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PROPÓSITO
Compreender os principais aspectos do cálculo e da contabilização de custos para as empresas
industriais e as diversas maneiras da aplicação de ambos em cada produto individual, assim como
o cálculo do custo das mercadorias
vendidas.
PREPARAÇÃO
Tenha em mãos uma calculadora ou um sistema eletrônico de planilhas (Excel) para fazer os
cálculos necessários durante a leitura deste conteúdo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
Descrever as diferentes formas de cálculo do custo das mercadorias vendidas: PEPS, UEPS,
CMP e preço específico
MÓDULO 3
MÓDULO 4
INTRODUÇÃO
Abordaremos neste conteúdo os aspectos técnicos da contabilidade de custos para o cálculo e o
registro contábil dos custos de produção das empresas, bem como o custo de mercadorias
vendidas.
O presente conteúdo tenta ser completo, trazendo para você os principais métodos – ainda que
de forma simples e direta.
MÓDULO 1
EXEMPLO
Para a tomada de decisões corretas sobre a operação de uma empresa industrial, informações
sobre o custo de aquisições de materiais são cruciais, pois os materiais são a base do produto
acabado. Desse modo, cada real
economizado nas aquisições de materiais pode se transformar
em um real a mais de margem de lucro e um real de desconto no preço do produto, aumentando,
assim, o volume de vendas.
Neste módulo, trataremos da base de cálculo para o cálculo do custo de aquisição de materiais.
Depois, veremos como é feito o lançamento contábil desses custos no ativo da empresa. No final,
faremos uma breve revisão com um
resumo dos principais pontos abordados.
BASE DE CÁLCULO
A contabilidade de custos utiliza o princípio do “custo como base de valor” (também chamado de
“custo histórico”) para os lançamentos de custos. O valor a ser lançado na contabilidade da
empresa é o custo histórico, ou seja,
aquele efetivamente pago pelo produto – ou, nesse caso,
pelas matérias-primas.
Entretanto, o custo de mercadorias, em muitas ocasiões, não é tão claro, gerando dúvidas sobre o
seu cálculo contábil. O exemplo a seguir contém uma ambiguidade no cálculo do custo de
mercadorias:
EXEMPLO
A empresa XYZ compra 1.000kg de aço para produção de vigas. O custo unitário é de R$50,00
por quilo, porém, como comprou tamanha quantidade de aço, ela conseguiu um desconto de 15%
no preço final para o pagamento à vista.
O frete de R$2.000,00 foi pago pela empresa XYZ, que
também incorreu em um seguro obrigatório de R$200,00 pela carga.
Na nota fiscal, estão inclusos R$10.000,00 de impostos recuperáveis (Imposto sobre Operações
relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual
e Intermunicipal e de Comunicação
– ICMS, Programa de Integração Social – PIS e Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS) que a empresa poderá usar para abater
de vendas no futuro e R$800,00 de Imposto sobre os Produtos Industrializados
(IPI) já embutidos
no preço original de R$50,00 por quilo.
Notemos que esse é bem complexo, porém uma compra real também é tão complexa quanto,
senão mais. Em muitos casos, encontramos situações nas quais o cálculo do custo depende do
julgamento subjetivo do contador.
ATENÇÃO
O que deve guiar o contador ou o administrador é o princípio do “custo como base de valor”. Esse
princípio dita que o custo de um produto ou de uma matéria-prima deve ser aquele para um ou
outro estar disponível para
uso ou venda da empresa.
APLICAREMOS ENTÃO ESSE PRINCÍPIO NA COMPRA
DO EXEMPLO ACIMA PARA OBTERMOS O VALOR DO
CUSTO TOTAL:
A empresa comprou R$50,00 x 1.000 = R$50.000,00 de aço. No entanto, observemos que ela
obteve um desconto de 15% no preço final; portanto, não foram pagos R$50.000,00, e sim
R$42.500,00 (R$50.000,00 menos os 15% que totalizam
R$7.500,00).
