Generalidades sobre o Serviço de Quarto

CAPÍTULO II

GENERALIDADES SOBRE O SERVIÇO DE QUARTO

PREPARAÇÃO

Quanto mais detalhadamente o oficial se preparar para

assumir o quarto, mais eficiente ele será no cumprimento de seus
deveres durante o serviço. A autoridade do Oficial de Quarto só é
comparável, à sua responsabilidade.
Seja um oficial recém embarcado em sua primeira comissão a
bordo, seja um outro, mais antigo, comissionado em um navio de
classe não familiar, é elevada a exigência para rapidamente se inteirar
e aprender tudo sobre o navio, sua organização e sua tripulação. Para
obter essas informações, no tempo requerido, o oficial conta com o
auxílio de algumas fontes de consulta. Ademais, todo oficial que
concorre à escala de serviço deverá estar familiarizado com os
documentos que estabelecem e regulamentam o serviço a bordo
(Ordenança Geral para o Serviço da Armada, Organização
Administrativa, Organização de Combate e coletânea de Ordens
Internas), onde estão detalhados, dentre outros aspectos, os deveres
de todos os integrantes do quarto de serviço, que ele deve conhecer,
pois uma de suas obrigações como Oficial de Quarto é avaliar o
desempenho de cada um deles.
Embora a organização do Controle de Avarias (CAV) de um
navio de guerra seja bastante complexa, as suas informações básicas,
tais como a localização dos armários que guardam o material de
CAV, a quantidade e a composição das peças de reparo e os
equipamentos e componentes essenciais da rede de combate a
incêndio devem ser conhecidos o mais cedo possível.
As atuais operações navais exigem que o oficial de serviço
esteja familiarizado com um amplo espectro de situações que podem
ocorrer durante seu turno. O Oficial de Quarto ou Avaliador que se
achar pronto para assumir o serviço tendo dado apenas uma rápida

2-1
 Generalidades sobre o Serviço de Quarto Generalidades sobre o Serviço de Quarto

verificada no que está acontecendo estará sendo, no mínimo, 36. como usar os sinais visuais de reconhecimento;
imprudente. Uma boa preparação requer muito mais que isso. Ordens, 37. possibilidades e limitações do CIC/ COC;
mensagens de exercício, conceitos de operações e missões devem ser 38. como usar o CIC/ COC;
estudados minuciosamente, muito antes de as informações contidas 39. como usar a repetidora radar no Passadiço;
nesses documentos serem exigidas, e não depreendidas de relance, 40. quais os circuitos rádio normalmente usados;
em um canto escuro do passadiço, em meio a uma noite tormentosa. 41. qual o indicativo de chamada do navio, e dos outros
Em essência, a preparação para se assumir um quarto de serviço deve navios da FT;
começar antes que o navio suspenda. O Oficial de Quarto deve 42. natureza e circuitos principais de comunicações
participar ativamente dos “briefings” preliminares às operações, e interiores; e
estar familiarizado com as ordens permanentes do Comandante. A 43. organização do CAv.
situação iminente deve ser entendida e repassada antes de assumir o
quarto e o melhor local para se proceder a isto é o CIC/COC, onde a
disposição da formatura, a situação tática e os planos de comunicação
estão disponibilizados. Todavia, não é só ao CIC/COC que o oficial
deve dirigir-se antes de render o quarto; dependendo da classe do
navio, uma visita ao CCM será de grande utilidade, na medida em
que poderão ser obtidas informações sobre a propulsão, CAv e
energia, como também sobre a manutenção e reparos que estão em
andamento ou sendo planejados. Uma ida à asa do passadiço pode
permitir uma boa previsão do tempo, como também indicar aos
marinheiros que aquele oficial está preparado para assumir o próximo
quarto.
