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O QUE É FILOSOFIA?
GAUGUIN, De onde viemos? Que somos? Para onde vamos? (1897) óleo sobre tela.
Essa obra é de Gauguin (1848-1903), pintor francês que viveu no séc. XIX e
durante sua vida procurou uma forma de unir o pensar e o sentir. Foi morar no Taiti
e encontrou nos mitos dos povos nativos daquele lugar a inspiração para pintar em
suas obras o cotidiano mágico daquele povo e a sua maneira de pensar as grandes
questões que afligem a humanidade. Na obra aqui apresentada ele demonstra sua
preocupação com questões que chamamos de existenciais. O pintor quis mostrar
nesta obra a trajetória do ser humano na terra: vemos na direita um bebê, ao meio,
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nada mais é senão signos, que por acordo entre as pessoas de uma determinada
cultura, representam algo. Cada cultura fez essa organização de maneira diferente e
assim surgiram as diversas línguas. Aprendemos a falar no convívio social. Para o
filósofo Heidegger (2002, p.218) a linguagem faz parte da constituição do ser
humano, para ele, o ser humano é um ser que compreende e articula a
compreensão na linguagem. Falar seria a interpretação ou apropriação do mundo
em que vivemos. Quando damos sentido ou significado às coisas a nossa volta
estamos nos apropriando delas, nos envolvendo com elas e dessa forma o mundo
se torna também parte de nossa constituição. Para que haja essa apropriação do
mundo, bem como a convivência, é necessária a linguagem, que para esse filósofo,
não é apenas a fala, mas também a escuta. Ficar em silêncio, escutar, também são
modos de compreensão e interpretação.
Existem muitos tipos de linguagens, os gestos corporais, as notas musicais e
quaisquer outros códigos que sejam organizados de forma que possamos realizar
comunicação bem sucedida, isso significa linguagem, em outras palavras: é um
fenômeno social que surge da necessidade de nos comunicarmos e se transforma
com as mudanças sociais e culturais de cada época. Chamamos de linguagem
verbal a esses sons que é a fala e podemos expressá-los oralmente ou por meio da
escrita.
No passado a linguagem falada era utilizada para comunicar o conhecimento
que era organizado em forma de histórias ou narrativas míticas. Muitos povos, ainda
hoje, conservam os seus conhecimentos dessa forma. O mito explica a origem do
mundo e das coisas e a filosofia surge da crítica a essa explicação. Por isso dizemos
que a filosofia é uma atitude crítica no sentido de perguntar: por que é dessa forma e
não de outra? É por isso também que dizemos que a filosofia é questionamento. Ao
questionar o filósofo conversa com alguém e surge outra característica: Filosofar é
conversar, dialogar ou debater. O debate filosófico acontece por meio da fala com
um interlocutor que está junto a nós, daí a necessidade de seguir o ensinamento de
Heidegger de que é tão importante falar quanto escutar, ficar em silêncio. O debate
filosófico não é só expressão de simples opiniões ou palpites, muito menos há o
interesse em agredir verbalmente. É busca da compreensão da questão que está
posta, para tanto é preciso estar atento ao sentido de cada palavra, valorizar a
nossa fala e a do outro, elaborar e, às vezes desconstruir nossos pensamentos.
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Outra forma de debate filosófico é a leitura dos textos filosóficos onde entramos em
contato com o pensamento dos grandes filósofos.
1. ATIVIDADE:
2. ATIVIDADES:
O CONCEITO DE FILOSOFIA
Na Grécia antiga, num dado momento o pensamento mítico passa a não
interessar a muitas pessoas que deixam de acreditar nos mitos, mas continuam a
acreditar nos deuses. Nessa época ocorreu um fenômeno cultural com
conseqüências incalculáveis: a desmitificação. A elite intelectual desse momento
não aceitava mais o mito como uma história divina e resolveu procurar de outra
maneira o instante primeiro da criação, de onde nasceu o real (tudo o que existe), de
onde surgiu o ser.
Os primeiros filósofos buscavam a fonte, o princípio, a arché como um
problema lógico. No lugar da cosmogonia que explicava a ordem do universo pelo
nascimento dos deuses (cosmo = ordem, gênesis = origem), queriam fazer uma
cosmologia (logia = estudo racional). A palavra logos da qual deriva a palavra lógica
significa fala racional. Um tipo de fala que segue uma coerência lógica, um discurso
ordenado pelo raciocínio, ou seja: os primeiros filósofos queriam explicar o
surgimento do mundo e dos seres humanos de maneira lógica. Iniciou-se nesse
momento e nesse lugar a valorização do raciocínio lógico ou do pensamento
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O MITO HOJE
Uma característica do pensamento mítico é a valorização da origem porque
acredita-se que na origem havia a perfeição, tudo era certo e bom, era o paraíso.