Utilizando o princípio do “custo como base de valor”, vemos que, na contabilização, tem de
constar o valor efetivamente pago. Com isso, obtemos uma base de cálculo de R$42.500,00.
Entretanto, isso não é tudo, tendo em vista
que a empresa também incorreu em R$2.000,00 de
custos de frete.
Se ela não fizesse o frete da matéria-prima, não poderia utilizá-la; por isso, a empresa precisa
contabilizar esses R$2.000,00 como custo, pois esse valor é um custo em que a empresa incorreu
para ter a matéria-prima disponível.
Isso eleva a base de cálculo para R$44.500,00. No entanto, a empresa incorreu em R$200,00 de
seguro obrigatório para o frete. Utilizando o mesmo raciocínio anterior, verificamos que o valor da
base de cálculo agora é de R$44.700,00.
Falaremos agora sobre os tributos recuperáveis. Eles são aqueles que geram créditos futuros
para descontos.
EXEMPLO
Uma empresa compra um produto de R$100,00 pagando 18% de ICMS. Isso lhe gera um crédito
de ICMS de R$18,00 a ser utilizado pela empresa no futuro: se ela o vendesse por R$150,00,
teria de pagar 18% x R$150,00 = R$27,00
de ICMS; porém, como tem um crédito de R$18,00, ela
pagará apenas R$27,00 – R$18,00 = R$9,00 de ICMS.
Na prática, portanto, esse valor é um ativo para a empresa, que o utilizará para
abater
do
pagamento de impostos futuros. Os tributos recuperáveis são o ICMS, o PIS e a Cofins. Já os
tributos não recuperáveis, como, por exemplo, o IPI, não
geram créditos para a
empresa.
Os tributos recuperáveis geram um ativo que a empresa poderá utilizar para descontar de tributos
futuros, constituindo, portanto, um ativo em si mesmo de natureza diferente da mercadoria.
Utilizando o princípio do “custo como base de valor”, vemos que a empresa não gastou esses
recursos na mercadoria, e sim em créditos para impostos futuros; portanto, os R$10.000,00 não
integram a base de cálculo do custo. Desse
modo, a base de cálculo será de R$44.700,00 –
R$10.000,00 = R$34.700,00.
Já no caso do IPI, como a empresa não pode recuperar esse valor, ele é integrado ao produto.
Nesse caso, não precisamos fazer nada, pois os R$800,00 já constavam na nota fiscal. Dessa
maneira, a base de cálculo do custo dos
1.000kg de aço foi de R$34.700,00 (ou R$34,70 por
quilo).
ATENÇÃO
Dependendo da situação, pode haver outros custos de disponibilidade, como, por exemplo,
montagem e comissões. Além disso, outros tantos podem (ou não) ser incluídos na base de
cálculo dos custos de aquisição de materiais.
Cabe ao contador e à administração da empresa a
utilização de julgamentos subjetivos nesses casos.
LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
Agora que já sabemos calcular a base de cálculo para o custo de aquisição de matérias-primas,
analisaremos como se faz o lançamento contábil de tais fatos. Nesta seção, continuaremos o
exemplo da seção anterior para sabermos
como a empresa XYZ utilizará a contabilidade a fim de
registrar os fatos relacionados à compra de 1.000kg de aço. Mas, primeiramente, vamos
relembrar a situação.
RELEMBRANDO
A partir dessas informações, nós já sabemos o suficiente para realizar os lançamentos contábeis.
Primeiramente, faremos o lançamento do valor pago pela compra dos 1.000kg de aço.
C – Caixa = R$42.500,00
Vemos que o valor pago pela compra foi dividido em dois locais diferentes no ativo. O valor de
R$10.000,00 – que se refere a tributos que a empresa poderá abater de seus impostos no futuro –
está contabilizado em uma conta
diferente denominada “Tributos a recuperar”. Já o resto do valor
de R$32.500,00 está contabilizado na conta de “Estoque de matéria-prima”, virando, assim, parte
da base de cálculo do custo de aquisição de materiais.
