Você está na página 1de 41

DESCRIÇÃO

Abordagem dos principais pontos sobre a contabilidade de custos aplicada ao controle de


estoque.

PROPÓSITO
Compreender os principais aspectos do cálculo e da contabilização de custos para as empresas
industriais e as diversas maneiras da aplicação de ambos em cada produto individual, assim como
o cálculo do custo das mercadorias
vendidas.

PREPARAÇÃO
Tenha em mãos uma calculadora ou um sistema eletrônico de planilhas (Excel) para fazer os
cálculos necessários durante a leitura deste conteúdo.
OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever a base de cálculo e o lançamento contábil do custo de aquisição de materiais

MÓDULO 2

Descrever as diferentes formas de cálculo do custo das mercadorias vendidas: PEPS, UEPS,
CMP e preço específico

MÓDULO 3

Classificar os custos em diretos, indiretos, fixos e variáveis

MÓDULO 4

Empregar o método do rateio para o cálculo do custo total e unitário de produtos

INTRODUÇÃO
Abordaremos neste conteúdo os aspectos técnicos da contabilidade de custos para o cálculo e o
registro contábil dos custos de produção das empresas, bem como o custo de mercadorias
vendidas.

Há diversos métodos utilizados pelas empresas:

Base de cálculo e lançamento contábil do custo de aquisição de materiais.


Fichas de controle de estoques pelos métodos PEPS, UEPS, CMP e preço específico.

Classificação dos custos em diretos, indiretos, fixos e variável.

Método de rateio do custo indireto de fabricação.

O presente conteúdo tenta ser completo, trazendo para você os principais métodos – ainda que
de forma simples e direta.

MÓDULO 1

 Descrever a base de cálculo e o


lançamento contábil do custo de aquisição de materiais

CUSTO DE AQUISIÇÃO DE MATERIAIS: BASE


DE CÁLCULO E LANÇAMENTO CONTÁBIL
A Contabilidade é uma ciência que procura registrar eventos econômicos e
financeiros das
empresas a fim de auxiliar na tomada de decisão delas. Dessa maneira, a utilização da
contabilidade de custos é de extrema importância para que as empresas e as entidades tomem
decisões corretas balizadas em informações confiáveis.

 EXEMPLO

Para a tomada de decisões corretas sobre a operação de uma empresa industrial, informações
sobre o custo de aquisições de materiais são cruciais, pois os materiais são a base do produto
acabado. Desse modo, cada real
economizado nas aquisições de materiais pode se transformar
em um real a mais de margem de lucro e um real de desconto no preço do produto, aumentando,
assim, o volume de vendas.

Neste módulo, trataremos da base de cálculo para o cálculo do custo de aquisição de materiais.
Depois, veremos como é feito o lançamento contábil desses custos no ativo da empresa. No final,
faremos uma breve revisão com um
resumo dos principais pontos abordados.

BASE DE CÁLCULO
A contabilidade de custos utiliza o princípio do “custo como base de valor” (também chamado de
“custo histórico”) para os lançamentos de custos. O valor a ser lançado na contabilidade da
empresa é o custo histórico, ou seja,
aquele efetivamente pago pelo produto – ou, nesse caso,
pelas matérias-primas.

Entretanto, o custo de mercadorias, em muitas ocasiões, não é tão claro, gerando dúvidas sobre o
seu cálculo contábil. O exemplo a seguir contém uma ambiguidade no cálculo do custo de
mercadorias:

EXEMPLO
A empresa XYZ compra 1.000kg de aço para produção de vigas. O custo unitário é de R$50,00
por quilo, porém, como comprou tamanha quantidade de aço, ela conseguiu um desconto de 15%
no preço final para o pagamento à vista.
O frete de R$2.000,00 foi pago pela empresa XYZ, que
também incorreu em um seguro obrigatório de R$200,00 pela carga.

Na nota fiscal, estão inclusos R$10.000,00 de impostos recuperáveis (Imposto sobre Operações
relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual
e Intermunicipal e de Comunicação
– ICMS, Programa de Integração Social – PIS e Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS) que a empresa poderá usar para abater
de vendas no futuro e R$800,00 de Imposto sobre os Produtos Industrializados
(IPI) já embutidos
no preço original de R$50,00 por quilo.

Notemos que esse é bem complexo, porém uma compra real também é tão complexa quanto,
senão mais. Em muitos casos, encontramos situações nas quais o cálculo do custo depende do
julgamento subjetivo do contador.

 ATENÇÃO

O que deve guiar o contador ou o administrador é o princípio do “custo como base de valor”. Esse
princípio dita que o custo de um produto ou de uma matéria-prima deve ser aquele para um ou
outro estar disponível para
uso ou venda da empresa.
APLICAREMOS ENTÃO ESSE PRINCÍPIO NA COMPRA
DO EXEMPLO ACIMA PARA OBTERMOS O VALOR DO
CUSTO TOTAL:

A empresa comprou R$50,00 x 1.000 = R$50.000,00 de aço. No entanto, observemos que ela
obteve um desconto de 15% no preço final; portanto, não foram pagos R$50.000,00, e sim
R$42.500,00 (R$50.000,00 menos os 15% que totalizam
R$7.500,00).

Utilizando o princípio do “custo como base de valor”, vemos que, na contabilização, tem de
constar o valor efetivamente pago. Com isso, obtemos uma base de cálculo de R$42.500,00.
Entretanto, isso não é tudo, tendo em vista
que a empresa também incorreu em R$2.000,00 de
custos de frete.

Se ela não fizesse o frete da matéria-prima, não poderia utilizá-la; por isso, a empresa precisa
contabilizar esses R$2.000,00 como custo, pois esse valor é um custo em que a empresa incorreu
para ter a matéria-prima disponível.

Isso eleva a base de cálculo para R$44.500,00. No entanto, a empresa incorreu em R$200,00 de
seguro obrigatório para o frete. Utilizando o mesmo raciocínio anterior, verificamos que o valor da
base de cálculo agora é de R$44.700,00.

