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As Crônicas

de

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Prefacio do autor

Por milhares de anos nós humanos temos nos questionado a respeito de nossa
história, das origens de nossa civilização e onde foi o nosso “berço.” Afinal as lendas de
grandiosas civilizações perdidas são reais ou apenas histórias que são contadas ao longo
do tempo como forma de entretenimento ou como uma maneira fantástica de explicar e
preencher as lacunas sobre as nossas origens?

Sejam estas histórias verdadeiras ou apenas lendas o fato é que estas entraram
para o imaginário popular e inúmeras histórias, tratados, postulados, teses foram escritos
com esse tema que até os dias de hoje fascinam a assombram a todos nós.

Ora é um ponto a se questionar, pois a história oficial nos diz que a humanidade
se desenvolveu como civilização há pelo menos 10 mil anos. E anteriormente? Alguns
questionam. Não houve nada, apenas animais sem nenhuma inteligência, não houve
nenhuma outra espécie que dominou o planeta e se desenvolveu antes de nós?
Particularmente ambas alternativas, a de que possa ter havido outras espécies que se
desenvolveram, dominaram o planeta e depois se extinguiram e a de que somos nós a
única espécie que se desenvolveu, assustadoras.

A primeira hipótese é assombrosa pois podemos, como atual espécie dominante,


ter o mesmo fim de nossos antecessores, e a segunda de que se formos nós mesmos a
única espécie inteligente a dominar o planeta a responsabilidade é muito grande.

Seja como for, o fascínio que histórias de civilizações perdidas exercem sobre
nós é visível em vários aspectos, seja em HQ’s, filmes, séries e até em supostos
trabalhos científicos, onde alega-se que já foram encontradas evidências da existência
de tais civilizações e os adeptos de tais teorias se embasam nas lendas de diferentes
povos ao redor do mundo e alegam que existem pontos em comum nessas lendas o que
corroboraria com o que teorizam.

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Lendas como Atlântida, Mú, Lemúria, Hyperbórea, Hibória, e tantas outras são
contadas ao longo da história humana e todas partem de um mesmo princípio: De uma
civilização grandiosa e avançadíssima que se perdeu em orgulho ao longo das eras e
acabou por se destruir. Destruição essa causada pelos próprios ou por alguma catástrofe
global que pôs fim ao seu modo arrogante de viver.

Isso é ao mesmo tempo, como disse anteriormente, assombroso e fascinante, e


nos leva a pensar se teremos o mesmo destino dessas Lendárias Civilizações.

O que você acha?

João Lopes – Jacutinga, dezembro de 2019.

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Dedicatória:

Dedico este livro a todos que anteriormente se aventuraram a escrever sobre o


tema, pois foi através deles que me inspirei e algumas vezes pilhei seus trabalhos para
embasar o meu.

Dedico aos Deuses Antigos, mais antigos que a humanidade e que, dos
recônditos mais obscuros do Universo, observam a criação e se divertem.

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Uma breve linha do tempo
S abe-se hoje que o planeta que habitamos, o terceiro a partir de nossa estrela

mãe, tem aproximadamente 4,55 bilhões de anos, formou-se e evoluiu dando as


condições propícias para o desenvolvimento da vida como conhecemos hoje. No
entanto, não irei aqui fazer uma extensa linha do tempo narrando a formação planetária
e suas eras, isso, com alguma pesquisa, pode ser obtida. Essa linha do tempo tem como
objetivo situar o leitor em eventos que ocorreram antes e depois da história que me
proponho a contar e será essencial para o melhor entendimento da mesma.

