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obrigação, pois nas perdas e danos não uma troca de devedores, pois um terceiro
subsiste a solidariedade. Mas nos juros, sim. assume a obrigação do devedor.
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algum tipo de interesse, ou seja, pelo devedor putativo. Putativo vem de putare, que significa
ou por um terceiro. A lei, no entanto, crer, acreditar. Haverá credor putativo quando
estabelece consequências diferentes para o se paga de boa-fé a quem não é o credor, ou
pagamento sendo feito pelo devedor, por seja, se pagou à pessoa errada, mas havia
terceiro interessado ou por terceiro não motivos para acreditar ser ele o credor. Um
interessado. Quando se fala em terceiro exemplo já foi visto quando da abordagem do
interessado ou não interessado, fala-se em tema cessão de crédito. Vimos que o devedor
interesse jurídico, pois, se o terceiro paga, não precisa concordar, mas deve ser
algum tipo de interesse ele tem. O terceiro notificado da cessão de crédito para saber
será interessado quando puder ser cobrado que o credor mudou. Vimos que se não for
pela dívida. Assim, um fiador que paga a notificado e de boa-fé pagar ao cedente, ele
dívida do afiançado é um terceiro interessado, está exonerado e a razão é simples: pagou a
mas o pai que paga a dívida de um filho maior credor putativo.
de idade, embora tenha um interesse
sentimental, é considerado um terceiro não No que se refere ao objeto do
interessado. pagamento, este será o cumprimento da
prestação. O credor não é obrigado a aceitar
Se o devedor efetuar o pagamento, prestação diversa da que lhe é devida, ainda
extinta estará a obrigação e ele estará que mais valiosa, afirma o art. 313 do CC.
exonerado. Se um terceiro pagar, também Ainda que a obrigação seja divisível, como
estará extinta, mas ele poderá reaver o valor dever dinheiro, não pode o credor ser
pago, embora de forma diferente a depender obrigado a receber nem o devedor ser
de quem pagou: se terceiro interessado, sub- obrigado a pagar por partes, se assim não se
roga-se nos direitos do credor; se terceiro não ajustou.
interessado, apenas tem direito de reembolso,
não se sub-rogando nos direitos do credor. Quem paga tem direito de receber
Em ambos os casos, o terceiro cobra do uma prova de que pagou. É o que chamamos
devedor o que pagou por ele, mas diferem de quitação. O instrumento da quitação é o
porque, ao se sub-rogar nos direitos do recibo, que sempre pode ser por instrumento
credor, terá as garantias especiais dadas a particular. Se o credor se recusar a dar
ele, o que não ocorre no mero direito de quitação, o devedor pode legitimamente reter
reembolso. Detalhe: isso ocorrerá se o o pagamento enquanto não lhe for dada.
terceiro pagar em seu nome, pois se pagar
em nome do devedor, é considerado uma Assim sendo, em regra, quem prova o
mera ajuda, não tendo direito de reaver o que pagamento é o devedor, apresentando o
pagou. recibo recebido como instrumento da
quitação. No entanto, em três casos haverá
A quem se deve pagar? O pagamento presunção de pagamento, dispensando o
deve ser feito ao credor ou a quem de direito devedor de provar que pagou. Ocorre que é
o represente. Se o pagamento foi feito à uma presunção relativa, ou seja, aquela que
pessoa errada, pagou-se mal e quem paga admite prova em contrário. Desta forma,
mal, paga duas vezes, pois o verdadeiro sendo um dos casos de presunção de
credor poderá cobrá-lo. No entanto, em dois pagamento, não se fixa uma verdade absoluta
casos, o pagamento feito a um terceiro libera de que existiu pagamento, mas sim uma
o devedor: se o credor confirmar o pagamento inversão do ônus da prova, pois o devedor
ou tanto quanto provar ter se revertido ao não precisa provar que pagou, mas o credor
credor. pode provar que o devedor não pagou.
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credor. Cuidado: não confunda remissão com Note que a diferença entre
remição. A causa de extinção da obrigação é inadimplemento e mora reside no critério de
a remissão, é o ato de remitir, que significa utilidade para o credor. Em ambos os casos,
perdão, perdoar. Remição ou ato de remir não a prestação não é cumprida, sendo
é causa de extinção da obrigação, pois inadimplemento se a prestação não é mais
significa resgate, resgatar. útil ao credor e mora se a prestação ainda é
útil ao credor.
Tanto na confusão quanto na remissão
há um aspecto importante para você saber Por que diferenciar mora e
sobre obrigações solidárias. Confusão ou inadimplemento? Se o caso é de
remissão entre credor e um dos devedores inadimplemento, como a prestação não é
solidários ou entre o devedor e um dos mais útil ao credor, a única solução é o
credores solidários: mantém-se a pagamento de indenização por perdas e
solidariedade entre os demais, descontada a danos (ar. 389 do CC). Por outro lado, se o
parte remitida ou da confusão parcial. caso é de mora, cabe o que chamamos de
purgação ou emenda da mora. O que é isso?
Exemplo: Imagine três devedores É cumprir a obrigação, porque ainda útil para
solidários em trinta mil reais ao pai de um o credor, acrescido dos encargos moratórios.
deles (solidariedade passiva). Com a morte Purga-se a mora pagando-se com retardo,
do pai ou do filho ou se o pai perdoar só a acrescido de: correção monetária, juros de
dívida do filho, os outros dois devedores mora, perdas e danos decorrentes da mora e
serão solidários em vinte mil reais. Da mesma eventual honorários de advogado (art. 395 do
forma, imagine que um devedor deve trinta CC).
mil reais a três credores solidários, sendo um
deles o pai do devedor (solidariedade ativa). 5.2. Mora
Com a morte do pai ou do filho ou se o pai
perdoar só a dívida do filho, os outros dois O art. 394 do CC diz que se considera
credores serão solidários em vinte mil reais. em mora o devedor que não efetuar o
pagamento e o credor que não quiser recebê-
5. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a
convenção estabelecer. Note haver mora não
5.1. Diferença entre inadimplemento e apenas quando não se paga no tempo
mora devido, mas também se não se paga no lugar
e na forma devida. Note ainda não haver
Quando o devedor não cumpre a mora só do devedor, mas também do credor,
prestação, estamos diante do que ocorre quando este não quiser
inadimplemento, que pode ser de dois os injustificadamente receber o pagamento,
tipos: absoluto ou relativo. O inadimplemento sendo o pagamento em consignação a
é absoluto quando a prestação não é solução para o devedor se livrar dos encargos
cumprida e não é mais útil ao credor que o da mora.
devedor a cumpra - por exemplo, contratação
de cantor para cantar em um casamento que Segundo art. 395 do CC, configurada
não comparece à cerimônia. O a mora, o devedor pode purgá-la, cumprindo
inadimplemento é relativo quando a prestação a prestação acrescida dos encargos
não é cumprida, mas ainda é útil ao credor moratórios. Todavia, se a prestação tornar-se
que o devedor a cumpra, por exemplo, não inútil ao credor, este poderá enjeitá-la e pedir
pagamento de uma dívida em dinheiro no dia perdas e danos. A razão é simples: se inútil
do vencimento. O inadimplemento absoluto é ao credor, deixou de ser mora e se
chamado simplesmente de inadimplemento e transformou em inadimplemento absoluto.
o inadimplemento relativo é chamado de
mora. Como exemplo, imagine uma
costureira que deixa de entregar o vestido de
noiva no prazo estipulado. É caso de mora
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ou inadimplemento? Depende. Se ainda não ato ilícito civil é causar dano a alguém,
houve a cerimônia, em razão de a data gerando ao causador o dever de indenizá-lo.
