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Angústia de Morte e

Envelhecimento

Maria Julia Kovács


4

Envelhecimento
envelhecimento visto como fase do desenvolvi-
precisa ser
morte. Hå tare-
mento e não como apêndice da vida ou antecâmara da
las importantes a serem realizadas nesta fase, como integração de ex-

periencias vividas, novas aprendizagens, amadurecimento psiquico


envelhecimento é influen-
PEparação para a morte. O processo do vida e
por características personalidade, história de
pessoais,
1dade.
de enfrentamento das crises e perdas decorrentes da
as
DServa-se revisão da perspectiva da velhice, como grupo a margem
de
edade, para se tornar parcela da população ativa,a geradora
netos e, em
l COm
lugar importante na família, no cuidado
alguns casos, bisnetos.
Senescencia envolve processos normais perda enve
de no

Ihecimento,
ea senilidade é sua contrapartida patológica. São perdas
versas ordens: sensoriais, físicas, cognitivas, que fazem parte doo
fazem parre
processo natural do avanço da idade, não configurando doença. A
aposentado
aposentadoria
pessoa dur pode provocar perda da identidade, que acompanhou
durante muito tempo, principalmente se investiu grande
energia na profissäo. Uma nova identidade precisa ser encontrada,
diferente.
Como aposentado,
A identidade de genitor écom a possibilidade
abalada saemvida
de uma
quando filhos de casa e se-
guem sua vida vivencia ocorre com
ais frequência dei
entre
deixando o "ninho vazio", Essa
atividades
das
mulheres, que sentem a falta
oucuidado dos filhos,
objcti dos filhos. restando tempo.livre, por vezes, sem direço
obietivo.
A
per "ud saude e as doenças crônicas, que
em muiro
empo da Vida e a Vida do Nosso Tempo - Repercussões na Psicologia Hospitalar

casos não são fatais, provocam sofrimento e perda da independencia e podem vir

acompanhadas de perda de autonomia e impotência.


Assistencia a doenças crônicas e degenerativas não e o que se encontra atu.

almente nos hospitais, mais voltados para cura. Deveria haveer um incremento nos

foco deve ser os cuidados sintomas crôni.


a
programas de cuidados paliativos, cujo é se idosos, com doen.
COs, incapacitantes e qualidade de
vida. Uma discussão atual
deveriam s e r atendidos e m Unidades de Teranis
ças cronicas, degenerativas e letais,
ansiedade ao doente grave, pelas intervencoes
Intensiva, u m a vez que podem c a u s a r Pacientes gravemente enfer.
em crise, ruídos e atividade
frenética neste ambiente.
ambiente c o m calma, silencio, repouso e profissio-
mos podem se beneficiar de u m
necessidades cotidianas.
nais atenciosos às suas

idosos c o m 80 anos e mais, como aponta


O segmento que mais cresce é o de
Leonardi (2015), indicando a necessidade de novos arranjos familiares para cuidar
de idosos longevos com doenças crônicas. IdosOs se tornam dependentes, frágeis e
vulneráveis, com declínio funcional, quedas e repetidas hospitalizações. Mais do
a idade cronológica, é a capacidade
funcional que deve ser avaliada, a possi.
que
bilidade de executar as tarefas e de depender o menos possível de outros. Também
é preciso avaliar a reciprocidade relacional, que diminui com a idade. Py (2004) e
Burlá et al. (2010) afirmam que os laços diminuem com a idade, ocorrendo desapego
e preparação para a morte. É parte do desenvolvimento na velhice preparar-se para
a mortee encontrar sentido na vida.
A velhice é período em que incidem perdas significativas, envolvendo pes-
soas de referencia: cônjuge com quem se compartilhou longo tempo de vida; ami-
gos, alguns desde a infância. Uma das situações mais angustiantes é a perda de
filhos, que sempre ocorre nas guerras, na violência e atualmente é também pro-
vOcada por acidentes. Com o prolongamento da vida há pessoas com idade bem
avançada, e seus cuidadores, filhos idosos, estão sujeitos ao mesmo adoecimen
de
to seus sim é um problema atual, que precisa ser debatido para se
pais. Este
elaborar politicas públicas que envolvam assistência domiciliar e instituições que
abriguem idosos. E preciso que estas percam a caracteristica de asilo ou depósite
para se tornarem instituições adequadas de cuidado, que tragam qualidaae
vida para essa
população.
O envelhecimento ocorre também na dimensão psíquica, como ap
Goldfarb (1998). Envelhecimento psíquico implica rigidez de pensamento,
talta
flexibilidade, dificuldade na aceitaço de novas perspectivas de ver os fatoS. TN
está afirmando que tradições e memórias devam ser abandonadas, mas
podet
integradas a novos modos de ver os desafios do tempo que estão v e n d o . Nioe vivenao:
tarefa fácil, mas possivel. O envelhecimento psíquico
não tem relação direta
passagem dos anos e podee ocorrer em pessoas de todas as faixas etárias.

