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Marcelo Novelino
Direito Constitucional
Aula 05
ROTEIRO DE AULA
Hermenêutica constitucional
V - Críticas:
O professor Paulo Bonavides faz duas críticas a este método:
• O alargamento excessivo do círculo de intérpretes pode quebrar a unidade da constituição, pois
pode levar a interpretações divergentes, as quais enfraquecem a força normativa da constituição.
(essa crítica não e muito consistente porque, ainda que haja divergência entre os intérpretes,
quem vai dar a palavra final é o STF, então, não haverá, ao final, interpretação divergente).
• Este tipo de tese exige alguns requisitos, os quais inexistem em países como o Brasil, em
desenvolvimento, ou subdesenvolvidos:
Essa tese já foi evocada no Brasil pelo PSC, que propôs uma ADI questionando dispositivo
originário da Constituição Federal (art. 14, §4º). A tese era de que o fato de os analfabetos
serem inelegíveis é inconstitucional por violar o princípio da igualdade, o princípio da não
discriminação e o princípio do sufrágio universal. Esta tese não foi admitida pelo STF. E um
dos princípios que afasta a tese de hierarquia entre normas constitucionais é o princípio da
unidade. As normas foram feitas pelo mesmo poder constituinte originário e, em razão disso,
cabe ao intérprete harmonizar os conflitos entre elas, e não declarar uma inconstitucional em
face de outra.
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal não adota a tese da hierarquia entre normas originárias
da constituição com base no princípio da unidade da constituição.
Exemplos em que a interpretação deve ser feita conjuntamente:
• CF, art. 5º, XXII: “é garantido o direito de propriedade.”
- se esse dispositivo for interpretado de forma isolada, o direito de propriedade deverá ser
garantido de forma absoluta, não podendo essa garantia sofrer intervenção estatal em nenhuma
hipótese.
• CF, art. 5º, XXIII: “a propriedade atenderá a sua função social”.
- se esse dispositivo for interpretado isoladamente, poderemos concluir que toda terra cuja
função social não for atendida, poderá ser retirada de seu proprietário, inclusive de forma
arbitrária, por exemplo, por um movimento social sem terra.
Entretanto, os dois dispositivos fazem parte do mesmo sistema constitucional, e devem ser
harmonizados. A propriedade deve ser garantida, mas deve, também, atender sua função social.
O direito de propriedade é garantido mesmo quando não for cumprida a função social. No
entanto, a proteção conferida a este direito será menor do que na hipótese de cumprimento da
função social. Por exemplo, a propriedade que não cumpre a função social poderá ser
desapropriada.
• Grupo de médicos e enfermeiros resolvem fazer uma paralisação na porta do hospital onde
trabalham. Esse grupo tem direito de manifestação e de greve, mas não de forma tão ampla
como outras categorias profissionais. Eles não podem comprometer a saúde pública, deixar
pessoas morrendo, etc. Assim, a manifestação poderá ser feita por um número reduzido de
profissionais. Além disso, a manifestação não poderia ser barulhenta nem impedir o trânsito de
ambulâncias e de carros com pessoas doentes, por exemplo.
Observação: existem casos concretos em que não é possível aplicar os dois princípios
colidentes.
Exemplo: liberdade à informação e direito à privacidade. Imagine, por exemplo, o caso de um
foragido da justiça. Nesta hipótese, a liberdade de informação prevalecerá em relação ao direito
à privacidade do foragido.
Entretanto, se se tratar de uma pessoa que foi condenada há muitos anos e já cumpriu a sua
pena, a exposição dos fatos (exemplo: exibição de programa de TV sobre o crime ocorrido há
muitos anos) atrapalhará a ressocialização do indivíduo.
1.2.4. Princípio da força normativa da constituição
✓ Este princípio se baseia na obra “A força normativa da constituição” de Konrad Hesse.
I - Definição: na aplicação da constituição, deve ser dada preferência aos entendimentos que
tornem mais eficazes e permanentes as normas da CF.
Toda norma jurídica precisa de um mínimo de eficácia para ser aplicada, ou seja, a CF precisa
ter conexão com a realidade jurídica, social e política. Assim, ao interpretá-la, não se deve negar
eficácia ao texto constitucional, mas conferir a máxima aplicabilidade, de modo a valorizar
interpretações que possibilitem a atualização normativa e a permanência da constituição.