O oficial precisa estar fisicamente preparado, sereno e bem
descansado antes de assumir o quarto. Deverá estar vestido de acordo
com o clima, e carregar consigo seu próprio equipamento (lanterna
com filtro vermelho, agenda, etc.), pois estes não devem ser tomados,
por empréstimo, do oficial que está sendo rendido. Em um quarto
noturno, deve-se permitir, ao menos, o lapso de uns vinte minutos
para se acostumar com a escuridão. O mais importante é estar
psicologicamente preparado, pois nas quatro horas que se seguirão, a
mente do Oficial de Quarto não deverá se desviar para nada que não
seja o seu serviço. Em meio ao rápido desenvolvimento de uma
situação tática, bastam alguns segundos de desatenção para que o

2-2 2-19
 Generalidades sobre o Serviço de Quarto
16. alarmes a serem soados e procedimentos a serem
seguidos em caso de incêndio, salvamento, colisão e
homem ao mar;
17. alarmes e procedimentos a serem seguidos em caso de
Postos de Combate;
18. localização e capacidade das lanchas, balsas, etc;
19. como soltar as balsas;
20. como largar o ferro, coçar a amarra e operar com o
cabrestante;
21. como arriar e içar uma lancha;
22. Precauções de Segurança nas fainas de óleo, no
manuseio de munição, no trabalho do costado, em
compartimentos fechados, e com máquinas ferramentas;
23. postos a serem guarnecidos no Detalhe Especial para o
Mar;
24. procedimento a ser seguido em caso de fora do leme;
25. como governar o navio de outras estações de governo,
com energia ou sem ela;
26. como detectar um erro da giro;
27. como saber se o navio está “garrando” e que providência
deve tomar;
28. como verificar a amarração;
29. como instruir o patrão da lancha em manobrá-la em mau
tempo;
30. equipamentos existentes nas lanchas e balsas;
31. quais os preparativos necessários para receber um navio
a contrabordo;
32. quais os preparativos necessários para fainas de
passagem de carga leve, óleo, etc;
33. precauções a serem tomadas quando entrar ou sair de um
porto;
34. quais as publicações que devem estar no Passadiço e no
CIC/ COC;
35. precauções com publicações sigilosas;
2-18
Generalidades sobre o Serviço de Quarto
Oficial de Quarto se confunda, e isso, às vezes, é suficiente para
trazer conseqüências desastrosas.
Durante o serviço, nada lhe deve passar desapercebido, nem
a bordo, nem nas proximidades. O fechamento de uma porta-
estanque cobertas abaixo, o recebimento de mensagens, os sinais de
bandeiras e holofotes, a cobertura do armamento, a manutenção do
navio no posto quando em formatura e navegando às escuras e a
propulsão são, entre outras, ocorrências do interesse do Oficial de
Quarto.
RENDIÇÃO DO QUARTO
A rendição de um quarto não deve ser levada a termo até que
aquele que está entrando de serviço esteja perfeitamente a par de toda
a situação, pois este é um período crítico, uma vez que todo o pessoal
de serviço está sendo rendido ao mesmo tempo. O mesmo estará
também ocorrendo em todos os navios da formatura.
É prática usual e bastante aceita que o Oficial de Quarto que
assume o serviço se apresente no passadiço ao menos quinze minutos
antes da hora de rendição do quarto; entretanto, as modernas
operações no mar vêm cada vez mais exigindo que, entre os dois
oficiais (o que rende e o que é rendido), haja, durante a passagem de
serviço, uma troca de informações de tal ordem que os tradicionais
quinze minutos acabam por se tornarem insuficientes. A menos que o
oficial que entra de serviço esteja preparado, qualquer nível de
informação que o oficial que está sendo rendido lhe transmita nesse
curto período de tempo não lhe fará muito sentido, e isso,
invariavelmente, o levará ao incômodo impasse de ou ter de
perguntar tudo a todo o instante ou, o que é pior, assumir o quarto
sem o domínio da situação corrente e ter de se preocupar, por todo o
resto de seu transcurso, a tentar entender a situação.
Não obstante o excelente preparo para assumir o quarto, a
troca de informações com o oficial que lhe passa o serviço é de
fundamental importância, na medida em que, ao primeiro, representa
2-3
 Generalidades sobre o Serviço de Quarto
a última chance de clarear tudo aquilo que lhe pareça vago ou
confuso, e, ao segundo, a oportunidade de transmitir toda a sorte de
informações de caráter geral necessárias à condução do serviço.
