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Da Indenização
Revisão Técnica:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Da Indenização
OBJETIVO
DE APRENDIZADO
• Conhecer como que se dá a indenização nas hipóteses conferidas pela Lei e pela Jurisprudência.
UNIDADE Da Indenização
Em um processo judicial, pode ser que as partes entrem em acordo, que a vítima não
ganhe nada, pode ser que ganhe parte do que pede, como também pode ganhar tudo.
Seja como for, o que a vítima mais quer é o pagamento da indenização decorrente
do evento danoso.
Agora, você vai aprender como se dá a indenização nas mais diversas hipóteses,
seus aspectos gerais, bem como em caso de homicídio, lesão corporal, inabilitação
para o trabalho, além de estudar um tema muito instigante no direito: o Dano Moral.
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O Grau de Culpa na Fixação da Indenização
No Direito Penal, você sabe que o grau de culpa faz diferença para o Juiz na fixação
da pena. Mas será que também faz diferença na fixação da indenização?
A resposta é negativa.
Pela extensão do dano, portanto, mede-se a indenização, e não pelo grau de culpa.
Se você achou a regra injusta, não se preocupe, pois, segundo o parágrafo único
do citado Artigo, o Juiz poderá julgar por equidade.
Permite que o Juiz, de acordo com o caso concreto, leve em consideração outras
circunstâncias, como o grau de culpa e as condições econômicas do ofensor.
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UNIDADE Da Indenização
Veja sobre mais sobre a falta do cinto de segurança em “Falta do cinto de segurança con-
figura co-responsabilidade em acidente de trânsito”.
Disponível em: https://bit.ly/3mOsuwj
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§ 2º. Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético,
o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
Como o assunto não é objeto de Direito Civil, mas sim da Disciplina de Direito
Processual Civil, não será abordado aqui.
Para o momento, basta que você entenda do que se trata cada uma.
É o que dispõe o Artigo 947: “Se o devedor não puder cumprir a prestação na
espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente”.
Não é possível, por exemplo, trazer de volta o pai que faleceu vítima de acidente
de trânsito, mas é possível, como veremos a seguir, que o causador do dano indenize
os familiares, inclusive com o pagamento de pensão mensal.
Nada será como antes, o Legislador sabe disso, mas a ideia é amenizar a dor e
amparar a família, conforme se verifica pelo Art. 948 do Código Civil:
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UNIDADE Da Indenização
Repare que o Legislador diz “sem excluir outras reparações”, o que significa que
o rol do Artigo 948 é meramente exemplificativo, pois se procura indenizar todas os
danos provados no processo, como, por exemplo, verbas para jazigo e dano moral.
Figura 2 – Morte
Fonte: Pixabay
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Indenização Decorrente da Morte do(a) Provedor(a) Familiar
No caso de morte do(a) provedor(a) da família, a pensão alimentícia é devida ao
cônjuge sobrevivente e ao(s) filho(s) incapaz(es) durante o tempo de vida da vítima
que, atualmente, é de aproximadamente 70 anos.
Figura 3 – Família
Fonte: Pixabay
Se, por exemplo, os filhos e a viúva recebem pensão, cessado para um, o valor
acresce aos demais (direito de acrescer).
Como visto, como não se trata de alimentos do direito de família, o não pagamento
não acarreta a prisão.
Você irá estudar na Disciplina de Direito Processual Civil, que o novo Código de
Processo Civil manteve a constituição de capital como garantia da prestação alimen-
tar decorrente de indenização por atos ilícitos, conforme Art. 533, que assim dispõe:
Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, ca-
berá ao executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja
renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.
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UNIDADE Da Indenização
Cálculo da Indenização
Nas indenizações por homicídio, o cálculo da pensão tem sido de 2/3 da renda
auferida pelo falecido, presumindo-se que o falecido gastaria 1/3 com suas necessi-
dades pessoais. Considerando o caráter alimentar da pensão, a Súmula 490 do STF
determina que o valor seja calculado com base no salário mínimo.
Se a vítima não possuía rendimento fixo ou não ficou provado que auferia rendi-
mentos, a Jurisprudência tem adotado o ganho presumível de um salário mínimo,
ficando a indenização no valor de 2/3 do salário mínimo.
De modo geral os Tribunais têm concedido pensão aos pais, sob a forma de lucros
cessantes, apenas nas camadas mais pobres, pois se sabe que os filhos costumam
ajudar os pais, mesmo depois que se casam.
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Normalmente, são utilizados os seguintes critérios:
• Dos 14 (idade que poderia trabalhar) até 25 anos (idade do provável matrimô-
nio), a pensão devida aos pais é de 2/3 do salário mínimo;
• Acima de 25 até 65 anos (ou mais, de acordo com a expectativa de vida), redu-
ziria para 1/3;
• Se o filho já exercia atividade laborativa, o referido percentual é sobre o salário
recebido, acrescido da gratificação natalina (13º salário).
