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Incluído em 16/02/2005
Alterações Quantitativas
Em seu aspecto quantitativo a consciência pode estar diminuída ou
aumentada. Entre as diminuições da consciência a forma mais suave é
denominada de OBNUBILAÇÃO, quando então os estímulos devem ser
intensificados para conseguir-se um acesso eficiente à consciência.
Recentes Pesquisas
O mecanismo responsável para a formação da consciência no ser humano não
encontra nenhuma explicação, plenamente satisfatória até o momento. A
consciência reflete sempre a individualidade e unidade do ser humano e, sem
dúvida, seu aspecto mais relevante é sua característica unitária, onde todas as
nossas percepções, pensamentos e emoções são integrados e fundidos num
mesmo e determinado momento.
Essa teoria tem sido corroborada por constatações de que os neurônios são
capazes de se associarem rapidamente, formando grupos (assembléias)
funcionais para realizarem uma determinada tarefa. Uma vez que esta tarefa
esteja terminada, o grupo se dissolve e os neurônios estão novamente aptos a
se engajarem em outras assembléias, para cumprirem uma nova tarefa .
Aspectos Psicodinâmico
O estudo da consciência mostra não existirem funções mentais, sejam
intelectuais, afetivas, mnêmicas ou volitivas independentes do contexto geral
da vida psíquica. A decomposição analítica da consciência em fenômenos
particulares e individualizados dá-se apenas por necessidade metodológica,
existe apenas para facilitar o estudo da atividade psíquica.
Vigilância
O termo consciência, em português, poderia suscitar dois significados; um
sentido moral e ético, como é o caso dos ingleses com a palavra consciente, e
um sentido psiconeurológico (consciousness, em inglês). Aqui vamos
considerar apenas o sentido psiconeurológico do vocábulo. Poderíamos
entender a consciência como o estado em que a pessoa está ciente de suas
ações físicas e mentais, o que só ocorreria em estado acordado e alerta. Desta
forma não haveria consciência, ao menos consciência plena quando dormindo,
em coma, ou sob anestesia geral.
1 - Obnubilação da Consciência
A Obnubilação da Consciência se caracteriza pela diminuição da
sensopercepção, lentidão da compreensão e da elaboração das impressões
sensoriais. Há ainda lentificação no ritmo e alteração no curso do pensamento,
prejuízo da fixação e da evocação da memória, algum grau de desorientação e
sonolência mais ou menos acentuada.
2 - Estado de Coma
Coma é o estado mais grave de perda da consciência e geralmente se
acompanha de algum comprometimento neurológico e/ou somático grave. A
vida de relação, os reflexos e os automatismos costumam estar bastante
alterados, variando de acordo com a intensidade do estado comatoso. Havendo
alguma atividade psíquica presente, ainda que confusa, fala-se de coma vigil.
1 - Delírio Oniróide
O Delírio Oniróide pode ser observado em pacientes toxi-infecciosos, com
outras intoxicações crônicas e com enfermidades cerebrais orgânicas. Suas
principais características são: obnubilação da consciência, desorientação e
alucinações.
3 - Estados crepusculares
Outra alteração da qualidade da consciência é o ESTADO CREPUSCULAR ou,
conforme preferem alguns o ESTREITAMENTO DA CONSCIÊNCIA. Neste
estado o paciente parece estar totalmente voltado para dentro. Perambula
como que ausente psiquicamente, automático e sem objetivos claramente
definidos. O pensamento pode ser comparado a uma vivência onírica, pouco
clara e da qual as lembranças são embasadas e turvas, não raras vezes nada é
lembrado depois de passado o episódio do Estado Crepuscular. Pode
manifestar-se um pavor irracional ou uma agressividade extremada durante a
crise. Entre as patologias que comumente proporcionam o Estado Crepuscular
a Epilepsia tem lugar destacado mas não monopoliza todos os pacientes que
apresentam este quadro. Situações psicotiformes reativas e vivências muito
traumáticas podem "empurrar" o paciente para este estado de afastamento
momentâneo de uma realidade sofrível.
