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Atuação e Análise Pericial

Brasília-DF.
Elaboração

Aslei Andrade da Silva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 5

Introdução.................................................................................................................................... 7

Unidade I
INTRODUÇÃO À PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL............................................................................... 9

Capítulo 1
Perito judicial e extrajudicial............................................................................................. 9

Capítulo 2
Formação e onde atua...................................................................................................... 23

Capítulo 3
Como contratar................................................................................................................ 30

Unidade iI
ATUAÇÃO PERICIAL.............................................................................................................................. 35

Capítulo 1
Para atuar como perito e remuneração........................................................................ 35

Capítulo 2
O assistente técnico........................................................................................................... 46

Capítulo 3
Atuação............................................................................................................................... 54

Unidade iII
ANÁLISE PERICIAL................................................................................................................................. 64

Capítulo 1
Ética...................................................................................................................................... 64

Capítulo 2
Modelos............................................................................................................................... 76

Capítulo 3
Contraditório e elementos finais..................................................................................... 89

Para (não) finalizar...................................................................................................................... 93

Referências................................................................................................................................... 94
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Na atualidade, a mídia vem relatando diversos processos criminais envolvendo
corrupção no nosso país. Certamente os acusados tentarão se defender bem como o
Estado tentará condenar os suspeitos. Eventualmente haverá necessidade de se criar
provas que darão suporte para a decisão do magistrado.

Uma das provas possíveis por lei advém da perícia, que é um procedimento realizado
por profissionais das mais diversas formações que buscam clarear situações duvidosas
ora para mero esclarecimento ora para produção de provas.

Nós já tivemos a oportunidade de disponibilizar a você materiais relacionados à Perícia


Judicial e Extrajudicial. Na ocasião, muitos dos conceitos que iremos abordar neste
material específico foram trabalhados para melhor compreensão dos temas centrais.

Assim, traremos alguns daqueles conceitos para cá para reforçar o entendimento


necessário à compreensão, principalmente, da Unidade 3, a qual se concentrará em
apresentar modelos de análise pericial.

Que você tenha uma ótima leitura!

Objetivos
»» Mostrar os conceitos de atuação pericial.

»» Demonstrar qual é a formação e atuação do perito.

»» Esclarecer como se calcula os honorários em perícias.

»» Mostrar como funciona a atuação dos peritos nos tribunais.

»» Demonstrar como funciona o início e a conclusão dos trabalhos periciais.

»» Apresentar os modelos de análise pericial.

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INTRODUÇÃO À
PERÍCIA JUDICIAL E Unidade I
EXTRAJUDICIAL

Capítulo 1
Perito judicial e extrajudicial

O que é o perito judicial e extrajudicial

Perito

Antes de iniciar a discussão específica devemos ter em mente e sem nenhuma dúvida o
significado do termo “perito”.

Assim, vamos discutir os motivos da nomenclatura com o objetivo de compreendermos


melhor a atividade em torno dela.

Figura 1.

Fonte: <https://media.licdn.com/mpr/mpr/shrinknp_200_200/p/6/005/03b/3d1/32f9672.jpg>.

Quando adentramos nos meandros das atividades judiciais, esbarramos com uma
figura muito popular e que tem importância ímpar nos procedimentos. Trata-se de um
profissional responsável por julgar ocorrências considerando os princípios de isenção e
imparcialidade para garantir que a pessoa correta tenha acesso ao direito que entende
ter sido tolhido.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Se você for realizar uma busca em dicionários ou câmaras de discussão jurisprudencial,


não encontrará exatamente esta definição que demos ao juiz. Porém, o objetivo foi
explicar de forma simples e direta a atuação desde profissional, o qual demandará os
serviços do perito, que é o foco da nossa abordagem acadêmica.

Ótimo! Vamos utilizar como base o que descrevemos da atividade de juiz para nos
ajudar a compreender o papel de um perito.

Uma análise objetiva a respeito do que um profissional de qualquer área faz nos direciona
ao entendimento de que ele é um perito naquilo que faz. Por outro lado, os cursos de
pós-graduação e os stricto sensu buscam amplificar as técnicas de um profissional em
um determinado ponto, ou seja, pretende torná-lo perito em um aspecto específico.

Você pode começar respondendo: qual é sua formação? Não é verdade que ao escolher
o curso que fez tinha como objetivo aprender o máximo que pudesse com relação à
área relacionada? Muito disso começa na infância quando os adultos questionam aos
mais jovens o que eles pretendem ser quando forem crescidos: Professor? Astronauta?
Advogado? Arquiteto?

A resposta que você escuta é indiferente, pois quando concluir seus estudos em
nível superior certamente a pessoa irá se considerar perita no que se formou. Essas
habilidades vão crescendo conforme o indivíduo amplia seus conhecimentos por meio
de estudos complementares que comumente chamamos de pós-graduações.

Desta forma, se o bacharel em Economia, por exemplo, resolver realizar uma pós-graduação
em Economia Internacional, se tornará um perito em Economia com habilidades
especificamente potencializadas na área Internacional.

Então você pode se questionar a respeito de alguns peritos que temos a oportunidade
de conhecer e que não necessariamente tem formação em ambiente acadêmico certo?!

É verdade que existem muitos “profissionais” em artes, por exemplo, que possuem o
dom da pintura, da música etc. Esse tipo de artista não necessariamente fez faculdade
e pode vir a produzir algo que lhe renda milhões.

Contudo, as condições técnicas que aquele profissional terá de julgar o que outra pessoa
elaborou terá um limite de alcance sempre que ele tiver que realizar medição de algum
tipo de arte que não tenha sido produzida por ele mesmo.

Assim, considerando que nosso objetivo é termos o entendimento do que vem a ser um
perito do ponto de vista acadêmico, podemos concluir que se trata de um profissional
qualificado tecnicamente em alguma área específica do conhecimento.
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INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

Não obstante, podemos concluir que quando o objetivo da perícia for tirar alguma
dúvida técnica ou dar suporte a um julgamento por meio de formação de provas, a opção
deverá recair por um profissional que seja notoriamente conhecedor dos elementos
científicos que circundam o tema em questão.

Como este material trará os conceitos que diferenciam o perito judicial do extrajudicial,
é interessante adentrarmos em alguns conteúdos acessórios para melhor compreensão.
Desta forma, vamos em frente!

Vamos falar de perícia judicial?

Para nos ajudar a diferenciar os dois tipos de perito, precisamos entender um pouco do
trabalho que cada um faz. O item anterior nos dá um ponto de referência para podermos
apresentar um conceito do que viria a ser perícia judicial.

A atividade pericial se trata de uma atividade que irá culminar na produção de dados
técnicos e/ou científicos que resultarão em um documento específico no qual o perito
apresentará subsídios para apoiar a decisão de alguém.

A título de exemplo, podemos mencionar o Art. 38 da Lei 8.666/1993 que apresenta os


seguintes institutos:

Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de


processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado,
contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do
recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:

...

VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa


ou inexigibilidade;

O Decreto no 5.450/2005 é mais incisivo inclusive com os termos utilizados. Veja o que
diz em seu Art. 30:

Art. 30. O processo licitatório será instruído com os seguintes


documentos:

...

IX - parecer jurídico;

A Lei de Licitações utiliza aquele artigo específico para inserir uma ferramenta de
instrução processual por meio de um documento que apresentará uma análise técnica,
ou seja, o Parecer Jurídico.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Figura 2.

Fonte: <http://seh.com.br/wp-content/uploads/2015/10/Depositphotos_68873493_original.jpg>.

Qualquer pessoa que já tenha tido contato com compras públicas lembrará que o referido
parecer é uma peça opinativa na qual um cidadão formado em Direito apresentará
argumentos em torno de uma questão que tenha sido levantada durante o procedimento
de compra.

Veja que para o profissional conseguir emitir alguma opinião técnica deverá pesquisar
legislação, jurisprudência e doutrina com o objetivo de atestar suas inferências.
Concorda que dado o nível de complexidade do trabalho poderíamos chamar aquele
parecer de laudo?

Essas discussões nos permitem conceituar perícia judicial como sendo um procedimento
na qual questões específicas são analisadas de maneira técnica para as quais será
necessário o suporte de um profissional especializado naquele conteúdo objetivando
a emissão de um laudo pericial que esclareça eventuais dúvidas ou conflitos elencados
em um processo judicial.

O produto oriundo da análise pericial demandada (laudo) é desenvolvido por um


profissional que virá a ser nomeado pelo magistrado responsável pela lide ou por uma
das partes envolvidas no conflito para facilitar a decisão final do litígio.

E a perícia extrajudicial?

Não é necessário muito esforço de pesquisa para que você encontre vários artigos pela
rede mundial de computadores apontando a atividade de “perito” como uma demanda
em crescimento nos últimos anos, causando atração no mercado de trabalho.

Como acabamos de ver, a perícia judicial é um procedimento que será realizado à luz de
um processo judicial envolvendo pessoas ou coisas que demandam know-how técnico
por parte de quem irá elucidar dúvidas ou conflitos.
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INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

É o Estado, por meio do Poder Judiciário, o depositário desta atividade que, aliás, é um
direito de todos. Assim, será o Estado o detentor da tutela das ações.

Figura 3.

Fonte: <http://dcso.eng.br/wp-content/uploads/2015/10/pericia.jpg>.

Uma característica marcante nas perícias extrajudiciais é o fato de que não será o Estado
o agente de tutela. Isso quer dizer que esse tipo de atividade será demandado por atores
não servidores para resolver questões fora do âmbito judicial. Importante mencionar
que o juiz, figura que media os litígios judiciais, não será responsável pela mediação
nesses casos.

Em compras públicas existe uma cláusula contratual que se chama Cláusula


Sancionatória. Trata-se de um dispositivo que dá à administração o poder de reparar
erros cometidos pelo contratado para que não haja dano ao erário público.

Considerando essa possibilidade, imagine que um contratado deveria montar uma


torre de 80m com parafusos protegidos de estática e não o fez. Abaixo seguem algumas
informações adicionais para ajudar na montagem e entendimento deste exemplo:

»» Um servidor denominado “fiscal técnico” percebe que não são os tais


parafusos protegidos de estática e resolve solicitar a abertura de um
procedimento sancionatório.

»» A empresa contratada se defende apresentando documentos que indicam


que os parafusos são protegidos e requer revisão de decisão.

»» A junta responsável pelo sancionamento encaminha uma amostra para


análises periciais específicas e os resultados são que, de fato, não há
proteção contra estática.

»» A empresa contratada deverá ou apresentar uma contraprova, ou aceitar


e trocar todos os parafusos.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Veja que em nosso exemplo não houve judicialização da questão, ou seja, o procedimento
foi todo tratado no âmbito do órgão público. Quem analisou a questão foi um servidor
auxiliado por um perito fora do âmbito judicial. Esse exemplo nos demonstra que a
perícia extrajudicial pode apoiar a solução de conflitos também!

Considerando o modelo acima, poderíamos definir perícia extrajudicial como sendo


uma atividade técnica especializada desenvolvida com o objetivo de criar uma prova ou
esclarecer dúvidas por profissional escolhido por uma ou mais pessoas que pretendem
entrar em acordo sobre algo sem levar a questão ao Poder Judiciário.

Em tempo, você já deve ter escutado na impressa alguma notícia sobre o surgimento de
impérios empresariais formados por fusões ou momentos em que empresas de grande
porte começam a vender ações nas bolsas de valores.

Agora vem a pergunta-chave: desses tipos de impérios empresariais quantas vezes


você soube de separações milionárias ao custo de anos e anos de discussões em varas
judiciais? Caso tenha se lembrado de algo será um caso isolado no tempo e certamente
não terá ouvido falar em escândalos.

Um dos motivos disso é porque os sócios resolveram tratar a questão extrajudicialmente


e, dessa forma, podem ter demandado perícias extrajudiciais. Um dos deveres do perito
extrajudicial é o sigilo das informações e por isso estes casos não costumam chegar
à imprensa.

Entendendo a ação judicial

Ao contrário do que muitas pessoas costumam dizer, uma ação judicial não se limita
ao mero conceito de um processo. Trata-se de um rito realizado no âmbito do Poder
Judiciário que poderá se dar em formato sumário, ordinário ou extraordinário.

Como qualquer atividade judicante, o propósito é garantir que uma situação conflituosa
seja resolvida aplicando-se o maior rigor de imparcialidade possível, amparado pelos
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. Ressalte-se que se algum
desses princípios estiver ausente em um procedimento judicial ele não terá validade.

Destarte, não apenas os elementos relacionados aos princípios deverão ser considerados.
Como se trata de um rito, existem atividades que deverão ser realizadas em uma
sequência prevista por lei com o devido encadeamento lógico ou, igualmente, todos os
trâmites poderão ser nulos.

A legislação prevê como uma das etapas que é inerente ao rito judicial é a escolha da
pessoa que irá realizar os trabalhos de mediação da questão litigiosa ou conflituosa.
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INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

Via de regra, o magistrado que irá se responsabilizar pelo julgamento do processo será
devidamente sorteado (isso não se aplicará a casos em que uma corte possua apenas
um juiz).
Figura 4.

Fonte: <http://blogdocorretor.com/_upload/blog/capas/20161125-083112-jur%C3%ADdico.png>.

A impetração de uma ação judicial é algo razoavelmente simples de ser iniciada. Para tal,
basta que uma pessoa entenda que um ou mais de seus direitos foi(ram) violado(os).

Imagine-se comprando um imóvel à ordem de R$ 500.000,00 com a promessa da


construtora de que iria recebê-lo em determinada data com determinados itens
adicionais que você escolheu.

Ao chegar à data prometida o imóvel não está concluído e, além disso, sua unidade foi
construída sem um ou mais dos itens adicionais escolhidos. Nesse momento o direito
de reparação de danos torna-se uma realidade.

Figura 5.

Fonte: <http://spapooljacuzzirepairs.co.za/wp-content/uploads/2012/02/Cape-Town-Jacuzzi-Repairs.jpg>.

Digamos que o tal imóvel tinha como um dos itens adicionais a construção de uma
banheira de hidromassagem com iluminação interna. Daí, ao receber o produto final,
você percebe que além de não ser uma banheira (em nosso exemplo teria recebido
uma jacuzzi menor), a tal iluminação foi colocada no ambiente em torno do local e não
dentro como prometido.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Não é objetivo deste material realizar discussões apuradas sobre diferenças técnicas
entre banheira de hidromassagem e jacuzzi, contudo, são produtos de ordem e preços
diferentes.
Figura 6.

Fonte: <https://br.habcdn.com/photos/project/big/banheiras-e-colunas-de-hidromassagem-823179.jpg>.

Caso você insista que quer a banheira de hidromassagem com a iluminação interna
conforme projeto apresentado e produto pago por você e a construtora disser que não
irá resolver porque são a mesma coisa, firmou-se o direito à reparação.

De agora em diante você poderá trabalhar para reunir o máximo de elementos de prova
que conseguir para que o magistrado escolhido para resolver o seu caso tenha condições
de concluir que você de fato tem razão.

Perito judicial

Você já deve ter percebido que foi importante entendermos um pouco o significado
do que é ser um perito, bem como a compreensão macro de uma ação judicial para
podermos falar sobre o perito judicial.

Veja que nosso exemplo nos dá uma série de elementos que poderão necessitar de
comprovação técnica para que o magistrado envolvido no caso seja convencido de seus
argumentos. Afinal, ele é formado em Direito, sua área de perícia, e eventualmente não
terá conhecimentos apurados sobre construções civis e banheiras de hidromassagem.

O profissional em Direito que for contratado para representar o caso no tribunal juntará
aos autos todas as informações técnicas que encontrar para provar ao juiz que banheira
de hidromassagem e jacuzzi são produtos diferentes.

Contudo, não podemos jamais esquecer daqueles princípios (contraditório e ampla-defesa).


Eles dão à outra parte o direito de se defender e, com certeza, trabalharão no sentido de
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INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

provar ao juiz que as duas coisas são iguais e que, dessa forma, não se coaduna o pedido
de reparação de danos.
Figura 7.

Fonte: <https://cursodeperitojudicialadistancia.files.wordpress.com/2016/08/curso-de-perito-digital.jpg?w=300&h=199>.

Veja que o magistrado terá duas situações distintas em mãos: a acusação e a defesa.
No que for possível inferir de maneira legal ele o fará. Porém, certamente chegará o
momento de comprovar a especificidade de cada um dos dois produtos. Nessa etapa,
o juiz não poderá decidir sem que tenha certeza das informações.

Eis que surgirá a necessidade de que um profissional especializado em obras civis e


produção de banheiras de hidromassagem analise os elementos técnicos para apresentar
ao magistrado uma conclusão científica sobre o que afinal foi entregue ao reclamante.
A esse profissional damos o nome de perito judicial.

A nomenclatura é “perito judicial” porque sua atividade técnica ocorrerá à luz do


judiciário e, para tanto, necessitará seguir as regras ali estabelecidas.

Desta forma, o perito judicial é o indivíduo que possui conhecimentos técnicos


especializados em determinado assunto que lhe confere a capacidade de elaborar um
documento que apresentará posição específica sobre o mesmo.

Ao perito judicial não basta o notório saber em sua especialidade profissional. Ele deverá
manter seu registro profissional junto ao órgão de classe regulador da profissão (caso
haja) em dia. Esses órgãos de classe são os denominados Conselhos Regionais.

Por exemplo, para cuidar do caso que utilizamos para ilustrar uma situação de litígio,
provavelmente o perito deveria ter formação específica em engenharia civil com
especialização em técnicas de produção de materiais hidráulicos.