A passagem de serviço deve se processar de maneira formal
e profissional. O oficial que está sendo rendido deve descrever a
situação operativa, certificando-se de incluir em seu relato todos os
fatos inerentes aos demais navios em formatura e aos outros contatos.
Ele deve também discorrer sobre todos os eventos programados para
o próximo quarto, como também descrever a situação das máquinas e
da propulsão, enfatizando quaisquer eventuais limitações.
Durante a passagem de serviço, o oficial que assume tem a
oportunidade de observar o que ocorre à sua volta, tanto a bordo
como no ambiente externo ao navio. No momento em que ele julgar
que entendeu perfeitamente a situação, fez todas as perguntas
necessárias e assimilou tudo o que o oficial que passa lhe transmitiu,
é seu dever informar a rendição ao quarto de serviço. O oficial que
passa, por sua vez, deve participar ao Comandante que o quarto foi
rendido. Devemos sempre lembrar que não existe serviço mal
passado e sim mal recebido.
RECUSA A ASSUMIR O SERVIÇO
Alguns oficiais modernos acham que serão tidos como
inseguros no caso de se recusarem a assumir o quarto. No entanto,
será dever de um oficial proceder dessa forma se, por exemplo, o
navio encontrar-se fora de posição na formatura, ou a situação do
quarto tenha-se tornado confusa, com embarcações à matroca ou sem
combustível. Um navio pode estar fora de posição por motivo
justificável, mas deve ser conduzido de volta a ela logo que possível,
quando então será o momento apropriado à rendição do serviço.
É recomendável que se proceda à abordagem dessa questão
com cuidado. Há um ditado que diz: “Assuma rápido, transmita
devagar.”. No entanto, a reputação de ser detalhista ao assumir o
quarto deve ser considerada como um hábito a se adquirir, pois isto
2-4
Generalidades sobre o Serviço de Quarto
6. adestre o Contramestre em aspectos de navegação, como
também a praça HN sobre comunicações táticas.
LISTA DE DETALHES QUE UM OFICIAL RECÉM-
EMBARCADO DEVE SABER
A seguir, ampliamos as informações que um Oficial recém-
embarcado deve obter sobre seu navio:
1. comprimento, boca, calado e deslocamento;
2. características estruturais gerais, particularmente com
relação à compartimentação estanque;
3. altura do olho do observador no passadiço e a distância
ao horizonte correspondente;
4. capacidade de combustível; distâncias capazes de serem
navegadas à alta velocidade e em velocidade de cruzeiro;
5. velocidade com diferentes combinações de motores;
6. tempo para guarnecer e acionar os motores;
7. Características gerais de aceleração e desaceleração;
8. tipo, capacidade e limitações do armamento de bordo;
9. consumo diário de água, no porto e em viagem;
capacidade de produção do grupo destilatório ou de
outros sistemas de produção de água potável;
10. número de graus da guinada padrão e a todo o leme;
11. diâmetro tático com a guinada padrão e com todo o
leme;
12. como girar o navio no menor tempo possível e no menor
espaço;
13. localização dos equipamentos de controle do navio no
passadiço; suas características gerais;
14. onde ficam e quais as facilidades existentes em outras
estações de governo;
15. localização e uso de todos os equipamentos no passadiço
e tijupá;
2-17
 Generalidades sobre o Serviço de Quarto
particularmente o Comandante, estão sempre muito interessados no
tempo.
Uma visita ao COC/CIC antes de entrar de Serviço dará um
quadro da situação tática.
Nos quartos noturnos, o Livro de Ordens do Comandante é da
máxima importância. Deve ser lido cuidadosamente e rubricado pelo
Avaliador e Oficial de Quarto.
