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6. QUAL A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA VIDA SOCIAL BRASILEIRA?

6.1. O trabalho como mediação.


6.2. Divisão social do trabalho:
6.2.1. Divisão sexual e etária do trabalho.
6.2.2. Divisão manufatureira do trabalho.
6.3. Processo de trabalho e relações de trabalho.
6.4. Transformações no mundo do trabalho.
6.5. Emprego e desemprego na atualidade.

5. De onde vem a diversidade social Brasileira ?

ACULTURAÇÃO: Processo pelo qual duas ou mais culturas diferentes, entrando em


contacto contínuo, originam mudanças importantes em uma delas ou em
ambas.Quando dois ou mais grupos entram em contato direto e contínuo,
geralmente ocorrem mudanças culturais nos grupos, pois verifica-se a transmissão
de traços culturais de uma sociedade para outra. Alguns traços são rejeitados e
outros aceitos, incorporando-se, frequentemente com alterações significativas, à
cultura resultante. É a fusão de culturas diversas, dando origem a uma nova
cultura.

ASSIMILAÇÃO: Processo social em virtude do qual indivíduos e grupos diferentes


aceitam e adquirem padrões comportamentais, tradição, sentimentos e atitudes de
outra parte. É um ajustamento interno e indício da integração sócio-cultural,
ocorrendo principalmente nas populações que reúnem grupos diferentes. Em vez de
apenas diminuir, pode terminar com o conflito.

7. O aluno em meio aos significados da violência no Brasil.


7.1 – Violências Simbólicas, físicas e psicológicas
7.2 – Diferentes formas de violência: doméstica, sexual e na escola
7.3 – Razões para a violência

Diferença entre violência simbólica, físicas e psicológicas:

Violência Física

Violência física é o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não marcas
evidentes. São comuns murros e tapas, agressões com diversos objetos e queimaduras
por objetos ou líquidos quentes. Quando a vítima é criança, além da agressão ativa e
física, também é considerado violência os fatos de omissão praticados pelos pais ou
responsáveis.

Quando as vítimas são homens, normalmente a violência física não é praticada


diretamente. Tendo em vista a habitual maior força física dos homens, havendo
intenções agressivas, esses fatos podem ser cometidos por terceiros, como por
exemplo, parentes da mulher ou profissionais contratados para isso. Outra modalidade é
as agressões que tomam o homem de surpresa, como por exemplo, durante o sono. Não
são incomuns, atualmente, a violência física doméstica contra homens, praticados por
namorados (as) ou companheiros (as) dos filhos (as) contra o pai.

Apesar de nossa sociedade parecer obcecada e entorpecida pelos cuidados com


as crianças e adolescentes, é bom ressaltar que um bom número de agressões
domésticas é cometido contra os pais por adolescentes, assim como contra avós pelos
netos ou filhos.

Não havendo uma situação de co-dependência do(a) parceiro(a) à situação


conflituante do lar, a violência física pode perpetuar-se mediante ameaças de "ser pior"
se a vítima reclamar há autoridades ou parentes. Essa questão existe na medida em que
as autoridades se omitem ou tornam complicadas as intervenções correctivas.

O abuso do álcool é um forte agravante da violência doméstica física. A


embriaguez patológica é um estado onde a pessoa que bebe torna-se extremamente
agressiva, às vezes nem lembrando com detalhes o que tenha feito durante essas crises
de fúrio e ira. Nesse caso, além das dificuldades práticas de coibir a violência,
geralmente por omissão das autoridades, ou porque o agressor quando não bebe "é
excelente pessoa", segundo as próprias esposas, ou porque é o esteio da família e se for
detido todos passarão necessidade, a situação vai persistindo.

Também portadores de Transtorno Explosivo da Personalidade são agressores


físicos contumazes.  Convém lembrar que, tanto a Embriagues Patológica quanto o
Transtorno Explosivo têm tratamento. A Embriagues Patológica pode ser tratada, seja
procurando tratar o alcoolismo, seja às custas de anticonvulsivantes (carbamazepina).
Estes últimos também úteis no Transtorno Explosivo.

