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Na obra de Caeiro, há um objetivismo absoluto. Não lhe interessa o que se encontra por de trás das coisas.
Recusa o pensamento, sobretudo o pensamento metafísico. Para representar esta temática, podemos
recorrer a alguns versos do “guardador de rebanhos”:
“O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos)”
Caeiro é o poeta do olhar, procura ver as coisas como elas são, sem lhes atribuir significados ou
sentimentos humanos. Considera que as coisas são como são. Este aspecto da poesia do “Mestre” pode ser
comprovado nos seguintes versos:
A poesia de Caeiro é construída através das sensações, apreciando-as como boas por serem naturais (para
ele o pensamento torna a realidade abstrata/confusa, tornando-a “irreal”).
Caeiro vê o mundo sem a necessidade de explicações, sem princípio nem fim, e confessa que existir é um
facto maravilhoso, por isso crê na “eterna novidade do mundo” (“Sinto-me nascido a cada momento”).
Condena o excesso de sensações, pois a partir de um certo grau de sensações passam de alegres a tristes.
Podemos comprovar isto, temos por exemplo:
Caeiro escreve espontaneamente, sendo a sua poesia inegavelmente natural, como podemos verificar nos
seguintes versos:
Optando pela vida no campo, acredita na Natureza, defendendo a necessidade de estar de acordo com ela,
de fazer parte dela. Para comprovar este facto, temos os seguintes versos:
O “Mestre” mostra-se um poeta pagão, que sabe ver o mundo dos sentidos, ou melhor, sabe ver o mundo
sensível onde se revela o divino, em que não precisa de pensar, como podemos ver em:
O poeta confessa, no poema “guardador de rebanhos”, não ter “ambições nem desejos”. Ser poeta é a sua
“maneira de ficar sozinho”.
Linguagem e Estilo
Ao analisar os poemas de Alberto Caeiro (anexos) pode concluir que o poeta utiliza:
Composição poética: verso livre; ausência de rima e métrica regular; esquemas rítmicos diversos;
presença de assonâncias; de aliterações e de onomatopeias.
Linguagem: simples, repetitiva, oralizante e prosaica; rara adjectivação; predomínio do verbo “ser” e do
Presente do Indicativo.
“O tempo passa,
Envelhecemos.”
Embora tema a morte, pois desconhece-a, não contesta as leis do destino, às quais nem os deuses são
superiores, e por causa das quais afirma não ter liberdade:
É calmo e inexorável,”
Reconhecendo a fraqueza humana e a inevitabilidade da morte, Reis procura uma forma de viver com um
mínimo de sofrimento. Para isso, defende um esforço lúcido e disciplinado para obter uma calma qualquer.
Para comprovar isto, temos como exemplos os versos:
Quer o 'speremos”
“O Fado cumpre-se.”
Sendo um epicurista (pessoa dada à satisfação dos sentidos), o Poeta procura o prazer, sabiamente gerido,
com moderação e afastado da dor. Reis afirma que o ser humano deve ordenar a sua conduta de forma a
viver feliz, procurando o que lhe agrada.
A obra de R. Reis apresenta um epicurismo triste, uma vez que busca o prazer relativo, uma verdadeira
ilusão de felicidade, pois sabe que tudo é transitório. Podemos comprovar este facto nos seguintes versos:
Próximo de Caeiro, há na sua poesia um fascínio pela natureza onde busca a felicidade relativa, como se
comprova nos seguintes versos:
“E os olhos cheios
De Natureza ...”
Ou a prata de Diana”
O poeta afirma a crença nos deuses e nas presenças quase-divinas que habitam todas as coisas. Afirma que
os homens devem ter um “fado voluntário”, isto é, fingirem que são donos de si mesmos. Nos seguintes
versos podemos confirmar esta temática de Reis:
“Acima de nós-mesmos construamos
Um fado voluntário
A chama da vida”
Linguagem e Estilo
Ao analisar os poemas de Ricardo Reis (anexos) pode concluir que o poeta utiliza:
Composição poética: ode (tem a sua origem na poesia clássica grega), composição poética de exaltação,
era dotada de um esquema rígido na época clássica, mas os poetas modernos abandonaram essa rigidez e
usaram-na com esquemas variados.
Verso: regular – decassílabo alternado ou não com o hexassílabo; branco com recurso à assonância, à
aliteração e à rima interior.
Estilo: denso, cuidadosamente construído, através de anástrofes (inversão da ordem normal das palavras
para se dar mais realce ao pensamento), hipérbatos (alteração da ordem mais comum das palavras,
prejudicando a clareza da expressão) e perífrases que remetem para a mitologia grega e latina. Submissão
da forma ao conteúdo.
Diferente de Caeiro (seu “mestre”), que considera a sensação de forma tranquila e saudável, mas rejeita o
pensamento, Campos procura a totalização das sensações, conforme as sente ou pensa, e que lhe causa
tensões profundas. Como sensacionalista, é o poeta que melhor expressa as sensações da energia e do
movimento, bem como as sensações de “sentir de todas as maneiras”. Para ele a única realidade é a
sensação.
Em Campos há vontade de ultrapassar os limites das próprias sensações, numa vertigem insaciável, que o
leva a querer “ser toda a gente e toda a parte”. Numa atitude unanimista, procura unir em si toda a
complexidade das sensações.
“E outra vez a fúria de estar indo ao mesmo tempo dentro de todos os comboios
Passada a fase eufórica, o desassossego de Campos leva-o a revelar uma fase de “depressão”, a ponto de
desejar a própria destruição. Há ai a abulia (perda da força de vontade) e a experiência do tédio, a
decepção, o caminho do absurdo. Nesta fase verifica-se a presença do niilismo (redução ao nada) em
relação a si próprio, embora reconheça ter “todos os sonhos do mundo”.
Um caco”
“Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh
Eh-lahô-lahô-lahO-lahá-á-á-à-à!
Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh”
Na terceira fase, perante a incapacidade das realizações, volta ao abatimento, a abulia, a revolta e o
inconformismo, a dispersão e a angústia, o sono e o cansaço; como podemos confirmar nos poemas “O que
há em mim é sobretudo cansaço”, “Esta velha angústia”, etc.
Cansaço”
Transbordou da vasilha,
Linguagem e Estilo
Ao analisar os poemas de Álvaro de Campos (anexos) pode concluir que o poeta utiliza:
Composição poética: ode; quadra; verso em geral muito longo; ausência de rima; recurso à onomatopeia,
à aliteração, assonância e à rima interior.
Estilo: esfusiante, torrencial; com recurso a onomatopeias, anáforas, apóstrofes, enumerações, oximoros;
pontuação expressiva (exclamação, interrogações, reticências).