ADESTRAMENTO DO QUARTO DE SERVIÇO
O bom oficial sempre dispensa especial cuidado ao
adestramento de sua equipe, particularmente no decorrer daqueles
quartos que se arrastam de forma monótona, quando se torna
importante manter o pessoal de serviço ocupado e interessado em
tudo o que ocorre no passadiço. Para tanto, aqui vão algumas
sugestões:
1. promova uma competição entre o passadiço e o CIC/COC,
no intuito de solucionar problemas, tais como: rosa de
manobras, respostas a perguntas extraídas de publicações,
procedimentos de comunicações, sinais táticos, dentre
outros;
2. institua um questionário de perguntas e respostas a ser
conduzido entre o pessoal de serviço no passadiço,
abrangendo procedimentos a serem observados em
variadas situações e a localização e o manuseio dos
sistemas e equipamentos disponíveis;
3. discorra sobre as características dos vários alvos aéreos e
de superfície componentes do teatro de operações;
4. promova uma preleção do oficial maquinista sobre
controle de avarias e, caso seja possível, exercícios de
CAv;
5. convoque um tripulante qualquer para demonstrar
procedimentos de primeiros-socorros; e
2-16
Generalidades sobre o Serviço de Quarto
fará com que o oficial que passa se sinta seguro, pronto para
transmitir o serviço sem deixar, para o que lhe sucede, situações não
resolvidas. O oficial que assume deve sempre ter em mente que, a
partir do momento que ele diz “Atenção passadiço, manobra
comigo!”, a total responsabilidade por tudo o que ocorrer durante o
quarto será exclusivamente dele. Se aparecerem impasses, ele não
poderá atribuir sua ocorrência ao oficial que lhe passou o quarto.
Em geral, portanto, é melhor não render o quarto em meio a
um cenário de operações complexas. O mais aconselhável, nesses
casos, é aguardar à parte, observando o desenrolar da situação, e,
quando surgir o momento adequado, apresentar-se para fazê-lo.
RESPONSABILIDADES DA LIDERANÇA
Complementarmente às responsabilidades pela operação do
navio, o Oficial de Quarto exerce importante papel como líder de
todo o pessoal de serviço. Por mais preparado e competente que seja,
ele não pode esperar um bom desempenho de suas funções sem ter o
efetivo controle e ascendência sobre sua equipe, a qual, na maioria
das vezes, será composta de alguns profissionais experientes,
plenamente qualificados, e de outros nem tanto, por estarem ainda em
treinamento ou até mesmo dando serviço pela primeira vez. Assim, o
desempenho de cada um ocorrerá em medida diretamente
proporcional à liderança demonstrada por quem lhes comandar, cujo
comportamento, consciente ou inconscientemente, lhes servirá de
orientação. O Oficial de Quarto é o centro das ações e a pessoa de
maior destaque na equipe; portanto, suas maneiras e atitudes devem
transparecer seriedade, concentração e autodisciplina. Ele deve
insistir no ponto em que os oficiais, durante o seu quarto,
inspecionem, avaliem e treinem continuamente seus subordinados,
como também não hesitar em dispensar qualquer membro do quarto
de serviço que demonstre incompetência ou falta de preparo para
exercer suas atribuições.
2-5
 Generalidades sobre o Serviço de Quarto Generalidades sobre o Serviço de Quarto

A alta rotatividade de pessoal, que é característica da maior manter o posto, bem como o ângulo de leme que deve ser
parte dos navios, deve incutir no Oficial de Quarto a certeza de que o ordenado;
adestramento do pessoal recém-embarcado é tarefa a ser encarada de 10. caso em vigor a Doutrina CWC, quem são os AB, AE,
forma prioritária e contínua. Ademais, dependendo de orientações do AW, AX e AN;
Comando, ele pode ser autorizado a avaliar e atestar aspectos 11. dados de reconhecimento de amigo ou inimigo;
inerentes ao nível de qualificação profissional de oficiais mais 12. circuitos táticos em operação e quem os controla (CIC/
modernos. O treinamento do pessoal de serviço não somente acarreta COC ou passadiço), os indicativos de chamada do OCT,
melhoras no estado de prontidão do navio, mas também no moral e do nosso navio, dos navios da formatura e da cobertura;
no entusiasmo da equipe. O oficial que demonstra real interesse em 13. radares e circuitos inoperantes; e
incrementar as habilidades de seus subordinados quase sempre obtém 14. disponibilidade do Sistema de Armas.
