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Questões psicológicas afetam comportamento

do investidor

O ser humano é muito menos racional do que nos faz crer as teorias
tradicionais de finanças. A experiência tem mostrado que, no mercado
financeiro, as decisões dos investidores, das mais simples às mais
complexas, nem sempre seguem a racionalidade. No processo de
julgamento, é muito comum esses investidores serem afetados por questões
psicológicas, que pode levar a um comportamento equivocado no mundo dos
investimentos, como as principais que são abordadas a seguir:

Excesso de confiança e otimismo: Ocorrem quando as pessoas se


classificam como acima da média e acham que os outros irão julgá-las
melhores do que são realmente. Excesso de confiança sugere que o
investidor superestima a habilidade de prever eventos futuros. Na prática, a
grande maioria dos investidores não pode estar acima da média.

Aposta errônea: Quando se trata de probabilidades, a falta de


conhecimento pode levar a conclusões erradas. Considere uma série de 20
moedas que, quando jogadas, caíram todas com o lado “cara” virado para
cima. Numa aposta errônea, pode-se pensar que é mais provável que a
próxima moeda caia com o lado “coroa” virado para cima. Essa linha de
raciocínio representa uma compreensão inexata de probabilidade, porque a
chance de uma moeda não viciada cair com o lado “cara” para cima é
sempre de 50%.

Ancoragem: Daniel Kahneman e Amos Tversky (1974), conduziram estudo


no qual uma roda com números de 1 a 100 seria girada. Os candidatos eram
questionados se a porcentagem de países africanos membros das Nações
Unidas era maior ou menor do que o número dado na roda. Em seguida os
candidatos deveriam fazer uma estimativa atual desse valor. Tversky e
Kahneman descobriram que esse valor apresentado na roda mostrou grande
influência sobre as respostas dadas pelos candidatos. Por exemplo, quando a
roda parou no número 10, a estimativa média dada pelos candidatos foi de
25%. Porém, quando parou no 60, a estimativa média foi de 45%.

Contabilidade mental: É a tendência que as pessoas têm de separar seu


patrimônio em partes com finalidades individuais. Existem casos de pessoas
que têm uma poupança para os filhos e que usam o limite do cheque
especial. Outras tratam o dinheiro da restituição do imposto de renda como
se fosse um prêmio e reservam o valor para um gasto especial. Uma
maneira de evitar o mau uso da contabilidade mental é sempre lembrar que
o patrimônio, incluindo ativos e passivos, deve ser analisado de forma única.

Tendência ao exagero e disponibilidade: Uma conseqüência de envolver


emoções no mercado financeiro é a tendência ao exagero ante uma nova
informação. Boas notícias devem aumentar o preço do ativo, e este não
deve cair se nenhuma nova informação for dada. Às vezes, participantes do
mercado financeiro criam um efeito de supervalorização do ativo. Segundo a
teoria da disponibilidade, as pessoas tendem a dar maior peso às
informações mais recentes para uma tomada de decisão. Por exemplo,
imagine um acidente de carro que acaba de acontecer num trecho de
rodovia de uso diário. É possível que, pelas próximas semanas, você dirigirá
com mais cautela pela rodovia. Presenciar o acidente o induziu a tendência
ao exagero, porém, em pouco tempo você voltará aos seus hábitos normais.

Efeito Manada: Eventos no mercado financeiro, como o estouro da bolha


da internet, continuam a acontecer dado o efeito manada, que é a tendência
do indivíduo em imitar as ações de um grupo maior. Temos a necessidade
de agir em conformidade com o grupo onde estamos inseridos. Errar em
companhia da maioria é menos estressante. Já conviver com as
conseqüências de um erro em virtude de um posicionamento oposto ao do
grupo é um constrangimento que a maioria evita.

Viés de confirmação: No mundo dos investimentos, esse viés sugere que é


mais provável que o investidor busque informações que confirmem sua idéia
inicial a respeito de um investimento em vez de fatos que contradigam sua
opinião. Como conseqüência, isso pode resultar em um processo de decisão
errado, dado o conjunto incompleto de informações disponíveis.

Viés de retrospecto: Psicólogos atribuem esse viés a nossa necessidade


inata de encontrar ordem no mundo por meio de explicações que nos levem
a acreditar que os eventos são previsíveis. Muitas pessoas acham, agora,
que os sinais da bolha de internet eram óbvios. Se a formação de uma bolha
fosse óbvia na época, ela nunca teria existido, pois os investidores teriam
medo de comprar à medida que os preços subiam.

Fonte: Valor Econômico

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