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UNIVERSIDADE DE LUEJI A’NKONDE – ULAN

Departamento de Ciências Humanas e


Sociais

Pedagogia – IV Ano
2014

Manual
Desenvolvimento pessoal e profissional
Mestre: Henri Valot

Parte I
Conceitos gerais do desenvolvimento pessoal e profissional
A individuação
1

Eu sou dono e senhor de meu destino;


Eu sou o comandante de minha alma.
Invictus - William E Henley

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Pedagogia – IV Ano - 2014
Desenvolvimento pessoal e profissional
Mestre: Henri Valot
Índice

I. Introdução: objectivos do curso 2014 p. 3


II. O desenvolvimento pessoal e profissional p. 4
III. O planeamento estratégico pessoal p. 5
IV. Introdução aos conceitos de desenvolvimento pessoal e profissional p. 6
1. Teorias do desenvolvimento humano
2. Crescimento, desenvolvimento e maturidade
3. Liderança e relação
4. Marketing pessoal
V. A programação neurolinguística (PNL) p. 15
VI. A psicologia analítica e o conceito de individuação - Carl Gustav Jung p. 19
VII. A classificação tipológica de Myers Briggs p. 28
VIII. Bibliografia indicativa p. 31
IX. Anexos p. 33
i. O processo de individuação - Nise da Silveira p. 33
ii. Questionário de Marcel Proust p. 43
iii. 8 Lições de Albert Einstein sobre desenvolvimento pessoal p. 44
iv. “É preciso encontrar o que você ama" – Discurso de Steve Jobs na
Universidade de Stanford p. 45 2
v. 3 Lições de vida de Steve Jobs p. 50
vi. A hierarquia de necessidades de Maslow p. 54
vii. O Método dos 6 chapéus de Edward De Bono p. 57

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Pedagogia – IV Ano - 2014
Desenvolvimento pessoal e profissional
Mestre: Henri Valot
I. Introdução: objectivos do curso 2014

Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda
a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor.
Goethe

Os objectivos do curso são os seguintes:

1. O aprofundamento das noções de desenvolvimento pessoal e profissional na


filosofia clássica e na psicologia moderna
2. A participação activa dos alunos na pesquisa em vários aspectos do
desenvolvimento pessoal e profissional
3. A elaboração individual de planos estratégicos pessoais, com metas e
resultados esperados. Estes planos poderão ser feito para um período de dois
anos: 2014 a 2016.

Este curso anual exigira uma participação activa da classe. As aulas, cada semana,
serão dividas em duas partes:

1. Apresentações individuais ou em grupos dos resultados das pesquisas


2. Curso académico de aprofundamento pelo docente 3

Manuais e apoios pedagógicos:

1. Parte I: Conceitos gerais do desenvolvimento pessoal e profissional


2. Parte II: Conceitos filosóficos: o conceito da pessoa humana na história das
ideias
3. Parte III: Pesquisas dos/as alunos/as - Todas as pesquisas serão juntadas no
fim do ano num fasciculo, que será entregue a todos os alunos.

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Desenvolvimento pessoal e profissional
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II. O desenvolvimento pessoal e profissional

O Desenvolvimento pessoal é uma área de estudo do “Ser” que abarca diversos


conhecimentos, conceitos, recursos e técnicas relacionadas com o desenvolvimento
do potencial humano. Cada “Ser” tem um potencial inato, poderoso e ilimitado que,
quando consciencializado e colocado ao serviço de intenções positivas e grandiosas,
dá origem a grandes feitos e grandes realizações dignas do reconhecimento geral e
fundamentais para a auto motivação. É, assim, essencial apostarmos continuamente
no nosso desenvolvimento pessoal e na nossa formação pois ambas promovem um
maior conhecimento de nós próprios e, consequentemente, do nosso bem-estar.

Onde apostar para promovermos o nosso desenvolvimento pessoal?

 Autoconhecimento
Devemos procurar ter um profundo conhecimento de nós próprios, das nossas
atitudes e do nosso estilo comunicacional pois a relação que estabelecemos
connosco próprios é fundamental para crescermos e, também, para a qualidade da
relação que se consegue estabelecer com os outros indivíduos ao nosso redor.

 Planeamento pessoal
Devemos estabelecer metas pessoais ao longo da vida pois as mesmas ajudar-nos-ão 4
a concentrarmo-nos no que é essencial e a melhorar a nossa gestão pessoal. Saber
investir tempo no que é útil para o crescimento interior e bem-estar.

 Comunicação interpessoal
Promover uma comunicação clara e objectiva com os nossos interlocutores, para o
sucesso do processo e para uma maior e mais eficaz partilha de informações e
experiências. Apostar no nosso lado “social” e procurar estar com pessoas que nos
dêem a devida atenção, nos façam sentir especiais e nos impulsionem para o que é
positivo, nos motivem e nos chamem a atenção de uma forma construtiva

 Empreendedorismo
Desenvolver o nosso lado empreendedor, procurando e criando novas soluções que
gerem mais riqueza, o que promoverá o conhecimento e a capacidade de decisão.

 Motivação
Assegurar a nossa motivação intrínseca pois a mesma representa a força interior que
nos move e nos permite explorar e alcançar mais.

 Auto formação
Ter presente que o saber não ocupa lugar e que há sempre coisas novas para
aprender. A formação é uma ferramenta importante para o desenvolvimento e
consolidação de competências e a auto-aprendizagem e a pesquisa de informações

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são alavancas para a actualização de conhecimentos e para o despertar para novas
áreas

Um dos principais motores para o desenvolvimento pessoal é a inteligência


emocional a qual é definida como “a capacidade para perceber, gerar e regular as
nossas emoções de modo a promover-se o crescimento emocional e intelectual”.

Como podemos, então, promover a nossa inteligência emocional?

 Ter consciência
 Ter controlo
 Saber avaliar
 Actuar com visão
 Promover a criatividade
 Apostar na inovação
 Ter ambição
 Ter iniciativa
 Assumir responsabilidades
 Ser flexível
 Ser independente
 Promover o optimismo

Aceitar entrar num processo de desenvolvimento pessoal é permitir-se analisar 5


todas as questões vivenciais que o envolvem, ter uma percepção de quais estão em
défice, onde estão os desafios, o que deve ser alterado e o que pode fazer para
obter resultados diferentes e bem-sucedidos.

Um dos principais motores para o desenvolvimento pessoal é a inteligência


emocional a qual é definida como “a capacidade para perceber, gerar e regular as
nossas emoções de modo a promover-se o crescimento emocional e intelectual”.

III. O planeamento estratégico pessoal

O Planeamento Estratégico Pessoal é um processo disciplinado de pensamento


destinado a orientar decisões e priorizar acções do cliente no que diz respeito a como
quer ser reconhecido, aonde quer chegar, o que deve fazer, como, quando e por
que, estruturando seu processo de crescimento e organizando o caminho de
conquista de seus objectivos.

O Planeamento Estratégico Pessoal aplica-se para:

 Estabelecer direcção, sentido e propósito para a vida pessoal e/ou


profissional;
 Definir acções concretas que afectam positivamente seu futuro;

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 Incrementar desempenho e acelerar a obtenção de resultados;
 Minimizar incertezas e dúvidas;
 Focar energias no que é mais importante;
 Obter maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

O Planeamento Estratégico Pessoal compreende:

 Análise situacional: qual a situação actual nas principais esferas da vida e qual
o grau de satisfação com a mesma;
 Avaliação de Valores e de Propósito de vida, bem como estabelecimento de
Missão e Visão pessoais;
 Matriz SWOT: Pontos Fortes e Fracos, Oportunidades e Ameaças;
 Definição de Objectivos e Metas de Curto, Médio e Longo prazos;
 Elaboração de Plano de Acção, instrumento de acompanhamento e controle
das acções planejadas;
 Monitoramento de execução e revisão periódica.

O Planeamento Estratégico Pessoal traz como resultados:

 Um caminho claro e estruturado para a obtenção de objectivos e metas


pessoais e profissionais;
 Entendimento das necessidades de investimento na carreira ou no potencial
empreendedor; 6
 Clareza sobre quem pode dar suporte ao caminho de conquistas e quais as
formas de comunicação e envolvimento;
 Instrumentos de acompanhamento e controle de progresso;
 Esforços focados, minimização de fraquezas e potencialização de forças.

IV. Introdução aos conceitos de desenvolvimento pessoal e


profissional

1. Teorias do desenvolvimento humano

Para os teóricos da aprendizagem, o desenvolvimento humano “resulta da


aprendizagem, com base na experiência ou adaptação ao ambiente”,
reforçando que” a vida é um contínuo processo de aprendizagem: novos
eventos e novas experiências desenvolvem novos padrões de
comportamento” (Berger, 2003).

Neste contexto, surgiu a teoria behaviorista defendendo que os seres humanos em


todas as idades aprendem sobre o mundo da mesma maneira que os outros animais:
reagindo a aspectos do meio ambiente que acham agradáveis, dolorosos ou
ameaçadores esta teoria centra-se em dois tipos de aprendizagem: o

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condicionamento clássico (Pavlov, 1849-1936) e posteriormente aplicado em crianças
por Watson (1878-1958) e o condicionamento operante (Skinnerl904-1990).

Mais recentemente Bandura (1983) desenvolveu uma extensão da teoria da


aprendizagem, denominada aprendizagem social. Esta teoria dá ênfase à
aprendizagem observacional e à modelagem. Assim os indivíduos modificam o seu
comportamento em função do modo como as outras pessoas do grupo se
comportam. A aprendizagem social também é influenciada pelo autoconhecimento.
Deste modo, os padrões que estabelecemos para nós mesmos e a confiança que
temos na nossa capacidade para os cumprir, influenciam a nossa disposição para
aprender com as outras pessoas, sejam elas os nossos pais, amigos, orientadores ou
celebridades.

Na sequência desta teoria surgiu a perspectiva cognitiva centrada nas mudanças


qualitativas, nos processos de pensamento e no comportamento que reflecte tais
mudanças. Nesta teoria o desenvolvimento cognitivo resulta numa capacidade
crescente de adquirir e usar o conhecimento sobre o mundo. Também enfatiza as
mudanças qualitativas, considerando a pessoa como contribuinte activo no seu
próprio desenvolvimento.

As várias perspectivas cognitivas têm a sua origem na perspectiva estrutural


cognitiva de Piaget (1896-1980) que, conceptualiza o desenvolvimento humano
em estádios, que se vão complexificando numa sequência hierárquica, a partir das 7
experiências que são proporcionadas aos sujeitos em desenvolvimento (Berger,
2003).

As teorias psicanalista, da aprendizagem e cognitivista são consideradas como


grandes teorias porque cada qual apresenta uma poderosa estrutura que nos
possibilita interpretar e compreender as modificações e o desenvolvimento de todos
os indivíduos, em todos os contextos, através de todos os aspectos (Renninger e
Amsel, 1997 citado por Berger, 2003).

Outras são chamadas teorias emergentes, porque procedem de várias mini teorias
acumuladas que se podem tornar nas teorias sistemáticas e abrangentes do futuro.
Por exemplo, a teoria sociocultural (Vygotsksy, 1896-1934) enfatiza uma nova
apreciação do contexto social, procurando explicar o crescimento do conhecimento e
das qualificações individuais em função da orientação, do suporte e da estrutura que
a sociedade nos oferece.

Abreu (2003), fundamentando-se na teoria de Vygotsky, e na de Spouse (1998),


afirma que em oposição às teorias Behavioristas que o desenvolvimento pessoal seria
o resultado de maturação física e cultural, sendo que a aprendizagem social e
cognitiva influencia a maturação e é facilitada pelo contacto social. Resultando
destes pensamentos que a interacção social será uma fonte dominante de
aprendizagem e de desenvolvimento pessoal, social e profissional.

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Surge, também, a teoria dos sistemas epigenéticos que realça a interacção
dinâmica e recíproca entre os genes e o ambiente, a partir da perspectiva
etológica (Lorenz, 1957; Eowlhy, 1951) de bases biológicas e evolutivas do
comportamento, particularmente nos períodos de desenvolvimento.

A teoria Ecológica do Desenvolvimento Humano de Une Bronfenbrenner


(1992) é a mais recente teoria, veio a acrescentar a variável contexto para a
compreensão do desenvolvimento humano. Esta teoria ressalta basicamente que o
desenvolvimento humano é apoiado em quatro níveis dinâmicos e interrelacionados:
a Pessoa, o Processo, o Contexto e o Tempo (Bronfenbrenner, 1996 citado. por
Alves, 1997). Para este teórico toda a pessoa é significativamente influenciada pelas
interacções entre os ecossistemas que se sobrepõem: meso sistema, micro sistema,
exo sistema, e macro sistema, denominados contextos do desenvolvimento humano,
que compõem o crono sistema. Os contextos sociais, económicos, culturais e
históricos fazem parte cio macro sistema; o sistema escolar, sistema de saúde, a
comunidade e a comunicação social integram o exo sistema; do micro sistema fazem
parte a família, os amigos e a estrutura religiosa (Berger, 2003).

Nos anos 50 e 60 em resposta às crenças negativas sobre a natureza humana


subjacentes às teorias psicanalíticas e behavioristas surge a perspectiva
humanista. Os teóricos humanistas enfatizam a capacidade das pessoas,
independentemente da idade ou circunstâncias de assumirem o controlo das suas
vidas e promoverem o seu próprio desenvolvimento por meio das capacidades 8
exclusivamente humanas de escolha, criatividade e auto-realização.

As concepções teóricas desenvolvidas por Carl Rogers baseiam-se, sobretudo na sua


experiência clínica e assentam num conjunto de conceitos chave: autenticidade,
congruência, aceitação incondicional e empatia (Rogers, 1985).
A noção de desenvolvimento pessoal surgiu nos anos 1950-1960 nos Estados Unidos,
e tem origem no conceito de desenvolvimento apresentado por C. Rogers e G. M.
Kinget: “Em última análise é, portanto, a capacidade do ser humano tomar
consciência da sua experiência, avaliá-la, verificá-la, corrigi-la, que exprime a sua
tendência inerente ao desenvolvimento para a maturidade, ou seja, para a
autonomia e a responsabilidade”.

Este teórico realça a capacidade natural do indivíduo para a auto-realização. Defende


também, na relação interpessoal uma abordagem não directiva centrada na pessoa,
de modo a criar um clima propício ao crescimento, onde o indivíduo possa ser
autêntico, compreendido e aceite sem condições.

Abraham Maslow (1908-1970) foi outro dos teóricos que contribuíram para a
perspectiva humanista. Desenvolveu a teoria da motivação centrada no conceito
da auto-realização. Este conceito transmite segundo o autor “o desenvolvimento
máximo dos potenciais de cada ser humano. Cada pessoa atinge a sua auto-
realização na medida em que procura actualizar os seus potenciais.”

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Os contributos das diferentes perspectivas do desenvolvimento humano podem ser
instrumentos de análise como forma de fundamentação e sistematização do
desenvolvimento pessoal. A reflexão sobre esta experiência pode ser mais
compreensiva e profunda se fizermos este diálogo interdisciplinar.

2. Crescimento, desenvolvimento e maturidade

Quando se fala em desenvolvimento pessoal e profissional, há necessidade explicitar


conceitos inerentes e inclusivos deste processo. Assim, o crescimento e o
desenvolvimento humano são processos globais, dinâmicos e contínuos que ocorrem
ao longo da nossa vida. O crescimento físico em si será um processo fisiológico
resultante do desenvolvimento e integração de células diferenciadas num processo
contínuo que se inicia com nascimento com o seu auge na maturidade física,
implicando mudanças na estrutura e dimensões corporais. Por sua vez o
desenvolvimento caracteriza-se por mudanças nas funções psicológicas sendo estas
cada vez mais complexas e depende essencialmente da estrutura cognitiva de cada
indivíduo. Tal facto implica segundo Tavares e Alarcão (2003) que a formação seja
vista como um processo de produção de desenvolvimento psicológico humano na
medida em que as acções do indivíduo são determinadas por processos cognitivos de
mediação interna em constante progresso durante a vida.