Falaremos agora sobre os tributos recuperáveis. Eles são aqueles que geram créditos futuros
para descontos.

 EXEMPLO

Uma empresa compra um produto de R$100,00 pagando 18% de ICMS. Isso lhe gera um crédito
de ICMS de R$18,00 a ser utilizado pela empresa no futuro: se ela o vendesse por R$150,00,
teria de pagar 18% x R$150,00 = R$27,00
de ICMS; porém, como tem um crédito de R$18,00, ela
pagará apenas R$27,00 – R$18,00 = R$9,00 de ICMS.

Na prática, portanto, esse valor é um ativo para a empresa, que o utilizará para
abater
do
pagamento de impostos futuros. Os tributos recuperáveis são o ICMS, o PIS e a Cofins. Já os
tributos não recuperáveis, como, por exemplo, o IPI, não
geram créditos para a
empresa.

No exemplo anterior, alcançamos o valor de R$44.700,00 sem consideramos os tributos na base


de cálculo.
 ATENÇÃO

Os tributos recuperáveis geram um ativo que a empresa poderá utilizar para descontar de tributos
futuros, constituindo, portanto, um ativo em si mesmo de natureza diferente da mercadoria.

Utilizando o princípio do “custo como base de valor”, vemos que a empresa não gastou esses
recursos na mercadoria, e sim em créditos para impostos futuros; portanto, os R$10.000,00 não
integram a base de cálculo do custo. Desse
modo, a base de cálculo será de R$44.700,00 –
R$10.000,00 = R$34.700,00.

Já no caso do IPI, como a empresa não pode recuperar esse valor, ele é integrado ao produto.
Nesse caso, não precisamos fazer nada, pois os R$800,00 já constavam na nota fiscal. Dessa
maneira, a base de cálculo do custo dos
1.000kg de aço foi de R$34.700,00 (ou R$34,70 por
quilo).

Podemos, de forma genérica, definir a base de cálculo do custo de aquisição da matéria-prima da


seguinte maneira:

Base de cálculo = valor integral –


descontos + frete – tributos recuperáveis

 ATENÇÃO

Dependendo da situação, pode haver outros custos de disponibilidade, como, por exemplo,
montagem e comissões. Além disso, outros tantos podem (ou não) ser incluídos na base de
cálculo dos custos de aquisição de materiais.
Cabe ao contador e à administração da empresa a
utilização de julgamentos subjetivos nesses casos.

LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
Agora que já sabemos calcular a base de cálculo para o custo de aquisição de matérias-primas,
analisaremos como se faz o lançamento contábil de tais fatos. Nesta seção, continuaremos o
exemplo da seção anterior para sabermos
como a empresa XYZ utilizará a contabilidade a fim de
registrar os fatos relacionados à compra de 1.000kg de aço. Mas, primeiramente, vamos
relembrar a situação.
 RELEMBRANDO

A empresa XYZ comprou 1.000kg de aço e incorreu nos seguintes fatos:

Base de cálculo dos custos de aquisição: R$34.700,00

Tributos recuperáveis: R$10.000,00

Valor do frete: R$2.200,00

Valor pago pela compra: R$42.500,00

A partir dessas informações, nós já sabemos o suficiente para realizar os lançamentos contábeis.
Primeiramente, faremos o lançamento do valor pago pela compra dos 1.000kg de aço.

Esse lançamento é feito da seguinte forma (D se refere a débito e C, a


crédito):

D – Estoque de matéria-prima = R$32.500,00

D – Tributos a recuperar = R$10.000,00

C – Caixa = R$42.500,00

Vemos que o valor pago pela compra foi dividido em dois locais diferentes no ativo. O valor de
R$10.000,00 – que se refere a tributos que a empresa poderá abater de seus impostos no futuro –
está contabilizado em uma conta
diferente denominada “Tributos a recuperar”. Já o resto do valor
de R$32.500,00 está contabilizado na conta de “Estoque de matéria-prima”, virando, assim, parte
da base de cálculo do custo de aquisição de materiais.

Contudo, ainda temos de contabilizar o frete e o seguro, que serão dois novos conjuntos de
lançamento:

D – ESTOQUE DE MATÉRIA-PRIMA = R$2.000,00

C – CAIXA = R$2.000,00
D – ESTOQUE DE MATÉRIA-PRIMA = R$200,00

C – CAIXA = R$200,00

Agora o valor contabilizado no “Estoque de materiais” somou o valor total da base de cálculo:
R$32.500,00 + R$2.000,00 + R$200,00 = R$34.700,00. Cada
lançamento
constitui uma
contribuição diferente ao valor do estoque: custo de aquisição, frete
e
seguro.

Desse modo, os lançamentos contábeis serão feitos a débito na conta de “Estoques de matéria-
prima” e a crédito na conta de “Caixa”, caso o valor seja pago à vista, ou a crédito na conta de
“Fornecedores a pagar” no passivo,
caso a compra seja feita a prazo.

Como já sabemos contabilizar a base de cálculo dos custos, faremos a seguir uma conclusão final
relativa ao conteúdo deste módulo.

O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior fala sobre o custo de aquisição de
materiais: base de cálculo e lançamento contábil:
REFLEXÕES SOBRE A BASE DE CÁLCULO E
LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
Neste módulo, nós aprendemos a realizar o cálculo do custo de aquisição de matérias-primas.
Vimos também como se contabiliza o valor da aquisição de mercadorias, bem como o dos tributos
a recuperar.

O estoque de matérias-primas é o primeiro passo na fabricação do produto final da empresa.


Contudo, também estão presentes o custo dos produtos vendidos e o do estoque de produtos
acabados e em processamento.

Veremos no próximo módulo como uma empresa gerencia os estoques de produtos acabados,
obtendo, assim, no custo das mercadorias vendidas.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. QUAL DESTES IMPOSTOS NÃO DEVE SER LANÇADO NO CUSTO DO


ESTOQUE, E SIM COMO “TRIBUTO A RECUPERAR”?