marcada lhe ser bastante anterior, o caso é Poderíamos pensar ser caso de mora ex
de mora; se já houve a cerimônia, em razão persona, pois o devedor deve ser constituído
da data marcada ter sido na véspera do em mora por um ato do credor, propondo
casamento, o caso é de inadimplemento, ação judicial (citação válida constitui o
caso em que o credor poderá rejeitar a coisa devedor em mora). No entanto, tal
e pedir perdas e danos, pois ao se tornar inútil entendimento é equivocado, pois a lei diz que
a ela, a mora se transformou em essa mora é automática, independendo de
inadimplemento absoluto. qualquer ato do credor. O art. neste momento
em análise diz que nas obrigações
Completa a ideia de mora o art. 396 do provenientes de ato ilícito, considera-se o
CC, que preceitua não incorrer em mora o devedor em mora desde que o praticou (a
devedor quando não haja fato ou omissão responsabilidade de reparar o dano fixada na
imposta a ele. Significa que a mora é o não sentença judicial retroage à data do ato para
cumprimento culposo da obrigação. Se não aplicar os efeitos da mora).
há culpa, não há mora. Se uma conta do
devedor só pode ser paga no banco e o Os arts. 399 e 400 do CC trazem dois
vencimento cai em um domingo, ao se pagar efeitos da mora, um para mora do devedor e
no dia seguinte, não há de se falar em mora, outro para a mora do credor:
tanto que se paga sem encargos moratórios.
a) Efeito da mora do devedor (art. 399 do
O art. 397 do CC nos faz perceber CC): O devedor em mora responde pela
haver dois tipos de mora: ex re e ex persona. impossibilidade da prestação, ainda que esta
A mora ex re é automática, ou seja, é aquela se dê por caso fortuito ou força maior. Se a
que independe de ato do credor para o prestação do devedor se torna impossível
devedor ser constituído em mora sem culpa do devedor, simplesmente se
(interpelação judicial ou extrajudicial, resolve a obrigação sem qualquer ônus a lhe
notificação, protesto ou citação do devedor). ser imposto. Todavia, se a impossibilidade
Por sua vez, a mora ex persona é aquela que ocorrer durante seu atraso, o devedor ficará
precisa de um dos citados atos do credor para obrigado a indenizar o credor pela
o devedor ser constituído em mora. Quando a impossibilidade da prestação, mesmo que
mora é ex re e quando é ex persona? esta tenha se dado por caso fortuito ou por
força maior. Apenas em dois casos, estará
Há dois tipos de obrigações: com dia desobrigado de indenização: quando provar
certo de vencimento e sem dia certo de isenção de culpa no seu atraso (evidente,
vencimento. Quando a obrigação tem um dia pois nesse caso não há mora, pois a mora é o
certo de vencimento, o devedor não precisa não cumprimento culposo da obrigação) e se
ser constituído em mora por ato do credor, provar que o dano ocorreria mesmo se a
pois o simples não pagamento no vencimento prestação tivesse sido cumprida no tempo,
o constitui em mora (dies interpellat pro lugar ou forma devida, ou seja, mesmo se não
homine, ou seja, o próprio dia interpela o houvesse mora.
devedor). Por outro lado, quando a obrigação
não tem dia certo de vencimento, o devedor b) Efeito da mora do credor (art. 400 do
só estará em mora se for constituído por ato CC): A mora do credor, ou seja, se o credor
do credor. Assim, quando a obrigação é com se recusar injustificadamente a receber o
dia certo de vencimento, a mora é ex re e pagamento, gera três efeitos: (i) retira do
quando a obrigação é sem dia certo de devedor isento de dolo a responsabilidade
vencimento, a mora é ex persona. pela conservação da coisa (só indeniza perda
ou deterioração do bem se teve dolo, não
O art. 398 do CC demonstra que a respondendo se teve culpa stricto sensu, ou
mora é ex re quando a obrigação não seja, imprudência, negligência ou imperícia);
cumprida decorre de ato ilícito. Com efeito, (ii) obriga o credor a ressarcir o devedor das
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despesas que teve para conservar o bem; e responsabilidade civil contratual, se não
(iii) sujeita o credor a receber o bem pela houver culpa do contratante em não cumprir a
estimação mais favorável ao devedor se o prestação. O mesmo ocorre com o
seu valor oscilar entre o dia estabelecido para inadimplemento absoluto, que pode ser
o pagamento e o da sua efetivação. culposo (com culpa do devedor) ou fortuito
(sem culpa do devedor), mas, em regra, só
5.3. Responsabilidade Civil Contratual haverá obrigação de indenizar se o devedor
teve culpa no inadimplemento. Se um cantor
Responsabilidade civil é o dever de é contratado para cantar no casamento e
indenizar um prejuízo causado. Há dois tipos propositalmente não aparece na cerimônia,
de responsabilidade civil: contratual e será responsabilizado em perdas e danos,
extracontratual. A responsabilidade civil mas se não cumpriu o contrato porque foi
contratual é aquela em que há um contrato sequestrado na véspera, não há de se falar
entre as partes, ou seja, um contratante não em dever indenizatório.
cumpre o contrato, causando prejuízo ao
outro contratante, gerando dever de Importante: O art. 393 do CC dispõe
indenização. A responsabilidade civil que “o devedor não responde pelos prejuízos
extracontratual, também chamada de resultantes do caso fortuito ou de força maior,
aquiliana, é aquela em que não existe um se expressamente não se houver por eles
contrato entre quem causa e quem sofre o responsabilizado” Note que, conforme visto, a
dano, como no caso de alguém bater no carro responsabilidade civil contratual é subjetiva,
de outrem, tendo que indenizá-lo. mas as partes podem expressamente prever
Responsabilidade civil extracontratual é tema no contrato que o inadimplente responderá
do capítulo responsabilidade civil. mesmo que não tenha cumprido o contrato
Responsabilidade civil contratual é estudada por caso fortuito ou motivo de força maior, ou
aqui em obrigações, pois ocorre diante de seja, sem ter tido culpa, pois caso fortuito ou
mora e inadimplemento. motivo de força maior são situações
inevitáveis, que o inadimplente não podia
O contratante que não cumpre o impedir, como no caso do cantor contratado
contrato será civilmente responsabilizado, para cantar em um casamento que não
mas apenas se isso gerar um dano ao outro cumpre a obrigação por ter sido sequestrado
contratante, pois responsabilidade civil é o na véspera.
dever de indenizar um dano causado.
Conforme o art. 402 do CC, o inadimplente Qual a diferença, então, entre
deverá indenizar não só o dano emergente, responsabilidade civil contratual e
mas também os lucros cessantes, que são os responsabilidade civil extracontratual
dois tipos de dano material. Dano emergente: subjetiva? Em ambos os casos só há
prejuízo efetivamente experimentado; lucro responsabilidade civil diante da existência de
cessante: o que se legitimamente se deixou culpa do devedor, mas na responsabilidade
de ganhar. A eles se acrescenta dano moral. civil contratual, a culpa é presumida. Todavia,
é uma presunção relativa, ou seja, aquela que
Diante de inadimplemento, seja admite prova em contrário, representando,
absoluto ou relativo, quem não cumpre o assim, a inversão do ônus da prova. Na
contrato causando dano ao outro contratante responsabilidade civil contratual, basta ao
deverá indenizá-lo. A questão é: a contratante provar que o outro não cumpriu o
responsabilidade civil contratual é subjetiva contrato. Se este não teve culpa no
(depende de culpa) ou objetiva (independe de inadimplemento, ele que prove. Por outro
culpa)? lado, se é responsabilidade civil
extracontratual subjetiva, a vítima do dano, ao
A responsabilidade civil contratual é cobrar perdas e danos, deverá provar que o
subjetiva, pois só há mora se o não agressor teve culpa ao causar o dano, pois
cumprimento da prestação for culposo. esta não é presumida.