Aos poucos os seres humanos foram distorcendo as coisas e corrompendo a
perfeição que havia no início com atitudes erradas e dessa forma destruindo o
paraíso. Os rituais religiosos geralmente são repetições do ato que aconteceu no
início e que era perfeito. O melhor exemplo atual disso é o ritual do ano novo.
Anualmente deve-se renovar o mundo. Fazer uma parada no cotidiano e voltar ao
começo que era perfeito fazendo o firme propósito de não errar mais e conservar
sempre o paraíso. O modelo é o mito cosmogônico ou de origem. O ritual de ano
novo expressa, além da idéia de renovação de um ciclo, a idéia de “perfeição dos
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3. ATIVIDADE:
a) Identifique um mito de imagem exemplar em nossa sociedade atual. Aponte
um super-herói, artista, atleta ou político e explique por que ele representa
uma imagem exemplar.
b) Descreva o processo que o levou a se tornar um mito.
c) Faça uma pesquisa sobre o carnaval e procure identificar se há algum sentido
mítico nessa festa. Utilize como fonte para sua pesquisa a internet, procure
por vários sites, mas não deixe de visitar os seguintes:
www.meninomaluquinho.com.br; www.suapesquisa.com/carnaval.
Dessa forma dizemos que tanto a literatura como a filosofia são formas de
expressar nossos pensamentos. A filosofia se caracteriza por ser um pensamento
lógico que busca a razão de ser das coisas. Sua principal característica é a
abstração que significa criar idéia ou conceito separado do objeto a que está ligado.
A literatura, como toda arte, tem uma preocupação maior com a beleza, fala aos
nossos sentimentos e sobre eles. Os textos filosóficos também podem apresentar
essas características, por isso dizemos que há uma relação entre filosofia e
literatura.
Exemplo de texto literário:
“Seus olhos abertos e diamantes. Nos telhados os pardais secos. (...)
Enquanto isso era verão. Verão largo como o pátio vazio nas férias da escola. Dor?
Nenhuma. Nenhum sinal de lágrima e nenhum suor. Sal nenhum. Só uma doçura
pesada: como a da casca lenta dos elefantes de couro ressequido. A esqualidez
límpida e quente.” (LISPECTOR, 1998, p.23)
“Em sentido amplo, toda sociedade, por ser sociedade, é histórica: possui
data própria, instituições próprias e precondições específicas, nasce, vive e perece,
transforma-se internamente. O que estamos designando, aqui, como sociedade
propriamente histórica é aquela sociedade para a qual o fato mesmo de possuir uma
data, de pressupor condições determinadas e de repô-las, de transformar-se e de
poder perecer não é um dado, mas uma questão aberta. (...) A sociedade histórica é
aquela que precisa compreender o processo pelo qual a ação dos sujeitos sociais e
políticos lhe dá origem e, ao mesmo tempo, precisa admitir que ela é a própria
condição para a ação desses sujeitos.” (CHAUÍ, 2007, p.26-27) Grifo da autora.
busca saber sobre uma parte das coisas, mas do todo. O poema de Parmênides
demonstra como os diversos tipos de conhecimento se completam formando uma
totalidade: o conhecimento mítico, que valoriza nossas crenças; o conhecimento
literário ou artístico, que valoriza nossos sentimentos e a filosofia que valoriza a
razão. E dessa maneira o poema enobrece o próprio ser humano.
SOBRE A NATUREZA
Fragmento 1
4. ATIVIDADE
DEBATE: Formar pequenos grupos, eleger um orador e um escriturário e
desenvolver as seguintes questões:
a) Interpretar as frases: “âmago inabalável da verdade bem redonda” e
“opiniões de mortais, em que não há fé verdadeira”.
b) É possível uma verdade inabalável? As opiniões são confiáveis?
c) Parmênides, para provar que estava falando a verdade usou como
argumento a inspiração dos deuses. Que argumentos podemos usar para
provar que estamos dizendo a verdade e fazer com que todos acreditem?
d) Juntar os pequenos grupos e formar um único. Cada orador deve expor ao
grande grupo as respostas. O professor (a) fica encarregado (a), nessa
fase do debate, de anotar no quadro da sala as respostas. Comparar as
respostas de todos e anotar o argumento mais usado. A partir dessa
discussão, estabelecer os argumentos que são usados em nossa
sociedade em geral para comprovar a verdade e ganhar credibilidade,
principalmente pela mídia?
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REFERÊNCIAS: