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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

DANIEL AVANCINI ARAÚJO

ATIVIDADE TEÓRICO-PRÁTICA: FISSURA LÁBIOPALATINA

CUIABÁ- MT
2021
DANIEL AVANCINI ARAÚJO

ATIVIDADE TEÓRICO-PRÁTICA: FISSURA LÁBIOPALATINA

Trabalho na modalidade de atividade


teórico- prática apresentado no curso de
graduação em enfermagem da
Universidade Federal de Mato Grosso
como requisito avaliativo para a aprovação
na disciplina de Embriologia Humana.

Orientadora: Profa. Dra. Glaucia Chiyoko


Akutagava Martins.

CUIABÁ-MT
2021
A fissura labiopalatina é uma má formação que ocorre na fase intrauterina
sendo classificada de acordo com as partes anatômicas que foram acometidas
podendo ser fissuras labiais, fissuras palatinas, fissuras labiopalatinas e fissuras
raras da face. Outras classificações são como fissuras pré-forame incisivo, fissuras
transforame e fissuras pós-forame (Quadro 1). Quanto à extensão podem ser
classificadas completas ou incompletas, unilaterais ou bilaterais1 (Figura 1).

Fonte: Cymrot, Moacir et al. Prevalência dos tipos de fissura em pacientes com fissuras labiopalatinas atendidos em um
Hospital Pediátrico do Nordeste brasileiro. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica [online]. 2010, v. 25, n. 4.

O diagnóstico da fissura pode ser por exame ultra-sonográfico morfológico


realizado durante a gestação no período intrauterino ou após o nascimento com
equipe multidisciplinar. Sendo que está má formação apresenta uma incidência de
aproximadamente 0,2% na população de baixo risco e incidência de 8% na
população de risco sendo a idade materna uma caracteristica dessa população2. Os
pacientes que possuem fissuras labiopalatinas frequentemente apresentam
problemas de fala, auditivos, ortodônticos e dentârios3.

As fissuras labiopalatinas são uma má formação congênita facial que ocorre


pela incompleta fusão dos processos palatinos, tendo como prevalência a fissura do
lado esquerdo além de que as fissuras transforame sendo prevalentes no sexo
masculino e fissuras pós-forame no sexo feminino4.

Além disso, no Brasil a fissura labiopalatina foi encontrada numa proporção


de 1:700 nascidos vivos, mesma média do mundo e sua prevalência varia de
acordo com a etnia (africanos: 0,3:1.000; europeus: 1,3:1.000; asiáticos: 2,1:1.000;
índios norte-americanos: 3,6:1.000)10. A má formação ocorre entre a 4° e a 12°
semanas de gestação. Podendo ocorrer de forma isolada ou em conjunto com
lábios, reborto alveolar e palato5.
A etiologia é multifatorial alguns estudos apontam que 25% a 30% são por
fatores hereditários e de 70% a 80% envolvendo outros aspectos como hábitos de
vida materna e durante o período gestacional como ingestão de álcool, carência
nutricional associada à deficiência de ácido fólico no período pré-gestacional e no
primeiro trimestre de gestação, fumo e drogas11. Além da possibilidade de interação
entre os fatores genéticos como mutações e polimorfismos e fatores ambientais 1-6. O
gene IrF6 está fortemente associado a ocorrência de fissura labiopalatinas sendo o
fator genético para desenvolvimento embrionário da má formação7.

Os pacientes com fissura palatina apresentam problemas de saúde bucal


podendo ter dor, desconforto, pneumonia, broncoaspiração, limitações, infecções de
pele, alterações gastroesofágicas, problemas estéticos e fonodialógicos esses
sintomas e acometimentos que prejudicam o desenvolvimento e crescimento
afetando o psíquico, físico e social. Além disso, o paciente tem o processo de
alimentação afetado devendo ter uma atenção da equipe multidisciplinar para evitar
a desnutrição.

A equipe multidisciplinar deve ter em sua composição enfermeiro, médico,


fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista e serviço social. O paciente que apresenta
fisssura labiopalatina precisa realizar um acompanhamento com a equipe
multidisciplinar passando por diversas etapas de tratamento entre essas estão às
cirurgias reparadoras conforme a caracteristicas das fissuras e estruturas
anatômicas acometidas (Figura 2).
Figura 2- Fluxograma da reabilitação da pessoa com fissura labiopalatina

*Queiloplastia: cirurgia reparadora do lábio.

**Palatoplastia: cirurgia reparadora do palato.

***Rinoplastia: cirurgia reparadora do nariz (realizada em caso de necessidade).

****Cirurgia Ortognática: cirurgia do complexo maxila/mandíbula (realizada em caso de necessidade)

Fonte: Almeida, Ana Maria Freire de Lima et al. Atenção à pessoa com fissura labiopalatina: proposta de modelização para
avaliação de centros especializados, no Brasil. Saúde em Debate [online]. 2017, v. 4

O enfermeiro tem como função o acompanhamento do paciente no


atendimento e aconselhamento em conjunto com a equipe multidisciplinar exercendo
importante papel no acompanhamento do paciente que apresenta a fissura
lábiopalatina desde processo pré-cirúrgico ao pós-cirúrgico.

