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PERcursos Linguísticos • Vitória (ES) •v. 6 •n.

12 • 2016 • ISSN: 2236-2592

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA VARIÁVEL ESCOLARIDADE E SUA


INFLUÊNCIA SOBRE A VARIAÇÃO ENTRE VERBO-SUJEITO NA 3ª
PESSOA DO PLURAL NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Maria Lidiane de Sousa Pereira1


Aluiza Alves de Araújo2

Resumo: Intentamos, neste trabalho, analisar o comportamento da variável escolaridade sobre


a variação na concordância verbal (CV) com sujeito na 3ª pessoa do plural (3PP) no Português
Brasileiro (PB). Para cumprir tal interesse, realizamos um levantamento bibliográfico acerca
dos estudos conduzidos à luz da Teoria da Variação e Mudança Linguística (WEINREICH;
LABOV; HERZOG, 2006 [1968]) ou Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008 [1972])
que observaram a manifestação do fenômeno em tela em diferentes regiões brasileiras e para
os quais a variável escolaridade mostrou-se relevante. A partir dos resultados alcançados nos
estudos de Anjos (1999), Sgarbi (2006), Monte (2007) e Monguilhott (2009), percebemos que
o aumento da escolaridade converge para um uso maior de formas padronizadas. Por outro
lado, o emprego de tais marcas tende a cair conforme diminuem os anos de escolarização
possuídos pelos falantes. Esse fato pode indicar uma tendência de uso no que se refere à CV
com a 3PP em função da variável escolaridade no PB falado em algumas regiões brasileiras.

Palavras-chave: Escolaridade. Concordância verbal. Teoria da Variação e Mudança


Linguística.

Abstract: In this work, we aim to analyze the behave of the education variable upon the
variation on the verbal agreement (VA) with the subject on the 3rd person of plural (3PP) on
the Brazilian Portuguese (BP). To achieve that, we made a bibliographical review concerning
the studies conducted by the Theory of the Variation and Linguistics Change (WEINREICH;
LABOV; HERZOG, 2006 [1968]) or Variationist Sociolinguistics (LABOV, 2088 [1972])
which observed the manifestation of the phenomenon in question in different Brazilian
regions to which whom the education variable showed results. Through the results achieved
on the researches of Anjos (1999), Sgarbi (2006), Monte (2007) and Monguilhott (2009), we
realize that the increase of education converge with a higher use of standard forms. On the
other hand, the use of such marks tend to disappear according to the years of education owned
by the speakers. This fact can indicate a tendency on the use of what refers to the VA with the
3PP in function of the education variable of the BP spoken in some Brazilian regions.

Keywords: Education; Verbal agreement; Variation Theory and Linguistic Change.

1
Mestranda em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Graduada em Letras -
Língua Portuguesa pela Universidade Regional do Cariri (2014). Atua na área de Letras com ênfase em
Linguística, Sociolinguística Variacionista e Língua Portuguesa. Atualmente, exerce a função de professora
substituta no curso de graduação em Letras pelo Departamento de Línguas e Literaturas da Universidade
Regional do Cariri (URCA).
2 Possui graduação em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (1996), mestrado (2000) e doutorado (2007)
em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (2007). Atualmente é professora Adjunta K da Universidade
Estadual do Ceará. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Sociolinguística e Dialetologia.
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Palavras iniciais

