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Vigilância Sanitária,

Saúde Ambiental e
Saúde do Trabalhador
Saúde Ambiental

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Raquel Josefina Oliveira Lima

Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco.
Unidade Saúde Ambiental

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:

Fonte: Thinkstock / Getty Images


• Retrospectiva histórica do Conselho Nacional de
Saúde e sua estrutura
• Controle dos animais Sinantrópicos

Nesta Unidade trataremos das questões que dizem respeito à relação ao meio
ambiente e ao padrão de saúde da população. Para tanto, é necessário que você possa
compreender a estrutura organizacional em nível nacional em que está ancorada o
controle ambiental. Dessa forma, antes de discutirmos propriamente a saúde ambiental
faremos uma breve retrospectiva histórica da organização do Conselho Nacional de
Saúde para que possamos localizar nessa estrutura o controle ambiental.

Seja bem-vindo(a) à segunda Unidade da disciplina Vigilância Sanitária, Saúde Ambiental e


Saúde do Trabalhador.
Há aqui textos interessantes para sua leitura, de modo que aproveite cada um desses e não se
esqueça de participar das atividades propostas dentro dos prazos estabelecidos.

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Unidade: Saúde Ambiental

Contextualização

Nesta Unidade discutiremos questões importantes à preservação do meio ambiente, entre as


quais há as ações necessárias para um adequado controle do uso ambiental.
Sem dúvida, enquanto gestor(a), a sua atuação neste cenário poderá ser o diferencial para
a qualidade do meio ambiente e a prevenção de danos à saúde da população. Assim, assista
ao vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SlZi6iffOGc>, relativo ao
pronunciamento de uma criança de doze anos na ECO 1992, realizada no Rio de Janeiro.
Apesar de transcorridos doze anos, as colocações feitas por Severn Suzuki, representante de
uma organização de crianças canadenses preocupadas como o meio ambiente continua atual e
de extrema relevância para quem assumir uma função de tamanha responsabilidade social. Vale
a pena ouvir suas palavras!

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Retrospectiva histórica do Conselho Nacional de Saúde e sua estrutura

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) foi instituído em 13 de janeiro de 1937, tendo


como função assessorar o Ministério da Educação e Saúde Pública somente no controle das
endemias, tuberculose, doenças mentais e hanseníase, únicas áreas de atuação governamental
que, por mais de cinco décadas, teve uma atuação inexpressiva e apenas consultiva (LUCENA;
MIRANDA, 2011).
Após trinta anos da criação e funcionamento do CNS, em 1970 suas atribuições tornaram-se
mais específicas, garantindo assim, melhor estrutura para o cumprimento das suas atividades
que, em 1972, tornaram-se regulamentadas pelo Decreto n.º 79.056, passando a funcionar
como uma espécie de coletivo de Câmara Técnica. Nesse contexto, é importante salientar que
o movimento sanitarista se fortaleceu e entre as décadas de 1970 e 1980, período em que
ocorreram as lutas políticas em prol da democracia, destacou-se como uma grande vitória das
forças democráticas a instituição dos seguintes pressupostos como primordiais à sociedade:
seguridade social, educação e meio ambiente (LUCENA; MIRANDA, 2011).
Assim, ocorreram mobilizações dos movimentos, da Igreja Católica, dos grupos de esquerda
e dos industriais mais progressistas, esses que tinham como bandeira a “liberdade democrática”
e que, em 1984, derrubaram a ditadura militar brasileira. É importante destacar que foi nesse
contexto que nasceu a reforma sanitária.
Em 1990 ocorreu a promulgação da Lei n.º 8.142, que instituiu o novo Conselho Nacional de
Saúde, agora com caráter permanente e deliberativo. Tornou-se um órgão colegiado composto
por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários cuja
função era atuar na formulação de estratégias e controle das políticas de saúde (LUCENA;
MIRANDA, 2011).
O Conselho Nacional de Saúde é uma instância máxima de deliberação do Sistema Único
de Saúde (SUS) de caráter permanente e deliberativo. Está vinculado ao Ministério da Saúde,
composto por entidades e movimentos representativos de usuários, de trabalhadores, das áreas
de saúde, governo e prestadores de serviços (BRASIL, 2014).
Assim é possível observar que desde o período colonial até a década de 1930 diversas ações
ocorreram, porém sem significativa organização estrutural. Algumas transformações se deram, assim
como diversos órgãos de prevenção e controle de doenças foram criados e extintos. Apenas em
1991 é que ocorreu a criação da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) (BRASIL, [20--]).