Significa que não há mora e, portanto, não há
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não ter o outro contratante cumprido sua para cantar depois, por exemplo, no
prestação. Já a cláusula penal moratória tem aniversário dele que será na semana
a função de intimidar, pois o contratante seguinte. Sendo cláusula penal moratória,
pagará uma multa se retardar o cumprimento sobrevindo mora, o credor pode exigir o
da prestação. cumprimento da prestação acrescido da
multa, pois, se não pagou a dívida no dia, o
O art. 408 do CC demonstra que a credor a cobrará acrescido da multa com os
cláusula penal é uma prefixação de perdas e demais encargos moratórios.
danos e que a responsabilidade civil
contratual é subjetiva, pois diz que incorre de Para fechar o tema, é preciso saber
pleno direito na cláusula penal o devedor que que o juiz pode reduzir o valor da cláusula
culposamente deixe de cumprir a obrigação penal compensatória em dois casos previsto
ou que se constitua em mora. Significa que, no art. 413 do CC:
em caso de inadimplemento, o outro
contratante pode executar a multa, a) Se o valor é manifestamente excessivo:
independente de provar a extensão do dano O art. 412 do CC estipula um valor máximo da
em ação de conhecimento. E a lei vai mais cláusula penal compensatória ao afirmar que
longe ainda com o art. 416 do CC, prevendo ela não pode exceder o valor da obrigação
que sequer é necessário provar que houve principal. No entanto, mesmo dentro desse
dano, se este foi prefixado no contrato. limite, o juiz poderá reduzi-la a pedido da
parte se manifestamente excessivo segundo
Uma questão pode ser levantada: se o as circunstâncias do caso.
prejuízo do contratante for maior do que o
valor da multa, poderá ele cobrar a diferença? b) Se a prestação tiver sido cumprida em
A princípio não, pois o parágrafo único do art. parte: a função da cláusula penal
416 do CC diz que só poderá cobrar eventual compensatória é compensar o contratante
valor a mais, se esta possibilidade estiver pelo fato do outro não ter cumprido a
expressa no contrato. Se assim for, o valor da prestação. Assim, se este cumpre parte da
multa já é objeto de execução e o valor a prestação, a compensação deve ser apenas
mais deverá ser provado em ação de da parte não cumprida. Exemplo: se o
conhecimento para seguir a execução por contrato de locação diz que o locatário deve
título executivo judicial. Se não houver pagar multa de três meses de aluguel se
permissivo contratual, limita-se a executar a devolver as chaves antes do fim do contrato,
multa. caso ele devolva tendo cumprido metade do
contrato, não deverá arcar com toda a multa,
Há importante diferença na cobrança mas apenas metade dela.
da cláusula penal a depender se
compensatória ou se moratória (arts. 410 e 5.5. Arras
411 do CC): no inadimplemento o credor
cobra cláusula penal compensatória ou o Arras significam sinal, ou seja, é aquilo
cumprimento da prestação enquanto que na que é entregue por um dos contratantes ao
mora o credor cobra cumprimento da outro como princípio de pagamento quando
prestação e cláusula penal moratória. da celebração do contrato para confirmação
do acordo. A vantagem do adiantamento de
No caso da cláusula penal um sinal é confirmar o negócio, pois se
compensatória, havendo inadimplemento, houver desistência, aquele que desistiu
esta se converterá em alternativa a benefício perderá o valor das arras para compensar os
do credor, ou seja, este poderá escolher entre prejuízos. Se quem deu o sinal desistir, não
cobrar do contratante inadimplente a multa ou poderá cobrá-lo de volta; se quem o recebeu
o cumprimento da prestação. No exemplo do desistir, devolverá o valor em dobro (como
cantor contratado para cantar no casamento, recebeu arras, a perda efetiva será no valor
diante do não comparecimento à cerimônia, o das arras)
contratante poderá cobrar a multa ou pedir
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a) Compra e venda de coisa futura: O b) Contrato real: é aquele que se forma com
contrato de compra e venda de coisa futura é a tradição, ou seja, com a entrega do bem,
aleatório, pois não se sabe se a coisa virá a que se segue ao acordo de vontade das
existir e em que quantidade. Pode o partes. São três os contratos reais: mútuo,
contratante assumir o risco da coisa não vir a comodato e depósito.
existir, pagando mesmo assim o preço
(chamado de contrato de compra e venda 2.5. Contrato de execução instantânea,
emptio spei) ou assumir o risco de vir a existir continuada e diferida
em qualquer quantidade, pagando o preço se
vier a existir em quantidade inferior à a) Contrato de execução instantânea: é
esperada, mas não pagando se nada do aquele que é cumprido em uma só vez, no
avençado vier a existir (chamado contrato de momento da celebração do contrato
compra e venda emptio rei speratae). Em (exemplo: compra e venda com pagamento à
ambos os casos, não pagará o preço se vista).
menos do esperado vier a existir por culpa ou
dolo do contratante. Como exemplo, pense na b) Contrato de execução continuada: é
compra de peixes que ainda serão pescados, aquele em que a prestação é cumprida em
em que se paga o preço mesmo que nenhum cotas periódicas (exemplo: compra e venda
peixe seja pescado (emptio spei) ou se vier com pagamento parcelado).
em qualquer quantidade, só não pagando se
nenhum vier (emptio rei speratae). Em c) Contrato de execução diferida: é aquele
nenhum dos dois casos pagará, se o em que a prestação é cumprida em uma só
insucesso total ou parcial decorreu de dolo ou vez, mas no futuro (exemplo: compra e venda
culpa do pescador. com pagamento a prazo).
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tempo real, cujos principais exemplos são A inovação do atual CC foi tornar a
aqueles formados por carta ou por e-mail. cláusula rebus sic stantibus implícita aos
contratos, quando passou a prever a teoria da
3. PRINCÍPIOS CONTRATUAIS imprevisão ou da onerosidade excessiva. Se
um contrato for assinado e sobrevier fato
3.1. Princípio da autonomia da vontade imprevisível que o desequilibre, tornando-o
excessivamente oneroso para uma das partes
As partes são livres para contratar, ou e com extrema vantagem para a outra,
seja, contratam se quiserem, com quem poderá aquela pedir a resolução do contrato
quiserem e sobre o que quiserem. Isso (art. 478 do CC). O exemplo típico é o
decorre de simples razão: contrato é um contrato de leasing de um carro, com valor
acordo de vontades. O limite para suas atrelado ao dólar (locação com opção de
atuações é a lei e, como veremos mais à compra ao fim do contrato mediante
frente, o interesse social e a boa-fé. pagamento de valor residual). O dólar vale um
real e passa do dia para noite para dois reais,
3.2. Princípio da obrigatoriedade e a teoria dobrando o valor a ser pago. Poderá ser
da imprevisão (pacta sunt servanda x pedida a resolução do contrato com base na
cláusula rebus sic stantibus) teoria da imprevisão ou da onerosidade
excessiva.
