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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

PASTEJO DIFERIDO
Manoel Eduardo Rozalino Santos
Professor Adjunto - Faculdade de Medicina Veterinária.
Universidade Federal de Uberlândia
E-mail: manoel.rozalino@ufu.br

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Introdução

DIFERIMENTO DO USO DE PASTAGENS


Introdução

Diferimento  pastejo diferido


pastejo protelado
“vedação” da pastagem
“produção de feno em pé”

Consiste em selecionar determinadas áreas da propriedade


e excluí-las do pastejo, geralmente no fim do verão e, ou,
no outono, garantindo produção de forragem para ser
pastejada durante o período de escassez.
Concepções sobre o diferimento de pastagens

PRINCIPAL VANTAGEM:

Garantir quantidade de forragem para o período de escassez

Evitar perda de peso dos animais

SIMPLES

BAIXO CUSTO
Introdução

Diferimento da pastagem no sistema de produção

Área - intensiva

DIFERIMENTO
DA
PASTAGEM

Área + intensiva
Introdução

Pasto
diferido

Elevada massa Pior valor Estrutura


de forragem nutritivo inadequada ao
consumo animal

MACEGA
Esse conceito não deve ser generalizado!

Ações de manejo no pastejo diferido têm efeito


preponderante sobre as características do pasto.
OBJETIVO
 Elencar as possíveis ações de manejo
que podem ser adotadas para otimizar a
produção animal em pastagens diferidas.
Ações de manejo em pastagens diferidas

ESCOLHA DA
FORRAGEIRA
Ações de manejo em pastagens diferidas

 Escolha da espécie forrageira

Menor Colmo
altura delgado

Características
Reduzido desejáveis em Alta relação
florescimento forrageiras para folha/colmo
durante o diferimento uso diferido

Menor redução no Boa produção de


valor nutritivo com forragem no outono
o crescimento
Ações de manejo em pastagens diferidas

 Escolha da espécie forrageira

B. decumbens B. Brizantha cv. Marandu Gênero Cynodon

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Ações de manejo em pastagens diferidas

 Escolha da espécie forrageira

O experimento realizado na UFU para


avaliar, SOB CORTE, cultivares de
Brachiaria brizantha:
MARANDU
XARAÉS
PIATÃ
PAIGUÁS

De janeiro a junho de 2017

Período de diferimento: 15/03/2017 a 15/06/2017 (90 dias)

Aplicação de 50 kg/ha de N em JAN + 50 kg/ha de N em FEV


Ações de manejo em pastagens diferidas

 Escolha da espécie forrageira

Produção de forragem de cultivares de Brachiaria brizantha durante o período de


diferimento.

Fonte: Santos (2018).


Ações de manejo em pastagens diferidas

 Escolha da espécie forrageira

Percentagem de perfilhos vegetativos e reprodutivos em dosséis de cultivares de


Brachiaria brizantha ao término do período de diferimento.

Fonte: Santos (2018).


Ações de manejo em pastagens diferidas

ALTURA DO PASTO NO
INÍCIO DO
DIFERIMENTO
Ações de manejo em pastagens diferidas

 Altura do pasto

Recomendação: pastejo intenso antes do período de diferimento


categorias animais de menor exigência
curto período

Objetivos :
Remoção de Melhoria da Obtenção de pasto
forragem velha e rebrotação diferido de melhor
morta subsequente qualidade

MELHORIA DO DESEMPENHO ANIMAL


Ações de manejo em pastagens diferidas

 Altura do pasto

O experimento foi realizado em Viçosa, MG, para determinar a altura


adequada do pasto de capim-braquiária no início do período de diferimento

De janeiro a setembro de 2009

Na UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Início do diferimento (meado de abril): 10 cm


20 cm
30 cm
40 cm

No início do diferimento: aplicação de 70 kg/ha de N.

Todos os piquetes ficaram diferidos por 75 dias (até início de julho).


Ações de manejo em pastagens diferidas

 Altura do pasto

Animais recebendo, em média, 320 g/animal.dia de concentrado; Fonte: Gomes (2012).


Desempenho de novilhos mestiços (200 kg) em pastos diferidos de B.
decumbens cv. Basilisk durante o inverno (3,0 UA/ha), em função da altura
inicial dos pastos (A) diferidos.
Ações de manejo em pastagens diferidas

 Altura do pasto
O experimento realizado na UFU para avaliar a altura do pasto de capim-marandu no
início do período de diferimento

De janeiro a setembro de 2013

Início do diferimento (início de abril): 15 cm


25 cm
35 cm
45 cm

No início do diferimento: aplicação de 70 kg/ha de N.

Piquetes diferidos por 79 dias (até 21/06/2013).