Quadro 1 – Algumas ações importantes à vigilância ambiente.

1991 Criação da Funasa.


Portaria GM/MS n.º 1.399/99, que regulamenta competências da União,
1999 Estados, Municípios e DF na área de vigilância ambiental em saúde: Instrução
Normativa n.º 1, de 29 set. 2001.
Aprovação da Portaria Funasa n.º 1, de 2 jan. 2002: aprova critérios e
2002 procedimentos à aplicação de recursos financeiros destinados ao saneamento;
saúde indígena; vigilância ambiental; educação em saúde e pesquisa.
Em 20 mar. 2002 houve a constituição da Comissão Permanente de Saúde
2002
Ambiental no âmbito do Ministério da Saúde como representante da Funasa.

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Unidade: Saúde Ambiental

Conheça um pouco mais sobre a história da saúde brasileira. Acesse o portal da


Funasa e leia a cronologia da saúde pública, disponível em: <http://www.funasa.
gov.br/site/museu-da-funasa/cronologia-historica-da-saude-publica>

É importante destacar que a colaboração entre os setores da saúde e meio ambiente está
explicitada na Constituição Federal de 1988 – especificamente no artigo 200, inciso VIII – e
inserida no campo de atribuições do SUS (BRASIL,1988).
A Lei Orgânica da Saúde, n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990, ressalta a colaboração na
proteção e recuperação do meio ambiente, em defesa da saúde humana – artigo 6, inciso V – e, em
seu âmbito administrativo, as atribuições de acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de
saúde da população e das condições ambientais – artigo 15, inciso III – (BRASIL, 1990).
No Brasil a relação entre ambiente e impacto à saúde ganhou grande apoio nacional e
internacional após a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro. Nessa Conferência foram assumidos
compromissos relativos a um conjunto de políticas de meio ambiente e de saúde com foco no
desenvolvimento sustentável (ROHFS et al., 2011).
Assim, com base no Decreto n.º 3.450/00 da Funasa, foi iniciada a implantação da área
de Vigilância Sanitária em Saúde Ambiental (VSA), tendo como uma de suas competências a
gestão do sistema nacional de vigilância ambiental.
Estruturar e operacionalizar a vigilância ambiental em saúde demanda articulação com
diversos ministérios, entre os quais: Ministério do Meio Ambiente; Ministério do Trabalho;
Ministério das Relações Exteriores; Ministério da Educação; Ministério do Planejamento; além
de outros órgãos e agências do Governo Federal.
É importante destacar ainda que, por meio da Programação Pactuada Integrada de
Epidemiologia e Controle de Doenças (PPI-ECD) e dos projetos estruturantes com apoio financeiro
do Projeto Vigisus e outras fontes de financiamentos, a Funasa promoveu o desenvolvimento e
estruturação da área de vigilância ambiental em saúde nas secretarias estaduais e municipais de
saúde (BRASIL, 2002).
A seguir apresentaremos a Estrutura Organizacional da Coordenação Geral de Vigilância
Ambiental em Saúde (Cgvam), que lhe permitirá visualizar como as relações estão estruturadas.
Figura 1.

Fonte: Brasil (2002, p. 23).

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É importante destacar que para a execução de suas funções, a Cgvam possui, necessariamente,
um caráter integrador, inter e intrassetorial e que a divisão apresentada acima de Coordenação
de Vigilância e Controle dos Fatores de Risco Biológicos (Cofab) e Coordenação de Vigilância
e Controle dos Fatores de Risco Não Biológicos (Conab) não implica em dissociação entre as
áreas. Muito pelo contrário, a integração é fator imprescindível (BRASIL, 2002).
A seguir, detalharemos as coordenações Cofab e Conab.

Coordenação de Vigilância e Controle dos Fatores Ambientais de


Risco Biológico (Cofab)
Para trabalharmos a vigilância ambiental dos fatores de riscos biológicos essa área foi
desmembrada da seguinte forma: vetores; hospedeiros e reservatórios e animais peçonhentos,
conforme o esquema a seguir:
Figura 2.

Fonte: Brasil (2002, p. 23).