Nesse caso, além daquele conhecimento profissional, ele também precisa estar em dia
com seu registro no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – CREA .
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Como veremos mais à frente, um perito judicial pode ser requerido tanto por
um magistrado como pelas pessoas que estão envolvidas no conflito judicial
que gerou a necessidade de informações técnicas. Desta forma, a solicitação de
apoio de um profissional que dê suporte ao esclarecimento de uma dúvida ou
constituição de provas não é restrita ao juiz do caso.

Figura 8.

Fonte: <http://blog.gazinatacado.com.br/wp-content/uploads/2014/05/CHA02.jpg>.

Em termos de mercado de trabalho é evidente que há uma demanda por habilidades


específicas por parte das pessoas para que elas consigam desempenhar as atividades
objeto de sua contratação.

Não é diferente com o cidadão que opta por atuar como perito judicial. Aliás, como se
trata de um auxiliar da justiça, as habilidades vão além daquelas que ele já desenvolveu
durante seu curso superior. Para que você tenha uma noção, vamos relacionar as que
são mais destacadas:

»» Trata-se de um profissional que deve conseguir atuar no sentido de que as


dúvidas estabelecidas em uma situação sejam devidamente esclarecidas.
Assim, a análise técnica necessária deve ser apresentada em conformidade
com o que lhe é requerido.

»» É necessário que o perito tenha plena convicção de que erros são inerentes
a qualquer atividade humana. No entanto, é sua responsabilidade por
aqueles que sejam cometidos durante sua atuação.

»» A capacidade de análise sistêmica é necessária para que a busca por


uma solução coerente seja efetiva. Isso se dá porque não há exatidão em
análises periciais e, assim, os laudos também não o serão. Não há uma
lista de quesitos que uma vez seguidos trarão a resposta absoluta. Por
isso, o perito necessita dessa visão sistêmica que lhe dê a visão de todas
as possibilidades de solução.
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INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

»» A mera conclusão de um curso superior seguido de uma pós-graduação não


é suficiente para uma pessoa que opte por ser perito. Esses conhecimentos
precisam ser constantemente atualizados para que o profissional acompanhe
as tendências.

»» Já que é esperado um profissional capaz de vislumbrar as mais variadas


soluções para um conflito, é necessário, também, que ele possa definir
qual a variável melhor se aplica para o caso em análise de maneira rápida
e sem abertura para dúvidas posteriores.

»» A atuação no mercado de perícias lhe dará um elemento essencial


para que suas habilidades e competências sejam cada vez mais polidas
e melhoradas. Trata-se da experiência que só é adquirida com o uso
constante dos conhecimentos obtidos na prática profissional.

»» Em um universo de informações tão vasto, é necessário ter a habilidade


de filtrar aquilo que realmente se aplica a uma questão específica. Para tal,
o domínio dos conhecimentos acadêmicos é de grande valia ao trabalho
pericial.

»» O trabalho pericial obedece a uma sistemática ritualística da mesma


maneira que ocorre em pesquisas de campo acadêmicas. Desta forma, a
metodologia é uma ferramenta que dá suporte ao profissional para que
ele consiga realizar sua atividade de maneira objetiva e eficiente.

»» O profissional perito deve possuir a capacidade de enxergar elementos


em um conteúdo que as partes de um litígio e até mesmo o magistrado
não conseguem. É o famoso “ver fora da caixa”. Isso permitirá que as
conclusões do profissional esclareçam os pontos de dúvida ou criem as
provas necessárias.

»» Já aprendemos que o trabalho de um perito resultará em análises relacionadas


a questões que não são de domínio por parte de quem demanda a atividade
pericial. Em função disso, o profissional deverá ter condições de zelar pelas
informações, ter capacidade de trabalhá-las, saber decidir quando necessário
e possuir os demais elementos de perfil que já discutimos. Justamente por
isso, quem conta com esse tipo de trabalho espera ter uma boa primeira
impressão que vem junto com a apresentação pessoal.

»» As pessoas que demandam a atividade pericial devem ficar seguras


quanto à capacidade de seus problemas serem resolvidos. Daí surge a
necessidade de que o perito não apenas tenha uma boa apresentação,
mas, sobretudo, competência para trabalhar a questão.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

»» Note que o trabalho pericial será, de uma maneira ou de outra, requisitado


por uma pessoa. Dessa forma, torna-se imperioso que o perito tenha
condições de lidar com pessoas nos mais variados níveis.

Perito extrajudicial

Até aqui tivemos a oportunidade de descrever os conceitos que envolvem um perito de


maneira genérica e o perito no contexto judicial.

Assim, o perito extrajudicial será o profissional que atuará dando apoio a ações que não
entraram na tutela do estado por meio do Judiciário.

Figura 9.

Fonte: <http://igceducacao.com.br/wp-content/uploads/2016/08/MBA-Pericia-e-auditoria-economico-%E2%80%93-financeira.jpg>.

Tal qual o perito judicial, o profissional que atuar em nível extrajudicial utilizará seu
treinamento técnico e científico para dar suporte no sentido de eliminar dúvidas ou
criar provas relacionadas aos itens elencados pelas partes em torno de um determinado
tema. Para facilitar a visualização é interessante desenharmos um exemplo:

»» Um determinado Hotel Y costuma receber uma quantidade de clientes


em nível quase de lotação total durante um certo período sazonal.

»» Uma vez chegado o período, não se observou redução significante no


volume de hóspedes. Porém, os lucros apurados não condizem com as
práticas comuns daquela época.

»» Os responsáveis por levantamentos contábeis apresentam dados que


dizem que os valores estão dentro daquilo que era esperado. Contudo, os
proprietários não concordam.

»» É definido que haverá a contratação de uma perícia para apurar os ganhos


apurados em função dos números apresentados em relatório.

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INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

Uma situação interessante nessa questão é que os proprietários não prejulgaram seus
funcionários. Ao invés disso, resolveram realizar um estudo externo para fundamentar
qualquer tipo de ação futura.

Figura 10.

Fonte: <https://serprooltrj.files.wordpress.com/2011/09/mesa.jpg>.

E quem será responsável por realizar esse estudo pericial? Será o perito extrajudicial.
Este ator é um técnico especialista em um assunto que domina e utilizará seus
conhecimentos para criar provas ou confirmará a acurácia de dados em ações fora do
âmbito dos tribunais.

Caso você esteja se perguntando se uma atividade realizada fora dos tribunais poderá
acabar parando lá, a responsa é sim! A questão aqui é que o apoio pericial de um
especialista que ocorre antes de uma controvérsia virar um litígio é realizado por um
perito extrajudicial.

A relação entre habilidades e profissional tem o mesmo grau de importância para o perito
extrajudicial que tem para o judicial. Afinal, o perito é um expert em resolver questões
relacionadas a um determinado assunto e sua atuação dará suporte às necessidades
de alguém.

Assim, este profissional precisa de habilidades para atuar nesta área, tais como:

»» capacidade de esclarecer dúvidas;

»» responsabilidade pelo que concluir;

»» visualização sistêmica do problema;

»» atualização constante de conhecimento;

»» rapidez e solidez na decisão pericial;

»» constância no uso de suas habilidades para obter mais experiência;


21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

»» capacidade de filtrar informações úteis;

»» uso de métodos apropriados;

»» capacidade de enxergar pontos cegos no problema;

»» boa apresentação pessoal;

»» poder de passar segurança;

»» capacidade de se relacionar com pessoas.

22
Capítulo 2
Formação e onde atua

Formação e áreas de atuação do perito

Formação do perito

No decorrer deste material já tivemos a oportunidade de repetir algumas vezes que o


perito é um profissional especializado em determinada área de atuação. Nesse aspecto,
tanto faz o cidadão exercer a atividade de perito judicial como extrajudicial. De fato, o
que se espera dele é aquela expertise no assunto para o qual foi designado.

Figura 11.

Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-3UIWRsiywno/VUNe-cosDrI/AAAAAAAAA50/L7nSPCMaBY8/s1600/Forma%C3%A7%C3%A3o%2BAcad%
C3%AAmica.jpg>.

Do ponto de vista legal, o CPC (Código de Processo Civil), em seu Art. 156, nos apresenta
um perfil para o perito. Vejamos:

Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender
de conhecimento técnico ou científico.

§ 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente


habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.

§ 2o Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta


pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou
em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades,
a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à
Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou
de órgãos técnicos interessados.

23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Observe que no parágrafo primeiro do Art. 156 do CPC, o legislador vinculou a


nomeação de um perito a um profissional legalmente habilitado. Nesse ponto
é interessante que você compreenda que para cada profissão regulamentada
(aquelas que possuem Conselhos de Classe) existe uma legislação que irá
regê-la. Assim, caso você tenha curiosidade com relação à habilitação de sua
profissão ou de outra que lhe cause curiosidade, sugerimos pesquisa junto ao
Conselho que regulamenta a mesma.

Assim, considerando o que a lei expressa e o que a atividade pericial demanda de


um perito, podemos inferir que a formação do perito deverá ser aquela relacionada à
demanda para a qual foi nomeado ou contratado, ou seja: Administrador, Contador,
Economista, Engenheiro, Psicólogo etc.

Mercado do perito judicial

Figura 12.

Fonte: <http://noticias.universia.com.br/br/images/docentes/c/co/coi/coisas-que-deve-saber-ao-entrar-mercado-de-trabalho-noticias.png>.

Neste ponto você já deve ter concluído que os campos de atuação possíveis para um perito
judicial têm como limite aquilo que o Poder Judiciário poderá demandar enquanto estiver
em procedimento litigioso, correto?

Do ponto de vista prático, o profissional que almeje trabalhar como perito judicial deve
se atentar a alguns elementos que irão tornar a empreitada possível.

Importante mencionar que a relação a seguir é complementar ao que já vimos em


termos de habilidades e competências. Vamos dar uma olhada:

»» Destarte o fato de um perito judicial poder ser requerido pelas partes,


como veremos mais à frente, ele será um auxiliar do juiz. Dessa forma,
é interessante que o profissional se dirija aos tribunais onde pretende
prestar o serviço e conversar com o magistrado ou com o responsável
administrativo pelo local para deixar suas credenciais e expor onde
pode ajudar.

24
INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

»» Quando o profissional souber em quais tribunais poderá atuar é


interessante que apresente suas credenciais por escrito. Estamos falando
de um currículo com no máximo 4 páginas a ser entregue pessoalmente.

»» Apesar o nível de expertise de um magistrado no que diz respeito ao


Direito, ele gosta de trocar ideias e respeita muito os peritos que lhe
dão auxílio. Inclusive repetem as nomeações para situações específicas
conforme vai confiando no profissional. Nesse contexto é interessante o
perito realizar visitas constantes onde se dispôs a ajudar para se manter
no circuito.

»» Como mencionamos acima, é comum que com a repetição de atuações, os


juízes desenvolvam confiança por determinados peritos. Destarte, é comum
que magistrados passem por rodízios entre Tribunais. Considerando isso,
é interessante que o profissional tenha flexibilidade para atuar em outros
locais, pois poderá ser convidado por um juiz em trânsito.

Se você aprofundar um pouco a leitura, perceberá que a justiça brasileira opera


em mais de uma instância. Tirando a Justiça do Trabalho como exemplo, teremos
a primeira instância, a segunda instância, a instância extraordinária (TST) e, em
casos de violação de direitos constitucionais, uma outra instância extraordinária,
desta vez definitiva, que é o STF. Registre-se que a atuação de um perito se
dará apenas em primeira instância, pois nas demais não há previsão legal para
produção de provas periciais.

Isto posto, considerando a perícia judicial e alguns campos dos mais recorrentes, o
perito poderá se disponibilizar a trabalhar nas áreas que seguem:

Criminal

O objetivo deste material é falar do perito e seu trabalho e não da perícia, elemento já
tratado em materiais específicos. Contudo, podemos afirmar que no campo da perícia
criminal a Polícia Federal lista alguns temas específicos que podem contar com a ajuda
de um perito judicial. Veja:

»» informática;

»» contabilidade e finanças;

»» documentos;

»» audiovisual e eletrônicos;

»» química forense;
25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

»» engenharia;

»» meio ambiente;

»» genética forense;

»» balística;

»» locais de crimes;

»» bombas e explosivos;

»» veículos;

»» medicina e odontologia forense;

»» patrimônio cultural.

Trabalhista

Os procedimentos trabalhistas possuem áreas mais objetivas para atuação de um perito


judicial. Nós não temos a intenção de afirmar que é possível esgotar as possibilidades.
Porém, normalmente litígios trabalhistas envolvem uma pessoa que trabalhou e alguém
que contratou seu trabalho.

Assim, reiterando que não dá para dizer que estamos esgotando as possíveis áreas de
trabalho de um perito judicial trabalhista, podemos listar as que seguem como exemplos:

»» cálculos trabalhistas;

»» desvio de função;

»» acidentes do trabalho;

»» doenças do trabalho;

»» trabalho perigoso;

»» trabalho insalubre;

»» assédio moral.

Cível

Para ilustramos as eventuais atividades de um perito judicial cível precisamos isolar


bem o que as outras áreas do direito trabalham. Desta forma, qualquer demanda
judicial que não envolva questões trabalhistas, criminais, eleitorais, securitárias ou de
qualquer área específica do Direito, será um potencial campo de trabalho para o perito
judicial cível.

26
INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

Imagine-se em um procedimento aberto em Vara de Família no qual houve acusação de


agressão física e o casal possua um ou mais filhos. A questão que envolveu a agressão
será objeto de perito de corpo de delito e, em função disso, poderá ser requisitado um
perito psicólogo, por exemplo, para definir com quem as crianças ficarão. Isso seria um
exemplo de atuação mista em um processo.

Para este caso, se não recair em alguma área específica do Direito, um perito judicial
cível poderá auxiliar a justiça a dirimir a questão.

Securitário

Em geral as áreas onde um perito securitário desempenha suas atividades estão relacionadas
com bens móveis e imóveis. Isso traz para a questão um grau de subjetividade que não nos
permite simplesmente discutir uma lista como fizemos nos itens anteriores.

Ainda assim, imagine-se em uma situação na qual você tenha adquirido uma filmadora
à prova de água com capacidade para mergulhar até 50m por 1h ininterruptas. Vamos
supor que seu equipamento valha R$ 50.000,00 e, dessa forma, você optou por realizar
um seguro contra danos. Agora imagine que durante um mergulho de 20 minutos a
uma profundidade de 20m sua filmadora simplesmente queimou por entrada de água.

Você pode achar que simplesmente acionando o seguro você irá conseguir receber
o valor do prêmio, só que não! Tenha certeza absoluta que a seguradora vai querer
um laudo especializado atestando que o equipamento simplesmente sofreu um mal
súbito e que não tem nada a ver com mal-uso. Se em algum momento aparecer a
possibilidade de mal-uso eles se negarão a pagar o prêmio. O mesmo será feito pela
garantia do produto.

Veja que agora tens um problema nas mãos e, com certeza, precisará contratar um
perito para comprovar que você não usou mal o equipamento e sim que ele foi avariado
por um mal súbito ou por defeito de fabricação.

Um perito judicial securitário especializado nesse tipo de equipamento deverá lhe dar
o suporte e o mesmo acontecerá pelo lado da seguradora!

Mercado do perito extrajudicial

Se olharmos para a atividade do perito extrajudicial, a lógica não é muito diferente do


judicial. A única questão específica é que, como está fora do âmbito judicial, o perito
extrajudicial será qualquer pessoa que domine algum tipo de conhecimento e que conte
com o reconhecimento daqueles que estão lhe contratando.

27
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Figura 13.

Fonte: <http://www.arnaldotecnologo.com.br/wp-content/uploads/2016/07/multidisciplinar.png>.

Uma realidade tem ganhado espaço na solução de conflitos. Trata-se do desejo das
pessoas em resolver as questões com a maior brevidade possível, com objetividade,
discrição e de maneira que ninguém saia perdendo. Nosso exemplo do Hotel é apenas
uma possibilidade em um milhão de situações possíveis.

Por isso, da mesma forma que o perito judicial o extrajudicial precisa passar alguns
elementos a título de itens de confiança para o mercado demandante desse tipo de
serviço. A seguir vamos destacar pré-requisitos básicos sem esquecer que, conforme a
especificidade da demanda, poderá haver requisitos igualmente únicos a serem agregados.

»» Os contratantes de um serviço de perícia extrajudicial o fazem na


expectativa de que o profissional resolva a questão rapidamente e sem
margem de contestação.

»» O profissional contratado para realizar perícia extrajudicial deve conseguir


expressar suas conclusões de forma que os contratantes entendam sem
necessidade de conhecimentos apurados do assunto. Não se trata de evitar
elementos científicos, se trata de concluir com linguagem de fácil acesso.

»» O que um perito extrajudicial apresentar em seu lado será tratado pelas


pessoas que contrataram seus serviços como a fonte de solução de um
problema. Nada mais natural que os argumentos sejam desenvolvidos
com ordem lógica, trabalhando aquilo que é mais relevante no trabalho
em função daquilo que é mais simples.

»» O perito extrajudicial deve ter consciência própria de que o conhecimento


nunca é absoluto. Aliás, o contrário é perfeitamente cabível nesse caso.
Saber que seus conhecimentos são limitados ajudará o profissional a buscar
28
INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

todos os elementos necessários para decisões melhor fundamentadas. As


pessoas que irão contratar esse especialista devem perceber que ele irá
até o limite para melhor apresentar suas conclusões.