Nesta linha de pensamento será necessário introduzir o conceito de competência,


que segundo Chomsky citado por Cohen (1981), é um sistema de princípios e de 9
estruturas internas que usamos para potenciar os nossos desempenhos e do qual só
parcialmente temos consciência, sendo o seu carácter inconsciente inerentes aos
conhecimentos correspondentes ao mobilizar destes factores considerados
específicos e decorrentes da própria estrutura biológica do indivíduo. É de salientar
que o termo competência muitas vezes é utilizado de forma errada sendo confundido
frequentemente com eficácia e com desempenho.

Segundo a perspectiva de Medley (1985), a competência do professor será o


reportório de conhecimentos, de capacidades e de princípios de valorização
profissional que este traz para a sua ocupação, por conseguinte, esta noção contém
uma referência, pelo menos implícita, às características individuais, incluindo as
preexistentes ao processo formativo, as que após a entrada na profissão persistem
relativamente imutáveis, e, finalmente as que se transformam em contacto com a
realidade, no decurso dos estágios durante a formação inicial, possibilitando deste
modo que se aprenda, no final desse período, a competência que é previsível de que
cada indivíduo venha a dar prova.

Do mesmo modo e pelos mesmos motivos interessa abordar o conceito de


maturidade, já que o exercício de funções profissionais implica muitas vezes a
capacidade para gerir situações de carácter imprevisível, em contextos de natureza
interactiva e em constante mutação, que exigem adaptação, equilíbrio e bom senso,
sendo que a estrutura pessoal (motivações, expectativas, interesses, etc.) é bastante
afectada pelo processo formativo. Assim, Heath (1980), aborda o conceito de

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maturidade como uma propriedade dos seres humanos, concebidos como sistemas
organizados e abertos em constante desenvolvimento, dependentes da adaptação
aos outros e ao meio exterior, para subsistir e concretizar as suas potencialidades de
funcionamento. Esta maturidade será um processo dinâmico de construção que terá
em conta múltiplos factores como a auto-realização, adaptação, competência, saúde
mental, e equilíbrio emocional.

Existem para Idália Sá-Chaves (2000) quatro sectores na personalidade que


permitem verificar se a pessoa adquiriu uma progressiva maturidade, são elas: as
capacidades cognitivas, o autoconhecimento, os valores e motivos e as
relações interpessoais.

A maturação sucessiva do indivíduo é para Idália Sá-Chaves (2000), definida e


verificada pela análise das dimensões interdependentes do desenvolvimento, cujo
incremento é responsável pela maturação do sujeito: simbolização, alocentrismo,
estabilidade e autonomia.

10

3. Liderança e relação

Para terminar este capítulo é importante referir-se aos processos de liderança e da


relação que para muitos autores serão um factores muito importantes que
influenciarão todo o processo de desenvolvimento pessoal e profissional.

Liderança

A liderança está intimamente relacionada com as competências de comunicação e de


transmissão de ideias, e pode ser vista como um fenómeno de influência

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interpessoal. Dois conceitos de Liderança enquadram-se na supervisão clínica como
processo de ajuda ao desenvolvimento pessoal e profissional: é um fenómeno de
influência interpessoal exercida em determinada situação através do processo de
comunicação humana, com vista à comunicação de determinados objectivos,
Fachada (1998); é um processo de influência e de desempenho de uma função
grupal orientada para a realização de resultados, aceites pelos membros dos grupos.
“Liderar é pilotar a equipa, o grupo, a reunião; é prever, decidir, organizar”, Parreira
(2000).

Assim, poderemos afirmar que liderança será a capacidade de influenciar pessoas


para que se envolvam voluntariamente em tarefas para a concretização de objectivos
comuns. O supervisor clínico terá que ser líder neste processo de desenvolvimento. O
tipo de liderança a pôr em prática dependerá de múltiplos factores: da personalidade
do supervisor, das características pessoais da pessoa que vai ser orientada, dos
diferentes contextos da prática. Poderá ser necessário recorrer em simultâneo a
vários tipos de liderança.

A liderança é, desejavelmente, um processo que implica capacidade de influenciar os


outros através de um processo de comunicação, com o objectivo final de realizar
uma tarefa. A liderança deve ser alvo de auto-análise e autocrítica, já que ela é um
processo interactivo, que não acontece com uma pessoa isolada.

O comportamento de liderança engloba diversas funções relacionadas com o 11


estruturar, distribuir funções, orientar, coordenar, controlar, motivar, elogiar, punir,
reforçar, etc. Contudo, o fundamental da liderança baseia-se no direccionar o grupo
para metas específicas. Assim surgem duas funções consideradas essenciais do líder,
e que são coordenar (planear e organizar) e desenvolver (influenciar e controlar).
Dentro do planear inclui-se: determinar objectivos, fazer previsões, analisar
problemas tomar decisões formular e/ou apoiar políticas; no organizar: determinar
actividades necessárias para alcançar objectivos (as várias etapas), classificar e
distribuir o trabalho pelos grupos e pelos sujeitos; no influenciar: comunicar para que
os indivíduos contribuam para a obtenção dos objectivos, de acordo com as
finalidades da organização; no Controlar: actividade de conferir o trabalho realizado
segundo o plano, corrigir os desvios verificados, alterar e readaptar caminhos e
planos.

Relação

Vieira (1993) entende o supervisor como aquele que orienta e exerce a tarefa de
supervisão sobre alguém, sendo que para isso ele terá que estabelecer um bom
clima afectivo-relacional, que sem ser castrante ou intimidante terá de ser exigente e
em simultâneo estimulante.

Em relação a este assunto, Tavares e Alarcão (2003) entendem também que é


necessário estabelecer um bom clima afectivo-relacional numa atmosfera de
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entreajuda recíproca, aberta, espontânea, autentica cordial, empática, colaborativa e
solidária entre supervisor e supervisando: “(…) porém à disposição um do outro o
máximo de recursos e potencialidades, de imaginação, de conhecimentos, de
afectividade, de técnicas, de estratégias de que cada um é capaz a fim de que os
problemas que surjam no processo de ensino/aprendizagem dos alunos e nas
próprias actividades de supervisão sejam devidamente identificados, analisados e
resolvidos.” Tavares e Alarcão (2003, p.61)

Para que este bom clima e ambiente saudável possam existir é condição que a
relação existente seja boa, uma relação intrapessoal e interpessoal entre todos os
intervenientes, numa dimensão de entreajuda, colaboração, abertura e negociação.
Fonseca (2006), citando Tavares (1993), refere-se a esta relação intrapessoal como
uma relação que tem lugar numa dimensão humana e pessoal, onde a mobilização e
integração de conhecimentos ocorre de forma consciente, subconsciente ou
inconsciente, onde a realidade social em constante mudança, o
acabamento/inacabamento e o maior ou menor grau de previsibilidade das situações,
são fontes de análise e reflexão para a sua reconstrução, para a sua constante
adaptação e readaptação, para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Para o mesmo autor a relação interpessoal por sua vez adquire todo o seu sentido,
numa perspectiva de reciprocidade, assimetria e dialéctica. Esta relação, a nível da
formação caracteriza-se pela acção pessoal, com um determinado objectivo e realiza-
se nos dois sentidos formador/formando. 12

Neste sentido segundo Fonseca (2006), a relação supervisora adquire contornos de


natureza cognitiva, onde o indivíduo é o principal agente de mudança, e de ordem
afectiva. Há uma aceitação recíproca entre formador e formando, percebem-se e
aceitam-se como seres independentes, com diferentes pontos de vista que tentam
compreender, com as suas histórias de vida, com sentimentos e emoções, numa
interacção recíproca e dinâmica intersubjectiva, numa relação aberta, verdadeira,
empática, autentica que se desenrola numa atmosfera de disponibilidade.
É portanto nesta linha que o processo de supervisão deve ser visto numa dimensão
que favorece o desenvolvimento do supervisor e do supervisando.

Apoiada numa relação interpessoal encorajadora e facilitadora, a actividade


supervisora realça como essenciais, a realização de tarefas, uma relação supervisor,
supervisando e conhecimento, esta relação deverá ser harmoniosa e promotora de
desenvolvimento bilateral.

4. Marketing Pessoal1

Muito se tem falado sobre Marketing Pessoal, sobre como fazer sua imagem e
atitudes trabalharem a seu favor no ambiente profissional. Porém, a utilização desse

1
Fonte: Marketing Pessoal: como trabalhá-lo para o seu autodesenvolvimento | Portal Carreira &
Sucesso - Angelica Kernchen

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recurso requer cuidados e cautela, pois uma imagem uma vez superexposta pode
gerar exactamente o efeito contrário.

Para entender melhor esse conceito, devemos estabelecer como Marketing Pessoal o
conjunto de acções que visam promover as competências pessoais e profissionais de
uma pessoa a um grupo ou organização. “Como estratégia sustentável, o Marketing
Pessoal é aquele em que buscamos alternativas para expressar nossas melhores
habilidades autênticas”, ilustra Rafael Zampieri, administrador de empresas e
pesquisador de Estratégias de Comunicação.

Partindo dessa premissa, podemos compreender que, semelhante ao Marketing


Tradicional, ele se utiliza de estratégias para promover comportamentos favoráveis
em relação a algo; nesse caso, em relação a si próprio. Segundo Eliane Doin,
publicitária, professora e palestrante do assunto, “a única diferença é que no
Marketing Tradicional tratamos de um produto. E se ele ficar exposto na prateleira,
bonitinho, limpinho, ele não vai criar problemas. Já no Pessoal, trabalhamos com
seres humanos, o alvo do trabalho somos nós mesmos, e, por isso, precisamos estar
sempre vigilantes em relação as nossas atitudes, ao nosso comportamento, pois tudo
conta para a nossa embalagem“. Tudo pode depor contra ou a favor. “O Marketing é
uma ferramenta legítima para se desenvolver uma marca pessoal com sucesso”,
afirma.

Diferente do que se possa pensar, todos podem desenvolver seu Marketing Pessoal, 13
independente se na vida profissional ou na pessoal. Segundo Eliane, que tem uma
visão mais humanista do assunto, “as pessoas só se preocupam com as questões
externas e se esquecem da questão interna, que é o aperfeiçoamento de suas
vivências e competências. Muita coisa do Marketing Pessoal é genética ou de
convívio, de família. Eu não preciso dizer a uma pessoa como ela deve se comportar
numa mesa, que ela deve ser educada, respeitosa, benevolente. Se as pessoas
tivessem uma preocupação maior em cuidar dos seus valores, suas crenças e seus
princípios, elas sempre acertariam e seriam acolhidas pelas pessoas a sua volta. Se
tiver atitudes sólidas, uma vida decente, ela vai evidenciar esses valores aplicando-os
para desenvolver seu Marketing Pessoal”. Zampieri adiciona: “Ele é directamente
proporcional ao nível de autoconhecimento. Isso porque uma expressão verbal e
corporal é reflexo do grau de consciência que temos sobre a mente e os
sentimentos. Expressar o que não existe internamente é o mesmo que fantasiar a
realidade, independente da área profissional”.

Ari Lima, especialista em Marketing e Gestão de Carreiras, cita um importante


benefício de incorporar aspectos do Marketing Pessoal na vida profissional: “quando
o profissional incorpora acções de Marketing Pessoal ao seu dia a dia, como o
contacto e desenvolvimento frequente de seu networking, por exemplo, dificilmente
ele será surpreendido com uma situação de desemprego. E, caso isto ocorra, ele
conseguirá facilmente uma recolocação no mercado. Além disso, o Marketing Pessoal
praticado dentro de sua organização facilitará sua ascensão profissional através de
promoções”.
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Confira abaixo algumas dicas dos profissionais da área para que você aplique o
Marketing Pessoal a seu favor e trilhe um caminho de sucesso:

1. Tenha consciência de que sua atitude conta, e muito, na concretização de


seus objectivos.
2. Desenvolva suas competências técnicas a ponto de se tornar referência.
3. Desenvolva competências comportamentais, como comunicação,
relacionamento interpessoal, capacidade de liderança e capacidade de auto
motivação.
4. Utilize seu bom senso: saiba dosar a exposição em cada tipo de ambiente
para tornar sua presença algo valorizado.
5. Diferencie-se. Faça uma auto-análise, identifique os pontos em que você
pode fazer a diferença e aplique-os sempre que possível.
6. Seja consistente no que diz e faz, e faça o que você prega. As pessoas
precisam confiar em você e no que você diz.
7. Policie-se. Faça vigilância constante das suas atitudes, comportamentos e
aprendizados.

É importante, porém, não fazer conexão entre Marketing Pessoal e manipulação. “Na
manipulação, a pessoa tenta exibir qualidades que não possui e gasta uma enorme
energia ao criar uma realidade paralela, com o intuito de enganar os demais (seus
alvos) ”, alerta Zampieri. 14

Todas as dicas devem ser praticadas sem imposição, sem ser agressivo. Deve partir
de você naturalmente, por meio de treino e dedicação, e, segundo Eliane, a
transparência é a chave do sucesso: “compare com um produto. Você compra um
produto esperando algum benefício dele; se ele não fizer nada por você, a tendência
é deixar comprá-lo. A mesma coisa acontece no Marketing Pessoal: a pessoa deve
entregar o que vende. E o importante é que não só você deve fazer seu Marketing
Pessoal. Trabalhe de tal maneira que outras pessoas comecem a falar positivamente
de você. Crie um círculo de relacionamento com pessoas que gostam de você,
confiam em você, acreditam em sua palavra. Não basta só te conhecer. Elas tem que
gostar. E para isso, você tem que se utilizar de seus valores básicos, como a
decência e honestidade. Na verdade, a palavra certa para desenvolver Marketing
Pessoal com sucesso é RECTIDÃO”, ela finaliza.

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V. A programação neurolinguística (PNL)2

Não é fácil contar em poucas palavras o que é a Programação NeuroLinguística, ou


PNL, como se diz de forma abreviada. No entusiasmo de transmitir de forma rápida
uma mensagem de novas perspectivas, esconde-se o problema da simplificação.
Nasceu nos anos 70 na Califórnia, entre o tempo dos hippies e dos yuppies
(tendências que encontramos ainda hoje nas diversas abordagens) como resultado
das preocupações de Richard Bandler, especialista em matemática, computadores, e
psicologia, em colaboração com John Grinder, professor de linguística. As perguntas
básicas dos fundadores da PNL eram:

 Qual é a diferença que faz a diferença entre os que têm êxito e os que não
têm, entre terapeuta com sucesso e os outros?
 O que é que faz um bom comunicador?

Desde o começo esteve presente uma distinção que os autores consideravam básica
em relação à ciência oficial: importante não é propriamente a teoria ou a verdade,
mas são os resultados práticos. E assim nasceu uma das mais importantes, senão a
mais importante, ciência e arte da prática de eficiência e desenvolvimento pessoal no
dia-a-dia, aplicada a todos os ramos da vida por gestores, terapeutas, formadores,
trabalhadores na área social, professores, médicos e enfermeiros, e a todos aqueles
que, individual ou profissionalmente, estão empenhados em tornar as suas vidas
mais atractivas, eficazes e significativas para si e para os outros. 15

O P de Programação, termo do mundo dos computadores, refere-se aos programas


mentais que consciente e inconscientemente nós mesmos criámos e que são
responsáveis pela maneira como agimos. N, abreviatura para Neuro, quer dizer que
tudo o que nós pensamos, sentimos e fazemos é um produto do que acontece no
nosso sistema nervoso. L, refere-se à linguagem verbal e não-verbal, sobretudo ao
código que organiza e dá sentido às nossas sensações neurológicas e à expressão. A
maneira de como agimos está directamente dependente dos nossos programas.
As boas notícias que Bandler e Grinder, de novo, nos trouxeram: os nossos
programas mentais são transformáveis!