A Cofab tem como finalidade o mapeamento de áreas de risco em determinados territórios


relacionados à presença de vetores, animais peçonhentos, aos hospedeiros e reservatórios com
o objetivo de controlar e ou eliminar os riscos. Suas ações são desenvolvidas tendo interação
com a rede de laboratórios de saúde pública e da inter-relação com as ações de saneamento,
utilizando ainda dos dados da vigilância epidemiológica quanto à incidência e prevalência
dessas doenças, bem como do impacto das ações de controle (BRASIL, 2002).

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Unidade: Saúde Ambiental

Coordenação de Vigilância e Controle dos Fatores de Risco Não


Biológicos (Conab)
Nesta coordenação a área está desmembrada em cinco partes, as quais: contaminantes
ambientais; qualidade da água para consumo humano; qualidade do ar; qualidade do solo,
incluindo os resíduos tóxicos e perigosos; e desastres naturais e acidentes com produtos
perigosos, conforme veremos a seguir:
Figura 3.

Fonte: Brasil (2002, p. 25).

A implantação da Vigilância Ambiental em Saúde tem se apresentado como um novo


modelo de atenção, capaz de implementar avanços nas ações de promoção e de proteção à
saúde da população, por meio do monitoramento e do controle de problemas decorrentes do
desequilíbrio do meio ambiente, relacionando-os de forma que se busque o planejamento e o
desenvolvimento de ações para eliminar ou reduzir a exposição humana aos fatores prejudiciais
à saúde.
Busca-se principalmente avaliar as alterações negativas do meio ambiente que possam
repercutir direta ou indiretamente sobre a saúde humana. Dessa forma, é importante a procura
pelo correto gerenciamento dos fatores de riscos ambientais relacionados à saúde como parte
integrante das ações de vigilância em saúde.
Assim, destaca-se como instrumento de grande importância para nortear as ações da vigilância
em saúde Ambiental a Instrução Normativa n.º 1, de 7 de março de 2005.

Conheça na íntegra a Instrução Normativa n.º 1, disponível em: <http://bvsms.


saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/2005/int0001_07_03_2005_rep.html>.

A Instrução Normativa n.º 1 regulamentou o Subsistema Nacional de Vigilância em


Saúde Ambiental (Sinvsa), atribuindo ao SUS a coordenação, avaliação, planejamento,
acompanhamento, inspeção e supervisão das ações de vigilância relacionadas às doenças e
agravos à saúde.

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As ações de vigilância à saúde ambiental ocorrem em uma intersecção das áreas
técnicas com a Cgvam e a Unidade de Resposta Rápida (URR), conforme os
exemplos apresentados a seguir.

Intersecção das áreas técnicas com a URR/Cgvam


Figura 4.

Fonte: Brasil (2005b).

Vamos conhecer o significado destas siglas?

Siglas Significados
Vigidesastres Vigilância em desastres de origem natural e acidentes com produtos perigosos.
Vigiar Vigilância em saúde de populações expostas a poluentes atmosféricos.
Desenvolve ações para assegurar a qualidade dos sistemas e soluções
Vigiagua
alternativas de abastecimento de água.
Programa de vigilância ambiental em saúde de populações expostas ou sob o
Vigisolo
risco de exposição a solo contaminado.
Atua na proteção da população aos riscos da exposição a radiações ionizantes
Vigifis
e não ionizantes.
Programa de vigilância em saúde ambiental relacionado aos acidentes com
Vigiapp
produtos perigosos.
Atua na vigilância em saúde ambiental relacionada às substâncias químicas e
Vigiquim aos riscos decorrentes da contaminação natural ou antrópica provocada pelas
substâncias químicas.

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Unidade: Saúde Ambiental

Destaca-se que todos os programas são direcionados por meio das diretrizes do programa
nacional de vigilância ambiental, contudo, há que se destacar que a operacionalização de cada
programa se dará de acordo com as características de cada centro urbano envolvido.

Em grandes metrópoles, com número populacional elevado e onde há um grande volume


de bens e serviços sendo desenvolvidos, os riscos ambientais consequentemente aumentam, o
que reflete diretamente na necessidade desses municípios organizarem a vigilância ambiental
com foco na prevenção de agravos à saúde decorrente de situações ambientais não controladas.

Assim, apresentaremos a seguir alguns desses programas.

