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Elogios e Críticas à Era Vargas

Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00


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Certos depoimentos daqueles que participaram, direta ou
indiretamente, dos episódios que marcaram a Revolução de 1930
no Brasil são marcados pela emoção, pelo grau de simpatia ou de
rejeição. Sobretudo à figura do seu principal líder, Getúlio Vargas.
Algumas críticas, por outro lado, estão marcadas por um forte
conteúdo ideológico.

Os elogios e as críticas confirmaram que a Revolução de 1930 se


constituiu num marco da historiografia brasileira. Quando o
vendaval de paixões passar - o que parece que já está ocorrendo -,
será possível ter uma idéia mais clara do conjunto de suas
realizações, sua contribuição maior ou menor para o
engradecimento do País.

Enquanto isso, algumas conclusões, a priori, são definitivas. Como


a de Boris Fausto de que "a Revolução de 1930 põe fim à
hegemonia da burguesia do café, desenlace inscrito na própria
forma de inserção do Brasil no sistema capitalista (...). No ataque
ao predomínio da burguesia cafeeira, revelando traços específicos,
que não podem ser reduzidos simplesmente ao protesto das classes
médias (...) Vitoriosa a revolução, abre-se uma espécie de vazio do
poder, por foça do colapso político da burguesia do café e da
incapacidade das demais frações de classe para assumi-lo, em
caráter exclusivo. O Estado de compromisso é a resposta para esta
situação. Na descontinuidade de outubro de 1930, o Brasil começa
a trilhar enfim o caminho da maioridade política. Paradoxalmente,
na mesma época em que tanto se insistia nos caminhos originais
autenticamente brasileiros para a solução dos problemas
nacionais, iniciava-se o processo de efetiva constituição sobre a
nacionalização do trabalho; salário mínimo; sindicalização", disse
Cruz Costa.

Houve, naturalmente, algumas distorções na polícia trabalhista.


Mas não se pode negar, por causa disso, o grande valor da
legislação trabalhista, considerada, como todos sabem, "uma das
mais avançadas do mundo". Afirmou ainda Cruz Costa que "a
legislação trabalhista de Vargas antecipou-se no tempo aos
conflitos que iriam dar aos operários a consciência política de seu
papel numa sociedade em processo de industrialização".

Vargas pode não ter sido o criador do Estado brasileiro, porém,


usou um regime de exceção para consolidar o Estado Nacional
brasileiro. Antes de 37, cada Estado praticamente se constituía
numa unidade autônoma, com um governo federal muito frágil.
São Paulo, por exemplo, tinha sua Força Pública (polícia) um
verdadeiro exército que contou, inclusive, "com uma missão
instrutora composta de oficiais franceses", informa Cruz Costa.

O lado negra "Era Vargas" foi, sem dúvida, o caráter fascista de sua
administração durante o período em que agiu como ditador.

Os Tenentes de Juarez Távora


no NE
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A propagação do ideário de 1930 chegou ao Nordeste quando o
coronel Maurício Cardoso foi nomeado para comandar o 22º BC,
sediado na então cidade da Paraíba, capital do Estado do mesmo
nome. Como ele vieram três oficiais: Jurandir Mamede, Agildo
Barata Ribeiro e Juraci Magaljães. Esses homens eram conhecidos
como sendo os "tenentes" de Juarez.

Não é possível uma apreciação do movimento de 1930 no Nordeste


sem uma referência a Juarez Távora. Na época, ele estava detido
na Fortaleza de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, por determinação
da polícia de Washington Luís. Conseguindo, mesmo prisioneiro,
entrar em contato com Luís Carlos Prestes, chefe do Partido
Comunista, foi incentivado a fugir para comandar o movimento no
Nordeste. Távora fugiu, conseguindo chegar até a Paraíba. A sua
fuga foi considerada quase impossível de se realizar, na ocasião.

A Paraíba que depois tornou-se a cidade de João Pessoa, e a


capital pernambucana, Recife, se tornaram os centros de
divulgação no Nordeste. A primeira, por concentrar um grande
contingente militar, e Recife, pela sua importância política e
econômica na região nordestina,
A data escolhida para o início da revolução foi 3 de outubro. A
hora estabelecida seria 17h30.

Contam Antonio Augusto Faria e Edgard Luiz de Barros que "em


Pernambuco, Juarez Távora se atrasou um dia para atacar Recife;
mas a população tomou prédios e depósitos de armas, facilitando a
ação dos rebeldes, que logo tomaram também a Paraíba. Enviando
tropas para dominar a Bahia, sob o comando de Juraci Magalhães,
e o Pará, com Landy Salles, Juartez e os "tenentes" em poucos dias
controlavam todo o Norte e o Nordeste".

Aliança Liberal e Dias de Pânico


em Natal
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Juvenal Lamartine governa o Rio Grande do Norte. Além de uma
extrema dependência em relação ao poder central, o seu governo
se caracterizou pela intolerância política para com os seus
adversários. Nesse contexto, João Café Filho fazia oposição.
Perseguido, fugiu para a Paraíba. E se integrou ao movimento
promovido pela "Aliança Liberal", que defendia a candidatura de
Getúlio Vargas para presidente da República e João Pessoa para
vice.

Os candidatos da oposição ao governo Washington Luís, Getúlio e


João Pessoa, foram derrotados no Rio Grande do Norte. Afirmam
os historiadores que a derrota foi causada pelo apoio dado por
Juvenal Lamartine ao paulista Júlio Prestes.

Os adeptos da "Aliança Liberal" no Rio Grande do Norte formavam,


na realidade, um pequeno grupo que recebeu o apoio do coronel
Dinarte Mariz no Seridó.

Juvenal Lamartine, ao tomar conhecimento do início da revolução,


abandonou o Estado, na noite de 5 de outubro de 1930.

O maior Luiz Tavares Guerreiro, à frente do 29º BC, partiu da


Paraíba e chegou a Natal no dia 6, sem encontrar qualquer tipo de
resistência. Natal viveu dias de pânico, assim descritos por Tarcísio
Medeiros: "tropas de desocupados, aventureiros, que atemorizaram
as famílias natalenses, obrigando os incautos, nos comícios das
praças, ajoelhar quando era cantado o hino a João Pessoa: "João
Pessoa, João Pessoa, bravo filho do sertão. Toda a pátria espera
um dia a sua ressurreição... ' Ai daquele que não obedecesse!".

Para governar o Rio Grande do Norte foi formado um triunvirato


composto por Luiz Tavares Guerreiro, capitão Abelardo Torres da
Silva e o tenente Júlio Perouse Pontes.

A junta procurou manter a ordem durante o período que governou,


de 6 a 12 de outubro de 1930. Após essa data, o Estado passou a
ser governado pelos dois civis (o primeiro e o último) e três
militares.

O Rio Grande do Norte voltaria a ser governado por interventores


após a decretação do Estado Novo, em 1937.

Os Interventores no Rio Grande


do Norte
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Com a nomeação dos interventores, começou a fase institucional
da Revolução de 30 no Rio Grande do Norte.

Marlene Mariz define o sistema instaurado da seguinte maneira:


"Os interventores eram o próprio instrumento de controle do poder
central em cada Estado. Representam o empenho deliberado de
alterar as relações Estado/União, transformação esta desejada
pelos tenentes e, especificamente, por todos os revolucionários
nortistas".

O Rio Grande do Norte contou com cerca de cinco interventores:


Irine Jofily (apoiado por Café Filho), Aluísio de Andrade Moura,
Hercolino Cascardo, Bertino Dutra da Silva e, finalmente Mário
Leopoldo Câmara.

Irineu Jofily encontrou dificuldades para implantar os ideais


revolucionários no Estado porque os oligarcas estavam ainda muito
fortes. O sistema oligárquico não permitia que medidas contrárias
aos seus interesses fossem implantadas. Por essa razão, Jofily
pediu demissão.

Aluísio Moura iniciou a fase de administradores militares.

Juarez Távora, que comandava a Delegacia do Norte, designou dois


militares para "assessorar" o novo interventor: os tenentes Ernesto
Geisel, para a Secretaria Geral e diretor do Departamento de
Segurança Pública, e Paulo Cordeiro de Melo, para o Comando do
Regimento Policial. Existe apenas uma explicação para justificar
essas duas nomeações: falta de confiança de Juarez Távora em
Aluísio Moura...

Com o objetivo de afastar Café Filho e seus adeptos da


administração, os cafeístas foram acusados, pelo interventor, de
comunistas que conspiravam contra o governo. Como resultado,
todos foram presos. Pedro Dias Guimarães, que exercia a função
de prefeito de Natal, e ainda Edgar Siqueira, José Anselmo e
Sandoval Wanderley. Depois, o interventor, alegando que tudo que
se dizia dos cafeístas era falso, mandou libertar a todos...

Cresceu o descontentamento dos setores ligados à Revolução de


30, por causa do apoio dado ao grupo que se encontrava no poder
antes de 1930, por essa razão, Aluísio Moura foi substituído por
outro militar: o comandante Hercolino Cascardo.

O Rio Grande do Norte se encontrava nessa época, numa situação


difícil. Cascardo, contudo, procurou desenvolver o Estado, atuando
sobre os produtos que sustentavam sua economia: cultura do
algodão e indústria salineira. Outro aspecto importante é que ele
procurou governar sem se envolver nos conflitos locais, escolhendo
seus auxiliares entre os mais capazes. Sentindo-se desprestigiado
perante o governo provisório, pediu exoneração do cargo, apesar
do apoio de Café Filho e de seus correligionários.

O novo interventor, Bertino Dutra da Silva, encontra o Rio Grande


do Norte numa situação muito dedicada. As forças políticas
tradicionais continuavam sendo um obstáculo para que os ideais
revolucionários se instalassem no Estado.

Em 1932 explodiu a Revolução Constitucional, liderada por São


Paulo e que, segundo alguns, possuía um caráter separatista. Foi
fundada no Rio Grande do Norte a "União Democrática Norte-rio-
grandense", comandada pelo monsenhor João da Matha e por
Gentil Ferreira de Souza, apoiando o movimento a favor da
constitucionalização do País. Como afirma Marlene Mariz, "os
coronéis potiguares chegaram até enviar seus capangas para lutar
ao lado dos paulistas contra o governo provisório e o regime de
exceção".