As partes contratam se quiserem,
mas, se contratarem, são obrigadas a cumprir São os elementos necessários para
o contrato. O contrato faz lei entre as partes, incidência da teoria da imprevisão ou da
o que traduz o conhecido pacta sunt onerosidade excessiva:
servanda, ou seja, os pactos devem ser
cumpridos. a) Contrato de execução continuada ou
diferida: A teoria da imprevisão se aplica a
Essa é a noção básica do princípio, contratos cuja execução se prolongue no
mas o seu estudo pode e deve ser tempo, ou seja, quando a execução é
aprofundado. O atual CC adotou o princípio continuada ou diferida no tempo. Como o
do pacta sunt servanda, mas não de forma contrato de execução instantânea tem
absoluta, pois foi mitigado pela previsão da prestações cumpridas quando da celebração
chamada cláusula rebus sic stantibus. do contrato, estas não serão atingidas pelo
fato imprevisível superveniente.
Para entender essa cláusula, é
necessária uma breve análise histórica. b) Prestação excessivamente onerosa para
Desde a origem dos contratos, vigora o uma das partes: É a ideia da teoria, a
princípio do pacta sunt servanda, ou seja, o excessiva onerosidade para uma das partes,
contrato sempre fez lei entre as partes. No desequilibrando o contrato.
entanto, a Idade Média foi uma época que
ameaçou a sobrevivência desse princípio, c) Extrema vantagem para a outra parte:
pois foi um período marcado por constantes Para a resolução dos contratos, não basta
guerras e conflitos feudais, o que inviabilizava este ter ficado muito oneroso para uma das
o cumprimento de um contrato. Por isso, partes. É preciso que, concomitantemente,
naquela época, tornou-se comum vir nos tenha havido extrema vantagem para a outra
contratos com prestação que se prolongava parte. Assim sendo, se o contratante perde
no tempo uma cláusula liberando o seu emprego e consegue outro recebendo
contratante em caso de ocorrer uma guerra metade do salário anterior, o contrato fica
ou conflito feudal, permitindo-lhe pedir o fim excessivamente oneroso para ele, mas não
do contrato. Rebus sic stantibus significa poderá pedir a resolução pela onerosidade
“coisa assim ficar”, ou seja, o contratante é excessiva porque não houve extrema
obrigado a cumprir o contrato, mas apenas se vantagem para a outra parte.
a coisa assim ficar.
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Essa concepção social do contrato parquet não teria legitimidade ativa para pedir
chega ao seu ápice quando o CC, já em seu a intervenção do juiz no contrato, por tratar-se
primeiro artigo sobre contratos, diz que a de interesse privado. Todavia, como o
função social do contrato representa uma contrato tem uma função social, não podendo
limitação na liberdade de contratar (art. 421 prejudicar a sociedade como um todo, o
do CC). As partes são livres para, dentro dos interesse passa a ser coletivo, legitimando a
limites legais, colocarem no contrato as atuação ministerial.
cláusulas que quiserem, mas a limitação à
autonomia da vontade não se dá apenas pela Com efeito, o princípio da função
lei, mas também pelo interesse social. social do contrato possibilita uma nova
tendência de controle dos contratos
Imagine um contrato para a inaugurada pelo atual CC: o dirigismo judicial
construção de uma obra de vulto ou de uma dos contratos. O que significa isso? O
indústria. Não obstante estejam observados contrato sempre sofreu controle externo,
os requisitos legais de validade (agente limitando a atuação dos contratantes. Até
capaz, objeto possível, determinado ou então, prevalecia o controle feito pela lei,
determinado e forma prescrita ou não defesa razão pela qual esse controle é chamado de
em lei), alguns questionamentos podem ser dirigismo legal dos contratos. Pense, como
feitos: e os reflexos ambientais? E os reflexos exemplo, no contrato de locação, onde a lei
trabalhistas? E os reflexos sociais? E os do inquilinato limita a atuação do locador.
reflexos morais, ou seja, no âmbito dos Hoje, com o CC vigente, prevalece o dirigismo
direitos da personalidade? Por melhor que judicial dos contratos, ou seja, não é a lei que
seja o contrato do ponto de vista econômico controla o contrato, mas sim o juiz, na análise
para os contratantes, não se pode chancelar do caso concreto.
como válido um negócio negativo para a
sociedade em razão do desrespeito de leis O que torna isso possível é a
ambientais, que pretenda fraudar leis utilização das chamadas cláusulas gerais ou
trabalhistas ou que viole a livre concorrência, conceitos jurídicos indeterminados, que tem
as leis do mercado ou postulados de defesa como exemplo a função social dos contratos.
do consumidor, mesmo sob o pretexto da livre São expressões vagas em seu conteúdo,
iniciativa. exigindo do aplicador do direito uma análise
do caso concreto para suprir a vacância. A lei
Analisando os exemplos diz que o contrato deve atender a função
supramencionados, podemos verificar que um social, ou seja, não pode ir contra o interesse
contrato que não cumpre a sua função social social. O que é atender ou ir contra o
pode ser bom apenas para uma das partes, interesse social? A lei não enumera casos,
como ocorre com o contrato com juros preferindo usar uma expressão vaga,
excessivos. Neste caso, caberá ao permitindo ao juiz dizer, analisando o
contratante prejudicado pedir a tutela contrato, se ele atende ou não o interesse
jurisdicional com base na função social do social.
contrato. No entanto, até mesmo quando o
contrato for bom do ponto de vista econômico Em conclusão, não se pretende
para ambas as partes, poderá ser alvo de aniquilar o princípio da autonomia da vontade
intervenção do juiz, caso contrarie o interesse ou o pacta sunt servanda, mas temperá-lo,
social, como é o caso de um contrato muito tornando-os mais vocacionados ao bem-estar
lucrativo, mas que gera danos ambientais ou comum, sem prejuízo do interesse econômico
que fraude leis trabalhistas. A questão é: pretendido pelas partes contratantes. A lei
nesse caso de mútuo benefício, a quem relativiza o princípio do pacta sunt servanda
caberá pedir a intervenção judicial? com regras específicas, como a cláusula
rebus sic stantibus ou com a previsão da
O papel de guardião do princípio da lesão ou do estado de perigo, mas também
função social do contrato deve recair sobre relativiza permitindo intervenção judicial em
os ombros do Ministério Público. A princípio, o uma relação que deveria interessar
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unicamente às partes do contrato, mas que vimos que a tendência atual em matéria de
interessa a toda a sociedade, pois a lei diz controle contratual é o chamado dirigismo
que o contrato tem uma função social. judicial dos contratos, em substituição da
antiga prevalência do dirigismo legal. Cabe ao
3.5. Princípio da boa-fé objetiva juiz controlar os contratos, o que lhe é
permitido a partir do uso de cláusulas gerais
Este princípio vem consagrado no art. ou de conceitos jurídicos indeterminados, que
422 do CC, que obriga as partes contratantes são expressões vagas, reclamando
a agirem de boa-fé quando da celebração de suprimento da vacância pelo aplicador do
um contrato. A palavra chave do princípio é direito na análise do caso concreto. É o caso
confiança, que significa parceria contratual. A não só da função social dos contratos, mas
ideia é que os contratantes não são lutadores, também da boa-fé objetiva. A lei obriga as
um querendo prejudicar o seu adversário, partes a agirem de boa-fé, sem, no entanto,
mas sim parceiros, porque um confia no enumerar as condutas permitidas e proibidas
outro, uma vez que são obrigados a agir sob esse aspecto. Esse papel caberá ao juiz,
conforme os ditames da boa-fé. que poderá intervir em um contrato, podendo
até resolvê-lo, mesmo tendo sido observados
Imagine um casal de noivos que os requisitos formais de validade em uma livre
compra suas alianças em uma joalheria, negociação entre particulares.