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INDENIZA-
ÇÃO. HOMICÍDIO. SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA. PENSÃO
MENSAL. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DOS PAIS EM RELAÇÃO
AO FILHO MENOR. PRESUNÇÃO. FAMÍLIA DE BAIXA RENDA.
Segundo o STJ, a dependência é premida na situação de filhos menores (Súmula 491 do STF), já
“A concessão de pensão por morte de filho que já atingira a idade adulta exige a demonstração
da efetiva dependência econômica dos pais em relação à vítima na época do óbito (Art. 948,
II, do CC)” (REsp 1320715/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, j. 07/11/2013).
Conforme o Art. 949: “No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor in-
denizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido”.
Por exemplo, se, devido a um erro médico, a vítima sofreu lesão corporal, mas
depois se recuperou, terá direito, desde o afastamento até sua total recuperação, ao
pagamento das despesas com tratamento, como internação, medicamento, fisiote-
rapia etc.
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UNIDADE Da Indenização
O Código Civil trata a questão de forma genérica no Art. 949, sendo aplicável em
qualquer lesão, seja de natureza leve, levíssima ou grave.
Indenização em Caso de
Inabilitação para o Trabalho
Em alguns casos, a lesão causada à vítima é irreversível, o que a impossibilita de exer-
cer seu trabalho (perda total) ou, então, diminua sua capacidade laboral (perda parcial).
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Além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença,
terá direito à pensão correspondente à importância do trabalho para o qual se inabi-
litou, ou da depreciação que ele sofreu.
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UNIDADE Da Indenização
Enunciado 48 do CJF
Parágrafo único: O parágrafo único do Art. 950 do novo Código Civil institui direito potesta-
tivo do lesado para exigir pagamento da indenização de uma só vez, mediante arbitramen-
to do valor pelo juiz, atendidos os arts. 944 e 945 e a possibilidade econômica do ofensor.
Ementa: ACIDENTE DE VEÍCULO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E
ESTÉTICOS – Colisão entre motocicleta e ônibus – Culpa exclusiva do motorista do ônibus
configurada – Autora que ficou com sequelas físicas permanentes - Pensão devida – Paga-
mento em única parcela, mediante arbitramento – Cabimento (Art. 950, parágrafo único,
do CC) – Danos extrapatrimoniais configurados – Montante indenizatório mantido – Se-
guradora que responde até o limite da apólice contratada para danos materiais e corporais,
inclusive danos morais e estéticos – Suspensão da ação, devido à liquidação extrajudicial
da segurada - Descabimento – Ação procedente – Recurso da ré litisdenunciada desprovi-
do – Demais recursos parcialmente providos, com observação. (TJSP, 5ª Câmara de Direito
Privado, Relator: Melo Bueno, j. 16/07/2018)
[...]
No Código Civil de 2002, o Artigo 186, que trata do ato ilícito, prevê a repa-
ração por danos morais nos seguintes termos. “Aquele que, por ação ou omissão
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voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Sobre o conceito, o mais acertado é afirmar que os danos morais é a lesão aos
direitos da personalidade (Arts. 11 a 21 do CC), tais como a vida, honra, nome,
imagem e dignidade.
Importante!
A dor, sofrimento, constrangimento, angústia etc. são consequências dos danos morais.
Portanto, é errado dizer que o dano moral é a dor, sofrimento etc.
O dano moral não se confunde com meros aborrecimentos. Todos nós estamos
sujeitos aos dissabores da vida, mas os meros aborrecimentos não são indenizáveis.
Por exemplo, é muito comum o mero aborrecimento de passar pela porta giratória
que dá acesso à Agência Bancária, pois, comumente, o detector de metal é acionado.
A função dos danos morais é compensatória (compensar a vítima pela lesão aos
direitos da personalidade), punir o ofensor (para desestimular nova prática).
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UNIDADE Da Indenização
Importante!
O que não se prova é o dano, mas o fato precisa ser provado. Por exemplo, é preciso pro-
var que houve o cadastro indevido nos Órgãos de Proteção de Crédito, mas não é preciso
provar o dano decorrente.
Da mesma forma, o pai que perdeu o filho precisa provar a perda decorrente do ato
danoso, mas não o dano, pois decorre do fato em si.
Não se esqueça de que deve ficar demonstrado o nexo causal e a culpa, no caso de res-
ponsabilidade civil subjetiva.
No entanto, por cautela, recomenda-se que se analise o caso concreto, para saber
se é ou não necessária a produção de provas.
Para o STJ:
Mero descumprimento contratual não gera dano moral. Entretanto, se há
recusa infundada de cobertura pelo plano de saúde -, é possível a conde-
nação para indenização psicológica”
(STJ, AgRg no Ag 846077/RJ, 3ª Turma, Relator Ministro Humberto Gomes de Barros, j. 05/06/2007)
Em outro caso, o STJ deixou bem clara a necessidade de prova dos danos morais:
De fato, a indenização por dano moral decorre de circunstância particu-
lar, não se estendendo a todas as situações em que se verifique a ocorrên-
cia de algum desconforto ou constrangimento, sob pena de se banalizar
o instituto e de desprestigiar o sofrimento suportado por aqueles que
vivenciam acontecimentos realmente alarmantes.
