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Processo nº 5088384.73.2017.8.09.0051
Apelante/Réu: SPE MÁXIMO DUETTO CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA, MÁXIMO CONSTRUTORA E
INCORPORADORA LTDA e LAGOA GRANDE PARTICIPAÇÕES LTDA.
Apelada/Autora: ELZA SAMPAIO MORAIS
ELZA SAMPAIO MORAIS, já devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe que
move em face de SPE MÁXIMO DUETTO CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA,
MÁXIMO CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA, e LAGOA GRANDE PARTICIPAÇÕES
LTDA, tendo sido notificado da interposição de recurso de apelação da douta sentença
proferida nos autos vem, ao abrigo do disposto no artigo 1.010 do Código de Processo Civil,
oferecer tempestivamente a CONTRARRAZÕES Á APELAÇÃO que seguem em anexo
requerendo que após a juntada aos autos sejam remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça.
Contrarrazões da Apelação
Egrégio Tribunal
Nobres Julgadores,
I. BREVE RESUMO:
3. Sentença:
(destaquei)
“(...)
4) FIXAR como data final para condenação por perdas e danos de 0,5 (meio por
cento) do valor do contrato, a data da rescisão do contrato, e que a porcentagem
deve incidir sobre os dois contratos, nº 171 e nº 87. (...)”.
(destaquei)
5. Recurso de Apelação:
5.2 Rechaçou a restituição integral dos valores pagos pela Apelada em parcela única,
alegando que deveria ter sido retido, a título clausula penal contratual, 25% da totalidade
dos valores pagos.
5.3 Deduziu que a devolução da intermediação imobiliária não pode ser acatada, uma
vez que alega que o serviço foi prestado por terceiros e que a Autora tinha conhecimento.
Além do que consta do precedente relatório, importa considerar os fatos dados como
provados em primeira instância:
1. Que as partes firmaram dois contratos de compra e venda de imóvel na planta: contrato
87, em R$ 321.545,11 (trezentos e vinte e um mil quinhentos e quarenta e cinco reais e
onze centavos), sendo pagos R$ 11.286,95 (onze mil, duzentos e oitenta e seis reais e
noventa e cinco centavos); e o contrato 171, em R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta
mil reais), sendo pagos R$ 27.020,62 (vinte e sete mil e vinte reais e sessenta e dois
centavos);
3. Que a data limite para a entrega das chaves seria o dia 28/02/2017;
4. Que HOUVE ATRASO na entrega da obra1, e que NÃO foi verificado caso fortuito ou
força maior;
2. O juiz a quo entendeu que a relação jurídica estabelecida por contrato de promessa de
compra e venda de bem imóvel é de CONSUMO, e se aplica, portanto, o Código de
Defesa do Consumidor;
4. Que virtude disso, não pode haver a imposição compulsória de cláusula arbitral (em
contratos de adesão firmados sobre a vigência do CDC) ainda que satisfeitos os
requisitos do artigo 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96;
8. Que o montante pago a título de corretagem, deve ser devolvido á Apelada, pois o caso
não se amolda nos termos do REsp 1.551.951/SP;
10. Por fim a condenação ao pagamento das custas e despesas processuais e ainda
honorários advocatícios fixados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.
3. Que acredita que houve extrapolação na análise da sumula 543 do STJ, uma vez que
acredita que “a devolução integral não é a mesma coisa que devolução em parcela única”,
requerendo, portanto, que lhe seja deferida a possibilidade de DEVOLUÇÃO DOS VALORES
PAGOS de forma parcelada;
2
Reforma alcançada via Embargos de Declaração.
3
Importante relembrar que trata-se de dois contratos no valor global de R$ 671.545,11.
4
Reforma alcançada via Embargos de Declaração.
4. Que em relação a parcela tida como INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, acredita que a
douta “sentença deve respeitar o pactuado entre as partes”, pois o “serviço prestado por
profissional liberal não é passível de devolução”;
Vejamos então:
Inicialmente, convém salientar que o CDC, em seu art. 51, VII, dispõe
que “São nulas de pleno de direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que determinem a utilização compulsória de
arbitragem”.
O art. 4º, § 2º, da Lei de Arbitragem, por sua vez, dispõe que:
Da confrontação dos arts. 51, VII, do CDC e 4º, § 2º, da Lei 9.307/96,
pode-se constatar que a suposta incompatibilidade entre os dispositivos legais é meramente
aparente, não resistindo à aplicação do princípio da especialidade das normas, a partir do
qual, sem grande esforço, pode-se concluir que o art. 4º, § 2º, da Lei de Arbitragem versou
apenas acerca de contratos de adesão genéricos, subsistindo, portanto, a aplicação do art.