As forças conservadoras não ficaram apenas nesta ação. Visando a


eleição da Constituinte Nacional de 1933, fundaram o "Partido
Popular", chefiado por Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros, líder
seridoense.

O interventor Bertino Dutra reagiu e fundou o 'Partido Social


Nacionalista do Rio Grande do Norte".

A campanha se desenvolveu num clima de agitação, com atitudes


que caracterizavam um grande radicalismo.

A 3 de maio de 1933, realizou-se a eleição para a Constituinte


Nacional, com a vitória da oposição que conseguiu eleger três
candidatos: Alberto Roseli, Francisco Martins Veras e José Ferreira
de Souza, Kerginaldo Cavalcanti de Albuquerque foi o único eleito
pela situação.

Café Filho, o homem forte do governo, era o alvo preferido da


oposição, sendo inclusive baleado pelo capitão do exército
Everardo Vasconcelos após uma discussão entre os dois.

Derrotado, Bertino Dutra passou o cargo ao seu substituto legal,


tenente Sérgio Marinho.

O novo interventor, Mário Leopoldo da Câmara, foi designado para


executar a missão de pacificar o Rio Grande do Norte, formando
uma aliança com o Partido Popular, o mais forte do Estado.

Entretanto, apesar de sua eficiência como administrador, Mário


Câmara permitiu que crescesse o clima de agitação e de violência.
João Medeiros Filho, no programa "Memória Viva", da TV
Universitária, traçou o seu perfil: "Mário Câmara era um
administrador honesto. Depois, foi envolvido pelos políticos
profissionais, fincando alucinado pelo poder. Daí a violência que
caracterizou o final do seu governo".

Em vez de se unir às forças tradicionais, terminou fazendo uma


aliança com Café Filho, com o fim de derrubar o Partido Popular.

O Rio Grande do Norte viveu, então, um clima de agitação nunca


antes experimentado em sua história, incluindo assassinatos,
espancamentos etc.

Em síntese, como administrador, Mário Câmara fez várias obras


(construir 43 prédios escolares, abriu estradas etc.), porém "com
esse homem caiu sobre a terra potiguar a maldição terrível da
desunião política, que fez desencadear a mais torpe campanha
eleitoral de 1934", afirma Tarcísio Medeiros.

Como uma conseqüência desse clima de agitação, se pode apontar


a intentona comunista de 1935.

Ao se fazer um balanço sobre a Revolução de 30 no Rio Grande do


Norte, cujas diretrizes deveriam ser executadas pelos
interventores, fica muito claro que as oligarquias, com o seu
sistema político consolidado, evitaram que mudanças maiores de
operassem no Estado, gerando um confronto num clima de
agitação e violência entre os partidários da Revolução de 30 e os
oligarcas.

João Café Filho se destacou na luta para destruir as velhas


estruturas, mas não reunia força suficiente para conseguir realizar
os seus propósitos.

Por outro lado, os conservadores possuíam grandes líderes, alguns


detentores de vasto saber, como, por exemplo, José Augusto de
Medeiros, o grande arquiteto da resistência das forças tradicionais.

A massa popular queria mudança, porém, iletrada, não sabia que


rumo tomar, praticando, às vezes, atos de violência como sinal de
protesto.

Segundo Marlene Mariz, "a Revolução trouxe efeitos para o Rio


Grande do Norte no tocante a mudanças no comportamento do
operariado, com sindicatos organizados e amparados pelas leis
trabalhistras, que vão marcar o início do populismo", graças à
atuação de Café Filho.
João Café Filho: Do Sindicato ao
Catete
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João Café Filho foi o grande líder da Revolução de 30 no Rio
Grande do Norte.

Nasceu no dia 3 de fevereiro de 1899, na rua do Triunfo, Ribeira,


em Natal. Filho de João Fernandes Campos Café e de Florência
Amélia Campos Café.

Os seus estudos iniciais foram realizados nas escolas de Amália


Benevides, Edilbertina Ataíde e Áurea Magalhães, para um pouco
mais tarde ingressar sucessivamente nos seguintes
estabelecimentos de ensino: Colégio Americano, Grupo Escolar
Augusto Severo, Escola Normal e Atheneu Norte-Rio-Grandense.

Mesmo sem concluir curso superior, exerceu a advocacia como


provisionado, tendo feito exames no Tribunal de Justiça em Natal.

Na juventude, foi atleta de poucos recursos, conseguindo,


entretanto, jogar na posição de goleiro no Alecrim Futebol Clube,
uma das agremiações esportivas mais tradicionais do Estado. Mas
teve uma importante atuação como integrante da diretoria do
próprio Alecrim, e igualmente do Centro Esportivo Natalense.

Muito cedo, com apenas quinze anos, começou a sua vida de


jornalista, quando publicou "O Bonde" e "A Gazeta", ambos
manuscritos. Depois fundou e dirigiu o "Jornal de Natal". Nesse
jornal, começou a abordar a questão social do Estado.

Adulto, Café se casou com D. Jandira Carvalho de Oliveira Café.