Mesmo reconhecendo as terríveis dificuldades práticas de algumas situações, as


mulheres vítimas de violência física podem ter alguma parcela de culpa quando o fato se
repete pela 3a. Vez. Na primeira ela não sabia que ele era agressivo. A segunda
aconteceu porque ela deu uma chance ao companheiro de corrigir-se mas, na terceira, é
indesculpável.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram agredidas fisicamente


por seus parceiros entre 10% a 34% das mulheres do mundo. De acordo com a pesquisa
“A mulher brasileira nos espaços públicos e privados” – realizada pela Fundação Perseu
Abramo em 2001, registrou-se espancamento na ordem de 11% e calcula-se que perto de
6,8 milhões de mulheres já foram espancadas ao menos uma vez.

A Violência Psicológica ou Agressão Emocional, às vezes tão ou mais


prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição, depreciação, discriminação,
humilhação, desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma agressão que
não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes
indeléveis para toda a vida.
Um tipo comum de Agressão Emocional é a que se dá sob a autoria dos
comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para
satisfazer a necessidade de atenção, carinho e de importância. A intenção do(a)
agressor(a) histérico(a) é mobilizar outros membros da família, tendo como
chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum
estado que exija atenção, cuidado, compreensão e tolerância.

É muito importante considerar a violência emocional produzida pelas


pessoas de personalidade histérica, pelo fato dela ser predominantemente
encontrada em mulheres, já que, quase totalidade dos artigos sobre violência
doméstica diz respeito aos homens agredindo mulheres e crianças. Esse é um lado
da violência onde o homem sofre mais.

No histérico, o traço prevalente é o “histrionismo”, palavra que significa


teatralidade. O histrionismo é um comportamento caracterizado por colorido
dramático e com notável tendência em buscar atenção contínua. Normalmente a
pessoa histérica conquista seus objetivos através de um comportamento afetado,
exagerado, exuberante e por uma representação que varia de acordo com as
expectativas da platéia. Mas a natureza do histérico não é só movimento e ação;
quando ele percebe que ficar calado, recluso, isolado no quarto ou com ares de
“não querer incomodar ninguém” é a atitude de maior impacto para a situação,
acaba conseguindo seu objetivo comportando-se dessa forma.

Através das atitudes histriônicas o histérico consegue impedir os demais


membros da família a se distraírem, a saírem de casa, e coisas assim. Uma mãe
histérica, por exemplo, pode apresentar um quadro de severo mal-estar para que a
filha não saia, para que o marido não vá pescar, não vá ao futebol com amigos... A
histeria quando acomete homens é pior ainda. O homem histérico é a grande vítima
e o maior mártir, cujo sacrifício faz com que todos se sintam culpados.

Outra forma de Violência Emocional é fazer o outro se sentir inferior,


dependente, culpado ou omisso é um dos tipos de agressão emocional dissimulada
mais terríveis. A mais virulenta atitude com esse objectivo é quando o agressor faz
tudo correctamente, impecavelmente certinho, não com o propósito de ensinar,
mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência. O agressor com esse
perfil tem prazer quando o outro se sente inferiorizado, diminuído e incompetente.
Normalmente é o tipo de agressão dissimulada pelo pai em relação aos filhos,
quando esses não estão saindo exactamente do jeito idealizado ou do marido em
relação às esposas.

O comportamento de oposição e aversão é mais um tipo de Agressão


Emocional. As pessoas que pretendem agredir se comportam contrariamente
àquilo que se espera delas. Demoram no banheiro, quando percebem alguém
esperando que saiam logo, deixam as coisas fora do lugar quando isso é
reprovado, etc. Até as pequenas coisinhas do dia-a-dia podem servir aos
propósitos agressivos, como deixar uma torneira pingando, apertar o creme dental
no meio do tubo e coisas assim. Mas isso não serviria de agressão se não fossem
atitudes reprováveis por alguém da casa, se não fossem intencionais.

Essa atitude de oposição e aversão costuma ser encontrada em maridos


que depreciam a comida da esposa e, por parte da esposa, que, normalmente se
aborrecendo com algum sucesso ou admiração ao marido, ridiculariza e coloca
qualquer defeito em tudo que ele faça.
Esses agressores estão sempre a justificar as atitudes de oposição como se
fossem totalmente irrelevantes, como se estivessem correctas, fossem inevitáveis
ou não fossem intencionais. "Mas, de fato a comida estava sem sal... Mas,
realmente, fazendo assim fica melhor..." e coisas do género. Entretanto, sabendo
que são perfeitamente conhecidos as preferências e estilos de vida dos demais,
atitudes irrelevantes e aparentemente inofensivas podem estar sendo
propositadamente agressivas.