respostas satisfatórias, ao mesmo tempo em que monta uma equipe
da qual possa se orgulhar. A qualidade do serviço desempenhado no Informações do Navio
decorrer do quarto é de significativa ajuda para determinar e
dimensionar a sua reputação profissional. Ele deve exercer sua 1. condições de prontidão do material;
liderança, insistindo sempre em elevados padrões de desempenho e 2. vigia, e pessoal de serviço a bordo;
apresentação pessoal. Deve também cuidar para que o pessoal que 3. lancha de prontidão;
ocupa posições-chave no serviço de quarto não seja rendido ao 4. condições do ferro (caso o navio esteja fundeado);
mesmo tempo. Outro aspecto deve ser considerado: todos os recursos 5. situação de máquinas, alterações de velocidade previstas,
do navio estão à sua disposição; assim, ele não deve hesitar em lançar disponibilidade de reserva de velocidade;
mão deles, caso necessário. 6. equipamentos inoperantes das praças de máquina,
eletrônicos e do armamento, sem condições de funcionar,
ROTINA e estágios dos reparos;
7. eventos importantes previstos pelo Plano de Dia que
Uma rotina inteligentemente elaborada e pontualmente ocorrerão durante o serviço;
observada constitui-se em fator essencial à boa organização do navio 8. ordens não executadas; e
e é atributo do Oficial de Quarto supervisionar e controlar de perto a 9. local de pernoite do Comandante e do Encarregado de
sua execução. Se no Plano de Dia está determinado o reinício das Navegação.
atividades às 13:00 h, ele deve assegurar-se de que, àquela hora, a
tripulação realmente reiniciará suas atividades, da mesma forma em Além desses tópicos que devem ser conhecidos, verifique a
que, se o toque de alvorada está previsto para as 06:00 h, certificar-se previsão do tempo, consulte o barômetro a cada hora cheia e tenha
de que, nessa hora, todos estarão acordados. Se qualquer muita atenção às quedas de pressão. Saiba qual o tempo que irá
determinação constante do Plano de Dia não lhe parecer correta ou encontrar, e tome as providências com antecipação. Além disso, os
apropriada, o Imediato deverá ser consultado, mas, até que a rotina Oficiais modernos devem se lembrar que os seus superiores,
seja alterada, o que estiver previsto deverá ser cumprido. O Plano de

2-6 2-15
 Generalidades sobre o Serviço de Quarto Generalidades sobre o Serviço de Quarto

Informações Relativas à Navegação Dia funciona como uma diretiva. Todos os membros da tripulação
devem observá-lo, sejam suas ordens transmitidas ou não pelo
1. posição do navio na carta, como e quando foi fonoclama.
determinada; O Contramestre de Serviço é a praça mais importante a
2. rumo e velocidade do navio; auxiliar o Oficial de Quarto na condução da rotina. A ele cabe a
3. pontos de terra, no visual ou esperados a serem avistados; responsabilidade pela sua execução, como também pela instrução,
4. ordens sobre mudança de rumo e velocidade; comportamento e apresentação do pessoal. Também é seu atributo
5. profundidade local, se estiver fazendo sondagem; certificar-se de que todos os postos foram rendidos. Ele deve exercer
6. equipamentos de navegação em funcionamento, radares, os atributos de liderança requeridos para seu grau hierárquico. Assim,
ecobatímetros, etc; uma de suas mais importantes atribuições é a condução da rotina
7. previsão do tempo (condições do barômetro e tendências estabelecida no Plano de Dia, e, para tanto, é necessário que ele tenha
das leituras barométricas); conhecimento do que está acontecendo no navio e transmita as ordens
8. correntes assinaladas ou esperadas; de acordo com o que nela está prescrito. Portanto, o Oficial de Quarto
9. direção do vento verdadeiro; e deve supervisionar o Contramestre, ao invés de encarregar-se
10. perigos à navegação a serem considerados, marcações de diretamente da execução da rotina. A rotina-padrão consta de Ordem
perigo, etc. Interna do navio, sofrendo alterações somente por força de instruções
específicas veiculadas por Plano de Dia. Quando parecer prudente
Informações Táticas mudar a rotina, devido a circunstâncias anormais ou imprevistas, o
Oficial de Quarto deve obter a devida permissão do Imediato.