Desde que foram iniciados, ainda na década de 1970 com os trabalhos pioneiros de
Naro e Lemle (1976), Lemle e Naro (1977), Naro (1981) e Guy (1981), para citar apenas
alguns, os estudos sobre os aspectos da variação na concordância verbal (CV) com sujeito na
3ª pessoa do plural (3PP), realizados com dados do português brasileiro (PB), se
multiplicaram e mostraram-se significativos para a compreensão dos mecanismos de variação
da nossa língua. O fenômeno também se mostrou relevante para a observação dos processos
de formação do chamado português popular brasileiro, tal como nos mostram estudos
desenvolvidos por Lucchesi (2009), Naro e Scherre (2007), Araújo (2010, 2014), dentre
outros.
Marcado por construções do tipo: Eles não consegue alcançar nosso ritmo, né?3 versus
Aí, eles não conseguem ter um bom rendimento, esse fenômeno, não raro, também é
apontado como um dos divisores de duas delicadas dicotomias estabelecidas no PB, o popular
e o culto (LUCCHESI, 2012). Neste sentido, basta lembrar que construções em que não se
verificam as marcas de concordância padrão são quase que imediatamente associadas à
linguagem de sujeitos desfavorecidos socioeconomicamente e quase sempre oriundos dos
grandes centros urbanos (BORTONI-RICARDO, 2005). Em contrapartida, construções com
marcas padrões de concordância entre verbo-sujeito na 3PP são relacionadas à linguagem de
falantes situados em classes sociais mais favorecidas.
Tais pontos certamente aguçam o interesse de diferentes estudiosos, guiados por
perspectivas e objetivos distintos, que propõem a observação do fenômeno em evidência.
Aqui, interessa-nos discutir os principais resultados obtidos, para a variável escolaridade, nos
trabalhos de Anjos (1999), Sgarbi (2006), Monte (2007) e Monguilhott (2009), todos
ancorados na Teoria da Variação e Mudança Linguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG,
2006 [1968], LABOV, 2008 [1972]), pois, a partir deles, procuramos observar com base em
seus dados e estatísticas, como o fator escolaridade interfere no apagamento ou preservação
das marcas de CV com sujeito na 3PP.
Tendo em vista o fato de que “a presença da marca de número na forma verbal não é
categórica em nenhuma variedade do português brasileiro” (VIEIRA, 2007, p. 84), alguns
sociovariacionistas tomam a variação na CV como foco de seus estudos e partem da hipótese,
no que tange à variável escolaridade que, quanto maior for o nível de escolarização do falante,
maior é a tendência de haver a preservação das marcas de solidariedade entre verbo-sujeito na
3
Ilustrações retiradas de Monguilhott (2009, p. 88-89, destaques no original).
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3PP, visto que esta é a forma padronizada, portanto, tida como o modelo a ser preservado em
nossas salas de aula. Tal conjectura para o fator escolaridade não é formulada aleatoriamente,
pois, é sabido que:

[...] a escola gera mudanças na fala e na escrita das pessoas que as frequentam e das
comunidades discursivas. Constata-se, por outro lado, que ela atua como
preservadora de formas de prestígio, face a tendências de mudança em curso
nessas comunidades (VOTRE, 2012, p. 51, grifos nossos).

A fim de obter um panorama sobre em que medidas tais conjecturas se sustentam,


consideramos diferentes estudos sobre a variação na CV junto à 3PP realizados sobre o PB
falado em quatro das cinco regiões do nosso país, conforme já mencionamos, foram eles:
Anjos (1999), no falar pessoense; Sgarbi (2006), para variedades do Mato Grosso do Sul;
Monguilhott (2009), no falar de Florianópolis e Monte (2007), em uma comunidade periférica
de São Carlos. Esses estudos foram selecionados por meio de um apurado levantamento
bibliográfico de trabalhos sociovariacionistas, para os quais a variável escolaridade mostrou-
se pertinente.
Para a seleção desses estudos, estabelecemos quatro critérios: (i) a pesquisa deveria ter
como aporte teórico a Teoria da Variação e Mudança Linguística (WEINREICH; LABOV;
HERZOG, 2006 [1968], LABOV, 2008 [1972]); (ii) o estudo deveria ter sido realizado com
base na linguagem oral de falantes devidamente situados em suas respectivas comunidades de
fala; (iii) demos preferência aos estudos desenvolvidos nas últimas duas décadas e (iv)
optamos por escolher uma pesquisa para cada região brasileira, embora não tenhamos
estabelecido critérios para a seleção de trabalhos por estados. Frisamos que, até o término
deste artigo, não tomamos conhecimento de pesquisas sobre o fenômeno em tela na região
Norte do Brasil, indício de que, apesar de ser um fenômeno amplamente estudado no PB,
ainda é possível verificar a carência de estudos sobre ele em algumas regiões do nosso país,
bem como a necessidade de redobrarmos nossos esforços para tentar compreendê-lo em sua
amplitude e complexidade.
Importante frisar também que não localizamos trabalhos com amostras totalmente
compatíveis que atendessem aos nossos interesses e critérios. Assim, os trabalhos discutidos
aqui apresentam estratificações, no que se refere à variável escolaridade, bastante
diferenciadas. Por essa razão, nem sempre foi possível estabelecer comparações entre os
resultados obtidos para todos os níveis das amostras. Diante disso, procuramos observar, antes
de tudo, como diferentes níveis de escolaridade interferem no fenômeno de variação discutido
no interior das comunidades de fala observadas.
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Além desta introdução, este texto apresenta mais três seções. Na seção um, discutimos
alguns pontos acerca da observação da variável escolaridade dentro da Teoria da Variação e
Mudança Linguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968], LABOV, 2008
[1972]) e algumas implicações para a variação na CV no cenário pedagógico. Na seção dois,
observamos os resultados para a escolaridade a partir dos trabalhos selecionados, os quais
foram devidamente comentados em ordem cronológica. Em seguida, tecemos algumas
considerações, às quais se seguem nossas referências.