Claro que muita gente já sabe isso. Já se fala de pensamento positivo há muitos
anos e, no decorrer do tempo, manifesta-se de nova forma. Mas o que não ficou
muito claro é a questão, como é que isso se faz? Como se adquire e se mantém, com
vistas a resultados a longo prazo, o pensamento positivo?

O mapa não é o território

Uma importante base da PNL reside no conteúdo da frase: “o mapa não é o


território”. Cada um interpreta a realidade à sua maneira. Os estímulos exteriores (o

2
José Figueira, Introdução à PNL, 2000 - http://www.pnl-portugal.com/

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território) são distorcidos, generalizados e (a maioria) omitidos. Aquilo de que nos
apercebemos é apenas o nosso mapa pessoal construído à base de filtros – a nossa
forma específica de linguagem, as recordações, os nossos valores e convicções, os
meta programas psicológicos, as decisões tomadas, etc. Deste processo resulta uma
representação interna (o mapa) que, por sua vez, é influenciado e ao mesmo tempo
influencia os nossos estados emocionais e a fisiologia. Daí resulta um
comportamento. Quer dizer, de forma um pouco simplista, se queremos modificar o
comportamento, é questão de modificar a representação interna, o mapa.

A PNL ensina a forma de manusear as pedras básicas do pensamento, o que se


traduz numa técnica conhecida como a “transformação das submodalidades das
representações internas” (por exemplo, dê nova cor, ou som, ou distancie o
acontecimento de carácter negativo, e passará a vivenciá-lo de outra maneira).

Só esta técnica básica já seria em si suficiente para justificar o impacto da PNL no


mundo. Quer ter “sucesso”? – Dê aos seus pensamentos as submodalidades do
“sucesso”, e o seu sistema nervoso faz o resto. Claro que isto é a base, mas apenas
o começo. Claro que pode não ser suficiente.

As nossas representações do mundo estão directamente dependentes dos filtros: da


fisiologia, decisões, recordações, convicções, de toda a nossa história pessoal que
tem os seus fundamentos mais enraizados nos primeiros anos de vida.
16
Os fundadores, para além de estarem familiarizados com importantes figuras da
ciência da época que lhes forneceram as bases conceptuais, modelaram pessoas de
sucesso na terapia, como Perls (terapia gestalt), Satir (terapia de famílias), Erickson
(renovador da hipnoterapia) e outros. A PNL possui técnicas excepcionais ao nível
dos filtros, ao nível da transformação de convicções, reestruturação das recordações,
reenquadramento total da vida, técnicas que permitem transformações pessoais a
nível muito mais radical, sobretudo desenvolvidas depois por um grande grupo de
investigadores, a partir dos trabalhos originais de Bandler e Grinder (os quais
acabaram por desperdiçar grande parte do seu tempo em disputas jurídicas de que
nenhum saiu vencedor).

Falar da PNL é falar de aspectos da PNL. Há diversas abordagens possíveis. PNL é


todas estas abordagens mas, às vezes, é dado um acento especial a uma abordagem
em particular.

Abordagens

Eis algumas das consideradas como principais abordagens:

 Estudo da estrutura da experiência subjectiva: estudo dos processos


pelos quais pensamos o que pensamos, sentimos o que sentimos e agimos
como agimos. Nesta abordagem está central a descoberta dos processos

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inconscientes que formam a totalidade das nossas sensações, pensamentos e
acções;
 Modelagem da excelência humana: parte do princípio de que o que
alguém é capaz de realizar de forma excepcional, cada um de nós é, em
princípio, capaz de fazê-lo também, desde que esteja disposto a empregar a
mesma estratégia mental e física. Nesta abordagem concentramo-nos na
construção de modelos copiados de pessoas consideras excelentes na
realização seja do que for, desde acordar todos os dias bem-disposto até à
estratégia de grandes managers, santos, génios ou Jesus Cristo.
 Tecnologia de comunicação connosco e com os outros: concentra-se
nos processos como construímos para nós mesmos as mensagens de sucesso
ou fracasso, de esperança ou desespero; de como interpretamos o mundo e
como reagimos aos outros com as nossas mensagens verbais e não-verbais.
 Atitude na vida: resume-se numa tomada de posição: tomar lugar à frente
no autocarro da vida, atrás do volante, num processo de auto
responsabilização, ou ir atrás onde as massa se apinham, ao sabor da vontade
de outros e culpando outros de todos os mal-estares da nossa má posição.
Chamamos a isto, ou estar do lado da Causa ou do lado do Efeito. Para além
disso fala-se de uma atitude de curiosidade, auto experimentar, flexibilidade e
crescimento contínuo.
 Transformação pessoal pode significar, encontrar o Todo, o processo que
conduz a uma congruência cada vez maior entre todas as partes do Ser, agir a
partir das fontes mais profundas da existência, crescer em Unidade, a 17
caminho do “cerne”, a partir do “cerne”.

Nas abordagens da PNL, a transformação pessoal e o crescimento individual ocupam


um lugar central. Não se trata de um sucesso simples qualquer, mas de uma
realização total como ser humano. Chamamos a isso “congruência” e “ecologia”.

Congruência significa coerência, harmonia entre diversos níveis neurológicos.


Falamos de “congruência” quando a maneira como me comporto no mundo está em
harmonia com as minhas habilidades, capacidades e competências, e em harmonia
com os meus valores e as minhas crenças e convicções e em harmonia como sinto a
minha identidade e como experimento a minha transcendência, quer dizer, a minha
missão em relação a mim mesmo, aos meus amigos, à minha família, ao meu
trabalho, ao mundo, ao cosmos, ou a Deus (depende do modelo do mundo de cada
um).

O processo de harmonia, a busca de sentido, o encontro com a minha fonte interior,


com o Eu mais profundo, ou Deus, ou como lhe queiram chamar, de modo que eu
possa funcionar de forma congruente na minha vida privada, em casa, ou com os
amigos, ou no meu ambiente profissional são, hoje em dia, uma preocupação cada
vez maior. E claro que estes aspectos não se resolvem simplesmente com uma dose
de pensamento positivo.

As partes
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A questão do pensamento positivo e do sucesso complicam-se mais porque não
temos a ver simplesmente com uma pessoa única. Eu não sou simplesmente “eu”.
Eu sou um aglomerado de personalidades, “partes”, que é como são denominadas
nesta metodologia.

Quantas vezes não tomamos a decisão de fazer ou não fazer isto ou aquilo e o
“outro” em nós, age precisamente como uma personalidade autónoma? E quanto
mais a queremos subjugar, mais ela age de forma independente e poderosa.
Habituámo-nos na nossa cultura, desde muito pequenos, a tentar esconder e
subjugar as “partes” que não nos agradam ou que socialmente são menos aceitáveis,
os nossos “demónios”. Cada “parte” possui determinadas recordações, convicções e
valores próprios, programas especiais. Há um conjunto de “outros” dentro de nós.
Lutar com estes “outros”, que afinal de contas somos nós mesmos, significa
“perder”.

Estes “outros” têm uma hierarquia de intenções positivas. Não só é possível dialogar
com estas “partes” a caminho de uma maior congruência pessoal, como é possível
através destas “partes”, empregando modernas técnicas da PNL, atingirem-se
estados essenciais de Ser que permitem transformações individuais com grandes
implicações na vida profissional e privada.

Modelagem
18
Ao modelar pessoas excepcionais, os criadores e os continuadores da PNL foram
confrontados com princípios básicos, convicções, que formam, nestas pessoas
excepcionais, as bases da excelência. Estes princípios básicos são nomeados
“Pressupostos Básicos da PNL”. Formam o fundamento do edifício.

Alguns pressupostos são, por exemplo, já formulado acima: “o mapa não é o


território (as palavras que empregamos não são os acontecimentos ou assuntos que
representam) ”; outros pressupostos referem-se à relação com as outras pessoas e à
nossa comunicação em particular como, por exemplo, “ respeite o modelo do mundo
de cada pessoa”, e “eu sou o único responsável pela minha comunicação com os
outros (o significado da comunicação é a resposta que se obtém) ”. Outro princípio:
“O comportamento de alguém não é a pessoa (aceite a pessoa, transforme o
comportamento). E muitos outros.

Em PNL pensa-se em termos de sistemas, isso significa uma atenção extraordinária


para a ecologia. A ecologia adquire aqui um significado muito maior que o habitual
– todo o comportamento e transformação devem ter em conta a harmonia global, as
relações internas entre as nossas “partes”, a nossa relação com os outros e o
mundo. É ter sempre em conta que toda a transformação particular influencia o
sistema. Uma transformação que vá contra um elemento dentro do sistema leva
facilmente à sabotagem da transformação.

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A PNL é possivelmente, uma das metodologias de transformação e crescimento
pessoal mais espalhadas no mundo. O que não é para admirar. É uma metodologia
da comunicação. As aplicações da PNL são inumeráveis, pois como se diz, “é
impossível não se comunicar”.

Como crescimento pessoal acentua-se o processo. Não há fins, o fim é em si mesmo


o “caminho”. Definida como a ciência e a arte da “modelagem da excelência”, está
sempre à procura das técnicas mais aprimoradas de desenvolvimento pessoal.

Tem também a ver com a tomada de posição e responsabilidade individual em


relação a nós mesmos e à nossa relação com o mundo. É uma metodologia humana
ao serviço do crescimento individual na vida privada e no trabalho, na relação com
os outros, para a criação de um mundo melhor.

VI. A psicologia analítica e o conceito de individuação - Carl


Gustav Jung

“Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por individualidade


entendermos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando
também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Podemos pois traduzir 19
individuação como tornar-se si mesmo ou o realizar-se do si mesmo”

Carl Gustav Jung (1875 -1961)

Carl Gustav Jung nasceu em Kesswyl, Suíça em 26/06/1875. Filho de um pastor da


Igreja Reformada da Suíça e de uma dona de casa desequilibrada, teve uma infância
difícil e infeliz. Desde de cedo, Jung se voltou para seu inconsciente, para o mundo
dos sonhos, das visões e das fantasias, no qual se sentia mais seguro. Ingressou na
Universidade da Basileia (Basel) e se formou em medicina. Especializou-se em
psiquiatria pois via nessa área uma oportunidade de trabalhar com seu interesse nos
sonhos, no sobrenatural e no oculto. Depois de obter seu diploma, tornou-se
assistente no Burghölzli Mental Hospital e na Clínica Psiquiátrica de Zurique, onde foi
assistente e depois colaborador de Eugen Bleuler, o psiquiatra eminente que
desenvolveu o termo esquizofrenia.

Em 1903, casou-se com Emma Rauschenbach, a segunda herdeira mais rica de toda
Suíça. Tiveram 5 filhos que foram criados de modo frio e formal. Por vários anos
dedicou-se a sua clínica particular e a leccionar uma cadeira de psicologia médica na
Universidade de Zurique. Carl Jung é conhecido como um dos maiores pensadores da
actualidade. Na nona década de sua vida, Jung continuou trabalhando e escrevendo

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sua volumosa obra. Depois de Freud, Jung pode ser considerado o psicólogo
moderno mais influente, que fundou a psicologia analítica3. Jung propôs e
desenvolveu os conceitos da personalidade extrovertida e introvertida,
arquétipos, e o inconsciente colectivo, o complexo, e a sincronicidade. A
classificação tipológica de Myers Briggs (MBTI)4, um instrumento popular
psicométrico, foi desenvolvida a partir de suas teorias. Seu trabalho tem sido
influente na psiquiatria e no estudo da religião, literatura e áreas afins.

O conceito central da psicologia analítica é a individuação - o processo psicológico


de integração dos opostos, incluindo o consciente com o inconsciente, mantendo a
sua autonomia relativa. Jung considerou a individuação como o processo central do
desenvolvimento humano.

O processo de individuação consiste em confrontar os vários aspectos sombrios,


reconhecendo-os e despindo-se da persona e das imagens primordiais. Segundo
Jung, o processo de individuação nada tem de individualismo, muito pelo contrário, é
um processo que estimula o individuo criar condições para que cada um desperte o
melhor de si e do outro, o tempo todo, fazendo-o sair do isolamento e empreender
uma convivência mais ampla e colectiva, por estar mais próximo, conscientemente
da totalidade, mas ainda mantendo sua individualidade. A individuação consiste em
aproximar o mundo do individuo e não excluí-lo do mesmo. 20

“A individuação, em geral, é o processo de formação e particularização do ser


individual e, em especial, é o desenvolvimento do individuo psicológico como ser
distinto do conjunto, da psicologia colectiva. É portanto um processo de
diferenciação que objectiva o desenvolvimento da personalidade individual. (…) Uma
vez que o indivíduo não é um ser único mas pressupõe também um relacionamento
colectivo para sua existência, também o processo de individuação não leva ao
isolamento, mas a um relacionamento colectivo mais intenso e mais abrangente”.5

3
Ver também: http://www.psicologiasandplay.com.br/psicologia-analitica/
4
http://dabliovips.wordpress.com/2010/07/06/teste-de-personalidade/
5
JUNG, 2009, Tipos psicológicos, § 853. Petrópolis: Vozes, 2009

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Etapas da individuação

1. A fase de acomodação. Esta corresponde a infância e aos primeiros tempos da


21
nossa vida de adulto, quando nos aprendemos à obter uma segurança afectiva
regulando os nossos comportamentos em função do que é esperado de nos. Esta
tendência nos conduz a adoptar uma personagem (uma “ persona”) que não reflecte
a totalidade do nosso ser.

2. A tomada de consciência. Com a idade, esta personagem começa a sufocar-


nos. Temos o sentimento de nos ter perdido no caminho, de ter sido “aldrabado” ou
de ser um/a impostor/a. E o que Carl Jung chama de “ sombra”, que se faz lembrar
com ondas de nostalgia: o que dorme em nos e que não escolhemos de ser.

3. O cara-a-cara. E o tempo da duvida. Começamos a reavaliar os fundamentos da


nossa existência, até botar tudo em causa. Vivemos então uma tristeza que
aparente-se a um luto: choramos a nossa juventude, choramos a personagem que
fomos. Este racha-se e deixa aparecer o que foi reprimido, nos seus aspectos
positivos e negativos. A raiva, as derrapagens aparecem.

4. O início da integração. A incerteza e a confusão começam a desaparecer. Os


ajustamentos progressivos vão no sentido de uma melhor coerência. A busca de
aprovação deixa lugar ao desejo de não se trair. E o momento onde podemos
escolher de reorganizar as nossas prioridades e de achar uma maneira de exprimir os

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nossos potenciais. Estas transformações positivas são acompanhadas de choques
relacionais.

5. A individuação. E, no ideal, quando tornamo-nos um individuo completo, dotado


de um melhor conhecimento de si próprio. Nos aceitamos mais as nossas qualidades
e os nossos defeitos, nossos desejos contraditórios e nossos conflitos interiores. E
nos acedemos a integridade: a capacidade a nos ver como nos é como indivíduos
mas também como membros da comunidade humana, ligados ao vivo e a totalidade
do universo.

