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PLANO DE MANEJO ANTRACNOSE

Gabriel Gontijo

A antracnose da videira é uma doença causada pelo fungo Elsinoe ampelina (de
Bary), e pode atacar toda a parte aérea da planta causando danos severos à
produção. Ela ocorre em regiões vitícolas chuvosas e úmidas, especialmente na
região sul do Brasil.
Sintomatologia: no desenvolvimento inicial da planta aparecem manchas
castanho-escuras com encarquilhamento das folhas e nervuras; cancros profundos
e morte de ramos e pecíolo; com o desenvolvimento dos cachos, os sintomas são
de enrugamento e rachaduras de bagas.

1. APLICAÇÃO DE TRATAMENTOS QUÍMICOS


O número de tratamentos é determinado pelo nível de resistência da cultivar
e das características climáticas do local. A aplicação de fungicida para controle da
antracnose deve iniciar logo após a brotação, pois os tecidos jovens da planta são
mais suscetíveis devido ao conteúdo alto de ácido tartárico, e repetir quantas vezes
for necessário até o início da maturação (NAVES, et al. 2006; BROOK, 1992).
Dentre os fungicidas recomendados para controle pelo site do Agrofit e por Naves,
et al. (2012)
- Dithianon, contato. Dose de 125 g ou ml/100L. Intervalo de aplicação de 7
dias.
- Imibenconazole, sistêmico. Dose: 100 g ou mL/100L. Intervalo de aplicação
de 12 dias.
- Difenoconazol, sistêmico. Dose: 8 a 12 g ou mL/100L. Intervalo de aplicação
de 12-14 dias.

2. CONTROLE DA DOENÇA POR MANEJO DA PLANTA E DO LOCAL

Conforme Naves, et al. (2006), o fungo sobrevive de um ano para o outro nas
lesões dos ramos e nos restos de poda. Além disso, no final do ciclo da videira,
podem se formar estruturas de resistência (escleródios) do fungo, que na primavera
com condições de alta umidade e chuvas, geram as sementes do fungo (conídios),
que junto com a ação do vento, irão espalhar-se pela planta e iniciar novas
infecções. Assim, como forma de controle deve-se:

- Eliminar e destruir os restos de cultura ou dos ramos afetados pelo fungo.


- Adquirir mudas de qualidade e certificadas.
- Evitar plantio em baixadas úmidas e plantios adensados.
- Proteger o parreiral com quebra-ventos.
3. CONTROLE ALTERNATIVO

A agricultura convencional difundida atualmente é baseada no uso de


agrotóxicos com potencial capacidade de intoxicação humana e perda da
biodiversidade local, contaminação e poluição das águas, além da dependência de
insumos externos por parte dos agricultores, impactando sócio-economicamente
os camponeses e potencializando o êxodo rural (LIMA, A.P, et al. 2011; ALTIERI,
M., 2012). A dependência do uso desses agrotóxicos precisa e pode ser superada
por meio de investimentos no conhecimento baseado nos saberes científicos e
tradicionais.
Dentro dessa lógica, algumas pesquisas foram feitas avaliando o uso de
extrato de alho (Allium Sativum) in vitro e in vivo para combater a antracnose da
videira, pela sua reconhecida atividade microbiana e antifúngica (SILVA et al.,
2006).
Um trabalho aplicou extrato do bulbo do alho, a partir da poda de inverno,
pulverizando a cada 15 dias ou com acúmulo de 30 mm de precipitação, até a
formação dos cachos, totalizando 10 aplicações. Os resultados apresentados
mostraram efeito sobre a inibição do crescimento micelial e a germinação de
esporos de E. ampelina, com a dose de 30 mL-1 em água (3:1 p:v). A AACPD
(área abaixo da curva de progresso da doença) foi reduzida em 83,59% na dose
de 25 mL L-1, ambas testadas em campo (LEITE, C.D. et al. 2012).
MAIA, A.J et al. (2010), avaliou o uso de quitosana (um polissacarídeo obtido
através da desacetilação da quitina, presente na carapaça de crustáceos e na
parede celular de fungos (Aspergillus niger e Penicillium notatum), contra P. vitícola
e E. ampelina em vinhedos de Isabel, e constatou uma redução na severidade das
doenças em campo, com doses de 80 e 160 mg L-1, realizando 14 aplicações a
partir do início da brotação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BROOK, P.J. Epidemiology of grapevine anthracnose and downy mildew in an


Auckland, New Zealand vineyard. New Zealand Journal of Crop and Horticultural
Science, 1992, Vol. 20: 37-49.

LEITE et al. Extrato de alho no controle in vitro e in vivo da antracnose da videira.


Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.14, n.3, p.556-562, 2012.

MAIA et al. Ação de quitosana sobre o desenvolvimento de Plasmopara viticola e


Elsinoe ampelina, in vitro e em videiras cv. Isabel. Summa Phytopathol., Botucatu,
v. 36, n. 3, p. 203-209, 2010 203

NAVES, R. de L.; GARRIDO, L. da R.; FAJARDO, T. V. M. Doenças da videira


causadas por fungos, vírus e bactérias. Embrapa Uva e Vinho. 2012. Cap. 10.

NAVES, R. de L.; GARRIDO, L. da R.; SÔNEGO, O. R.; FOCHESATO, M.


Antracnose da videira: sintomatologia, epidemiologia e controle. Circular Técnica
Embrapa Uva e Vinho, 2006. Disponível em:
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/541885/1/cir069.pdf .
Acesso em: 17 jan. 2022.

SÔNEGO, O. R.; GARRIDO, L. R.; JUNIOR GRIGOLETTI, A. Principais doenças


fúngicas da videira no Sul do Brasil. Circular Técnica Embrapa Uva e Vinho, 2005.
Disponível em: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/541425 .
Acesso em: 17 jan. 2022.

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