A variável escolaridade e a Teoria da Variação e Mudança Linguística: apontamentos


para a concordância verbal e o ensino de língua materna

Em meados da década de 1960, assistimos ao surgimento de diversas áreas pautadas


em posturas externalistas como a Sociolinguística Variacionista, Pragmática, Semântica
Enunciativa, Linguística Textual, Análise do Discurso, dentre outras, para o estudo dos fatos
da linguagem contra as abordagens imanentistas que impregnaram o cenário da Linguística,
pelo menos até a primeira metade do século passado. Entre elas, destacamos a
Sociolinguística que também costuma ser denominada de a Teoria da Variação e Mudança
Linguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968], LABOV, 2008 [1972]). Para
essa vertente, analisar como determinados fatores de natureza social influenciam os diversos
fenômenos de variação linguística é tarefa trivial. Com isso, essa postura marcou um novo
modo de analisar a linguagem verbal, conforme nos indica Camacho (2013, p. 19):

A chamada sociolinguística variacionista representou, nos anos 1960, uma ruptura


significativa com o tipo formalista de tratamento teórico mediante a introdução do
conceito de variável linguística. Mais especificamente, esse enfoque passa pelos
procedimentos heurísticos de análise da variação e, por conseguinte, da relevância
dos mecanismos internos, para equacioná-la a uma teoria da linguagem, e a
mecanismos externos, para equacioná-la a uma teoria da sociedade.

De fato, a elaboração de um programa de estudos que possibilitasse a análise dos


fenômenos de variação verificáveis nas línguas naturais significou uma grande virada no
modo de fazer linguística do século passado. As variantes linguísticas, antes relegadas a
segundo plano, por não possuírem função no processo comunicativo (CAMACHO, 2012),
foram tomadas como objeto de estudo e o interesse por regras variáveis, ou seja, aquelas “que
permitem que, em certos contextos linguísticos, sociais e estilísticos, falemos de uma forma e,
em outros contextos, de outra forma” (COELHO et al., 2015, p. 60) ao lado das regras
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categóricas, abriram um novo leque de possibilidades para a contemplação do fenômeno


