O documento apresenta três textos que discutem o tema do consumismo. O TEXTO I discute como os objetos de consumo passaram a ter atributos humanos e como a cultura de consumo preenche vazios existenciais com coisas. O TEXTO II analisa como a publicidade transformou o supérfluo em necessário e como os objetos de consumo passaram a determinar o valor das pessoas. O TEXTO III critica como as marcas e logotipos nas roupas impõem identidades que não correspondem à pessoa.
O documento apresenta três textos que discutem o tema do consumismo. O TEXTO I discute como os objetos de consumo passaram a ter atributos humanos e como a cultura de consumo preenche vazios existenciais com coisas. O TEXTO II analisa como a publicidade transformou o supérfluo em necessário e como os objetos de consumo passaram a determinar o valor das pessoas. O TEXTO III critica como as marcas e logotipos nas roupas impõem identidades que não correspondem à pessoa.
O documento apresenta três textos que discutem o tema do consumismo. O TEXTO I discute como os objetos de consumo passaram a ter atributos humanos e como a cultura de consumo preenche vazios existenciais com coisas. O TEXTO II analisa como a publicidade transformou o supérfluo em necessário e como os objetos de consumo passaram a determinar o valor das pessoas. O TEXTO III critica como as marcas e logotipos nas roupas impõem identidades que não correspondem à pessoa.
Nesta civilização onde as coisas importam cada vez Eu, Etiqueta
mais e as pessoas cada vez menos, os fins foram sequestrados pelos meios: as coisas te compram, o Em minha calça está grudado um nome automóvel te governa, o computador te programa, a que não é meu de batismo ou de cartório, Tv te vê. (...) As coisas têm atributos humanos, um nome... estranho. acariciam, acompanham, compreendem, ajudam, o Meu blusão traz lembrete de bebida perfume te beija e o carro é o amigo que nunca falha. que jamais pus na boca, nesta vida. A cultura de consumo fez da sociedade o mais Em minha camiseta, a marca de cigarro lucrativo dos mercados. Os dolorosos vazios do peito que não fumo, até hoje não fumei. são preenchidos com coisas ou com o sonho de Minhas meias falam de produto possuí-las. E as coisas não se limitam a abraçar: elas que nunca experimentei também podem ser símbolos de ascensão social, salvo- mas são comunicados a meus pés. condutos para atravessar as alfândegas da sociedade (...) de classes, chaves que abrem portas proibidas. Quanto É doce estar na moda, ainda que a moda mais exclusivas, melhor: as coisas te escolhem e te seja negar minha identidade, salvam do anonimato multitudinário. (...) Dizes-me quanto [e o quê] consomes, dir-te-ei quanto vales. Carlos Drummond de Andrade (...). Com base nas ideias e sugestões presentes nos textos Eduardo Galeano in. “De Pernas pro Ar: a escola do aqui reunidos, redija uma dissertação argumentativa, mundo ao avesso”. Ed. l&pm, 2011, pp. 255-277. em prosa, sobre o seguinte tema: O consumo excessivo revela uma ostentação que mascara a TEXTO II personalidade.
A Revolução Industrial descobriu que as pessoas não
querem apenas o necessário. Se dispõem de poder aquisitivo, adoram ostentar o supérfluo. A publicidade veio ajudar o supérfluo a se impor como necessário. A mercadoria, intermediária na relação entre seres humanos (pessoa-mercadoria-pessoa), passou a ocupar os polos (mercadoria-pessoa-mercadoria). Se chego à casa de um amigo de ônibus, meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa que visto ou para o relógio que trago no pulso. Não sou eu, pessoa humana, que faço uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprime valor, aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O que faria um Descartes neoliberal declarar: “Consumo, logo existo.” Fora do mercado não há salvação, alertam os novos sacerdotes da idolatria consumista. A fé imprime sentido subjetivo à vida, objetivando-as na prática do amor, enquanto um produto cria apenas a ilusória sensação de que, graças a ele, temos mais valor aos olhos alheios. O consumismo é a doença da baixa autoestima. O pecado original dessa nova religião é que, ao contrário das tradicionais, ela não é altruísta, é egoísta; não favorece a solidariedade, e sim a competitividade; não faz da vida dom, mas posse. E o que é pior: acena com o paraíso na Terra e manda o consumidor para a eternidade completamente desprovido deste lado da vida.
Frei Betto, Artigo publicado no Jornal de Ciência e Fé