As ameaças de agressão física (ou de morte), bem como as crises de


quebra de utensílios, mobílias e documentos pessoais também são consideradas
violência emocional, pois não houve agressão física directa. Quando o(a) cônjuge é
impedida(a) de sair de casa, ficando trancado(a) em casa também se constitui em
violência psicológica, assim como os casos de controlo excessivo (e ilógico) dos
gastos da casa impedindo atitudes corriqueiras, como por exemplo, o uso do
telefone.

Quando falamos de violência psicológica referimo-nos a um comportamento


(não-físico) específico por parte do agressor, seja este agressor um indivíduo ou um
grupo específico num dado momento ou situação. Muitas vezes, o tratamento
desumano tal como rejeição, depreciação, indiferença, discriminação, desrespeito,
punições (exageradas), pode ser considerado como um grave tipo de violência. Esta
modalidade, muitas vezes não deixa (inicialmente) marcas visíveis no indivíduo, mas
pode levar à graves estados psicológicos e emocionais. Muitos destes estados podem
se tornar irrecuperáveis em um indivíduo, de qualquer idade.
Diferentemente da violência física, a violência moral e psicológica tem menor
visibilidade, pois as decorrências não são percebidas de imediato, vindo a sê-lo em
estado avançado, quando ocorrem evidências de depressão, dependência química e
suicídios. Crianças, idosos e deficientes são as potenciais vítimas no círculo escolar
ou familiar.
Existe violência explícita quando há ruptura de normas sociais estabelecidas a esse
respeito: contudo não é um conceito absoluto, variando entre os diferentes grupos. A
violência está contida em todos os círculos, diferentes níveis sociais e organizações
humanas: na política, no trabalho, na família, dentro ou fora dos muros.
As crianças são mais expostas à violência psicológica, tendo em vista que dispõem de
menos recursos que lhe garantam a proteção, assim como os adolescentes também
são vítimas da mesma situação por motivos semelhantes às crianças. Mesmo
indivíduos adultos podem sofrer as mesmas conseqüências danosas. Um exemplo
claro disto são as situações de assédio moral.
As mulheres são comumente vítimas da violência moral e/ou psicológica dentro do
ambiente de trabalho, muitas vezes em decorrência do assédio sexual a que são
submetidas. Sua atuação e capacidade profissional são colocadas em xeque,
desmerecidas publicamente, gerando maus resultados na avaliação do desempenho
do trabalho.
A Análise Transacional é um estudo psicodinâmico, entretanto sua principal diferença
em relação à psicanálise é que a pessoa pode modificar seus sentimentos,
pensamentos e escolhas pelo autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Analisa
as relações entre as pessoas.
De acordo com a Análise Transacional, as relações humanas são regidas por jogos
psicológicos que se transformam em dramas. A formação do ser está relacionada aos
órgãos psíquicos, os quais se manifestam fenomenologicamente e operacionalmente
através dos três estados de Ego correspondentes, são eles Pai, Adulto e Criança. Os
Estados do Ego são manifestações dos órgãos psíquicos, podendo compreendê-los
da seguinte forma: Quando um indivíduo não tem uma das figuras do PAC (Pai,
Adulto, Criança) desenvolvidos saudavelmente, isso originará uma característica de
pessoa mal resolvida psicologicamente.
O indivíduo que não têm desenvolvidas corretamente as etapas do PAC, passa a ser o
agressor ou vítima, dependendo de qual capacidade foi desenvolvida ou não. O
choque advindo do jogo psicológico dentre os meios sociais onde ocorre a violência
moral e/ou psicológica é justamente a geração de drama nessas relações. Nessa
instância, ou a figura da criança ou a do pai (PAC) não foram corretamente
desenvolvidos. Sendo a da criança, os mecanismos de defesa da vítima não estão
suficientemente desenvolvidos não permitindo uma reação adulta; sendo a do pai, a
condição impõe que deva ser protetor, conciliador e orientador, e isso faz com que
seja benevolente com o agressor, visto como filho no momento, estimulando ainda
mais as atitudes agressivas- violência.
Caracterizando-se por palavras maldosas, gestos agressivos, olhares sarcásticos
entre outras ações, o agressor mórbido vai continuamente usando esses instrumentos
como meio de aplicação da violência. Palavras usadas que vão atuar na auto- estima
da vítima, olhares duros, irônicos, gestos desrespeitosos, risos sardônicos, usados
constantemente sobre um único alvo, geram um grau de exaustão tão grande que a
vítima é paralisada pela incapacidade de reação dentro do jogo psicológico.
Para a Saúde Pública, a preocupação com os índices de violência é relevante na
medida em que o indivíduo passa a desenvolver estados patológicos, problemas
físicos, psicológicos ou comportamentais que o afastam do trabalho ou convívio social.
Por outro lado, necessita a Saúde Pública analisar a questão da morbidade do
agressor, autor da violência moral e/ou psicológica. No estado mórbido em que se
encontra o agressor, não lhe é permitido perceber da satisfação acometida pelo mal
que ocasiona no outro indivíduo- sadismo, ou seja um estado patológico.
A maioria dos suicídios é, pois, uma decorrência da submissão à violência moral e/ou
psicológica sofridas pelas vítimas submetidas a um jogo psicológico estafante e
altamente prejudicial..
Finalizando, observamos que nesse jogo psicológico temos dois seres envolvidos
numa relação dramática, portadores de deficiência na área da saúde, pois tanto vítima
quanto agressor são potencialmente deficitários, pacientes merecedores de atenção
pelas políticas de saúde pública e de ações concretas como meio de diminuir a
incidência da violência nas relações humanas.