Período de pastejo: 90 dias (22/06/2013 a 20/09/2013).

Lotação contínua, com ovinos (26 kg) e TL inicial de 2,8UA/ha

Sal mineral a vontade


Ações de manejo em pastagens diferidas

 Altura do pasto

Composição morfológica (%) da massa de forragem ao término do período de


diferimento do capim-marandu com quatro alturas médias.

Fonte: Fernandes (2015).


Ações de manejo em pastagens diferidas

 Altura do pasto

Desempenho individual (A) e produção por unidade de área (B) de ovinos durante o
inverno em pastagens com capim-marandu com quatro alturas no início do período
de diferimento.

Fonte: Afonso et al. (2018).


Ações de manejo em pastagens diferidas

 Altura do pasto

Como realizar o rebaixamento do pasto?

 Imediatamente antes do período de diferimento

Pasto alto por alguns Pasto rebaixado no


meses antes do período início do período de
de diferimento diferimento

 Manutenção do pasto baixo com antecedência de alguns meses

Pasto baixo por alguns meses antes do período


de diferimento
Ações de manejo em pastagens diferidas

 Altura do pasto

O experimento realizado na UFU para avaliar estratégias de rebaixamento do pasto de


capim-marandu no início do período de diferimento

De janeiro a junho de 2018

Início do diferimento (15 de março): 15/15 cm


25/15 cm
35/18 cm

No início do diferimento: aplicação de 70 kg/ha de N.

Todos os piquetes ficaram diferidos por 79 dias (até 21/06/2013).


Ações de manejo em pastagens diferidas

 Altura do pasto

Produção de forragem em pastos de capim-marandu submetidos à estratégias de


rebaixamento antes do período de diferimento.

Fonte: Rocha (dados não publicados).


Ações de manejo em pastagens diferidas

 Altura do pasto

Composição morfológica no fim do diferimento de pastos de capim-marandu


submetidos à estratégias de rebaixamento antes do diferimento.
Ações de manejo em pastagens diferidas

DURAÇÃO DO
PERÍODO
DE DIFERIMENTO
Ações de manejo em pastagens diferidas

 Período de diferimento

Época de escassez de
CLIMA pasto na propriedade

Data inicial Data final

PERÍODO DE DIFERIMENTO

Influencia: valor nutritivo da forragem diferida


produção de forragem
perdas durante o pastejo
estrutura do pasto diferido
Ações de manejo em pastagens diferidas
 Período de diferimento

Região de Uberlândia, recomenda-se o diferimento da pastagem no


período de fevereiro a março e sua utilização entre junho e setembro.
Ações de manejo em pastagens diferidas
 Período de diferimento

NECESSIDADE DE CONHECER O CLIMA DA REGIÃO

O início do diferimento deve ocorrer com 30-40 dias antes do


fator climático mais limitante à planta forrageira
Martha Jr et al. (2003).

Temperatura Déficit hídrico


(<15-17°C) (BHM < 5 mm)
Manejo do pastejo diferido

O período de diferimento deve ser fundamentado no


conhecimento da rebrotação da forrageira

Condição de
pré-pastejo
Massa de forragem

Folha
(kg/ha de MS)

Colmo

Material
senescente

95
Interceptação de luz pelo dossel (%)
Filosofia de utilização do pasto sob lotação intermitente de acordo com a
dinâmica do acúmulo de forragem no pasto durante sua rebrotação
Manejo do pastejo diferido

Em condições de pastagens diferidas, esse


critério de manejo pode ser empregado?

NÃO

Em pastagem diferida, um dos objetivos é a obtenção de


maior massa de forragem ao término do período de
diferimento.
Manejo do pastejo diferido

Porém não é recomendável prolongar demais o


período de diferimento
Condição de
pré-pastejo
Massa de forragem

Folha
(kg/ha de MS)

Colmo

Material
senescente

95
Interceptação de luz pelo dossel (%)

Filosofia de utilização do pasto diferido de acordo com a dinâmica do


acúmulo de forragem no pasto durante sua rebrotação.
Manejo do pastejo diferido

O experimento foi realizado para determinar o período de diferimento


adequado para o pasto de capim-braquiária em Viçosa

De janeiro a setembro de 2005

Na UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Início do diferimento: Janeiro 160 dias


Fevereiro 130 dias
Março 100 dias
Abril 70 dias
No início do diferimento: pasto a 20 cm e aplicação de 70 kg/ha de N.

Todos os piquetes ficaram diferidos até julho de 2005.

