Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Haverá sempre fricções entre religião e política e não se vê como poderia ser de outra
maneira. Mas esta tensão é benéfica. Evita que o Estado se reduza a um papel
tecnocrático, de pura gestão, e que, por outro lado, a Igreja se feche no culto e na
sacristia.
Quem ousará defender, explicitamente, a teocracia? Esta ruptura é benéfica para o poder
político porque evita que ele se feche sobre si mesmo de forma totalitária. É benéfica
também para a Igreja porque a obriga a uma autodelimitação.
A filosofia democrática e a moral laica estão um pouco gastas. O progresso não traz, por
si mesmo, a paz. A escola não basta para erradicar a violência e a malícia humanas.
Por outro lado, a religião é muito mais e está muito melhor do que aquilo que alguns
ignorantes dizem acerca dela. No caso da religião cristã, que outrora foi factor de
guerras civis, encontra-se, hoje, numa dinâmica ecuménica e de paz movida pelo sinal
da unidade do Pentecostes em vez da uniformidade totalitária de Babel.
2.Jesus anunciava o Reino de Deus - que não entra em competição com o reino dos
homens - no qual a autoridade não se exerce à maneira dos senhores deste mundo.
Funda, ao lado da política, uma comunidade própria, com regras distintas daquelas que
regem a política. O amor dos inimigos e o perdão não são virtudes políticas enquanto
tais. A "anormalidade" cristã consiste, precisamente, na coexistência destes dois reinos e
na convicção de que o Reino de Deus, sem se substituir ao reino dos homens, está
secretamente presente nele.
O laço entre religião e política é tão forte que o cristianismo tem muita dificuldade em
se desfazer dele. Mas o Concílio Vaticano II consagrou a ideia da autonomia do político
e afastou qualquer tentação teocrática. Reconhece à Igreja um papel de fecundação dos
espíritos e das liberdades, mas recusa a tomada do poder político. Paulo VI tirou,
corajosamente, as consequências desta opção.
O PÚBLICO tem consolidado a sua posição como o jornal mais importante do país.
Todos os meses passam pelo nosso online mais de 6,5 milhões de visitantes. Mas não é
só a quantidade, é a qualidade de quem nos lê e de quem aqui escreve que tornam o
PÚBLICO a referência que é. Somos o eixo de uma comunidade que quer saber para
onde vai e quer poder escolher, em liberdade, o caminho a seguir. Para isso, quem nos lê
conta com o nosso jornalismo independente, com a opinião conceituada dos nossos
cronistas, a análise profunda dos especialistas e os pontos de vista singulares de cada
leitor. Tudo junto, permite a cada um a visão alargada do mundo, em que se alicerçam
as melhores decisões.