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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CAMPUS III

CENTRO DE HUMANIDADES

Curso de História

Jackson Pedro da Silva

FICHAMENTO DO LIVRO - BABILÔNIA: A MESOPOTÂMIA E O NASCIMENTO DA CIVILIZAÇÃO, capitulo 2:


A realeza desce do céu: A Revolução Urbana.

Guarabira /PB

2020
KRIWACZEK,Paul. A realeza desce do céu: A Revolucao Urbana. Rio de Janeiro. editora: Zahar. 2018, Babilônia: A

mesopotâmia e o nascimento da civilização. p.25 – 50.

Eridu

“Os arranhões de pássaros são uma escrita: duas colunas de texto compactamente grafadas em cada uma das quatro faces do

prisma, codificando uma versão inicial da Lista dos Reis Sumérios, uma longa e exaustiva enumeração das dinastias de diferentes

cidades mesopotâmicas, com os de reinado de seus soberanos.”( p.25)

“Dois mil anos depois da época de Utu-hegal, sua civilização morreu. Eridu foi esquecida e sua localização se perdeu, até que,

em 1854, John Taylor [,,,] em Basra, começou a remexer no que chamava de Pântanos Caldeus a serviço do Museu Britânico.

Ali encontrou uma coleção de cômoros e “uma fortaleza arruinada, cercada por altas muralhas, com um bastião ou torre numa

das extremidades”, encimando uma colina no centro de um lago ressecado. “ (p.27).

“Taylor encontrou várias tabuletas com inscrições em escrita cuneiforme [...] Taylor havia redescoberto a famosa e antiga cidade

sagrada de Eridu, lugar onde o compilador da Lista dos Reis de Utu-hegal, como quase todos os antigos mesopotâmios, sabia

que a civilização havia começado. “ (p,27).

“ [...] primeiras pessoas que se instalaram ali, que construíram suas cabanas de junco à beira da água [...] não estavam

escolhendo a alternativa de menor esforço. Se quisessem vida fácil, teriam estabelecido seus povoados onde a precipitação

pluvial por ano, em volume suficiente, simplificava o cultivo da terra, atrás da linha demarcadora invisível da área em que a

precipitação supera duzentos milímetros. “ (p.29).

“As populações humanas eram minúsculas e muito dispersas, o que deixava amplo espaço para novos assentamentos agrícolas

[...] estavam decididos a adaptar o meio ambiente para adequá-lo a seu estilo de vida. Foi um momento revolucionário na história

humana. Os recém-chegados almejavam, conscientemente, nada menos do que mudar o mundo. Foram os primeiros a adotar o

princípio que impulsionou o progresso e o avanço por toda a história, e que ainda motiva a maioria de nós nos tempos modernos:

a convicção de que é direito da humanidade, sua missão e seu destino, transformar e aprimorar a natureza, e se assenhorear

dela.” (p.30)

“ a população de Eridu e seus vizinhos lançaram as bases de quase tudo o que conhecemos como civilização. Chamou-se a isso

Revolução Urbana [...] Com a cidade vieram o Estado centralizado, a hierarquia das classes sociais, a divisão do trabalho, a

religião organizada, a construção de monumentos, a engenharia civil, a escrita, a literatura, a escultura, a pintura, a música, a
educação, a matemática e o direito [...] desde coisas tão básicas quanto veículos com rodas e barcos a vela até o forno dos

oleiros, a metalurgia e a criação de materiais sintéticos. “ (p.30).

“A Revolução Urbana não foi tão destrutiva para os costumes antigos quanto a passagem da caça e da coleta para a agricultura.

Mas os que escolheram esse caminho ainda tiveram de abrir mão de muita coisa, inclusive da autonomia, da liberdade e da

própria identidade como agentes autoconfiantes e independentes [...] uma fé capaz de persuadir homens e mulheres de que valia

a pena fazer esse sacrifício: de que a vida na cidade ofereceria a possibilidade de um futuro melhor. “ (p. 32-33).

O deus do progresso

“ Mais de 4 mil anos antes, após a expulsão dos gutis, o rei Utu-hegal, de Uruk, havia reafirmado a independência suméria e a

legitimidade de seu próprio reinado ordenando que se compilasse a Lista dos Reis Sumérios, a começar pela soberania

divinamente decretada de Eridu.” ( p. 34).