»» Por ser uma atividade que irá apresentar conclusões que podem não ser
satisfatórias para alguma das partes, o perito extrajudicial deve deixar
claro aos seus contratantes que possui perfil imparcial e que não se
relaciona pessoalmente com nenhum caso que venha a trabalhar.

»» O trabalho de um perito extrajudicial envolve princípios científicos e


técnicos para que uma dúvida se torne esclarecida. Ele não tem a função
de apresentar juízo de valor sobre nada relacionado ao tema que está sob
seus cuidados. Em função disso, a ele cabe meramente estudar e apresentar
resultados, ainda que sejam desfavoráveis a quem lhe contratou.

»» Não custa reiterarmos a necessidade que o perito extrajudicial tem de


sempre manter seus conhecimentos atuais. Para tanto, será necessário
que continue estudando e aperfeiçoando suas técnicas. Em dado
momento ele deverá, inclusive, se especializar ainda mais em sua área de
atuação. Esse perfil fará com que as pessoas que buscam um profissional
especializado tenham mais confiança.

Face ao exposto e considerando as devidas proporções de cada especialidade, lembrando


sempre que o perito extrajudicial trabalha em questões que ainda não estão sob a tutela
do Estado, podemos listar algumas áreas das mais comuns para o trabalho, conforme
abaixo:

»» Administração.

»» Economia.

»» Contabilidade.

»» Direito.

»» Engenharia.

»» Artes.

»» Medicina.

29
Capítulo 3
Como contratar

Contratação do perito (judicial e extrajudicial)


Vamos começar essa discussão deixando bem claro que, no caso do perito judicial, não
podemos falar em contratação.

Trata-se de uma demanda por nomeação e a indicação poderá ser feita tanto pelo juiz
quanto pelas partes.

Contudo, podemos demonstrar as previsões legais de nomeação conforme veremos a


seguir.

Nomeação do perito judicial nas situações


mais comuns
Figura 14.

Fonte: <http://blogs.jornaldaparaiba.com.br/aloconcurseiro/wp-content/uploads/sites/15/2014/06/nomeacao.jpeg>.

Você sabe que cada ramo do Direito possui um regulamento, certo? Pois bem, isso
acaba criando algumas especificidades para cada situação em que um perito judicial é
requisitado para auxiliar a justiça. Vamos ver os mais comuns a seguir:

Perito criminal

Já discutimos no decorrer deste material que um perito judicial é acionado por interesse
do magistrado ou das partes para elucidar dúvidas ou criar prova, não é verdade?
Temos uma peculiaridade no caso do perito criminal. Este profissional atuará em
processo judicial penal e, desta forma, será demandado por uma instituição pública.

30
INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

Como se trata de um agente auxiliar da justiça que está à disposição de polícias diversas
e órgãos com o mesmo mote, são aquelas instituições que irão requisitar o serviço.
Assim, as atividades desempenhadas por um perito criminal serão provocadas por:

»» Autoridades policiais;

»» Membros do Poder Judiciário;

»» Membros do Ministério Público; e

»» Autoridades que desempenhem atividades correlatas às anteriores.

Perito trabalhista

Quem irá requisitar os serviços de um perito para alguma causa relacionada ao


Direito do Trabalho será a justiça trabalhista. Para não restar dúvidas, vamos ilustrar
apresentando dispositivos legais que tratam o tema:

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) a eventualidade de se requerer um perito


por meio de designação ocorre no Art. 195, conforme segue:

Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da


periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-
ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do
Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. (Redação dada pela
Lei no 6.514, de 22.12.1977)

...

§ 2o - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por


empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz
designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver,
requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.
(Redação dada pela Lei no 6.514, de 22.12.1977)

A possibilidade de as partes poderem apresentar um profissional perito é disposta no


Art. 826 daquele diploma, conforme abaixo:

Art. 826 - É facultado a cada uma das partes apresentar um perito ou


técnico. (Vide Lei no 5.584, de 1970)

O Art. 879 da CLT nos traz mais uma possibilidade de que a perícia trabalhista seja
requerida. Vejamos:

31
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente,


a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou
por artigos. (Redação dada pela Lei no 2.244, de 23.6.1954)

...

§ 6o Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá


nomear perito para a elaboração e fixará, depois da conclusão do
trabalho, o valor dos respectivos honorários com observância, entre
outros, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade. (Incluído
pela Lei no 12.405, de 2011)

Por sua vez, a Lei 5.584/1970 apresenta uma outra ocasião em que exames periciais
poderão ser demandados pelo magistrado responsável pelo caso. Vejamos:

Art. 3o Os exames periciais serão realizados por perito único designado


pelo Juiz, que fixará o prazo para entrega do laudo.

Observe que a exceção é a previsão do Art. 826 da CLT. Nos demais casos, o perito será
requisitado pelo magistrado que cuida do caso.

Perito cível

As ocasiões em que um perito judicial de causas cíveis será acionado estão previstas
no CPC nos Arts. 156, 465 e 471. Como se trata de um tema muito objetivo, vamos
transcrevê-los abaixo:

Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender
de conhecimento técnico ou científico.

§ 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente


habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.

...

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e


fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.

...

Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito,


indicando-o mediante requerimento, desde que:

I - sejam plenamente capazes;

II - a causa possa ser resolvida por autocomposição.

32
INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL │ UNIDADE I

O interessante do Art. 471 e que vale para qualquer caso de nomeação de um


perito é o que este previsto no inciso “I”. Veja que o instituto demanda que o perito
seja uma pessoa plenamente capaz. Contudo, como já discutimos, não há uma
exigência de que seja formado em curso de nível superior. Isso fica pressuposto
pelo previsto no §1o do Art. 156 quando se menciona que a nomeação se dará
dentre “profissionais legalmente habilitados”.

Ainda assim, essa questão de habilitação é controversa dado que nos dias de hoje
existem muitos cursos técnicos de nível médio que habilitam os profissionais a exercer
determinadas atividades profissionais reguladas por Conselhos de Classe, mas isso
seria discussão para outro material.

Perito securitário

Via de regra, processos judiciais que envolvam causas securitárias serão instruídos
no âmbito cível. Sendo assim, já discutimos quem realiza a demanda desse tipo de
procedimento nos tribunais.

O grande elemento de diferenciação é o fato de que o litígio será relacionado com o


acionamento de algum seguro. Nisso teremos o contratante, o contratado e o Estado,
ou seja, as mesmas pessoas que podem demandar perícia conforme previsto no CPC.

Lembramos que em situações nas quais o Ministério Público (MP) age como o
demandante do serviço de um perito, aquele órgão atua na condição de parte. Isso se
dá porque no momento em que apresenta a denúncia passa a fazer parte do polo ativo
do procedimento judicial e, dessa forma, tem todo o direito de demandar perícia.

Perito administrativo

Tal qual já discutimos nos tipos de peritos anteriores, os atores que irão requerer os
serviços de um perito administrativo serão os mesmos, a citar: o magistrado e as partes
ou órgãos que têm prerrogativa de denunciante.

Contratação do perito extrajudicial


Figura 15.

Fonte: <http://www.mitocorretora.com.br/base/wp-content/uploads/2014/04/seguros.jpg>.

33
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A PERÍCIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

A primeira conclusão que podemos ter quando falamos em contratação de um perito


extrajudicial é que os termos pelos quais o trabalho será regido deverão ser registrados
em algum documento que regule a transação.

Você pode se questionar se há possibilidade de uma atividade de perícia extrajudicial


ser realizada sem necessidade de formalização contratual. Entendemos que a resposta
seja sim! Contudo, trata-se de um procedimento que acontecerá fora da tutela do Estado
e, desta forma, é interessante que a maneira como se dará a atividade seja pactuada.

Acreditamos que ninguém gostaria de ser contratado para resolver uma questão na
condição de perito extrajudicial e desse margem para que alguém, insatisfeito com
algum resultado, o acionasse na justiça, certo?

Lembram que discutimos que uma das habilidades que se espera de um perito é que
seja zeloso? Cuidar para que o produto oriundo de seu trabalho seja realizado com uma
margem de segurança é uma forma de zelo.

Assim, ao ser contratado para atuar como perito extrajudicial o profissional deve
incentivar o contratante a emitir o instrumento contratual com, no mínimo:

»» os termos que serão analisados pelo perito;

»» o prazo que o perito terá para atender a demanda;

»» a previsão da criação de um plano de ação por parte do perito; e

»» eventuais produtos acessórios que o perito deverá entregar com o laudo.

Para ilustrar uma situação em que pode ocorrer a contratação de um perito extrajudicial,
vamos nos utilizar de um procedimento adotado pela administração pública em seus
contratos.

Trata-se da possibilidade de sancionar administrativamente os fornecedores que


desobedecerem alguma cláusula do contrato. Nesse caso, haverá um servidor da
administração que demandará o procedimento, que será julgado por outro servidor.

A questão é que naqueles casos, também, o reclamado tem direito ao devido processo legal.
Assim, terá direito a defesa em três instâncias e, eventualmente, poderá contratar um perito
que ateste seus argumentos com o objetivo de não ser sancionado extrajudicialmente.

34
ATUAÇÃO PERICIAL Unidade iI

Capítulo 1
Para atuar como perito e remuneração

Figura 16.

Fonte: <http://topsegredosdigitais.com/wp-content/uploads/2015/01/trabalhando-em-casa.png>.

Cadastro de peritos em tribunais

No decorrer deste material mostramos que o perito judicial pode ser requerido tanto
pelo juiz como pelos envolvidos em um litígio. Vamos rever o artigo do CPC que dá a
prerrogativa ao magistrado e mais um em sequência para podermos discutir esse tópico:

Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender
de conhecimento técnico ou científico.

§ 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente


habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.

§ 2o Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta


pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou
em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades,

35
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à


Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou
de órgãos técnicos interessados.

§ 3o Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para


manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a
atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados.

§ 4o Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição,


nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado
para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de
qualificação dos profissionais que participarão da atividade.

§ 5o Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado


pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá
recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente
detentor do conhecimento necessário à realização da perícia.

Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe
designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do
encargo alegando motivo legítimo.

§ 1o A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da


intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena
de renúncia ao direito a alegá-la.

§ 2o Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com


disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de
interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo,
observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento.

Você poderá perceber, analisando os parágrafos 1o, 2o, 3o e 5o do Art. 156, que o legislador
teve preocupação especial com a questão do cadastro dos peritos. Já o parágrafo 2o do
Art. 157 menciona a lista de peritos que será organizada.

Figura 17.

Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-H3SCYrPv4h4/UggAkQ_hlxI/AAAAAAAAC5U/9OGtMSIH5To/s1600/desenho3.png>.

36
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

Ocorre que de maneira específica não há uma indicação de como exatamente esse
cadastro será feito, quem o fará, quando e outros regramentos. Pensando nisso, o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) emitiu a Resolução no 233 de 13 de julho de 2016.
Desta forma, vamos utilizar aquele instituto para compreendermos esse tópico.

Trata-se de um documento emitido com 16 artigos sequenciais sobre cadastro de


peritos e institutos no âmbito do poder judiciário para atuar como auxiliares da Justiça.
Para facilitar a compreensão, vamos perpassar aqueles mais relevantes em tópicos,
apresentando nossa compreensão de cada um:

»» No primeiro artigo é determinado que os tribunais do Brasil irão criar


cadastro eletrônico de peritos e órgãos daquela natureza para gerenciar e
escolher o auxiliar de determinado processo.

»» O cadastro denominado CPTEC (Cadastro Eletrônico de Peritos de Órgãos


Técnicos ou Científicos) será alimentado com aqueles que estiverem em
condições de dar apoio à justiça.

»» O cadastro será formado por pessoas indicadas por entidades, órgãos de


classe, órgãos públicos e por chamamento público por meio de consulta
pública.

»» Os requisitos serão dispostos em edital a ser publicado pelo tribunal.

»» Os profissionais aptos a atuar terão seus nomes disponibilizados em lista.

»» Os dados pessoais e profissionais dos peritos ficarão à disposição de


interessados em serviço de perícia.

»» Quem quiser prestar apoio à justiça na condição de perito deverá atender


a todos os requisitos previstos em edital.

»» Os dados do interessado serão preenchidos em local específico do sítio do


tribunal e será de responsabilidade daquele.

»» A veracidade dos dados será de inteira responsabilidade de quem os


fornece.

»» A atuação de um perito como auxiliar de justiça não gera vínculo de emprego.

»» Cadastros que existiam antes da resolução 233 continuam valendo caso


não conflitem com ela.

»» São os tribunais que validam a documentação apresentada pelos interessados


e isso poderá ser realizado por meio de comissão provisória específica
para tal.

37
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

»» Os dados deverão ser constantemente atualizados pelo tribunal.

»» Salvo o previsto no §5o do Art. 156 do CPC, só poderá atuar como perito
profissional cadastrado.

»» Se o perito for escolhido pelas partes do litígio na forma do Art. 471 do


CPC, aquele se sujeitará ao que está previsto na resolução 233.

»» Caso o previsto na resolução 233 seja descumprido o perito ou entidade


poderá ser suspenso ou excluído do cadastro por até 5 anos respeitados a
ampla defesa e o contraditório.

»» Exceto por determinação contrária do magistrado, mesmo que suspenso


ou excluído do cadastro, o profissional deverá concluir suas atividades
nos processos para os quais tenha sido designado.

»» Para permanecer cadastrado o profissional deverá estar com plenas


condições por parte de seu Conselho Fiscalizador.

»» É dos Conselhos a responsabilidade de comunicar eventuais situações


que impeçam o profissional de exercer suas atividades.

»» Qualquer comunicado sobre o profissional que parta de um Conselho


deverá ser registrado no CPTEC.

»» No ato da atualização do registro os interessados devem informar se


atuaram como assistentes, em quais processos atuaram e onde.

»» É do juiz a competência para nomear um perito cadastrado.

»» Nada impede o juiz de selecionar peritos dentre aqueles cadastrados nos


quais já possui ampla confiança.

»» Caso haja determinado grau de parentesco ele deverá ser informado ao


magistrado como fator de impedimento à atuação como perito no caso.

»» Se o perito tiver atuado como assistente de qualquer das partes no prazo


de 3 anos ficará impedido de atuar.

»» Os peritos ou entidades de perícia cadastrados terão seus dados


disponibilizados acrescidos de processos nos quais atuaram e valores
dos serviços.

»» Ainda que a pessoa ou entidade detenham o conhecimento para atuar em


um processo deverão estar devidamente cadastrados.

38
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

»» Caso haja um procedimento para o qual o cadastro não possua nenhum


profissional especializado o juiz poderá lançar mão de um que tenha e
que não esteja no cadastro.

»» Uma vez nomeado, o profissional ou entidade deverá se cadastrar.

»» Caso o juiz entenda possível e, desde que justifique, poderá substituir


o perito.

O Art. 12 da Resolução 233 nos traz o rol de deveres do perito e, desta forma, vamos
transcrever para facilitar a compreensão:

Art. 12. São deveres dos profissionais e dos órgãos cadastrados nos
termos desta Resolução:

I – atuar com diligência;

II – cumprir os deveres previstos em lei;

III – observar o sigilo devido nos processos em segredo de justiça;

IV – observar, rigorosamente, a data e os horários designados para a


realização das perícias e dos atos técnicos ou científicos;

V – apresentar os laudos periciais e/ou complementares no prazo legal


ou em outro fixado pelo magistrado;

VI – manter seus dados cadastrais e informações correlatas anualmente


atualizados;

VII – providenciar a imediata devolução dos autos judiciais quando


determinado pelo magistrado;

VIII – cumprir as determinações do magistrado quanto ao trabalho a


ser desenvolvido;

IX – nas perícias:

a) responder fielmente aos quesitos, bem como prestar os esclarecimentos


complementares que se fizerem necessários;

b) identificar-se ao periciando ou à pessoa que acompanhará a perícia,


informando os procedimentos técnicos que serão adotados na atividade
pericial;

c) devolver ao periciando ou à pessoa que acompanhará a perícia toda a


documentação utilizada.

39
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

»» Uma vez nomeado o perito se obriga a concluir a tarefa salvo as possibilidades


previstas em lei.

»» Salvo em situações nas quais a parte responsável pelo pagamento da


perícia tiver a prerrogativa de gratuidade, um servidor não poderá atuar
como perito.

»» Os elementos discutidos até aqui não possuem efeito anterior (ex tunc).

»» A resolução entrou em vigor em 14/10/2016.

Veja que o CNJ buscou ser conciso, porém amplo em especificar a forma como os
profissionais peritos poderiam ser cadastrados para dar suporte à justiça quando
requeridos por magistrados ou pelas partes.

Honorários em perícias: como calcular


Você já deve ter se questionado algumas vezes sobre a validade de atuar como um
perito certo?

São muitos elementos complexos em torno da atividade e certamente hão de existir


diversas responsabilidades envolvidas, ou seja, vale a pena?

Honorários do perito judicial

Podemos dizer que valerá a pena conforme você amplie sua capacidade de realizar perícias
com precisão e reiterar sua participação. Ora, não discutimos que um perito é um profissional
que será especialista em alguma atividade? Também não vimos que deverá ser habilitado
para ser demandado por um juiz ou pelas partes em um procedimento judicial?

Figura 18.

Fonte: <http://www.oabdeprimeira.com.br/wp-content/uploads/2014/11/aviltamento-de-honorarios.jpg>.