A) ITBI

B) IR

C) ISS
D) IPTU

E) ICMS

2. QUANDO UM TRIBUTO É RECUPERÁVEL, DE QUE MODO E ONDE ELE É


LANÇADO?

A) A débito na conta de tributos a recuperar.

B) A crédito na conta de tributos a recuperar.

C) A débito na conta de estoques.

D) A crédito na conta de estoques.

E) A débito na conta de despesas.

GABARITO

1. Qual destes impostos não deve ser lançado no custo do estoque, e sim como “tributo a
recuperar”?

A alternativa "E " está correta.

Os tributos recuperáveis são aqueles que geram créditos futuros para descontos. Dos impostos
acima, apenas o ICMS é recuperável. Por conta disso, somente ele não deve ser lançado como
custo de estoque.

2. Quando um tributo é recuperável, de que modo e onde ele é lançado?

A alternativa "A " está correta.

Como a empresa ganha um direito a recuperar esse tributo, o valor precisa ser lançado a débito
em uma conta de “Tributos a recuperar” no ativo.

MÓDULO 2
 Descrever as diferentes formas de cálculo
do custo das mercadorias vendidas: PEPS,
UEPS, CMP e preço específico

CONTROLE DO ESTOQUE DE PRODUTOS


ACABADOS E CUSTO DE MERCADORIAS
VENDIDAS
O controle de estoques de produtos acabados é de extrema importância para empresas
comerciais e industriais. As comerciais já os compram prontos, enquanto as industriais precisam
produzir seus produtos.

Tendo isso em vista, descreveremos a seguir quatro métodos distintos do controle do estoque e
do cálculo do custo de mercadorias vendidas:

PRIMEIRO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI


(PEPS)

Imagem: Shutterstock.com

Mais conhecido pelo seu acrônimo PEPS, ele é uma das formas mais comuns de controle de
estoque e de cálculo de custo de mercadorias vendidas.

Nesse tipo de controle de estoque, como o próprio nome já o diz, ao ser realizada a venda de um
produto, ocorre justamente a baixa daquele mais antigo ainda em estoque – ou seja, o primeiro a
entrar é o primeiro a sair.

O PEPS tem como premissa que o tempo de estocagem de um produto é o menor possível; por
isso, os mais antigos em estoque são vendidos primeiramente. Isso também
assegura que os
produtos não fiquem muito tempo no sistema de estoque.

 ATENÇÃO

Um ponto que pesa contra esse tipo de controle de estoque é o fato de que, para grandes
estoques, esse valor tende a diminuir o do custo de mercadorias vendidas. Isso acontece porque,
com a inflação, o custo dos produtos
comprados ou produzidos tende a aumentar com o tempo.
Por conta disso, os mais antigos são aqueles com os menores custos – e, com isso, o custo das
mercadorias vendidas tende a ser menor.

ÚLTIMO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI (UEPS)

Foto: Shutterstock.com

O UEPS é um método de controle de estoque que significa o inverso do método


PEPS.
Enquanto neste o produto comprado há mais tempo é o que sofre a baixa, naquele é o mais
recente que passa por tal processo.

Esse método não é utilizado no Brasil, pois nosso país adota as regulações da International
Financial Reports Standards (IFRS). A IFRS não permite a sua adoção pelo fato de os produtos
antigos ficarem por tempo demasiadamente
longo no estoque, o que pode levar a uma possível
sobrevalorização dos custos das mercadorias vendidas.
CUSTO MÉDIO PONDERADO

Foto: Shutterstock.com

O custo médio ponderado (CMP) é, assim como o método PEPS, um dos mais usados
pelas
empresas em seus controles de estoque. Ele possui muitas vantagens em relação aos
métodos PEPS e UEPS, além de facilitar a realização dos lançamentos contábeis.

O CMP se utiliza da premissa de que cada produto no estoque possui um valor de mercado
similar, pois todos, sendo os mesmos produtos, teriam o mesmo custo, o qual, aliás, é a média de
todos os custos dos produtos
dividido
pelo número de produtos.

Isso acaba com o problema abordado anteriormente: o fato de o custo de mercadorias vendidas
pelo método PEPS tender a ser subvalorizado, enquanto o UEPS tem a tendência de ser
supervalorizado. Além disso, seu lançamento contábil
é mais simples, tendo em vista que se deve
apenas multiplicar o valor do CMP pela quantidade de produtos vendidos para se dar a baixa no
estoque.

PREÇO ESPECÍFICO

Foto: Shutterstock.com

O método do preço específico surgiu com o fato de que, atualmente, é muito mais fácil digitalizar
os estoques de uma empresa com cada produto possuindo uma tag e código específico. Assim
sendo, sabe-se o quanto cada um custou.

Resultado: pode-se dar a baixa no produto


específico no estoque e calcular o custo de
mercadorias vendidas de forma mais
precisa.

A grande vantagem desse método é a precisão no cálculo e no controle. Como cada produto
é controlado individualmente, a contabilidade de custos fica extremamente precisa. Contudo, sua
desvantagem é o custo,
que pode ser proibitivo para pequenas e médias empresas, pois ele
requer o investimento em sistemas, tags, leitores e pessoal para controlar o estoque.

Por isso, embora o método do preço específico seja o melhor, muitas empresas
ainda
utilizam o PEPS ou CMP pelo fato de esses métodos serem bem mais baratos de se
implementar.

CONTABILIZAÇÃO E COMPARAÇÃO ENTRE


OS MÉTODOS
Verificaremos agora a contabilização de um mesmo exemplo com quatro métodos
diferentes.
Em seguida, faremos a contabilização de cada método.

 EXEMPLO
Em março, a empresa XYZ produziu (ou comprou, pois este exemplo serve para empresas
industriais ou comerciais) 1.500 vigas de aço a um custo unitário de R$55,00. Ela já possuía em
estoque 5.000 vigas, sendo 3.000 vigas
produzidas em fevereiro com o custo unitário de R$53,00
e outras 2.000 produzidas em janeiro com o custo unitário de R$52,50. Em 1º de abril, ela vendeu
2.800 vigas (a empresa guardou todas as vigas identificadas
no estoque de forma conjunta e
verificou que foram retiradas 487 produzidas em março, 1.329 em fevereiro e 984 em janeiro).