Contudo, ainda temos de contabilizar o frete e o seguro, que serão dois novos conjuntos de
lançamento:
C – CAIXA = R$2.000,00
D – ESTOQUE DE MATÉRIA-PRIMA = R$200,00
C – CAIXA = R$200,00
Agora o valor contabilizado no “Estoque de materiais” somou o valor total da base de cálculo:
R$32.500,00 + R$2.000,00 + R$200,00 = R$34.700,00. Cada
lançamento
constitui uma
contribuição diferente ao valor do estoque: custo de aquisição, frete
e
seguro.
Desse modo, os lançamentos contábeis serão feitos a débito na conta de “Estoques de matéria-
prima” e a crédito na conta de “Caixa”, caso o valor seja pago à vista, ou a crédito na conta de
“Fornecedores a pagar” no passivo,
caso a compra seja feita a prazo.
Como já sabemos contabilizar a base de cálculo dos custos, faremos a seguir uma conclusão final
relativa ao conteúdo deste módulo.
O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior fala sobre o custo de aquisição de
materiais: base de cálculo e lançamento contábil:
REFLEXÕES SOBRE A BASE DE CÁLCULO E
LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
Neste módulo, nós aprendemos a realizar o cálculo do custo de aquisição de matérias-primas.
Vimos também como se contabiliza o valor da aquisição de mercadorias, bem como o dos tributos
a recuperar.
Veremos no próximo módulo como uma empresa gerencia os estoques de produtos acabados,
obtendo, assim, no custo das mercadorias vendidas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) ITBI
B) IR
C) ISS
D) IPTU
E) ICMS
GABARITO
1. Qual destes impostos não deve ser lançado no custo do estoque, e sim como “tributo a
recuperar”?
Os tributos recuperáveis são aqueles que geram créditos futuros para descontos. Dos impostos
acima, apenas o ICMS é recuperável. Por conta disso, somente ele não deve ser lançado como
custo de estoque.
Como a empresa ganha um direito a recuperar esse tributo, o valor precisa ser lançado a débito
em uma conta de “Tributos a recuperar” no ativo.
MÓDULO 2
Descrever as diferentes formas de cálculo
do custo das mercadorias vendidas: PEPS,
UEPS, CMP e preço específico
Tendo isso em vista, descreveremos a seguir quatro métodos distintos do controle do estoque e
do cálculo do custo de mercadorias vendidas:
Imagem: Shutterstock.com
Mais conhecido pelo seu acrônimo PEPS, ele é uma das formas mais comuns de controle de
estoque e de cálculo de custo de mercadorias vendidas.
Nesse tipo de controle de estoque, como o próprio nome já o diz, ao ser realizada a venda de um
produto, ocorre justamente a baixa daquele mais antigo ainda em estoque – ou seja, o primeiro a
entrar é o primeiro a sair.
O PEPS tem como premissa que o tempo de estocagem de um produto é o menor possível; por
isso, os mais antigos em estoque são vendidos primeiramente. Isso também
assegura que os
produtos não fiquem muito tempo no sistema de estoque.
ATENÇÃO
Um ponto que pesa contra esse tipo de controle de estoque é o fato de que, para grandes
estoques, esse valor tende a diminuir o do custo de mercadorias vendidas. Isso acontece porque,
com a inflação, o custo dos produtos
comprados ou produzidos tende a aumentar com o tempo.
Por conta disso, os mais antigos são aqueles com os menores custos – e, com isso, o custo das
mercadorias vendidas tende a ser menor.