Em 1923, liderou as primeiras graves que ocorreram no Rio Grande


do Norte. Por essa razão, a polícia cercou o quarteirão onde sua
casa se localizava e o jornal que dirigia. Conseguiu fugir. Depois,
partiu para Recife e, logo em seguida para Bezerros, onde foi
nomeado secretário da prefeitura. Fundou o jornal "Correio de
Bezerros" e o Clube Social e Esportivo Palameira. Voltando para
Recife, em 1925, dirigiu mais um jornal, "A Noite", quando
entrevistou Antonio Silvino na Penitenciária de Recife. Ainda na
capital pernambucana, redigiu um documento "concitando os
subalternos do Exército a desobedecerem as ordens recebidas" e
participar da Coluna Prestes. Como conseqüência, foi processado e
condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Fugiu para Itabuna, na
Bahia. Após um certo tempo, regressou a Natal, onde foi preso.

Em 1928, foi eleito vereador. Uma façanha, porque, naquela


época, era difícil alguém da oposição vencer. O "sistema eleitoral"
vigente pode ser ilustrado com um exemplo, contado pelo próprio
Café Filho: "A oposição elegeu a maioria da Câmara Municipal. O
Governo do Estado, em represália pela derrota sofrida, mandou
queimar as atas eleitorais. O atentado foi executado pelo chefe
político local, seguindo as instruções dos chefes das oligarquias.
Destruídas as atas, o situacionismo procedeu a "eleição" dos seus
próprios vereadores, a bico de pena"...

A oligarquia não deixava Café Filho em paz. Sendo mais uma vez
perseguido, fugiu novamente para Recife e viajou para o Rio de
Janeiro, onde se integrou à campanha política a favor da Aliança
Liberal. Depois foi enviado para a Paraíba com o objetivo de
divulgar o movimento. Recebido por João Pessoa, voltou a atuar
como jornalista, reeditando o "Jornal da Noite". Atuante,
percorreu toda a Paraíba fazendo campanha pela Aliança Liberal.

No dia 2 de outubro de 1930, entrou no Rio Grande do Norte em


plena efervescência revolucionária. As tropas paraibanas invadiram
o Rio Grande do Norte sem encontrar resistência. Nas negociações
para compor o governo, se pretendia eleger o desembargador
Silvino Bezerra Neto, irmão de José Augusto, líder das oligarquias
e, portanto, adversário das idéias revolucionárias... João Café
Filho, sempre vigilante, impediu que tal designação fosse feita. E o
governo provisório foi entregue a uma Junta Militar.

O povo, insatisfeito, pedia medidas radicais. Para acalmar a


população, sobretudo a natalense, Café Filho foi designado chefe
de Polícia. Mais tarde, afastado do cargo, voltou a assumir a Chefia
da Polícia durante a administração do interventor federal
comandante Bertino Dutra. Foi nessa segunda gestão que Café
Filho criou a Guarda Civil e a Guarda Nortuna.

Em 1933 e anos seguintes exerceu as funções de Inspetor do


Trabalho, no Rio de Janeiro.

Foi eleito deputado federal em 1935, porém, não concluiu seu


mandato por causa da decretação do Estado Novo em 1937.
Perseguido por fazer oposição ao governo Vargas, conseguiu asilo
na Argentina.

Em 1945, de volta ao Brasil, fundou o Partido Social Progressista no


Rio Grande do Norte. A conselho de Adhemar de Barros, registrou o
partido com o nome de Partido Republicano Progressista.
Justificativa de Adhemar: "poderia atrair, pela identidade
fonética, os antigos partidários e eleitores do Partido Republicano
Paulista, os 'perrepistas' de antes de 1930". Como não conseguiu os
objetivos desejados, posteriormente o partido voltou a ser
chamado pela denominação original.

João Café Filho foi eleito novamente deputado federal em 1945.


Essa foi a sua fase mais dinâmica, segundo ele próprio: "Exerci, em
minha atividade parlamentar, no Palácio Tiradentes, o período de
maior vitalidade e energia de minha vida".

Um feito de Café Filho: com um discurso apenas provocou a


exoneração de Correia e Castro, ministro da Fazenda do governo
Dutra.

Em 1950 Café Filho se elegeu vice-presidente da República,


juntamente com Getúlio Vargas, que assimiu a presidência da
República, juntamente com Getúlio Vargas, que assumiu a
presidência do País.

Após o suicídio de Getúlio Vargas, a 24 de agosto de 1954, passou a


exercer a função de presidente do Brasil. De acordo com suas
palavras, foi "o único momento que me tocou verdadeiramente,
que me confortou, que foi pleno e sem contrastes em esplendor e
confiança".

Porém, não chegou a concluir o seu mandato, inicialmente por


causa de uma crise cardiovascular, e depois foi 'impedido',
afastado da presidência. Falava-se em "golpe" e em "contra-golpe".

Nereu Ramos, então, assumiu o governo. A complicação não se


resumia ao afastamento de Café Filho. Havia outro impasse.
Juscelino Kubitschek de Oliveira, eleito presidente através do voto
popular, estava ameaçado de não tomar posse...

Fora do poder, João Café Filho foi nomeado ministro do Tribunal


de Contas do Rio de Janeiro.