PRIMEIRO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI


Pelo método PEPS, o cálculo se dá com a venda dos produtos mais antigos primeiramente, indo,
em seguida, para os mais novos. Com isso, a empresa vende as 2.000 vigas produzidas em
janeiro mais as 800 de fevereiro.

O valor, assim, é de 2.000 x R$52,50 + 800 x R$53,00 = R$147.400,00. Ele será contabilizado
como custo de mercadorias vendidas.

Seu lançamento será então de:

D – Custo de mercadorias vendidas = R$147.400,00

C – Estoques de produtos acabados = R$147.400,00

ÚLTIMO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI


O método UEPS é o inverso do PEPS. Por isso, primeiramente se dará a baixa das 1.500 vigas
produzidas em março e depois das 1.300 de fevereiro. O valor total fica em R$55,00 x 1.500 +
R$53,00 x 1.300 = R$151.400,00.

Vejamos que o valor de R$151.400,00 é maior que o de R$147.400,00 obtido pelo método PEPS.
Além disso, notemos que o estoque de janeiro não foi vendido, aumentando as chances de que,
com a nova produção em abril,
esse estoque fique para trás.

O lançamento contábil, nesse caso, será o seguinte:

D – Custo de mercadorias vendidas = R$151.400,00

C – Estoques de produtos acabados = R$151.400,00

CUSTO MÉDIO PONDERADO


Utilizando o método CMP, primeiramente teríamos de calcular a média dos custos de cada
produto e, depois, multiplicar esse valor por 2.800 (quantidade vendida).

Eis o cálculo da média:


1500×55+3000×53+2000×52,50 346500
= = R$53,31
1500+3000+2000 6500


Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Dessa maneira, o valor do CMP para essa transação será de R$53,31 x 2800 = R$149.268,00.
Notemos que ele fica entre os valores do PEPS e UEPS, com o valor do CMP sendo maior que o
do PEPS e menor que o do UEPS.

O lançamento contábil fica da seguinte maneira:

D – Custo de mercadorias vendidas = R$149.268,00

C – Estoques de produtos acabados = R$149.268,00

PREÇO ESPECÍFICO
Pelo método do preço específico, observamos que o valor dos custos de mercadorias vendidas
será exatamente o das vigas vendidas (487 vigas produzidas em março, 1.329 em fevereiro e 984
em janeiro).

Desse modo, o custo seria calculado da seguinte maneira:

487 × 55 + 1.329 × 53 + 984 × 52,5 = R$148.882,00


Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Esse custo das mercadorias vendidas representa exatamente o das vigas que foram retiradas dos
estoques.

Por fim, seu lançamento contábil será de:

D – Custo de mercadorias vendidas = R$148.882,00

C – Estoques de produtos acabados = R$148.882,00


O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior fala sobre o custo de mercadorias
vendidas:

IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE ESTOQUE


Neste módulo, nós conhecemos as diferentes formas de se estimar o custo de mercadorias
vendidas:

PEPS: Os produtos mais antigos são vendidos primeiramente.

UEPS: Os mais novos são vendidos em primeiro lugar.

CMP: Os produtos têm todos o mesmo custo.

Preço específico: Cada produto pode ser controlado e estimado individualmente.


Agora que já compreendemos a forma de controle na venda do estoque dos produtos acabados,
nós estudaremos no próximo módulo sobre como se dá a classificação dos custos quanto ao
objeto e ao volume a fim de podermos calcular
o custo a ser alocado no estoque desses produtos.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. QUAL DESTES MÉTODOS DE CONTROLE DE ESTOQUE NÃO PODE SER


UTILIZADO NO BRASIL?

A) PEPS.

B) UEPS.

C) CMP.

D) Preço específico.

E) Todos podem ser utilizados.

2. UMA EMPRESA POSSUI 3.000 MERCADORIAS, SENDO 1.000 DELAS


COMPARADAS EM CADA MÊS: JUNHO, JULHO E AGOSTO. ELA VENDE 500
MERCADORIAS. PELO MÉTODO PEPS:

A) Ela deve dar baixa de 500 mercadorias compradas em junho.

B) Ela deve dar baixa de 500 mercadorias compradas em julho.

C) Ela deve dar baixa de 500 mercadorias compradas em agosto.

D) Ela deve dar baixa de 250 mercadorias compradas em junho e de 250 em julho.

E) Ela pode dar baixa em qualquer mercadoria.

GABARITO

1. Qual destes métodos de controle de estoque não pode ser utilizado no Brasil?
A alternativa "B " está correta.

O Brasil segue as normas do IFRS, que proíbem a utilização do UEPS.

2. Uma empresa possui 3.000 mercadorias, sendo 1.000 delas comparadas em cada mês:
junho, julho e agosto. Ela vende 500 mercadorias. Pelo método PEPS:

A alternativa "A " está correta.

Pelo método PEPS, deve-se dar baixa primeiramente na mercadoria mais antiga.

MÓDULO 3

 Classificar os custos em diretos,


indiretos, fixos e variáveis

CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS QUANTO AO


OBJETO E AO VOLUME
Neste módulo, descreveremos a classificação dos custos quanto ao objetivo (direto
versus
indireto) e ao volume (fixo versus variado). Pontuaremos ainda a ambiguidade na classificação
dos custos quanto ao volume.

 EXEMPLO

Custos semifixos ou semivariáveis.

A classificação dos custos é muito importante, pois isso influencia tanto no cálculo dos custos a
serem apropriados no ativo quanto daqueles que serão tratados como despesas, as quais, por
sua vez, serão lançadas diretamente
na demonstração de resultado do exercício da entidade.
Este módulo está estruturado da seguinte maneira: primeiramente, vamos abordar os custos
divididos por objetivos; depois, os custos divididos por volume; e, por fim, a ambiguidade na
classificação dos custos, bem como a relação
entre a abordagem por objetivos e a por volume. No
final, faremos ainda uma revisão do conteúdo abordando os principais pontos tratados.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS OBJETIVOS

Imagem: Shutterstock.com

Na classificação dos custos de produção quanto aos objetivos, a divisão é feita


quanto ao
objetivo do gasto. O propósito é saber se ele é relacionado direta ou indiretamente com a
produção, ou se sequer possui relação com ela.