II – O princípio da força normativa não disponibiliza nenhum procedimento específico, não
apresenta um mecanismo de interpretação e não diz como a constituição deve ser interpretada.
Ele diz qual deve ser a finalidade de toda interpretação constitucional. Ele faz um apelo ao
intérprete para que opte pela solução que torne as normas constitucionais mais eficazes e mais
permanentes.
III – O princípio tem sido utilizado na jurisprudência do STF com o objetivo de afastar
interpretações divergentes da constituição.
Entendimento do STF:
✓ O STF é o guardião da constituição e, portanto, cabe a ele dar a última palavra sobre a
interpretação a ser dada ao texto constitucional. Interpretações divergentes enfraquecem a força
normativa da constituição. Logo, mesmo que uma decisão judicial tenha transitado em julgado,
se ela tiver adotado uma interpretação diferente daquela dada pelo STF, poderá ser relativizada
(ação rescisória).
- De acordo com o STF, as demais instâncias do poder judiciário devem evitar decisões
contrárias às interpretações constitucionais fixadas pelo STF, já que a este compete a guarda e
interpretação da constituição.
- Assim, esse princípio é utilizado como fundamento para relativizar a coisa julgada, quando
interpretações divergentes são dadas pelo Supremo e por outro Tribunal. O STF entende que
cabe ação rescisória nessas hipóteses.
Súmula 343 STF: “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a
decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos
tribunais”.
Atenção:
A Súmula 343 do STF não está superada. O STF realiza o “distinguishing” (distinção entre duas
situações): o enunciado continua válido para a interpretação de lei (não cabe ação rescisória);
se, entretanto, for uma controvérsia sobre a interpretação de texto constitucional, caberá a
ação rescisória.
STF – AI 555.806 AgR/MF: “[...] 2. Inaplicabilidade da Súmula 343 em matéria constitucional,
sob pena de infringência à força normativa da Constituição e ao princípio da máxima
efetividade da norma constitucional”.
✓ O entendimento acima foi consagrado no Novo Código de Processo Civil:
CPC, art. 525, § 12º: “Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-se
também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como
incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou
difuso”.
CPC, art. 525, § 15º: “Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da
decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal”.
Obs.: no mesmo sentido: CPC/2015, art. 535, § 8º (impugnação da execução pela Fazenda
Pública).
O professor destaca que o prazo para a ação rescisória que está contido no art. 525, § 15 do CPC
é problemático, pois ele é contado não da decisão que transitou em julgado, mas do trânsito em
julgado da decisão do STF. Isso pode fazer com que a ação rescisória seja cabível anos e anos
depois do acórdão ter sido proferido, o que é constitucionalmente questionável, tendo em vista a
forte afetação do princípio da segurança jurídica.
A regra, portanto, é o cabimento da ação rescisória quando houver divergência de interpretação.
Todavia, há duas situações em que o STF sustenta que não é cabível a ação rescisória, mesmo
havendo divergência de interpretação:
1ª) Quando a decisão rescindenda foi dada no mesmo sentido da jurisprudência do STF.
Se, na época em que o juiz decidiu a questão, a decisão estava de acordo com o entendimento
do Supremo, não caberá ação rescisória, ainda que posteriormente o STF altere sua
jurisprudência.
STF - RE 590.809/RS: “Não cabe ação rescisória quando o julgado estiver em harmonia com o
entendimento firmado pelo Plenário do Supremo à época da formalização do acórdão
rescindendo, ainda que ocorra posterior superação do precedente.”
2ª) Quando, na jurisprudência do STF, não houver entendimento consolidado sobre o
tema. Exemplo: a 1ª Turma do STF adota um entendimento e a 2ª Turma adota entendimento
diferente. Neste caso, se a decisão foi dada, por exemplo, no sentido adotado pela 1ª turma e,
posteriormente, o Pleno do STF passa a adotar o entendimento da 2ª Turma, não caberá ação
rescisória.