51, VII, do CDC, às hipóteses em que o contrato, mesmo que de adesão, regule uma
relação de consumo.
2. Por outro lado, o art. 51 do CDC assevera serem nulas de pleno direito “as
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: VII -
determinem a utilização compulsória de arbitragem". A mens legis é justamente
proteger aquele consumidor, parte vulnerável da relação jurídica, a não se ver
compelido a consentir com qualquer cláusula arbitral.
5. Não há incompatibilidade entre os arts. 51, VII, do CDC e 4º, § 2º, da Lei n.
9.307/96. Visando conciliar os normativos e garantir a maior proteção ao
consumidor é que se entende que a cláusula compromissória só virá a ter eficácia
caso este aderente venha a tomar a iniciativa de instituir a arbitragem, ou
concorde, expressamente, com a sua instituição, não havendo, por conseguinte,
falar em compulsoriedade. Ademais, há situações em que, apesar de se tratar de
consumidor, não há vulnerabilidade da parte a justificar sua proteção.
(REsp 1.189.050/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Quarta Turma, DJe
14/3/2016)
Súmula nº 45 – TJGO
(Destaquei)
Como dito, está longe de ser o caso dos autos: embora tenha sido a
parte autora quem manifestou a vontade de rescindir o contrato, o fez em decorrência da
quebra de confiança decorrente do inadimplemento da ré. Ratifique-se que a demanda
foram propostas no dia 24/03/2017, e até presente data, não há notícia nos autos da
existência, sequer, de habite-se, senda esta motivação suficiente para a rescisão pleiteada.
Confira-se:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC.
DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE COMPRA DE IMÓVEL. DESFAZIMENTO.
DEVOLUÇÃO DE PARTE DO VALOR PAGO. MOMENTO.
1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: em contratos submetidos ao Código de Defesa
do Consumidor, é abusiva a cláusula contratual que determina a restituição dos
valores devidos somente ao término da obra ou de forma parcelada, na hipótese
de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel, por culpa de
quaisquer contratantes. Em tais avenças, deve ocorrer a imediata restituição das
parcelas pagas pelo promitente comprador -integralmente, em caso de culpa
exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o
comprador quem deu causa ao desfazimento.
2. Recurso especial não provido.
(REsp 1300418/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 13/11/2013, DJe 10/12/2013)
Esse, inclusive, é o enunciado da Súmula nº 543 do STJ, in verbis:
4. INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA,
5. DANOS MORAIS
“A indenização por danos morais deve ser fixada em quantitativo que represente
justa reparação pelo desgaste do dano sofrido, observando-se os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, de modo a não ensejar enriquecimento
ilícito do ofendido. Inexistindo fundamento ou fato novo capaz de conduzir o
julgador a nova convicção, deve ser desprovido o agravo regimental. AGRAVO
REGIMENTAL CONHECIDO, MAS IMPROVIDO.” (TJGO, APELACAO CIVEL 489192-
11.2011.8.09.0051, Rel. Dr. ROBERTO HORACIO DE REZENDE, 1A CÂMARA CIVEL,
julgado em 04/02/2014, DJe 1494 de 27/02/2014)
“A indenização por dano moral não tem finalidade patrimonial, eis que visa a
atenuar a dor injustamente provocada pelo agente e, ao mesmo tempo, coibir
novos e indesejáveis constrangimentos. Seu montante deve ser fixado dentro dos
limites da razoabilidade e da proporcionalidade, cabendo sua majoração caso
arbitrado em valor singelo." (TJGO, Apelação Cível nº 117.921-9/188, Rel. Des.
Kisleu Dias Maciel Filho, 4ª Câmara Cível, DJ nº 433, de 05/10/2009)
“A indenização por dano moral não tem finalidade patrimonial, porquanto visa a
atenuar a dor injustamente provocada pelo agente e, ao mesmo tempo, coibir
novos e indesejáveis constrangimentos. seu montante deve ser fixado dentro dos
limites da razoabilidade e da proporcionalidade, evitando-se que se constitua em
fonte de enriquecimento injustificado ou em indenização ínfima.” (TJGO, AC nº
110180-3/188, Rel. Des. Zacarias Neves Coelho, 2ª Câmara Cível, DJ 66 de
10/04/08).
CONCLUSÕES