linguístico.
A partir disso, defendeu-se que nenhum fenômeno variável acontece de forma
aleatória e sem regularidade. Muito pelo contrário, a língua é, sobretudo, um sistema
heterogêneo e organizado (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968]). Todo e
qualquer fenômeno variável obedece, portanto, a uma série de regras e sub-regras e, embora o
falante tenha à sua disposição duas ou mais variantes linguísticas – dependendo do fenômeno
de variação – podendo alternar seus usos nas mais diferentes situações de interação, o uso de
uma ou de outra é sempre condicionado por fatores internos e/ou externos ao sistema.
Desse modo, vimos que, desde o início, os sociovariacionistas assumiram que apenas a
observação da atuação de elementos internos ao sistema sobre determinados fenômenos
variáveis não daria conta da complexidade que os rodeia. Daí, a articulação de fatores internos
a fatores externos, o que faz com que a Sociolinguística Variacionista oscile entre as ciências
da língua e das sociedades.
Assim, fatores como o sexo, a origem geográfica, a faixa etária, o nível de
escolarização, a etnia, classe social entre outros, antes postos em segundo plano – quando não
excluídos – começaram a ser vistos como meios para obter-se um quadro significativo acerca
da identidade social do falante durante uma situação real de interação verbal, assumindo-se
que eles atuam fortemente sobre seus comportamentos linguísticos. Neste trabalho, ênfase é
dada ao fator escolaridade, verticalizando-o aos estudos do fenômeno de variação entre verbo-
sujeito na 3PP, amplamente reconhecido como uma regra variável no PB, até mesmo nos
contextos em que as gramáticas apontam como obrigatório o emprego de marcas plurais tanto
no sujeito como no verbo.
A esse respeito, convém mencionar que a tradição normativa – sem levar em
consideração possíveis influências estilísticas ou contextuais – recomenda, por exemplo, que,
em construções com sujeito simples e plural haja, obrigatoriamente, o emprego de marcas
plurais no verbo (cf. BECHARA, 2001; CUNHA; CINTRA, 2013). Ao lado de tais regras,
encontramos um número excessivo de recomendações para a CV, o que certamente acaba
“dificultando seu ensino e aprendizagem, levando o usuário da língua a um estado de
insegurança ao fazer uso desse processo sintático” (ANJOS, 1999, p. 45).
De igual modo, tomam-se como pontos facultativos: (i) construções com sujeito
composto; (ii) estruturas em que o SN (sujeito) é marcado por um elemento de estrutura
complexa, como expressões partitivas ou núcleo coletivo singular, dentre muitos outros (cf.
BECHARA, 2001; CUNHA; CINTRA, 2013). Nestes casos, os falantes podem, sem que
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sejam acusados de cometer desvios gramaticais, optar por empregar ou não, marcas de
concordância plural.
A exemplo da concordância nominal e outros fenômenos variáveis de nossa língua, a
variação na CV junto à 3PP é, como já sinalizamos, um fenômeno socialmente marcado. Isso
porque, a ausência de marcas de concordância padrão é mal avaliada pela tradição escolar que
insiste em tomar apenas uma das variantes – com marcas de concordância – como correta e, a
usa como um dos pontos para dissociar a linguagem padrão da não padrão (ANJOS, 1999).
Assumindo que não há nada, do ponto de vista linguístico, capaz de classificar as
variantes não padrão como inferiores às demais, não surpreende que esse tipo de postura seja
uma das maiores e mais preocupantes violências simbólicas praticadas contra determinados
sujeitos por meio da língua. Afinal, à medida que se excluem algumas formas linguísticas,
excluem-se também seus usuários (BAGNO, 2010).
Em estudo similar a este, Silva e Paiva (1996) constataram que a maior proximidade
do falante com o ambiente escolar tende a induzi-lo ao uso das variantes prestigiadas. Além
disso, as autoras indicam que os falantes, ao manterem contato com o ambiente escolar,
tomam gradativamente consciência das atribuições de valores negativos e positivos às formas
variantes, não por questões próprias a elas, mas sim, por avaliações sociais. De acordo com
Votre (1992, p. 52, grifos nossos):

A forma estigmatizada tende a despertar uma reação negativa na maioria dos


usuários da língua, é objeto de crítica aberta por parte dos usuários das formas
prestigiadas e é registrada como problemática nas gramáticas escolares e nos
manuais de ensino e estudo da língua, sobretudo nos cursos de primeiro e
segundo graus.

Assim como os referidos estudiosos, não pretendemos sugerir que os materiais


didáticos adotados pelas instituições de ensino e que, consequentemente, trazem consigo um
modelo de língua já eleito, uniformizado, devam ser abolidos. Pretendemos, por outro lado,
chamar a atenção para o fato de que a eleição e preservação de determinadas formas
linguísticas por parte da escola em detrimento de outras, não deve servir como meio de
exclusão ou assegurar rejeições por parte dos falantes acerca de determinadas variedades
linguísticas. Neste sentido, os inúmeros achados das pesquisas sociovariacionistas
comprovam que por trás do aparente caos da variação, há um sistema pleno e bem
regulamentado (TARALLO, 1985) e que, nenhuma forma carrega em si mais potencialidades
do que outra, numa perspectiva estritamente linguística.
Frente a tais questões, acreditamos que se nossas escolas redobrassem os esforços para
mostrar a validade e, consequentemente, a necessidade de adequarmos nossas formas
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linguísticas às mais diversas situações de interação, as noções de adequado e inadequado,


relevantes para o tratamento da variação, deixariam de ser usadas para encobrir velhas e
infundadas noções como certo e errado (SCHERRE, 2013). Neste sentido, nossas escolas
estariam, de fato, dando um passo importante rumo a um modelo de ensino de língua mais
produtivo e democrático (FARACO, 2007).
Uma vez assumidas as possíveis relações que os níveis de escolarização mantêm com
o uso e preservação de determinadas formas linguísticas, procura-se a partir do aporte teórico-
metodológico ofertado pela perspectiva sociovariacionista, analisar o quantum com que esse
fator interfere no uso de uma ou de outra variante linguística, visto que:

O problema central que se coloca para a Teoria da Variação é a avaliação do


quantum com que cada categoria postulada contribui para a realização de uma ou de
outra variante das formas em competição. No uso real da língua, que constitui o
dado do linguista, seja na forma falada ou na forma escrita, tais categorias se
apresentam sempre conjugadas; na prática, a operação de uma regra variável é
sempre o efeito da atuação simultânea de vários fatores (NARO, 2012, p.16-17).