Tendo como fatores ambientais etilismo, tabagismo e carência nutricional


podem ser basear a prevenção em cuidados como não fumar, não consumir bebidas
alcóolicas e realizar a suplementação nutricional de acordo com orientações
médicas durante o pré-natal podendo ser iniciar essas ações antes da gestação para
garantir uma qualidade de vida. Os fatores genéticos não podem ser prevenidos e as
fissuras labiopalatinas são associas a mutações no gene regulador de interferon IrF6
e polimorfimos na mesma região IrF61.
REFERÊNCIA

1. Almeida, Ana Maria Freire de Lima et al. Atenção à pessoa com fissura labiopalatina:
proposta de modelização para avaliação de centros especializados, no Brasil. Saúde
em Debate [online]. 2017, v. 41, n. spe [Acessado 30 Agosto 2021], pp. 156-166.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-11042017S12.

2. Bunduki, Victor et al. Diagnóstico Pré-Natal de Fenda Labial e Palatina: Experiência


de 40 Casos. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia [online]. 2001, v. 23, n.
9 [Acessado 29 Agosto 2021] , pp. 561-566. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0100-72032001000900003>. Epub 25 Jun 2003. ISSN
1806-9339. https://doi.org/10.1590/S0100-72032001000900003.

3. Singh, Harpreet et al. Effects of maxillary expansion on hearing and voice function in
non-cleft lip palate and cleft lip palate patients with transverse maxillary deficiency: a
multicentric randomized controlled trial. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
[online]. 2021, v. 87, n. 3 [Acessado 29 Agosto 2021] , pp. 315-325. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2019.09.010>. Epub 05 Jul 2021. ISSN 1808-8686.
https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2019.09.010.

4. Schilling, Gabriela Ribeiro et al. Association between speech and dental occlusion
changes in children with cleft lip and palate and time of primary plastic surgeries.
Revista CEFAC [online]. 2021, v. 23, n. 4 [Acessado 30 Agosto 2021] , e12420.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1982-0216/202123412420>. Epub
24 Maio 2021. ISSN 1982-0216. https://doi.org/10.1590/1982-0216/202123412420.

5. Henrique, Tatiane et al. Orthognathic surgery: doubts from patients with orofacial
fissures regarding the immediate postoperative period. Revista Brasileira de
Enfermagem [online]. 2021, v. 74, n. 2 [Acessado 29 Agosto 2021] , e20200089.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0089.
6. Shibukawa, Bianca Machado Cruz et al. Factors associated with the presence of cleft
lip and / or cleft palate in Brazilian newborns. Revista Brasileira de Saúde Materno
Infantil [online]. 2019, v. 19, n. 4 [Acessado 29 Agosto 2021] , pp. 947-956.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/1806-93042019000400012.

7. SMANE, Liene; PILMANE, Mara. Expressão de IRF6, RYK e PAX9 no tecido facial
de crianças com fissura palatina. Int. J. Morphol. , Temuco, v. 33, n. 2, pág. 647-652,
junho. 2015 Disponível em
<http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S071795022015000200037&l
ng=es&nrm=iso>. accedido en 30 de agosto de 2021.
http://dx.doi.org/10.4067/S0717-95022015000200037.

8. Schultze, Silvana. Fatores associados ao cuidado de crianças nascidas com fissuras


labiopalatinas: perspectivas de familiares e cuidadores [tese]. São Paulo: Faculdade
de Saúde Pública; 2018 [citado 2021-08-30]. doi:10.11606/T.6.2018.tde-08112018-
125000.

9. Cymrot, Moacir et al. Prevalência dos tipos de fissura em pacientes com fissuras
labiopalatinas atendidos em um Hospital Pediátrico do Nordeste brasileiro. Revista
Brasileira de Cirurgia Plástica [online]. 2010, v. 25, n. 4 [Acessado 30 Agosto 2021] ,
pp. 648-651. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1983-51752010000400015.

10. Martelli, Daniella Reis Barbosa et al. Fissuras lábio palatinas não sindrômicas:
relação entre o sexo e a extensão clínica. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
[online]. 2012, v. 78, n. 5 [Acessado 30 Agosto 2021] , pp. 116-120. Disponível em:
https://doi.org/10.5935/1808-8694.20120018.

11. PARANAIBA, Livia Maris Ribeiro. Analise de mutações no gene IRF6 na síndrome
de Van Der Woude e do polimorfismo V274l (IRF6) em fissuras labio-palatinas não-
sindromicas. 2009. 70 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Piracicaba, SP. Disponível em:
http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/289220. Acesso em 30 ago.
2021.

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