Foto: Shutterstock.com
Esse método não é utilizado no Brasil, pois nosso país adota as regulações da International
Financial Reports Standards (IFRS). A IFRS não permite a sua adoção pelo fato de os produtos
antigos ficarem por tempo demasiadamente
longo no estoque, o que pode levar a uma possível
sobrevalorização dos custos das mercadorias vendidas.
CUSTO MÉDIO PONDERADO
Foto: Shutterstock.com
O custo médio ponderado (CMP) é, assim como o método PEPS, um dos mais usados
pelas
empresas em seus controles de estoque. Ele possui muitas vantagens em relação aos
métodos PEPS e UEPS, além de facilitar a realização dos lançamentos contábeis.
O CMP se utiliza da premissa de que cada produto no estoque possui um valor de mercado
similar, pois todos, sendo os mesmos produtos, teriam o mesmo custo, o qual, aliás, é a média de
todos os custos dos produtos
dividido
pelo número de produtos.
Isso acaba com o problema abordado anteriormente: o fato de o custo de mercadorias vendidas
pelo método PEPS tender a ser subvalorizado, enquanto o UEPS tem a tendência de ser
supervalorizado. Além disso, seu lançamento contábil
é mais simples, tendo em vista que se deve
apenas multiplicar o valor do CMP pela quantidade de produtos vendidos para se dar a baixa no
estoque.
PREÇO ESPECÍFICO
Foto: Shutterstock.com
O método do preço específico surgiu com o fato de que, atualmente, é muito mais fácil digitalizar
os estoques de uma empresa com cada produto possuindo uma tag e código específico. Assim
sendo, sabe-se o quanto cada um custou.
A grande vantagem desse método é a precisão no cálculo e no controle. Como cada produto
é controlado individualmente, a contabilidade de custos fica extremamente precisa. Contudo, sua
desvantagem é o custo,
que pode ser proibitivo para pequenas e médias empresas, pois ele
requer o investimento em sistemas, tags, leitores e pessoal para controlar o estoque.
Por isso, embora o método do preço específico seja o melhor, muitas empresas
ainda
utilizam o PEPS ou CMP pelo fato de esses métodos serem bem mais baratos de se
implementar.
EXEMPLO
Em março, a empresa XYZ produziu (ou comprou, pois este exemplo serve para empresas
industriais ou comerciais) 1.500 vigas de aço a um custo unitário de R$55,00. Ela já possuía em
estoque 5.000 vigas, sendo 3.000 vigas
produzidas em fevereiro com o custo unitário de R$53,00
e outras 2.000 produzidas em janeiro com o custo unitário de R$52,50. Em 1º de abril, ela vendeu
2.800 vigas (a empresa guardou todas as vigas identificadas
no estoque de forma conjunta e
verificou que foram retiradas 487 produzidas em março, 1.329 em fevereiro e 984 em janeiro).
O valor, assim, é de 2.000 x R$52,50 + 800 x R$53,00 = R$147.400,00. Ele será contabilizado
como custo de mercadorias vendidas.
Vejamos que o valor de R$151.400,00 é maior que o de R$147.400,00 obtido pelo método PEPS.
Além disso, notemos que o estoque de janeiro não foi vendido, aumentando as chances de que,
com a nova produção em abril,
esse estoque fique para trás.
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Dessa maneira, o valor do CMP para essa transação será de R$53,31 x 2800 = R$149.268,00.
Notemos que ele fica entre os valores do PEPS e UEPS, com o valor do CMP sendo maior que o
do PEPS e menor que o do UEPS.
PREÇO ESPECÍFICO
Pelo método do preço específico, observamos que o valor dos custos de mercadorias vendidas
será exatamente o das vigas vendidas (487 vigas produzidas em março, 1.329 em fevereiro e 984
em janeiro).
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Esse custo das mercadorias vendidas representa exatamente o das vigas que foram retiradas dos
estoques.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) PEPS.
B) UEPS.
C) CMP.
D) Preço específico.
D) Ela deve dar baixa de 250 mercadorias compradas em junho e de 250 em julho.