optando por um modelo que é feito com ouro
amarelo e ouro branco. Satisfeitos com a bela Atenção: Conforme o art. 422 do CC,
aliança, no dia da festa do noivado, um casal a boa-fé deve nortear o comportamento dos
de amigos informa que toda aliança com ouro contratantes não só no momento da
branco fica amarelada com o decorrer do conclusão do contrato, mas também durante
tempo. Revoltados, reclamam junto à a sua execução. É o fundamento da chamada
joalheria, que diz nada poder fazer. Os noivos responsabilidade civil pós-contratual. Às
poderão pedir a resolução do contrato de vezes, um contrato produz efeitos após a sua
compra e venda, devolvendo as alianças e celebração, devendo a boa-fé perdurar
recebendo seu dinheiro de volta, em função enquanto durarem esses efeitos. Imagine que
da quebra da boa-fé do vendedor, que não uma pessoa compre um carro junto a uma
informou um relevante aspecto do contrato, concessionária. O carro quebra, mas não
que interferiria na escolha do modelo da existe peça para reposição e o comprador
aliança ou na própria realização do negócio. não poderá mais utilizá-lo. Ele poderá pedir a
resolução do contrato alegando quebra da
O princípio que rege os contratos é o boa-fé objetiva em razão de não ter informado
princípio da boa-fé objetiva, mas, em fato que poderia ocorrer após a execução do
realidade, existem dois tipos: a objetiva ou a contrato.
subjetiva. A subjetiva, como o nome sinaliza,
é a boa-fé interior, psicológica, ou seja, o que Importante: embora não mencionado
o contratante acredita ser correto. Já a expressamente no art. 422 do CC, a boa- fé
objetiva lhe é exterior, ou seja, é agir de forma deve nortear o comportamento dos
correta, segundo um padrão normal de contratantes até mesmo antes da proposta. É
conduta. A boa-fé que rege os contratos é a o fundamento da chamada responsabilidade
objetiva, pois é mais segura, uma vez que civil pré-contratual, que será analisada a
não depende do que pensa o outro seguir nas considerações sobre a formação
contratante, mas sim em verificar se o dos contratos. Exemplo típico é a proibição da
contratante agiu seguindo um comportamento propaganda enganosa. O contrato celebrado
normal das pessoas. a partir de uma propaganda enganosa poderá
ser resolvido a requerimento da parte
O que é um comportamento normal? prejudicada, pois a boa-fé já deve fazer-se
Como saber se o contratante agiu seguindo presente mesmo durante as negociações
um padrão normal de conduta? É o juiz que preliminares para uma futura contratação.
dirá na análise do caso concreto. Com efeito,
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b) Art. 424: são nulas as cláusulas em um Note não poder ser objeto de contrato
contrato de adesão que estipulem a renúncia herança de pessoa viva, ou seja, após morte
do aderente de um direito seu resultante da do de cujos, após a abertura da sucessão, os
própria natureza do negócio. Exemplo: herdeiros podem negociar seus quinhões
contrato de depósito é aquele em que o hereditários, mesmo antes da individualização
depositante entrega temporariamente ao obtida ao fim do inventário com o formal de
depositário a guarda e conservação de um partilha, sendo considerado por lei um
bem, que tem o dever de devolver o bem tal contrato de bem imóvel (art. 80, II, do CC).
como recebido. Note que é um direito do
depositário receber o bem tal como entregou 5. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
ao depositário. Sendo o estacionamento em
estabelecimentos comerciais um contrato de O contrato se forma, em regra, quando
depósito e de adesão, é nula a cláusula que a uma proposta se seguir uma aceitação,
diz não haver responsabilidade pelos objetos seja com o acordo de vontades das partes.
deixados no interior do veículo. Como exceção, temos os contratos reais, em
que este acordo não é suficiente para a
4.2. Contratos atípicos formação do contrato, o que só ocorre com
um ato posterior: a tradição, ou seja, a
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venda para outros compradores. O dano, seja sua própria existência, seja a sua
fundamento da responsabilidade pré- extensão. Você lembra o que vimos a respeito
contratual é a violação do princípio da boa-fé do tema?
objetiva nessa fase de negociações
preliminares anterior à proposta, pois o Lembrando: tanto a responsabilidade
fabricante criou nos agricultores a justa civil extracontratual (em regra) como a
expectativa de contratação e, sem qualquer contratual são subjetivas, mas esta tem culpa
justificativa, por mero capricho, não presumida. Assim, se o caso é de
formalizou a proposta de compra e venda. responsabilidade contratual, basta ao
contratante prejudicado provar o
5.2. Pré-contrato ou contrato preliminar inadimplemento, sem precisar provar que o
outro teve culpa no descumprimento do
O pré-contrato, também chamado de contrato (este poderá elidir sua
contrato preliminar ou pacto de contrahendo, responsabilidade provando não ter tido culpa,
é um contrato em que as partes assumem a pois a presunção de culpa é relativa,
obrigação de celebrar um contrato definitivo admitindo prova em contrário, o que
no futuro, por não ser possível a contratação representa inversão do ônus da prova). Por
agora ou por não ser o melhor momento. outro lado, se é caso de responsabilidade civil
extracontratual subjetiva, a vítima do dano, ao
Exemplo: Um time de futebol quer cobrar perdas e danos, deverá provar que o
contratar um jogador. Não pode celebrar um agressor teve culpa em causá-lo. Assim
contrato definitivo agora, pois ele tem contrato sendo, a responsabilidade civil contratual é
em vigor com outro clube. No entanto, mais vantajosa para quem sofre o dano, pois
poderão celebrar um pré-contrato, em que se não precisará provar o difícil elemento
obrigam a contratar ao término do contrato subjetivo da culpa. Além disso, como há um
em vigor. Caso o jogador negocie seu passe contrato, podemos pré-fixar as perdas e
com outro clube ou este não queira mais danos em uma cláusula penal, dispensando a
contratá-lo, haverá descumprimento do parte prejudicada de provar não só o dano,
contrato, devendo arcar com perdas e danos, mas, sobretudo, a sua extensão.
que provavelmente virá pré-fixada em uma
cláusula penal. No supramencionado exemplo da
compra dos tomates, o fabricante, por ser
Importante: O pré-contrato deve ter fase anterior à proposta, tem
os mesmos elementos do contrato definitivo, responsabilidade civil extracontratual,
à exceção de um deles: a forma. As partes e somente sendo responsabilizado civilmente
o objeto são os mesmos, mas a forma não se os agricultores provarem a justa
precisa ser a mesma. Se o contrato definitivo expectativa de contratação e a recusa sem
tem que ser por escritura pública, nada qualquer justificativa, mas também a sua
impede que o pré-contrato seja por culpa na não celebração do contrato. No
instrumento particular. entanto, se na fase de negociações
preliminares, as partes reduzirem as bases do
Qual a importância do pré- contrato a escrito em um pré-contrato,
contrato? Em princípio, a responsabilidade bastarão provar que o fabricante assinou um
civil na fase de negociações preliminares é pré-contrato e que houve inadimplemento,
extracontratual, pois ainda não há um além de sequer precisar provar o dano e a
contrato. No entanto, se celebrarem um pré- sua extensão, pois poderão executar direto a
contrato, as partes transformarão essa cláusula penal.