A violência se manifesta por meio do abuso da força, da tirania, da opressão.


Ocorre do constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a fazer ou
deixar de fazer um ato qualquer. Existem diversas formas de violência, tais como as
guerras, conflitos étnico-religiosos e banditismo.
A violência, em seus mais variados contornos, é um fenômeno histórico na
constituição da sociedade brasileira. Desde a escravidão, primeiro com os índios e
depois, e especialmente, a mão de obra africana, a colonização mercantilista, o
coronelismo, as oligarquias antes e depois da independência, tudo isso somado a um
Estado caracterizado pelo autoritarismo burocrático, contribuiu enormemente para o
aumento da violência que atravessa a história do Brasil.
Diversos fatores colaboram para aumentar a violência, tais como a urbanização
acelerada, que traz um grande fluxo de pessoas para as áreas urbanas e assim
contribui para um crescimento desordenado e desorganizado das cidades. Colaboram
também para o aumento da violência as fortes aspirações de consumo, em parte
frustradas pelas dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
Por outro lado, o poder público, especialmente no Brasil, tem se mostrado
incapaz de enfrentar essa calamidade social. Pior que tudo isso é constatar que a
violência existe com a conivência de grupos das polícias, representantes do
Legislativo de todos os níveis e, inclusive, de autoridades do poder Judiciário. A
corrupção, uma das piores chagas brasileiras, está associada à violência, uma
aumentando a outra, faces da mesma moeda.
As causas da violência são associadas, em parte, a problemas sociais como
miséria, fome, desemprego. Mas nem todos os tipos de criminalidade derivam das
condições econômicas. Além disso, um Estado ineficiente e sem programas de
políticas públicas de segurança, contribui para aumentar a sensação de injustiça e
impunidade, que é, talvez, a principal causa da violência.
A violência se apresenta nas mais diversas configurações e pode ser
caracterizada como violência contra a mulher, a criança, o idoso, violência sexual,
política, violência psicológica, física, verbal, dentre outras.
Em um Estado democrático, a repressão controlada e a polícia têm um papel
crucial no controle da criminalidade. Porém, essa repressão controlada deve ser
simultaneamente apoiada e vigiada pela sociedade civil.
Conforme sustenta o antropólogo e ex-Secretário Nacional de Segurança
Pública , Luiz Eduardo Soares: "Temos de conceber, divulgar, defender e implantar
uma política de segurança pública, sem prejuízo da preservação de nossos
compromissos históricos com a defesa de políticas econômico-sociais. Os dois não
são contraditórios" .
A solução para a questão da violência no Brasil envolve os mais diversos
setores da sociedade, não só a segurança pública e um judiciário eficiente, mas
também demanda com urgência, profundidade e extensão a melhoria do sistema
educacional, saúde, habitacional, oportunidades de emprego, dentre outros fatores.
Requer principalmente uma grande mudança nas políticas públicas e uma participação
maior da sociedade nas discussões e soluções desse problema de abrangência
nacional.
Os fatores que geram a violência no Brasil, e em várias nações mundiais, são
dos mais diversos modelos. Havendo situações onde a violência é uma marca que
vem sangrando há gerações, como o racismo, o conflito de religiões, diferentes
culturas. E há casos onde ela é gerada de forma pessoal, onde a própria pessoa
constrói fatores que acabam resultando em situações violentas como o desrespeito, o
uso de drogas, a ambição e até mesmo resultado da educação familiar. Circunstâncias
refletem a conjuntura de uma nação, como quando há falta de empregos, fazendo
assim uma busca desesperada por melhores condições de vida; a falta de