1. Ordens e Planos de Operação;
2. formatura e dispositivo da Força; TRANSMISSÃO DE ORDENS
3. posição do navio;
4. sinal de identificação, posição do guia e do OCT; Para que a rotina de bordo possa ser conduzida da forma
5. para todos os dispositivos e formaturas, a posição de todos planejada, é necessária a transmissão de ordens. No entanto, poucos
os navios e/ou unidades, eixo da formatura ou dispositivo, sistemas são tão fundamentais, e, ao mesmo tempo, tão passíveis de
e eixo da cobertura; excessos, como o sistema de fonoclamas. O nível de controle sobre
6. plano de zig-zag que está sendo realizado e a pernada esse sistema é um dos melhores indicadores da boa condução da
atual; rotina do navio e da atenção que o Oficial de Quarto presta ao que
7. rumo da formatura (verdadeiro pela agulha giroscópica e está acontecendo a bordo. À exceção da ocorrência de situações
pela agulha magnética); anormais ou urgentes, os fonoclamas não devem ser utilizados como
8. velocidades (normal de evolução, média de avanço e meio de comunicação entre pessoas, e muito menos para anúncios em
operativa); geral. O hábito de transmitir ordens individuais (na maioria dos casos
9. dados para a manutenção da posição: o quanto e a por representar o meio mais fácil de entrar em contato com as
freqüência de mudança no sistema de propulsão para pessoas) é muito fácil de adquirir e difícil de ser reprimido. A menos

2-14 2-7
 Generalidades sobre o Serviço de Quarto
que haja um monitoramento efetivo, por parte dos oficiais, sobre o
sistema, os abusos à sua utilização rapidamente farão parte dos
procedimentos aceitáveis a bordo, e isso, certamente, fará com que
pessoas acostumadas a ouvir o fonoclama freqüentemente não dêem
importância a uma ordem, quando isso for necessário. Assim, ao
controlar a utilização do sistema de fonoclamas, o Oficial de Quarto
pode evitar que isso aconteça, e, também, afastar eventuais problemas
ao fiel cumprimento da rotina. Se, por exemplo, uma faxina de dez
homens foi solicitada para determinada faina e, quinze minutos mais
tarde, é determinado ao portaló transmitir ordem no sentido de
auxiliar o serviço efetuado por aquela equipe, a reação apropriada
seria desconsiderar a ordem e tentar descobrir o motivo de aquela
equipe não ter sido devidamente auxiliada ou constituída.
Na transmissão de ordens, termos e frases-padrão devem ser
utilizados. Isto não somente caracteriza o linguajar marinheiro, como
também é a melhor forma de se assegurar que a mensagem será
veiculada com o máximo de clareza e brevidade. A relação das suas
formas mais comuns e usuais deve estar disponível tanto no
passadiço como no portaló.
O Que Deve Ser Evitado na Transmissão de Ordens
1. Utilização de linguajar redundante e/ou desnecessário,
como: “Todos aqueles que efetivamente não estiverem de
serviço no horário...”, “Agora, a faina de pagamento está
acontecendo nas cobertas de rancho, neste momento...”,
ou “É só.”
2. Utilização indevida do sistema de fonoclama. As normas
existentes em muitos portos estrangeiros restringem seu
uso apenas em casos de emergência.
3. Transmissão de ordens, deixando de observar circuitos
por onde deveriam fluir as determinações em situações
normais. Exemplo: Parar máquinas, correto: circuito 1JV.
2-8
Generalidades sobre o Serviço de Quarto
9. procedimentos e precauções de segurança ao içar e arriar
embarcações;
10. procedimentos para reabastecimento no mar;
11. procedimentos para entrada e saída de portos;
12. funcionamento das repetidoras radar;
13. funcionamento dos pelouros, alidades e estadímetros;
14. publicações disponíveis no passadiço, sua localização e
para que servem;
15. normas para guarnecer postos de combate;
16. listas de verificação de requisitos de segurança;
17. normas sobre tratamento de lixo;
18. procedimentos relativos a esgotamento de porões,
derramamento de óleo e proteção ambiental;
19. características e limitações das aeronaves embarcadas;
20. organizações de combate e administrativas que influem no
serviço do Oficial de Quarto, e o posicionamento do seu
navio perante tais organizações;
21. informações que devam ser repassadas ao Oficial de
Quarto;
22. localização e uso dos sinais de emergência;
23. precauções a serem adotadas em caso de mau tempo;
24. informações básicas de caráter tático do navio, tais como
avanço, afastamento, curvas de giro, diâmetro tático,
distância padrão; e
25. normas e procedimentos “de fortuna” para análise da
situação.