500 Milhões de Anos atrás: A Grande Raça de Rhur se estabelece no planeta e


funda uma civilização poderosíssima, vindos do distante e moribundo sistema de Mú
Tauri. Dominaram o planeta por milhões de anos. Guerras e envolvimentos com deuses
e seres de outras dimensões levaram essa poderosa raça a decadência e assim acabaram
por se corromper e sua civilização se perdeu nas eras;

233 MdA: Surgimento dos grandes lagartos conhecidos como Dinossauros, que
dominaram a superfície do planeta por mais de 167 milhões de anos;

230 MdA: Uma civilização reptiliana, cujo nome se perdeu, se desenvolveu.


Possuíam grande tecnologia e poder, mas, que em pouco tempo, devido a seu
temperamento bélico, se extinguiram em guerras. Restam poucos vestígios dessa
civilização;

150 MdA: Chegada dos Fungi de Sagittarii, originários de Phi Sagittarii, os


Fungi foram uma raça alienígena vindos da distante Phi Sagittarii, assumiram a forma
fungi para melhor locomoção no espaço, se estabeleceram em hospedeiros terráqueos e
em simbiose formaram uma civilização no planeta, mas devido as condições climáticas
da Terra naquela era não prosperaram e acabaram por abandonar o planeta e seus

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hospedeiros, os poucos vestígios de sua presença na Terra podem ser encontrados em
fósseis desses hospedeiros;

75 MdA: Tentativa de retorno da Grandiosa Raça de Rhur, os mesmos tentaram


se reestabelecer no planeta, mas as condições eram bastante adversas e pouco progresso
houve e foram novamente “banidos” para outras dimensões. Indícios de manipulação
genética por parte deles nos seres genuinamente terráqueos;

65 MdA: Um evento catastrófico pois fim ao domínio dos grandes lagartos. Um


meteoro atingiu a costa do que hoje é conhecido como México causando a extinção dos
grandes dinossauros e abrindo espaço para a evolução dos pequenos mamíferos;

10 MdA: Primeiros ancestrais hominídeos;

2 MdA: Homo habilis, o primeiro hominídeo a utilizar ferramentas rudimentares


de pedras;

1,8 MdA: Homo erectus, tido como o ancestral do homem moderno;

700 mil anos atrás: Chegada de uma raça alienígena que se atribui a
manipulação genética que deu origem ao homem atual, alguns manuscritos dizem que
eram deuses vindos de estrelas distantes, suspeita-se que eram originários de Zeta
Reticuli e que utilizavam essa nova espécie para fins escravagistas e que após 150 mil
anos de exploração abandonaram o planeta deixando aqui sua criação;

500 MAA: Surgimento da civilização de Mú, uma grandiosa civilização humana


que perdurou por milhares de anos até que encontrou seu fim em guerras e catástrofes.
Essa civilização durou aproximadamente 300 mil anos e é do que se trata essa história.

200 MAA: Os sobreviventes fundaram novas colônias e deram origem a uma


nova era de prosperidade, não tão grande quanto de Mú, porém Lemúria tinha seu
esplendor. Assim uma nova Era de Ouro se iniciou, e Lemúria se tornou um grande
império, dominando todo o globo;

150 MAA: Uma das colônias mais prósperas de Lemúria, Hyperbórea, entrou em
guerra com sua antiga Metrópole. Situada no extremo norte da Terra, Hyperbórea era
uma das nações colônias mais poderosas de todo Império Lemuriano, seu povo era
orgulhoso e não aceitava ordens de estranhos. A guerra se estendeu por milênios e

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deixou ambas nações enfraquecidas e dominadas por tiranos. O uso de magia e
conhecimentos proibidos em Hyperbórea era comum;

100 MAA: Utilizando de conhecimentos proibidos e evocando deuses antigos,


Hyperbórea, tentou o derradeiro golpe para derrotar Lemúria. Esse golpe acarretou em
um cataclismo de proporções globais, decretando assim o fim de Hyperbórea e Lemúria;

50 MAA: A última colônia de Lemúria desponta como uma nação próspera.


Atlântida “herdou” o que restou do antigo Império Lemuriano e começou a reconstrução
da civilização. Nessa era, grandes progressos em todos os campos de conhecimento
humano foram alcançados.