Além de sua consistência metodológica, as pesquisas sociovariacionistas oferecem


bases sólidas para a quebra da ilusão da deficiência verbal, ao passo que comprovam, por
meio de dados e estatísticas, a validade e autenticidade de nossas variantes linguísticas. A esse
respeito, reconhecemos o inestimável valor das palavras de Labov (1969, p. 180, aspas no
original, tradução nossa) 4: “O serviço mais útil que pode ser prestado pelos linguistas hoje
em dia é limpar a ilusão da ‘deficiência verbal’ e oferecer uma noção mais adequada das
relações entre dialetos padrão e não padrão”.
Assim, percebemos, dentre outras coisas, que a escola atua fortemente nas sociedades,
em função das línguas, não somente quando busca oferecer aos nossos estudantes contato com
variedades prestigiadas, mas também diante de processos de variação e mudança linguística.
E, embora muito já tenha sido feito pelas pesquisas sociolinguísticas variacionistas com o
intuito de melhorar o tratamento dos fenômenos de variação linguística no âmbito escolar, os
papeis de nossas escolas frente a esses fenômenos ainda carecem de reflexões e
empreendimentos no sentido de melhorá-los, afinal, nos parece consenso dentre os estudiosos
da diversidade linguística que:

[...] a atuação da escola e da mídia é um fator que busca homogeneizar a língua em


todo o território brasileiro, independentemente das divisões sócio-geográficas. Essa
pretensa homogeneização se dá rumo à fala urbana, que, por sua vez, caminha em

4
No original: “The most useful service which linguists can perform today is to clear away the illusion of 'verbal
depravation' and provide a more adequate notion of the relations between standard and nonstandard dialects”
(LABOV, 1969, p. 180).
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direção à língua padrão, à língua dos nossos colonizadores europeus, já que, até
hoje, é a língua portuguesa (e não o português brasileiro) que ocupa o lugar central
(e/ou único) nas escolas brasileiras, bem como nos meios de comunicação em massa
(RIBEIRO; LACERDA, p. 96, 2013).

Os apontamentos de Ribeiro e Lacerda (2013) vão ao encontro das palavras de Votre


(2012) destacadas na introdução deste trabalho, ao refletirem sobre a atuação da escola no
comportamento dos estudantes brasileiros. Em ambos, é possível perceber uma notória
preocupação com a força padronizadora com a qual as instituições de ensino tendem a operar
diante de variedades, principalmente das desprestigiadas, com as quais muitos jovens e
adolescentes entram no ensino formal de língua materna.
Para nós, explícita também está a tentativa de chamar atenção para as violências que,
não raro, são cometidas através de ações padronizadoras, refreadoras. Isso porque, conforme
também já apontamos, há, em meio a esse tipo de atitude, uma série de violências cometidas
em função das identidades sócio-históricas dos falantes do português do Brasil. Afinal, na
tentativa de homogeneização linguística, realidades plurais, que encontram na língua uma de
suas maiores e mais importantes formas de manifestação, são negadas e, consequentemente,
excluídas.
Colocados tais pontos, apresentamos, na seção seguinte, alguns dos principais
resultados alcançados por sociovariacionistas, ao analisarem a atuação da variável
escolaridade sobre a variação na CV com a 3PP. Para tal seção, pressupomos que o leitor
possua alguma familiaridade com os princípios metodológicos da pesquisa variacionista, o
que naturalmente não nos impediu de tentar abordá-los de forma o mais simples e
resumidamente possível, ainda que reconheçamos os perigos desse tipo de abordagem, pois,
ao passo que procuramos sintetizar os resultados alcançados, corremos o risco de deixar
escapar pontos que o leitor pode julgar significativos para sua compreensão.

A variável escolaridade e o fenômeno de CV junto à 3PP do plural no PB sob olhares


