pela absorção de cargas positivas de origem biológica. Devido à raridade de voluntários que necessitam descarregar a energia em excesso, talvez este organismo desenvolvesse métodos de indução de estados de ânimo angustiantes, sôfregos, terríveis, os quais implicam em descargas de adrenalina e subsequente produção de adrenocromo. Então absorveriam os eflúvios carregados pelo terror, não literalmente, bebendo sangue, mas doutro modo bastante sutil.
Uma coisa que deixa vampirólogos ufólitos malucos é o fato de o contatado e
romancista Whitley Strieber num momento estar produzindo importante material de não- ficção sobre ufologia, como o livro Communion (1987), em cuja capa apareceu a primeira representação de um grey, e noutro momento escrever ficção sobre vampiros, descritos enquanto uma raça milenar distinta dos humanos vivendo na Terra, em The Hunger (1981), The Last Vampire (2001) e Lilith’s Dream (2002). O primeiro livro virou o filme The Hunger (1983) com David Bowie e Catherine Deneuve nos papéis principais, começando com ambos caçando em meio a um show da banda Bauhaus, cantando Bela Lugosi's Dead; e isso virou um clássico tanto na cultura pop quanto na subcultura gótica. A impressão é que Whitley Strieber tem algo a dizer sobre intercessões, mas fica engasgado igual John Keel que – por medo de chacota – não menciona a palavra “vampiro” nem quando uma testemunha esfrega uma descrição dum óbvio cosplay do Conde Drácula na cara dele. Ele diz: É o Mothman. Só que com cabeça humana, roupas estereotipadas e capa preta. (Ok, poderia não ser o Drácula. Talvez fosse o Batman). O ocultista e romancista Colin Wilson fez o contrário. A hipótese do vampirismo extraterreno trabalhada na ficção The Space Vampires (1976) é uma exageração ou ampliação daquilo que foi anteriormente sugerido na obra de não-ficção The Occult: A History (1971). Mas a ficção ficou mais atraente que a realidade e o filme Lifeforce (1985) ainda mais popular do que o livro. O jornalista Jean Paul Bourre trata da intercessão vampiro/aliem em Le Culte du vampire aujourd'hui (1978). Depois ele percebeu que a hipótese tem má aceitação popular e refez o livro numa versão auto-censurada, de nome Les Vampires (1986). Durante pesquisa de campo na Europa, este autor encontrou uma seita que cultua alienígenas bebedores de sangue, além de um grupo que acredita que os vampiros são seres vindos do espaço e dedica-se a combatê-los. (A tradução para português da versão integral se chama O Culto do Vampiro, publicada pela editora Europa-América). Jorge Mautner atribuiu a invenção da internet e do trem bala a vampiros alienígenas no livro Fragmentos de Sabonete (1976), escrito numa época em que ainda não existia nem internet nem trem bala neste planeta. Jorge Mautner afirma ter sido alvo do raio paralisante dum disco voador – notoriamente o chupa-chupa – que o tornou artista canalizador. E ele afirma ser vampiro na introdução do Manual Prático do Vampirismo (1986). De brincadeira. Ou não... Vá saber! Na ficção científica já existiam outras menções a vampiros alienígenas. O exemplo mais antigo que eu já ouvi falar é o conto Asylum (1942), de A. E. Vam Vogt, onde dois alienígenas sanguissedentos chegam à Terra numa espaçonave. Estes personagens viveram milhares de anos se apropriando das formas de vida de diferentes planetas. Na Terra, encontram o repórter Willoan Dreegh, que impediu sua invasão. O filme Invasion of the Body Snatchers (1956), que foi chamado de “Vampiros de Almas” no Brasil não tem vampiro nenhum. Só alienígenas que clonam a aparência dos humanos e tomam nosso lugar. O primeiro e mais famoso filme com intercessões foi o italiano Planet of the Vampires (1965), produzido por Fulvio Lucisano, dirigido por Mario Bava, baseado na novela Una Notte di 21 Ore (1960), de Renato Pestriniero. A história do filme é bem diferente da minissérie em quadrinhos homônimas, Planet of vampires (1975), produzida por Larry Hama e Pat Broderick, com