STF - AR 2.422/DF (25.10.2018): “[...] uma alteração posterior de jurisprudência pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) não legitima o pedido rescisório, notadamente em razão de, à época
de sua prolação, a interpretação sobre o tema ser controvertida no próprio Tribunal. Em
consonância com o instituto da prospective overruling, a mudança jurisprudencial deve ter
eficácia ex nunc, porque, do contrário, surpreende quem obedecia à jurisprudência daquele
momento. Ao lado do prestígio do precedente, há o prestígio da segurança jurídica, princípio
segundo o qual a jurisprudência não pode causar uma surpresa ao jurisdicionado a partir de
modificação do panorama jurídico”.
STF - RE 590.809/RS: “Não cabe ação rescisória quando o julgado estiver em harmonia com o
entendimento firmado pelo Plenário do Supremo à época da formalização do acórdão
rescindendo, ainda que ocorra posterior superação do precedente.”
Em suma:
Há duas situações em que o STF admite a ação rescisória:
1ª) Quando há precedente do STF sobre o tema e a decisão judicial a contraria; e
2ª) Quando não há nenhum julgado do STF sobre o tema.
Não é cabível a ação rescisória quando o precedente do STF é no mesmo sentido da decisão
rescindenda e, posteriormente, o STF altera sua jurisprudência; ou quando há divergência entre
as turmas do STF e, posteriormente, há consolidação da jurisprudência.
Interpretação do texto constitucional buscando atribuir sentido que garanta maior efetividade
social para as normas.
CF, art. 5º, § 1º: “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata”.
II – Definição: invocado no âmbito dos direitos fundamentais, o princípio impõe que seja
atribuído o sentido que confira a maior efetividade possível, com vistas à realização concreta de
sua função social.
Assim, ao interpretar um princípio ou uma regra contida no âmbito dos direitos
fundamentais, é importante que se atribua ao dispositivo interpretado a maior efetividade
possível para que ele realmente cumpra a função para a qual foi criado (ou seja, modificar
a realidade subjacente a ele).
• Eficácia: é a aptidão da norma para produzir os efeitos que lhes são próprios, ainda que não
esteja produzindo efetivamente (porque então entraremos no conceito de efetividade). Uma
norma que possui eficácia está apta a produzir seus efeitos.
✓ Positiva: aptidão da norma para ser aplicada diretamente a um caso concreto sem a
necessidade de intermediação do legislador (ex.: art. 53, caput, CF - É a chamada norma de
eficácia plena). Não é preciso que o legislador faça uma lei regulamentando a imunidade
parlamentar, para que eles possam usufruir dessa garantia. Essa garantia é assegurada
diretamente pela CF.
CF, art. 53, caput: Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e voto”.
✓ Negativa: aptidão da norma para bloquear normas que lhe são contrárias ou invalidar normas
que lhe contrariem. Isso pode ocorrer em duas situações: caso a norma seja anterior à
constituição, e contrarie uma norma com eficácia negativa, a CF não irá recepcionar essa norma.
Caso a lei posterior contrarie uma norma de eficácia negativa, ela será inconstitucional.
Exemplo: art. 37, VII, CF.
CF, art. 37, VI,: “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica”
Trata-se de norma chamada de eficácia limitada (José Afonso da Silva), pois não tem
autoaplicabilidade, dependendo de intermediação do legislador para ser aplicada ao caso
concreto.
Situação: imagine que fosse criada uma lei proibindo o direito de greve aos servidores públicos
ou, ainda, permitindo a greve em hipóteses muito restritas, hipótese em que o núcleo essencial
do direito de greve fosse violado. Nestes casos, a lei poderia ser declarada inconstitucional com
base no dispositivo da CF/1988 que, embora não possua eficácia positiva, possui eficácia
negativa (aptidão para invalidar normas que lhe são contrárias).
Observação: Todas as normas da constituição, com exceção do Preâmbulo (que não é norma) e
das normas do ADCT (que já exauriram sua eficácia), possuem eficácia. A diferença entre elas é
o grau de eficácia que elas possuem.
✓ Toda norma constitucional possui eficácia, mas, nem toda possui eficácia positiva, mas
apenas negativa. Todas que possuem eficácia positiva possuem, também, eficácia negativa. As
normas de eficácia limitada possuem apenas eficácia negativa.