investimentos do Estado; e o principal motivo para gerar violência que vem abalando a
história da humanidade é a desigualdade social.
Vivemos numa sociedade consumista, “imoral e avançada”, onde o virtú, como
dizia Maquiavel sobre os valores, tem perdido na escala de prioridades para a fortuna
(bens materiais). A sociedade está amparada pela mídia que veicula uma necessidade
material, como recentemente o ator da emissora Rede Globo, Lima Duarte criticou: “Lá
é tudo dirigido a partir do comércio. Nunca é a partir da criação”. Um dos atores mais
consagrados da televisão brasileira viu a necessidade urgente da mudança na
concepção de mídia. Este é um alarme para que a sociedade boicote essa
glamourização da ignorância que reflete na realidade atual. Assim, notamos uma
influência significativa da mídia na sociedade, onde se caracteriza o modelo de
cidadão como aquele que tem roupas de boas marcas, carros novos e outros bens
que estão longe da realidade econômica da maior parte dos brasileiros.
Uma das formas encontradas pelos jovens das classes pobres da sociedade,
para atingir seus objetivos, baseados em estilos de vida e na vontade de possuir os
bens de consumo mostrados pela mídia, é o crime, sendo esse mundo a única
alternativa para se conseguir dinheiro. Há ainda a FACILIDADE DE ACESSO ÀS
ARMAS E ÀS DROGAS, além da sensação de IMPUNIDADE que fortalece cada vez
mais o mundo do crime.
A DESIGUALDADE SOCIAL é um câncer que está piorando há séculos,
quanto mais se fala sobre esse problema, mais as autoridades fecham os olhos, ou as
janelas nos sinais de trânsito. A desigualdade social, identificada por mim como o fator
que mais gera violência, é resultado da AMBIÇÃO dessa sociedade burguesa. Sendo
que a maior parte da população não tendo outro meio de obter sua subsistência entra
na vida do crime, e consequentemente na violência. Fator gerador da desigualdade
social é o DESEMPREGO, como fora mostrado a preocupação, pelo menos aparente,
de abranger este assunto nas últimas eleições presidenciais. Pois não há meio de
obter um padrão de vida aceitável sem um emprego, e tendo procura demasiada e
ofertas escassas muitas vezes trazem abusos nos assalariados, parecendo voltar a
épocas anteriores a Revolução Industrial. Esses abusos muitas vezes trazem
conseqüências assustadoras, como a marginalização do assalariado, que por não
aceitar situações deploráveis tenta ‘vida mais fácil’ no tráfico de DROGAS. Efeito
posterior é seu vínculo ‘eterno’ com o morro e a dependência da droga, sendo um
criminoso inconseqüente em muitas vezes por não estar no seu estado normal.
Partindo para uma visão mais ampla da situação achamos causas mais
subjetivas, como o RACISMO que é parte integrante da desigualdade social. Como
mostra estatísticas recentes onde negros ganham significativamente menos que
brancos, ou que negros são praticamente 50% da população brasileira, sendo que o
número destes na universidade não chega a 5%.
A RELIGIÃO é motivo de conflitos no mundo inteiro, sendo que no Brasil este
não é muito presente. Guerras seculares, e até milenares, vêm aniquilando seres
humanos sem piedade, trazendo o nome de Deus como justificativo pra tal ato. Como
ocorre no Iraque, onde Xiitas e Sunitas estão em guerra desde a morte de Maomé, por
diferenças religiosas.
FALTA DE INVESTIMENTOS DO GOVERNO na sociedade para permitir o
cidadão a recorrer a meios mais humanos para a sobrevivência é outro agente que
gera violência. Pois sem um investimento pesado na educação, na infra-estrutura do
país e radicais reformas tributária e agrária será muito difícil, quase impossível,
diminuir a violência. Essa situação faz o cidadão não ter perspectiva para um futuro
promissor, aliado a uma perversa EDUCAÇÃO FAMILIAR que passa de geração para
geração.