sociovariacionistas

Em consonância com as proposições discutidas acima, estudos como o de Anjos


(1999), Sgarbi (2006), Monte (2007) e Monguilhott (2009) procuraram medir a influência da
variável escolaridade sobre a CV com a 3PP, a fim de observar em que medidas esse fator
influencia o uso variável do fenômeno em foco em suas respectivas comunidades de fala.
O estudo de Anjos (1999) trata do falar de João Pessoa – PB, sendo seus dados
extraídos do Projeto Variação Linguística do Estado da Paraíba - VALPB (HORA, 1993). Os
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informantes de sua pesquisa foram estratificados, segundo a escolarização, em: nível I (sem
escolaridade); II (primeiro ciclo do Ensino Fundamental); III (Fundamental completo); IV
(Ensino Médio) e V (Ensino Superior). No referido estudo, a escolarização foi o primeiro
fator selecionado pelo pacote de programas computacionais denominado VARBRUL5.
Com base nos dados fornecidos pelo programa, foi apontando que falantes sem
escolarização formal tendem a usar menos a variante padrão, com apenas 30% de frequência
de uso e peso relativo6 (PR) igual a 0.26. Para o segundo subgrupo, a percentagem, em função
do uso da mesma variante, foi de 35% com PR de 0.34. Nos terceiro e quarto níveis, os
percentuais para a aplicação das regras de concordância foram de 55% e 68% e pesos 0.50 e
0.63, respectivamente. Enquanto que, os índices de uso para a variante padrão atingidos por
falantes do quinto grupo foram de 74% e PR de 0.69.
Tais resultados indicam uma tendência quanto ao emprego das marcas de
concordância em função da variável escolaridade na comunidade em questão. Ou seja, quanto
mais anos de escolaridade o falante possuir, maiores as chances de ele fazer uso das formas
apontadas como padrão pela tradição escolar. Em sentido oposto, um menor contato com o
ambiente escolar tende a desfavorecer a manutenção de formas linguísticas consagradas pela
escola. E, embora o grupo dos informantes com o ensino fundamental completo tenha se
mostrado neutro com PR de 0.50 diante do uso da CV padrão, os resultados de Anjos (1999)
apontam uma clara gradação no aumento de tal variante em conformidade com o aumento dos
anos de escolaridade dos falantes. Vale mencionar que essas eram as hipóteses iniciais
levantadas pela autora.
Em Sgarbi (2006), os dados da pesquisa foram coletados com base em amostra de
linguagem falada em 30 municípios do Estado do Mato Grosso do Sul e retirados do Atlas
Linguístico do Mato Grosso do Sul – ALMS. A variável escolaridade foi controlada mediante
estratificação dos falantes em três níveis diferentes: I (nula), II (Ensino Fundamental
Incompleto) e III (Ensino Fundamental Completo).

