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ART. 35. CONCURSO NECESSÁRIO. RÉU ÚNICO.

“HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE


DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. TIPO
PENAL DO ART. 35 DA LEI N. 11.343/2006.
JURISDIÇÃO LOCAL QUE NÃO DECLINOU OBJETIVA E
CONCRETAMENTE A ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA
DO AGENTE PARA A PRÁTICA DA
NARCOTRAFICÂNCIA. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO
DURADOURO. INIDONEIDADE DA PRESUNÇÃO DE
QUE O RÉU ERA ASSOCIADO À FACÇÃO QUE
COMANDA O TRÁFICO DE DROGAS NA LOCALIDADE.
ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO NÃO COMPROVADO.
ÔNUS QUE SE IMPÕE NO SISTEMA ACUSATÓRIO.
PACIENTE DENUNCIADO E PROCESSADO SOZINHO
(ÚNICO RÉU). AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO
NECESSÁRIO CONCURSO. ABSOLVIÇÃO DE RIGOR.
ORDEM DE HABEAS CORPUS CONCEDIDA.
(STJ – 6ª Turma – HC 625892/RJ - Ministra LAURITA
VAZ - DJe 05/08/2021) MALU

HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. CRIMES DE


TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
TIPO PENAL DO ART. 35 DA LEI N. 11.343/2006.
TRIBUNAL DE ORIGEM QUE NÃO DECLINOU OBJETIVA
E CONCRETAMENTE A ESTABILIDADE E
PERMANÊNCIA DO AGENTE PARA A PRÁTICA DA
NARCOTRAFICÂNCIA. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO
DURADOURO. INIDONEIDADE DA PRESUNÇÃO DE
QUE O RÉU ERA ASSOCIADO DA FACÇÃO QUE
COMANDA O TRÁFICO DE DROGAS NA LOCALIDADE.
PACIENTE DENUNCIADO E PROCESSADO SOZINHO
(ÚNICO RÉU). ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO NÃO
COMPROVADO. ÔNUS QUE SE IMPÕE NO SISTEMA
ACUSATÓRIO. ABSOLVIÇÃO DE RIGOR, NO PONTO.
ORDEM DE HABEAS CORPUS CONCEDIDA.
(STJ – 6ª Turma – HC 566245/RJ - Ministra LAURITA
VAZ - DJe 05/08/2021) KATIA
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO
HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE
DROGAS. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE
ESTABILIDADE E DE PERMANÊNCIA. FALTA DE
PLURALIDADE DE AGENTES. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO
ACOLHIDO. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. Para a configuração do delito de associação para o
tráfico de drogas, é necessário o dolo de se associar
com estabilidade e permanência, sendo que a
reunião de duas ou mais pessoas sem o vínculo
subjetivo não se subsume ao tipo do art. 35 da Lei n.
11.343/2006. Trata-se, portanto, de delito de
concurso necessário.
2. Na hipótese, à mingua de um exame aprofundado
do conteúdo probatório, verifica-se que a Corte de
origem não apresentou elementos concretos que
demonstrem o animus associativo entre o paciente e
quaisquer outros agentes, identificados ou
identificáveis na reiterada prática do tráfico de drogas.
A condenação está amparada apenas no fato de que
por ter sido preso na posse de um rádio transmissor
em local dominado por facção criminosa o paciente
seria dela integrante.
3. Portanto, na falta da comprovação de dois
requisitos legais para a configuração do delito de
associação para o tráfico de entorpecentes,
pluralidade de agentes e vínculo subjetivo no
cometimento dos delitos, correta a decisão
absolutória impugnada pelo Ministério Público, nesse
recurso.
4. Agravo regimental não provido.
(STJ – 5ª Turma – AgRg no HC 542648/RJ- Ministro
RIBEIRO DANTAS - DJe 16/04/2021) YONE

PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO
PARA O TRÁFICO DE DROGAS. ABSOLVIÇÃO PELO
CRIME DO ART. 35 DA LEI N. 11.343/2006.
POSSIBILIDADE. FALTA DE PLURALIDADE DE
AGENTES. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE.
QUANTIDADE E VARIEDADE DOS ENTORPECENTES.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. REGIME PRISIONAL.
CIRCUNSTÂNCIAS DESFAVORÁVEIS. MODO FECHADO.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
POR RESTRITIVA DE DIREITO. FALTA DO
PREENCHIMENTO DO REQUISITO OBJETIVO.
MANIFESTA ILEGALIDADE VERIFICADA, EM PARTE.
WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal
pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente
previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando
constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado a justificar a concessão da
ordem, de ofício. 2. Para a configuração do delito de
associação para o tráfico de drogas é necessário o
dolo de se associar com estabilidade e permanência,
sendo que a reunião de duas ou mais pessoas sem o
animus associativo não se subsume ao tipo do art. 35
da Lei n. 11.343/2006. Trata-se, portanto, de delito
de concurso necessário. 3. Hipótese em que a Corte
de origem não apresentou elementos concretos que
demonstrem efetivamente o vínculo associativo
estável e permanente entre o paciente e outros
integrantes da facção criminosa da qual seria
integrante. Não houve sequer a indicação de quem
seriam as demais pessoas com ele associadas. Na
falta da comprovação de dois requisitos legais para a
configuração do delito de associação para o tráfico
de entorpecentes, pluralidade de agentes e vínculo
subjetivo no cometimento dos delitos, a absolvição
do paciente é medida que se impõe.
(...)
8. Habeas corpus não conhecido. Ordem, concedida,
de ofício, para absolver o paciente pelo delito de
associação para o tráfico de drogas, resultando a
pena definitiva em 7 anos, 5 meses e 23 dias de
reclusão mais pagamento de 647 dias-multa, mantido
o regime inicial fechado.
(STJ – 5ª Turma – HC 430593/RJ- Ministro RIBEIRO
DANTAS - DJe 14/09/2018) JORGINHO

PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. TRÁFICO DE DROGAS E
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DO VÍNCULO SUBJETIVO.
ABSOLVIÇÃO DOS RÉUS PELO DELITO DO ART. 35 DA
LEI N. 11.343/2006. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA
DO ART. 33, § 4º, DA LEI N. 11.343/2006. AUSÊNCIA
DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. NECESSIDADE DE
READEQUAÇÃO DA PENA. REGIME PRISIONAL.
MODO
SEMIABERTO. QUANTIDADE DE DROGA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL VERIFICADO, EM PARTE.
WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal
pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente
previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando
constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato
judicial impugnado a justificar a concessão da ordem,
de ofício.
2. Para a configuração do delito de associação para o
tráfico de drogas, é necessário o dolo de se associar
com estabilidade e permanência, sendo que a
reunião de duas ou mais pessoas sem o animus
associativo não se subsume ao tipo do art. 35 da Lei
n. 11.343/2006. Trata-se, portanto, de delito de
concurso necessário.
3. Não tendo sido apresentados dados concretos que
demonstrem efetivamente a presença do elemento
subjetivo entre os agentes, pois o Tribunal de origem,
ao prover o apelo ministerial, justificou a condenação
apenas em juízos de probabilidades, a absolvição
pelo delito do art. 35 da Lei n. 11.343/2006 é medida
que se impõe.
4. Os condenados pelo crime de tráfico de drogas
terão a pena reduzida, de um sexto a dois terços,
quando forem reconhecidamente primários,
possuírem bons antecedentes e não se dedicarem a
atividades criminosas ou integrarem organizações
criminosas (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006).
5. Hipótese em que à míngua de elementos
probatórios que denotem a habitualidade criminosa
dos pacientes, e certificada a primariedade e os bons
antecedentes deles, o redutor do art. 33, § 4º, da Lei
n.
11.343/2006 deve ser aplicado na fração 1/2, atento
aos vetores do art. 42 da referida Lei (93 g de cocaína).
6. Embora os pacientes sejam primários e a pena
aplicada seja inferior a 4 anos, o regime semiaberto é
o adequado para o cumprimento da pena reclusiva,
em decorrência da valoração negativa da quantia e da
espécie da substância apreendida, na terceira fase da
dosimetria, para a modulação do índice de redução do
art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006.
7. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida,
de ofício, para absolver os pacientes pelo delito de
associação para o tráfico de drogas, e aplicar o
redutor do art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 na
fração de 1/2, resultando a pena final em 2 anos e 6
meses de reclusão, mais pagamento de 250 dias-
multa, a ser cumprida em regime inicial semiaberto.
(STJ – 5ª Turma – HC 439374/RJ- Ministro RIBEIRO
DANTAS - DJe 24/08/2018) – ADRIANA

