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Cornelia Eckert
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: teoria & prática Porto Alegre, v.11, n.2, jul./dez. 2008. ISSN digital 1982-1654
ISSN impresso 1516-084X
3 Configuração dos
Procedimentos de Trabalho
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4 As Coleções Etnográficas
e o Método de Convergência:
alguns apontamentos
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São eles: GT de etnografia sonora, GT de fotografia, GT de vídeo-
etnografia e, finalmente, o GT de etnografia da escrita.
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Tendo em vista uma adequação das categorias, palavras-chaves e
descritores no interior do domínio específico da pesquisa do BIEV, as
categorias e palavras-chaves inventariadas precisam ser compara-
das, colocadas em relação entre si e finalmente hierarquizadas para
dar conta dos temas de pesquisas desenvolvidos por seus pesquisa-
dores e bolsistas. Esta hierarquia se apóia numa tipologia uma vez
que cada termo pertence a uma categoria que se situa em relação
à outra categoria.
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Em termos das estruturas figurativas que as imagens contemplam,
para a arqueologia antropológica de Gilbert Durand, trata-se de cons-
truir uma classificação de símbolos os quais constelam em torno de
um mesmo tema arquetipal, segundo a equivalência de suas formas
(equivalência morfológica), ou seja, das imagens cuja materialidade
dos seus elementos se parecem. Neste ponto o autor esclarece sua
distância do estruturalismo levistraussiano, pois não se trata de uma
convergência de imagens por analogia (equivalência funcional), ou
seja, de acordo que a função que uniria a materialidade dos elemen-
tos de imagens diversas (ROCHA, 2008).
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7 Cortes e Rupturas:
o jogo da parte e do todo
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uma cultura material. Corte e ruptura, orien- no interior de uma avenida; uma seqüência
tam diferentes jogos de leitura/interpretação em vídeo de uma porção de calçamento anti-
do objeto-cidade no sentido de confrontá-lo go com a presença de um pedaço de trilho de
com as ordens discursivas históricas, lineares bonde etc.).
e progressistas acerca das transformações dos
cenários da vida coletiva em Porto Alegre. 10 O Pormenor (Corte) e o
Fragmento (Ruptura)
8 O Corte
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Conforme expressão cunhada por Roberto Cardoso de Oli-
veira (1988).
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13 Do Fragmento e do Pormenor
à Montagem de Coleções Pela ambigüidade fundamental que contempla
Etnográficas toda a imagem é que as coleções são assim
montadas e desmontadas. Seguem pois, as
ordens dos fluxos de sentido que as suas for-
No plano dos estudos de Antropologia visual e mas tecem entre si, e é neste processo que si-
sonora do BIEV e de suas preocupações com a tua o trabalho do antropólogo em seu esforço
pesquisa com as descontinuidades temporais de compreender o semantismo dos símbolos
que conformam a memória coletiva e o patri- que as configuram para desde aí indexá-las
mônio etnológico no mundo contemporâneo, nas bases de dados do BIEV para, posterior-
temos operado sempre o desafio de reunir um mente, disponibilizá-la na Internet.
conjunto amplo de imagens (sonoras, visuais, Formar coleções etnográficas para o caso
escritas, fotográficas) num mesmo ambiente de imagens de acervos produzidas fora ou
de consulta. O desafio tem sido o de explorar dentro do BIEV, como resultado de uma et-
a linguagem das novas tecnologias digitais e nografia da duração, significa ultrapassar a
eletrônicas para a construção de coleções et- análise sociológica ou historiográfica dos sím-
nográficas, cujo fluxo de imagens consteladas bolos geralmente compreendidos desde os
em núcleos organizadores de sentido, nos per- momentos históricos em que são agenciados
mita narrar a cidade moderno-contemporânea por uma comunidade urbana. Significa tam-
desde o conhecimento acerca do fenômeno da bém superar a sua interpretação mediada pe-
duração que ali se apresenta. las modalidades de trocas e relações sociais
Norteando-nos pelos princípios de uma et- nas quais esses símbolos emergem, uma vez
nografia da duração e o desafio de pensar a que o simbolismo das imagens escapa à cons-
vida urbana porto-alegrense desde a conti- ciência clara do corpo coletivo desde onde se
nuidade formal que seu corpo coletivo adota originam.
em seus territórios, quanto mais constelações Neste contexto intrigante onde criador
de imagens sobre o patrimônio etnológico (pesquisador) e criatura (as imagens) se re-
dessa comunidade urbana os pesquisadores únem como parte de um contexto interpreta-
e bolsistas reunirem em suas coleções etno- tivo de ressonância de símbolos, o ato de for-
gráficas tanto mais direções estes conjuntos mar coleções implica não só a compreensão
documentais lhe permitirão construir conheci- lógica do fluxo das imagens, anônimo e pré-
mento sobre a ordem de fenômenos que tais subjetivo, que as orientam, mas a adesão a
imagens carregam. esta experiência sensível do tempo inscrita na
A pesquisa da memória coletiva a partir da sua própria consciência. Espécie de lugar de
produção e geração de coleções etnográficas narração (topos) onde se apresentam conti-
resulta para o pesquisador, nos moldes adota- nuidades e sínteses impessoais, o tratamento
dos pelo BIEV, num denso processo de imer- metodológico que orienta a construção de co-
são nas motivações simbólicas imemoriais de leções etnográficas, pela via da duração, nos
uma comunidade urbana, o que torna evidente moldes do pensamento bachelardiano, retoma
a pesquisa antropológica, nestes termos, par- alguns temas fortes por nós já enfrentados
ticipa de uma obra que integra o próprio patri- que é o da compreensão da dialética temporal
mônio da humanidade. Pensar a cidade atra- que tece a solidariedade entre o tempo vivido
vés de suas imagens por parte do pesquisador (subjetivo, intransitivo, pensado) e o tempo do
do BIEV comporta sempre adições, correções, mundo (objetivo, concreto).