4 - Onirismo
O termo Onirismo é empregado para designar os estados de sonho patológico.
O Onirismo se caracteriza pela predominância das representações imaginárias,
resultando em perturbações sensoriais e sensitivas. Nesta situação, muitas
imagens aparecem como nitidamente alucinatórias e tais representações
compõem o fenômeno intelectual inicial, daí adquirem a forma de percepção,
colocando em atividade os centros sensoriais das zonas sensitivas e sensoriais
terminais.
6 - Polarização da Consciência
Também a POLARIZAÇÃO DA CONSCIÊNCIA é tida como alteração qualitativa.
Trata-se de uma orientação forçada da consciência num determinado sentido,
segundo uma forte tendência afetiva. É uma atitude mais focal e profunda que
o estreitamento e nem sempre sugere um estado francamente mórbido. Pode
ser encontrada nos estados hipnóticos, onde toda consciência permanece
focalizada na palavra do hipnotizador. Outras vezes, tocado por intensa
motivação afetiva, o indivíduo concentra toda sua consciência num
determinado ponto (por exemplo uma música ou um estímulo visual) com
alheamento para os demais estímulos à sua volta.
Alterações da Consciência do EU
Não se justifica o estudo das alterações da consciência do eu em capítulo à
parte, desde que, nesses casos, trata-se de algo relacionado com a identidade
pessoal. As alterações da consciência do eu normalmente estão relacionadas
ao fato do indivíduo sentir-se possuído por entidades sobrenaturais,
especialmente espíritos e demônios.
No grupo das Alterações da Consciência do Eu incluem-se os seguintes
transtornos:
1 - Estado de Êxtase
Estado mental transitório, no qual o indivíduo perde todo contato com o mundo
sensível e experimenta um profundo sentimento de beatitude ou de graça, por
encontrar-se absorvido na contemplação mística e/ou espiritual. Algumas
pessoas com prática em meditação podem experimentar estados de êxtases de
duração muito variável. Portanto, para se atingir voluntariamente o estado de
êxtase, é necessário um treinamento especial ou preparação através de
exercícios espirituais.
2 - Transitivismo
Transitivismo é o fenômeno onde o enfermo sente-se transformado em outra
pessoa, como se fosse uma despersonalização. Em psicopatologia, o Trativismo
consiste no desaparecimento da relação entre o corpo e os objetos do meio
exterior, como uma impossibilidade de estabelecer a distinção entre aquilo que
é próprio do indivíduo e aquilo que pertence ao meio exterior, havendo um
apagamento dos limites entre a pessoa e o exterior.
Apesar do fenômeno poder aparecer sob a influência de severa angústia, na
maioria das vezes prenuncia o desenvolvimento de uma psicose ou, quando
não, ocorre na vigência de uma lesão dos hemisférios cerebrais ou alguma
outra da maturação neurológica. Por falta dessa maturação o fenômeno pode
ser observado como manifestação patológica em crianças entre 4 e 8 anos de
idade.
3 - Possessão
O fenômeno da possessão tem caráter universal e a psicopatologia tenta
explicá-lo em termos de sugestão ou auto-sugestão ou como resultado de
desdobramentos do eu. Evidentemente a crença cultural em espíritos
desempenha papel importante no aparecimento dessas possessões.
4 - Licantropia
Podem ser observados também os casos de delírio de possessão por animais,
dos quais os mais célebres são as possessões por lobos, neste caso chamado
de Licantropia (Lobisomem). A Licantropia foi uma das manifestações muito
comuns na Idade Média. Os pacientes com este quadro se achavam
transformados em lobo, ou tinham uma serpente dentro do corpo, ou outros
animais.
5 - Convicção de inexistência
Trata-se de uma convicção de inexistência do próprio corpo ou de certos
órgãos, ou de que o enfermo não se encontra vivo e sim morto. O paciente
apresenta uma forma de anulação da própria corporalidade ou existência.
para referir:
Ballone GJ - Alterações da Consciência - in. PsiqWeb, Internet, disponível em
www.psiqweb.med.br, revisto em 2005