Posteriormente, escreveu suas memórias sob o título "Do Sindicato


ao Catete", em dois volumes.

Faleceu no dia 11 de fevereiro de 1970 no Rio de Janeiro.

O Rio Grande do Norte prestou uma homenagem ao único norte-


rio-grandense que chegou a ser presidente da República,
inaugurando a Casa Café Augusto, e onde se encontra atualmente
um grande acervo sobre o ilustre jornalista e político potiguar.

Um Contexto de Agudos
Conflitos Sociais
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A Intentona Comunista de 1935 não foi um episódio isolado que
ocorreu apenas no Rio Grande do Norte. Ela surgiu dentro de um
contexto internacional e, ao mesmo tempo, brasileiro.

Na "História do Povo Brasileiro" se encontra a descrição do cenário


no qual a Intentona se realizou: "Naquela época de agudos
conflitos sociais, a democracia clássica se imobiliza, enleada em
impedimentos formais, enquanto os ditadores de esquerda e de
direita, vencidos os impecilhos internos preparavam-se para o
inevitável confronto mundial (...) O Brasil tornou-se, assim, o
grande centro de competições entre os idealistas totalitários, na
América Latina, no interregno liberal de 1934 a 1937.

A Constituição de 1934, que havia escolhido Getúlio Vargas para


presidente da República por via indireta, ensejou a formação de
partidos políticos. Entre as organizações partidárias nascidas na
ocasião estava a "Aliança Nacional Libertadora", de orientação
comunista, cujo presidente de honra era Luís Carlos prestes,
filiado ao PC (Partido Comunista) desde 1928. A "Aliança Nacional
Libertadora' encarregou-se organizar greves e manifestações
públicas onde pediam o candelamento da dívida imperialista,
nacionalização de empresas estrangeiras e o fim do latifúndio,
entre outras reivindicações. Objetivam também: impor o vasto
programa da ANL (Aliança Nacional Libertadora); a queda do
governo Vargas; o fim do fascismo; a defesa da pequena
propriedade; jornada de oito horas de trabalho; aposentadoria, e
defesa do salário mínimo.

Foi a ANL que inspirou o movimento comunista que eclodiu em


novembro de 1935 na cidade de Natal e que ficou conhecido como
sendo a Intentona Comunista.

O fato é que, como disse Tarcísio Medeiros, "foi nesse ambiente


que o interregno liberal, de 1934 a 1937, foi dominando o Brasil,
no qual as correntes democráticas perdiam o controle das massas e
das ruas, envolvidas nas competições pessoais e nas tricas de
campanário".

Ação Armada e o Domínio de


Natal
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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As raízes do movimento comunista de 1935 no Rio Grande do Norte
possuíram, sem dúvida alguma, causas locais e que podem ser
apontadas como resquícios da campanha eleitoral de 1934, quando
predominou um clima de violência.

Mário Leopoldo Pereira da Câmara, apesar do mérito de algumas


realizações efetuadas durante sua administração, foi responsável
pela implantação de um clima favorável ao aparecimento de
movimentos armados.

O substituto de Mário Câmara, Rafael Fernandes Gurjão, continuou


perseguindo seus adversários políticos, a exemplo de seu
antecessor. Rafael Gurjão contribuiu com o aumento do número
dos descontentes, engrossando o grupo dos revoltosos. Chegou,
inclusive, a extinguir a Guarda Civil, um órgão completamente
descomprometido com a política, só porque havia sido criada por
Café Filho, inimigo político do novo governante... Dentro desse
contexto, as divergências arrastaram para o movimento pessoas
que desconheciam a ideologia comunista, mas viam na ação
armada uma maneira de derrubar o governo...

A Intentona Comunista foi iniciada na noite de 23 de novembro de


1935, ocasião em que no Teatro Carlos Gomes - hoje Alberto
Maranhão - estava acontecendo uma solenidade de colação de grau
do Colégio Marista. O governador Rafael Fernandes Gurjão e o
secretário geral do Estado, Aldo Fernandes, abrigaram-se na
residência de Xavier Miranda, nas proximidades do teatro, e depois
foram para o Consulado da Itália, sob os cuidados do cônsul
Guilherme Letieri. O prefeito Gentil Ferreira, também presente à
solenidade, foi para o Consulado do Chile, sob a proteção do
cônsul Carlos Lamas.

Coube ao maior Luís Júlio, da Polícia Militar e ao coronel Pinto


Soares, do 21º BC, a organização da resistência. Os combates
estenderam-se por várias horas, até acabar a munição, quando as
forças legais se renderam. As comunicações telefônicas foram
cortadas, resistindo apenas a estação telegráfica de Macaíba,
através da qual os legalistas pediram socorro à capital federal.

Durante os combates, o quartel da polícia militar resistiu, lutando


contra um inimigo "muitas vezes superior em número", relata João
Medeiros Filho. A resistência durou várias horas, terminando
quando os policiais gastaram a última bala. Os legalistas fugiram
pelo Rio Potengi.