O que importa nessa classificação, portanto, não é como os gastos se comportam com o
passar do tempo, e sim com qual objetivo a administração de uma empresa decide
incorrer
neles. O que importa é a natureza dos gastos.

Essa distinção é importante, pois, mais à frente, demonstraremos como os gastos se comportam
ao passar o tempo e como isso pode influenciar a classificação deles.

A classificação dos gastos que possuem relação com a produção quanto aos objetivos se dá em
duas categorias:

Diretos

Um exemplo de gasto direto é a matéria-prima diretamente relacionada com o produto.


Indiretos

O salário dos funcionários de limpeza é um gasto indireto.

OS CUSTOS DIRETOS MAIS COMUNS SÃO A MATÉRIA-


PRIMA E A MÃO DE OBRA DIRETA.

MATÉRIA-PRIMA

A matéria-prima são os matérias usados seja na fabricação dos produtos, seja na fabricação
das embalagens.

MÃO DE OBRA DIRETA

Funcionários que trabalham diretamente na confecção, na montagem e na embalagem do


produto.

Já os custos indiretos mais comuns são os de depreciação, manutenção de maquinário, aluguel


de fábrica, mão de obra
indireta e outros materiais usados indiretamente na
produção.

MÃO DE OBRA INDIRETA

Funcionários de gerência, limpeza, segurança etc.


PRODUÇÃO

Exemplos de outros custos de produção são a água utilizada no processo de tingimento de


um tecido, energia elétrica utilizada para a produção etc.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO VOLUME

Foto: Shutterstock.com

Na classificação dos custos de produção quanto ao volume, a divisão é feita quanto à forma como
o custo se comporta com o passar do tempo e a mudança do volume da produção:
se não varia
com a mudança desse volume, tal custo é determinado como fixo; se
sofre
mudança, é
considerado variável.

Diferentemente da classificação referente aos objetivos, a relativa ao volume não


se
importa
com a natureza do gasto, e sim com o comportamento dele com o passar do
tempo. Isso é
importante para a administração da empresa, já que, para seus planejamentos futuros, pode
haver alterações no volume de produção, como novas decisões sobre orçamento ou
ampliação/redução de produção.

Custos fixos

Os mais comuns são a depreciação, os aluguéis e a mão de obra, pois eles não tendem a variar
com o passar do tempo e com mudanças não bruscas de volume.

Custos variáveis
São aqueles que, mesmo com uma mudança pequena de volume, sofrem uma alteração.
Exemplos: matéria-prima, água e energia elétrica.

AMBIGUIDADES NA CLASSIFICAÇÃO DOS


CUSTOS QUANTO AO VOLUME E
SUA RELAÇÃO
COM
CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS

A classificação de custos quanto ao volume é ambígua, pois quase todos eles variam com o
passar do tempo e com a variação do volume da produção. Sendo assim, nenhum custo é
totalmente fixo.

EXIBIREMOS A SEGUIR EXEMPLOS DE CUSTOS


SEMIFIXOS E FIXOS:

Um exemplo de custo fixo é o custo com depreciação quando ela é feita pelo método de cotas
constantes. Nesse tipo, não há variação de valor devido ao volume. Independentemente de a
empresa produzir a 0% (ou
seja, não fazer nada) ou a 100% da capacidade (produção total), o
custo da depreciação será o mesmo.

Compare com a mão de obra direta: caso a empresa reduza 10% na sua produção, ela talvez não
precise demitir funcionários. Isso é diferente no caso da matéria-prima, pois uma redução de 10%
na produção resulta em uma diminuição
de 10% no consumo de matéria-prima. Nesse caso, a
mão de obra direta é um custo semifixo.

Existem também os custos semivariáveis, que são custos nos quais existe uma parcela fixa e
outra variável em sua composição.

Na energia elétrica, na água e no gás, são cobrados valores fixos referentes à taxa de
disponibilidade. Eles não variam da mesma forma que a matéria-prima, a qual, aliás, não possui
componente fixo. Em casos assim, encontra-se
uma ambiguidade na classificação de custos,
especialmente entre os semifixos e os semivariáveis.

A administração da empresa e a contabilidade deverão decidir como classificar os custos de


acordo com a sua realidade. No entanto, existe uma relação muito importante
entre os
custos
por objeto e aqueles por volume.
 ATENÇÃO

Normalmente, os custos diretos são classificados


como
variáveis, enquanto os indiretos o
são como fixos. Mas há exceções: o custo de mão de obra direta, embora seja direto (como o
próprio nome diz), é tratado como fixo, pois ele tende a se manter estável de um mês para o
outro. Já um
exemplo de custo indireto variável é a energia elétrica ou a água.

EXEMPLIFICAÇÃO NO CÁLCULO DE CUSTO


Empregaremos a seguir um exemplo para o cálculo de uma matriz de classificação de custos.
Primeiramente, nós apenas o leremos. Em seguida, faremos a matriz com a divisão entre o custo
e a despesa. Se ela for um custo, haverá uma nova divisão em fixo
versus
variável
e direto
versus indireto.

A empresa XYZ calculou os seguintes gastos no mês de março: R$35.000,00 de matéria-prima,


R$45.000,00 de mão de obra direta, R$28.000,00 de mão de obra indireta, R$18.000,00 de
aluguel do espaço da fábrica, R$5.000,00 de aluguel
de espaço da loja, R$4.000,00 de
depreciação do maquinário e R$2.000,00 de despesa financeira.