• Efetividade: ocorre quando a norma cumpre a finalidade para a qual ela foi criada. Assim,
quando observado que um dispositivo do texto constitucional não é capaz de conformar a
realidade, significa que ele, embora tenha eficácia, não tem ainda efetividade.
O conceito de efetividade vai além da eficácia. O professor, a título de exemplificação, cita que
a efetividade seria a chamada “lei que pega”, ou seja, lei que é, de fato, respeitada pela
sociedade.
Há, na CF/1988, a consagração de vários instrumentos para assegurar a efetividade das normas
constitucionais (exemplo: HC, MS, habeas data e mandado de injunção – sendo este último
criado pelo texto constitucional de 1988).
- Segundo este dispositivo, o Senado deve suspender, no todo ou em parte, a execução de lei
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Esse
instrumento serve para que a decisão, que tem eficácia somente para as partes, passe a produzir
efeitos erga omnis. Isso ocorre apenas no controle difuso.
Em relação a esse dispositivo, o Ministro Gilmar Mendes defende a mutação constitucional em
relação ao papel do Senado, apontando que o Senado deveria apenas dar publicidade às decisões
do STF, pois tais decisões possuem efeito erga omnes também no controle difuso.
Recentemente, houve uma decisão do STF em que os efeitos do controle incidental e do
controle abstrato foram equiparados.
Nas ADIs n. 3.406 e n. 3.470, a maioria dos ministros do STF entendeu que, no controle difuso,
a decisão também teria efeitos vinculantes e erga omnes, como ocorre no controle concentrado
abstrato. Neste caso, o papel do Senado ficou esvaziado.
Em relação à mutação constitucional do papel do Senado, apenas o Ministro Gilmar Mendes e o
Ministro Celso de Mello se manifestaram expressamente afirmando tal mutação.
✓ boa parte da doutrina critica a hipótese de mutação constitucional do papel do Senado. O
principal fundamento da crítica está embasado no princípio da conformidade funcional ou
justeza, pois o STF estaria exorbitando os limites constitucionalmente estabelecidos pela
CF/1988, invadindo competência atribuída a um órgão do legislativo.
STF - ADIs 3.406 e 3.470: “A partir da manifestação do ministro Gilmar Mendes, o Colegiado
entendeu ser necessário, a fim de evitar anomias e fragmentação da unidade, equalizar a decisão
que se toma tanto em sede de controle abstrato quanto em sede de controle incidental. O
ministro Gilmar Mendes observou que o art. 535 do Código de Processo Civil reforça esse
entendimento (...) Asseverou se estar fazendo uma releitura do disposto no art. 52, X, da CF, no
sentido de que a Corte comunica ao Senado a decisão de declaração de inconstitucionalidade,
para que ele faça a publicação, intensifique a publicidade. O ministro Celso de Mello
considerou se estar diante de verdadeira mutação constitucional que expande os poderes do STF
em tema de jurisdição constitucional” (Informativo n. 886).
✓ Segundo o professor, é precipitado afirmar neste momento que houve uma mutação em
relação ao papel do Senado.
* Robert Bork é um jurista bastante conhecido nos EUA e foi indicado para a Suprema Corte
por Ronald Reagan em 1987. O jurista, apesar de bastante respeitado, era conhecido por sua
visão conservadora e ativista, pois sempre se ateve ao texto constitucional de forma rígida. Por
conta de sua visão, ele foi um dos únicos casos em que o Senado rejeitou a indicação
presidencial.
III – Segundo o autor, a atuação do juiz deve ser semelhante à de um árbitro de futebol: o
árbitro tem o dever de agir quando as regras do jogo são violadas para evitar que um time leve
uma vantagem injusta sobre outro, mas ele não deve influenciar no resultado da partida. No
processo democrático, a atuação seria semelhante. Caberia ao Poder Judiciário permitir que o
jogo político seja jogado de uma forma limpa, desobstruindo canais de participação
democrática.
V – Vantagens:
• Redução de encargos e do risco de erros – Quando os membros do Tribunal tratam apenas do
essencial ao litigio, o encargo (tempo de elaboração de votos, duração de julgamento, etc.) é
menor e o risco de errar também.
• Viabilidade de soluções concretas. Quando as decisões são mais superficiais, fica mais fácil
haver consenso entre os que estão decidindo.