A questão da morte no processo do envelhecimento


rorims

Afirmamos que a velhice nãoé antecamara da morte, mas estar mais P


e lidar coma finitude é uma das tarefas do desenvolvimento humano nesta ta
I d ap a r t i c u l
ria. A sociedade atual nega a morte coletivamente, o que se reflete na vida par
Angústia de Morte e Envelherimento 27

das pessoas, que no podem talar sobre o


planejamento
final de sua vida. A
resposta
é que não há espaço de comunicaçao sobre estes temas com
reflexos na qualidade
de vida dos idosos.

Observa-se que para algumas pessoas há o desejo de encerrar a vida com


nidade, sob o comando de sua existência até a finalização. Uma das tarefas do dig-
de-
senvolvimento humano e encontrar sentido para continuar vivendo, um balanço do
aue iá se realizou e do que nao pode ser feito. A vida não é feita só de realizacões, há
Derdas, arrependimento, remorso e decepção, que talvez não possam ser desfeitose
que precisam também ser integrados a Vida. No caso de adoecimento acompanhado
de sofrimento, dor e dependëncia, estas questões ficam mais urgentes, e pode sur-
gir o desejo de morrer. E fundamental abrir espaço para esta discussão na família
e com profissionais de saúde, um desafio atual. Muitos pacientes sofrem calados
antevendo processos longos e sofridos de morte, situação muito frequente e pouco
discutida, que é a distanásia, como apontam Pessini (2001, 2004) e Kovács (2014). O
medo da morte com dor, indignidade e degeneração faz com que algumas pessoas
queiram morrer rapidamente, num processo rápido, sem consciência. Discutir estes
temas nas várias faixas de desenvolvimento e principalmente com pessoas idosas é
fundamental, questionando-se uma crença arraigada de que elas não querem discu
tir a sua morte.Pelo contrário, o que se observa é sim uma necessidade de falar sobre
o tema. A maior dificuldade está entre os familiares e profissionais, que não sabem
ou não querem falar sobre a questão, se defendendo e atribuindo esta dificuldade
aos idosos. Este poderia ser assunto em cursos para a tereeira idade nas universida-
des ou em hospitais e instituições de longa permanência para idosos.

Depressão no processo de envelhecimento


Pessoas mais velhas apresentam alto índice de depressão em comparação com
outras fases de desenvolvimento, o que aponta para um risco aumentado de suicidio

POr sentirem
que a sua vida
já encerrou, que
se são inúteis, que não têm futuro e se
tomaram sobrecarga para seus cuidadores. *dosos, muitas vezes, não são ouvidos,
não é
fra açoes que poderiam ser evitadas não o são. A depressão entre idosOs
d por ser considerada, muitas vezes, como manifestação natural deste periodo
desenvolvimento. E fundamental diferenciar o que é tristeza relativa às perdas
acolhimento
f 1alta de perspectiva ou sentido na vida, o que requer escuta e
dofamiliare
sita deeuimgos e profissionais, eo que é depressão como patologia, que neces
Sita de
cuidados especializados.