No mesmo sentido RIBEIRO DANTAS: HC 427482/RJ -


CLAUDINHA; HC 434972/RJ - MATUSALÉM; 434880/RJ
- ROMUALDO; HC 430829/RJ - JORGINHO; HC
414244/SP; HC 398816/RJ - LAURA; HC 381431/RJ; HC
374942/RJ - MARIANGELA
PENAL. HABEAS CORPUS IMPETRADO EM
SUBSTITUIÇÃO A RECURSO PRÓPRIO. ASSOCIAÇÃO E
TRÁFICO DE DROGAS. REUNIÃO ESTÁVEL E
PERMANENTE DE PELO MENOS DUAS PESSOAS.
ABSOLVIÇÃO DO CORRÉU. CRIME DE CONCURSO
NECESSÁRIO. CONDENAÇÃO DE SOMENTE UMA
PESSOA. IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal
pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente
previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando
constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato
judicial impugnado a justificar a concessão da ordem
de ofício.
2. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido
de que, para "a caracterização do crime de associação
para o tráfico, é imprescindível o dolo de se associar
com estabilidade e permanência, sendo que a reunião
ocasional de duas ou mais pessoas não se subsume
ao tipo do artigo 35 da Lei n.º 11.343/2006" (HC
166.979/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, DJe 15/08/2012).
3.In casu, inocentado o corréu da prática de
associação para o tráfico, não poderia a paciente ser
condenada pelo referido delito, por ausência do
elemento subjetivo exigido para sua caracterização
(associação de duas ou mais pessoas para o fim de
praticar, reiteradamente ou não, crimes previstos nos
arts. 12 ou 13 da Lei n. 6.368/1976), sendo essencial a
reunião estável e permanente de mais de um agente
com o dolo específico (tráfico de drogas).
4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida,
de ofício, a fim de restabelecer a sentença de primeiro
grau, especificamente no ponto referente à absolvição
quanto ao delito de associação para o tráfico, e para
que, afastada a obrigatoriedade do regime inicial
fechado no tocante ao crime de tráfico de drogas, o
Juízo das Execuções, analisando o caso concreto,
avalie a possibilidade de modificação do regime inicial
de cumprimento de pena.
(STJ – 5ª Turma – HC 264585/SP - Ministro RIBEIRO
DANTAS - DJe 23/11/2015)

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. TRÁFICO DE DROGAS E
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. ABSOLVIÇÃO DO
DELITO DE TRÁFICO. PROVAS LÍCITAS. ASSOCIAÇÃO
PARA O TRÁFICO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. NECESSÁRIA REUNIÃO ESTÁVEL E
DURADOURA DE PELO MENOS DUAS PESSOAS.
CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA (ART. 33, §
4º, DA LEI N. 11.343/06). APLICABILIDADE NA FRAÇÃO
MÁXIMA. PEQUENA QUANTIDADE DE DROGA
APREENDIDA. REDUÇÃO DA PENA. REGIME PRISIONAL
E SUBSTITUIÇÃO DA PENA POR RESTRITIVA DE
DIREITOS. PENA INFERIOR A 4 ANOS. PENA-BASE NO
MÍNIMO LEGAL. PREENCHIDOS OS REQUISITOS DO
ART. 33 E ART. 44, AMBOS DO CÓDIGO PENAL.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFICIO.
1. Diante da hipótese de habeas corpus substitutivo de
recurso próprio, a impetração não deve ser conhecida,
segundo orientação jurisprudencial do Supremo
Tribunal Federal – STF e do próprio Superior Tribunal
de Justiça – STJ. Contudo, considerando as alegações
expostas na inicial, razoável a análise do feito para
verificar a existência de eventual constrangimento
ilegal.2. O acolhimento do pedido da defesa de análise
quanto à absolvição do delito de tráfico de drogas
demanda o reexame aprofundado de provas, inviável
em habeas corpus. Ademais, com base nas provas dos
autos, sobretudo a quantidade e a natureza de drogas
apreendidas, o fato de o paciente portar um rádio
comunicador e fogos de artifício, bem como o
depoimento policial prestado, a Corte estadual
entendeu que o paciente praticava tráfico de drogas.
3. As provas produzidas na fase de inquérito podem
servir de instrumento para a formação da convicção
do Juiz, desde que restem confirmadas por outros
elementos colhidos durante a instrução criminal, sob o
crivo do contraditório, como no caso dos autos (AgRg
no REsp 1327905/MA, Rel. Ministra LAURITA VAZ,
QUINTA TURMA, DJe 17/12/2012).
4. Para a caracterização do crime de associação para
o tráfico exige-se o concurso necessário de, ao
menos, dois agentes e um elemento subjetivo do tipo
específico, consistente no ânimo de associação, de
caráter duradouro e estável, o que difere do caso dos
autos. Precedentes.
5. A causa redutora de pena prevista no § 4º do art. 33
da Lei n. 11.343/06 poderá ser aplicada quando
cumpridos os seguintes requisitos: ser primário,
possuir bons antecedentes, não dedicar-se a
atividades criminosa e não integrar organização
criminosa. Na hipótese em apreço, resta evidenciado
o constrangimento ilegal, pois não houve
comprovação de que o paciente se dedicava a
atividades criminosas, pois, além de ter sido absolvido
pela prática de associação para o tráfico, a quantidade
de drogas apreendidas foi pequena (9,8g de cocaína, e
24g de maconha), o que justifica, inclusive, a aplicação
da minorante em seu patamar máximo (2/3),
conforme o entendimento desta Quinta Turma.
6. Reduzida a pena ao patamar inferior a 4 anos (art.
33, § 2º, "c", do CP) e em razão da primariedade do
paciente e da inexistência de circunstância judicial
desfavorável (art. 59 do CP), bem como da fixação da
pena-base no mínimo legal, o regime a ser imposto
deve ser o aberto.
7. O art. 44 do Código Penal é taxativo quanto aos
requisitos necessários para a obtenção do benefício da
substituição da medida corporal por restritiva de
direitos. Preenchidos os requisitos legais e sendo
pequena a quantidade de drogas apreendidas, faz jus
o paciente à referida benesse. Habeas corpus não
conhecido. Ordem concedida, de ofício, para absolver
o paciente da prática do delito de associação para o
tráfico (art. 35 da Lei n. 11.343/06) e redimensionar a
pena quanto ao delito de tráfico de drogas (art. 33 da
Lei n. 11.343/06), reconhecendo a causa redutora de
pena, tornando-a definitiva em 1 ano e 8 meses de
reclusão e 166 dias-multa, fixando o regime inicial
aberto, substituindo a pena privativa de liberdade por
duas restritivas de direito, a serem especificadas pelo
Juízo de Execuções, revogando o acórdão quanto à
execução provisória da pena.
(STJ – 5ª Turma – HC 438011/RJ- Ministro JOEL ILAN
PACIORNIK - DJe 01/06/2018) MARIANGELA