responsabilidade pré-contratual em contratual
antes mesmo da celebração do contrato O mesmo ocorre no exemplo da
definitivo, pois o pré-contrato é um contrato. contratação do jogador de futebol. Se o clube
Qual a vantagem? A parte prejudicada não apenas conversa em negociações
precisará provar a culpa do inadimplente no preliminares, acertando as bases de um
descumprimento do contrato nem tampouco o futuro contrato, pode ser que, ao final do
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contrato em vigor, o atleta quebre a confiança a contrair gastos e até a recusar outras
e resolva permanecer no clube que está ou propostas. Feita a proposta, o proponente a
contratar com outro. Para responsabilizá-lo ela se obriga, ou seja, se houver aceitação,
civilmente, deverá provar que o atleta não não poderá alegar desistência ou
contratou culposamente, mas, se assinar um arrependimento, podendo o aceitante pedir
pré-contrato, bastará comprovar o em juízo a execução forçada do contrato ou
inadimplemento, sem sequer precisar provar indenização por perdas e danos. Já é
o dano e a sua extensão. responsabilidade civil contratual, pois com a
aceitação o contrato se formou, passando a
5.3. A proposta existir no mundo jurídico. A proposta só
obriga o proponente e a aceitação passa a
O contrato se forma quando a uma obrigar ambas as partes.
proposta se seguir uma aceitação. É raro uma
pessoa fazer uma proposta e a outra A questão é: a proposta sempre obriga
simplesmente a aceitar, pois é normal se o proponente? Não, pois nos termos do art.
sucederem sucessivas contrapropostas até 427 do CC a proposta não obriga o
culminar em uma aceitação final. Essa fase proponente em três casos:
de sucessivas contrapropostas a partir de
uma proposta é chamada de fase de a) Se isso resultar dos termos da
policitação ou fase de oblação. Isso dá nome proposta: se no próprio corpo da proposta
aos atores envolvidos: quem faz a proposta é vier expressa a não obrigatoriedade, não cria
chamado de proponente ou de policitante e justa expectativa de contratação na outra
quem a aceita é chamado de aceitante ou de parte.
oblato.
b) A depender da natureza do negócio: há
Na fase de policitação, não deixa de certos negócios jurídicos que, por sua
haver uma negociação entre as partes, o que natureza, não obrigam o proponente, como
já acontece na fase de puntuação. Ora, qual a proposta de venda de produto com
diferença entre a fase de puntuação e a fase quantidade limitada em estoque, a partir do
de policitação na formação dos contratos? É a fim do estoque.
existência de uma proposta. A fase de
puntuação é a fase de negociações c) A depender de determinadas
preliminares, ou seja, anterior à proposta. Já circunstâncias: existem certas
a fase de policitação se dá após a proposta, circunstâncias que fazem com que a proposta
sucedendo-se sucessivas contrapropostas. A deixe de ser obrigatória, estando elas
pergunta se mantém: como saber se uma elencadas no art. 428 do CC - a primeira
conversa entre as partes já configura uma delas para contrato entre presentes e as três
proposta ou apenas negociações restantes para contrato entre ausentes, a
preliminares, que até pode resultar em uma saber:
minuta, se reduzido a termo? É a seriedade
da proposta. Significa que a proposta é pronta (i) se feita proposta sem prazo à pessoa
e acabada, abordando todos os elementos do presente e esta não foi imediatamente aceita;
contrato, pois basta um sim para a formação
do contrato. Se isso já existe, é fase de (ii) se feita proposta sem prazo a pessoa
policitação; se ainda não existe, sendo ausente e tiver decorrido tempo suficiente
conversados apenas alguns pontos do para chegar a resposta ao conhecimento do
contrato, a fase é de puntuação. proponente;
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(iv) se feita uma proposta entre ausentes e controle de sua vontade. Como exceção, o
antes dela ou simultaneamente chegar ao contrato entre ausentes se forma quando a
conhecimento da outra parte a sua retratação. resposta chegar ao proponente, se assim
convencionado entre as partes.
A proposta fixa o local de formação do
contrato (art. 435 do CC). A importância em 6. CONTRATOS QUE PRODUZEM EFEITOS
saber o local de sua formação é determinar A TERCEIROS
qual lei será aplicada ao contrato.
Em razão do princípio da relatividade
5.4. A aceitação de seus efeitos, o contrato só atinge as
partes, ou seja, só quem é parte pode ter
Se a proposta obriga apenas o direito e deveres que dele decorrem. Todavia,
proponente, a aceitação vincula também o há três contratos em que um terceiro é por ele
aceitante, pois ela faz o contrato se formar, atingido, pois terão direitos e deveres
passando a existir no mundo jurídico, estando decorrentes de um contrato em que não
ambas as partes obrigadas ao seu celebraram originariamente:
cumprimento nos termos da responsabilidade
civil contratual. 6.1. Estipulação em favor de terceiro: É o
contrato em que um dos contratantes estipula
A aceitação pode ser expressa ou um terceiro para quem o outro contratante
tácita. Expressa é a aceitação inequívoca, deverá cumprir a prestação. É um terceiro ao
podendo ser escrita, verbal ou até gestual (ex. contrato tendo um direito dele decorrente.
leilão). Tácita é a aceitação presumida pela Exemplo: contrato de compra e venda em que
prática de um ato incompatível com a não o estipulante determina a entrega do bem
aceitação. Exemplo: doação de vaso não para um beneficiário. Se a prestação não for
aceita de forma expressa, mas o donatário cumprida, o estipulante poderá exigi-la em
manda buscá-lo na casa do doador e o coloca juízo. O beneficiário também tem esse poder,
exposto em sua sala. É por isso que o art. desde que não haja essa restrição no
111 do CC prevê que o silêncio, embora não contrato. Caso tenha sido retirado do
seja a regra, até pode valer como aceitação, beneficiário esse poder, poderá o estipulante
mas apenas quando as circunstâncias exonerar o devedor de cumprir a prestação. E
indicarem que a pessoa aceitou tacitamente a substituição do beneficiário é possível? Sim,
e, evidente, a lei não exija aceitação independente da anuência dele e do outro
expressa. contratante, se reservar esta faculdade no
contrato.
Conforme visto, a proposta obriga o
proponente. No entanto, essa 6.2. Promessa de fato de terceiro: É o
obrigatoriedade não é eterna, mas sim pelo contrato em que um dos contratantes promete
prazo dado. Se houver aceitação fora do que um terceiro cumprirá a prestação para o
prazo ou até mesmo com modificações, o outro contratante. É terceiro ao contrato com
proponente não é obrigado a concordar, mas um dever dele decorrente. Exemplo: contrato
se quiser poderá aceitá-la. Por isso, dizemos por meio do qual uma das partes promete que
que a aceitação fora do prazo ou com seu irmão, um cantor famoso, concederá uma
modificações tem natureza de nova proposta. entrevista exclusiva a um programa de rádio.
Se o terceiro não cumprir a prestação, o
O contrato se forma quando a uma promitente responde por perdas e danos,
proposta se seguir uma aceitação. Se o mesmo que tenha feito todos os esforços para
contrato é entre presentes, fácil será o cumprimento da prestação. O promitente
determinar o momento, pois proposta e não responderá, mas sim o terceiro, se este
aceitação se dão em tempo real. E se o aceitar a prestação e depois não cumpri-la.
contrato for entre ausentes, quando se dá sua Ademais, o promitente não responde pelo
formação? Em regra, quando a aceitação é descumprimento da prestação do terceiro se,
expedida, pois é quando o aceitante perde o pendendo sua aceitação, forem casados e, a
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6.3. Contrato com pessoa a declarar: É o a) O alienante responde por eles mesmo que
contrato em que um dos contratantes pode não haja previsão expressa em contrato, pois
indicar uma pessoa que irá assumir a sua são garantias implícitas, que decorrem de lei
posição no contrato. É um terceiro ao contrato e não da vontade das partes.
tendo direitos e deveres que dele decorrem.