Preparação para a morte


modo dePlanejar a própria morte pode ser um modo de ter controle sobre a vida,
um

de. Uma extinguir o sofrimento. Há vários processos de morte indigna na atualida


das mortes morte que ocorre
por falta de
a de cuidad indignas,
gnas, frequ
frequente no Brasil, é a mistanásia, a

id
cuidados, como
que falecem
idoque
correfere Martin (1993). Vemosreportagens
cotidianas de

idosos, falecem na fila dos de atendimento, frequência


com
hospitar por falta
is ocusto de tratamentos aumenta com a idade pela incidência de doenças
Tempo da Veda e a Vida do Nosso Tempo - Repertuss.bes, na PsaCoiogia Hos,pit.alar

cronicas, fragilidadevulnerabilidade. Sem possibilidade de ter acesso a um bom


e

atendimento,o aumenta o temor do processo de morrer. A


nominada "eutanásia econômica". Não mistanásia é também de-
concordamos com o titulo,
pois a eutanásia
como
configurada nos paises em que é procedimento legal, conta com o
erado do
paciente e análise médica para que se possa pedido rei
que espera o tratamento necessário e
se perpetrar a morte. A tila em
minada morte indigna desejado seria mais
adequadamente deno
involuntária por descuido.
e

O grande temor na
atualidade é a
cesso de
tratamentos invasivos,
cujo
indignidade no processo de morrer, por ev
gem tem crescido objetivo principal é evitar a morte. Esta
nológico observado nossignificativamente, em
paralelo ao grande desenvolvimento aborlu
morrer com hospitais. distanásia, o
sofrimento (Pessini,
Ë a te
o tema é
2001). prolongamento do proces
15 anos doObservamos que esta obra-reterènca
de 2001, e
co
debatida, sendo passados
podem vir praticada e compreendida seu
lançamento a distanásia ainda s
mecanica, acompanhadas de tratamento continuo como boa
medicina. Mortes gnas
dor e outrosalimentação artificial, além da da pressåo a
que ocorre desconfortos não realização de inúmerossanguinea, ventilaç
ve
parte destas mortessão cuidados. Éna Unidade exames invansivos,
possibilidade de recuperação so indignas, que pacientes de Terapia lne siva, e
familia, dificultando
se
queixam de os rituais de internados, sem gravemente en em

muito ruído e
dafinalização da vida.possibilidades a

a
A revista
The
Economist companhia constante
Pacientes interna rnados nas UTls

e qualidade de morte (2010, 2015) de tubos


os e monitores.
mo e

ranqueando
morte e a os
países de
em
vários países. Aapresentou
instigantes rep
ens sobre
presença de acordo com os primeira foi escrit
ruim, com a 38 cuidados
erita em 2010, nontan
ontando

entre os 40paliativos.procedimentos
de comunicaça sobrea
no posição
desenvolvimento O Brasil de
enho muto
brasileiros de paises estudados, teve um des onm
sobre
de
cuidadosreferència programas
nesta
de
cuidados por estar
aina atras
o
tema coloca paliativos aindaprática. No paliativOs,
entanto,
mesmo
me
existindo lo

são
fundamental sobreBrasil em 45 lugar
o
incipientes.
as
politicas iblicas Dr
2015, novaPnortagen
obre
as Em
diretivas o
quanto entre 80
países
antecipadas de vontade. Estas
as
pessoass vpodem decidirestudaaos
sobre final de vida o
. Há uma discu
s o b r *

peito a crenças e as o
questões serão desenvolvidas fiante.

valores
atualidadeeéé dede tera da pessoa que ual envolve término da vida
da S

or esta razão, ter a morte pessoa com


o
que
com dor e precicisam ser conhecidos. O
Ihes doentes esperam ter assosntomas,
out grar
te tranquilidade
te sãalidade e dieram
sao
fundamentais dignidade.
e ter
A assegurados cuidadlos que implicam depende
presença da familiae cons le aco
p e r m i t i n d

nospitalar ou em no
final de hegan.

possibilidade
assuntos
programas vida,
dos rituais de podendo ocorrer noumu
cuidadus micilio, em an

Para pendentes,
pacientes aspectos
de
despedidas, paliativos.
reer
E, por
n es,
cencontro com familiar
er
resolugio h m, é
importante

preciso pensar internados em importantes


ntes
para que o morrer e1
tomas como incluir recursos nos quais pessoas pointe
incapaci
pudessem tantes. Uma prproposta
ser oferecidos. momentos de silèncio,
seria
o
tratamentos
tranquilidade
sivossioro
t si e
cuidados
de
tiv
a de ter
UTIs em que cuidados p
Angustia de Morte e Envelhecimento 29