20 MAA: Outro cataclismo, provocado por cientistas atlantes que buscavam no


centro do planeta uma fonte de energia inesgotável, pois fim a Grande Nação Atlante
levando a humanidade novamente a uma idade das trevas;

18 MAA: Surgimento da Era Hiboriana, nações como Aquilônia, Ciméria,


Stygia e outras. Nessa era a magia e os deuses antigos eram bastante presentes. E o
passado glorioso da humanidade não passava de lendas e histórias que poucos
acreditavam. (O mais conhecido personagem dessa Era foi o Bárbaro Cimério Conan);

10 MAA: Era atual da humanidade, o último grande cataclismo sacudiu a


superfície do planeta, submergindo o continente de Hibória e tudo que nele tinha, seus
povos, histórias e conhecimentos se perderam sob as águas do mar.

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Mapa da localização do Continente perdido de Mú.

Atentai Vossa Alteza para as histórias que irei narrar, são de um tempo anterior
ao Grande Dilúvio que lavou a superfície do planeta limpando-o das impurezas e
torpezas que imperavam.

Muito antes das Grandes pirâmides do Baixo Egito surgirem, muito antes dos
grandiosos jardins da antiga Babilônia e dos soberbos templos Mesopotâmicos, essa
grandiosa civilização dominou a superfície, singraram os mares, conquistaram terras e
ergueram um poderoso império que por 300 mil anos ditou as regras no mundo.

Atentai Vossa Alteza que essas são as Crônicas de Mú, a primeira civilização, a
mãe dos Atlantes, que hoje jaz nas profundezas dos oceanos, adormecida e perdida para
todo sempre.

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I

Presságios
D o alto de sua torre o Sumo Sacerdote Rasghan observava uma estrela

incomum. Seu brilho intenso e forte oscilava entre o azul e branco e ofuscava até
mesmo a lua que nesta época do ano estava em sua fase minguante. Rasghan, devido a
suas observações astronômicas, já havia previsto esse estranho evento e sabia o que
significava. Era a morte que ceifava a “vida” dessa estrela, ele sabia também que dessa
morte, provavelmente, grandes transformações viriam.

“Uma era se aproxima de seu fim, se é algo bom ou ruim virá desse fim,
somente Carchomak¹ poderá nos dizer. Cabe a nós, com sabedoria, aceitar o que nos
será oferecido.”

O velho sacerdote fala em voz baixa. Era um hábito adquirido o de falar sozinho,
assim ele poderia pensar melhor e organizar suas ideias. Todos os seus discípulos
sabiam que neste momento não deveriam incomodá-lo. As observações prosseguiram
noite adentro e somente quando os primeiros raios de Thiaran² surgiram no horizonte o
velho sacerdote findou suas atividades e se recolheu para seus aposentos para melhor
meditar sobre o que havia observado durante toda noite.

“Melks, vou me recolher devo meditar sobre os presságios que esse fenômeno
nos traz. Somente após isso devo ter com o Administrator Naukar e informar-lhe sobre
minhas conclusões. Solicito minha jovem que conduza os ritos da manhã a Thiaran.”

“Sim Maistere⁴ como desejar!”

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A jovem Melks, a discípula mais próxima do Sumo Sacerdote e tida por muitos
como sua sucessora, apenas acenou com a cabeça e se dirigiu ao Templo de Thiaran.
Iniciava-se o sexto mês do ano e os ritos matinais eram de suma importância, saudar a
Grande Deusa Thiaran traria prosperidade, luz, calor e paz ao império.

Com pouco mais de 20 primaveras, Melks era uma bela jovem com fartos e lisos
cabelos vermelhos, olhos azuis profundos e de pele alva como a neve, era uma beleza
sobrenatural e alguns diziam, talvez não erroneamente, que ela era filha dos deuses ou
uma Nephelim³. Sua opção pelo sacerdócio, devido a esses boatos, era mais que aceito e
deixou desiludidos muitos pretendentes dentre os quais o príncipe, que desde a mais
tenra idade era apaixonado pela garota. O exercício do sacerdócio não era celibatário,
mas os membros dessa privilegiada casta podiam apenas relacionar-se com os seus. Era
lhes vedado o envolvimento com outras castas e casas. No entanto, Melks não tinha
nenhuma pretensão de se relacionar com ninguém só estudos dos mistérios do Universo
interessavam a bela jovem de cabelos de fogo.