Exemplo: uma pessoa quer comprar uma b) O alienante responde por eles apenas
casa, cujo dono jamais lhe venderá por diante de alienações onerosas. Atenção: a
problemas pessoais, podendo se valer de doação é uma alienação gratuita, mas o
uma pessoa para contratar com o proprietário, alienante responderá por eles quando a
inserindo no contrato cláusula que lhe permite doação for com encargo, o que a lei chama
indicá-lo a assumir sua posição no contrato. de doação onerosa.
Essa indicação deve ser feita em quinze dias,
se outro prazo não for estipulado, mas tem c) O alienante responde por eles mesmo que
efeito retroativo à data da celebração do a aquisição do bem tenha se dado em hasta
contrato, pois o indicado assume os direitos e pública, ou seja, através da venda pública de
deveres do contrato desde a sua celebração e bem penhorado em processo de execução.
não apenas a partir da sua nomeação. Esse
contrato exige muita confiança entre quem 7.1. Vícios Redibitórios
indicará e quem será indicado, pois se não
houver nomeação ou se esta não for aceita Aqui a responsabilidade é diante da
pelo indicado, o contrato produz efeitos entre existência de defeitos materiais, ou seja, o
os contratantes originários. bem está quebrado. Importante você não
confundir a disciplina civil dos vícios
7. GARANTIAS IMPLÍCITAS IMPOSTAS AO redibitórios com a disciplina consumerista.
ALIENANTE Sendo o CDC uma lei especial em relação ao
CC, só aplicamos suas regras quando
Quando uma pessoa aliena um bem, inaplicáveis as regras do CDC. Quando,
deve garantir ao adquirente, em nome da então, aplicamos as regras dos vícios
boa-fé objetiva, o seu normal uso e fruição, redibitórios previstas no CC? Quando não
bem como a garantia de que não o perderá houver relação de consumo, o que ocorre em
para terceiros por razões de direito. Assim dois casos: (i) quando o alienante não é
sendo, o alienante responde perante o fornecedor, como ocorre na venda ocasional
adquirente do bem tanto por defeitos de um bem usado, pois ser fornecedor exige
materiais como por defeitos jurídicos. habitualidade da negociação; e (ii) quando o
adquirente não for consumidor, como ocorre
O alienante, responder por defeito no caso de alguém adquirir um bem para
material é responder por vício redibitório, ou renegociação, pois o CDC afirma que só é
seja, o bem apresenta um defeito físico que o consumidor quem adquire um bem como
torna inútil ao seu uso ou que lhe diminui o destinatário final. Aqui nos concentraremos na
valor. Por sua vez, responder por defeito disciplina civil do tema, deixando as regras da
jurídico é responder pela evicção, ou seja, relação de consumo para um estudo
quem alienou o bem não poderia tê-lo feito e específico do tema.
o adquirente o perdeu para um terceiro,
podendo buscar uma indenização do Por definição, vícios redibitórios são
alienante. defeitos ocultos que tornam o bem impróprio
para o uso a que se destina ou que lhe
Procederemos aqui ao estudo em diminuem o valor. Note que na disciplina civil,
separado do vício redibitório e da evicção. No diferente da relação de consumo, o alienante
entanto, de plano, merecem destaque três só responde por defeitos ocultos, ou seja, que
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não poderia ter sido facilmente detectado Qual o prazo que tem o adquirente
pelos órgãos dos sentidos, pois se o vício era para reclamar vício redibitório em juízo?
aparente, presume-se que o adquirente o Depende do bem adquirido: trinta dias para
admitiu, pois dele ciente. bem móvel e um ano para bem imóvel. A
princípio, o prazo se inicia quando da entrega
Note que o vício redibitório é um efetiva do bem e não quando da alienação,
defeito material que pode tornar o bem pois só com o seu uso é que ele consegue
impróprio para o seu uso ou que pode apenas perceber o defeito oculto. No entanto, se o
lhe diminuir o valor. Portanto, haverá vício adquirente já tinha a posse do bem, o prazo
redibitório tanto no defeito oculto em um se iniciará quando da prática do ato, pois é
motor de um carro que o faz não mais quando adquire legitimidade para reclamação
funcionar, como também no defeito oculto de em juízo, mas os prazos serão reduzidos à
uma máquina que produz determinado metade, por já ter tido contato com o bem.
produto, diminuindo a sua produção, embora Além disso, se for um defeito oculto que por
ela ainda funcione. Assim sendo, o adquirente sua natureza seja de difícil percepção, o
pode reclamar do vício redibitório em juízo prazo só se inicia quando o adquirente dele
optando por uma de duas ações judiciais: tiver ciência. Todavia, a lei confere um prazo
máximo para ciência do defeito a se somar ao
a) Ação Redibitória: ação judicial em que se prazo de reclamação: cento e oitenta dias
pede para redibir o contrato, ou seja, desfazer para bem móvel e um ano para bem imóvel.
o negócio jurídico. Trata-se de anulação e Por fim, não se esqueça que eventual prazo
não de declaração de nulidade, pois a lei de garantia convencional oferecida pelo
impõe prazo para reclamá-lo, sob pena de alienante não substitui o prazo de garantia
convalescimento. legal, mas sim a ele se soma, pois, se houver
garantia convencional, o prazo de garantia
b) Ação Quanti Minoris ou Ação legal só se inicia quando este for encerrado.
Estimatória: ação judicial em que se pede
abatimento do preço, ou seja, o adquirente 7.2. Evicção
quer permanecer com o bem, mas quer
devolução do valor da desvalorização em Evicção é a perda ou desapossamento
razão do defeito oculto ou, se ainda não judicial, ou excepcionalmente administrativo,
pagou, descontá-lo quando do pagamento. de um bem, em razão de um defeito jurídico
Nessa ação se apura o valor a ser abatido do anterior à alienação. Quem alienou o bem não
preço, o que justifica o seu nomem iuris: poderia tê-lo feito, e o adquirente o perdeu,
“estimar” “quanto menos” vale o bem. tendo ação de indenização contra o alienante.
O adquirente que perde o bem é o evicto, e o
Detalhe importante para a prova da terceiro que dele o toma é o evictor.
OAB: o alienante responde por vícios
redibitórios estando ele de má-fé ou até Exemplo: estelionatário invade terreno
mesmo de boa-fé, ou seja, sabendo ou não e, falsificando a escritura pública, vende-o. O
do defeito oculto. A diferença é que apenas verdadeiro dono ajuíza ação reivindicatória
diante da má-fé será obrigado a indenizar reclamando seu terreno. Ao se constatar a
perdas e danos. Nos termos do art. 443 do falsidade da escritura pública, o comprador
CC, se o alienante agiu de boa-fé, apenas perderá judicialmente o imóvel, o que
ressarcirá o adquirente dos gastos que teve chamamos de evicção, tendo apenas direito
com o negócio em si, ou seja, devolução do indenizatório contra o alienante.
valor recebido e ressarcimento das despesas
do contrato. Se o alienante procedeu de má- Note que a evicção pode se dar
fé, não só devolverá o valor recebido, mas excepcionalmente através de uma perda
também indenizará o adquirente de todas as administrativa do bem, pois, em alguns casos,
perdas e danos decorrentes do vício a jurisprudência do STJ tem admitido a
redibitório. evicção independente de decisão judicial.
Destaque para o caso em que há apreensão
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policial da coisa em razão de furto ou roubo para onde remetemos a sua leitura, o
anterior à alienação, podendo o caso ser possuidor que realiza benfeitorias no bem e
resolvido no próprio âmbito da delegacia. vem a perdê-lo, tem direito de ser indenizado
Exemplo: ladrão que vende carro roubado, quando as benfeitorias forem necessárias e
sendo o evicto parado em uma blitz e o carro úteis. É o caso que ocorre aqui, pois o evicto
levado à delegacia e devolvido ao seu real tem a posse do bem e a perde para o evictor.
dono.