Encontro com Freud


22
Em 1904, Jung monta um laboratório experimental, implementa o seu teste de
associação de palavras para o diagnóstico psiquiátrico. Neste ínterim, Jung entra em
contacto com as obras de Freud. Envia- lhe copias de seus trabalhos sobre a
existência do inconsciente. Ambos desenvolviam trabalhos inéditos em medicina e
psiquiatria. Freud e Jung passaram a se corresponder no total de 359 cartas. O
primeiro encontro entre eles ocorre em 27 de Fevereiro de 1907 e durou treze horas
ininterruptas. Depois deste encontro estabeleceram uma amizade, durante a qual
trocavam informações sobre sonhos, análises, confidências além de discutir casos
clínicos. Sigmund Freud designou Carl Jung como seu herdeiro espiritual, mas este
desenvolveu uma teoria da personalidade que diferia drasticamente da psicanálise
ortodoxa, criando uma nova e elaborada explicação da natureza humana diferente
de qualquer outra.

Diferenças com Freud

Jung não aceita que as causas dos conflitos psíquicos sempre envolveriam algum
trauma de natureza sexual, e Freud não admitia o interesse de Jung pelos
fenómenos espirituais como fontes válidas de estudo em si.

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Jung fala do passado, mas ressalta a importância do futuro. Salienta a fase da meia-
idade como um momento importante para o desenvolvimento da personalidade
(Psique). Ele assemelha-se a Freud por falar em sistemas da personalidade (Freud
falava em estruturas) e nisso difere de Adler e Horney, que não falavam em sistemas
nem estruturas.

A Libido e os princípios de sua energia

Para Jung, a libido é mais que uma energia sexual e segundo sua teoria, são 3
princípios que se referem a distribuição dessa energia:

 Princípio da Oposição: o conflito entre tendências ou processos opostos é


necessário para a geração de energia psíquica.
 Princípio da Equivalência: é a redistribuição contínua de energia psíquica
gerada, sempre de um ponto para outro da personalidade.
 Princípio da Entropia: refere-se a tendência de buscarmos o equilíbrio entre
as diferenças de energia. É uma espécie de busca pelo equilíbrio
homeostático.

Três Sistemas da Personalidade:

 EGO 23
 Inconsciente Pessoal
 Inconsciente Colectivo

O EGO (centro da consciência)

Aproxima-se de Freud por ser consciente, mas se distancia por não ter parcela
inconsciente. O Ego é o centro da consciência e a parte da psique preocupada com a
percepção, o raciocínio, sensações e lembranças. Grande parte da nossa percepção
consciente e da reacção ao ambiente é determinada pelas atitudes opostas de:

 Extroversão: orientação para o mundo exterior e outras pessoas.


 Introversão: orientação para as ideias e sensações da própria pessoa.

Funções psicológicas

Jung postulou quatro funções da psique: sensação, intuição, pensamento e


sentimento. As funções de sensação e intuição foram agrupadas como não
racionais pois não utilizam os processos da razão, elas apenas constatam
experiências mas não as avaliam. A segunda dupla de funções opostas,
pensamento e sentimento, são funções racionais que envolvem julgar e avaliar
nossas experiências. Da mesma forma que temos só uma atitude dominante, apenas
uma função predomina. Com base nas interacções das 2 atitudes e das 4 funções,
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Jung propôs 8 tipos psicológicos (nisso Jung se aproxima de Adler – que falou em 4
tipos; e de Horney – que falou em 3 tipos)

Tipos psicológicos

Pensamento Extrovertido Lógico, objectivo, dogmático


Sentimento Extrovertido Emotivo, sensível, sociável; mais típico
das mulheres do que dos homens
Sensação Extrovertida Extrovertido, busca o prazer, adaptável
Intuição Extrovertida Criativo, capaz de motivar outros e
aproveitar oportunidades
Pensamento Introvertido Mais interessado em ideias do que nas
pessoas.
Sentimento Introvertido Reservado, não demonstra, mas é capaz
de emoções profundas
Sensação Introvertida Sem interesse pelo exterior, expressa- se
em buscas estéticas.
Intuição Introvertida Mais preocupado com o inconsciente do
que com a realidade cotidiana

Inconsciente Pessoal
24
É um reservatório de material que já foi consciente, mas que foi esquecido porque
era insignificante ou perturbador. Semelhante ao pré-consciente de Freud, é
acessível à consciência, e há muitas permutas entre o inconsciente pessoal e o ego.
Fazem parte deste inconsciente os Complexos, que podem ser conscientes ou
inconscientes. Um complexo é um centro ou padrão de emoções, lembranças,
percepções e desejos, que é organizado em torno de um tema comum.

Inconsciente Colectivo

É o nível mais profundo e menos acessível da psique, que contém o acúmulo de


experiências herdadas de espécies humanas e pré-humanas. Determinadas
experiências básicas caracterizaram todas as gerações na história da humanidade.
Tais como a figura materna, nascimentos, mortes, medo do escuro e idolatrar algum
tipo de figura divina. A universalidade dessas experiências em inúmeras gerações
deixa uma marca em cada um de nós e determina a maneira como percebemos e
reagimos ao nosso mundo. Essa noção de inconsciente colectivo é o aspecto mais
singular e polémico do sistema de Jung.

Os cinco principais Arquétipos

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As experiências antigas contidas no inconsciente colectivo manifestam-se por temas
ou padrões recorrentes que Jung chamou de arquétipos. Os cinco principais são:

 Persona: é a face pública ou papel que a pessoa apresenta para os outros.


 Anima: aspectos da psique feminina no homem.
 Animus: aspectos da psique masculina na mulher.
 Sombra: lado obscuro da personalidade que contém instintos animais
primitivos. Não deve ser totalmente reprimida pois é fonte da vitalidade,
emoção e criatividade. Sem ela a vida é sombria.
 Self: representa a unidade, integração e harmonia da personalidade total,
envolvendo equilíbrio de todas as partes da personalidade. Nesse arquétipo,
os processos consciente e inconsciente são assimilados.

25

Desenvolvimento da Personalidade

Jung propôs que a personalidade é determinada pelo que esperamos ser e pelo que
fomos. Ele critica Freud pois enfatiza a importância do futuro. As etapas do
desenvolvimento segundo sua teoria são:

 Infância: o desenvolvimento do ego começa quando a criança consegue


diferenciar-se dos outros.

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 Puberdade à Idade Adulta: os adolescentes têm de se adaptar às
demandas cada vez maiores da realidade. O foco é externo, predomina a
busca pela educação, carreira e família. O consciente predomina.
 Meia-idade: é um período de transição e de mudanças na personalidade. É
quando começamos o processo de realização ou actualização do Self. O foco
da personalidade muda de externo para interno, numa tentativa de equilibrar
o inconsciente e o consciente.

O Self e a Individuação

É na meia-idade que surge o processo de individuação e exploramos nossa


capacidade e desenvolvemos o nosso Self. Durante esta fase, acontece o
destronamento da persona, o confronto com a sombra, o equilíbrio entre anima e
animus e por fim desenvolvimento do self. Quando a realização total do self está
completa há uma profunda integração de todas as facetas conscientes e
inconscientes da personalidade. Caso o nosso Ego não esteja forte, entramos em
crise quanto ao que cada arquétipo representa.

Jung ressaltou que o processo de individuação não entra em conflito com a norma
colectiva do meio no qual o indivíduo se encontra, uma vez que esse processo, no
seu entendimento, tem como condição para ocorrer que o ser humano tenha
26
conseguido adaptar-se e inserir-se com sucesso dentro de seu ambiente, tornando-
se um membro activo de sua comunidade. O psicólogo suíço afirmou que poucos
indivíduos alcançavam a meta da individuação de forma mais ampla.

Um dos passos necessários para a individuação seria a assimilação das quatro


funções (sensação, pensamento, intuição e sentimento), conceitos definidos por Jung
em sua teoria dos tipos psicológicos. Em seus estudos sobre a alquimia, Jung
identificou a meta da individuação como sendo equivalente à "Opus Magna", ou
"Grande Obra" dos alquimistas. A individuação também pode ser compreendida em
termos globais como o processo que cria o mundo e o leva a seu destino (Rocha
Filho, 2007), não sendo, por isso, uma exclusividade humana. A individuação,
neste contexto, se identifica com o mecanismo de auto-realização, ou
primeiro-motor do universo.

Alguns psicólogos dizem que o processo de individuação acontece de forma


independente, inicia-se no nascimento e termina com a morte, J.J. Clarke contesta
(Em Busca de Jung, pág. 202): “...o caminho da auto-realização exige a colaboração
activa do ego consciente, sendo, pois, uma questão de opção moral e vontade. A
individuação não é algo que aconteça automaticamente à pessoa, mas deve ser
buscada e conquistada com esforço, como um ato de grande coragem praticado na
vida”.
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Devido a esse paradoxo inerente, as definições abundam, tanto por toda a obra de
Jung como também nas dos “pós-junguianos” (Samuels, 1985a). O termo
“individuação” foi adoptado por Jung através do filósofo Schopenhauer, porém
reporta-se a Gerard Dorn, um alquimista do século XVI. Ambos falam do principium
individuationis. Jung aplicou o princípio à psicologia. Em Psychological Types,
publicado em 1921, porém em composição desde 1913, encontramos a definição
pela primeira vez publicada (CW 6, parágrafos. 757-762). Os atributos enfatizados
são: (1) o objectivo do processo é o desenvolvimento da personalidade; (2)
pressupõe e inclui relacionamentos COLETIVOS, isto é, não ocorre em um estado de
isolamento; (3) a individuação envolve um grau de oposição a normas sociais que
não têm uma validade absoluta: “Quanto mais a vida de um homem é moldada pela
norma colectiva, maior é sua imoralidade individual”.

O aspecto unificador da individuação é enfatizado por sua etimologia. “Uso o termo


‘individuação’ para denotar o processo pelo qual uma pessoa se torna ‘in-dividual’,
isto é, uma unidade indivisível ou um ‘todo’” (CW, parág. 490). Os fenómenos
descritos por Jung em uma variedade de contextos estão sempre ligados a sua
própria experiência pessoal, seu trabalho com pacientes e suas pesquisas,
especialmente da alquimia e das mentes dos alquimistas. As definições ou descrições
da individuação, portanto, variam de ênfase de acordo com a fonte da qual Jung
estivesse mais próximo na ocasião. 27

Análise e casamento são exemplos específicos de situações de natureza interpessoal


que se prestam ao trabalho de individuação. Ambos requerem devotamento e são
árduas jornadas. Alguns analistas consideram o tipo psicológico de cada parceiro de
importância capital. Sem dúvida existem outros relacionamentos interpessoais que,
combinados com uma observação mais ou menos consciente de eventos intrafísicos,
podem facilitar a individuação. O mais importante desenvolvimento teórico desde
que Jung afirmou que a individuação fazia parte da segunda metade da vida foi a
extensão do termo que passou a abranger também o começo da vida (Fordham,
1969).

Uma pergunta, sem resposta ainda, é saber se a integração deve,


necessariamente, preceder a individuação. Obviamente, as chances são melhores
para o ego que é forte (integrado) bastante para resistir à individuação quando esta
irrompe subitamente, ao invés de se introduzir calmamente na personalidade.
Grandes artistas, cuja auto-realização dificilmente pode ser posta em dúvida (por
exemplo, Mozart, Van Gogh, Gauguin), às vezes parecem ter preservado uma
formação de carácter infantil e/ou traços psicóticos infantis. Eram individuados? Em
termos de perfeição de seus talentos que se tornaram amalgamados com suas

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personalidades, a resposta é sim; em termos de completude e relacionamentos
pessoais, provavelmente não.

Finalmente, há uma pergunta relativa à individuação que concerne a toda análise


profunda, e à sociedade como um todo: fará alguma diferença para o resto da
humanidade se um número infinitesimalmente pequeno empreende essa árdua
jornada? Jung responde positivamente que o analista não está trabalhando somente
para o paciente, mas também para o bem de sua própria alma, e acrescenta que
“por pequena e invisível que possa ser a contribuição, ela, contudo, é um magnum
opus*... As questões decisivas da psicoterapia não são um assunto de interesse
privado – representam uma responsabilidade maior ”(CW 16, parág. 449).

VII. A classificação tipológica de Myers Briggs

A classificação tipológica de Myers Briggs (do inglês Myers-Briggs Type Indicator -


MBTI6) é um instrumento utilizado para identificar características e preferências
pessoais. Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers desenvolveram o
indicador durante a Segunda Guerra Mundial, baseadas nas teorias de Carl Gustav
Jung sobre os Tipos Psicológicos. O CPP Inc., editor do instrumento MBTI, o chama
28
de "a avaliação de personalidade mais amplamente utilizada no mundo", com até
dois milhões de avaliações administradas anualmente. O CPP e outros defensores
afirmam que o indicador atende ou ultrapassa a confiabilidade de outros
instrumentos psicológicos5 6 e inclui relatos do comportamento individual. Estudos
têm encontrado divergências frente à validade, consistência interna e confiabilidade
(teste-reteste), mesmo havendo sido observadas algumas oscilações. Entretanto,
alguns psicólogos académicos criticaram o indicador, afirmando que este "carece de
dados válidos convincentes". O uso do MBTI como um prognosticador do sucesso
profissional não recebe suporte em estudos, e seu uso com este propósito é
expressamente desencorajado no Manual.

Conceitos

Tipo e dicotomia

Um conceito fundamental para o MBTI é "Tipo Psicológico". A ideia é que os


indivíduos acham certas maneiras de pensar e agir mais fáceis que as outras. O
MBTI postula a existência de quatro pares opostos de maneiras de pensar e agir,

6
Introdução ao MBTI por Paulo Goelzer Ph.D.: http://www.youtube.com/watch?v=d8HkozICMYA

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chamadas dicotomias (dimensões). As preferências são normalmente indicadas por
letras maiúsculas que indicam cada uma destas quatro preferências.

As quatro dicotomias Os quatro pares de preferências ou "dicotomias" são


apresentadas na tabela abaixo.

Extroversão Introversão
Sensorial iNtuição
Razão ('T'hinking) Sentimento ('F'eeling)
Julgamento Percepção ('P'erceiving)

Os termos usados para cada dicotomia têm significados técnicos específicos


relacionados ao MBTI, que diferem do seu significado cotidiano. Por exemplo,
pessoas com uma preferência para julgamento em relação à percepção não são,
necessariamente, mais críticos ou menos perceptivos.

Além disto, o MBTI não mede as aptidões: apenas mostra que uma preferência se
sobressai a outra. Uma pessoa que informa alta pontuação para extroversão em
relação à introversão não pode ser correctamente descrita como mais extrovertida:
ela simplesmente tem uma preferência evidente.

Atitudes (E-I) 29

 Extrovertidos (E). Obtém sua energia através da acção; gostam de realizar


várias actividades; agem primeiro e depois pensam. Quando inactivos, sua
energia diminui. Em geral, são sociáveis.
 Introvertidos (I). Obtém sua energia quando estão envolvidos com ideias;
preferem reflectir antes de agir e, novamente, reflectir. Precisam de tempo
para pensar e recuperar sua energia. Em geral, são pouco sociáveis.

Funções (S-N e T-F)

As dicotomias Sensorial-Intuição e Pensamento-Sentimento são


frequentemente chamadas de Funções MBTI. Os indivíduos tendem a preferir uma
dicotomia em relação à outra (veja Estilo de Vida).

Sensoriais e Intuitivos: Descrevem como a informação é entendida e interpretada.

 Sensoriais (S). Confiam mais em coisas palpáveis, concretas, informações


sensoriais. Gostam de detalhes e fatos. Para eles o significado está nos dados.
Precisam de muitas informações.
 Intuitivos (N). Preferem informações abstractas e teóricas, que podem ser
associadas com outras informações. Gostam de interpretar os dados com base

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em suas crenças e experiências pessoais. Trabalham bem com informações
incompletas e imperfeitas.

Racionalistas e Sentimentais: Descrevem como as decisões são realizadas.