“Quando os arqueólogos escavaram a gigantesca “fortaleza arruinada”[...]. Por baixo dela encontraram mais outros dezesseis

níveis de habitação, que remontavam aos primórdios do V milênio a.C., ponto em que finalmente chegaram a “uma duna de areia

limpa” na qual se erigira, pela primeira vez, “uma capela primitiva” de pouco mais de quinze metros quadrados, construída com

tijolos secados ao sol, com um pedestal votivo em frente à entrada e um nicho recuado, talvez para uma imagem esculpida.

(p.34).

“O templo de Eridu foi o símbolo de uma comunidade que acreditava [...] na ideologia do progresso: a convicção de que era

possível e desejável melhorar continuamente o que já fora feito, de que o futuro podia e devia ser melhor – e maior – que o

passado. O poder divino ali celebrado e honrado era a expressão, a encarnação e a personificação dessa ideia: nada menos que

o deus, ou deusa, da civilização.” (p.35).

“Um dos componentes mágicos da história da antiga Mesopotâmia é que ela lança luz sobre a origem de inúmeras coisas que

caracterizam nosso mundo nesse caso, os mitos religiosos. [...] tiveram basicamente de recomeçar e repetir o processo de criação

da religião. Por isso podemos testemunhar como surgiram ao menos algumas histórias os deuses. Podemos ver como muitas

das divindades mesopotâmicas surgiram da imaginação humana, inicialmente, como personificações, hipóstases das forças da

natureza. “( p. 40).

“Os textos registram que Eridu era a morada do deus Enki, o “Senhor Terra”, “Rei de Eridu”, “Rei do Apsu”. Mais tarde ainda, o

texto do Gênesis 4:17-8 fez dele o filho de Caim: “E a Enoque [Enki] nasceu Irade [Eridu].” (p.42).
A cidade e o sexo

“Os pioneiros na povoação da Mesopotâmia meridional, ao descobrirem novos deuses em sua nova terra, não abandonaram por

completo suas tradições religiosas anteriores. O templo de Unug era dedicado a uma faceta da Grande Deusa, aquela cuja

origem última remonta à Idade da Pedra, uma expressão da tríplice divindade da mulher: virgem, mãe e prostituta.”(p.44)

“Em Unug,a Grande Deusa era celebrada sob o nome de Inana”. (p.45).

“[...] Densamente amontoadas em condições insalubres, as pessoas que enchiam as vielas estreitas entre os muros altos, lado

a lado com as aves domésticas e os rebanhos dos quais provinha e se espalhava a maioria das epidemias humanas, não viviam

muito.” (p.45)

“[...] Na Mesopotâmia meridional, as águas estagnadas ou lentas dos charcos, dos canais e das valas deviam manter em nível

constantemente elevado a prevalência de doenças transmitidas por mosquitos, como a malária e a febre dos pântanos.

a doença e a pestilência eliminassem uma proporção tão grande dos habitantes que a intricada organização da vida nas cidades,

na qual cada cidadão era um parafuso necessário da máquina urbana, deixava de ser sustentável. Se isso é ou não verdade, a

taxa colossal de mortalidade certamente exercia uma enorme pressão reprodutora sobre homens e mulheres. “ (p.45).

“Os poderes de Inana – que controlava a compulsão à copulação e que, nestes tempos mais decorosos, descrevemos como a

deusa do amor – eram tudo o que havia entre a sobrevivência e a extinção.” (p.46)

[...] os criadores de mitos da Suméria que escreveram a história das relações de Inana [...] esse encanto sexual foi tão importante

para a fundação de sua civilização quanto a ideologia de progresso de Enki. Os mitos sumérios, [...] são muito diferentes da

maioria das outras histórias da Antiguidade, em especial as da Bíblia. têm uma qualidade sedutoramente realista e prática; suas

tramas complexas e o uso da linguagem direta fazem lembrar muito mais as modernas novelas de televisão do que os altivos

pronunciamentos dos antigos poetas hebreus .” (p. 46).

“Todo mesopotâmio sabia que a civilização nascera em Eridu, mas que seu deus Enki havia conservado os princípios dela, os

Me, escondidos em seu Apsu, reservados para uso divino e inacessíveis aos humanos. Ao liberá-los dessa maneira, a deusa

Inana, rainha do sexo, conquistou para seu povo a ideologia do progresso e do desenvolvimento, e possibilitou à sua cidade de

Uruk, no lado do nascente da Grande Inundação Impetuosa, tornar-se a primeira verdadeira cidade.”(p.50).

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