40
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

Muito bem! Justamente por ter que ser expert em algo e necessitar de uma habilitação
que o legislador previu que sua atuação deverá ser remunerada. Vamos ver o que o CPC
nos ensina a respeito desse assunto:

O Art. 95 apresenta situações de custeio dos honorários do perito, veja:

Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que


houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver
requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de
ofício ou requerida por ambas as partes.

§ 1o O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento


dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente.

§ 2o A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será


corrigida monetariamente e paga de acordo com o art. 465, § 4o.

§ 3o Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de


beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser:

I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público


e realizada por servidor do Poder Judiciário ou por órgão público
conveniado;

II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou


do Distrito Federal, no caso de ser realizada por particular, hipótese em
que o valor será fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em
caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça.

Agora observe que o mesmo artigo que dá ao juiz o poder de nomear um perito com um
prazo fixo para entregar laudo dá ao perito a prerrogativa de apresentar sua proposta
de honorários. Veja que essa proposta será participada aos envolvidos:

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e


fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.

...

§ 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:

I - proposta de honorários;

...

§ 3o As partes serão intimadas da proposta de honorários para,


querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que
o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95.

41
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

§ 4o O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos


honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo
o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e
prestados todos os esclarecimentos necessários.

O texto legal não estipula um teto ou um valor mínimo para que o perito desempenhe
seus trabalhos. O que temos muito no mercado são entidades ligadas a alguma profissão
que, no intuito de dar apoio aos profissionais da categoria, regulam tabelas de honorários
para atividades diversas.

Apenas para ilustrar, vamos conhecer um trecho da tabela de honorários do Contador


elaborada pelo Sindicato dos Contabilistas do Estado do Rio Grande do Norte. Dentre as
diversas possibilidades disponíveis para que o Contador cobre por seus serviços, vamos
destacar duas que poderiam servir de base para uma perícia:

Tabela 1.

Perícia Contábil Judicial --- 12,68% 334,48


Auditoria Independente ---12,68% 334,48
Assistência a reuniões – por hora --- 2,83% 74,00

Fonte: SINDCONTRN (adaptado).

Considerando um percentual por valor de causa a sugestão do SINDCONTRN é a seguinte:

Tabela 2.

Até R$  5.000,00 20%


De R$   5.001,00 a R$ 50.000,00 15%
De R$   50.001,00 a R$ 500.000,00 10%
De R$ 500.000,01 em diante A combinar

Fonte: SINDCONTRN (adaptado).

Neste caso, o Conselho da sua profissão terá condições de lhe oferecer uma tabela
completa de sugestão de honorários que irá lhe orientar a trabalhar como perito.

Isso serve, inclusive, para que você analise a viabilidade de procurar se especializar em
alguma atividade de sua profissão.

Honorários do perito extrajudicial

Tal qual um perito judicial, o extrajudicial terá uma série de responsabilidades do ponto
de vista civil, penal e administrativo. Desta forma, nada mais justo que sua atuação seja
devidamente remunerada por quem lhe contrata.

42
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

Figura 19.

Fonte: <http://www.barrigudanews.com/wp-content/uploads/2016/12/pagamento-.jpg>.

Como ocorre na perícia judicial, na extrajudicial os valores que serão devidos ao


profissional perito deverão ser definidos antes mesmo que as atividades iniciem.

Para que o custo de seu trabalho seja levantado de maneira justa, o profissional deverá
elaborar sua proposta levando em conta alguns fatores importantes, como por exemplo,
os descritos abaixo:

»» Estudo do nível de complexidade do trabalho que deverá ser realizado


pelo profissional contratado.

»» Análise da envergadura das atividades que serão desenvolvidas do ponto


de vista de tempo e esforço.

»» Estudo para prévia de tempo necessário para que as atividades sejam


desenvolvidas em conformidade com os itens anteriores.

»» Verificação de necessidade de contar com membros auxiliares para


desenvolver a atividade demandada.

»» Estudo de eventuais informações adicionais que deverão ser eventualmente


juntadas ao laudo pericial.

»» Explicitação de situações nas quais os valores propostos para custeio do


serviço deverão sofrer ajustes.

A título de informação e reiterando o que já discutimos no item anterior, as entidades


que regulam as profissões trabalham para fornecer aos seus filiados uma tabela que dê
a eles um ponto de referência quando o assunto é cobrança de honorários.

43
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

No caso do Administrador, por exemplo, o Conselho Federal de Administração (CFA)


possui uma tabela na qual dá algumas sugestões de custo em termos de hora técnica.
Vamos dar uma olhada nos valores sugeridos por aquela entidade:

Tabela 3.

ÁREA HT MÍNIMA HT MÉDIA HT MÁXIMA


Administração Financeira 90,93 224,93 312,49
Administração de materiais 90,93 224,93 312,49
Administração Mercadológica 90,93 224,93 312,49
Administração da Produção 90,93 224,93 312,49
Relações Industriais 90,93 224,93 312,49
Orçamento 90,93 224,93 312,49
O&M 90,93 224,93 312,49

Fonte: CFA (adaptado).

Além das atividades acima, pelas quais o Administrador poderá se orientar para alguns
casos não previstos, abaixo o CFA apresenta uma tabela na qual prevê diversas situações
de atuação pericial:
Tabela 4.

Atividade Valor Mínimo R$


Hora técnica operacional ou judicial 224,94
Hora técnica estratégica ou consultas 312,49
Operações financeiras simples sem diligência 1.404,34
Operações financeiras - contratos SFH ou Hipotecário 2.127,79
Operações financeiras - contrato de leasing 2.127,79
Operações financeiras complexas (mais de um contrato) 3.039,71
Operações financeiras complexas - renovação confissão de dívidas 3.039,71
Operações financeiras complexas - ACC, Vendo 3.039,71
...
Perícia Trabalhista – Cálculos 1.823,83
Laudos e Pareceres 1.823,83
Laudo: Cisão, Fusão, Transformação ou Incorporação - Hora técnica - Atividades Ope. 224,94

Fonte: CFA (adaptado).

O CFA reitera que cada profissional poderá cobrar o valor que entender adequado para
o trabalho. Os números apresentados são meramente para suporte. Veja como eles se
posicionaram:

O honorário é livre para cada profissional, dependendo de sua experiência,


atividade e dos serviços prestados, devendo, no entanto, ser atendida a

44
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

planilha como parâmetro para evitar-se o aviltamento entre os próprios


profissionais.

Esta planilha procurou atender aos campos privativos dos Administradores,


determinados pela Lei 4.769 de 09.09.1965.

Foram adotados três valores específicos: mínimo, médio e máximo,


para serem aplicados em conformidade com o faturamento bruto anual
das pessoas jurídicas.

VALOR MÍNIMO, a ser aplicado para prestação de serviços a pessoas


jurídicas com faturamento bruto anual até R$ 360.000,0.0

VALOR MÉDIO, a ser aplicado para prestação de serviços a pessoas


jurídicas com faturamento bruto anual de R$ 360.000,00 a R$
3.600.000,00.

VALOR MÁXIMO, a ser aplicado para prestação de serviços a pessoas


jurídicas com faturamento bruto anual acima de R$ 3.600.000,01.

De conformidade com o Artigo 1o da Resolução Normativa CFA No


254 de 19.04.2001 é obrigatório a assinatura e a citação do número
do registro no Conselho Regional de Administração em todos os
documentos elaborados pelo Administrador em decorrência de sua
atividade profissional.

A unidade de trabalho é a Hora Técnica (HT), de sessenta minutos à


disposição do cliente.

Sugestão de Piso Salarial: Tendo em vista a inexistência de salário


mínimo profissional para a categoria recomendamos: valor de ingresso
R$ 2.458,00 para profissional recém-formado, e, de R$ 5.977,00 para
profissional com mais de 02 anos de experiência.

Profissionais de outras áreas deverão consultar o seu Conselho para ter noção de qual é
a sugestão de pagamento mínimo.

45
Capítulo 2
O assistente técnico

Assistente técnico pericial: roteiro de atuação


Como já foi mostrado, o perito é nomeado pelo juiz, ainda que seja escolhido pelas
partes, conforme previsto no Art. 465 do CPC. Contudo, o parágrafo primeiro daquele
instituto dá às partes a possibilidade de, caso entendam necessário, indicar o assistente
técnico da atividade. Vejamos:

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e


fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.

§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação


do despacho de nomeação do perito:

...

II - indicar assistente técnico;

Dependendo do nível de complexidade da atividade, que pode requerer a participação de


mais de um profissional perito, o magistrado poderá requerer isso e, em contrapartida,
as partes poderão indicar mais de um assistente técnico conforme Art. 475 do CPC.

Figura 20.

Fonte: <http://www.novaconcursos.com.br/portal/wp-content/uploads/2015/08/Assistente-t%C3%A9cnico.jpg>.

Já sabemos que o perito tem prazos estipulados para apresentar seu laudo. Ocorre que
as partes têm possibilidade de pedir a seus assistentes técnicos que avaliem aquele
laudo que poderá, inclusive, ser divergente da opinião do perito em seu parecer.
46
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

Veja:
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz,
pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento.

§ 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o


laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo
o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar
seu respectivo parecer.

§ 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias,


esclarecer ponto:

...

II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte.

Um ponto importante que deve ser discutido é que os valores referentes aos honorários
do assistente técnico deverão ser adiantados pela parte que o houver requisitado,
conforme disposto no Art. 95 do CPC.

O CPC dá algumas prerrogativas ao perito para que ele consiga desempenhar sua
atividade de maneira consistente. Como o ordenamento jurídico brasileiro é todo voltado
ao devido processo legal, o assistente técnico acaba tendo prerrogativas semelhantes
para poder trabalhar. Veja o que diz o parágrafo terceiro do Art. 473 do CPC:

§ 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos


podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas,
obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder
da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o
laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros
elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.

Discutidos esses elementos legais, vamos nos ater agora a apresentar um procedimento
de trabalho do assistente técnico em perícia, levando em consideração a atuação daquele
profissional em atividades de perícia da Ciência da Administração.

Evidente que, se você for analisar a atuação de um Contador ou de um Médico encontrará


peculiaridades inerentes àquelas profissões. Contudo, o modelo que apresentaremos
pode ser utilizado tranquilamente por qualquer especialidade.

Conceitualmente falando, por força de lei, o assistente técnico em perícia que atuar
no campo da Administração deverá ser um profissional registrado em Conselho de
Classe, detentor de curso superior (bacharelado ou tecnólogo) reconhecido pelo
Ministério da Educação.

47
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

Em caso de empresas que prestem serviço de perícia, a lei permite que um sócio atue
na condição de assistente, desde que o objeto da mesma seja voltado àquela atividade.

A realização do trabalho

Vejamos agora como é a atuação de um assistente técnico em perícia considerando


que ele estivesse atuando em um procedimento demandado para dirimir algum tipo de
dúvida ou criar provas relacionadas aos campos previstos na Administração.

Figura 21.

Fonte: <http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/imagens/gerenciamento-de-fluxo-de-trabalho.jpg>.

1. O passo zero da atuação de um assistente técnico é o momento em que a


parte interessada requer sua contratação.

2. Na sequência, o assistente deve tomar conhecimento do procedimento


pericial em curso.

3. É uma prerrogativa do assistente manter contato com o Advogado da


parte que tenha requisitado seus serviços para obter daquele os elementos
processuais de maneira a conhecer o que foi tratado até ali no processo.

4. Uma vez tomada ciência do que está sendo trabalhado, o assistente pode
(e deve) manter contato com o perito oficial com o objetivo de participar
do planejamento das atividades e para disponibilizar documentos que o
contratante lhe tenha confiado.

5. É interessante que o assistente sugira ao perito oficial que a perícia ocorra


conjuntamente.

6. Caso o assistente técnico entenda necessário dar vista ao processo deverá


cuidar para sua perfeita guarda e manter a documentação segura.

7. É dever do assistente técnico cuidar para que os prazos estabelecidos pelo


magistrado sejam obedecidos.
48
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

8. O assistente técnico não poderá extrapolar os pontos de divergência ou as


requisições de provas previstas no processo.

9. Caso o assistente técnico necessite apreciar documentos para realizar sua


atividade, deverá requerê-los por meio de um termo de diligência.

10. Caso uma diligência seja frustrada por recusa, o assistente técnico dará
ciência justificada ao juiz (perícia judicial) ou à parte (extrajudicial).

11. O CPC dá ao assistente técnico a prerrogativa de utilizar de todos os meios


previstos em lei para realizar suas atividades.

12. O assistente técnico deverá registrar os locais e quando ocorreram


suas diligências bem como pessoas envolvidas, material bibliográfico,
situações observadas, informações e peculiaridades inerentes ao caso.
Esses elementos deverão ser firmados para possuir fé pública.

13. Caso haja atividades de uma equipe durante a perícia, o assistente técnico
poderá supervisionar os trabalhos e cuidar para que os envolvidos tenham
a qualificação necessária.

14. Considerando as Resoluções que regulam a atividade profissional, o


assistente técnico deverá relacionar todas as informações que utilizou
para fundamentar os argumentos apresentados em seu parecer.

15. As informações mencionadas no item anterior recebem a nomenclatura


de “papéis de trabalho”. Esse material é a união organizada das provas,
termos de diligência, estudos documentais, estudos em mídia digital,
documentos técnicos, documentos iconográficos, missivas, relatos de
pessoas, troca de informações ou qualquer outro elemento que possa
gerar ou apoiar a geração de provas.

16. O assistente técnico que der suporte em estabelecimento de planos de


trabalho para que o objeto de sua contratação seja atendido deve se
balizar em manual da categoria profissional.

17. O assistente deverá preparar e entregar seu parecer pericial tão logo
as diligências que entenda necessárias sejam concluídas. Não se pode
esquecer que haverá um prazo estipulado para isso.

18. Se houver acordo entre o assistente técnico e o perito oficial para que
eventuais diligências ocorram conjuntamente, a data de entrega do laudo
por parte do perito deverá ser informada ao assistente.

49
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

19. Caso o perito oficial não seja devidamente reconhecido pelo Conselho
de Classe do assistente técnico, este não poderá assiná-lo e tampouco
apresentar parecer sobre o documento. Destarte, produzirá laudo de sua
área de atuação a respeito do objeto da perícia.

20. Se o assistente técnico optar por firmar o parecer do perito oficial, fica
impedido de opinar contrariamente àquele documento.

21. Caso seja necessário, o termo de diligência poderá ser emitido pelo
assistente técnico, será entregue com recebimento registrado e
apresentará tudo o que norteará a produção do parecer.

22. Todas as pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas que em virtude


da lei se obriguem a colaborar com os trabalhos de um assistente técnico
são denominadas “diligenciadas”.

23. Em todas as oportunidades que a manifestação do assistente técnico recaia


em informação de prazos, ele deverá se ater ao prazo legal estabelecido
pelo magistrado como o limite para conclusão da atividade.

24. Caso seja necessário emitir um termo de diligência é desejável que ele
contenha tudo o que for preciso para o assistente técnico consiga produzir
seu parecer ao final da atividade contratada.

25. O parecer do assistente técnico deverá ter como anexo os vistos dos
diligenciados que tiverem colaborado com a perícia.

26. O parecer deverá conter, também, o registro de sucesso ou não enquanto o


assistente estava buscando dados para compor as provas de seu trabalho.

27. Uma vez denegada a colaboração de algum diligenciado o assistente


técnico se obriga a informar as partes responsáveis por sua contratação
no sentido de que se isente de responsabilidade por omissão de elementos
essenciais à emissão de seu parecer.

28. A responsabilidade por um documento assinado conjuntamente pelo


perito oficial e pelo assistente técnico é solidária.

29. Em seu parecer o assistente técnico irá registrar contextualmente todos


os elementos e particularidades que envolverão a realização de sua tarefa
com o objetivo de atender o motivo de sua contratação.

30. As conclusões do parecer do assistente técnico deverão ser produzidas de


modo a facilitar o entendimento e a absorção das informações.

50
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

31. O parecer emitido pelo assistente técnico contará, além do que já foi
visto, com metodologias aplicadas durante o trabalho, os critérios de
pesquisa, fundamentação de todos os resultados, tudo de maneira lógica
e sequenciada para facilitar a compreensão.

32. É vedado ao assistente técnico lançar dados manuscritos em seu parecer


uma vez que isso invalidará o instrumento.

33. Evidentemente o trabalho do assistente técnico se balizará em dados


científicos e eventuais termos técnicos deverão ser utilizados, contudo,
isso não deve ser óbice à compreensão por parte de quem ler o parecer.
Em função disso, o documento deverá ser produzido em linguagem
universal para que qualquer pessoa consiga interpretar os resultados e
argumentos. De forma alguma a necessidade de uma linguagem de fácil
compreensão deverá vir acompanhada pelo desprezo às normas técnicas
para produção daquele tipo de documento.

34. Caso o assistente técnico não tenha alternativa com relação ao uso
exacerbado de termos técnicos, que o faça partindo daqueles que são
mais comuns. É desejável que seja apresentado um glossário.

35. Destarte o fato de o parecer precisar ser escrito de maneira clara, objetiva,
técnica e profissional e, com isso, poder ser compreendido por qualquer
parte interessada, o que vier descrito nele jamais poderá suscitar outras
dúvidas. Isso fatalmente produziria um efeito ruim ao documento
podendo, inclusive, levar as pessoas ao erro.

36. Outra preocupação que o assistente deverá ter em seu parecer é a de


utilizar o idioma português para se expressar. É cabível utilizar-se de
idiomas aos quais o poder judiciário está habituado como, por exemplo,
o latim.