 Racionalistas (T). Decidem com base na lógica e procuram argumentos


racionais.
 Sentimentais (F). Decidem com base em seus sentimentos (não confundir
com emoções).

Estilo de Vida (J-P)

Myers e Briggs perceberam que as pessoas podem ter uma preferência pela função
de julgamento (J) ou pela função de percepção (P). A isto chamaram o embaixador
para o mundo externo. Grosseiramente, um Julgador tentará controlar o mundo,
enquanto um Perceptivo tentará se adaptar a ele (são aventureiros).

 Julgadores (J). Sentem-se tranquilos quando as decisões são tomadas.


 Perceptivos (P). Sentem-se tranquilos deixando as opções em aberto.

Os 16 tipos 30

Às quatro dicotomias correspondem 16 tipos psicológicos que podem ser divididos


em 4 grupos de temperamentos (ordenados segundo a frequência na população nos
Estados Unidos em “How Frequent Is My Type?”):

 SJs' ou Guardiões (46,1%)


 SPs' ou Artesãos (27%)
 NTs' ou Racionais (10,4%)
 NFs' ou Idealistas (16,5%)

O MBTI é frequentemente utilizado nas áreas de aconselhamento de carreira,


pedagogia, dinâmicas de grupo, orientação profissional, treino de liderança,
aconselhamento matrimonial e desenvolvimento pessoal, entre outros.

O Relatório

O instrumento gera um relatório onde as 4 dicotomias do respondente são


representadas niveladamente em um gráfico de barras em que quanto mais longa a
barra, mais clara e certa é a preferência. Na sequência, as preferências analisadas
serão relacionadas e alinhadas detalhadamente de acordo aos patamares: "Seu estilo
de trabalho", "Suas preferências no trabalho", "Seu estilo de comunicação", "Ordem
de suas preferências", "Sua abordagem para resolução de problemas".

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VIII. Bibliografia indicativa

BIAGGIO, Ângela M. Brasil. Psicologia do Desenvolvimento . 18.ed. Petrópolis (RJ):


Vozes, 2005.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
DUTRA, Joel S. Gestão de Pessoas: Modelo, Processos, Tendências e Perspectivas .
São Paulo: Editora Atlas, 2002.
DRUCKER, Peter F. Administrando em Tempos de Grandes Mudanças . São Paulo:
Pioneira, 1989.
FOUCAULT, M. História da sexualidade (1976-?):
A vontade de saber (1976)
O uso dos prazeres (1984)
O Cuidado de Si (1984)
Os prazeres da carne (não publicado até 2014)
FRANCO, Simon. O Profissionauta: Você no Mercado de Trabalho do Século XXI.
São Paulo: Editora Futura, 2002.
FREIRE. Paulo. Pedagogia do Oprimido. 47 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008
FREIRE. Paulo. Pedagogia da Esperança. Um reencontro com a pedagogia do
oprimido. 15 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa .
São Paulo: Paz e Terra, 1998
GUIMARÃES, C. A. F. 2004. Carl Gustav Jung e os fenómenos psíquicos . São Paulo, 31
Madras.
HILLMAN, J. 1996. O código do ser. Rio de Janeiro, Objetiva.
JOSSO, Marie-Christine. Experiências de Vida e formação. São Paulo: Cortez, 2004.
JUNG, C.G. 1986. Resposta a Jó. Petrópolis, Vozes, O.C. XI/4.
JUNG, C. G. 1986. Símbolos da Transformação. Petrópolis, Vozes, O.C. V.
JUNG, C. G. 1988. Aion – Estudos sobre o simbolismo do si-mesmo. Petrópolis,
Vozes, O.C. IX/2.
JUNG, C. G. 1991. A Natureza da Psique. Petrópolis, Vozes, O.C. VIII/2.
JUNG, C. G. 1991. Sincronicidade. Petrópolis, Vozes, O.C. VIII/3.

JUNG, C. G. 1998. A vida simbólica – v. I. Petrópolis, Vozes, O.C. XVIII/I.


JUNG, C. G. 1998. A vida simbólica – v. II. Petrópolis, Vozes, O.C. XVIII/II.
MUÑOZ, César. Pedagogia da Vida Cotidiana e Participação Cidadã. São Paulo:
Editora Cortez, 2004 – 03 ex
MUSSEN, Paul Henry (et.al.). Desenvolvimento e Personalidade da Criança. Trad.
Maria Lucia G. Leite Rosa. São Paulo: Harbra, 2001. 8exs. PENNA, Antonio Gomes.
Introdução à Psicologia Genética de Piaget. Rio de Janeiro: Imago, 2001. 13exs.

PROGOFF, I. 1999. Jung, sincronicidade e destino humano . São Paulo, Cultrix.


SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina: Arte e Prática da Organização que Aprende .
São Paulo: Editora Best Seller, 1998.

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RAPPAPORT, Clara Regina; FIORI, Wagner da Rocha; DAVIS, Cláudia. Psicologia do
desenvolvimento: teorias do desenvolvimento – conceitos fundamentais. São Paulo:
EPU, 2005. v.1. 10 exs.
ROGERS, C. (1989). Sobre o Poder Pessoal. São Paulo, SP: Martins Fontes. (obra
original publicada em 1977).
ROGERS, C. (1983). Um Jeito de Ser. São Paulo, SP: Editora Pedagógica e
Universitária. (obra original publicada em 1980).
ROGERS, C. (1994). Liberdade para aprender nos anos oitenta. São Paulo, SP:
Martins Fontes. (obra original publicada em 1983).
ROGERS, C., Bowen, M. & Santos, A. (1987). Quando fala o coração. Porto Alegre:
Artes Médicas.
ROGERS, C. & Kinget, G. (1977). Psicoterapia e Relações Humanas. Teoria e prática
da terapia não directiva. Belo Horizonte: Interlivros. (obra original publicada em
1967).
ROGERS, C. & Rosenberg, R. (1977). A Pessoa como Centro. São Paulo, SP: Editora
Pedagógica e Universitária.
ROGERS, C. & Stevens, B. (1987). De Pessoa Para Pessoa. São Paulo, SP: Pioneira.
ROGERS, C. & Wood, J. (1994). Abordagem Centrada na Pessoa. Vitória: Editora
Fundação Ceciliano Abel de Almeida e Universidade Federal do Espírito Santo.
ROGERS, C. (2000). Manual de Counselling. Lisboa: Encontro.
ROBERTO, G. L. 2004. Aquém e além do tempo. Porto Alegre, Letras de Luz.
ROCHA FILHO, J. B. Física e Psicologia. Porto Alegre, Edipucrs, 2007.
SILVEIRA, N. da, Jung: vida e obra, Rio de Janeiro, José Álvaro Ed. 1968. 32
SILVEIRA, N. da, Imagens do inconsciente. Rio de Janeiro: Alhambra, 1981.
SILVEIRA, N. da, Casa das Palmeiras. A emoção de lidar. Uma experiência em
psiquiatria. Rio de Janeiro: Alhambra. 1986.
SILVEIRA, N. da, O mundo das imagens. São Paulo: Ática, 1992.
SILVEIRA, N. da, Cartas a Spinoza. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1995.
VON FRANZ, M. L. 1993. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
VON FRANZ, M. L. 1995. Os sonhos e a morte. São Paulo, Cultrix.
VON FRANZ, M. L. 1997. Mistérios do tempo. Rio de Janeiro, Del Prado.
VON FRANZ, M. L. 1997. Reflexos da alma. São Paulo, Pensamento.
VON FRANZ, M. L. 1998. Adivinhação e sincronicidade. São Paulo, Pensamento.
HEAD AND SHOULDER
ZARIFIAN, Philippe. O Modelo da Competência: Trajectória Histórica, Desafios
Atuais e Propostas. São Paulo: Editora SENAC, 2003.

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IX. Anexos:

i. O processo de individuação - Nise da Silveira


ii. Questionário de Marcel Proust
iii. 8 Lições de Albert Einstein sobre desenvolvimento pessoal
iv. “É preciso encontrar o que você ama" – Discurso de Steve Jobs na
Universidade de Stanford
v. 3 Lições de vida de Steve Jobs
vi. O Método dos 6 chapéus de Edward De Bono

i. O processo de individuação - Nise da Silveira

33

C.G. Jung

Nise da Silveira7 (Maceió, 15 de Fevereiro de 1905 — Rio de Janeiro, 30 de


Outubro de 1999) foi uma renomada médica psiquiatra brasileira, aluna de Carl Jung.
Dedicou sua vida à psiquiatria e manifestou-se radicalmente contrária às formas
agressivas de tratamento de sua época, tais como o confinamento em hospitais
psiquiátricos, electrochoque, insulinoterapia e lobotomia.
Durante a Intentona Comunista foi denunciada por uma enfermeira pela posse de
livros marxistas. A denúncia levou à sua prisão em 1936 no presídio da Frei Caneca
por 18 meses. Neste presídio também se encontrava preso Graciliano Ramos, assim
ela tornou-se uma das personagens de seu livro Memórias do Cárcere.
De 1936 a 1944 permanece com seu marido na semi-clandestinidade, afastada do
serviço público por razões políticas. Durante seu afastamento faz uma profunda
leitura reflexiva das obras de Spinoza, material publicado em seu livro Cartas a
Spinoza em 1995.

7
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nise_da_Silveira

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Em 1952, ela funda o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, um
centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos
estúdios de modelagem e pintura que criou na instituição, valorizando-os como
documentos que abrem novas possibilidades para uma compreensão mais profunda
do universo interior do esquizofrénico.

Todo ser tende a realizar o que existe nele em germe, a crescer, a completar-
se. Assim é para a semente do vegetal e para o embrião do animal. Assim é para o
homem, quanto ao corpo e quanto à psique. Mas no homem, embora o
desenvolvimento de suas potencialidades seja pulsionado por forças instintivas
inconscientes, adquire carácter peculiar: o homem é capaz de tomar consciência
desse desenvolvimento e de influenciá-lo. Precisamente no confronto do inconsciente
pelo consciente, no conflito como na colaboração entre ambos é que os diversos
componentes da personalidade amadurecem e unem-se numa síntese, na realização
de um indivíduo específico e inteiro. Essa confrontação "é o velho jogo do martelo e
da bigorna: entre os dois, o homem, como o ferro, é forjado num todo indestrutível,
num indivíduo. Isso, em termos toscos, é o que eu entendo por processo de
individuação" (Jung).

O processo de individuação não consiste num desenvolvimento linear. É


movimento de circunvolução que conduz a um novo centro psíquico. Jung
denominou este centro self (si mesmo). Quando consciente e inconsciente vêm
ordenar-se em torno do self a personalidade completa-se. 0 self será o centro da
34
personalidade total, como o ego é o centro do campo do consciente.

O conceito junguiano de individuação tem sido muitas vezes deturpado.


Entretanto e claro e simples na sua essência: tendência instintiva a realizar
plenamente potencialidades inatas. Mas, de fato, a psique humana é tão complexa,
são de tal modo intrincados os componentes em jogo, tão variáveis as intervenções
do ego consciente, tantas as vicissitudes que podem ocorrer, que o processo de
totalização da personalidade não poderia jamais ser um caminho recto e curto de
chão bem batido. Ao contrário, será um percurso longo e difícil.

Pelo menos duas confusões frequentes devem ser de início esclarecidas. Em


primeiro lugar não se pense que individuação seja sinónimo de perfeição. Aquele que
busca individuar-se não tem a mínima pretensão a tornar-se perfeito. Ele visa
completar-se, o que é muito diferente. E para completar-se terá de aceitar o fardo de
conviver conscientemente com tendências opostas, irreconciliáveis, inerentes à sua
natureza, tragam estas as conotações de bem ou de mal, sejam escuras ou claras.
Outro erro grave seria confundir individuação com individualismo. "Vindo a ser o
indivíduo que é de fato, o homem não se torna egoísta no sentido ordinário da
palavra, mas meramente está realizando as particularidades de sua natureza, e isso
é enormemente diferente de egoísmo ou individualismo" (Jung). Note-se que o
trabalho no sentido da individuação toma em atenta consideração os componentes
colectivos da psique humana (conteúdos do inconsciente colectivo), o que desde
logo permite esperar que daí resulte melhor funcionamento do indivíduo dentro da

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colectividade. Nesse trabalho, ele aprende por experiência própria que a estrutura
básica de sua vida psíquica é a mesma estrutura básica da psique de todos os
humanos. Um conhecimento dessa ordem decerto não fomenta sentimentos de
orgulhosos privilégios individualistas. Acontece é que as relações interpessoais
mudam no decurso do desenvolvimento da personalidade. Liquidam-se projecções.
As relações de estreita dependência, de quase fusão com outros seres, gradualmente
modificam-se para dar lugar a uma posição de "respeito pelo segredo que é cada
vida humana". Talvez o indivíduo venha então a sentir-se algo solitário, porém estará
cada vez mais longe do egoísmo individualista.

O processo de individuação é descrito em imagens nos contos de fada, mitos,


no opus alquímico, nos sonhos, nas diferentes produções do inconsciente. Sobretudo
através dos sonhos será possível acompanhá-lo ao vivo nos progressos, interrupções,
regressões e interferências várias que perturbem seu desenvolvimento, Seguindo-o
em numerosíssimos casos, Jung verificou a constante emergência de imagens
análogas ou semelhantes que se sucediam, traçando, por assim dizer, o itinerário do
caminho percorrido. Baseado nessas observações, Jung descreveu as principais
etapas do processo de individuação.

A preliminar será o desvestimento das falsas roupagens da persona.

Para estabelecer contactos com o mundo exterior, para adaptar-se às


exigências do meio onde vive, o homem assume uma aparência que geralmente não 35
corresponde ao seu modo de ser autêntico. Apresenta-se mais como os outros
esperam que ele seja ou ele desejaria ser, do que realmente como é. A esta
aparência artificial, Jung chama persona, designação muito adequada, pois os
antigos empregavam esse nome para denominar a máscara que o actor usava
segundo o papel que ia representar. O professor, o médico, o militar, por exemplo,
de ordinário mantêm uma fachada de acordo com as convenções colectivas, quer no
vestir, no falar ou nos gestos. Os moldes da persona são recortes tirados da psique
colectiva.

Se, numa certa medida, a persona representa um sistema útil de defesa, poderá
suceder que seja tão excessivamente valorizada a ponto do ego consciente
identificar-se com ela. O indivíduo funde-se então aos seus cargos e títulos, ficando
reduzido a uma impermeável casca de revestimento. Por dentro não passas de
lamentável farrapo, que facilmente será estraçalhado se soprarem lufadas fortes
vindas do inconsciente.

Nenhum exemplo ilustrará melhor o que seja a persona, que o conto de


Machado de Assis - O Espelho. Neste conto, Machado apresenta a teoria de que o
homem tem duas almas: "uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora
para dentro". (...) "Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a
alma exterior de uma pessoa; e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma
máquina, um par de botas, uma cavatina, um tambor, etc." E narra o caso de um
jovem que, sendo nomeado alferes da guarda nacional, tanto se identificou com a
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patente que "o alferes eliminou o homem". Quando, por circunstâncias especiais, ele
foi obrigado a ficar sozinho numa casa de campo onde não havia ninguém para
prestar as louvações e marcas de respeito devidas ao alferes, sentiu-se
completamente vazio. Até sua imagem no espelho, ele via esfumada, sem contorno
nítido. Este fenómeno estranho levou-o ao pânico. Desesperado, lembrou-se de
vestir a farda de alferes, "0 vidro reproduziu então a figura integral, nenhuma linha
de menos, nenhum contorno diverso; era eu mesmo, o alferes, que achava, enfim, a
alma exterior".

Quanto mais a persona aderir á pele do actor, tanto mais dolorosa será a
operação psicológica para despi-la.