Imerso em pensamentos, enquanto rumava aos seus aposentos, Rasghan mal


percebeu a aproximação de um dos emissários do Administrator Naukar, que vinha
trazendo uma convocação do Imperador Jhu-ur IV. Ambos, o Administrador e o
Imperador, desejavam explicações sobre o fenômeno observado por todos na noite
anterior.

“Maistere!!”

O título era utilizado apenas pelos seus discípulos, mas, em sinal de respeito, o
emissário achou apropriado utilizá-lo por se tratar do Sumo Sacerdote do Império.

“Maistere, o Administrator e o Imperador solicitam sua presença no Grande


Salão de Âmbar, é um assunto de suma importância e demanda suas sábias
explicações...”

“Meu jovem,” Rasghan respondeu sem muita surpresa. “Já era esperada essa
convocação, diga ao Administrador e ao Imperador que tão logo eu obtenha as respostas
para esse enigma eu irei ter com eles. Diga-lhes que no período da tarde eu terei as
respostas que eles tanto demandam.” Sem mais palavras deu as costas ao emissário e se
recolheu ao seu pequeno quarto, deixando o mensageiro sozinho na torre de observação.

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Seus aposentos eram um pequeno cômodo, cheio de pergaminhos, livros,
instrumentos de observação astronômica, conjuntos de frascos de vidro para
experimentos alquímicos e inúmeros papeis soltos com anotações. Era ali, neste
pequeno quarto, que Rasghan se sentia mais seguro, ali era seu domínio, longe das
intrigas da corte imperial e das obrigações que o sacerdócio lhe impunha, ali ele tinha
paz para estudar e meditar.

De posse das notas feitas durante as observações, Rasghan iniciou suas


pesquisas, de sua estante apinhada de livros retirou um dos que ele considerava seu
tesouro, um conjunto de tábuas de prata e ouro, escritos em uma língua há muito
perdida. Seu velho mestre lhe contou que essa era a língua dos deuses quando estes
habitavam a Terra, muito antes dos grandes lagartos, Aeons antes de Thiaran dar vida
aos homens.

O conhecimento dessa língua era transmitido de mestre para discípulo e somente


os Sumo Sacerdotes podiam conhecê-la nem mesmo sua pronúncia era permitida.
Nestas tábuas, os Antigos Manuscritos de Rhur, ele esperava encontrar as respostas para
o fenômeno que dominou os céus noturnos. Com cuidado retirou as tábuas de sua
estante e após se certificar que a porta de seus aposentos estava trancada iniciou suas
pesquisas.

1 – Carchomak (pronuncia-se /CarKomak/) é o Deus principal do panteão de Mú, controla o tempo e a


criação, nada antes dele veio a existir e nada após ele pode existir, em mitologias mais recentes foi nomeado
Chronos o senhor do tempo.

2 – Thiaran – Deusa do sol e da manhã, uma das amantes de Carchomak, foi ela que deu a vida aos
homens vários Aeons atrás, era saudada todas as manhãs como forma de recepção pelo seu aparecimento no
horizonte. Thiaran era também a deusa da fertilidade e do parto.

3 – Nephelim – uma suposta raça de seres que nasceram do cruzamento entre os deuses ou anjos, segundo
algumas mitologias, esses seres eram tidos como portadores de poderes especiais e eram ou venerados ou temidos,
muitos se tornaram famosos nas eras posteriores a Mú, dentre esses estavam: Hércules, Teseu, Perseu dentre outros.

4 – Maistere – título dado aos mestres e professores do alto sacerdócio de Mú e também tratamento de
respeito dirigido ao Sumo Sacerdote tido como o Mestre dos Mestres.

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II

Crepúsculo de uma era

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