capas de Neal Adams, serializada em três números publicados pela Atlas comics. Nela cinco astronautas retornam à Terra e encontram nosso planeta governado por vampiros. Os vampirólogos norte-americanos aumentam a lista de intercessões indicando os livros Sabella or The Blood Stone (1980) de Tanith Lee; Dracula Unbound (1991) de Brian Aldiss; e McLennon's Syndrome (1993) de Robert Frezza. Eu achei Sabella demasiadamente inverossímil e desinteressante. Os outros três são igual caviar. Nunca vi nem comi, eu só ouço falar. Gordon Melton ressalta que H. G. Wells explorou a possibilidade dum alienígena tomar posse dum ser humano para viver de suas energias vitais, no conto The Flowering of the Strange Orchid (1894). O filme musical sobre planta carnívora alienígena Little Shop of Horrors (1986) inspirou o desfecho de As Sete Vampiras (1986), com roteiro de R. F. Lucchetti. Mais detalhes podem ser lidos no roteiro estendido sem retoques nem censura As Sete Vampiras (2016), publicado pela editora Laços, e no livro IVampirismo: O Cinema em Pânico (1990) escrito em conjunto com o diretor Ivan Cardoso. Existe ainda uma adaptação em quadrinhos de As Sete Vampiras (1986) com roteiro de R. F. Lucchetti e desenhos de Mozart Couto, publicada pela Press.
Em Vampires, Spies and Alien Beings (1983) de R. G. Austin (Nancy Lamb),
publicado pela Record, o personagem protagonista assiste a filmagem de três diferentes películas; mas, no cenário do filme interplanetário, uma explosão misteriosa atinge a máquina de efeitos especiais e subitamente o filme não é mais uma fantasia. Em 1969 o ficcionista Forrest J. Ackerman criou a famosa personagem de quadrinhos Vampirella, uma vampira sex e escrupulosa, vinda do planeta Draculon, óbvia paráfrase do Superman que veio de Kripton. Revistas com Vampirella são publicadas até hoje nos EUA. Inclusive, no Brasil, havia uma série dela traduzida, nos jornaleiros, vendida a preço popular, distribuída à época dos avistamentos do chupa- chupa. Não é impossível que isso tenha estimulado a imaginação de algumas pessoas. Existem outros quadrinhos esparsos sobre alienígenas vampiros. Até o brasileiro Ataíde Braz já produziu umas folhas para a Spektro da Vecchi (se não me falha a memória, foi no nº 5 da revista). Na série japonesa Trinity Blood (2004), de Yoshida Sunao, o vampiro comum, Homo metusalah, é uma subespécie produzida pelos humanos, por manipulação genética, para colonizar Marte.1 Em Rust Blaster (2006), de Yana Toboso, os vampiros terráqueos são uma subespécie derivada dos vampiros alienígenas que vivem no interior oco da nossa Lua. Enfim, se alguém se interessar pelo tema conjunto recomendo que leiam Fome de Viver e A Última Vampira de Whitley Strieber. Leiam também O Oculto e Vampiros do Espaço de Colin Wilson. Só leiam O Culto do Vampiro de Jean Paul Bourre depois de ler O Despertar dos Mágicos de Louis Pauwels e Jacques Bergier. Tudo isso existe em português. (Ignorem Sabella e Vampirella, a menos que sejam fãs de Barbarella e outras beldades seminuas que de alienígena só possuem o rótulo). Coisa bizarra: Eu escrevo sobre vampirismo minha vida inteira. Isso nunca chamou a atenção da imprensa, exceto uma vez. Um sujeito que dizia ser repórter da TV Educativa se deu ao trabalho de descobrir meu telefone (ele não poderia ter enviado um e-mail?) e veio pessoalmente à minha casa conferir as fontes bibliográficas, depois que diversos blogs republicaram uma resposta minha a uma pergunta sobre intercessões da ufologia com a vampirologia, postada numa lista privada do último grotto da Church of Satan. (Isso foi pouco antes da extinção do sistema de grottos). Enfim, obviamente um fofoqueiro infiltrado fez o material vazar do Yahoo Grupos. Fiquei esperando bobamente a gravação passar na TV Educativa, mas nunca passou.
1 Trinity Blood existe na forma duma revista em quadrinhos em treze volumes (2004) e seriado de vinte e quatro episódios (2005) produzido pelo estúdio GONZO.