Quando é retirada a máscara que o actor usa nas suas relações com o mundo,
aparece uma face desconhecida.

Olhar-se em espelho, que reflicta cruamente esta face, é decerto ato de


coragem. Será visto nosso lado escuro onde moram todas as coisas que nos
desagradam em nós, ou mesmo que nos assustam, é nossa sombra. Os primitivos
acreditavam que a sombra projectada por seus corpos, ou sua imagem reflectida na
água, fosse urna parte viva deles próprios. E, com efeito, a sombra (em sentido
psicológico) faz parte da personalidade total. As coisas que não aceitamos em nós,
que nos repugnam, e por isso as- reprimimos, nós as projectamos sobre o outro,
seja ele o nosso vizinho, o nosso inimigo político, ou uma figura símbolo como o 36
demónio. E assim permanecemos inconscientes de que as abrigamos dentro de nós.
Lançar luz sobre os recantos escuros tem como resultado o alargamento da
consciência. Já não é o outro quem está sempre errado. Descobrimos que
frequentemente "a trave" está em nosso próprio olho.

Quanto mais a sombra for reprimida mais se torna espessa e negra. Exemplo
impressionante deste fenómeno da dinâmica psíquica encontra-se no conto de R.
Stevenson, Dr. Jekyll e Mr. Hyde, que o cinema divulgou num filme intitulado 0
Médico e o Monstro. Dr, Jekyll era um médico admirado pela sua capacidade, afável
com os amigos e cheio de bondade para seus doentes. Mr, Hyde, um ser
moralmente insensível, sempre pronto a cometer crimes. Os dois eram a mesma
pessoa.

É muito curioso que o conto de Stevenson tenha tido origem num sonho do
autor e logo haja sido escrito, quase sem pausas, em três dias. Trata-se de um
extraordinário documento psicológico. Jekyll descreve-se: "meu maior defeito era
uma certa disposição natural para o prazer, disposição que fez a felicidade de muitos
outros, mas que eu achava difícil de conciliar com o meu imperioso desejo de andar
de cabeça erguida. Usava então diante do público de uma aparência mais grave que
o comum". - Ele se surpreendia de ver que, sob a forma de Hyde, não lhe
contentavam os prazeres que Jekyll não se permitia. Hyde, como personagem
autónomo, livre de seguir seus impulsos, ia muito além, revelava-se intrinsecamente
mau, capaz de todas as vilezas.
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A sombra é uma espessa massa de componentes diversas, aglomerando desde
pequenas fraquezas, aspectos imaturos ou inferiores, complexos reprimidos, até
forças verdadeiramente maléficas, negrumes assustadores. Mas também na sombra
poderão ser discernidos traços positivos: qualidades valiosas que não se
desenvolveram devido a condições externas desfavoráveis ou porque o indivíduo não
dispôs de energia suficiente para levá-las adiante, quando isso exigisse ultrapassar
convenções vulgares.

A sombra coincide com o inconsciente freudiano e com o inconsciente pessoal


junguiano. Nos sonhos costuma aparecer personificada em indivíduos do mesmo
sexo do sonhador, que representam, por assim dizer, o seu avesso, É um duro
problema de início de análise o reconhecimento de figurantes do sonho, julgados
desprezíveis pelo sonhador, como aspectos sombrios de sua própria personalidade.

Mas a sombra ultrapassa os limites do pessoal e alonga-se na sombra colectiva.


Veremos então homens civilizados, quando reunidos em massa, portarem-se
segundo padrões os mais inferiores. Caírem presas de preconceitos colectivos de
discriminações raciais. Fabricarem bodes-expiatórios. Tornarem-se ávidos,
destrutivos, sanguinários. Os exemplos são múltiplos e infelizmente estão de tal
modo presentes no mundo contemporâneo que será desnecessários citá-los.

Depois de travar conhecimento com a própria sombra, uma tarefa muito mais 37
difícil se apresenta. É a confrontação da anima.

Todos sabem que no corpo de cada homem existe uma minoria de gens
femininos que foram sobrepujados pela maioria de gens masculinos. À feminidade
inconsciente no homem, Jung denomina anima. "A anima é, presumivelmente, a
representação psíquica da minoria de gens femininos presentes no corpo do homem"
(Jung). Esta feminilidade inconsciente no homem, indiferenciada, inferior, manifesta-
se, na vida ordinária, por despropositadas mudanças de humor e caprichos.

Vêm compor a anima também as experiências fundamentais que o homem


teve com a mulher através dos milénios, "um aglomerado hereditário inconsciente de
origem muito longínqua, tipo de todas as experiências da linha ancestral em relação
ao ente feminino, resíduo de todas as impressões fornecidas pela mulher" (Jung). A
anima encerra os atributos fascinantes do "eterno feminino" noutras palavras, é o
arquétipo do feminino.

O primeiro receptáculo da anima é a mãe, e isso faz que aos olhos do filho ela
pareça dotada de algo mágico. Depois a anima será transferida para a estreia de
cinema, a cantora de rádio e, sobretudo para a mulher com quem o homem se
relacione amorosamente, provocando os complicados enredamentos do amor e as
decepções causadas pela impossibilidade do objecto real corresponder plenamente à
imagem oriunda do inconsciente. Aliás essa transferência nem sempre se processa
de modo satisfatório, A retirada da imagem da anima de seu primeiro receptáculo
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constitui uma etapa muito importante na evolução psíquica do homem. Se não se
realiza, a anima é transposta, sob a forma da imagem da mãe, para a namorada, a
esposa ou a amante. O homem esperará que a mulher amada assuma o papel
protector de mãe, o que o leva a modos de comportamento e a exigências pueris
gravemente perturbadoras das relações entre os dois.

Na primeira metade da vida a anima projecta-se de preferência no exterior,


sobre seres reais, estando sempre presente nas problemáticas do amor, suas ilusões
e desilusões. Mas, na segunda metade da existência, quando o jogo dessas
projecções vai se esgotando é a mulher dentro do homem, durante anos reprimida
(porque no consenso colectivo um homem nunca deve permitir que o sentimento
influa na sua conduta), quem penetra na sua vida sem ser chamada. O "homem
forte" estará então frequentemente amuado, tornar-se-á híper susceptível, surgirão
intempestivas mudanças de humor, explosões emocionais, caprichos. Ele perderá
progressivamente o comando em sua casa.

A anima apresenta-se personificada, nos sonhos, nos contos de fada, no


folclore de todos os povos, nos mitos, nas produções artísticas. As formas, belas ou
horríveis, de que se reveste são numerosíssimas: sereia, mãe-d ‘água, feiticeira,
fada, ninfa, animal, súcubo, deusa, mulher. O princípio feminino no homem poderá
desenvolver-se, diferenciar-se, transpor estágios evolutivos.

Eis um exemplo de anima correspondente à etapa em que fortes componentes 38


sexuais acham-se mesclados a elementos românticos e estéticos. Fala, em linguagem
enfática, a jovem tocadora de cinor pintada na parede de um túmulo pagão, lugar de
refúgio do monge Pafnucio quando se debatia no seu doido amor por Thais: "Para
onde pensas-me fugir, insensato? Tu encontrarás a minha imagem no desabrochar
das flores e no donaire das palmeiras, no voo das pombas, nos saltos das gazelas,
na fuga ondulosa dos regatos, nas dormentes claridades da lua. E, se fechares os
olhos, a encontrarás em ti mesmo. (,..) Conheces-me bem, Pafnucio. Por que não
me reconheceste? Sou uma das inúmeras encarnações de Thais. (...) Decerto ouviste
dizer que Thais viveu outrora em Esparta sob o nome de Helena. Em Tebas
Hecatompila, ela teve uma outra existência. Donde vem tua surpresa? Era certo que,
fosses aonde fosses, encontrarias Thais", (THAIS - Anatole France, tradução
brasileira de Sodré Viana).

Exemplo de anima representativa de estágio evolutivo superior, misteriosa


encarnação de espiritualidade e sabedoria, é Mona Lisa. Dmitri Merejkowski, no livro
o ROMANCE DE LEONARDO DA VINCI (tradução brasileira de Breno da Silveira) teve
a intuição perfeita de que Mona Lisa era a própria alma do pintor, quando pôs na
boca de um de seus discípulos, estas palavras: a realidade parecia um sonho e o
sonho, realidade, como se Mona Lisa não fosse uma criatura viva, esposa de um
cidadão florentino, um certo Messer Giocondo, o mais comum dos mortais, mas um
ser semelhante aos espíritos e evocado pela vontade do mestre - uma fada, um sósia
feminino do próprio Leonardo"

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Se o princípio feminino no homem (anima) for atentamente tomado em
consideração e confrontado pelo ego, os fenómenos decorrentes de seus
movimentos autónomos dissolvem-se, suas personificações desfazem-se. A anima
torna-se uma função psicológica da mais alta importância. Função de relacionamento
com o mundo interior, na qualidade de intermediária entre consciente e inconsciente,
função de relacionamento com o mundo exterior na qualidade de sentimento
conscientemente aceite.

Do mesmo modo que no corpo de todo homem existe uma minoria de gens
femininos, no corpo de cada mulher acha-se presente uma minoria de gens
masculinos. Jung denomina animus à masculinidade existente no psiquismo da
mulher. Esta masculinidade é inconsciente e manifesta-se, de ordinário, como
intelectualidade mal diferenciada e simplista, Dai vermos frequentemente mulheres
sustentarem afirmações a priori, opiniões convencionais, que não resistem ao exame
lógico mas que nem por isso deixam de ser teimosamente defendidas com
argumentos acirrados. 0 animus opõe-se à própria essência da natureza feminina
que busca, antes de tudo, relacionamento afectivo. Sua hipertrofia resultará em
humor querelante, em quebra de laços de amor.

O animus condensa todas as experiências que a mulher vivenciou nos seus


encontros com o homem no curso dos milénios. E é a partir desse imenso material
inconsciente que é modelada a imagem do homem que a mulher procura.
39
O primeiro receptáculo do animus será o pai. Transfere-se depois para o
mestre, para o actor de cinema, o campeão esportivo ou o líder político. Projectado
sobre o homem amado, faz dele uma imagem ideal, impossível de resistir à
convivência cotidiana. Vem as decepções inevitáveis.

As relações entre o homem e a mulher ocorrem dentro do tecido


fantasmagórico produzido pela anima e pelo animus. Portanto, não e para
surpreender que surjam emaranhados problemas na vida dos casais.

As personificações que o animus assume nos sonhos, contos de fada, mitos e


outras produções do inconsciente variam em escala larguíssima: formas animais,
selvagens, demónios, príncipes, criminosos, heróis, feiticeiros, artistas, homens
brutos e homens requintados.

Do mesmo modo que a anima, o animus é susceptível de evoluir, de


transformar-se. Vários contos de fada nos dizem de príncipes metamorfoseados em
animais que por fim são redimidos pela heroína do conto, o que significa evolução e
integração do princípio masculino na consciência da mulher.

As representações dos aspectos negativos do animus são particularmente


abundantes. Vamos encontrar exemplo dos mais típicos na Bíblia. No livro de Tobias
(cap. VI), onde é contada a história da jovem Sara que se casou sete vezes e matou
os sete maridos na noite de núpcias, por estar possuída pelo demónio Sinaïticus.
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Muitas histórias medievais narram também casos de mulheres que, possuídas de
demónios, entregavam-se a um erotismo desenfreado e cometiam actos destrutivos.

Extraordinária figuração do animus, na literatura, é Heathcliff, personagem de


o MORRO DO VENTO UIVANTE, romance de Emily Bronte (tradução brasileira de
Rachel de Queiroz). Heathcliff encarna os atributos negativos do animus em toda a
sua crueza: brutalidade, crueldade, capacidade destruidora. Mas Emily, que vivia em
íntimo contacto com as imagens do inconsciente, conhecia também outras faces do
animus. É assim que em seus poemas exalta um "anjo radiante", um "fantasma
sempre presente - meu escravo, meu companheiro, meu rei".

O animus nos seus aspectos positivos tem funções importantes a realizar. É o


mediador entre inconsciente e consciente, papel desempenhado pela anima no
homem, Se atentamente cuidado e integrado pelo consciente, traz à mulher
capacidade de reflexão, de auto conhecimento e gosto pelas coisas do espírito.

A noção da bissexualidade de todo ser humano antes de ser aceita pela


ciência, era já uma intuição antiquíssima. Encontramo-la, por exemplo, no mito dos
Andróginos, apresentado por Aristófanes no Banquete de Platão. Os andróginos eram
seres bissexuados, redondos, ágeis e tão possantes que Zeus chegou a temê-los.
Para reduzir-lhes a força dividiu-os em duas metades: masculina e feminina. Desde
então cada um procura ansiosamente sua metade. O homem e a mulher sofrem esse
mesmo sentimento, expresso pelo mito, de serem incompletos quando sozinhos, pois 40
a natureza do homem pressupõe a mulher e a natureza da mulher pressupõe o
homem.

Quando, depois de duras lutas, desfazem-se as personificações da anima ou


do animus o inconsciente muda de aspecto e aparece sob uma forma simbólica nova,
representando o self, o núcleo mais interior da psique" (M.L. von Franz).

Surgem então, nos sonhos, as primeiras figurações desse centro profundo.


Habitualmente, nos sonhos de mulheres, esse centro revela-se sob a forma de uma
figura feminina superior - mulher desconhecida de quem emana autoridade e
benevolência, sacerdotisa, deusa mãe ou deusa do amor. Nos sonhos de homens
assume o aspecto de velho sábio, de mago, de mestre espiritual, de filósofo. Essas
personificações, sejam as femininas ou as masculinas, são dotadas de grande
potencial energético, causando sempre ao sonhador uma impressão duradoura de
maravilhamento.

O self (si mesmo) não se revela apenas através de personificações humanas.


Sendo uma grandeza que excede de muito a esfera do consciente, sua escala de
expressões estende-se de uma parte ao infra-humano e de outra parte ao super-
humano. Assim, seus símbolos podem apresentar-se sob aspectos minerais, vegetais,
animais; como super-homens e deuses. Também sob formas abstractas. A
denominação de self não cabe unicamente a esse centro profundo, mas também à
totalidade da psique. O reconhecimento da própria sombra, a dissolução de
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complexos, liquidação de projecções, assimilação de aspectos parciais do psiquismo,
a descida ao fundo dos abismos, em suma o confronto entre consciente e
inconsciente, produz um alargamento do mundo interior do qual resulta que o centro
da nova personalidade, construída durante todo esse longo labor, não mais coincida
com o ego. O centro da personalidade estabelece-se agora no self, e a força
energética que este irradia englobará todo o sistema psíquico. A consequência será a
totalização do ser, sua esterificação (abrundung). O Indivíduo não estará mais
fragmentado interiormente. Não se reduzirá a um pequeno ego crispado dentro de
estreitos limites. Seu mundo agora abraça valores mais vastos, absorvidos do imenso
património que a espécie penosamente acumulou nas suas estruturas fundamentais,
Prazeres e sofrimentos serão vivenciados num nível mais alto de consciência. O
homem torna-se ele mesmo, um ser completo, composto de consciente e
inconsciente incluindo aspectos claros e escuros, masculinos e femininos, ordenados
segundo o plano de base que lhe for peculiar.

Expressão por excelência da totalidade psíquica é a mandala. Mandala,


palavra sânscrita, significa círculo, ou círculo mágico. Seu simbolismo inclui toda
imagem concentricamente disposta, toda circunferência ou quadrado tendo um
centro e todos os arranjos radiados ou esféricos. O centro da mandala representa o
núcleo central da psique (self), núcleo que é fundamentalmente uma fonte de
energia. "A energia do ponto central manifesta-se na compulsão quase irresistível
para levar o indivíduo a tornar-se aquilo que ele e do mesmo modo que todo
organismo é impulsionado a assumir a forma característica de sua natureza, sejam 41
quais forem as circunstâncias" (Jung).

