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Na década de 70, o Brasil deu início a uma reforma psiquiátrica que pretendia combater a massiva

internação de doentes mentais em manicômios.

Tal reforma, resultou na criação do dia da luta antimanicomial, celebrado em 18 de maio, e representou
um marco na conquista da cidadania de pacientes com transtornos psíquicos. Contudo, o estigma
associado às doenças mentais no país ainda assombra a sociedade brasileira e dificulta a inserção dos
indivíduos no corpo social. Entre as principais causas que fazem desse problema uma realidade, a falta
de tratamento adequado e o  pensamento de inferiorização das pessoas com distúrbios mentais
destacam-se como as principais e, por isso, devem ser analisadas mais detalhadamente Em primeiro
lugar, cabe ressaltar que o acesso ao tratamento de doenças mentais é uma condição básica para a
inserção e aceitação de doentes psíquicos na sociedade.

Nesse sentido, o Iluminismo desenvolveu, no século XVIII, a Declaração Universal dos Direitos do
Homem que estabeleceu que todos os cidadãos fazem jus a condições dignas de subsistência. Todavia,
não há como se obter a qualidade de vida defendida pelos iluministas quando não se tem acesso ao
tratamento de saúde adequado, uma vez que indivíduos afetados por transtornos mentais sofrem
massivo preconceito e exclusão da sociedade.

Nesse sentido, não é razoável que o Brasil, embora almeje tornar-se uma nação desenvolvida, continue
negligenciando o tratamento de saúde mental de grande parte da população.Além disso, o discurso
enraizado no senso comum de que os indivíduos com transtornos mentais são pessoas inferiores agrava
ainda mais o problema. Nesse contexto, a filósofa Simone de Beauvoir desenvolveu o conceito de
"Invisibilidade Social", que diz respeito ao processo de apagamento e marginalização que pessoas que se
consideram superiores impõem a determinados grupos excluídos. Assim, a inferiorização dos portadores
de doenças mentais, observada na sociedade moderna, coopera com o silenciamento denunciado pela
filósofa, de modo que as doenças mentais fazem com que os indivíduos tenham dificuldades para ter
acesso ao emprego, ao lazer e ao próprio convívio em sociedade. Logo, a conquista das melhorias sociais
desses indivíduos enfrenta barreiras significativas quando a própria sociedade não os
reconhece.  Portanto, torna-se evidente a necessidade de que o Ministério da Saúde  realize, por meio
de recursos do Fundo Nacional de Saúde, a criação e expansão dos Centros de Atenção Psicossociais
com equipes compostas por psiquiátras, psicólogos, assistentes sociais e demais profissionais
multidisciplinares, para que os indivíduos com doenças mentais possam receber tratamento adequado
para seus distúrbios e possam ser mais reconhecidos na sociedade. Dessa forma, as imagem negativa
associada às doenças mentais poderá ser combatida e a cidadania tão defendida na luta antimanicomial
poderá ser respeitada.

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