5
O VARBRUL é um pacote de programas computacionais, bastante usado pelos variacionistas, que descreve
padrões de variação entre formas variantes e fornece cálculos, apontando a frequência de uso e o peso para cada
uma delas (GUY; ZILLES, 2007). Foi introduzido por Rousseau e Sankoff em 1978 (Cf. PINTZUK, 1988).
Atualmente, muitos estudiosos têm trabalhado também com o GoldVarb X, uma versão do VARBRUL para o
ambiente do Windows (SANKOFF; TAGLIAMONT; SMITH, 2005). Em todos os trabalhos considerados aqui,
os autores utilizaram um desses programas.
6
É denominado de peso relativo a indicação do efeito que cada fator selecionado exerce sobre as variantes que
compõem um dado fenômeno variável. Em termos simples, é interpretado como favorável, para uma variável
binária, isto é, que comporta duas variantes linguísticas - caso do fenômeno tratado neste trabalho - se o valor for
superior a 0.50, como inibidor se for inferior a 0.50 e, como neutro se for igual a 0.50. (SCHERRE; NARO,
2012; GUY; ZILLES, 2007).
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A partir das rodadas no VARBRUL, verificou-se que os menores índices para o uso da
concordância foram atingidos por falantes com escolaridade nula. De acordo com os dados
dessa pesquisa, a frequência de uso das formas verbais em conformidade com as regras
impostas pela tradição escolar, por falantes sem escolarização, foi de apenas 22% e PR igual a
0.24. Em contrapartida, registraram-se, no comportamento de falantes com fundamental
incompleto, índices maiores para a frequência de concordância padrão, isto é, de 35%, embora
o PR de 0.40 aponte o seu não favorecimento para a concordância padrão. Em sentido
contrário, vemos que os falantes com fundamental completo atingiram um percentual de 69%
e PR de 0.70 para a manutenção das marcas de concordância, o que os eleva à condição de
grandes aliados do uso da forma padronizada.
Os resultados alcançados por Sgarbi (2006) vão ao encontro dos resultados obtidos por
Anjos (1999) apontando novamente a tendência de que quanto maior for o grau de
escolaridade do falante, maiores serão as chances de os falantes preservarem, em suas
interações linguísticas, formas padronizadas e geralmente tidas como de prestígio, ao passo
que, menores índices de preservação de tais marcas são registrados no comportamento de
falantes com pouco ou nenhum grau de escolaridade. Tais resultados também confirmaram as
hipóteses inicialmente lançadas por Sgarbi (2006).
Em Monte (2007), o fenômeno em foco foi observado em uma comunidade periférica
de São Carlos – SP, a partir de dados coletados em 20 entrevistas sociolinguísticas, elaboradas
pelo estudioso. Seus informantes eram homens e mulheres da comunidade que possuíam
escolaridade nula ou cursavam o ensino fundamental pelo EJA e oriundos das regiões Norte e
Sul/Sudeste. A variável escolaridade, em conformidade com o que era esperado pelo autor,
apontou que os falantes não escolarizados tendem a realizar com menor frequência (19% e PR
de 0.40) a concordância padrão do que os falantes escolarizados pelo EJA (31% e PR igual a
0.60). Para o estudioso, tais resultados indicam que “a escolarização, mesmo supletiva,
influencia o fenômeno variável de concordância verbal” (MONTE, 2007, p. 98).
Monguilhott (2009), por sua vez, observou a variação na concordância verbal com a
3PP no falar de quatro comunidades de Florianópolis, a saber: Ribeirão da Ilha, Costa da
Lagoa, Ingleses e Centro, sendo as duas primeiras de origem rural e as duas últimas de origem
urbana. Aqui, os informantes da pesquisa foram estratificados, segundo a escolarização, em
jovens/Ensino Fundamental, jovens/Ensino Superior, velhos/Ensino Fundamental e
velhos/Ensino Superior. Chamamos atenção para o fato de que a autora opta por analisar a
variável escolaridade a partir de uma relação direta com a faixa etária de seus informantes,
assumindo assim, a interdependência entre elas.
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A exemplo dos três primeiros estudos, Monguilhott (2009) registrou que falantes
jovens/Ensino Fundamental, dentro da comunidade estudada, tendiam a realizar a CV com a
3PP em proporção notavelmente menor do que os falantes jovens/Ensino Superior. Para estes,
a frequência de uso das marcas de concordância foi igual a 89% e PR de 0.74, já aqueles
atingiram 72%, com PR 0.32, no que concerne à preservação das marcas padronizadas. Da
mesma forma, falantes velhos/Ensino Fundamental realizaram menos a concordância com
percentagem e PR iguais a 67% e 0.28, enquanto que falantes velhos/Ensino Superior
realizaram mais a concordância com percentagem de 88% e PR igual a 0.54.
Assim, os dados apontam que independente de ser mantido contato regular com
instituições de ensino, afinal, os falantes tidos como velhos já estavam há um tempo
considerável afastados da escola, o maior grau de escolaridade, mostra-se, de fato,
favorecedor do uso de formas padronizadas. Em sentido contrário, quanto menor for o contato
do falante com a escola, menores as chances de ele usar as formas de prestígio.
Para que possamos visualizar melhor os resultados obtidos nos estudos considerados,
observemos a tabela abaixo:
Tabela 1: Frequência de uso da CV com a 3PP, segundo os estudos analisados em função da variável
escolaridade.
Estudo Escolaridade % PR
Anjos (1999) Nula 30% 0.26
Fundamental I 35% 0.34
Fundamental II 50% 0.50
Ensino Médio 68% 0.63
Ensino Superior 74% 0.69
Sgarbi (2006) Nula 22% 0.24
Fundamental Incompleto 35% 0.40
Fundamental Completo 69% 0.70
Monte (2007) Nula 19% 0.40
EJA 31% 0.60
Monguilhott (2009) Jovens/ Ensino Fundamental 72% 0.32
Velhos/ Ensino Fundamental 67% 0.28
Jovens/Ensino Superior 89% 0.74
Velhos/Ensino Superior 88% 0.54
Fonte: Elaboração nossa.
Ao compararmos os dados obtidos por Anjos (1999) e Sgarbi (2006), para falantes
com escolaridade nula, percebemos que os resultados, em termos de peso relativo, foram
bastante próximos. Já em Monte (2007), que também considerou falantes com escolaridade
nula, o valor obtido para o peso relativo mostrou-se maior em relação aos resultados das duas
pesquisas referidas anteriormente, o que não altera o fato de que, também em Monte (2007), a
ausência de ensino padronizado desfavoreceu o uso da variante padrão.
Essa última constatação converge para os resultados obtidos com os níveis referentes
ao ensino fundamental nos trabalhos de Anjos (1999), Sgarbi (2006) e Monguilhott (2009).
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Neles, notamos um aumento nos índices de uso da forma padronizada para a CV com a 3PP
em relação aos dados obtidos a partir do comportamento de indivíduos sem escolarização.
Contudo, não nos é possível afirmar que temos aí o favorecimento das formas padronizadas,
afinal, nos resultados obtidos pelos três estudos citados, os pesos ficaram abaixo de 0.50.
Com isso, vemos que o uso das marcas impostas pala tradição normativa para a
concordância entre verbo-sujeito na 3PP são mais bem preservadas no comportamento de
falantes com maiores anos de escolarização. Pois, tanto em Anjos (1999) como em
Monguilhott (2009), os pesos para falantes com Ensino Superior foram maiores do que 0.50.
Importante salientar que no último estudo, o PR de 0.54, para falantes velhos/Ensino Superior,
manteve-se próximo ao ponto neutro, indicando assim, os falantes jovens/Ensino Superior
com PR igual a 0.74 como os grandes favorecedores da concordância padrão entre verbo-
sujeito na 3PP dentro das comunidades estudadas por Monguilhott (2009).
Posto isto, não podemos deixar de mencionar que a variável em questão mantém
relações bastante estreitas com outras variáveis, sejam elas de natureza linguística e/ou
sociais. Juntas, e nunca isoladamente, tais variáveis exercem força sobre os usos da variante
padrão ou não padrão no trato da CV com a 3PP. Isso fica claro, por exemplo, ao observarmos
a forma como Monguilhott (2009) aborda a escolaridade em seu estudo. Ou seja, já
assumindo a interdependência entre ela e a variável faixa etária, a autora recusa-se a tratá-las
separadamente. Isso não significa dizer que os demais pesquisadores não reconheçam essa
possível interdependência, mas sim, que apenas permitem que os fatores escolaridade e faixa
etária sejam testados, ao menos de início, separadamente.
Assim, as relações entre as variáveis controladas nos estudos comentados brevemente
podem ser mais bem observadas através dos chamados cruzamentos estabelecidos entre elas.
Observar detidamente cada um deles seria tarefa inviável em um espaço como o deste texto.
Por isso, e também para que o leitor mais interessado nas questões que abordamos aqui possa
obter mais detalhes, recomendamos a leitura das referidas pesquisas na íntegra.