É dificil reconhecer a aproximação do fim da vida, mesmo em pacientes com


doença avançada, uma vez que há uma maciça negação da morte na sociedade atual.
Pessoas idosas com doernças degenerativas ou letais têm a morte mais próxima, o
que pode permitir preparação eplanejamento, favorecendo uma sensação de com
frole e diminuindo a angústia e incertezas. As despedidas dos familiares, o término
de assuntos inacabados e a retomada da comunicação com pessoas significativas
no fim da vida.
favorecem a autonomia e a dignidade

Luto
existen-
Oluto é o processo de elaboração de perdas significativas no processo
idade provocam vários tipos de perdas antes da
cial. O adoecimento e o avanço de
enfrentadas. E fundamental, então, trabalhar o luto anteci-
morte que precisam ser
a perda de si: da saúde, do corpo, do trabalho,
das funçöes, da
paciente,
patório, de pessoa saudável e potente. Eles sofrem também diante da separação
no
identidade
das pessoas queridas, perspectivada pela morte num futuro próximo. Se não podem
falar a respeito de seus sentimentos, não há como elaborar e ressignificar estas per-
O do luto antecipatório não
das, ocorrendo o tamponamento do processo. processo
lidando situações
pode ser muito significativo, estreitando relações,
com
é fácil, mas
luto antecipatório ajuda na prepara-
pendentes, realizando despedidas. Enfrentar o
ção para a morte concreta.
observado
O desejo de morrer como processo de finalização da vida é em

vivendo e também
1dosos saudáveis ou doentes. E preciso ter energia para continuar
uma sociedade que nega
coletivamen-
para refletir sobre o término da existência. Em
tea morte não há espaço para falar sobre o tema. Familiares, amigos e principalmen-

te profissionais precisam legitimar o antecipatório, sem julgamentos ou repres-


luto
Sao. E necessário saber se há situações que possam incitar o desejo
de morrer, entre
as quais: sofrimento não cuidado, dor, depressão, solidão, sentir-se como sobrecarga
e os cuidados não devem impedir
Para familiares, entre outros. Este reconhecimento diferenciar o desejo
aretlexão sobre a morte, e sim minimizar o sofrimento. E preciso morrer
da ideação suicida. Como aponta Hennezel (2004), o pedido para
Ter
carerente do pedido para matar. Uma confusão frequente ocorre entre o desejo ae
e degeneraçao, pediao e o
nar a existëncia com dignidade, sem dependência
a vida. Esta confusao
entre o
S utanásia, definida como uma acão para encerrar
de saúde e a compreen
sã morrer compartilhado por idosos e profissionais de
ae
Estes últimos de que devem tomar providências para apressar o processo
morn
I noo c mpedir a escuta, como mecanismo de defesa. Observa-se que idosos

Pessoas enfermas pedem para morrer porque já foram "mortas" peloentorno,qt


elas
nSerem ou receberem notícia de que nada mais pode ser teito por
termos escutadas
a
em todoe de amento. E absurda a notícia dada por profissionais, ao afirmarem
quetodos os tratame foram realizados e agora "nada mais poderá
ser feito". Em
nossa dtamentos
mpreensão trata-se de uma sentença de morte, um desinvestimento na vida
ente. O precisa d de
enunciado"paciente fora de possibilidades terapêuticas" vinculados
revisão rápida,
revisãoránid
à cura
com a tratamentos
ura ee à reCunor erapeuticas só dissessem respeito
recup
peraçao. Lembramos que cuidados devem sempre envolver
sintomas
Tempo da Vida e a Vida do NoSso iempo Repercussões na Psicologia Hospitaiar
nas várias dimensões e
qualidade de vida, portanto, devem ser oterecidos em qual.
quer momento da trajetória da doença até a morte.