37. Todas as conclusões, esclarecimentos de dúvidas e produção de provas de


um parecer serão acompanhados daquilo que o fundamenta.

38. A emissão do parecer por parte do assistente técnico ficará sujeita


a algum tipo de discordância em relação ao laudo emitido pelo perito
oficial. Caso o assistente concorde com o que estiver disposto no laudo,
deverá protocolizar os termos de sua opinião e comunicar sua decisão a
quem o contratou.

39. Em respeito ao código de ética de sua profissão, o assistente técnico jamais


deverá apresentar qualquer tipo de opinião relativa ao perito oficial que

51
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

tenha emitido laudo. Sua análise deverá se ater exclusivamente aos itens
para os quais foi contratado.

40. Ao apresentar discordância com os dados apresentados pelo perito oficial,


o assistente técnico deverá justificar sua posição a partir da reiteração do
item com o qual não concordou.

41. O assistente técnico deverá atentar-se a alguns elementos básicos quando


apresentar as considerações finais de seu parecer:

›› Caso haja apresentação de a quem pertence determinado bem,


conclusão de procedimento com depósito final da sentença,
encerramento de sociedades, reavaliação de bens e semelhantes, o
parecer poderá conter valores descritos.

›› É possível que cada um dos contratantes do assistente técnico apresente


suas próprias teorias em torno do problema. Nessa circunstância é
possível que o profissional acate uma ou outra, desde que justifique
sua opção não ficando nenhuma margem de pessoalidade ou vínculo
sentimental.

›› Como vimos o parecer deverá se ater aos elementos específicos de


análise propostos pelos contratantes. O texto final do assistente
poderá remeter àqueles elementos como fundamentação para suas
conclusões.

›› Já sabemos que, eventualmente, poderá haver valores apresentados


nas considerações finais, contudo, via de regra, esse texto deve ser
simples e objetivo deixando claro as conclusões relacionadas aos
elementos estudados durante a perícia.

42. Do ponto de vista estrutural o parecer do assistente técnico não poderá


deixar de considerar os seguintes elementos:

›› Identificação dos autos processuais e dos contratantes.

›› Resumo dos elementos que estão sob análise.

›› Método utilizado para realizar as atividades de perícia.

›› Descrição de todas diligências realizadas.

›› Descrição dos elementos analisados e suas respostas com as devidas


fundamentações relacionadas ao que diverge do laudo oficial.

›› Considerações finais.

52
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

›› Firma do assistente técnico com os dados profissionais inerentes


como: registro profissional, sigla da profissão etc.

Você deve ter observado que o roteiro apresentado acima é deveras completo.
Justamente por isso entendemos que, realizadas as devidas adaptações, ele
pode ser aplicado a assistentes técnicos de qualquer profissão. Ademais, tal
roteiro também pode ser utilizado por Peritos Oficiais respeitados os ajustes de
nomenclatura e documentações.

53
Capítulo 3
Atuação

Atuação do perito em tribunais:


fluxo de atuação
Neste tópico vamos apresentar um fluxo de atuação padrão adotado em tribunais. Você
poderá observar que não é algo estanque, mas certamente favorece um trabalho mais
eficiente por parte de um perito, considerando seu papel de auxiliar da justiça.

Registre-se que não vamos nos ater a questões relacionadas aos deveres, uma vez que
serão tratados na próxima unidade. Sendo assim, vamos fazer nosso fluxo:

Figura 22.

Fonte: <http://www.venki.com.br/wp-content/uploads/2015/04/C96.jpg>.

»» O primeiro passo é o perito ser nomeado pelo juiz ou a pedido das partes.

»» Uma vez nomeado o perito deverá requerer os autos para estudá-los no


sentido de verificar se ele é apto a assumir a atividade.

»» Uma vez denegado, o serviço o perito deverá interpor petição justificando


o motivo.

»» Aceito o serviço, o perito deverá planejar as atividades considerando


todos os elementos que podem interferir na conclusão dos trabalhos e
interpor petição que apresente seus honorários.

»» Ademais, a aceitação da perícia vincula o perito aos prazos determinados


pelo juízo.

»» O profissional deverá analisar os autos para obter todas as informações


necessárias ao desenvolvimento das atividades periciais.
54
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

»» Caso o magistrado determine que sejam realizadas diligências para


análise de processos o perito deverá realizar planejamento de pesquisa
juntamente com o mesmo no sentido de que o trabalho seja mais efetivo.

»» Uma vez as partes optando por contratar assistentes técnicos, o perito


deverá contatá-los no sentido de que os autos sob sua guarda sejam
disponibilizados àqueles para apreciação.

»» As primeiras atividades de diligência por parte do perito serão compostas


de reunião informações documentais que poderão ser requeridas
mediante termo de diligência.

›› Eventuais negativas em fornecer informações deverão ser devidamente


registradas e peticionadas ao magistrado.

»» O perito poderá contratar apoio para realizar suas atividades, no entanto


qualquer atuação que envolva diligência ou emissão do laudo deverão ser
realizadas sob sua supervisão direta.

»» Eliminando qualquer possibilidade de ilação ou suposições, o perito


deverá descrever em seu laudo os fatos apurados e as justificativas
objetivas de suas argumentações em torno dos elementos sob estudo.

»» Após a etapa de diligência, o profissional deverá preparar seu laudo de


maneira completa e conclusiva. Caso eventual assistente discorde de sua
posição aquele deverá preparar um parecer à parte apresentando seus
argumentos.

»» O documento emitido pelo perito denominado “laudo pericial” é uma


peça jurídica que irá não apenas dirimir dúvidas relacionadas a quesitos
que demandem conhecimento específico de determinada área como,
também, compor prova nos autos.

›› O laudo deverá ser confeccionado em vernáculo, com expressões


objetivas e claras de seu entendimento, evitando implantação de estilo
pessoal que denote falta de impessoalidade ou inserção sentimental
por parte do perito.

›› Ainda na confecção do laudo, objetivando um padrão no documento, é


necessário que a ordem em que os elementos de estudo foram apresentados
seja respeitada quando da apresentação das respostas elaboradas pelo
perito. Ademais, caso existam, todos os documentos comprobatórios
de argumentos (fotos, mapas, artigos etc.) devem ser devidamente
apresentados em conjunto com os elementos que os demandaram.

55
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

›› No ato de apresentar as respostas inerentes aos elementos em análise


o perito jamais deverá apresentar respostas simbólicas do tipo (é ou
não é). Isso não quer dizer que o texto não deva ser objetivo e claro.

›› O laudo deverá ser devidamente revisado antes que o perito judicial


firme o documento.

›› Uma vez concluída a emissão do laudo pericial o profissional


responsável deverá peticionar seu envio ao magistrado responsável
pelo caso no qual está auxiliando. A petição mencionará que aquele
documento fará parte dos autos do processo.

»» Uma vez entregue o laudo pericial o perito requererá que seus honorários
sejam arbitrados fundamentando-se no levantamento inicial e nas
despesas realizadas durante o procedimento. Os valores deverão ser
repassados no âmbito judicial, nunca diretamente com as partes.

»» O perito deve recorrer sempre que entenda que os valores pagos não
correspondem o nível de complexidade da atividade desempenhada
podendo alegar ao magistrado, inclusive, falta de respeito com sua
posição profissional.

Atuação do perito extrajudicial: roteiro


Até aqui já tivemos a oportunidade de aprender que o perito extrajudicial será contratado
para atuar antes que um conflito se torne um litígio.

Da mesma forma, as mais diversas especialidades poderão ser acionadas com o objetivo
de ajudar o esclarecimento de dúvidas ou mesmo de criar prova.

Figura 23.

Fonte: <http://valentinanaestrada.com/wp-content/uploads/2016/01/roteirovalentinanaestrada.png>.

56
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

Já aprendemos também que esses profissionais são, via de regra, vinculados a Conselhos
de Classe, os quais buscam dar apoio aos seus profissionais. Uma das atividades de apoio
é justamente desenhar uma forma de atuação na condição de peritos ou assistentes
peritos.

Considerando que não temos no ordenamento jurídico brasileiro um instrumento legal


que regule a atuação do perito extrajudicial, temos nas resoluções dessas entidades de
fiscalização um ponto de referência para poder trabalhar esse tópico. E assim o faremos.

Vale reiterar que, como são vários órgãos de classe para várias profissões, eventualmente
alguns terão situações específicas. Destarte, caso você se interesse em comparar, notará
que existe uma lógica no roteiro de atuação de todas elas. Baseado nisso, iremos preparar
o nosso próprio roteiro que é composto por:

»» planejamento da perícia;

»» execução da perícia;

»» preparação do laudo; e

»» fluxo de procedimentos.

Etapas da perícia

Antes de apresentarmos o roteiro proposto, discutiremos sobre as etapas de uma


perícia. Trata-se da processualização da atividade que irá tornar seu planejamento e
demais tópicos do roteiro passíveis de realização.

Etapa preliminar

Na etapa preliminar teremos a situação na qual alguém está necessitando de apoio


técnico para dirimir alguma dúvida ou compor uma prova.

Dessa forma, um profissional será contratado e preparará o seu planejamento, bem


como apresentará os montantes de seus honorários.

Etapa de operacionalização

Durante a etapa de operacionalização da demanda, o profissional contratado irá,


baseado em seu planejamento, realizar as atividades necessárias com o objetivo de
levantar as informações que irão fundamentar seus argumentos para atender a demanda
do contratante.

57
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

Etapa de encerramento

Por fim, na etapa de encerramento, o perito assinará o laudo resultante da perícia


realizada, será pago pelos serviços prestados e prestará os esclarecimentos que forem
solicitados por parte daqueles que tomaram seus serviços.

Planejando a perícia

Pode parecer repetitivo, mas o planejamento é uma atividade que irá permitir ao
profissional em perícia extrajudicial a realização de um trabalho fluído, com menor
margem de desorganização e, em consequência, maior possibilidade de efetividade.

Figura 24.

Fonte: <http://sebrae.ms/wp-content/uploads/2014/06/planoo.jpg>.

Não devemos esquecer que um perito é, fundamentalmente, um profissional


especializado e dele se espera alto nível de resposta.

Evidente que, quanto maior for o nível de resposta de um profissional perito, mais vezes
ele será requisitado por contratantes. Quanto mais vezes dele for requisitado, maior
será sua experiência e tudo vai se alinhando para que a tarefa não seja apenas um “bico”
e sim uma atuação profissional de alto gabarito e “rentável”.

Feitas essas considerações, vamos elencar quais são os elementos essenciais para que o
planejamento da perícia seja eficiente:

»» O primeiro passo é o perito acessar todos os fatores que levaram o seu


contratante a ter a dúvida ou a necessidade de montar prova.

»» Em seguida, o profissional precisa demonstrar aos seus contratantes que


está ciente do grau de complexidade do serviço. Para tal ele poderá relatar

58
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

seu entendimento aproveitando o ensejo para, caso haja, apresentar os


vínculos legais existentes com a demanda que lhe foi passada.

»» O profissional perito deverá relacionar aqueles elementos sem os quais sua


atividade não será concluída. Ele pode detalhar informações essenciais,
diligências necessárias, pesquisas etc. O objetivo é apresentar o elemento
e como efetivamente ele será disponibilizado ou alcançado.

»» O trabalho pericial poderá depender de vários fatores para ser concluído.


O perito, então, deve deixar esses fatores claros para que sejam providenciados
tais quais: transporte, viagens, equipamentos, traduções etc.

»» O planejamento, como vimos, é um meio que permitirá o profissional


perito trabalhar de maneira organizada, aumentando a probabilidade
de efetividade durante a perícia. Contudo, ele é um meio e não um fim.
Será necessário trabalhar um plano que demonstre como o trabalho será
realizado descrevendo um cronograma que respeite o prazo contratado.
Como um documento, deverá conter alguns elementos básicos como:

›› A consideração das ações que serão realizadas em conformidade com


o contrato firmado para realização da perícia.

›› Relação de dados documentais que balizarão alguma etapa da perícia.

›› Previsão de eventuais deslocamentos.

›› Apresentação de tempo para que, caso haja necessidade de resposta a


alguma demanda do perito, ele seja cumprido.

›› Caso o contratante entenda ser necessário ampliar o escopo da perícia


o plano demonstrará como as alterações serão procedidas, inclusive
do ponto de vista financeiro.

»» O estabelecimento dos honorários é tarefa básica do planejamento. É a


partir desses valores iniciais que eventuais alterações serão discutidas no
decorrer do procedimento.

Executando a perícia

Do mesmo modo que o planejamento, analisando instruções de profissões diversas, podemos


perceber que há uma estrutura básica para a realização do trabalho. Relembrando que
em algumas profissões poderá haver especificidades, vamos apresentar um roteiro
apropriado padrão:

59
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

Figura 25.

Fonte: <http://www.revistaestante.fnac.pt/wp-content/uploads/2016/04/maos-a-obra-do-it-your-self-estante-fnac.jpg>.

a. Durante a execução da perícia o profissional estará vinculado às situações


que tenham relação direta com sua especialidade.

b. Se o profissional entender que apenas dados quantitativos (números em


geral) são insuficientes para emitir seu laudo, deverá realizar pesquisas
de campo especializadas para obter dados qualitativos e, eventualmente,
deverá realizar entrevistas com pessoas.

c. Uma vez o perito tendo concluído que é preciso inserir dados secundários
à sua pesquisa para fortalecer seus argumentos, deverá buscá-los em
fontes que os reconheçam.

d. Uma vez definido durante o planejamento que os argumentos do perito


também se basearão em dados quantitativos o método de coleta daquelas
informações deverá ser especificado naquele planejamento para ser
replicado durante a execução.

e. Se, por ocasião da obtenção de dados secundários, o perito entender


que documentos deverão ser analisados, há a necessidade de consulta
minuciosa considerando que:

›› Todos os documentos deverão estar organizados com sua obtenção


devidamente registrada e formalizada bem como sua restituição à
origem.

›› Se um documento essencial à análise tiver seu acesso cerceado por


alguém, o perito deverá preparar uma notificação ao seu contratante
para relatar o ocorrido.

›› Qualquer questão relacionada ao seu acesso a documentos que entenda


necessários serem analisados deve ser registrada pelo perito.

60
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

f. Uma vez ficando definido que há montantes de ordem financeira ou


quantitativa a ser verificado presencialmente, o perito precisa executar a
atividade seguindo os métodos inerentes.

g. Durante a execução da atividade pericial, o profissional deverá cuidar


para que as ações discutidas anteriormente sejam integradas para evitar
vieses de ideia ou compreensão de informações.

Emitindo o laudo

O laudo pericial é o documento no qual o profissional perito, após concluir a execução


das atividades periciais, deverá apresentar seus argumentos fundamentados em torno
dos elementos para os quais foi contratado.

Trata-se de um documento técnico que precisa ser produzido tal qual a importância das
expectativas dos contratantes, ou seja, que alguma dúvida complexa seja dirimida ou
que alguma prova essencial seja produzida.

Desta forma, são necessários alguns cuidados no ato de sua produção. Vejamos:

a. Tudo aquilo para o qual o contratante resolveu acionar o trabalho do


perito deverá estar devidamente explicitado no laudo pericial.

b. Caso não haja uma relação complexa de elementos para ser analisado
pelo perito, seus argumentos deverão ser diretos e assertivos em torno do
objeto de sua contratação.

c. Uma vez adotados dados oriundos de fontes já existentes, aquelas deverão


ser devidamente mencionadas no laudo pericial.

d. A validação de um laudo está diretamente vinculada à sua assinatura por


parte de quem o emitiu.

e. Qualquer elemento acessório ao laudo que tenha sido requerido pelo


contratante e devidamente registrado no contrato de perícia deverá ser
devidamente entregue pelo profissional juntamente com o laudo.

Fluxo de procedimentos

Tal qualquer trabalho estruturado, a perícia extrajudicial precisa ser realizada obedecendo
a um processo que torne a atividade fluída, objetiva e assertiva. Complementando esse
tópico, vamos definir um fluxo de procedimentos que pode ser aplicado não apenas a
uma perícia extrajudicial, mas a qualquer atividade semelhante.
61
UNIDADE II │ ATUAÇÃO PERICIAL

Já aprendemos que o ordenamento jurídico brasileiro não traz em seu corpo dados
específicos sobre perícia extrajudicial. Isso pode ser compreendido, uma vez que ela ocorre
fora do âmbito do Poder Judiciário justificando, assim, essa lacuna de procedimentos.

Se formos analisar friamente até este ponto do material, já podemos vislumbrar qual
seria o fluxo ideal de atuação do perito extrajudicial.

Primeiramente é importante reforçar que nesse procedimento (extrajudicial) não será


instaurado um processo, ou seja, não teremos nenhum tipo de ritual jurídico por trás
do serviço. Isso faz com que, no final das contas, o trabalho seja desenvolvido da melhor
forma no entendimento dos contratantes e do contratado.