Algumas considerações

Conforme procuramos mostrar ao logo de nossas discussões, o fenômeno de variação


na CV com a 3PP, bastante presente no PB, faz parte do arcabouço do complexo sistema
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dinâmico de nossa língua. Suas manifestações há tempos vêm sendo observadas por
estudiosos ligados a vertentes diferentes no âmbito das ciências da linguagem. Algumas das
maiores contribuições para sua compreensão são dadas por estudos sociovariacionistas que
comprovam a sistematicidade e validade das variantes que o compõe e asseguram que o uso
de uma ou de outra está diretamente relacionado a fatores próprios ao sistema ou externos a
ele.
Um dos mais significativos, como vimos, é a escolaridade. Para esse fator, os
resultados alcançados nos estudos de Anjos (1999), Sgarbi (2006), Monte (2007) e
Monguilhott (2009) apontam uma espécie de tendência, isto é, o uso da variante prestigiada
aparece com maior frequência no comportamento linguístico de indivíduos com grau de
escolaridade maior do que daqueles que possuem pouca escolaridade.
Tais constatações convergem para o fato evidente de que a privação de uma educação
formal afasta o indivíduo das formas linguísticas prestigiadas e, consequentemente, rouba
deles a possibilidade de exigirem as mesmas oportunidades que aqueles com níveis de
escolaridade mais elevados (CYRANKA; PERNAMBUCO, 2008). Em uma sociedade, cuja
distribuição de renda é notavelmente desigual, caso do nosso país, essa problemática torna-se
ainda mais latente.
Diante disso, ressaltamos que às questões abordadas aqui vêm somar-se outras de
extrema complexidade e, embora não nos seja possível, dentro do espaço de um trabalho
como este, tratar detidamente boa parte delas, cremos que conseguimos abordar algumas
delas, ainda que superficialmente. Assim, não pretendemos mostrar apenas a influência direta
da escolaridade sobre o uso variável de um fenômeno que comporta em si questões bastante
delicadas a partir de diferentes amostras de fala, mas através dele, reforça a urgência de rever
nossos padrões de eleições de formas linguísticas e a necessidade latente de não privarmos
nossos cidadãos do acesso à educação formal, sempre procurando levar em consideração
fatores sócio-culturais dos estudantes brasileiros.

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