Os rebeldes dominaram Natal e, no dia 25 de novembro de 1935,


organizaram um Comitê popular Revolucionário, composto por
Lauro Cortês, ex-diretor da Casa de Detenção, como ministro de
Abastecimento e Quintino de Barros, 3º sargento, músico do 21º
BC, como ministro da Defesa. O comitê se instalou na Vila Cinanto,
até então residência oficial do governador.

Durante a vigência do governo revolucionário, a população da


Cidade do Natal atravessou momento de grandes dificuldades,
principalmente para a aquisição de gêneros alimentícios, uma vez
que os rebeldes saquearam muitos armazéns e lojas que
abasteciam a cidade. Entre os estabelecimentos saqueados figuram
os seguintes: M. Martins & Cia.m Viana & Cia., M. Alves Afonso etc.
O comércio de diversas cidades do interior também não escapou.
Por onde os rebeldes passavam, implantavam o pânico.

No tempo em que os comunistas estiveram no poder, circulou um


jornal intitulado "Liberdade", que publicou as seguintes palavras,
transcritas por João Medeiros Filho: "Enfim, pelo esforço invencível
do povo, legitimamente representado por Soldados, Marinheiros,
Operários e Camponeses, inaugura-se no Brasil a era da Liberdade,
sonhada por tantos mártires, centralizados e corporificados na
figura legendária de Luís Carlos Prestes, o "Cavaleiro da
Esperança".

Versões Sobre os Combates no


Interior
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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Ao tomar conhecimento do que estava acontecendo na capital
potiguar, Dinarte Mariz entrou em contato com o governador da
Paraíba, Argemiro de Figueiredo que, atendendo ao apelo do líder
seridoense, ordenou que policiais paraibanos penetrassem no Rio
Grande do Norte rumo a Natal.

O primeiro encontro entre comunistas e sertanejos foi em Serra


Caiada, com vitória para os legalistas.

Para alguns historiadores, o principal combate entre as duas


facções teria ocorrido na Serra do Doutor, entre as cidade de Santa
Cruz e Currais Novos, João Medeiros Filho, por exemplo, descreve
que "os sertanejos que numa ação fulminante rechaçaram o
inimigo, abrindo caminho para Natal onde chegaram no dia 27, já
encontrando a cidade ocupada pelas tropas da polícia paraíba".

Aluízio Alves, entretanto, no depoimento que prestou à TV


Universitária, disse que não ocorreu nenhuma batalha na Serra do
Doutor. E justificou, afirmando que quando os comunistas saíram
de Natal já tinham conhecimento do fracasso do movimento no Rio
de Janeiro e em Recife. Estavam, portanto, fugindo. "Essa história
de guerra na Serra do Doutor é uma imagem colorida de uma
guerra que não houve", argumenta Aluízio.

O testemunho de Enoch Garcia ao mesmo programa da TV


Universitária, "Memória Viva", confirma o entrevero, mas não os
personagens de outros relatos: "Todo mundo queria que Dinarte
tivesse tomado parte na Serra do Doutor. Ele não tomou parte na
Serra do Doutor, como eu não tomei, como Humberto Gama não
tomou. Lá, tomaram parte esses oficiais dos quais eu já falei:
Pedro Siciliano, José Epaminondas, Genésio Cabral, Antônio de
Castro... e, inclusive muitos civis".

Tiroteio e Fuga dos


Combatentes
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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Dinarte Mariz, segundo Enoch Garcia, telefonou para o governador
da Paraíba, Argemiro de Figueiredo, que prometeu e efetivamente
enviou tropas paraibanas para o Rio Grande do Norte para
combater os revoltosos da Intentona Comunista.

Enoch recebeu o seguinte telegrama de Florêncio Luciano: "Enoch,


eu não sei o que aconteceu, mas o nosso povo reagiu em cima da
Serra, e o esbandalho foi grande. Até agora está correndo gente
deles e gente nossa...".

Conclusão: aconteceu realmente um tiroteio, provocando a


debandada de ambas as facções. Entre os revolucionários, muitos
eram reservistas e nada tinham com a ideologia comunista. Na
primeira oportunidade, largaram as armas e fugiram... Os
integrantes do outro lado eram sertanejos, em sua maioria homens
simples, pequenos agricultores ou trabalhadores rurais que não
estavam dispostos a participar de conflito algum. Aos primeiros
anos, fugiram.

Portanto, houve realmente um confronto na Serra do Doutor,


interior do Rio Grande do Norte,. Porém, sem as dimensões que se
pretendeu dar. De qualquer maneira, o fato marcou o final da
Intentona Comunista de 35 no Rio Grande do Norte.

Repressão Violenta e Prisões


Injustas
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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A repressão após a Intentona Comunista foi violenta. O chefe da
Polícia do governo Rafael Fernandes, João Medeiros Filho,
reconheceu que houve "excesso"...

Segundo Aluízio Alves, "Rafael Fernandes e Aldo Fernandes se


empenharam para não misturar a polícia estadual com a reação da
revolução (...) Houve muitas pressões injustas, na época, apesar
de toda a resistência, sobretudo de Aldo Fernandes, que se
incompatibilizou muito com o Partido Popular, por conta de suas
atitudes corretíssima, digníssima, distinguindo as responsabilidades
da revolução, da participação eventual emocional do Marismo e do
Caféismo".