Na área da Administração, o CFA criou um roteiro bastante maleável para os profissionais


da categoria. Aquele modelo de trabalho tranquilamente pode ser adaptado a qualquer
outra profissão considerada suas peculiaridades. Desta forma, o fluxo abaixo segue
aquele entendimento:

a. Contratação: uma vez tendo seus serviços requeridos é necessário que o


perito extrajudicial tome conhecimento do objeto da perícia.

b. Apreciação do objeto: nesse momento o perito mergulhará nos detalhes


que circundam o objeto da perícia por meio de leitura e estudo.

c. Concordância com a tarefa: concluídas as etapas anteriores, o profissional


terá condições de, em não havendo impedimentos, aceitar a execução da
atividade.

d. Orçamento: o profissional deverá levar em consideração o tamanho do


trabalho, a complexidade das pesquisas e das análises, os riscos inerentes
à perícia, tempo para realização da atividade, prazo requerido pelo
contratante e emissão do laudo.

e. Índice: o profissional deverá dispor de todos os documentos disponíveis


para produzir índice que demonstre qual documento está disponível e em
qual folha do conjunto poderá ser encontrado.

f. Assistente técnico: caso seja desejo de alguma parte ou do próprio perito,


a participação de peritos assistentes deverá ser ajustada.

g. Necessidades de diligências: após o perito tomar conhecimento de todo o


contexto dos itens postos sob perícia ele será capaz de estimar eventuais
diligências que poderão ser necessárias à consecução do trabalho. Na
oportunidade ele deverá mencionar qualquer insumo que esteja faltando
para emitir seu laudo.
62
ATUAÇÃO PERICIAL │ UNIDADE II

h. Descolamentos: uma vez ficando evidenciada a necessidade de deslocamentos


por terra ou ar, o perito deverá apresentar uma programação.

i. Método de pesquisa: com base no rol de informações já obtidas e naquelas


que são essenciais ao trabalho, o perito deverá programar pesquisas de
campo, métodos e obtenção de dados secundários conforme permitido
por lei.

j. Plano de ação: o perito deverá definir:

›› Estudo de documentos relacionados à perícia.

›› Descrição de estudos, vistorias, questionamentos, investigações,


medições e avaliações certificações necessárias obedecendo ao código
de ética de sua profissão.

›› Estabelecimento de entrevistas e coleta de informações.

›› Análise em laudos multidisciplinares e pareceres disponíveis.

›› Realização de cálculos e avaliações qualitativas e quantitativas.

›› Modelagem do laudo pericial que será emitido.

k. Ajustes: após a emissão do laudo pericial, o profissional deve revisá-lo


objetivando eventuais ajustes e confirmar se todos os componentes do
documento estão dispostos logicamente e devidamente numerados.

l. Prorrogação: caso o perito entenda que o tempo disposto para concluir


a atividade não seja suficiente, antes que se dê o advento, deve preparar
aditivo contratual para estabelecer prorrogação.

m. Disponibilização do laudo: uma vez concluídas todas as etapas anteriores,


o documento pericial deve ser firmado e devidamente entregue ao
contratante juntamente com a requisição de repasse dos honorários.

Como mencionado, você poderá concluir que o roteiro apresentado acima e as indicações
deste capítulo como um todo podem ser utilizadas tranquilamente por qualquer
atividade pericial, respeitadas as devidas peculiaridades.

63
ANÁLISE PERICIAL Unidade iII

Capítulo 1
Ética

Aspectos éticos na análise pericial


De uma maneira simples, ao abordamos o assunto ético no âmbito das análises periciais
devemos considerar três fatores distintos:

»» as atribuições dos peritos nas diversas áreas;

»» o direito constitucional das partes ao devido processo legal;

»» as responsabilidades dos peritos.

Figura 26.

Fonte: <http://rgvhotelaria.com.br/wp-content/uploads/2015/01/Analise-do-cenario-de-ocupacao-hoteleira-pos-Copa-em-Sao-Paulo.jpg>.

Atribuições dos peritos nas diversas áreas

Perito criminal

Este profissional será acionado por autoridades competentes para tal e terá sua atuação
vinculada aos entes estaduais e federais.
64
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

No âmbito federal temos uma lista das atribuições dos peritos criminais federais produzida
pela Polícia Federal:

»» A instauração e a coordenação de procedimentos de investigação policial.

»» Comando e orientação durante a execução de procedimentos de investigação


que visem prevenir e reprimir atos criminosos.

»» Participação ativa no plano de operação de segurança e investigação.

»» Supervisão e execução de missões sigilosas.

»» Participação direta nas ações de segurança orgânica e demais atividades


relacionadas à sua especialidade.

O que encontramos no âmbito estadual foi o Projeto de Lei PL 1.949/2007 que ainda está
tramitando na Câmara dos Deputados. Naquele instrumento, o perito criminal recebe a
nomenclatura de Perito Policial e o Art. 27 apresenta algumas atribuições. Vejamos:

Art. 27. São atribuições de perito de polícia:

I - coletar e interpretar os vestígios e os indícios materiais das infrações


penais, objetivando fornecer elementos esclarecedores para a instrução
de inquéritos policiais e outros procedimentos legais de investigação;

II - realizar exames sobre corpos de delito; e

III - elaborar laudos no âmbito das suas especializações.

Perito trabalhista

O legislador registrou no corpo da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que sua
fonte subsidiária seria o CPC onde fosse omissa. Tal dispositivo está impresso no Art.
769 daquele diploma legal.

Considerando aquele dispositivo, podemos inferir que no caso do perito trabalhista as


atribuições serão parecidas, senão idênticas, às outras áreas de atuação. Evidente que
não se inclui na questão o criminal, que tem situações bem específicas. O que haverá de
novo serão as atribuições vinculadas a alguém que opera segundo a justiça do trabalho.

Assim, além das atribuições básicas de um perito (que estarão melhor discriminadas na
explicação do perito cível), um perito trabalhista teria como especificidades os seguintes
elementos:

»» Realizar as análises e estudar os fatos conforme previsto em sua especialidade


profissional.

65
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

»» Certificar-se de que as dúvidas apresentadas no decorrer do procedimento


judicial sejam devidamente esclarecidas.

»» Não apresentar fragilidade nas conclusões para que o juiz consiga


compreender as abordagens.

»» Esclarecer todos os elementos de dúvida e solicitar apoio de profissionais


de áreas complementares se for o caso.

Legalmente falando, a CLT nos dá um pequeno rol de atribuições ao perito trabalhista.


Vejamos:

»» No Art. 827 é estabelecido que o juiz poderá arguir o perito.

»» O Art. 848 reforça a possibilidade de arguição do perito pelo juiz.

»» O Art. 879 determina que em caso de cálculos complexos um perito


deverá atuar.

Perito cível

No caso de processos cíveis, o perito estará totalmente regrado pelo que está disposto
no CPC. As atribuições básicas do perito cível estão enumeradas no Art. 473 do CPC
uma vez que o que se espera dele é o laudo pericial. Vejamos:

Art. 473. O laudo pericial deverá conter:

I - a exposição do objeto da perícia;

II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;

III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser


predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento
da qual se originou;

IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz,


pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.

§ 1o No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em


linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou
suas conclusões.

Temos, ainda, uma outra atribuição prevista no Art. 477:

Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz,
pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento.

66
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

§ 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o


laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo
o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar
seu respectivo parecer.

§ 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias,


esclarecer ponto.

É importante registrar que o que está previsto nesses artigos do CPC se aplica a qualquer
perito que atue em ofício. Ainda assim, podemos enumerar um rol mais explicativo de
atribuições:

»» O perito tem a atribuição de mudar um elemento de duvidoso para


esclarecido e, para tal, necessita apresentar seu conhecimento técnico
sobre o tema.

»» O perito deverá assumir, imediatamente, qualquer situação controversa


que advenha de suas conclusões.

»» O perito analisará a situação a ele confiada de maneira sistêmica.

»» O perito precisa manter seus conhecimentos constantemente atualizados


e em pleno uso.

»» O perito apresentará conclusões rápidas e sem margem de viés.

»» O perito demonstrará domínio de sua área técnica profissional.

»» O laudo pericial será emitido em conformidade com métodos consagrados.

»» O perito trabalhará analisando principalmente, mas não somente, os


elementos que fogem àqueles que o contrataram.

»» As atividades do perito serão realizadas com zelo, poder de decisão,


capacidade técnica e estudos alternativos.

»» O perito será cortês e solícito com os envolvidos no procedimento judicial


ou extrajudicial.

Perito securitário

O elemento mais importante que devemos considerar aqui é o fato de que o


perito securitário atuará em conformidade à área para a qual o seguro acionado
está relacionado.

67
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

Destarte, temos alguns elementos legais que podemos destacar em torno de perícia
securitária:

»» O Art. 784 do CPC dá ao seguro de vida, por exemplo, a condição de título


executivo extrajudicial.

»» O Art. 833 do CPC complementa a questão dos valores de seguro de vida


dizendo que eles não são passíveis de penhora.

»» No Art. 865 do CPC está determinado que navios ou aeronaves só podem


funcionar, caso sejam objeto de penhora, se estiverem cobertos por um
seguro contra riscos.

»» Na CF o Art. 7o, inciso XXVIII determina que o seguro contra acidentes


do trabalho é um direito do trabalhador.

»» O Art. 101 da Lei 8.213/1991 define que é necessária a realização de perícia


médica no caso de manutenção de auxílio-doença.

Você deve ter notado que a situação é fragmentada. Os códigos de ética de cada profissão
possuem institutos que definem as atribuições de seus profissionais. Assim, podemos
concluir que além do que as profissões definem para atuação profissional, serão
atribuições dos peritos securitários aquelas já estudadas no caso do cível.

Peritos administrativos

As atribuições aplicáveis aos outros tipos de perito também o são aos peritos
administrativos. Nesse caso os códigos de ética das diversas profissões também são
levados em consideração sendo que, em alguns casos, os Conselhos costumam produzir
manuais para seus profissionais.

A título de exemplo, uma vez que cada profissão terá especificidades distintas, vamos
apresentar algumas atribuições determinadas ao Administrador pelo CFA:

»» Manter contato com o contratante para conseguir acesso aos dados da


perícia.

»» Manter registro atualizado de todas as pessoas que participarem do


procedimento na condição de pesquisados ou diligenciados.

»» Sempre que necessário, vistoriar, examinar e perguntar o que for essencial


para conclusão da atividade pericial.

68
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

»» Caso seja demandado nesse sentido, realizar arbitramento de numerários


utilizando métodos técnicos.

»» Dar autenticidade às informações que prestar.

Caso você tenha pesquisado algo sobre Direito Administrativo, eventualmente já deve
ter escutado alguma coisa relacionada a Processos Administrativos Disciplinares (PADs)
ou Processos Administrativos Sancionatórios (PASs). São procedimentos extrajudiciais
desenvolvidos no âmbito da Administração Pública.

Importante registrar que em situações que envolvam os procedimentos retro


mencionados, o perito que vier a ser contratado ou destacado para realizar atividades
de sua especialidade profissional (sem exceção, nem mesmo por conta do bom
senso) deverá seguir tudo o que o ordenamento jurídico brasileiro determina. Esse tipo
de procedimento não permite discricionariedade quando o assunto é o devido
processo legal.

Devido processo legal

Vamos falar dos pontos mais importantes, pois para tratá-lo com profundidade seria
necessário um material exclusivo e muito mais denso. Na verdade, entendemos que é
importante falar a respeito do ponto de vista técnico, pois isso seria o motivo de existir de
todo e qualquer princípio ético que gira em torno de atividades judiciais e extrajudiciais.

Trata-se do princípio constitucional brasileiro com maior relevância quando estamos


tratando de direitos e deveres. O início da existência deste princípio remonta ao ano
de 1214 quando o Rei Inglês Eduardo III promulgou sua constituição. Os princípios
que envolvem o devido processo legal estavam implícitos no documento, mas já
determinavam a necessidade de que processos judiciais fossem sequenciados para
melhor entendimento.

Todos os princípios constitucionais interagem entre si, sejam eles explícitos ou


implícitos, no âmbito da CF. No caso do devido processo legal há um vínculo mais
evidente com os princípios da legitimidade e da legalidade. Contudo, é errado achar
que somente esses dois princípios são vinculados ao primeiro.

Fazendo um estudo constitucional sobre o que viria a ser vínculo do devido processo
legal com a legalidade, chegaríamos ao seguinte entendimento:

»» Todas as pessoas têm direito à ampla defesa.

»» Todas as pessoas têm direito ao contraditório.

69
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

»» Todas as pessoas têm direito a recorrer de sentenças que obrigam ou


retiram direitos.

»» Todas as pessoas têm direito de solicitar reconsideração de decisões que


obrigam ou retiram direitos.

»» Todas as pessoas têm direito a representação por advogado.

»» Todas as pessoas têm direito a julgamento justo.

Se formos estudar o princípio do devido processo legal, relacionado com o


princípio da legitimidade, poderíamos apresentar o seguinte entendimento:

»» Todos processos judiciais devem ser trabalhados por servidores competentes.

»» Os processos judiciais serão tratados na jurisdição à qual esteja vinculado


por lei.

»» Os processos judiciais devem obedecer ao ordenamento jurídico brasileiro


em vigor quando de sua tramitação.

»» As decisões tomadas considerarão o ordenamento em vigor, salvo


previsões legais que possibilitem outro entendimento.

»» O magistrado somente poderá aplicar uma sentença depois que tiver


acesso a todos os dados que viabilizarão sua tomada de decisão.

»» Nenhuma sentença judicial é aplicada sem a participação de um juiz.

Considerando os elementos inerentes à legalidade e à legitimidade, temos que o devido


processo legal é um princípio que se desenvolve na substância da demanda e no processo
que a tratará.

Quando falamos de substância nesse contexto, estamos argumentando que o


ordenamento jurídico de um país possui em seu âmago a certeza de que o interesse
público sempre será superior ao pessoal.

Quando falamos de processo a argumentação, fundamenta-se no conjunto de direitos


que todo o cidadão tem em questões judiciais. Vejamos:

»» Todas as pessoas devem ser citadas quando em procedimento judicial.

»» Quem é processado tem direito de saber o fundamento da falta que lhe é


imputada.

»» Uma vez em procedimento judicial a pessoa tem direito a se defender


amplamente.

70
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

»» Na defesa a pessoa tem direito a fazê-lo por meio oral.

»» Para se defender é direito a possibilidade de juntar provas.

»» Ainda durante a defesa é direito contratar um advogado.

»» A pessoa tem direito a contradizer algo que lhe imputam.

»» Uma vez juntadas provas contrárias, a pessoa tem direito de apresentar


argumentos para se defender delas.

»» Direito a um juiz natural (regras de jurisdição para garantir julgamento


independente e imparcial).

»» A pessoa tem direito a um julgamento público.

»» A pessoa não pode ser prejudicada por provas produzidas ilegalmente.

»» Caso sentenciada, a pessoa tem direito de compreender o teor da sentença


e sua fundamentação.

»» Uma vez sentenciada em 1a instância a pessoa tem direito de recorrer a


outras instâncias.

»» Ninguém pode ser condenado novamente por algo pelo que já tenha
respondido em juízo.

Lendo os elementos desse tópico você pode pensar que a justiça é extremamente
burocrática e sem objetividade. Pode ser que aconteça em alguns casos. No entanto,
essa linha de ação impede que futuramente alguém que tenha perdido uma causa na
justiça conclua que pode se vingar de quem venceu.

Não obstante, se todas as pessoas que fossem sentenciadas em um procedimento


judicial voltassem aos palcos do poder judiciário para processar quem ganhou porque
entende que seu julgamento não foi justo, seria uma bola de neve sem fim.

Além de tornar a atividade extremamente onerosa, eventualmente o sistema judiciário


sofreria por excesso de processos e uma bela hora não atenderia mais ninguém.

Um exemplo é que durante os eventos catastróficos da II Grande Guerra Mundial, o


mundo se viu obrigado a sentar e discutir novos modelos de direitos humanos. O esforço
resultou na emissão da Declaração Universal dos Direitos humanos pela Organização
das Nações Unidas no ano de 1948.

Desde então temos um documento internacional e universal que demanda atitudes


relacionadas ao devido processo legal.

71
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

Veja:

Artigo 8o: Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou
pela lei.

Artigo 9o: Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10: Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma
justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e
imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de
qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11. 1.: Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o
direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha
sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que,
no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou
internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela
que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo 12: Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada,


na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à
sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques.

O objetivo do instrumento é garantir que qualquer pessoa no mundo, uma vez sendo
acusada de algum delito, tenha direito ao devido processo legal.

A Constituição da República Federativa do Brasil teve o mesmo objetivo quando emitiu


diversos incisos no Art. 5o que objetivam garantir aqueles direitos.

A localização espacial do artigo é determinante para que se compreenda qual foi o


propósito uma vez que se encontra no título que trata os direitos e garantias fundamentais
e no capítulo que apresenta os direitos individuais e coletivos.

Assim, a carta magna brasileira dispôs sobre o devido processo legal para direcionar
todo o ordenamento brasileiro naquele sentido. Abaixo segue uma sequência lógica de
incisos que inserem o devido processo legal no Brasil:

Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes

72
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à


segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido


processo legal;

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou


ameaça a direito;

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando


a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade


competente;

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados


a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade
de sua tramitação;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos


acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes;

A Constituição brasileira possui uma quantidade considerável de institutos que dão


maior ênfase ainda ao devido processo legal, no entanto, nosso objetivo aqui é esclarecer
e não esgotar o tema. Dessa forma, o que foi apresentado já daria o insumo para o
aprofundamento deste tema.

Responsabilidades do perito
Nesse ponto você já deve ter percebido que atuar como perito possui muitas vantagens
do ponto de vista profissional. Contudo, os elementos que impõem responsabilidades
em sua atuação são igualmente relevantes.

Figura. 27

Fonte: <http://direitodetodos.com.br/wp-content/uploads/2014/08/responsabilidade-subjetiva-e-objetiva.jpg>.

73
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

Justamente a relevância dessas responsabilidades fez com que o legislador se


preocupasse em regulamentar, ainda que de maneira básica, as responsabilidades do
perito enquanto atuando naquela condição.