PROCEDIMENTOS PARA A RENDIÇÃO DO QUARTO
Uma série de informações devem ser obtidas antes de
receber em serviço. As principais serão a seguir relacionadas:
2-13
 Generalidades sobre o Serviço de Quarto
oficial que lhe rende, e ambos aguardarão o momento adequado e
seguro para a rendição do quarto.
Se o Comandante estiver no passadiço, o oficial que assume
deve solicitar-lhe permissão para assumir o serviço, e o que passa,
participar-lhe que o quarto de serviço foi rendido. Na eventualidade
de um oficial mais antigo que o Comandante estiver no passadiço, a
autorização para a passagem do serviço deve ser obtida com o
Comandante que, por fidalguia naval, pode pedir prévia autorização
ao mais antigo.
CONHECENDO O NAVIO
A seguir, estão listados os principais aspectos que um oficial
deve preocupar-se em conhecer logo que embarcar em um navio, os
quais poderão ser assimilados ou repassados gradativamente, em
viagem ou atracado, ou mesmo no decorrer de um turno de serviço
tranqüilo:
1. principais dimensões do navio (comprimento, largura,
calado, deslocamento, boca, alturas dos mastros, etc.);
2. capacidade dos tanques de combustível e de aguada,
consumo de combustível por velocidade e a velocidade
econômica;
3. velocidade máxima obtida nas diversas combinações de
máquinas;
4. alinhamentos e combinações de motores e turbinas (gás e
diesel);
5. capacidades e limitações dos sistemas de armas e
sensores;
6. sistemas de governo e de controle da máquina do leme e
procedimentos de emergência;
7. localização, tipo de som, aspecto e significado de cada
sistema de alarme no passadiço;
8. localização e situação dos sistemas de comunicações
exteriores e interiores;
2-12
Generalidades sobre o Serviço de Quarto
4. Utilização do sistema de fonoclama durante cultos
religiosos, exceto no caso de emergências.
5. Transmissão de mensagens dirigidas a uma longa lista de
pessoas.
6. Pausas, hesitações e interrupções durante a transmissão de
uma mensagem. Se a pessoa que a transmite não estiver
segura do que dizer, um texto conciso deverá ser
preparado por escrito, para então ser lido de forma clara.
APRESENTAÇÃO DO QUARTO
Sempre que as circunstâncias permitirem, o Oficial de Quarto
deve verificar se o pessoal de serviço está adequadamente
uniformizado. Ele próprio deve ser o exemplo, a todo tempo, para a
tripulação. No mar, especialmente sob condições climáticas adversas,
ele deve estar vestido de forma a se manter aquecido e seco, e
assegurar-se de que seu pessoal está nas mesmas condições. No
porto, quando o navio está recebendo visitantes, toda educação e
simpatia são esperadas. Os uniformes devem estar em boas
condições, sapatos engraxados e aparência pessoal irrepreensível.
O Contramestre e/ou polícia são os responsáveis por esse
aspecto, e o Oficial de Quarto não deve hesitar em fazê-lo exercer tal
atribuição, exortando-o a enquadrar, nos parâmetros exigidos, todo
aquele cuja aparência não estiver de acordo. Peças amassadas,
desajustadas ou sujas podem até ser usadas a bordo, em determinadas
fainas que poderiam danificar uniformes limpos, mas não são
apropriadas para, por exemplo, tirar serviço no portaló.
Da mesma forma, o aspecto do passadiço ou do portaló deve
merecer especial atenção do Oficial de Quarto. Para tanto, o
Contramestre deve assumir a preocupação de manter a área limpa e
asseada. Convés varrido, lixeiras e cinzeiros vazios são detalhes que
não podem passar despercebidos por um Contramestre atento.