Agora faremos a tabela da seguinte maneira:

Custo

Tipo de
Valor Despesa Fixo Variável Direto Indireto
gasto

Matéria-
R$35.000,00 x x
prima

Mão de obra
R$45.000,00 x x
direta
Mão de obra R$28.000,00 x x
indireta

Aluguel
R$18.000,00 x x
fábrica

Aluguel loja R$5.000,00 x

Depreciação R$4.000,00 x x

Despesa
R$2.000,00 x
financeira

Tabela: Matriz de classificação dos custos.

Elaborada por: Rodrigo de Oliveira Leite.


Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Primeiramente, falaremos das despesas. Elas são duas nesse cenário:

Aluguel da loja: Ele está relacionado com a venda de produtos, e não com a sua produção.

Despesa financeira: Como o próprio nome indica, ela é uma despesa, e não um custo.

Com relação aos custos variáveis, existe apenas um nesse exemplo: a


matéria-prima. Esse
custo também é direto, pois se trata de um que integra o produto final. Os demais
custos
são fixos:

MÃO DE OBRA DIRETA


MÃO DE OBRA INDIRETA

ALUGUEL DA FÁBRICA

DEPRECIAÇÃO

Ainda falando dos custos fixos, apenas a mão de obra é um custo direto, pois esse custo se
faz presente no valor final do produto (sendo diretamente relacionado a ele). Todos os outros
custos fixos (mão de
obra indireta, aluguel da fábrica e depreciação) são indiretos nesse exemplo.

Pressupondo que todos os gastos foram pagos com o caixa disponível da empresa, seus
lançamentos contábeis seriam:

D Estoques de produto acabado = R$35.000,00

C Estoques de matéria-prima = R$35.000,00

D Estoques de produto acabado = R$45.000,00

C Caixa = R$45.000,00 (pagamento da mão de obra direta)

D Estoques de produto acabado = R$28.000,00

C Caixa = R$28.000,00 (pagamento da mão de obra indireta)


D Estoques de produto acabado = R$ 18.000,00

C Caixa = R$ 18.000,00 (pagamento do aluguel da fábrica)

D Despesas com aluguéis = R$ 5.000,00

C Caixa = R$ 5.000,00 (pagamento do aluguel da loja)

D Estoques de produto acabado = R$ 4.000,00

C Depreciação acumulada do maquinário = R$ 4.000,00

D Despesas financeiras = R$2.000,00

C Caixa = R$2.000,00

Tabela: Lançamentos contábeis.

Elaborada por Viviane dos Santos.


Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior fala sobre a classificação dos custos
quanto ao objeto e ao volume:

PONDERAÇÕES SOBRE OS MÉTODOS DE


CUSTEIO
Os métodos de custeio deste módulo estiveram focados no cálculo do custo do estoque de
produtos acabados, enquanto os de controle de estoque do módulo anterior eram aplicáveis na
conversão dos estoques de produtos acabados
em custo de mercadorias vendidas.

Os métodos analisados se dividiram em dois:


QUANTO AO OBJETO (DIRETO VERSUS INDIRETO)

QUANTO AO VOLUME (FIXO VERSUS VARÁVEL)

Comentamos também sobre a ambiguidade dos custos quanto ao volume, dando origem aos
semifixos e aos semivariáveis. Analisamos ainda como os custos diretos tendem a ser fixos e os
indiretos, variáveis.

Por fim, observamos os lançamentos contábeis dos custos totais, mas não analisamos como o
rateio é feito entre os produtos. Veremos isso no próximo módulo.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. QUAL DOS TERMOS A SEGUIR NÃO SE APLICA À TERMINOLOGIA DE


CUSTOS?

A) Fixo

B) Variável

C) Despesa

D) Direto

E) Indireto

2. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA EM RELAÇÃO AOS CUSTOS


FIXOS.

A) Variam com o passar do tempo.

B) Relacionam-se diretamente com o produto.


C) Relacionam-se indiretamente com o produto.

D) Não variam com o passar do tempo.

E) São classificados como despesa.

GABARITO

1. Qual dos termos a seguir não se aplica à terminologia de custos?

A alternativa "C " está correta.

O custo pode ser dividido em direto/indireto e fixo/variável, mas a despesa não configura um tipo
de custo.

2. Assinale a alternativa correta em relação aos custos fixos.

A alternativa "D " está correta.

Custos fixos são aqueles que não variam com o passar do tempo, sendo, assim, o oposto dos
variáveis.

MÓDULO 4

 Empregar o método do rateio para o


cálculo do custo total e unitário de produtos

RATEIO DOS CUSTOS INDIRETOS


Neste módulo, veremos como é feito o rateio de custos entre diferentes estoques de produtos. Em
muitas oportunidades, as empresas possuem um parque fabril para a produção de diversos
produtos. Eles possuem custos em comum:
são os chamados
indiretos.
 EXEMPLOS

Eletricidade, segurança, depreciação e manutenção.

MAS RESTA UMA DÚVIDA: COMO UMA EMPRESA PODE


FAZER O RATEIO DO CUSTO DE PRODUÇÃO INDIRETO
PARA DIFERENTES PRODUTOS?

Veremos a seguir como isso é possível. Além disso, apresentaremos os lançamentos contábeis
referentes a esse tipo de operação.

CRITÉRIOS DE RATEIO DOS CUSTOS


INDIRETOS

 RELEMBRANDO

Relembremos que os custos indiretos são aqueles que não conseguem ser traçados para nenhum
tipo de produto em específico. Como são “comuns” a todos os produtos, eles devem ser rateados.
Os diretos, por sua vez, não
precisam ser rateados, pois podem ser calculados e alocados
diretamente nos produtos.

Para fazer um rateio dos custos indiretos de fabricação (CIF), é necessário definir um critério de
rateio.

Nesta seção, abordaremos três critérios diferentes:

1. RATEIO PELO MÉTODO DO CONSUMO DE MATÉRIA-


PRIMA
Nesse método, emprega-se o custo da matéria-prima como critério para
alocar os CIF. Ou
seja, os produtos têm seus custos indiretos proporcionais ao consumo de matéria-prima de cada
um. Vejamos um exemplo a seguir:

 EXEMPLO

A empresa XYZ produz vigas, vergalhões e placas de aço. Todos esses produtos são fabricados
na mesma fábrica e possuem custos indiretos em comum. A empresa incorreu em R$900.000,00
de custos indiretos, sendo que as
vigas de aço consumiram R$200.000,00 de aço; os vergalhões,
R$50.000,00; e as placas, R$150.000,00.