subtrações e retoques em tais imagens que
são o fruto da colaboração de todos aqueles
que produziram tais documentos, no passado
e/ou no presente.
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dade dos grupos humanos na diferença, mas as bases de dados digitais adaptados ao sis-
quando se projeta na rede mundial de compu- tema LINUX. Tal procedimento nos permite o
tadores, na era das textualidades eletrônicas. tratamento documental da memória coletiva
no mundo urbano contemporâneo agora ge-
16.2 A Aprendizagem da Escritura renciado pelo sistema Conectiva Linux. A in-
Etnográfica Através das Redes tenção é permitir a ampliação do resgate de
Digitais e Eletrônicas informações sobre os conjuntos documentais
reunidos pelo BIEV sobre a memória coletiva
As interfaces homem-computador para se e o patrimônio etnológico na cidade de Porto
pensar a leitura das dinâmicas culturais con- Alegre, não só na internet, mas a partir da
temporâneas despontam como novas possi- instalação de dois terminais em locais pré-
bilidades de exposição de conjuntos de do- fixados, tomados aqui como topos significati-
cumentos etnográficos sobre as paisagens vo da possibilidade de recriação de tradições
urbanas ao se constituírem em janelas através urbanas, onde os porto-alegrenses poderão
das quais podemos acessar lugares, pessoas, apoderar-se de um acervo de documentos,
acontecimentos e situações distantes tanto no antigos e recentes, sobre a cidade onde mo-
espaço quanto no tempo e que sugerem novas ram.
formas possíveis de ver, olhar e interagir com Partindo de coleções etnográficas sobre o
as imagens do tempo. mundo urbano contemporâneo porto-alegren-
O antigo conceito de imagem transmuta-se se, a criação de terminais de consulta através
em imagem-interface ou imagem-instrumen- do sistema de software livre significa a possi-
to. Clicar, zonear a imagem ao mesmo tempo bilidade futura de se ampliar gradativamen-
em que tomar decisões ou selecionar, carac- te suas ferramentas, a ponto deste sistema
teriza-se por uma dinâmica temporal singular permitir a reunião de diferentes acervos digi-
de apropriação da tela dinâmica que prevê a tais (por exemplo, de instituições de pesquisa,
relação do usuário com os atos artificiais, in- centros de documentação, arquivos históricos
completos e desconstrutivos da máquina do etc. conveniados entre si) que poderiam ser
computador. disponibilizados, sob forma integrada.
A lógica clássica das formas de exposição
de conjuntos documentais se rompe se consi- 17 Redefinindo Antigos
derarmos que a consulta a uma base de dados Procedimentos e Rotinas
impõe o leitor-navegador tipos diferentes de
atos cognitivos: analisar diferentes conjuntos
de informações: processar uma busca, iniciar O processo de migração do BIEV para o siste-
suas aplicações, navegar através das páginas ma de software livre implica uma revisão geral
da tela, novamente iniciar outra busca, e assim não apenas aos manuais de orientação já con-
sucessivamente, num mesmo tempo, através solidados como normas e procedimentos de
de múltiplas telas abertas, que vão lhe exigir atuação de cada Grupo de Trabalho do BIEV.
sempre novas perguntas e novas respostas. Estamos processando uma revisão geral
No BIEV, a pesquisa antropológica em tor- nos procedimentos técnicos de tratamento da
no de formas mais integrativas, criativas e in- imagem no interior da própria produção do
terativas de operar e recuperar a conjuntos Banco de Imagens no sentido de adotarem-
documentais versando sobre o tema do pa- se novas condutas e rotinas para o acervo de
trimônio etnológico do mundo urbano con- coleções etnográficas na sua base de dados
temporâneo, tem se tornado um espaço pri- tanto no posto fixo (BIEV-data) quanto na in-
vilegiado de construção de novas narrativas ternet (BIEV-site)
etnográficas justamente porque através delas A reestruturação do sistema de arquivos
obtém-se uma importante chave de interpre- que configuram a base de dados digitais do
tação dos seus tempos e espaços sociais. BIEV significa a abertura de seu acervo docu-
mental a interatividade com os seus usuários,
16.3 O Instante Presente e as potencializando o caráter de democratização
Descontinuidades Tecnológicas que caracterizaria um espaço museal virtual,
disponibilizado via Internet.
No processo atual, buscamos reestruturar
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Cornelia Eckert
Programa de Pós Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IFCH/ILEA/UFRGS)
chicaeckert@gmail.com
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