Dignidade no final da vida. Autonomia e Diretivas


Antecipadas de Vontade
A busca de
qualidade de vida implica lidar com a
mas sem
negar morte. O alívio de
a angústia no final da vida,
sintomas incapacitantes não é só
manização, que é sem dúvida busca de hu-
de importante,
procedimentos para alívio da mas consiste
também no conhecimento
Cuidados paliativos envolvem dor, fadiga, dificuldades respiratórias, entre outros.
amor e
to. Os manuais de
cuidados empatia, mas também ciênciae conhecimer
mas e sofrimento nas últimaspaliativos
horas
indicam
procedimentos para tratar de sinto
morte. antes da
Atualmente há discussão sobre a
Para haver autonomia éé preciso haver autonomia da pessoa até o final da sua Vida.
da
doença, sintomas e seu tratamento.competência, entendida comoa v ensao

técnicos é o profissional, e quem mais sabe


Quemsobre a própria
melhor comprer ctos
vida é o paciente,ds
pode informar sobre aspe
consciente, familiares ou in
amigos. Da
aspectos técnicos da doença e conjunção entre o conhecimento da
sobre os melhores tratamentos poderá resultar vhada
tratamentos e cuidados
pacientes, familiares eprofissionais dedecisão
a
digma na relação entre saúde. compa
Hoerolat
para-
àquele paciente. Éuma
medidas de
proteção para preservação de mudanga
a vida
pelo paciente, nos conselhos autonomia e
clientes (SAC). profissionais e nos possibilidades
serviços de
a
uento a
Na
perspectiva de pensar nos
quando continuar com certos melhores cuidados, está questão sobre até a
gamento do processo de tratamentos. Lembramos a prolo
o prolon
dade de morrer com que dista
tratamentos, que têm sua sofrimento e está relacionaaO
cancer-há tratamentos eficiência questionada.
que diminuem Vamos lificar co
rais que
ofuscam este beneficio tumores, mas causam os efeitos
efeitoso
var Pessini
colate
discute o que seriam pelo sofrimento adicional que causam. (2001)

em si tratamentos fúteis e inúteis. que causo tratam o tratament


que é fútil. Lembramos que
Hemodiálise, nutrição artificial,
tantes em várias enfermidades tornam-se obstinação
antibióticos
terapëutica
e tratame
e ntos
apens
impor
entos in
doença avançada, sem antibióticos e u naciente a c i e n t e s

o possibilidade
longam processo da doença, sem de recuperação. Nestes casos es apenas

Tais.

udes fazem com nenhum outro beneficio para naciente


da alta quea
qualidade processo de morrer seja
do seja perturbadaem
tecnologia.
nao sabem
As
pessoas sofrem processos pes
cessos distanásicos porque
como lidar
peito no final da vida, envolvendo a
com a morte de seus distanasicOs
pacientes.
rantia de n

a
distanásia que o Busca-sea
recusa de tratamentos nao
possne" ados,
evitam

at
perda da noção de desenvolvimento tecnológico pode uma
pode provocar, com
limites.
"morte interminável". Esta falta de limites provocar to adic n e n t oa d i c i o n

pode causar sotr


Resohug
Em 2010, foi elaborada, pelo
CFM
1.805 com instruções relativasConselho Federal de Medici
à ortotanásia, entendiaa
O m o a o r t e
Angusta de Morte e Envelhecmente 31

hora certa prolongamento artificial. Seu enunciado oferece permissão ao mé-


sem
e terapêuticos desnecessários,
dico para suspender procedimentos diagnósticos
sem possi-
o tempo de doença de pacientes em fase terminal
que só prolongam
do paciente, familiar ou representante
bilidade de recuperação, com autorização
continue a receber cuidados para aliviar
legal. A resolução propõe que paciente
o

contorto tisico, psíquico, social e espiritual (Conselho


sintomas, e que se garanta o
Federal de Medicina, 2010).
Oficial da União a Resolução CFM 1.995
Em 2012, foi publicada no Diário
definindo as Diretivas Antecipadas de
(Conselho Federal de Medicina, 2012)
Vontade (DAV). A sua redação esclarece que pacientes
podem recusar cuidados e
receber no momento em que estiverem incapacita-
tratamentos que n o desejam
de se manifestar e de registrar
dos para expressar sua vontade. E a possibilidade seu médico
documento ao
escrito, entregando o
antecipadamente seu desejo por
um representante legal.
de confiança, familiares ou designando sen-
a qualquer
momento da vida da pessoa,
As DAVs podem ser elaboradas
de contiança
a família, amigos, pessoas
do interessante que ela se informe e esclareça
diretivas são antecipadas, pois
pacientes com
médicos sobre a decisão. As
seus vontade e de decidir
de expressar sua
condições
d avançada podem não ter
autonomia, o respeito
a valores
SODre vida. O objetivo das é enfatizar a
diretivas
sua saúde em situaçao
profissionais de
escolhas da pessoa. O documento respalda eutanasia. A de-
socorro ou
haja acusaçãode omissão de
Cntito, para que não como apontam Dadalto,
no seu prontuário,
0 paciente deve ser registrada
Tupinambaí &Greco (2013). quando
ainda mais complicado
final da vida, e fica
Ctomar decisões doença, com 0 agra
no
avanço da
pelo
raciocínio está prejudicada
Vam ae de prejuízo na compreensao
esta
e dlsu