Transformemos os valores da matéria-prima em porcentagens: as vigas consumiram 50% da


matéria-prima; os vergalhões, 12,5%; e as placas, 37,5%. Nesse caso, o rateio dos produtos se
dá da seguinte maneira: R$900.000,00
x 50% = R$450.000,00 para as vigas, R$900.000,00 x
37,5% = R$337.500,00 para as placas e R$900.000,00 x 12,5% = R$112.500 para os vergalhões.

2. RATEIO PELO MÉTODO DO CONSUMO DE MÃO DE


OBRA DIRETA

Emprega-se nesse método a mão de obra direta no lugar do consumo de


matéria-prima. O
rateio, portanto, se dá pela proporção do uso da mão de obra direta por cada produto.

Vejamos mais um exemplo para solidificar esse conceito (com o mesmo caso da empresa XYZ):

 EXEMPLO

A empresa incorreu em R$900.000,00 de custos indiretos, sendo que as vigas de aço consumiram
R$125.000,00 de mão de obra direta; os vergalhões, R$250.000,00; e as placas, R$75.000,00.
Transformemos os valores da mão
de obra direta em porcentagens: as vigas consumiram 27,8%
da mão de obra direta; os vergalhões, 55,6%; e as placas, 16,6%. Nesse caso, o rateio dos
produtos se dá da seguinte maneira: R$900.000,00 x 27,8% = R$250.200,00
para as vigas,
R$900.000,00 x 55,6% = R$500.400,00 para os vergalhões e R$900.000,00 x 16,6% = R$149.400
para as placas.
Notemos a diferença no rateio dos custos utilizando os dois critérios diferentes:

Método MP Método MOD

Vigas de aço R$ 450.000,00 R$ 250.200,00

Vergalhões de aço R$ 112.500,00 R$ 500.400,00

Placas de aço R$ 337.500,00 R$ 149.400.00


Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Isso poderá afetar a política de preço da empresa XYZ: se, no método do rateio do CIF (por
meio do custo de matéria-prima), parece que a XYZ pode cobrar mais barato no vergalhão e deve
cobrar um preço mais
caro na viga de aço, o método de rateio do CIF (por intermédio do custo de
mão de obra direta) mostra que os vergalhões precisam ter um preço mais alto, enquanto as
placas podem ter um preço mais barato. Contraditório,
não é?

 ATENÇÃO

Esse é o motivo pelo qual muitos gestores atacam o método de rateio do CIF utilizando tais
critérios, pois, caso o critério seja mudado, o valor dos custos dos produtos poderá ser alterado
radicalmente.

3. RATEIO PELO MÉTODO DOS CUSTOS PRIMÁRIOS

Buscando um meio-termo entre os dois métodos anteriores, pode-se utilizar o rateio do CIF por
meio dos custos primários. Nesse método, não são empregados a
mão de
obra direta nem o
consumo de matéria-prima, e sim a soma desses dois
custos.
“CUSTO PRIMÁRIO” É O NOME PELO QUAL É
CONHECIDA A SOMA DOS CUSTOS DE MATÉRIA-PRIMA
E MÃO DE OBRA.

Ou seja, nesse método, o rateio se dá pela proporção da soma de ambos por cada produto. Como
frisamos, pode-se obter, assim, um meio-termo entre os dois métodos abordados anteriormente.

Veja um exemplo:

EXEMPLO
Utilizaremos o mesmo caso da empresa XYZ do exemplo anterior. Ela incorreu em R$900.000,00
de custos indiretos. Seus custos primários são os seguintes: as vigas de aço consumiram
R$125.000,00 de mão de obra indireta e R$200.000,00
de materiais; os vergalhões,
R$250.000,00 de mão de obra direta e R$50.000,00 de matéria-prima; e as placas, R$75.000,00
de mão de obra direta e R$150.00,00 de matéria-prima.

A partir desses números, podemos calcular os custos primários para cada produto: R$325.000,00
para as vigas de aço, R$300.000,00 para os vergalhões e R$225.000,00 para as placas. Com
isso, obtemos os percentuais de rateio:
38,2%, 35,3%, e 26,5%, respectivamente.

Os valores a serem lançados como custos, portanto, são estes: 38,2% x R$900.000,00 =
R$343.800,00 para as vigas, 35,3% x R$900.000,00 = R$317.700,00 para os vergalhões e 26,5%
x R$900.000,00 = R$238.500,00 para as placas.

Comparemos esse método com os outros dois abordados anteriormente:

Método MP Método MOD Método CP

Vigas de aço R$ 450.000,00 R$ 250.200,00 R$343.800,00

Vergalhões de aço R$ 112.500,00 R$ 500.400,00 R$317.700,00

Placas de aço R$ 337.500,00 R$ 149.400.00 R$238.500,00



Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

NOTEMOS QUE O MÉTODO DO CUSTO PRIMÁRIO


POSSUI VALORES MENOS EXTREMOS QUE O DE
RATEIO COM A MATÉRIA-PRIMA OU O DE RATEIO COM
A MÃO DE OBRA DIRETA.

Esse tipo de análise, contudo, exige algum cuidado. Qualquer tipo de rateio, afinal, é subjetivo e
arbitrário. Cada empresa tem de tomar decisões baseadas na forma mais adaptável à sua
estrutura de custos.

 EXEMPLO

Uma empresa extremamente automatizada que não possui muitos gastos com mão de obra pode
usar o rateio com a matéria-prima de forma eficiente. Isso já não é o caso de outra em que a
maior parte do custo de um produto
(ou de um serviço) diz respeito justamente à mão de obra.