Vigilância em Saúde Ambiental relacionada aos Riscos associados


aos Desastres (Vigidesastres)
O Vigidesastres desenvolve um conjunto de ações a serem adotadas continuamente pelas
autoridades de saúde pública para vigilância em desastres de origem natural e acidentes com
produtos perigosos. Seus objetivos são:

»» Reduzir a exposição da população e dos profissionais de saúde aos riscos de desastres;


»» Reduzir doenças e agravos decorrentes dos desastres; e
»» Reduzir os danos à infraestrutura sanitária de saúde.

Figura 5 – Modelo de organização de sua atuação.

Fonte: Brasil (2002, p. 42).

Vigilância em Saúde Ambiental relacionada a qualidade da água


para consumo humano (Vigiagua)
O Vigiagua desenvolve ações para assegurar a qualidade dos sistemas e soluções alternativas
de abastecimento de água, identificando e intervindo em situações de risco à saúde dos
consumidores. Atuação nas formas de abastecimento de água para consumo humano, coletivo
ou individual, na área urbana ou rural, de gestão pública ou privada, incluindo as instalações
intradomiciliares. Seu objetivo é:

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»» Avaliar o potencial de risco à saúde representado pela água consumida, de modo a
desencadear as medidas necessárias para que o sistema ou solução alternativa mantenha
ou recupere as condições de segurança da água.

Quanto às suas ações:


»» Colabora na gestão integrada dos recursos hídricos por meio da participação ativa
nos comitês de bacias hidrográficas, instituídos no âmbito da política estadual de
recursos hídricos;
»» Analisa e interpreta informações de qualidade dos recursos hídricos, associando-as a
possíveis impactos na produção da água para consumo humano;
»» Cadastra e inspeciona sistemas e soluções alternativas de abastecimento para avaliar
riscos inerentes aos processos de captação, tratamento e distribuição da água;
»» Avalia relatórios de controle da qualidade da água produzidos pelos sistemas e soluções
alternativas e coletivas de abastecimento de água;
»» Monitora sistematicamente a qualidade da água para consumo humano por meio da
coleta de amostras e análises laboratoriais para fins de vigilância;
»» Analisa o perfil epidemiológico da população, relacionando a ocorrência de agravos
com o consumo da água;
»» Vigilância do Teor de Fluoreto (Vigifluor) na água para consumo humano, distribuída
à população pela rede de abastecimento público, visando o benefício proporcionado
pelo íon flúor à saúde bucal, na prevenção e diminuição da severidade da doença cárie
dentária (BRASIL, 2002).

Vigilância em Saúde Ambiental relacionada a Substâncias


Químicas (Vigiquim)
Consiste no conjunto de ações da vigilância à saúde com a finalidade de conhecer, detectar
e controlar os fatores ambientais de risco à saúde da população exposta aos contaminantes
químicos. Seus objetivos são:
»» Identificar, caracterizar e monitorar a população exposta aos químicos ambientais de
interesse à saúde pública;
»» Detectar e controlar a exposição da população aos químicos ambientais de interesse à
saúde pública.

Quanto às suas ações:


»» Identificação, cadastramento sistemático e seleção de áreas contaminadas;
»» Classificação e priorização de áreas de risco sob o ponto de vista de exposição humana;
»» Avaliação e gerenciamento de risco à saúde humana que visem reduzir ou eliminar
riscos à saúde da população exposta;
»» Responsabilização jurídica dos agentes causadores de contaminação (BRASIL, 2009).

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Unidade: Saúde Ambiental

Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à qualidade do Ar


(Vigiar)

Tem como princípio geral a promoção da saúde da população exposta aos poluentes
atmosféricos. São priorizadas regiões onde sejam constatadas atividades de natureza econômica
ou social que gerem poluição atmosférica de modo a caracterizar um fator de risco às populações
expostas. Seus objetivos são:
»» Prevenir e reduzir os agravos à saúde da população exposta aos fatores ambientais
relacionados aos poluentes atmosféricos;
»» Avaliar os riscos à saúde decorrente da exposição aos poluentes atmosféricos;
»» Identificar e avaliar os efeitos agudos e crônicos decorrentes da exposição aos poluentes
atmosféricos;
»» Estimular a interssetorialidade e interdisciplinaridade entre os órgãos que possuam
interface com a saúde, no que diz respeito às questões de qualidade do ar;
»» Subsidiar o setor ambiental na formulação e execução de estratégias de controle da
poluição do ar, tendo em vista a proteção da saúde da população;

»» Fornecer elementos para orientar as políticas nacionais e locais de proteção à saúde


da população frente aos riscos decorrentes da exposição aos poluentes atmosféricos
(BRASIL, 2006).