Êxito Momentâneo Não


Assegurou Poder
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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O levante de 35, que explodiu no Rio Grande do Norte, teve um cunho comunista, como prova

a criação de um Comitê Popular Revolucionário e ainda o editorial do órgão oficial da Intentona,

"A Liberdade", exaltando o líder comunista Luís Carlos Prestes, chamado de "Cavaleiro da

Esperança". Outros fatores que contribuíram para o êxito momentâneo do movimento: muitos

funcionários públicos, descontentes com as demissões e perseguições políticas - incluindo os

militares -, se engajaram na luta pensando que se tratava de um levante contra o governador.

Alguns soldados, reservistas, participaram apenas para cumprir ordens, sem saber ao certo o

que estava acontecendo. Além do mais, faltou um líder que reunisse as massas e, ao mesmo

tempo, esclarecesse o povo para conseguir sua adesão consciente. Resultado: as camadas

mais humildes ficaram desorientadas, praticando desordens. E alguns oportunistas se

aproveitaram do momento para saquear e roubar. Não houve, igualmente, uma maior sintonia

entre os chefes militares e os líderes civis. O que determinou que o movimento acabasse

caindo num vazio...

O principal obstáculo a um levante de esquerda não estava na capital e sim no interior. As

oligarquias que dominavam o Estado não aceitariam nenhum governo que contrariasse os seus

interesses, como aconteceu anteriormente com a Revolução de 30.


Os revolucionários contavam com a vitória do movimento no Rio de Janeiro e em Recife. Como

o fracasso do levante nesses dois centros urbanos, eles perderam a confiança, procurando

fugir. Abandonaram a capital sem nenhuma resistência. Na realidade, não tinham a menor

possibilidade de permanecer no poder por um período maior. Além das diversões internas,

qualquer resistência seria esmagada pelas forças paraibanas e pernambucanas, que

certamente seriam enviadas para o Rio Grande do Norte com o objetivo de destruir a rebelião.

Os Hidroaviões Aterrissam no
Potengi
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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A localização da Cidade do Natal fez com que seu nome ocupasse
uma posição de relevo na história da aviação mundial. Sobretudo
nos tempos iniciais ou, mais precisamente, no período
compreendido entre 1922 e 1937, que se divide em duas fases: a
dos hidroaviões e as dos aviões. Os hidroaviões desciam nas águas
do Rio Potengi e, posteriormente, os aviões pousavam num campo
em terra firme.

Os portugueses Sacadura Cabral e Gago Cointinho inauguraram a


primeira fase com o "raid" África-Natal, cobrindo uma distância de
1.890 milhas. Por causa de dificuldades, os lusitanos desceram em
Fernando de Noronha, passando por Natal e indo até Recife.

No dia 21 de dezembro de 1922, o brasileiro Euclides Pinto Martins


e o norte-americano Walter Hinton chegava a Natal, fazendo o
"Sampaio Correia II" amerissar nas águas do Rio Potengi. Estavam
realizando o "raid" Nova Iorque-Rio de Janeiro.

Após essas façanhas, a capital norte-rio-grandense passou a


receber grande número de aviadores famosos, que com suas
aventuras escreviam a história da aviação. Todos eles foram
recebidos como verdadeiros heróis.

Os natalenses acompanharam a ação dos pioneiros com muito


interesse.
Exemplo: a 24 de fevereiro de 1927, Natal recebeu com
manifestações de júbilo o marquês De Pinedo, italiano que
juntamente com Carlo Del Prete e Victale Zachetti chegaram à
cidade viajando no "Santa Maria". De Pinedo, além de percorrer as
principais ruas natalenses em carro aberto, participou de um
almoço em sua homenagem. No discurso de agradecimento, o
marquês sentenciou: "Natal será a mais extraordinária estação da
aviação mundial".

No mesmo ano, chegou ao Rio Grande do Norte a esquadrilha do


exército norte-americano - a primeira esquadrilha a baixar no Rio
Potengi - sob o comando do major Herbert Dangue e integrada
pelos hidroaviões "Santo Antonio", "São Luís" e "São Francisco".

Nessa época, a França tinha planos de abrir rotas aéreas


comerciais estabelecendo uma linha Europa-América do Sul, que
não se concretizou. Mas a partir de 1924, revela Clyde Smith
Junior, "empresas particulares assumiram a tarefa de executar
esse projeto".

A Lignes Latéroère procurou estender sua ação até o Brasil. Essa


companhia enviou Paul Vachet a Natal, num Breguet, um biplano
que foi forçado a aterrissar na praia da Redinha porque Natal não
contava ainda com um local apropriado.

O Breguet pilotado por Paul Vachet foi, portanto, o primeiro


aeroplano - ou seja, avião que pousava em terra e não nas água,
como os anteriores - a aterrissar no Rio Grande do Norte.
Iniciando, assim, uma nova fase na história da aviação em terras
potiguares.