Assim, se ele realizou benfeitorias
Informação importante para a sua necessárias ou úteis no bem antes da perda,
prova da OAB: Nos termos do art. 448 do poderá reclamar indenização do evictor. O art.
CC, as partes podem por cláusula expressa 453 do CC diz que o evicto pode cobrar do
reforçar, diminuir ou até excluir a alienante o que gastou com benfeitorias
responsabilidade do alienante pela evicção. necessárias e úteis, se não foram abonadas,
Cuidado, pois a exclusão só valerá se o evicto ou seja, se não foram pagas pelo evictor. No
foi informado do risco da evicção e o tenha entanto, completa o art. 454 do CC, se as
assumido (art. 449 do CC). benfeitorias foram feitas pelo alienante e
abonadas, ou seja, pagas ao evicto pelo
Ao perder o bem, o evicto poderá evictor, o valor será deduzido quando o evicto
cobrar indenização do alienante. A regra é o cobrar a indenização do alienante.
ressarcimento da integralidade do dano do
evicto, o que lhe permite cobrar do alienante Para cobrar o direito que da evicção
não só a devolução do que pagou pelo bem, lhe resulta, o evicto poderá denunciar ao
como também as perdas e danos em razão alienante da lide, para, em caso de sentença
da evicção, os frutos que eventualmente decretando a perda do bem, já determine o
tenha sido obrigado a restituir ao evictor e o juiz na sentença a indenização por ele devida
que gastou com custas judiciais e honorários ao evicto. Em havendo sucessivas vendas
advocatícios (art. 450 do CC). antes de o dono reclamar o bem, poderá o
evicto cobrar indenização não só do alienante
Ainda dentro da regra da indenização imediato, mas também qualquer dos
da integralidade do dano, o alienante anteriores (art. 456 do CC).
responderá perante o evicto por eventual
valorização do bem entre a época da Por fim, fechando o tema evicção,
alienação e da evicção. Se o bem se precisamos entender o que é evicção parcial,
desvalorizou, o evicto cobrará do alienante o tema que é tratado no art. 455 do CC. Haverá
preço que lhe pagou, mas se houver evicção parcial quando o evicto perder
valorização, cobrará o valor do bem da época apenas parte do que adquiriu na alienação,
em que se evenceu, ou seja, da época em por exemplo, quando compra cem cabeças de
que perdeu o bem pela evicção. gado e perde vinte ou trinta delas pela
evicção. Qual a consequência? Depende se a
Mais uma vez, ainda dentro da regra evicção é considerável ou irrisória, pois uma
da indenização da integralidade do dano, coisa é perder uma ou duas cabeças de gado,
ainda que o bem esteja deteriorado, o evicto outra é perder noventa delas. Se a perda for
poderá cobrar do alienante o valor total do considerável, o evicto pode pedir a rescisão
bem, a menos que tenha sido causado do contrato ou restituição da parte do preço
dolosamente por ele, quando só poderá correspondente ao desfalque sofrido, ou seja,
cobrar do alienante o valor que passou a valer devolver o que sobrou e cobrar devolução do
o bem. Note que, se a título de culpa em que pagou ou ficar com o que sobrou e cobrar
sentido estrito a deterioração, ainda assim o apenas o equivalente à sua perda. Se, no
evicto cobrará do alienante o valor integral do entanto, a perda for irrisória, só poderá o
bem. evicto cobrar a indenização pela perda
sofrida, permanecendo com o que sobrou.
Conforme será visto no estudo da
posse no capítulo de direitos reais deste livro,
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8.1. Resilição do contrato superior a trinta salários mínimos deve ser por
escritura pública, o distrato assim também
Conforme visto, resilição do contrato deve ser.
ocorre quando há extinção do contrato
unicamente em razão da vontade das partes. 8.2. Resolução do contrato
A resilição pode ser unilateral ou bilateral, a
depender se a vontade é de apenas um dos Resolução do contrato é a sua
contratantes ou de ambos. Não se discute extinção em razão do inadimplemento ou da
aqui culpa da parte fazendo surgir uma causa mora da outra parte. Aqui o contrato não
de extinção do contrato, pois não há causa termina apenas em razão da vontade das
jurídica que motive o seu fim, simplesmente partes, pois há uma causa que autoriza uma
não quero ou não queremos mais. delas a pedir sua extinção: o não
cumprimento do contrato.
a) Resilição unilateral: ocorre quando
apenas uma das partes não quer mais manter Esse descumprimento pode ser com
o contrato, sem precisar externar qualquer culpa ou sem culpa do contratante
razão para isso. O art. 473 do CC diz que se inadimplente, o que faz com que existam dois
opera mediante denúncia notificada à outra tipos de resolução do contrato: com culpa
parte, ou seja, o contratante deve notificá-la (voluntária) ou sem culpa (involuntária). A
formalmente. A resilição unilateral do contrato grande diferença é que no caso de resolução
pode se dar quando a lei permitir ou quando culposa, o inadimplente será devedor de
houver expressa previsão no contrato. Há perdas e danos junto com a resolução, o que
casos em que a lei permite a resilição não será devido quando a resolução não for
unilateral do contrato, razão pela qual não culposa. Perceba que aqui falamos de mora e
será devedor em perdas e danos à outra de inadimplemento, tema que abordamos no
parte. Por exemplo: o direito de revogação de estudo das obrigações neste livro, valendo
contrato de mandato. Pode a lei não permiti- lembrar que só há mora e inadimplemento
la, mas a vontade das partes sim, quando indenizáveis em perdas e danos quando com
inserem no contrato cláusula permissiva, culpa do devedor, pois, se sem culpa, apenas
podendo ou não ser fixada uma multa a ser haverá resolução do contrato.
paga ao outro contratante se esta ocorrer. Se
não houver previsão legal nem contratual, a Cláusula resolutória é a cláusula que
parte não poderá unilateralmente resilir o permite ao contratante resolver o contrato
contrato, podendo ser o caso de reclamação diante do inadimplemento da outra parte. O
judicial para sua execução forçada. Exemplo: contrato pode trazer uma cláusula resolutória
contrato de locação em que há previsão expressa, mas esta também pode ser
apenas para o locatário o resilir, tendo o implícita aos contratos. Quando isso ocorre?
locador que esperar o fim do contrato pela
total execução. Todo contrato bilateral tem implícita a
cláusula resolutória. A razão é que todo
b) Resilição bilateral: ocorre quando a contrato bilateral é sinalagmático, o que
extinção do contrato se dá unicamente por significa que a prestação de uma das partes é
vontade, mas de ambas as partes, sendo causa da prestação da outra parte. Como
chamado de distrato. É um acordo das partes, uma das partes só cumpre a sua prestação
pondo vim à avença contratual, sem se porque a outra cumpre a sua, o
externar qualquer causa para isso, razão pela descumprimento autoriza a outra parte pedir a
qual, em princípio, nenhuma das partes deve resolução do contrato, mesmo que não tenha
qualquer indenização ao outro contratante. nele cláusula permissiva expressa. Sendo
Importante sobre o tema é o art. 472 do CC, contrato unilateral ou plurilateral, necessária a
que diz que o distrato deverá ser feito na cláusula resolutiva expressa no contrato, para
mesma forma exigida para ser feito o que uma das partes possa pedir a resolução
contrato. Como exemplo, se o contrato de em razão do inadimplemento ou mora da
compra e venda de um imóvel de valor outra parte.
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