Quanto às estratégias de atuação:

»» Identificação de municípios com populações expostas ao risco de contaminação


atmosférica, que se encontram em situação de menor ou maior temeridade;

»» Desenvolvimento de ações que permitam a coleta de informações com sensibilidade


para monitorar a identificação dos problemas de saúde em uma escala temporal mais
próxima da ocorrência dos eventos de interesse;

»» Adoção das unidades sentinelas com a participação das secretarias municipais de saúde
para realizar o monitoramento dos indicadores fundamentais de saúde (sintomas: tosse,
sibilância, dispneia, bem como os agravos: bronquite, asma e IRA) em crianças menores
de cinco anos.

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Controle dos animais Sinantrópicos

Define-se como animal sinantrópico aquele que pode transmitir doenças, causar agravos à
saúde humana ou de outros animais e que por ter se adaptado a viver junto ao homem, está
presente nas cidades, tais como: abelhas; aranhas; baratas; carrapatos; escorpiões; formigas;
lacraias ou centopeias; morcegos; moscas; mosquitos; pombos; pulgas; ratos; taturanas e vespas.

Na busca por alcançar o controle da propagação desses animais no meio urbano é necessário
intervir nos fatores que favorecem a sobrevivência desses, a saber: água, alimento e abrigo.

Assim, como a água não é um fator limitante em nosso meio, é necessária nossa intervenção
nos outros dois fatores, de modo que essas espécies indesejáveis não se instalem ao nosso redor.

Para tanto, faz-se necessário o manejo integrado de ações preventivas de manipulação


ambiental por meio de educação em saúde e utilização racional de produtos aplicados no
controle desses animais.

A seguir você saberá como ocorre o controle das zoonoses nos grandes centros
urbanos, como em São Paulo, por exemplo.

Vigilância zoosanitária
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de São Paulo foi criado em 1973 com a missão de
conter a doença da raiva nesse município, obtendo pleno êxito, dado que os últimos casos de
raiva humana e animal foram registrados em 1981 e 1983.
Atualmente o CCZ é o órgão responsável pelo controle de agravos e doenças transmitidas
por animais (zoonoses), por meio do controle de populações de animais domésticos (cães,
gatos e espécies de grande porte) e controle de populações de animais sinantrópicos (morcegos,
pombos, ratos, mosquitos, abelhas, entre outros).
Frente à excelência do trabalho produzido no CCZ em diversas áreas e, pela experiência bem
sucedida transmitida a centenas de outros municípios do Brasil e do exterior, essa instituição
é credenciada pelo Ministério da Saúde como “Centro de Referência Nacional para Zoonoses
Urbanas” e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “Centro Colaborador para
Treinamento e Pesquisa em Zoonoses Urbanas” (BRASIL, 2014).
O Centro de Controle de Zoonoses tem como missão: “Desenvolver trabalhos de prevenção,
proteção e promoção à saúde pública, por meio de vigilância e controle de animais domésticos,
de animais sinantrópicos, saneamento ambiental e educação em saúde” (BRASIL, 2014). Assim,
desde 1987 foi implantado o serviço de vistoria zoosanitária, que tem como objetivo diminuir os
riscos à saúde humana ocasionados pela convivência homem-animal inadequada, bem como
evitar que os animais sejam submetidos a abusos ou maus tratos.

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Unidade: Saúde Ambiental

Nesse sentido, as visitas são desencadeadas por meio das solicitações encaminhadas pela
população em geral, órgãos públicos e outros – como associações protetoras de animais,
associações de moradores, delegacias do meio ambiente, Ministério Público, entre outros.

Figura 6 – Fluxo das ações desenvolvidas.