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.


ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. PLEITO DE
ABSOLVIÇÃO. ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA NÃO
RECONHECIDAS PELA INSTÂNCIA DE ORIGEM.
COAÇÃO ILEGAL CONFIGURADA. AGRAVO
DESPROVIDO.
I - A parte que se considerar agravada por decisão de
relator, à exceção do indeferimento de liminar em
procedimento de habeas corpus e recurso ordinário
em habeas corpus, poderá requerer, dentro de cinco
dias, a apresentação do feito em mesa relativo à
matéria penal em geral, para que a Corte Especial, a
Seção ou a Turma sobre ela se pronuncie,
confirmando-a ou reformando-a.
II - "Para a configuração do delito de associação para
o tráfico de drogas é necessário o dolo de se associar
com estabilidade e permanência, sendo que a
reunião de duas ou mais pessoas sem o animus
associativo não se subsume ao tipo do art. 35 da Lei
n. 11.343/2006. Trata-se, portanto, de delito de
concurso necessário" (HC n. 434.880/RJ, Quinta
Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe de 09/04/2018).
III - In casu, de plano, sem a necessidade de
revolvimento fático-probatório, denota-se que o
Tribunal de origem, ao fundamentar a condenação
do crime de associação ao tráfico, não demonstrou a
presença do requisitos do vínculo associativo estável
e permanente do paciente, para a traficância. Ao
revés, a Corte de origem, além de não identificar as
demais pessoas associadas ao paciente, apenas
transcreveu a sua confissão, a qual, aliada à mera
suposição no sentido de que "ninguém seria
admitido a lá comercializar se não integrasse, em
regime de aliança perdurável, o esquema criminoso
ali sediado e perpetrado em caráter de
continuidade", não evidencia o caráter estável e
duradouro da conduta, com duas ou mais pessoas,
para praticar os crimes previstos nos art. 33 e 34 da
Lei de Drogas. Precedentes. Agravo regimental
desprovido.
(STJ – 5ª Turma – AgRg no HC 643866/SP- Ministro
FELIX FISCHER- DJe 20/04/2021)