No curso do processo de individuação, em torno deste centro e em função


dele, segundo tentamos descrever, vêm organizar-se os diferentes factores psíquicos
e mesmo os mais irreconciliáveis opostos. Cria-se urna ordem que "transforma o
caos em cosmos". Mas não uma ordem estática. Formação, transformação,
constituem sua essência.

Valerá a pena o árduo trabalho da individuação? Aqueles que não se


diferenciam permanecem obscuramente envolvidos numa trama de projecções,
confundem-se, fusionam-se com outros e deste modo são levados a agir em
"desacordo consigo, com o plano básico inato de seu próprio ser. E é este
"desacordo consigo mesmo que constitui fundamentalmente o estado neurótico".
Prossegue Jung: "A libertação deste estado só sobreviverá quando se pode existir e
agir de conformidade com aquilo que é sentido como sendo a própria verdadeira
natureza". Este sentimento será de início nebuloso e incerto mas, à medida que
evolui o processo de individuação, fortalece-se e afirma-se claramente. Então o
homem poderá dizer, ainda que em meio a dificuldades externas e internas, ainda
reconhecendo que nenhuma carga é tão pesada quanto suportar a si mesmo: "Tal
como sou assim eu ajo".

Foram as próprias experiências internas de Jung que o levaram à descoberta


do processo de individuação, segundo ele narra em suas Memórias. Viveu-o
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intensamente em todas as suas fases e, paralelamente, observava que o curso de
desenvolvimento da personalidade de seus analisados seguia roteiro semelhante,
sempre progredindo em direcção a um centro, a um núcleo energético que se
revelava existente no fundo mais íntimo da psique.

O processo de individuação é o eixo da psicologia junguiana.

42

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ii. Questionário de Marcel Proust

Este questionário abaixo foi utilizado no início das aulas, em Março de 2014. E
inspirado do questionário original de Marcel Proust 8, que contém 31 perguntas.

 Qual é o seu nome?


 Qual é sua maior qualidade?
 E seu maior defeito?
 A coisa mais importante em um homem?
 E em uma mulher?
 O que você mais aprecia nos seus amigos?
 Sua actividade favorita é...
 Qual é sua ideia de felicidade?
 E o que seria a maior das tragédias?
 Quem você gostaria de ser, se não fosse você mesmo?
 E onde gostaria de viver?
 Qual é sua cor favorita?
 Seus autores preferidos?
 E os artistas que você mais gosta?
 Qual é sua palavra favorita?
 O que você mais detesta?
 Uma mulher ou um homem para ilustrar uma nota bancaria?
 Quais são os dons da Natureza que você gostaria de possuir? 43
 Agora, já, como você está se sentindo?
 Que defeito é mais fácil perdoar?
 Qual é o lema da sua vida?

8
http://raphinadas.blogspot.com/2014/01/questionario-de-marcel-proust-30-dias.html
E http://www.youtube.com/watch?v=oXY0nfw6GOw

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iii. 8 Lições de Albert Einstein sobre desenvolvimento pessoal9

1. Seja um insistidor
“Não é que eu seja tão esperto. É que eu tento resolver os problemas por
mais tempo”

2. Tenha foco
“Qualquer homem que consegue dirigir com segurança enquanto beija uma
linda garota simplesmente não está dando a atenção que o beijo merece”

3. Crie valor
“Não lute para ser uma pessoa de sucesso. Lute para ser uma pessoa de
valor”

4. Seja curioso(a)
“Eu não tenho nenhum talento especial. Apenas sou apaixonadamente
curioso”

5. Cometa erros
“A pessoa que nunca cometeu um erro é aquela que nunca tentou algo novo”

6. Fuja da insanidade 44
“Definição de insanidade: fazer a mesma coisa diversas vezes esperando
resultados diferentes”

7. Espere resistência
“Grandes espíritos sempre encontraram uma grande resistência das mentes
medíocres”

8. Evolua rápido
“Você precisa aprender as regras do jogo. Então, você precisa jogar melhor do
que todo mundo”

9
http://www.saiadolugar.com.br/dia-a-dia-do-empreendedor/8-licoes-de-albert-eistein-sobre-
desenvolvimento-pessoal/

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iv. “É preciso encontrar o que você ama" – Discurso de Steve
Jobs na Universidade de Stanford

Em 12 de Junho de 2005, Steve Jobs, então presidente-executivo da Apple Computer


e da Pixar Animation Studios, fez um discurso aos formandos da Universidade de
Stanford, nos Estados Unidos. O texto em que Jobs fala de sua vida, de sua opção
por não cursar uma faculdade e no qual dá alguns conselhos aos estudantes, ficou
famoso e repercute até hoje, sendo volta e meia republicado e lembrado. Confira a
íntegra do discurso.

“É preciso encontrar o que você ama"

Estou honrado por estar aqui com vocês em sua formatura por uma das melhores
universidades do mundo. Eu mesmo não concluí a faculdade. Para ser franco, jamais
havia estado tão perto de uma formatura, até hoje. Pretendo-lhes contar três
histórias sobre a minha vida, agora. Só isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira é sobre ligar os pontos.

Eu larguei o Reed College depois de um semestre, mas continuei assistindo a


algumas aulas por mais 18 meses, antes de desistir de vez. Por que eu desisti?

Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era jovem e não era casada; 45
estava fazendo o doutorado, e decidiu que me ofereceria para adopção. Ela estava
determinada a encontrar pais adoptivos que tivessem educação superior, e por isso,
quando nasci, as coisas estavam armadas para que eu fosse adoptado por um
advogado e sua mulher. Mas eles terminaram por decidir que preferiam uma menina.
Assim, meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam um telefonema
em plena madrugada: "temos um menino inesperado aqui; vocês o querem?" Os
dois responderam "claro que sim". Minha mãe biológica descobriu mais tarde que
minha mãe adoptiva não tinha diploma universitário e que meu pai nem mesmo
tinha diploma de segundo grau. Por isso, se recusou a assinar o documento final de
adopção durante alguns meses, e só mudou de idéia quando eles prometeram que
eu faria um curso superior.

Assim, 17 anos mais tarde, foi o que fiz. Mas ingenuamente escolhi uma faculdade
quase tão cara quanto Stanford, e por isso todas as economias dos meus pais, que
não eram ricos, foram gastas para pagar meus estudos. Passados seis meses, eu não
via valor em nada do que aprendia. Não sabia o que queria fazer da minha vida e
não entendia como uma faculdade poder-me-ia ajudar quanto a isso. E lá estava eu,
gastando as economias de uma vida inteira. Por isso decidi desistir, confiando em
que as coisas se ajeitariam. Admito que fiquei assustado, mas em retrospecto foi
uma de minhas melhores decisões. Bastou largar o curso para que eu parasse de
assistir às aulas chatas e só assistisse às que me interessavam.

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Nem tudo era romântico. Eu não era aluno, e portanto não tinha quarto; dormia no
chão dos quartos dos colegas; vendia garrafas vazias de refrigerante para conseguir
dinheiro; e caminhava 11 quilómetros a cada noite de domingo porque um templo
Hare Krishna oferecia uma refeição gratuita. Eu adorava minha vida, então. E boa
parte daquilo em que tropecei seguindo minha curiosidade e intuição se provou
valioso mais tarde. Vou oferecer um exemplo.

Na época, o Reed College talvez tivesse o melhor curso de caligrafia do país. Todos
os cartazes e etiquetas do campus eram escritos em letra belíssima. Porque eu não
tinha de assistir às aulas normais, decidi aprender caligrafia. Aprendi sobre tipos com
e sem serifa, sobre as variações no espaço entre diferentes combinações de letras,
sobre as características que definem a qualidade de uma tipografia. Era belo,
histórico e sutilmente artístico de uma maneira inacessível à ciência. Fiquei
fascinado.

Mas não havia nem esperança de aplicar aquilo em minha vida. No entanto, dez anos
mais tarde, quando estávamos projectando o primeiro Macintosh, me lembrei de
tudo aquilo. E o projecto do Mac incluía esse aprendizado. Foi o primeiro computador
com uma bela tipografia. Sem aquele curso, o Mac não teria múltiplas fontes. E,
porque o Windows era só uma cópia do Mac, talvez nenhum computador viesse a
oferecê-las, sem aquele curso. É claro que conectar os pontos era impossível, na
minha era de faculdade. Mas em retrospecto, dez anos mais tarde, tudo ficava bem
claro. 46

Repito: os pontos só se conectam em retrospecto. Por isso, é preciso confiar em que


estarão conectados, no futuro. É preciso confiar em algo - seu instinto, o destino, o
karma. Não importa. Essa abordagem jamais me decepcionou, e mudou minha vida.

A segunda história é sobre amor e perda.

Tive sorte. Descobri o que amava bem cedo na vida. Woz e eu criamos a Apple na
garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhávamos muito, e em dez
anos a empresa tinha crescido de duas pessoas e uma garagem a quatro mil pessoas
e US$ 2 bilhões. Havíamos lançado nossa melhor criação - o Macintosh - um ano
antes, e eu mal completara 30 anos.

Foi então que terminei despedido. Como alguém pode ser despedido da empresa que
criou? Bem, à medida que a empresa crescia contratamos alguém supostamente
muito talentoso para dirigir a Apple comigo, e por um ano as coisas foram bem. Mas
nossas visões sobre o futuro começaram a divergir, e terminamos rompendo - mas o
conselho ficou com ele. Por isso, aos 30 anos, eu estava desempregado. E de modo
muito público. O foco de minha vida adulta havia desaparecido, e a dor foi
devastadora.

Por alguns meses, eu não sabia o que fazer. Sentia que havia desapontado a
geração anterior de empresários, derrubado o bastão que havia recebido. Desculpei-
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me diante de pessoas como David Packard e Rob Noyce. Meu fracasso foi muito
divulgado, e pensei em sair do Vale do Silício. Mas logo percebi que eu amava o que
fazia. O que acontecera na Apple não mudou esse amor. Apesar da rejeição, o amor
permanecia, e por isso decidi recomeçar.

Não percebi, na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter
acontecido. O peso do sucesso foi substituído pela leveza do recomeço. Isso me
libertou para um dos mais criativos períodos de minha vida.

Nos cinco anos seguintes, criei duas empresas, a NeXT e a Pixar, e me apaixonei por
uma pessoa maravilhosa, que veio a ser minha mulher. A Pixar criou o primeiro filme
animado por computador, Toy Story, e é hoje o estúdio de animação mais bem-
sucedido do mundo. E, estranhamente, a Apple comprou a NeXT, eu voltei à
empresa e a tecnologia desenvolvida na NeXT é o cerne do actual renascimento da
Apple. E eu e Laurene temos uma família maravilhosa.

Estou certo de que nada disso teria acontecido sem a demissão. O sabor do remédio
era amargo, mas creio que o paciente precisava dele. Quando a vida jogar pedras,
não se deixem abalar. Estou certo de que meu amor pelo que fazia é que me
manteve activo. É preciso encontrar aquilo que vocês amam - e isso se aplica ao
trabalho tanto quanto à vida afectiva. Seu trabalho terá parte importante em sua
vida, e a única maneira de sentir satisfação completa é amar o que vocês fazem.
Caso ainda não tenham encontrado, continuem procurando. Não se acomodem. 47
Como é comum nos assuntos do coração, quando encontrarem, vocês saberão. Tudo
vai melhorar, com o tempo. Continuem procurando. Não se acomodem.

Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma citação que dizia algo como "se você viver cada dia
como se fosse o último, um dia terá razão". Isso me impressionou, e nos 33 anos
transcorridos sempre me olho no espelho pela manhã e pergunto, se hoje fosse o
último dia de minha vida, eu desejaria mesmo estar fazendo o que faço? E se a
resposta for "não" por muitos dias consecutivos, é preciso mudar alguma coisa.

Lembrar de que em breve estarei morto é a melhor ferramenta que encontrei para
me ajudar a fazer as grandes escolhas da vida. Porque quase tudo - expectativas
externas, orgulho, medo do fracasso - desaparece diante da morte, que só deixa
aquilo que é importante. Lembrar de que você vai morrer é a melhor maneira que
conheço de evitar armadilha de temer por aquilo que temos a perder. Não há motivo
para não fazer o que dita o coração.

Cerca de um ano atrás, um exame revelou que eu tinha câncer. Uma ressonância às
7h30min mostrou claramente um tumor no meu pâncreas - e eu nem sabia o que era
um pâncreas. Os médicos me disseram que era uma forma de câncer quase
certamente incurável, e que minha expectativa de vida era de três a seis meses. O

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médico me aconselhou a ir para casa e organizar meus negócios, o que é jargão
médico para "prepare-se, você vai morrer".

Significa tentar dizer aos seus filhos em alguns meses tudo que você imaginava que
teria anos para lhes ensinar. Significa garantir que tudo esteja organizado para que
sua família sofra o mínimo possível. Significa se despedir.

Eu passei o dia todo vivendo com aquele diagnóstico. Na mesma noite, uma biópsia
permitiu a retirada de algumas células do tumor. Eu estava anestesiado, mas minha
mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células ao
microscópio começaram a chorar, porque se tratava de uma forma muito rara de
câncer pancreático, tratável por cirurgia. Fiz a cirurgia, e agora estou bem.

Nunca havia chegado tão perto da morte, e espero que mais algumas décadas
passem sem que a situação se repita. Tendo vivido a situação, posso lhes dizer o que
direi com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito útil
mas puramente intelectual.

Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que desejam ir para o céu prefeririam não
morrer para fazê-lo. Mas a morte é o destino comum a todos. Ninguém conseguiu
escapar a ela. E é certo que seja assim, porque a morte talvez seja a maior invenção
da vida. É o agente de mudanças da vida. Remove o velho e abre caminho para o
novo. Hoje, vocês são o novo, mas com o tempo envelhecerão e serão removidos. 48
Não quero ser dramático, mas é uma verdade.

O tempo de que vocês dispõem é limitado, e por isso não deveriam desperdiçá-lo
vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixem aprisionar por dogmas - isso significa
viver sob os ditames do pensamento alheio. Não permitam que o ruído das outras
vozes supere o sussurro de sua voz interior. E, acima de tudo, tenham a coragem de
seguir seu coração e suas intuições, porque eles de alguma maneira já sabem o que
vocês realmente desejam se tornar. Tudo mais é secundário.

Quando eu era jovem, havia uma publicação maravilhosa chamada The Whole Earth
Catalog, uma das bíblias de minha geração. Foi criada por um sujeito chamado
Stewart Brand, não longe daqui, em Menlo Park, e ele deu vida ao livro com um
toque de poesia. Era o final dos anos 60, antes dos computadores pessoais e da
editoração electrónica, e por isso a produção era toda feita com máquinas de
escrever, Polaroids e tesouras. Era como um Google em papel, 35 anos antes do
Google - um projecto idealista e repleto de ferramentas e idéias magníficas.

Stewart e sua equipe publicaram diversas edições do The Whole Earth Catalog, e
quando a ideia havia esgotado suas possibilidades, lançaram uma edição final.
Estávamos na metade dos anos 70, e eu tinha a idade de vocês. Na quarta capa da
edição final, havia uma foto de uma estrada rural em uma manhã, o tipo de estrada
em que alguém gostaria de pegar carona. Abaixo da foto, estava escrito
"Permaneçam famintos. Permaneçam tolos". Era a mensagem de despedida deles.
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Permaneçam famintos. Permaneçam tolos. Foi o que eu sempre desejei para mim
mesmo. E é o que desejo a vocês em sua formatura e em seu novo começo.