As vistorias estão respaldas e direcionadas pelas seguintes leis:


»» Lei Municipal n.º 13.725, de 9 de janeiro de 2004, código sanitário do Município de
São Paulo;
»» Lei Municipal n.º 10.309, de 22 de abril de 1987, que dispõe sobre o controle de
população animal, bem como prevenção e controle de zoonoses;
»» Lei Municipal n.º 11.887, de 21 de setembro de 1995, artigo 2º, incisos III, IV, V, VI e VII;
»» Lei Municipal n.º 13.131, de 18 de maio de 2001, específica para cães e gatos;
»» Lei Federal n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998;
»» Lei Estadual n.º 10.083, de 23 de setembro de 1998, que aprova a instrução normativa
de vigilância em saúde do trabalhador;
»» Lei Municipal n.º 14.014, de 30 de junho de 2005, que proíbe no Município de São Paulo
a utilização de animais de qualquer espécie em apresentação em circos e congêneres;
»» Lei Municipal n.º 11.359, de 17 de maio de 1993, que proíbe a realização de rodeios,
touradas ou eventos similares;
»» Portaria n.º 023/12 – Covisa.G –, que constitui o grupo de trabalho integrado para
apresentar proposta de alteração das ações educativas desenvolvidas pela Gerência do
Centro de Controle de Zoonoses;
»» Portaria n.º 024/12 – Covisa.G –, que constitui a comissão para implantar a Agenda Ambiental
na Administração Pública (A3P) na Gerência do Centro de Controle de Zoonoses.

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Material Complementar

Seguem indicações interessantes de leitura para enriquecer seu conhecimento:

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Cronologia histórica da saúde pública: uma visão
histórica da saúde brasileira. Brasília, DF, [20--]. Disponível em: <http://www.funasa.gov.
br/site/museu-da-funasa/cronologia-historica-da-saude-publica>. Acesso em: 29 set. 2014.

ROHFS, D. B. et al. A construção da vigilância em saúde ambiental no Brasil. Cad.


Saúde Colet. Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, p. 391-398, 2011.

SÃO PAULO (Município). Vigilância zoosanitária. [20--]. Disponível em: <http://www.


prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/controle_de_zoonoses/
vistoria_zoosanitaria/index.php?p=4160>. Acesso em: 1 out. 2014.

Vídeo Complementar:

Vigilância ambiental. 29 out. 2013. Disponível em: <http://www.youtube.com/


watch?v=nUGGCxCWCsU>. Acesso em: 5 out. 2014.

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Unidade: Saúde Ambiental

Referências

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial,


1988.

______. Lei n.º 8.080/90, dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o financiamento dos serviços correspondentes e das outras providências.
Diário Oficial da União. Brasília, DF, 19 set. 1990.

BRASIL. Programa nacional de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade


da água para consumo humano (Vigiagua). Brasília, DF, 2005a. Disponível em: <http://
portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/02/Programa-Nacional-de-Vigilancia-da-
Qualidade-da-agua-para-consumo-humano.pdf>. Acesso em: 27 set. 2014.

______. Fundação Nacional de Saúde. Cronologia histórica da saúde pública: uma


visão histórica da saúde brasileira. Brasília, DF, [20--]. Disponível em: <http://www.funasa.gov.
br/site/museu-da-funasa/cronologia-historica-da-saude-publica>. Acesso em: 29 set. 2014.

______. Vigilância ambiental em saúde. Brasília, DF, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Apresentação. Brasília, DF,


2014. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/apresentacao/apresentacao.htm>. Acesso
em: 27 set. 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Instrução Normativa


n.º 1, de 7 de março de 2005. Brasília, DF, 2005b. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/saudelegis/svs/2005/int0001_07_03_2005_rep.html>. Acesso em: 29 set. 2014.

______. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Vigilância em saúde


ambiental relacionada à qualidade do ar. Brasília, DF, 2006. Disponível em: <http://www.
saude.rs.gov.br/upload/1355767633_VIGIAR_PROGRAMA%20NACIONAL.pdf>. Acesso em:
29 set. 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria de Saúde Ambiental


e Saúde do Trabalhador. Programa nacional de vigilância ambiental em saúde
relacionado às substâncias químicas. Brasília, DF, 2009.

LUCENA, K.; MIRANDA, D. Conselho Nacional de Saúde: instrumento de controle


social. CNS em Revista, v. 1, n. 1, set. 2011.

ROHFS, D. B. et al. A construção da vigilância em saúde ambiental no Brasil. Cad.


Saúde Colet. Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, p. 391-398, 2011.

SÃO PAULO (Município). Vigilância zoosanitária. [20--]. Disponível em: <http://www.


prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/controle_de_zoonoses/
vistoria_zoosanitaria/index.php?p=4160>. Acesso em: 1 out. 2014.

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Anotações

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