vulnerabilidade,
facilita o preparo para esta d
de
sintomas,
Cd o de abertura a morte
de comunicação do paciente não
com a família.
hrevivência,
Os desejos
depois,
do pacien
como
tuacs o. Uma sociedade que nega
uação de abertura o o
sobrevivência, depois,
com

te podem, num nento,


envolver c u r a
ou
qualidade
de vida e in-

agravamento da doença,, 1 da
manutenção
funcionalidade,

prioridade,
bem como
as

dependência. Na
ndencia. No final da vida conforto pode
o
tornar-se

decisõe em relação aos cuidados àfamilia.


ECIsoes em
ementar a
incrementar
a
comunicação
c omunicaçao

As Diretivas Antecit de Vontade


buscam evitar que
adas
propostas para
entre médicos, Estas medidas são
prepa
t pacientes
estarem

familiares tomem
adres
se fam e tamiliares.
vontade do paciente, por
nao

tomem atitudes contrárias à


para decidir sobre tratamentos ou sua interrupçao.
Para
solidão e o
aban-
com a
também em
em

dono gustia no final de vida estárelacionada


donoque e nainstitucionaliza
m orte na
na
i
i n
n s
stti
ittu
ucci
ioon
naal
liiz
zaaç
ç ã
a o
o

idosos sentem ao ECer proximos à


morte instituição

hospitais ou stituigões d
adoecer, pro
instituiçõesn glonga
de permanência.
o Internar
eles podem
familiar
viver a
numa

ga
é decisãodifícil, pois
uma
amiliares
fam os
tamilhares

ucionalializaçãocla para idosos (ILPI) lado, para


tucionalização com
ciOnaanëncia

Por outro
outro ou
ainternaço social. Por pais em
seus
mo abandono ou morte
morte

ão no provocar

avosPor
Por nd
nan
por não pode gerar
e gerar culpa pelo sofrimento, que
julgam a ques
fundamental
trabalhar
odem oferecer cuidados

Assim, é
cuidados

conse cuidar em casa.


podem
oferecer
d
deev
veem
m

iliares
ar es e instituições

equados, alé idosos,vidanumasocial.


in
i ns
stti
ittu
uiiç
çõoe
ess
estas
a
vez que ressaltar que
as
a s

ecer além de
ressaltar com espaço
uma E importante indivíduo,

local 0nalizado
importante

E sentir
como

personalizado, onde oidoso possa se


Tempo da Vida e a Vida do Nosso Tempo - Repercussões na Psicologia Hospitalar
-

para expressar seus desejos, necessidades e também temores e incertezas sobrea mo


