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Comumente se pensa que uma atividade lúdica é uma atividade divertida. Poderá sê-la ou não. O que mais
caracteriza a ludicidade é a experiência de plenitude que ela possibilita a quem a vivencia em seus atos” .
(LUCKESI, 2005)
A criança passa a criar uma situação ilusória imaginária, como forma de satisfazer seus desejos não
realizáveis. Esta é, aliás, a característica que define o brinquedo de modo geral. A criança brinca pela
necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos, e não apenas no universo dos objetos a que
ela tem acesso. (VYGOTSKY1995, p.82)
A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos
planos da vida real e motivações volitivas – tudo aparece no brinquedo, que se constitui assim, no m ais alto
nível de desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade
brinquedo. Somente nesse sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade condutora que determina
o desenvolvimento da criança. (VYGOTSKY, 1991, p.170)
A função lúdica na educação: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido
voluntariamente a função educativa, o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu
saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. O brincar e jogar e dotado de natureza livre típica de
uns processos educativos. Como reunir dentro da mesma situação o brincar e o educar. Essa e a especificidade
do brinquedo educativo. (KISHIMOTO, 2003, p.37).
O jogo é uma atividade livre, conscientemente tomada como “nãoséria” e exterior à vida habitual, mas ao mesmo
tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer
interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais
próprios, segundo certa ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendência a rodearem-
se de segredo e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do mundo por meio de disfarces ou de outros
meios semelhantes (HUIZINGA 2010, p. 16).
A criança representa alguma coisa diferente, ou mais bela, ou mais nobre, ou mais perigosa do que habitualmente
é. Finge ser um príncipe, um papai, uma bruxa malvada ou um tigre. A criança fica literalmente transportada de
prazer, superando-se a si mesma a tal ponto de quase chegar a acreditar que realmente é esta ou aquela coisa,
sem, contudo perder inteiramente o sentido da realidade habitual. Mais do que uma realidade falsa, sua
representação é a realização de uma aparência: é imaginação, no sentido original do termo (HUIZINGA, 2010,
p.17).
Tendo presente os conceitos expostos nos dois tópicos anteriores deste texto, o educador, sob
a ótica profissional em geral, necessitará de cuidar de si, a fim de que não esteja
permanentemente atravessando os limites emocionais adequados à sua profissão e ao seu
lugar de “adulto da relação pedagógica”. E, sob a ótica lúdica, importará que esse profissional
esteja internamente pleno e bem, à medida que lidera os educandos em sua aprendizagem.
Sendo o líder da sala de aula, se “seus olhos brilharem com o que faz”, os olhos dos seus
liderados também brilharão. Contudo, se “seus olhos forem melancólicos”, os dos seus
estudantes também serão.
Há um ditado que diz que “um gesto vale mais do que mil palavras”. Aprende-se, certamente,
com os estudos bibliográficos; porém, junto com a convivência saudável, esses estudos serão
mais... muito mais..., eficientes e significativos.
Não há como formar novos e saudáveis educadores, sem que seus educadores-formadores
sejam saudáveis, senhores de si, adultos na relação pedagógica.
.(LUCKESI, 2014) (revista entreideias, Salvador, v. 3, n. 2, p. 13-23, jul./dez. 2014)