O CPC traz elementos que vinculam o perito a uma atuação objetiva, honesta e imparcial.
Ele poderá sofrer sanções cíveis, administrativas e penais caso venha a desobedecer ao
que está previsto em lei para sua atuação.

Inicialmente o Código se preocupa com cumprimento de prazos. Não podemos esquecer


que a atuação do perito se dá apenas em 1a instância e, assim, o tempo é um obstáculo a
ser vencido para melhor serviço da justiça. Vamos ver o que dispõe o Art. 157:

Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar
o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo
alegando motivo legítimo.

É no Art. 158 que o CPC nos apresenta um rol mínimo de responsabilidades cíveis e
administrativas às quais o perito está sujeito em caso de condita dolosa ou culposa em
qualquer procedimento para o qual seja contratado, veja:

Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas
responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado
para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o
juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das
medidas que entender cabíveis.

Lendo o artigo acima, podemos inferir que a justiça não procura pessoas sem
compromisso para auxiliá-la na condição de perito. Afinal, não apenas quando comete
erros voluntários como aqueles involuntários o perito eventualmente será sancionado.

Ainda preocupado com o tempo do processo o legislador inseriu uma possibilidade de


que o magistrado atue caso o perito venha a cometer falhas que resultem em atraso.
Note que a falha será relatada ao Conselho do profissional conforme Art. 468:

Art. 468. O perito pode ser substituído quando:

...

II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe


foi assinado.

§ 1o No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à


corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao

74
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo


decorrente do atraso no processo.

Até aqui já ficaram claras as responsabilidades do ponto de vista civil e administrativo.


Ocorre que não para por aí. Veja que o Art. 158 traz a seguinte frase “[...] das demais
sanções previstas em lei [...]”. Aqui está o precedente legal para que o perito seja
sancionado do ponto de vista criminal também.

O Decreto-Lei no 2.848, de 07 de dezembro de 1940, ou Código Pena, determina em seu


Art. 342 as seguintes sanções:

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como


testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo
judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
(Redação dada pela Lei no 10.268, de 28.8.2001)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada


pela Lei no 12.850, de 2013) - Vigência

§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado


mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada
a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for
parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação
dada pela Lei no 10.268, de 28.8.2001)

§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em


que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação
dada pela Lei no 10.268, de 28.8.2001)

Os doutrinadores das disciplinas de direito penal não consideram que o previsto no


Art. 342 do Código Penal seja aplicável a quem cometeu delito culposo. Isso quer dizer
que para aqueles estudiosos se o perito cometer um erro não intencional não estaria
sujeito àquelas penalidades.

Considerando as sanções cíveis, observando o texto do Art. 158 notamos que lá há a


previsão de indenização. Isso porque o perito é vinculado a responder por eventuais
prejuízos que seu trabalho venha causar.

Por fim e não menos importante, a conjunção do entendimento dos Arts. 158 e 468
do CPC nos dá a compreensão de que o perito poderá ficar impedido de atuar por até
05 anos em tribunais. Note que isso não considera outras penalidades que o órgão
responsável por fiscalizar sua profissão venha a aplicar.

75
Capítulo 2
Modelos

Modelos de laudos e petições

Laudo pericial de qualidade

Vamos iniciar esse subtítulo discutindo o objeto principal do trabalho de um perito, ou


seja, o laudo pericial. Trata-se de uma peça de alta complexidade que será utilizada em
conjunto com outras provas para apoiar as decisões do magistrado e dirimir as dúvidas
que suscitaram sua nomeação.

De antemão já temos a convicção de que a opinião de um perito não é absoluta. Seu


trabalho é se apropriar de dúvidas constantes em controvérsias e utilizar de seu
conhecimento técnico para saná-las. As conclusões de um perito sempre são postas à
análise do juiz e poderão ser contestadas pela parte que tiver tido seu entendimento
contrariado.

São as demandas mencionadas que tornam necessário que a qualidade do laudo tenha
um nível elevado. O objetivo é que o documento por si só consiga evitar questionamentos
em torno de suas alegações.

Figura 28.

Fonte: <https://alltasks.com.br/traducao-de-qualidade/images/traducao-tecnica-de-qualidade.jpg>.

Temos muito material acadêmico que estuda as “diferenças” entre um parecer e um


laudo pericial. Na verdade, são documentos desenvolvidos sob a mesma égide, ou seja,
especialidade técnica e precisão. O laudo dará auxílio à justiça enquanto que o parecer
esclarecerá pontos levantados e outros que a ele sejam relacionados.
76
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

Desta forma, nem o laudo nem o parecer irão vincular as pessoas que o demandaram às
informações e definições presentes neles.

Isso permite que o magistrado entenda de maneira diferente ao laudo, ainda que sob o
risco de eventuais recursos em instâncias superiores.

Figura 29.

Fonte: <http://publications.europa.eu/code/images/scan/240202-pt.gif>.

Mesmo que consideremos todos os pontos de limitação à discricionariedade que envolve


a produção de um laudo pericial, não há impedimento algum para que ele seja o mais
técnico, objetivo e claro possível.

Para conseguir atingir esse nível de maturidade, o documento precisa de alguns


elementos em sua estrutura. Vejamos:

»» Apresentação do conflito: esta parte do documento demonstrará o


número do processo, quando foi protocolizado, quem está em conflito, a
jurisdição competente.

»» Identificação do perito: é necessário que o profissional destacado para


realizar a perícia se identifique formalmente aos interessados.

»» Dados do demandante: a perícia se inicia por solicitação do juiz ou


das partes e isso deve ficar evidenciado, ou seja, para quem está sendo
produzido o laudo.

»» Metodologia: é necessário que o profissional detalhe cada passo realizado


durante seus trabalhos, isso irá favorecer a compreensão por parte dos
interessados de que o perito realizou a demanda seguindo princípios
técnicos e científicos.

»» Discriminação dos elementos em análise: como sabemos, a perícia só


pode ser realizada sobre os elementos que resultaram na nomeação ou

77
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

contratação do perito. Assim, é necessário que eles fiquem descritos no


laudo objetivando facilitar a conferência de que não houve excessos.

»» Argumentação dos elementos em análise: o profissional deve


disponibilizar no corpo do documento sua análise técnica a respeito de
cada ponto periciado.

»» Dados secundários: eventualmente o estudo poderá requerer informações


que ampliem a facilidade de compreensão dos argumentos do perito e,
nesse caso, esses dados devem ser anexados ao laudo.

»» Considerações finais: o perito deve registrar a data na qual concluiu a


peça e assiná-la para dar-lhe validade.

Já discutimos que dependendo da profissão poderemos encontrar diversas peculiaridades.


No entanto, essa estrutura apresentada atende tranquilamente qualquer tipo de perícia.
Não obstante, caso você tenha a intenção de atuar como perito é interessante que desde
já busque elementos específicos da sua profissão. Ainda assim, a partir de agora já é
possível mentalizar o que viria a ser um laudo.

Modelos de laudo

Falar de modelo no plural como está no título deste tópico é complexo porque, se formos
procurar na rede mundial de computadores, encontraremos uma infinidade de modelos
interessantes. Desta forma, considerando tudo o que já discutimos neste material,
vamos apresentar um modelo apenas para ilustrar o que já discutimos.

Modelo de perícia judicial trabalhista

LAUDO PERICIAL TRABALHISTA

M.M. 00ª JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO DE SÃO PAULO SP

PROCESSO No : 0000/00

RECLAMANTE: Mmmm Rrrrrrrrrrr dd Mmmmm

RECLAMADA: Ccccccccccc AAA Ltda.

ÍNDICE GERAL

1. RESUMO

1.1. Resultado da Liquidação

78
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

2. DOS OBJETIVOS DA PERÍCIA

2.1. Quanto à inicial

2.2. Quanto à R. Sentença

3. APURAÇÃO DAS VERBAS DEVIDAS

3.1. Da fundamentação e do cálculo de apuração de Horas Extras e reflexos nos

DSRs;

3.2. Da fundamentação e do cálculo de apuração de integração das Horas Extras

nas Férias Proporcionais e Adicional Constitucional de Férias;

3.3. Da fundamentação e do cálculo de apuração de integração das Horas Extras no

13o Salário;

3.4. Da fundamentação e do cálculo de apuração de integração das Horas Extras no

Aviso Prévio Indenizado;

4. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA

4.1. Da fundamentação e do cálculo de atualização monetária

5. CÁLCULO DE APURAÇÃO DO FGTS E MULTA DO FGTS - 40%

6. DOS QUESITOS

6.1. Do reclamante

6.2. Da reclamada

7. CONCLUSÃO

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

1. RESUMO

Quanto ao resultado das contas de liquidação em Reais, que a seguir apresentamos, observamos
que:

a) a atualização monetária do resultado líquido e a incidência dos juros de mora foram calculados
até 1o de agosto de 2011;

b) após esta data, o resultado líquido (principal), a ser atualizado na oportunidade de seu pagamento
(Lei 8.177/1991, art. 39, e Lei 8.660 de 28.05.1993 - Nova TR), bem como acrescentar-se-ão juros
moratórios “pro rata die” à razão de 1% ao mês, consoante determinação contida no parágrafo 1o e
“caput” do artigo 39 da Lei 8.177 de 01.03.1991.

79
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

1.1. Resultado da Liquidação

***CÁLCULOS***

2. DOS OBJETIVOS DA PERÍCIA

Em cumprimento à determinação de perícia TRABALHISTA de fl. 90, procedemos à minuciosa


análise dos autos, bem como dos documentos a ele apensados. Normalmente, ante a divergência
ou inércia das partes sobre os cálculos de liquidação, a função da Perícia determinada pelo MM.
Juíza restringe-se à elaboração dos mesmos, de forma imparcial, para que sirvam à finalidade
prevista no artigo 879 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Para elaboração do presente laudo destacamos, em especial, os itens que seguem:

2.1. Quanto à Inicial

Quanto à petição inicial destacamos as fls. 02 à 06.

2.2. Quanto à R. Sentença

Destacamos as fls. 65 à 68:

Do exposto, a 00ª JCJ DE SÃO PAULO, à unanimidade, julga PROCEDENTE EM PARTE a


reclamação movida pelo Sr. MMMM RRRRRRRRRRR DD MMMMM contra CCCCCCCCCCC
AAA LTDA., para fim de condenar a reclamada a pagar ao reclamante os seguintes títulos, a
serem apurados em liquidação, OBSERVADOS OS PARAMETROS ESTABELECIDOS EM
FUNDAMENTAÇÃO:

a) horas extraordinárias, além de seus reflexos nos descansos semanais remunerados;

b) xxxxx

...

x) incidência do FGTS + 40% sobre o aviso prévio indenizado.

3. APURAÇÃO DAS VERBAS DEVIDAS

Os respectivos demonstrativos foram elaborados considerando-se:

a) fiel execução da R. Sentença, tendo em vista, mormente, os destaques mencionados no item 2


desse laudo e que mais nos consta;

...

3.1. Da fundamentação e do cálculo de apuração de Horas Extras e reflexos nos DSRs. O respectivo
demonstrativo foi elaborado considerando-se:

80
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

a) este perito efetuou o cálculo das horas extras e reflexos de acordo com a R. Senteça de fls. 65
a 68, uma vez que, os cartões de ponto não se prestam a comprovação da jornada de trabalho,
conforme produção de prova oral. XXXXXXX;

...

x) utilizou-se o respectivo calendário do período reclamado.

Todos os cálculos foram executados conforme a R. Sentença e a legislação vigente, sendo


demonstrado a seguir:

DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DE HORAS EXTRAS E REFLEXOS NOS DSRs

***CÁLCULOS, PLANILHAS, ETC.***

3.2. Da fundamentação e do cálculo de apuração de integração das Horas Extras nas Férias
Proporcionais e Adicional Constitucional de Férias Todos os cálculos de férias proporcionais mais
adicional de férias, foram executados conforme a R. Sentença e a legislação vigente, conforme
considerações citadas no demonstrativo de apuração.

DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DE INTEGRAÇÃO DAS HORAS EXTRAS NAS FÉRIAS


PROPORCIONAIS

1. Considerando a habitualidade das horas extras, conforme decisão deste processo, considerando
os enunciados do TST 151, considerando o parágrafo 5o do artigo 142 da CLT, considerando os
artigos 146 e 147 da CLT, considerando o artigo 487, parágrafo 1o da CLT, apresento adiante os
cálculos devidos para o pagamento das férias proporcionais, bem como o acréscimo constitucional
de 1/3:

***CÁLCULOS INERENTES***

2. O cálculo das férias proporcionais e a respectiva diferença devida processam-se da seguinte


forma:

***CÁLCULOS INERENTES***

3.3. Da fundamentação e do cálculo de apuração de integração das Horas Extras no 13o Salário
Todos os cálculos do 13o salário, foram executados conforme a R. Sentença e a legislação vigente,
conforme considerações citadas no demonstrativo de apuração.

DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DAS HORAS EXTRAS NO 13o SALÁRIO

1. Considerando o artigo 3o da Lei no 4.090,62, considerando o artigo 7o e parágrafo único do


Decreto no 57.155/1965, considerando o enunciado 45 do TST, demonstro abaixo o cálculo do 13o
salário devido e a diferença a ser paga pela reclamada:

81
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

***CÁLCULOS INERENTES***

3.4. Da fundamentação e do cálculo de apuração de integração das Horas Extras no Aviso Prévio
Indenizado Todos os cálculos do Aviso Prévio Indenizado, foram executados conforme a R.
Sentença e a legislação vigente, conforme considerações citadas no demonstrativo de apuração.

DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DAS HORAS EXTRAS NO AVISO PRÉVIO INDENIZADO

1. Para o cálculo do Aviso Prévio devido ao reclamante, consideraremos os seguintes dispositivos


legais, artigo 487 e parágrafo 1o e enunciado 94 do TST, desta forma apresento abaixo o
desenvolvimento do devido cálculo:

***CÁLCULOS INERENTES***

4. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA

4.1. Da fundamentação e do cálculo de atualização monetária

O respectivo demonstrativo foi elaborado considerando-se:

***FUNDAMENTOS LEGAIS***

DEMONSTRATIVO DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E APURAÇÃO DOS JUROS DE MORA

*** CÁLCULOS INERENTES***

5. CÁLCULO DE APURAÇÃO DO FGTS E MULTA DO FGTS - 40%

Todos os cálculos do FGTS e a Multa de 40%, foram executados conforme a R. Sentença e a


legislação vigente, conforme considerações citadas no demonstrativo de apuração.

DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DO FGTS E RESPECTIVA MULTA DE 40%

1. O Cálculo do FGTS sobre a rescisão e a respectiva multa de 40% será processado somando-se
todas as diferenças devidas, desde que tributadas, e mais o aviso prévio integral uma vez que não
foi considerado para o cálculo quando paga a rescisão do contrato de trabalho.

***CÁLCULOS INERENTES***

6. DOS QUESITOS

6.1. Do Reclamante

82
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

O reclamante não apresentou quesitos.

6.2. Da Reclamada

A reclamada não apresentou quesitos.

7. CONCLUSÃO

Concluímos o presente laudo onde apuramos o valor a favor do reclamante em R$ 1.681,50 (hum
mil, seiscentos e oitenta e hum reais e cinquenta centavos), corrigidos até 1o de junho de 1996,
cabe salientar que a reclamada não necessitará apresentar comprovantes de depósitos do FGTS
do período de registro, conforme R. Sentença.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A síntese das contas de liquidação, apuradas nos demonstrativos aqui apresentados está sendo
transportada no item “1 RESUMO”. Damos por encerrado este laudo pericial TRABALHISTA,
constituído de 18 páginas impressas no anverso com o verso em branco.

São Paulo, 31 de agosto de 2011.

Adm. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Modelo de perícia judicial contábil

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL - MODELO

PROCESSO No: XXXXXXXXXXXX

ESPÉCIE: INDENIZAÇÃO/REPARAÇÃO/ETC

REQUERENTE: XXXXXXXXXXXXXXX

REQUERIDO: XXXXXXXXXXXXX

JUIZ(A):

NOME DO PERITO, Contador, pós-graduado em “Perícia Judicial”, “Controladoria e Finanças” e


“Análise e Auditoria Contábil”, estando legalmente habilitado a realizar perícias judiciais de nature-
za contábil, conforme registro no CRC/GO no 8.XXX, honrosamente nomeado para o encargo de
realizar a prova pericial nos autos do processo em epígrafe, em que litigam as partes acima identi-
ficadas, havendo terminado seus trabalhos, vênia concessa, apresenta os resultados, observados
os termos do Código de Processo Civil e as Normas Brasileiras de Perícia e do Perito Contábil,
consubstanciado pelo seguinte:

83
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

1. Relatório

Trata-se de ação de indenização por danos morais, por perdas e danos materiais, movida por
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx., em desfavor da empresa xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx na qual a autora, na
qualidade de Agente Comercial da ré por força de contrato de representação comercial firmado no
início de 2017, alega ter sido prejudicada pela imposição de um novo instrumento contratual em
meados de março desse mesmo ano.

E demais informações que explicam o resumo do litígio.

2. Síntese do autor

A requerente ajuíza ação sob alegação de quebra de contrato por parte da ré. Contrato extrema-
mente complexo, tinha por objeto a estipulação, pela XXXXXXXXXXXXXXX, dos produtos a serem
comercializados, externando ainda a percentagem das comissões e dos produtos, conforme consta
no item 5.0 – PRODUTOS A SEREM COMERCIALIZADOS/COMISSÕES, com lista bastante inten-
sa, naquela época, e devidamente informada no corpo do contrato.

