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UNIVERSIDADE DA INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL DA LUSOFONIA AFRO-

BRASILEIRA
Disciplina: Literatura e Interdisciplinaridade
Professora: Izabel Cristina
Discente: Ana Karolina do Nascimento Lúcio

RESENHA

Obras: A Usina Atrás do Morro - José J. Veigas

A Carta do Cacique Seattle

O conto A usina atrás do morro, de José J. Veiga, relata a chegada de dois estranhos a
uma pequena cidade. O casal é descrito como sendo extremamente recluso, comunicando-se
apenas com a dona da pensão onde se instalam, e, em razão disso causam certo desconforto
nos moradores. Por conta do suspense que ronda os forasteiros, o povo começa a criar teorias:
acreditam que possivelmente são mineradores e que estão ali para a construção de um fábrica
que trará benefícios para todos com a criação de emprego. Ao contrário do que se verifica, o
tempo passa e nada é feito, até que chega um momento em que realmente se dá a construção
da usina, atrás de um morro e separada da cidade por uma ponte, transformando a rotina da
cidade com a constante circulação de caminhões e gente estranha. Aqueles que começam a
trabalhar na usina transformam-se radicalmente e passa a reinar a completa desorganização e
surtos de vários tipos de violência, resultando na modificação das pessoas e do local; quanto
àqueles que se negam a aceitar o novo estilo de vida, resta mudar-se para outra região ou
então se adaptar.

No conto visualizamos a destruição de um espaço e a construção de outro onde as


mudanças que vão acontecendo vão acabando com o estilo de vida interiorano, os valores e os
costumeis tradicionais, substituídos pelo estilo de vida moderno, marcado pela presença da
tecnologia e da máquina. A usina atrás do morro retrata o conflito entre o campo e a cidade, a
relação homem e a máquina, em um contexto onde existe uma urgência pela transformação e
evolução tecnológica que vai impactar aquela cidade gerando aquela onda de violência e caos
e os moradores vão sofrer com as mudanças devido ao fato de estarem distantes daquela
universo e dos avanços da modernidade.

Desta forma, a obra de José Veigas pode ser relacionada com A Carta do Cacique
Seattle que foi escrita em 1855pelo Cacique da tribo Suquamish, do Estado de Washington,
ao então presidente dos Estado Unidos Francis Pierce. A carta se trata de um desabafo do
chefe indígena após tomar conhecimento de que governo pretendia comprar o território
ocupado pelos índios. Na carta, o chefe exprime sua indignação diante dos atos dos homens
brancos, para os quais ele afirma que haverá severas consequências. É ressaltada na carta a
importância da preservação das terras, pois quando os recursos naturais estiverem se
esgotando e o homem estiver sedo vítima de sua própria negligência, o dinheiro e o poder não
vão poder salvá-los e comprar a sua sobrevivência.

As questões abordadas na carta são de certa forma bastante atuais pois até hoje é
necessária que haja uma racionalização com relação à preservação dos recursos naturais que
já estão se tornando escassos. A racionalização que o Cacique intencionava provocar através
da carta serve para a contemporaneidade pois naquela época já existia uma preocupação com
os recursos naturais e se nenhuma medida for tomada ao longo do tempo, mais graves serão as
consequências e mais severamente o ser humano será vítima dessas consequências.

Em A Usina Atrás do Morro o advento da tecnologia fez com que a vida das pessoas
daquela pacata cidade mudasse completamente. Os acontecimentos ocorridos após a
instauração da usina podem representar uma metáfora referente às consequências que o
homem presenciará se forem tomados pela ganância e esquecerem de cuidar e preservar do
lugar onde habitam que no conto é representado pela pequena cidade, mas pode certamente se
tratar do meio ambiente e de todo o planeta. Na carta do Cacique Seattle também podem ser
observadas tais questões, pois o chefe mostra a sua preocupação com a prejudicial
interferência do homem no meio ambiente comparando os estilos de vida dos índios e dos
homens brancos, os quais vivem e pensam de maneira diferente. Comparando as duas obras
mais metaforicamente, pode obter a imagem de que a pequena cidade citada no conto de
Veiga pode ser vista como o território ocupado pelos índios e a usina seria a cidade grande
onde vivem os homens brancos. Os dois espaços são claramente separados pela ponte a qual
poderia representar as diferenças no modo de viver e de pensar dos índios e dos homens
brancos. Sendo assim, as duas obras retratam, direta ou indiretamente, a preocupação
existente em relação ao meio ambiente e aos impactos que as tecnologias e as ações do ser
humano exercem sobre a natureza.

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