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TEOREMA MILITAR

TEMA DE REDAÇÃO 01 - CONSUMISMO


PROF. VIVI

TEXTO I TEXTO III

Nesta civilização onde as coisas importam cada vez Eu, Etiqueta


mais e as pessoas cada vez menos, os fins foram
sequestrados pelos meios: as coisas te compram, o Em minha calça está grudado um nome
automóvel te governa, o computador te programa, a que não é meu de batismo ou de cartório,
Tv te vê. (...) As coisas têm atributos humanos, um nome... estranho.
acariciam, acompanham, compreendem, ajudam, o Meu blusão traz lembrete de bebida
perfume te beija e o carro é o amigo que nunca falha. que jamais pus na boca, nesta vida.
A cultura de consumo fez da sociedade o mais Em minha camiseta, a marca de cigarro
lucrativo dos mercados. Os dolorosos vazios do peito que não fumo, até hoje não fumei.
são preenchidos com coisas ou com o sonho de Minhas meias falam de produto
possuí-las. E as coisas não se limitam a abraçar: elas que nunca experimentei
também podem ser símbolos de ascensão social, salvo- mas são comunicados a meus pés.
condutos para atravessar as alfândegas da sociedade (...)
de classes, chaves que abrem portas proibidas. Quanto É doce estar na moda, ainda que a moda
mais exclusivas, melhor: as coisas te escolhem e te seja negar minha identidade,
salvam do anonimato multitudinário. (...) Dizes-me
quanto [e o quê] consomes, dir-te-ei quanto vales. Carlos Drummond de Andrade
(...).
Com base nas ideias e sugestões presentes nos textos
Eduardo Galeano in. “De Pernas pro Ar: a escola do aqui reunidos, redija uma dissertação argumentativa,
mundo ao avesso”. Ed. l&pm, 2011, pp. 255-277. em prosa, sobre o seguinte tema: O consumo
excessivo revela uma ostentação que mascara a
TEXTO II personalidade.

A Revolução Industrial descobriu que as pessoas não


querem apenas o necessário. Se dispõem de poder
aquisitivo, adoram ostentar o supérfluo. A publicidade
veio ajudar o supérfluo a se impor como necessário. A
mercadoria, intermediária na relação entre seres
humanos (pessoa-mercadoria-pessoa), passou a
ocupar os polos (mercadoria-pessoa-mercadoria). Se
chego à casa de um amigo de ônibus, meu valor é
inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a
camisa que visto ou para o relógio que trago no pulso.
Não sou eu, pessoa humana, que faço uso do objeto.
É o produto, revestido de fetiche, que me imprime
valor, aumentando a minha cotação no mercado das
relações sociais. O que faria um Descartes neoliberal
declarar: “Consumo, logo existo.” Fora do mercado
não há salvação, alertam os novos sacerdotes da
idolatria consumista. A fé imprime sentido subjetivo à
vida, objetivando-as na prática do amor, enquanto um
produto cria apenas a ilusória sensação de que, graças
a ele, temos mais valor aos olhos alheios. O
consumismo é a doença da baixa autoestima. O
pecado original dessa nova religião é que, ao contrário
das tradicionais, ela não é altruísta, é egoísta; não
favorece a solidariedade, e sim a competitividade; não
faz da vida dom, mas posse. E o que é pior: acena
com o paraíso na Terra e manda o consumidor para a
eternidade completamente desprovido deste lado da
vida.

Frei Betto, Artigo publicado no Jornal de Ciência e Fé


em abril de 2001, ano 2, nº 29

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