• Maior flexibilidade para decisões futuras – quanto menos o Tribunal amplia o debate sobre o
tema, deixando de estender a decisão assuntos que não são importantes para o caso em análise,
maior a possibilidade de, no futuro, não adotar decisões incompatíveis, incoerentes. Exemplo:
na ADI n. 3.510, que analisou a pesquisa com células-tronco embrionárias, o Min. Ayres Britto
tratou o direito à vida de forma profunda (decisão maximalista) e citou que “a Constituição só
protege o direito da pessoa que nasce viva”. Ao dizer isso, ele entrou na seara do aborto. Assim,
se este Ministro tivesse que, posteriormente, decidir uma questão envolvendo o aborto, ele não
poderia dizer que a CF/1988 protege a vida do embrião, pois haveria contradição entre os
argumentos.
III – O maximalismo pode ser uma boa opção nos casos de:
• Inadequado funcionamento da democracia – Como o Poder Judiciário tem uma maior
margem de atuação, quando a democracia não funciona muito bem, pode ser desejável que o
Tribunal profira decisões mais profundas e amplas para orientar futuros julgamentos, e também
a atuação do executivo e do legislativo.
• Desconfiança nas demais instituições – Exemplo: o protagonismo judicial no Brasil é
bastante grande porque há uma falta de confiança no Poder Legislativo e no Poder Executivo.
Assim, as decisões do STF acabam legislando indiretamente.
• Planejamento antecipado – Exemplo: as questões tributárias exigem certo planejamento das
empresas. Neste caso, seria interessante adotar decisões maximalistas para que as pessoas
tenham ciência prévia do posicionamento judicial. Trata-se de previsibilidade e segurança
jurídica.
Cass Sunstein possui uma preferência clara pelo minimalismo, embora ele reconheça que, em
alguns casos, a decisão maximalista possui várias vantagens.
✓ Às vezes, uma decisão é mais justa em um sentido, entretanto, se for proferida dessa forma,
poderá gerar insegurança jurídica, ou seja, a decisão pode ter consequências sistêmicas (para
além do caso concreto).
III – Segundo Richard Posner, a discricionariedade judicial deve ser limitada, mas não pode
ser completamente eliminada. Segundo o autor, o pragmatismo não é uma máquina de produzir
decisões que sejam comprovadamente corretas. O pragmatismo não vai levar à única decisão
correta, à decisão mais correta. Ele pode levar a resultados diferentes, dependendo das
consequências específicas, das consequências sistêmicas. Mas o pragmatismo sempre vai
produzir decisões razoáveis.
✓ Richard Posner afirma que o pragmatismo não irá conduzir a apenas um resultado. Ele pode
levar a resultados diferentes, a depender do peso que cada juiz atribua às consequências
específicas e às consequências sistêmicas.
✓ O pragmatismo, segundo Richard Posner, sempre levará a resultados razoáveis.
IV - Elementos centrais:
• Ênfase nas consequências da decisão: o método dá atenção às melhores consequências
imediatas do caso e às futuras consequências sistêmicas, incluindo o respeito às leis e aos
precedentes.
Segundo o pragmatismo, certas posturas formalistas devem ser preservadas. O juiz não pode ter
em conta todas as consequências de suas decisões, assim sendo, em alguns casos, ele deve se
ater ao formalismo (dentro da medida do possível).
• Razoabilidade (critério final das decisões pragmáticas): o juiz deve buscar a decisão mais
razoável possível, sopesando as vantagens e as desvantagens de uma determinada decisão.
• Caráter prospectivo: ao contrário das teorias formalistas que se preocupam com o passado
(“pedigree do dieito”), o pragmatismo político é voltado para o futuro (prospectivo), buscando a
melhor decisão a ser dada em relação aos efeitos a serem produzidos. No entanto, isso não
significa que a norma jurídica ou o precedente não devam ser observados. O juiz não respeita o
precedente por questão moral, de que os precedentes devem ser respeitados, mas em razão das
consequências que o desrespeito pode ter futuramente.
V - Embora o pragmatismo político tenha um caráter normativo (busca como o juiz deve
decidir), ele também possui uma importância descritiva.