Animais receberam concentrado (600 g/an.dia)

Avaliou-se: pasto + animais


Manejo do pastejo diferido

73 dias
163 dias
131 dias
103 dias
163 dias

73 dias 131 dias 103 dias

Foto da área experimental na primeira semana de utilização dos pastos diferidos


(julho/2005).
Manejo do pastejo diferido

Produção e composição morfológica da forragem em pastagens diferidas.

Época de Diferimento (dia)


Característica
Abril Março Fevereiro Janeiro

Massa de forragem
6.345 7.058 8.307 11.811
(kg/ha e MS)

Folha verde (%) 33 32 16 15

Talo seco (%) 5 6 13 23

Proteína (%) 8,74 5,63 5,84 4,72


Adaptado de Santos et al. (2009).
Manejo do pastejo diferido

Pasto diferido por 73 dias


Pasto diferido por 163 dias
Manejo do pastejo diferido

Pasto diferido por 163 dias


Manejo do pastejo diferido

Pasto diferido por 73 dias


Manejo do pastejo diferido

Ganho de peso diário de novilhos em pastagens sob diferentes períodos de diferimento


(D); * Significativo pelo teste t (P<0,05). Adaptado de Santos et al. (2009b).
Ações de manejo em pastagens diferidas

ADUBAÇÃO
NITROGENADA
Ações de manejo em pastagens diferidas

 Adubação nitrogenada

Objetivos:

Aumentar a produção no período de seca.

Variar o período de diferimento ou a altura inicial do pasto, sem


diminuir a produção de forragem.

≠s Períodos de
“Mesma” forragem
Diferimento

≠s Doses de N
Ações de manejo em pastagens diferidas
 Adubação nitrogenada
Época de utilização
da pastagem diferida
Produção
de
forragem

JAN FEV MAR ABR JUL


Meses
Possíveis épocas de início do
diferimento da pastagem
Ações de manejo em pastagens diferidas

SUPLEMENTAÇÃO DO
PASTO DIFERIDO
Ações de manejo em pastagens diferidas

Em geral, o pasto diferido tem pior qualidade

Uso de animais com menor exigência nutricional

Entretanto:

+ =

Pasto diferido Suplemento Alto desempenho


animal
Ações de manejo em pastagens diferidas

 Fornecimento de concentrado aos animais

Desempenho de bovinos submetidos a diferentes estratégias


nutricionais durante a época de seca

GMD= ganho médio diário; Peso corporal inicial; avaliação= 150 dias.

Fonte: Adaptado de Fernandes et al. (2018)

DEPENDEM DO MANEJO DA PASTAGEM DIFERIDA


Ações de manejo em pastagens diferidas

Ajuste na taxa de
lotação

ÁREA DIFERIDA
Ajuste na taxa de lotação – área diferida:

Taxa de lotação na pastagem diferida ?

TL = (MF x EP)/ (C x PC x TU)

em que:

TL = taxa de lotação (animal/ha);


MF = massa de forragem na pastagem (kg/ha MS);
EP = eficiência de pastejo (em número decimal);
C = consumo diário por animal (% do peso corporal do animal);
PC = peso corporal do animal (kg);
TU = tempo de uso do pasto diferido na época de seca (dia).
Ajuste na taxa de lotação – área diferida:

Comum o acúmulo de 3000 a 5000 kg/ha de MS no período de diferimento

Eficiência de pastejo em pastagens diferidas  ???

Eficiência de pastejo em pastagens diferidas:

Euclides et al. (2007)  50 %

Aguiar (2012)  25 %

Machado e Kichel (2004)  50 %


Massa de forragem total: animais de menor exigência nutricional
(vacas de cria)

Massa de folhas: animais de maior exigência nutricional


(animais em recria e engorda)
Ajuste na taxa de lotação – área diferida:

Exemplo: Pasto diferido de B. decumbens, com 6000 kg/ha de MS no início da seca

Oferta diária de forragem = 4% do peso corporal

Consumo de pasto = 2% do peso corporal

Peso corporal = 450 kg

Tempo de utilização do pasto = 150 dias

Eficiência de pastejo = 2/4 x 100 = 50%

TL = (6000 x 0,5)/ (450 x 0,02 x 150) = 3000/1350 = 2,22 animais/ha

Em 25 ha  2,22 x 25 = 56 animais na pastagem


Ações de manejo em pastagens diferidas

Área de pastagem
a ser diferida
Ações de manejo em pastagens diferidas

Em geral  30 a 40 %

Fonte: Martha Junior et al. (2003).

Exemplo: - TL na fazenda = 1,0 UA/ha;


- TL na área não diferida, durante a época de seca = 0,5 UA/ha;
- TL na área diferida, durante a época de seca = 1,5 UA/ha;

Área = (1,0 – 0,5)/(1,5 - 0,5) = 0,5/1,0 = 50%

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