No mesmo sentido FÉLIX FISCHER: AgRg no HC


446857/SP

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. FALTA DE
PROVA DA ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA DO GRUPO
CRIMINOSO. REVALORAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DO
ACÓRDÃO. POSSIBILIDADE AGRAVO PROVIDO.
1. A parte agravante argumenta, com razão, que "se
pede não é reexame de prova, mas, sim, revaloração
da prova com base nas conclusões das instâncias
ordinárias, obtidas através do amplo debate naquela
sede".
2. Os dizeres do acórdão, com referências genéricas a
testemunhos de policiais e de acusados, sem a
devida contextualização — "E isso porque, ao longo
da instrução criminal, evidente restou o vínculo
associativo entre os acusados e entre eles e os demais
integrantes da facção criminosa Comando Vermelho,
sendo categoricamente afirmado pelos policiais e
pelos próprios acusados a dominação da área pelo
aludido grupo criminoso.", não desautorizam as bases
absolutórias concretas da sentença.
3. Forma especial do crime de associação criminosa
(art. 288 - CP), mas dela se distinguindo pelo número
mínimo de agentes (dois) e pelo fim especifico de
cometer crimes relacionados às drogas, o crime de
associação para o tráfico (art. 35 – Lei 11.343/2006),
mesmo formal ou de perigo, demanda os elementos
estabilidade ou permanência do vínculo associativo,
que devem ser demonstrados de forma aceitável
(razoável), ainda que não de forma rígida, para que se
configure a societas sceleris e não um simples
concurso de pessoas, é dizer, uma associação
passageira e eventual.
4. A instrução deve deixar evidenciado o ajuste
prévio dos agentes, no intuito de formar um vínculo
associativo no qual a vontade de se associar seja
distinta da vontade de praticar o (s) crime (s) visados
(s).
5. É preciso atenção processual para a distinção, em
cada caso, entre o crime de associação para o tráfico,
nos termos do art. 35 da Lei 11.343/2006, e os casos
de coautoria mais complexa, como é a hipótese em
exame, não podendo a associação ser dada como
comprovada por inferência do crime de tráfico
perpetrado.
6. Em nível de revaloração dos fundamentos do
julgado, não vedado pela Súmula 7/STJ, o que foi
apontado pelo acórdão, para reformar a sentença
absolutória pelo crime de associação (art. 35 - Lei
11.343/2006), expressa somente um hipótese de uma
coatoria, sem nenhuma demonstração concreta e
circunstanciada dos elementos estabilidade e
permanência desse tipo, sempre exigidos pelos
precedentes desta Corte Superior.
7. Não se pode, com toda a vênia, generalizar e
presumir o presença do crime de associação apenas
pela afirmativa da (suposta) "impossibilidade de se
comercializar droga de forma autônoma e individual
nos locais sob o ostensivo domínio de facções
criminosas, situação extremamente diferente
daquela em que o agente trafica em região neutra
ou, ainda, em pontos inespecíficos ou não
totalmente dominados de uma determinada
comunidade.
8. Provimento do agravo regimental. Conhecimento e
provimento do recurso especial. Restabelecimento da
sentença absolutória”.
(STJ – 6ª TURMA - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº
1.786.455 – RJ - Ministro OLINDO MENEZES – Dje
11/06/2021) MARILIA e CARLINHOS

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. FALTA DE


CABIMENTO. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. AUSÊNCIA
DE APREENSÃO DA DROGA E DE LAUDO
TOXICOLÓGICO. IMPOSSIBILIDADE DE COMPROVAR A
MATERIALIDADE DELITIVA. ASSOCIAÇÃO PARA O
TRÁFICO. REUNIÃO ESTÁVEL E DURADOURA DE PELO
MENOS DUAS PESSOAS. CRIME DE CONCURSO
NECESSÁRIO. SOMENTE UMA PESSOA DENUNCIADA
E CONDENADA. ILEGALIDADE MANIFESTA.
1. A comprovação da materialidade do crime de
tráfico de drogas depende da apreensão do
entorpecente e da realização de laudo toxicológico
definitivo. Precedentes da Sexta Turma.
2. No caso, nem sequer houve a apreensão da droga
pretensamente oferecida para compra.
3. Para a caracterização do crime de associação para o
tráfico, dispensável tanto a apreensão da droga como
o respectivo laudo. É exigível, porém, o concurso
necessário de, ao menos, dois agentes e um
elemento subjetivo do tipo específico, consistente no
ânimo de associação, de caráter duradouro e estável.
Precedentes.
4. Na espécie, somente uma pessoa foi denunciada e
condenada por associação para o tráfico, o que é
inviável. Além disso, não ficou efetivamente
caracterizada a conduta delitiva. Constrangimento
ilegal evidente.
5. Habeas corpus não conhecido. Ordem expedida de
ofício para restabelecer a sentença.
(STJ – 6ª TURMA – HC 137535/RJ - Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR – Dje 07/08/2013) AMERICO

Monocrática no mesmo sentido (concurso necessário):


Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA: HC 684427
JORGINHO

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