2-9
 Generalidades sobre o Serviço de Quarto
CONDUÇÃO DO SERVIÇO
Um certo grau de formalidade é necessário à condução do
serviço de quarto. Entretanto, isso não implica a adoção de um
comportamento cerimonioso; ao contrário, na maioria das vezes, um
toque de humor é adequado. O que deve sempre estar na mente de
toda a equipe é o fato de que todos estão de serviço, portanto, cada
atitude tomada por qualquer um de seus membros se reveste de
extrema importância. Essa formalidade acrescenta profissionalismo
ao serviço, e aumenta a boa reputação do Oficial de Quarto. E nesse
processo, os pequenos detalhes são os aspectos que mais contam. Por
exemplo, não é apropriado para um oficial de serviço dirigir-se a
outro sem chamá-lo pelo seu nome de guerra, mesmo que eles
compartilhem o mesmo camarote. Os oficiais devem dirigir-se a
todos os membros da tripulação por seus respectivos postos ou
graduações, e, da mesma forma, estes devem se comportar entre si.
Um navio está sempre sujeito à ocorrência de emergências ou
avarias; incêndios, homem-ao-mar e outros congêneres podem, a
qualquer momento, interromper a rotina normal de um quarto de
serviço. O Oficial de Quarto deve, assim, adotar como prática uma
condução enérgica do serviço, evitando ruídos e conversas paralelas
e/ou desnecessárias, sempre se valendo de bom senso e evitando
comportar-se de maneira arbitrária ou ríspida no trato com os
subordinados.
RELACIONAMENTO COM O ESTADO-MAIOR
O Oficial de Quarto de um navio-capitânia tem como
responsabilidade manter o pessoal do Estado-Maior embarcado a par
dos acontecimentos, controlar o movimento de viaturas e
embarcações adicionais e, naturalmente, não se descuidar do
cerimonial. O Oficial de Serviço do Estado-Maior é geralmente a
pessoa encarregada de receber as devidas informações. Em geral,
tudo aquilo que é reportado ao Comandante do navio deve ser
2-10
Generalidades sobre o Serviço de Quarto
transmitido também àquele oficial, que detém, junto ao Almirante e
ao Comandante de Divisão ou Esquadrão, o mesmo grau de
relacionamento que o Oficial de Quarto possui com o seu
Comandante.
O Assistente ou o Ajudante-de-Ordens geralmente é o
responsável, perante o Almirante, pela programação do cerimonial, e
por manter o Oficial de Quarto devidamente informado dos tipos de
honras a serem prestadas. Em contrapartida, o Oficial de Quarto deve
manter tanto o Assistente ou o Ajudante-de-Ordens como o Oficial
de Serviço do Estado-Maior a par das visitas não anunciadas que
demandarão honras de portaló ou das honras de passagem.
Os oficiais do Estado-Maior devem se preocupar por
preservar a unidade de comando do navio-capitânia, não transmitindo
ordens diretamente ao Oficial de Quarto. A condução da rotina deve
ser feita pelos oficiais do navio; caso haja necessidade de alterações
nesse processo, o Chefe do Estado-Maior deve tratar o assunto
diretamente com o Comandante do navio. O Oficial de Quarto
certamente não será importunado pelos oficiais do Estado-Maior, na
medida em que ele sempre considerar as necessidades destes, e
mantê-los informados.
PASSANDO O SERVIÇO
No momento em que o quarto de serviço vai chegando a seu
final, o Oficial de Quarto deve transmitir, ao que lhe rende, todas as
informações disponíveis, de forma a não haver solução de
continuidade na condução do serviço. É dever de ambos certificarem-
se de que isso foi efetivamente feito. Talvez haja a necessidade de se
fazer apontamentos ou checagem de listas. De qualquer forma, o
oficial que é rendido não deve, mesmo nessa hora, desviar sua
atenção do que está acontecendo em sua volta. Se, por acaso, ele
percebe que as operações em curso não indicam aquele momento
como apropriado para a passagem do serviço, isso deve ser dito ao
2-11