Mantenham-se famintos. Mantenham-se tolos.


Muito obrigado a todos.

Fonte: site da Universidade de Stanford


Tradução: Paulo Migliacci ME10

49

10
http://tecnologia.terra.com.br/internet/leia-o-discurso-de-jobs-aos-formandos-de-
stanford,bc38d882519ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

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v. 3 lições de vida de Steve Jobs

Steve Jobs era visto pelo mundo geral como um homem de espectáculo, o
carismático magnata que apresentava os produtos da Apple.

Mas quem o seguia um pouco mais perto via consistentemente um homem que se
destacava por uma visão inabalável, uma capacidade de liderança imbatível, um
acérrimo crente no poder individual de todo e qualquer ser humano.

Steve Jobs está presente em todos os aspectos da nossa vida moderna. Foi ele que
defendeu a ideia de que um computador não seria apenas algo para ser usado na
empresa, mas que deveria haver um em cada casa. Foi ele que deu o maior passo
para a massificação dos leitores de MP3 e smartphones.

Até o tipo especial de fonte limpa e legível que a maioria dos sistemas operativos
modernos usa pode ser atribuída ao seu trabalho inicial na Apple.

Aqui ficam algumas lições que podemos retirar da sua vida.

50

Não te deixes prender pelo que os outros pensam

“O teu tempo é limitado, por isso não o desperdices a viver a vida de outra pessoa.
Não te deixes prender pelo dogma – que é viver pelos resultados daquilo que os
outros pensam. Não deixes o barulho das opiniões dos outros afogar a tua própria
voz interior. E o mais importante, tem a coragem de seguir o teu próprio coração e
intuição. De alguma forma, eles já sabem aquilo em que realmente te queres tornar.
Tudo o resto é secundário.” – Steve Jobs

Mentores, professores, pais e amigos, todos eles são importantes para nos oferecer
opinião e direcção, mas nós só poderemos ser felizes quando controlamos o nosso
próprio destino.

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É fácil deixar-nos levar pelas palavras de pessoas de maior sucesso, maior idade,
maior experiência.

Mas é essencial saber filtrar, saber que o que essas pessoas fizeram foi num tempo
diferente, com oportunidades e desafios diferentes, e segundo os seus próprios
valores e capacidades.

Todos nós somos diferentes e operamos em patamares diferentes com circunstâncias


diferentes.

É loucura, e caminho certo para a infelicidade, guiar a nossa vida pelas opiniões dos
outros e da sociedade em geral.

Não deixes que o barulho dos outros afogue a tua voz interior. Liga-te novamente a
ela, através de meditação, de um fim-de-semana em paz e sossego a pensar na tua
vida e no que queres alcançar.

Depois, toma acção nessa direcção. Vive a vida que tu escolheste, com os seus altos
e baixos, não a que escolheram para ti.

51

Minimiza a distracção

“Sou um fã do aborrecimento,” disse-me Steve Jobs. O aborrecimento dá-nos tempo


para despertar a curiosidade, explicou ele, e “da curiosidade surge tudo.” O homem
que popularizou os computadores pessoais e smartphones – máquinas que atraem a
nossa atenção como a chama atrai a traça – estava preocupado com o futuro do
aborrecimento. “Toda esta tecnologia é maravilhosa, mas não ter nada que fazer,
isso também pode ser maravilhoso.” — Steve Jobs, em entrevista a Gina Trapani

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Vivemos numa época em que a cada minuto temos meia-dúzia de coisas a chamar
pela nossa atenção: a TV constantemente ligada com centenas de canais para
escolher; mensagens no facebook, no msn, no telemóvel; acesso constante ao e-
mail, estações de rádio, filmes, videojogos… Cada vez mais é mais fácil consumir do
que criar.

Comparemos isto com a nossa infância, quando inventávamos as nossas


brincadeiras, quando desenhar ou construir coisas era uma forma de passar o
tempo, pois não havia um décimo das distracções que há agora.

Quando trabalhávamos, rendia muito mais, pois não havia tanta distracção.

É importante termos disciplina. Saber dizer não às distracções, saber isolar-nos de


tudo isto para estar presente no momento, aproveitar o presente.

Desligar o telemóvel para jantar com a família. Ir sentar num banco do parque a
apreciar a natureza, em vez de ficar em casa a ver televisão. Desligar a Internet
enquanto se está a tentar escrever.

Já te sentiste mal por te parecer que o dia está a passar muito rápido, por sentir que
o teu dia rende muito pouco? É sinal de que tens demasiadas pequenas distracções,
que no seu conjunto, te estão a consumir tempo e atenção e a impedir de aproveitar
o presente.
52

Desacelera.

Não deixes o teu sonho para amanhã

“Lembrando-te de que vais morrer, é a melhor maneira que conheço de evitar a


armadilha de que tens algo a perder. Já estás nu. Não há razão para não seguires o
teu coração.” – Steve Jobs

O que farias se soubesse que tinhas mais seis meses de vida? Se não é exactamente
o mesmo que estás a fazer hoje, porque é que é assim?

A batalha de Steve contra o cancro fez com que fosse esta a realidade da vida dele.

Mas não te iludas. Qualquer um de nós pode morrer amanhã. O mundo é um lugar
imprevisível.

Não deixes os teus sonhos para amanhã. Começa imediatamente a dar os passos
possíveis na direcção do teu sonho.

Não interessa se é um pequeno passo ou um grande passo. O que interessa é que o


momento para começar é hoje, pois o amanhã pode não existir.

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O que é que podes perder? Sê realista, achas que vais morrer à fome? Deixar de ter
onde dormir?

Tudo o que alcançaste até hoje, já é teu. Conseguiste uma vez e conseguirás sempre
– o “perder tudo” é uma ilusão que a sociedade, que as Mídias perpetuam para criar
uma cultura de medo e mediocridade.

Não te contentes com promessas de um amanhã melhor. Não tens nada a perder, e
o tempo é limitado – avança, persegue o sonho sem medo nem arrependimento.

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vi. A hierarquia de necessidades de Maslow

Abraham Maslow (1908/1970) foi um psicólogo americano, conhecido pela


proposta Hierarquia de necessidades de Maslow. Maslow era o mais velho de sete
irmãos, de uma família judia do Brooklyn, Nova Iorque, Trabalhou no MIT, fundando
o centro de pesquisa National Laboratories for Group Dynamics.

Contribuição de Maslow para a psicologia

A psicologia humanista

O enfoque da psicanálise no inconsciente e seu determinismo, e o enfoque na


metodologia científica, pelo behaviorismo, foram as críticas mais fortes dos novos
movimentos de Psicologia surgidos no meio do século XX. Na verdade o humanismo
não é uma escola de pensamento, mas sim um aglomerado de diversas correntes
teóricas. Em comum elas têm o enfoque humanizador do aparelho psíquico, em
outras palavras elas focalizam no homem como detentor de liberdade, escolha,
sempre no presente. Traz da filosofia fenomenológico existencial um extenso
gabarito de ideias. Foi fundada por Abraham Maslow, porém a sua história começa
muito tempo antes.

A Gestalt foi agregada ao humanismo pela sua visão holística do homem, sendo
importante campo da Psicologia, na forma de Gestalt-terapia. Mas foi Carl Rogers, 54
um psicanalista americano, um dos maiores exponenciais da obra humanista. Ele,
depois de anos a praticar a psicanálise, notou que seu estilo de terapia se
diferenciara muito da terapia psicanalítica. Ele utilizava outros métodos, como a fala
presa, com poucas intervenções, e o aspecto do sentimento, tanto do paciente,
como do terapeuta. Deu-se conta de que o paciente era detentor de seu tratamento,
portanto não era passivo, como passa a ideia de paciente, denominando então este
como cliente. Era a terapia centrada no cliente (ou na pessoa). Seus métodos foram
usados nos mais vastos campos do conhecimento humano, como nas aulas
centradas nos alunos, etc. Apresentou 3 conceitos, que seriam agregados
posteriormente para toda a Psicologia. Estes eram a congruência (ser o que se
sente, sem mentir para si e para os outros), a empatia (capacidade de sentir o que
o outro quer dizer, e de entender seu sentimento), e a aceitação incondicional
(aceitar o outro como este é, em seus defeitos, angústias, etc.). Erik Erikson,
também psicanalista, trouxe seu estudo sobre as 8 fases psicossociais, em
detrimento às quatro fases psicossexuais de Freud, onde todas as fases eram
interdependentes, e não necessariamente determinam as fases posteriores; para ele
o homem sempre irá se desenvolver, não parando na primeira infância. Viktor Frankl,
com sua logoterapia, veio a acrescentar os aspectos da existência humana, e do
sentido da vida, onde um homem, quando sente um este vazio de sentido na vida,
busca auxílio pois não se sente confortável em viver sem sentido ou ideais. Diz
também que eventos muito fortes podem adiantar a busca pelo sentido da vida. Tais

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eventos podem criar desconforto, trauma intenso, mas podem criar um aspecto de
fortaleza no indivíduo.

Maslow propôs uma hierarquia de necessidades.

Maslow trouxe, para a psicologia que havia fundado, estes autores, agregando, ainda
seus estudos sobre a pirâmide de necessidades humanas. Para ele, as necessidades
fisiológicas precisam ser saciadas para que se precise saciar as necessidades de
segurança. Estas, se saciadas, abrem campo para as necessidades sociais, que se
saciadas, abrem espaço para as necessidades de auto-estima. Se uma destas
necessidades não está saciada, há a incongruência. Quando todas estiverem de
acordo, abre-se espaço para a auto-realização, que é um aspecto de felicidade do
indivíduo.

A hierarquia de necessidades de Maslow, também conhecida como pirâmide de


Maslow, é uma divisão hierárquica, em que as necessidades de nível mais baixo
devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada um tem de
"escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realização.

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Maslow define um conjunto de cinco necessidades descritas na pirâmide.

1. Necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo,


a excreção, o abrigo;
2. Necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se
seguro dentro de uma casa a formam mais elaboradas de segurança como um
emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;
3. Necessidades sociais ou de amor, afecto, afeição e sentimentos tais como os
de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;

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4. Necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento
das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa
capacidade de adequação às funções que desempenhamos;
5. Necessidade de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo
que ele pode ser: "What humans can be, they must be: they must be true to
their own nature!" (Tradução: "O que os humanos podem ser, eles devem
ser: Eles devem ser verdadeiros com a sua própria natureza).

É neste último patamar da pirâmide que Maslow considera que a pessoa tem que ser
coerente com aquilo que é na realidade "... temos de ser tudo o que somos capazes
de ser, desenvolver os nossos potenciais".

Os quatro primeiros níveis destas necessidades podem ser satisfeitos por aspectos
extrínsecos (externos) ao ser humano e não apenas por sua vontade, enquanto que
o quinto nível, a necessidade de auto-realização, é uma necessidade intrínseca que
nunca é saciada, isto é, quanto mais se sacia mais a necessidade aumenta.

Psicologia Transpessoal

Maslow estava insatisfeito com sua própria teoria, dizendo que faltava-lhe o facto de
o homem ser um ser espiritualizado e transcendental em seu tempo. Para ele, era
importante a espiritualidade e as características da consciência alterada, teoria de 56
Stanislav Grof. Criou então, com ajuda de outros psicólogos, uma teoria que era
abrangente nesse aspecto. Incorporou ideias de Carl G. Jung, que era um estudioso
dos aspectos transcendentais da consciência, na Psicologia transpessoal. Esta fala de
vários níveis de indecência, que vão do mais obscuro, (a sombra), até o mais alto
grau de consciência, o transpessoal. Por ter seu foro na consciência e seus aspectos,
foi também chamada de psicologia da consciência. Seu estudo é recente e traz
características que necessitam de um aprofundamento maior.

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vii. O método dos 6 chapéus de Edward De Bono11

Quantas vezes você tentou implementar uma ideia, que era uma solução de um
problema, e simplesmente não conseguiu ser implementada por que as resistências e
oposições impostas a ela foram enormes?

Esta dinâmica de grupo é baseada no livro “A técnica dos seis chapéus” de Edward
DE BONO e tem como objectivo eliminar as confusões na hora de pensar, por meio
de um método que explora diferentes pontos de vista de uma mesma situação.

O coordenador da dinâmica forma pequenos subgrupos de 6 pessoas e entrega para


cada um uma fita de cor que representa uma das 6 cores dos chapéus do
pensamento.

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O branco pensa nos dados e fatos, o preto pensa os pontos negativos, o


verde pensa criativamente, o vermelho pensa com o coração, o amarelo
pensa os pontos positivos e finalmente o azul faz a mediação.

É dado aos subgrupos um tema e cada componente do subgrupo se comporta como


define a cor da sua fita. Para o fechamento forma-se o grande grupo para falar sobre
sentimentos e percepções obtidos durante a dinâmica.

CHAPÉU BRANCO – É neutro e objectivo sem oferecer interpretações e opiniões.


Semelhante a um computador, que seu usuário solicita informações, usa perguntas
direccionadas para obter a resposta desejada ou preencher lacunas. Não permite
opinião pessoal ou juízo de valores. Utiliza um aspecto de probabilidade que varia de
“sempre verdadeiro a nunca verdadeiro” e entre eles outros níveis como: por
exemplo, de modo geral, as vezes, etc.

11
Sergio Naguel - http://blogs.98fmcuritiba.com.br/drtrabalho/2012/06/29/metodo-dos-6-chapeus-de-de-
bono/

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CHAPÉU AZUL – Faz o controle e a organização do processo do pensamento, com o
uso dos outros chapéus. O pensador do chapéu azul coordena os outros chapéus,
define problemas, molda perguntas, estabelece foco, faz resumos, visões gerais e
conclusões. Garante que as regras do jogo sejam seguidas reforçando a disciplina.

Favorece a estrutura do mapa quando direcciona as sequências das operações do


pensamento.
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CHAPÉU PRETO – Aborda aspectos negativos fundamentados logicamente. Trata-


se de uma avaliação negativa onde é enfocado o que está errado ou porque a ideia
não vai funcionar. Este chapéu faz o pensador mostrar riscos e perigos, apontar
erros no procedimento e no próprio método de pensamento. Se baseia nas
experiências já conhecidas para projectar uma ideia de futuro. Faz perguntas
negativas. É crítico.

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CHAPÉU VERMELHO – Dá a visão emocional legitimando as emoções e
sentimentos como parte integrante do pensamento. “ O chapéu vermelho torna os
sentimentos visíveis para que possam se tornar parte do mapa do pensamento e do
sistema de valores que selecciona o caminho a ser seguido no mapa”. Neste chapéu
o pensador não justifica nem fundamenta logicamente seus sentimentos. Lida com
todos os tipos de sentimentos, desde emoções, alegrias, medos, desconfianças até
palpites, intuições, sensações, que não precisam ser justificados.
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CHAPÉU VERDE – É o pensamento fértil, criativo e das novas ideias. Busca


constantemente alternativas, indo além do conhecido, óbvio e satisfatório. Faz
pausas para oferecer alternativas sem necessidade de razão para esta pausa. “ O
pensador procura avançar de uma ideia para outra até chegar em uma nova ideia”.
Uma parte importante deste pensamento é a provocação que procura afastar o
pensamento dos padrões habituais.

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CHAPÉU AMARELO – É um pensamento positivo e construtivo, simbolizando a
alegria e o optimismo. Trata da avaliação positiva que varia do lógico e prático aos
sonhos, visões e esperanças. Avalia e explora o valor e o benefício de uma ideia ou
um projecto com apoio lógico. Apresenta um optimismo com bases sólidas sendo
construtivo e produtivo. É a base para propostas e sugestões concretas. Seu
objectivo é a eficácia sendo especulativo, permite visões e sonhos na busca de
oportunidades.
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