mor-
te, jä que a maioria dos internados terá seu falecimento nestas unidades.
Em pesquisa realizada em 2011 observamos a interdiçao da morte nestas ins
tituições (Kovács, 2011). O receio era que, ao falar de morte e perdas, causar-se-ia
sofrimento adicional aos idosos. A antecipação das perdas e da própria morte causa
sofrimento, mas pode se intensificar se não houver direito a expressão, principal.
mente quando os idosos est o institucionalizados. Cade salentar que uma das for
mas de sofrimento do idoso é a sua infantilização pela sociedade, ao considerar que
não autorizado.
poderá elaborar seu luto, não reconhecido
e
não
Realizamos pesquisas em duas instituições de longa permanëncia para ido
sos na cidade de São Paulo para saber sobre como era possibilidade de comunica-
sobre
a morte está próximo dela (Kovács, 2011). Os profissionais
para quem
ção
que participaram projetos apontaram que idosos não falam sobre a morte por-
dos
no assunto. Enm nosso ponto de vista, esta percepção dos
que não querem tocar
eles e para os familiares
profissionais reflete o fato de que é muito difícil para os
falarem sobre o assunto, mas atribuem esta dificuldade aos idosos. O que se ob-
servou em uma das instituições, de vocação religiosa, foi que falar sobre a morte
causa sotrimento, e isso nunca se deveria falar com os residentes sobre
por
sempre
o tema. Em outra instituição o tema não era evitado, a priori, mas não havia quem
falasse sobre o tema com os idosos, pois os profissionais não eram preparados para
esta função e não consideravam que seria sua função. No entanto, a maioria dos
profissionais acredita que abrir espaços de discussão sobre perdas e mortes pode
ajudá-los na tarefa de cuidar dos idosos em todas as esferas, porque poderiam
conhecer e compreender os comportamentos dos residentes.
Cuidar de idosos doentes com múltiplos sintomas também não é tarefa fácd
para familiares, que não sabem o que fazer e como cuidar. Padecem com o sofe
mento do paciente e podem ter
sobrecarga física e psíquica ao cuidar de process
longos, com sintomas incapacitantes e dependência. Observa-se a ambivalënaa e
tre o desejo de manter o familiar vivo e o
desejo de sua morte para aliviar o ofri
mento, desejo este que pode provocar culpa. Como afirma Parkes (1998), paciente
seus familiares constituem uma unidade de cuidados ento

que deve receber atenau


constante. Entretanto, o que se observa é a família nao
como "paciente oculto", que
recebe os devidos cuidados
porque não é reconhecido como objeto de culda da
equipe de saúde; por um lado porque se dizem ocupados com os tam
bém porque não foram pacientes iliar.
e
preparados para lidar com questões da dinâmica tami
Atualmente se buscam decisões tinui-

dade da vida entre pacientes, compartilhadas sobre tratamentos e


cot
familiares
tonomia paciente, mas também a familia
do
e
profissionais. E fundamental
legiiis
a ser tomada. Com o paciente
precisa compreender e autorizar a ue
inconsciente, a familia precisa tomar decisões cO
xas, que precisam de acolhimento, competência e nbros
harmonização entre seus me

Uma formação mais humanitária do profissional de saúde:


A atenção principal deve ser focada tem

cuidador
no é
sobre si a
a
responsabilidade deste processo e é tambémprincipal, que quen
de colapsoe adoecimento. Ë necessário quem tem o mao
legitimar necessidade de cuidado
sua
S t a de Mote e Emvene 33

devet ser reconhecida pelo proprio cuidador, uma vez que muitos deles não sentem
esta necessidade ou acreditam que todo o cuidado deve ser dispensado ao paciente.
Este reconhecimento tambem precisa ser dado pelos profissionais, que, como apon-
tamos, nem sempre o tazem.
Para favorecer a humanização e a qualidade de cuidados é preciso pensar
na formação de profissionais de saude, ainda focada em procedimentos, técnicas
e intervenções sofisticadas com aparelhagem de última geração. Como fica a for-
mação nas dimensões humanas do medo, da angustia., da incerteza? Como proce
derà escutae ao acolhimento destes sentimentos? E preciso oferecer formação na
graduação, na residencia e na especialização em cuidados no final da vida, alivio e
controle de sintomas, levando em conta as espedficidades da doença e os aspectos
pessoais dos pacientes, abordagem do luto antecipatório e cuidado a familiares.
No avanço da busca de lidar com a angustia e o sofrimento de idosos no
final da vida, os esforços devem contemplar uma mudança de paradigma da cura
o alivio de
para os cuidados e assim valorizar a qualidade de vida até morte,
a
Sintomas incapacitantes e a dignidade. Questões sobre como e quando interrom-

per tratamentos fúteis, confrontar a obstinação terapéutica e definir com clareza


oque e eutanásia, distanásia, morte com dignidade são fundamentais. Deve-se
interesses econõmicos por uma
aoandonar uma medicina detensiva e vinculada a
abordagem humanizada e solidária. Utopia sim, mas que precisa ser perseguida
em nome da dignidade no processo de morrer no seculo XXI.

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