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Aula 7 05-01

John Rawls – Continuação)


O argumento da posição original e a regra maximin
O argumento da posição original
Rawls, depois de formular os princípios da justiça, podia ficar por aí, mas nã o se contenta com isso.
A posiçã o original é uma posiçã o ideal de escolha para os princípios da justiça. Quando escolhemos
os princípios da justiça, temos de decidir o que é que é melhor… quando se decide, tendemos a faze-
lo de acordo com as nossas circunstâ ncias e da nossa experiência, de acordo com os nossos
interesses. Logo, Rawls propõ e uma posiçã o inicial de escolha mais favorecida, que é meramente
hipotética (é um contra factual) e que vai garantir que a escolha dos princípios da justiça seja
guiada pela imparcialidade e pela racionalidade e nã o pelos nossos interesses ou a nossa
experiencia empírica – a posiçã o original. Esta ideia é inspirada pelo contratualismo clá ssico ou
moderno.
Descrever a posição original:

 Cada elemento imaginá rio que colocamos na posiçã o original é como se fosse o nosso
representante

 A estes representantes Rawls chama partes – a elas atribuem-se características:

 Sã o todas iguais e racionais (racionalidade meios-fins)

 Sã o mutuamente indiferentes (estã o preocupadas com o seu bem) – é uma forma de


criar motivaçã o para as partes atingirem os seus interesses

 As partes estã o colocadas sob um espesso véu de ignorância – diz-nos que as partes estã o
submetidas a uma limitaçã o à informaçã o a que têm acesso que faz com que elas
desconheçam as características da pessoa que representam. Também nã o conhecem as
características específicas da sociedade em geral. O véu de ignorâ ncia garante a
imparcialidade.

 As partes vã o ter de escolher uma lista de alternativas: aqui podemos colocar tudo o que
quisermos. Rawls, coloca sobretudo como alternativa a a) Os dois princípios da justiça em
ordem lexical, o b) Princípio de utilidade, c)…, d)….

 O que é o princípio de utilidade? É um princípio que vamos buscar a histó ria da filosofia
politica, principalmente do séc. XIX, que significa maximizar o bem-estar. A sua origem
histó rica é da Escola Utilitarista, e.g., Jeremy Bentham, John Stuart Mill … até aos nossos dias
… Peter Singer.
 Caracterizaçã o do Princípio de Utilidade:

 Welfarismo: É uma conceçã o centrada no bem-estar. O que é o bem-estar? Duas


conceçõ es - Conceçã o hedonista: para os utilitaristas clá ssicos, o bem-estar consiste
no prazer e ausência de dor; Conceçã o da satisfaçã o das preferências racionais
informadas: as preferências é algo que pode ser dito e é mais objetivo, devem ser
racionais e informadas e devem ter em conta também a preferência dos outros.

 Maximizante: A exigência de maximizaçã o é algo que está presente neste princípio.


Devemos escolher aquilo que cria o maior bem-estar a longo prazo.

 Agregativo: Tem que agregar as utilidades positivas e as utilidades negativas. Para


cada decisã o, temos de agregar as utilidades que resultariam dessa decisã o. O
problema é que as minorias costumam ser sacrificado para atingir o bem-estar
geral.

 Consequencialista: As intençõ es nã o importam, só interessam as consequências da


nossa açã o.

 O princípio de utilidade deve guiar toda a ação política e legislativa

 Não há restrições absolutas (como por ex. direitos ou princípios gerais) para a
maximizaçã o do bem-estar.
As partes devem ser guiadas por uma determinada regra que as vai ajudar a decidir. Rawls vai
buscar esta regra à teoria – a regra maximin (deve-se maximizar o mínimo que se pode obter) –
é uma regra para decisã o em condiçõ es de incerteza. É racional utilizar a regra maximin na posiçã o
original, pois esta é uma condiçã o de incerteza devido ao véu de ignorâ ncia.
Condiçõ es que acompanham a regra maximin:

 As partes têm aversã o ao risco.

 As partes nã o têm conhecimentos e probabilidades.

 As partes querem garantir a exclusã o de situaçõ es inaceitá veis (ex. escravatura)

Exemplo 1:
Sociedade 1: classe a) 1000 classe b) 350 classe c) 300 → É a opçã o que escolheríamos
intuitivamente
Sociedade 2: classe a) 500 classe b) 400 classe c) 351 → É a melhor opçã o segundo a regra
maximin porque é onde a classe c) está melhor
Sociedade 3: classe a) 100 classe b) 80 classe c) 50
*Lista de alternativas: a) os dois princípios da justiça em ordem lexical b) princípio da utilidade
O princípio da utilidade nã o estabelece mínimos nenhuns. Comparativamente, os dois princípios da
justiça garante mínimos muitos elevados de bens sociais primários. → A escolha feita na
posiçã o original é, entã o, os dois princípios da justiça em ordem lexical como o melhor guia para a
organizaçã o da sociedade.
Os princípios escolhidos na posiçã o original em comparaçã o com outros princípios sã o chamados
“princípios da justiça como equidade”.
Argumento do respeito próprio: Uma sociedade organizada de acordo com a justiça também e
psicologicamente melhor e mais está vel do que uma sociedade utilitarista. Finalmente, uma
sociedade da justiça é também mais geradora do respeito pró prio do que uma sociedade utilitarista.
Numa sociedade utilitarista, as minorias que fossem prejudicadas tenderiam a sentir-se
inferiorizadas porque a maioria as vê como inferiores.
O que fazer quando saímos da posiçã o original?

 Aplicar os princípios da justiça como equidade à estrutura básica, à s instituiçõ es.

 Uma sociedade justa se as suas instituiçõ es, desde a constituiçã o aos enquadramentos
legais, socioeconó micos e fiscais, efetivamente realizem os princípios da justiça.

Ler a secçã o 1, 3 e 7 da cena de Rawls que o professor pô s no blackboard

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