E demais informações que detalham os motivos de quem moveu a ação.

3. Síntese do requerido

A requerida, xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, instada a se pronunciar nos autos a res-


peito pela inicial, vem apresentar defesa em forma de contestação que consiste basicamente na inexis-
tência de exclusividade. Afirma também que as partes, após regulares negociações, sem qualquer pres-
são ou coação, firmaram contrato que atendeu a interesses de ambos, caso contrário não seria firmado.

E demais informações que detalham os motivos de quem foi requerido.

4. Método de Trabalho

Foi adotado o seguinte método para a execução do trabalho:

a) Análise dos autos e exame dos documentos fornecidos, em diligência, pela XXXXXXXXXXXXXX, como por
exemplo: demonstrações contábeis, notas fiscais de prestação de serviços, guias de tributos etc.

b) Leitura das cláusulas específicas do contrato de prestação de serviços e respectivas alterações.

c) Elaboração de planilhas com cálculos matemáticos referentes aos dados levantados na documentação,
inclusive de atualizações monetárias.

E demais elementos que discriminem a metodologia.

5. Diligências

Conforme faculta o art. 429 do CPC, no dia 09 de fevereiro de 2017, de posse do termo de diligên-
cia no 007/2017, dirigimo-nos à sede requerente: XXXXXXXXXXXXX, solicitando para análise os
documentos a seguir indicados, no que fomos prontamente atendidos pelo preposto da requerente:

84
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

a) Contrato de Prestação de Serviços e respectivas alterações contratuais, firmados com a empresa:


XXXXXXXXXXXXX.

b) Comprovantes de registros junto ao órgão representativo de classe (conselho de representantes


comerciais) dos Estados onde atuava.

c) Livro Diário dos períodos de XXXX a XXXX.

E demais diligências realizadas.

6. Resposta aos Quesitos

QUESITOS DO AUTOR

“1. Queira o(a) Senhor Perito(a) relacionar quais as comissões registradas no Livro Diário e devidas
pela ré a autora, mês a mês, no período de janeiro a dezembro de XXXX.”

Resposta: Conforme pesquisa realizada no Livro Diário do ano de XXXX, da empresa:


XXXXXXXXXXXX., as comissões mensais foram:

“2. Queira o (a) Senhor (a) Perito (a) quantificar e relacionar a partir de quando a autora iniciou
queda nas comissões sobre vendas dos serviços.”

Resposta: Em pesquisa realizada no Livro Diário, constatou-se que nos meses de janeiro a março
de XXXX o faturamento da empresa estava em ascensão. A partir do mês de abril/XXXX, iniciou-se
a queda do faturamento.

E os demais quesitos/elementos/fatores levantados pelo autor e suas respectivas respostas.

QUESITOS DA RÉ

“1. Queira o(a) Senhor(a) Perito(a) informar e discriminar a evolução dos gastos da autora com pu-
blicidade e marketing, que realmente motivaram os negócios com produtos da ré.”

Resposta: Os gastos da autora com publicidade e marketing no ano de XXXX totalizaram R$


52.755,00 (cinquenta e dois mil, setecentos e cinquenta e cinco reais), conforme detalhado no qua-
dro abaixo:

E os demais quesitos/elementos/fatores levantados pelo requerido e suas respectivas respostas.

7. Conclusão

Encerrados os trabalhos, conforme os fatos relatados e transcritos, por intermédio das diligências
para as buscas de provas materiais e, ainda, após análise de toda documentação fornecida bem
como daquela acostada aos autos, respondemos os quesitos da autora e da ré em relação à lide,
utilizando-se dos parâmetros definidos nos mesmos.

85
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

Esperamos ter explorado e trazido aos autos às informações técnicas necessárias, para convicção
das partes e ao MM. Juízo, e assim colocamo-nos à vossa inteira disposição para outros esclareci-
mentos julgados pertinentes.

Nada mais havendo a considerar, damos por encerrado o presente Laudo, constituído de 12 (doze)
folhas de um só lado com 02 anexos, pelo perito-contador XXXXXXXXXX que subscreve e assina.

Cidade-UF, XX de XXXXX de XXXX.

________________________________

Contador XXXXXXXXXXXXXXX

CRC-GO XXXXXXX

Perito Judicial

Agora você pode analisar tudo o que apresentamos em termos de estrutura e o que está
disposto nesse modelo. Notará que, de maneira geral, trata-se de um padrão que pode
ser utilizado para qualquer tipo de laudo.

Modelos de petição

No caso das petições, também temos uma quantidade considerável de modelos.


Você facilmente encontrará vários disponíveis em manuais diversos. Apenas para
ilustrar três situações distintas, vamos apresentar três modelos de petição.

Petição escusando-se da nomeação

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz (indicar o juízo)

Processo no _______

Autor:

Réu:

Fulano de tal, Perito-Administrador com registro profissional no CRA-__, endereço profissional na


_______ (citar endereço), designado para atuar como Perito desse juízo no processo acima referido
vem à presença de Vossa Excelência, tempestivamente, para informar que, embora muito honrado
com a nomeação, NÃO PODE ACEITAR a incumbência em razão (citar o motivo ou o fato que o
impede de realizar a perícia – Arts 134 e 135 do CPC).

86
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

Nesses termos pede deferimento.

Local e data

Assinatura

(com identificação do registro profissional)

Evidente que caso aceita-se bastava mudar os termos no corpo da petição e não iria ser
necessário apresentar motivos de impedimento.

Petição estabelecendo honorários

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz (citar o juízo)

Processo no _________

Autor: ______________

Réu _______________

Perito-Administrador ______________

Fulano de Tal, brasileiro, casado, Administrador, residente e domiciliado na_______(endereço), por-


tador da Carteira de Identidade Profissional CRA/__ no __ e CPF no XXX.XXX.XXX-XX, tendo sido
nomeado perito judicial nos autos do processo mencionado, vem à presença de Vossa Excelência
apresentar proposta de honorários para a execução dos trabalhos periciais na forma que segue:

Para elaboração desta proposta, e pela análise dos quesitos apresentados, foram considerados:
a relevância, o vulto, o risco e a complexidade dos serviços a executar; as horas estimadas para a
realização de cada fase do trabalho; a qualificação do pessoal técnico que irá participar da execu-
ção dos serviços e o prazo fixado; retirada e entrega dos autos; leitura e interpretação do processo;
planejamento dos trabalhos periciais; abertura de papéis de trabalho; elaboração de petições e/ou
correspondências para solicitar informações e documentos; realização de diligências e exame de
documentos; pesquisa e exame de livros e documentos técnicos; realização de cálculos, simulações
e análises de resultados; laudos interprofissionais; preparação de anexos e montagem do Laudo;
reuniões com peritos assistentes, quando for o caso; reuniões com as partes e/ou com terceiros,
quando for o caso; redação do laudo Revisão Final.

Estima este perito que o trabalho demanda a utilização em torno de ___ (______) horas de trabalho,
o que corresponde a uma remuneração de R$ ________________________, a qual apresentamos
como proposta de honorários.

É importante comunicar que, do valor acima, haverá ainda a responsabilidade do perito quanto ao
pagamento dos impostos e dos encargos referentes ao quantum dos honorários periciais. O valor
desta proposta de honorários não remunera o perito para responder Quesitos Suplementares, Art.
425 do Código de Processo Civil, fato que, ocorrendo, garante ao profissional oferecer nova proposta
de honorários na forma deste documento.

87
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

Por último, requer de Vossa Excelência aprovação da presente proposta de honorários, e na forma
dos artigos 19 e 33 do Código de Processo Civil, determinação do depósito prévio, para início da
prova pericial.

Termos em que pede Deferimento,

Local e data.

Assinatura

(com identificação do registro profissional)

Entrega do laudo e recebimento de honorários

Excelentíssimo Senhor Juiz (citar o juízo)

Processo no _________

Autor: ______________

Réu _______________

Perito-Administrador ______________

Fulano de Tal, perito judicial, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, no-
meado por esse MM Juízo, tendo concluído a perícia para a qual foi designado, agradecendo a
honrosa nomeação, apresenta a Vossa Excelência o LAUDO TÉCNICO PERICIAL contendo ____
folhas, sendo anexados _____ documentos, ___ planilhas.

Ao encerrar o encargo, coloca-se a disposição desse MM Juízo e das partes, para quaisquer outros
esclarecimentos julgados oportunos por Vossa Excelência.

Assim, requer a juntada do laudo e respectivos anexos aos presentes autos. Requer, também, a
expedição do respectivo Alvará Judicial para levantamento dos honorários periciais previamente
depositados e que se encontram a disposição desse Juízo, na conformidade do parágrafo único do
Art. 33 do CPC.

Termos em que pede deferimento.

Cidade e data.

Assinatura

(com identificação do registro profissional)

88
Capítulo 3
Contraditório e elementos finais

Contestação na Perícia Judicial e Extrajudicial


Estamos quase concluindo as ponderações neste Caderno de Estudos e, portanto,
ocasionalmente acabamos discutindo os três últimos tópicos em algum momento de
nossas argumentações páginas adentro.

Quando falamos sobre o devido processo legal, dissemos que a pessoa tem direito total
à defesa. A CF chama isso de ampla defesa. Inerente a isso, a CF dá à pessoa o direito de
contradizer o que a ele é imputado.

Os artigos 334 a 342 disciplinam o direito de contestar por parte do litigante e ensinam
o momento e como a pessoa poderá se defender das imputações que lhe são submetidas
em juízo.

Destarte, a contestação de uma perícia se dá no momento em que uma das partes opta
por solicitar a participação de um assistente técnico ou perito assistente. Nós já falamos
como se dá a atuação deste ator, então não vamos adentrar muito na discussão. Apenas
para ampliar o conhecimento, veja que no Art. 361 do CPC o assistente poderá ser
ouvido na condição de produtor de prova oral:

Art. 361. As provas orais serão produzidas em audiência, ouvindo-se


nesta ordem, preferencialmente:

I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de


esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. 477, caso não
respondidos anteriormente por escrito;

Outra questão que já estudamos é que o juiz nomeará o perito por sua indicação ou das
partes certo? Veja que o Art. 465 do CPC autoriza na sequência as partes a indicarem
um assistente e que o Art. 466 autoriza que as partes escolham qualquer assistente de
sua confiança:

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e


fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.

§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação


do despacho de nomeação do perito:

89
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

...

II - indicar assistente técnico;

Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi


cometido, independentemente de termo de compromisso.

§ 1o Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos


a impedimento ou suspeição.

Assim, conclui-se que a contestação contra um laudo pericial (que é o objeto de qualquer
perícia) se dará por meio do parecer pericial emitido pelo assistente técnico conforme
já tivemos a oportunidade de aprender neste material.

Início e conclusão dos trabalhos


Este tópico tem a mesma peculiaridade do anterior dado que, em decorrência de nossas
discussões até esse ponto do material, já abordamos os pontos de início e conclusão dos
trabalhos de um perito.

Contudo, até para servir como uma síntese, veja abaixo um breve roteiro:

»» O marco zero é quando um conflito (extrajudicial) ou um litígio (judicial)


chegam em um momento de impasse entre as partes e o juiz ou alguém
que haja como conciliador.

»» Uma vez ocorrido o impasse de entendimento que demande conhecimento


técnico, o juiz ou as partes poderão nomear (juiz) ou contratar (partes no
procedimento extrajudicial) um perito para dirimir a dúvida e/ou criar
prova.

»» Ciente da nomeação ou contratação, o perito analisará o contexto para


decidir se aceita a incumbência ou de desiste.

»» Caso haja a aceitação ele se apropriará de todos os conteúdos disponíveis


e, então, sua atuação tem início.

»» Concluídas as análises, o perito produzirá o laudo pericial, momento em


que ele pode ser acatado ou ser contestado. Ao entregar o laudo, o perito
requererá seus honorários.

»» Sendo contestado, terá que aguardar a emissão do parecer técnico de um


assistente pericial.

»» Concluso o parecer técnico e debatidos os elementos pelo juiz, não restando


mais esclarecimentos a atuação do perito, se encerra as atividades deste.

90
ANÁLISE PERICIAL │ UNIDADE III

Como mencionado, esse roteiro demonstra o momento em que a atividade do perito


tem início e o momento em que ele se iniciar. Vale reforçar a importância do contexto
do trabalho, que não se limitará apenas aos passos apresentados.

Aceitação e desistência de perícias


Chegamos ao último ponto de nosso material e queremos lhe dizer o seguinte: com a
dedicação correta e o perfil adequado, apesar de tantas complexidades e responsabilidades,
pode valer muito a pena se dedicar à carreira de perito!

Evidentemente que não são apenas responsabilidades que norteiam a atividade.


O perito tem uma série de direitos previstos em lei. Sobre um deles nós já debatemos
quando falamos sobre os honorários. Afinal, não se trabalha de graça em processos
complexos.

Um dos outros direitos que o perito tem nós vamos discutir agora. Já falamos em
algumas passagens a respeito, mas vamos detalhar um pouco mais nesse tópico.

Aceitação de perícias

Vamos ser bem sintéticos aqui porque já tratamos o assunto, inclusive no tópico
anterior e seu entendimento é simples: uma vez nomeado pelo juiz (judicial) ou
contratado pelas partes (extrajudicial), o perito analisará a demanda e decidirá por
sua aceitação.

Nos tribunais, a aceitação será formalizada com a apresentação de uma petição ao


magistrado nos moldes que apresentamos quando falamos de modelos.

No caso de perícia extrajudicial, o perito firmará contrato com as partes para estabelecer
como se dará o procedimento.

Desistência de perícias

Direito de escusa de perícia judicial

Uma vez o perito tendo se disponibilizado para atuar na condição de auxiliar da justiça,
qualquer juiz poderá requerer seus serviços a qualquer momento. A questão é que o
CPC prevê a possibilidade de o profissional escusar-se de aceitar as atribuições, desde
que possua uma justificativa que seja válida.

91
UNIDADE III │ ANÁLISE PERICIAL

Apesar de já termos visto esse dispositivo, vamos relembrar o que nos diz o Art. 157 e o
Art. 467:

Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe
designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do
encargo alegando motivo legítimo.

§ 1o A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da


intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena
de renúncia ao direito a alegá-la.

Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento


ou suspeição.

Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a


impugnação, nomeará novo perito.

Como é possível inferir da leitura do parágrafo 1o do Art. 157, a escusa poderá se dar
em função de o profissional entender que há conexão íntima de sua pessoa com o
procedimento, porque está com excesso de demandas, porque não se sente confortável
com a causa, por impedimentos, e outras previsões legais.

Já vimos neste material como o perito deve se dirigir ao juízo que lhe nomeou no sentido
de requerer a escusa de participar no procedimento pericial. Os moldes são aqueles,
sendo que o que poderá ser modificado é o motivo.

Renúncia ao exercício da atividade

Separamos o tópico apenas por uma questão de acompanhamento lógico por sua parte.
Em procedimentos extrajudiciais, o perito poderá desistir de realizar um procedimento
tal qual em processos judiciais.

A diferença básica é a terminologia. Como estamos falando de um procedimento que


não obedece aos ritos processuais do Poder Judiciário, o profissional que entender-se
impedido por qualquer uma das razões que mencionamos no tópico anterior, poderá
renunciar à incumbência.

Veja que, via de regra, não é necessário formalizar uma renúncia e do ponto de vista
contratual ela poderia ocorrer antes de iniciar os trabalhos ou durante eles, uma
vez previsto no contrato. Evidente que em contrato constará as formas aceitáveis de
renúncia para que os contratantes não fiquem no prejuízo mediante uma cláusula de
renúncia, cabendo assim bom senso e ética na atuação e contratação deste profissional.

92
Para (não) finalizar

Nós encaramos a produção de materiais didáticos semelhantes a esse como a extensão


da voz do professor. O objetivo durante a discussão e os argumentos é que você se sinta
em sala de aula, escutando a voz do docente, se instigando a procurar saber mais e
ganhando interesse pelo conteúdo.

Ao final dessas páginas não temos dúvida de que você está apto a discorrer tranquilamente
sobre o tema proposto e, quem sabe, se empenhar em tornar-se um perito que irá ajudar
os procedimentos judiciais e extrajudiciais a se resolverem.

Resta agora a missão complementar de continuar sempre sua busca por conhecimento.
Lembre-se que leis mudam o tempo todo e, uma vez mudando, alguns elementos que
discutimos aqui poderão ser atualizados ou até mesmo extintos. Daí a necessidade
constante de atualização. Contudo, temos convicção de que isso não será um problema
para você!!!

Siga em frente e sucesso em tudo que fizer!

93
Referências

ARAÚJO. S. Conceito e características do processo penal. Revista Duc In Altum –


Caderno de Direito, vol. 5, no 8, jul-dez. 2013.

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de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
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_______. Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.
htm>. Acesso em: 30/1/2017.

_______. Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Consolidação das Leis


do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
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_______. Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
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_______. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:


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_______. Lei no 12.008, de 29 de julho de 2009. Altera os arts. 1.211-A, 1.211-B e


1.211-C da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, e acrescenta
o art. 69-A à Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo
no âmbito da administração pública federal, a fim de estender a prioridade na tramitação
de procedimentos judiciais e administrativos às pessoas que especifica. Disponível em:
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_______. Lei no 12.030, de 17 de setembro de 2009. Dispõe sobre as perícias


oficiais e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
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94
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Civil e dá outras providências. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/
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