Nasce o Aeroporto de
Parnamirim
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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Paul Vachet foi enviado a Natal pela Lignes Latécoère para
estabelecer aqui uma base dentro da rota Brasil-Dakar. E para isso
precisava de um campo de pouso.
Vachet procurou, então, um terreno apropriado para construir um
aeroporto. Segundo Câmara Cascudo, "um oficial do Exército, o
coronel Luís Tavares levava para Parnamirim o batalhão sob o seu
comando para exercícios militares. Em 1927, indicou-o como
campo de pouso para os aviões da Latércoère. Feita uma limpeza
sumária no mato ralo e nivelamento provisório, inaugurando-o, às
23h45 de 14 de outubro de 1927, o "Numgesser-et-Coli", um
monomotor Breguet-19, pilotado por Dieu Coster e Le Brix,
concluindo com êxito o roteiro Saint Louis do Senegal-Natal.

Clyde Smith Junior informa que "esse foi o primeiro vôo


transatlântico em sentido leste-oeste (...) Essa façanha marcou o
início do serviço aéreo entre Paris e Buenos Aires".

Esquadrilha Balbo e Coluna


Capitolina
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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No dia 6 de janeiro de 1931, chegava a Natal a esquadrilha da
força aérea italiana, comandada pelo general Ítalo Balbo.
Composta inicialmente por doze aviões, apenas dez conseguiram
atingir Natal.

Poucos dias antes, ou seja, em 1º de janeiro do mesmo ano, o


navio italiano "Lanzeroto Malocell", sob o comando do capitão-de-
fragata Carlos Alberto Coraggio, trazia a Coluna Capitolina, doada
pelo chefe do governo italiano, Benito Mussolini. A peça havia sido
encontrada nas ruínas de Roma e foi oferecida ao povo natalense
para comemorar o "raid" Roma-Natal, realizado pelos aviadores Del
Prete e Ferrarin.

Nessa data, governava o Rio Grande do Norte o interventor federal


Irineu Joffily. Participaram da comissão de recepção o prefeito
Dias Guimarães e João Café Filho.

Em uma das faces da Coluna Capitolina há uma mensagem em


italiano que foi traduzida para o português no livro "Aspectos
Geopolíticos e Antropológicos da História do Rio Grande do Norte",
de Tarcísio Medeiros: "Trazida de uma só lance sobre asas velozes
além de toda distância tentada por Carlos Del Prete e Arturo
Ferrerin, a Itália aqui chegou a 5 de julho de 1928. O oceano não
mais divide e sim une as agentes latinas de Itália e Brasil".

A Viagem Inédita de Jean


Mermoz
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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Um dos aviadores que marcou presença em Natal durante essa
época foi o francês Jean Mermoz.

No dia 13 de maio de 1930, Jean Mermoz realizou a sua primeira


travessia. Partindo de São Luís do Senegal, chegou a Natal
vencendo uma distância de 3.100 quilômetros.

Passou alguns dias na capital potiguar planejando uma viagem de


regresso, o que seria um fato inédito.

O aviador francês voltou a Natal em abril do ano de 1933,


pensando ainda em realizar o seu sonho: a viagem Natal-Dakar. Fez
muitas amizades no Rio Grande do Norte. Um de seus amigos,
Eudes de Carvalho, revelou que o francês "adquiriu, com o tempo,
apego à terra e à gente potiguar e previu o futuro de Parnamirim
como base aérea de destaque mundial".

Jean Mermoz, finalmente, conseguiu concretizar sua antiga


aspiração. Partindo de Natal num trimotor, o "Arc-en-Ciel", pousou
em Dakar, sendo o primeiro a realizar tal façanha.

O piloto francês participou de outras atividades em ação militar,


recebendo as medalhas "Cruz da Guerra' e "Levante".

Tarcísio Medeiros narra outro feito de Mermoz: "bateu, entre 11 e


12 de abril de 1930, o "record" mundial de permanência no ar, em
circuito fechado, cobrindo 4.343 quilômetros em 30 horas e 30
minutos, em Laté-28 com flutuadores, no qual voou para Natal".

Jean Mermoz desapareceu nas águas do Oceano Atlântico a bordo


do seu "Croix-de Sud", em dezembro de 1936.
Concorrência Européia nos Céus
Natalenses
Publicação: 05 de Maio de 2009 às 00:00
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Depois da França, a Aleamha entrou em cena. A Lufthansa
estendeu sua ação comercial até Natal durante 1933. No outro
ano, informa Clyde Smith Junior, "as linhas aéras francesas e
alemãs entraram em um acordo que exercia uma cooperação
técnica e uma cidisão de itinerário. Em torno de 1937, elas
concordaram em associar suas receitas relativas ao trecho África-
Natal e, em 1939, a Air France (antiga Lignes Latécoère) e a
Condor (Lufthansa) tornaram seus bilhetes permutáveis na África
do Sul".

A Itália também esteve presente em Natal através da Linee Aeree


Transcontinentali Italiane - Ala Litoria (LATI). A empresa foi
organizada pelo governo italiano e, posteriormente, foi acusada
pelos adversários, durante a guerra, de estar a serviço das "Tropas
do Eixo".

A Inglaterra e os Estados Unidos não participaram desse esforço


inicial, em rotas que envolveram Natal no processo de
desenvolvimento da aviação.

Somente durante o início da Segunda Guerra Mundial é que a


companhia norte-americana Pan American manteve uma rota que
passava por Natal.

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