Dessa forma, devemos sempre ter cuidado com “regras simples e gerais”. O ideal é utilizar o
nosso julgamento profissional para uma melhor tomada de decisão.
O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior fala sobre Rateio dos custos
indiretos:

LANÇAMENTOS CONTÁBEIS

Imagem: Shutterstock.com

Analisaremos a seguir os lançamentos contábeis que devem ser feitos para a correta
contabilização e evidenciação dos fatos ocorridos.

Tendo em vista que, independentemente do método utilizado, a contabilização é a mesma,


serão
utilizados nos exemplos abaixo os números do exemplo com
o rateio pelo método do
custo
primário. Nesse caso, a empresa XYZ incorreu em custos indiretos que somam R$900.000,00:
R$343.800,00 para as vigas, R$317.700,00 para os vergalhões e R$238.500,00 para as placas.

Normalmente, as empresas utilizam uma conta de transição que chamaremos de “custos indiretos
a apropriar”. Ela sempre é zerada no fim do período e acumula os valores dos custos indiretos
para a apropriação no transcorrer dele.

Nesse caso, suponhamos que os custos indiretos sejam o seguinte:


R$50.000,00 de depreciação

R$550.000,00 de mão de obra indireta

R$60.000,00 de energia elétrica

R$40.000,00 de água

R$150.000,00 de manutenção no maquinário

R$50.000,00 de outros custos indiretos

Cada um desses custos foi lançado a débito na conta de “custos indiretos a apropriar”, gerando
um saldo de R$900.000,00 para a alocação nos produtos. A partir disso, pode-se fazer a alocação
em cada item do estoque da seguinte
maneira:

D – ESTOQUE DE VIGAS ACABADAS = R$343.800,00

C – CUSTOS INDIRETOS A APROPRIAR = R$ 343.800,00

D – ESTOQUE DE VERGALHÕES ACABADOS = R$


238.500,00

C – CUSTOS INDIRETOS A APROPRIAR = R$238.500,00

D – ESTOQUE DE PLACAS ACABADAS = R$317.700,00


C – CUSTOS INDIRETOS A APROPRIAR = R$317.700,00

Observemos que agora houve R$900.000,00 de crédito em uma conta devedora no mesmo saldo,
ou seja, a conta de “custos indiretos a apropriar” está zerada.

OBSERVAÇÕES SOBRE OS MÉTODOS DE


RATEIO E SUA CONTABILIZAÇÃO
Os métodos de rateio abordados neste módulo são alguns dos muitos disponíveis, porém eles
estão entre aqueles mais utilizados. Conforme frisamos anteriormente, a
utilização de
tais
métodos de rateio precisa ser feita com todo o cuidado, pois sua má utilização
pode
gerar
problemas para a empresa ao estimar custos errados de produtos.

Por isso, os conhecimentos adquiridos por você devem ser utilizados de forma conjunta com a
experiência e a subjetividade para uma tomada de decisões corretas e eficientes.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. CITAMOS NESTE MÓDULO TRÊS TIPOS DE RATEIOS DIFERENTES. ELES


SÃO:

A) Matéria-prima, mão de obra direta e custos primários.

B) Matéria-prima, mão de obra direta e custos de transformação.

C) Matéria-prima, mão de obra indireta e custos primários.

D) Matéria-prima, mão de obra direta e custos de transformação.

E) Mão de obra direta, mão de obra indireta e custos de transformação.


2. DE ACORDO COM O MÉTODO DE RATEIO POR CUSTOS PRIMÁRIOS,
ELE É FEITO CONFORME:

A) O uso de matéria-prima.

B) O uso de mão de obra direta.

C) O uso de mão de obra indireta.

D) O uso da soma da matéria-prima e da mão de obra direta.

E) O uso da soma da matéria-prima e da mão de obra indireta.

GABARITO

1. Citamos neste módulo três tipos de rateios diferentes. Eles são:

A alternativa "A " está correta.

Abordamos neste conteúdo os rateios de acordo com as porcentagens da matéria-prima, da mão


de obra e da soma das duas, como, por exemplo, o custo primário.

2. De acordo com o método de rateio por custos primários, ele é feito conforme:

A alternativa "D " está correta.

Os primários se referem à soma dos custos das matérias-primas e da mão de obra. Desse modo,
o rateio se dá de acordo com essa soma.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentamos neste conteúdo os principais pontos sobre a contabilidade de custos aplicada ao
controle de estoque. Compreendemos, com isso, a base de cálculo e o lançamento contábil do
custo de aquisição de materiais.

Conhecemos as fichas de controle de estoques pelos métodos PEPS, UEPS, CMP e preço
específico. Apontamos a classificação dos custos em diretos, indiretos, fixos, descrevendo ainda a
variável do método de rateio do custo indireto
de fabricação entre diferentes produtos.

Também destacamos o fato de que cada profissional deve utilizar sua experiência e subjetividade
para escolher o melhor tipo de rateio. Com isso, estabelecemos os principais aspectos do cálculo
e da contabilização de custos
para as empresas industriais.

A partir deste trabalho, você já sabe calcular e contabilizar os custos de cada produto individual de
diversas maneiras, assim como o custo das mercadorias vendidas.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
GELBCKE, E.; DOS SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E. Manual de contabilidade
societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3.
ed. Barueri: Atlas, 2018.

LEONE, G. S. G. Curso de contabilidade de custos. 4. ed. Barueri: Atlas, 2010.

MARTINS, E. Contabilidade de custos. 11. ed. Barueri: Atlas, 2018.

MARTINS, E.; ROCHA, W. Contabilidade de custos – livro de exercícios. 11. ed. Barueri: Atlas,
2015.
EXPLORE+
Para aqueles que não são da área da Contabilidade e estejam em dúvida sobre alguns conceitos
abordados neste conteúdo, recomendamos um livro de Sérgio de Iudícibus e José Carlos Marion
que aborda a linguagem contábil de forma
fácil e bastante explicativa:

IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para não


contadores: para as áreas de
Administração, Economia, Direito e Engenharia. 7. ed. Barueri: Atlas, 2011.

CONTEUDISTA
Rodrigo de Oliveira Leite

 CURRÍCULO LATTES

Você também pode gostar