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Súmulas do STJ
• Súmula 385. “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe
indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o
direito ao cancelamento.”
• Súmula 388. “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.”
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Importante!
Dano moral e danos estéticos não se confundem
Leia a explicação de Cavalieri Filho: prevaleceu na Corte Superior de Justiça o en-
tendimento de que o dano estético é algo distinto do dano moral, correspondendo
o primeiro a uma alteração morfológica de formação corporal que agride à visão,
causando desagrado e repulsa; e o segundo, ao sofrimento mental – dor da alma,
aflição e angústia a que a vítima é submetida. Um é de ordem puramente psíqui-
ca, pertencente ao foro íntimo; outro é visível, porque concretizado na deformidade
(CAVALIERI FILHO, 2020, p. 124).
Assim, se a vítima ficou com alguma ferida, aleijão, deformidade, perda de visão,
cortes na pele, enfim, com algum tipo de deformação em decorrência do evento
dano, os danos estéticos são presumíveis (in re ipsa).
Em um caso julgado pelo STJ em 2008, em uma briga envolvendo dois irmãos
menores, um deles arremessou uma caneta que atingiu o olho direito da autora da
ação, que perdeu de forma definitiva a visão.
A ação foi movida pela menor atingida e seus pais, contra os pais do menor
causador do dano. Em Primeira Instância, foi arbitrado o valor de 100 mil salários
mínimos a título de danos morais e danos estéticos, mas, em Segunda Instância, o
Tribunal reduziu para 8 mil reais.
O STJ considerou a quantia irrisória e restabeleceu a sentença, fixando da seguin-
te forma:
Cem salários mínimos (quarenta e um mil e quinhentos reais), sendo trin-
ta e um mil, cento e vinte e cinco reais em favor da vítima a título de
danos morais e estéticos e dez mil trezentos e setenta e cinco reais a
serem divididos igualmente em favor dos pais da menor a título de danos
morais. (Informativo nº 0368, Período: 15 a 19 de setembro de 2008,
4ª Turma, REsp 659.598-PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado
em 18/9/2008)
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O grau de ofensa, sua repercussão, e as condições das partes, sem es-
quecer de que, o que se objetiva não é a tarifação do preço da dor, nem
o enriquecimento ilícito do ofendido, evitando-se ainda que seja irrisória
a quantia arbitrada. (TJMG – Apelação Cível 2.0000.00.299945-1/000,
Relator(a): Des.(a) Kildare Carvalho, Relator(a) para o acórdão: Des.(a),
julgamento em 09/08/2000, publicação da Súmula em 26/08/2000)
Segundo afirma Gonçalves, os principais critérios que devem ser considerados são:
a) a condição social, educacional, profissional e econômica do lesado; b)
a intensidade de seu sofrimento; c) a situação econômica do ofensor e os
benefícios que obteve com o ilícito; d) a intensidade do dolo ou o grau de
culpa; e) a gravidade e a repercussão da ofensa; e f) as peculiaridades e
circunstâncias que envolveram o caso, atentando‐se para o caráter antis-
social da conduta lesiva. (GONÇALVES, 2020, p. 568)
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UNIDADE Da Indenização
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Responsabilidade civil
GONÇALVES, C. R. Responsabilidade civil. 18.ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2019 (e-book). Para aprofundamento teórico do tema “Indenização em caso de
homicídio”, p. 676 e ss. Para ampliar os estudos sobre dano moral, leia “Casos
especiais de dano moral – Doutrina e Jurisprudência, p. 579 e ss.
Programa de responsabilidade civil
CAVALIERI FILHO, S. Programa de responsabilidade civil. 14.ed. São Paulo:
Atlas, 2020. (e-book). Para aprofundamento teórico do tema Danos morais, leitura
sobre “Configuração do dano moral”, p. 104-11.
Vídeos
Prova Final: Dano Moral 01
Aula sobre Dano Moral, Professor Flavio Tartue, Programa Prova Final, transmitido
pela TV Justiça, realizado pela LFG.
https://youtu.be/EtIe8wqtKPg
Leitura
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 794.051 – MS (2006/0156121-7)
Leitura de Acórdão, na íntegra, sobre a necessidade de provar os danos morais.
https://bit.ly/2EtIJNU
RECURSO ESPECIAL Nº 659.598 – PR (2004/0065779-1)
Leitura de Acórdão, na íntegra, sobre a briga de dois menores, sendo que um deles
perdeu a visão de um olho.
https://bit.ly/30969js
RECURSO ESPECIAL Nº 1.734.536 – RS (2014/0315038-6)
Leitura de Acórdão, na íntegra, sobre o dano moral indireto, reflexo ou por ricochete.
https://bit.ly/3kJ74Pl
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Referências
CAVALIERI FILHO, S. Programa de responsabilidade civil. 14.ed. São Paulo:
Atlas, 2020. (e-book)
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