SUGESTÕES PARA A DIMINUIÇÃO DA VIOLÊNCIA

Como não dá para apagar com uma borracha toda a maldade do ser humano,
tem-se que, num processo gradual e objetivo, eliminar os fatores geradores da
violência. Iniciando com os mais superficiais, mais fáceis de ser abatidos, sendo esses
os de caráter material, como o desemprego, a falta de investimentos por parte do
governo. Medidas dadas como urgentes devem ser feitas nesse ritmo: urgente. Como
estímulos no abate de impostos para a criação de empregos; aumento no salário do
cidadão, transformando isso numa cadeia onde o custo se torna em benefício, pois
quanto mais recebem mais gastam; reforma agrária é de suma importância a sua
realização, porque é difícil a construção de um cidadão numa esfera onde não se tem
nem o controle da segurança, onde quem comanda a favela são milícias armadas,
além de tudo se cria uma imagem negativa do cidadão dos morros, fixando a
discriminação e assim, a desigualdade social.
Outra medida é o investimento na educação, pois se percebe que grandes
nações são resultados de grandes cidadãos. E com uma educação, desde o
fundamental até o superior, de qualidade forma-se pessoas capazes e instruídas para
reivindicarem seus direitos e assim cumprem com muito mais eficácia seus deveres.
Pois a ignorância é aliada da violência, sendo que os traficantes agem principalmente
nas favelas, onde os moradores têm menos conhecimentos que pessoas instruídas.
Há também a violência histórica, aquela que mancha a sociedade há séculos.
Na realidade brasileira, o seu pior sintoma é o racismo e para acabar com ele, deve-se
começar a criar um novo conceito de igualdade, pois vivemos rodeados por
pensamentos conservadores, e estes são muito difíceis de mudarem. A igualdade
racial tem que parar de ser idealizada e ser colocada na prática, pois essa herança do
regime escravagista deve ser abolida do comportamento social. Isso reflete em várias
situações, como na questão religiosa, onde mulçumanos com aspectos de pessoas do
Oriente Médio são taxados de terroristas, um erro grave e preconceituoso, que como
na questão do racismo negro deve ser abolida da ordem atual, com medidas duras
tanto jurídicas como morais. Penas mais severas para racistas e exclusão social para
estes.
Analisando um outro aspecto, notamos que o desigualdade social é resultado
de todas essas violências, que geram problemas muito graves. E o motivo da violência
estar se alastrando como inço deve-se também pela impunidade e pela facilidade de
se obter armas e drogas. Para o fim disso, precisa-se de medidas eficazes e não
simplesmente arranjar culpados. É preciso tornar as leis e as penas mais duras e que
haja uma capacidade de reabilitação para o infrator, e arrancar o mal pela raiz dando
capacidade de convivência social na sociedade, lhes garantindo educação, emprego,
saúde, segurança e dignidade para atingir seus objetivos.
De forma urgente, precisamos mudar o comportamento social para que a violência não
se alastre e que todos tenham realmente direitos iguais. Que ninguém tenha que fazer
manifestações exigindo que se cumpram seus direitos, pois se são direitos devem ser
obrigatórios. Que todos tenham segurança para que ninguém precise comprar uma
arma para se defender de delinqüentes inconseqüentes. E que ninguém precise virar
um delinqüente por falta de oportunidade, por fome ou para saciar a de seus filhos.
Medidas das autoridades contra a violência terão que ser mais objetivas e não
simplesmente aumentar o número de policiais nas ruas e falar que ladrão não presta.
Tem que investir na educação para que a próxima geração venha com pensamento na
mudança e não a mudança no pensamento.
Temos que parar de arranjar culpados e ver soluções.

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