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Tema 03 - Uerj
Tema 03 - Uerj
TEXTO 1
O crescimento de 35% das mortes violentas sem motivo definido no Brasil, conforme apontou
o Atlas da Violência 2021, divulgado na terça-feira (31), é apontado por especialistas em
segurança pública como um escândalo em face do sucateamento do trabalho de investigação
policial, além de conter suspeitas de manipulação dos dados por parte de órgãos de governo
estaduais e federais.
"A polícia de investigação [Polícia Civil] foi sucateada, destruída ao longo desses tempos. A
gente tem uma capacidade muito ruim de investigação, discute pouco esse assunto e sucateia
muito a polícia. No meu ponto de vista, é um escândalo a gente ter uma situação como esta, onde
mortes não são colocadas. Precisamos colocar a investigação de homicídios como a prioridade
número um da segurança pública no Brasil", frisou o professor.
De acordo com o Atlas 2021, elaborada pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) em
parceria com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o IJSN (Instituto Jones dos
Santos Neves, o número pode refletir em uma subnotificação dos 45.503 homicídios registrados
no país nesse período. Entre os anos de 2009 e 2019, foram contabilizadas 623.439 vítimas de
homicídio no Brasil — do total, 333.330 eram adolescentes e jovens, o que equivale a 53% dos
casos.
"Mudou para deixar patente que o B.O. [Boletim de Ocorrência] deveria gerar um IP [Inquérito
Policial), pois a morte suspeita demanda uma investigação. A morte a esclarecer, muitas vezes,
era relegada no seu grau de importância", explicou.
"Existe uma subnotificação. Já que muitos casos não se sabe nem qual foi a causa da morte. Se
nem isso é identificado, muito menos existe esforço para que sejam esclarecidos os homicídios,
já que só 10 % dos assassinatos são investigados no Brasil", acrescentou.
Fonte: CHAUÍ, M. "Uma ideologia perversa". Folha de S.Paulo. São Paulo, Caderno Mais
TEXTO 2
CORRUPÇÃO X REVOLUÇÃO
Vê-se, desta forma, a corrupção em seu papel conservador de distribuição desigual de poder e
riqueza: "a corrupção em si pode ser um substituto da reforma e tanto a corrupção quanto a
reforma podem ser substitutos da revolução. A corrupção serve para reduzir as pressões
grupais para as mudanças políticas, assim como a reforma serve para atenuar as pressões de
classe para as mudanças estruturais"(Huntington, 1975:77). Para o autor, se a corrupção pode
acentuar as desigualdades existentes e continuar sendo um fator de reprodução do sistema e
de estabilidade política por privilegiar aqueles que já detêm maior acesso ao poder político e,
portanto, às riquezas do país, pode também ser um canal de acesso à participação política e à
integração de novos grupos no sistema, assim como a corrupção decorrente da expansão da
intervenção governamental pode estimular o desenvolvimento econômico.