GABARITO
1. Qual destes métodos de controle de estoque não pode ser utilizado no Brasil?
A alternativa "B " está correta.
2. Uma empresa possui 3.000 mercadorias, sendo 1.000 delas comparadas em cada mês:
junho, julho e agosto. Ela vende 500 mercadorias. Pelo método PEPS:
Pelo método PEPS, deve-se dar baixa primeiramente na mercadoria mais antiga.
MÓDULO 3
EXEMPLO
A classificação dos custos é muito importante, pois isso influencia tanto no cálculo dos custos a
serem apropriados no ativo quanto daqueles que serão tratados como despesas, as quais, por
sua vez, serão lançadas diretamente
na demonstração de resultado do exercício da entidade.
Este módulo está estruturado da seguinte maneira: primeiramente, vamos abordar os custos
divididos por objetivos; depois, os custos divididos por volume; e, por fim, a ambiguidade na
classificação dos custos, bem como a relação
entre a abordagem por objetivos e a por volume. No
final, faremos ainda uma revisão do conteúdo abordando os principais pontos tratados.
Imagem: Shutterstock.com
O que importa nessa classificação, portanto, não é como os gastos se comportam com o
passar do tempo, e sim com qual objetivo a administração de uma empresa decide
incorrer
neles. O que importa é a natureza dos gastos.
Essa distinção é importante, pois, mais à frente, demonstraremos como os gastos se comportam
ao passar o tempo e como isso pode influenciar a classificação deles.
A classificação dos gastos que possuem relação com a produção quanto aos objetivos se dá em
duas categorias:
Diretos
Indiretos
MATÉRIA-PRIMA
A matéria-prima são os matérias usados seja na fabricação dos produtos, seja na fabricação
das embalagens.
Foto: Shutterstock.com
Na classificação dos custos de produção quanto ao volume, a divisão é feita quanto à forma como
o custo se comporta com o passar do tempo e a mudança do volume da produção:
se não varia
com a mudança desse volume, tal custo é determinado como fixo; se
sofre
mudança, é
considerado variável.
Custos fixos
Os mais comuns são a depreciação, os aluguéis e a mão de obra, pois eles não tendem a variar
com o passar do tempo e com mudanças não bruscas de volume.
Custos variáveis
São aqueles que, mesmo com uma mudança pequena de volume, sofrem uma alteração.
Exemplos: matéria-prima, água e energia elétrica.
A classificação de custos quanto ao volume é ambígua, pois quase todos eles variam com o
passar do tempo e com a variação do volume da produção. Sendo assim, nenhum custo é
totalmente fixo.
Um exemplo de custo fixo é o custo com depreciação quando ela é feita pelo método de cotas
constantes. Nesse tipo, não há variação de valor devido ao volume. Independentemente de a
empresa produzir a 0% (ou
seja, não fazer nada) ou a 100% da capacidade (produção total), o
custo da depreciação será o mesmo.
Compare com a mão de obra direta: caso a empresa reduza 10% na sua produção, ela talvez não
precise demitir funcionários. Isso é diferente no caso da matéria-prima, pois uma redução de 10%
na produção resulta em uma diminuição
de 10% no consumo de matéria-prima. Nesse caso, a
mão de obra direta é um custo semifixo.
Existem também os custos semivariáveis, que são custos nos quais existe uma parcela fixa e
outra variável em sua composição.
Na energia elétrica, na água e no gás, são cobrados valores fixos referentes à taxa de
disponibilidade. Eles não variam da mesma forma que a matéria-prima, a qual, aliás, não possui
componente fixo. Em casos assim, encontra-se
uma ambiguidade na classificação de custos,
especialmente entre os semifixos e os semivariáveis.
Custo
Tipo de
Valor Despesa Fixo Variável Direto Indireto
gasto
Matéria-
R$35.000,00 x x
prima
Mão de obra
R$45.000,00 x x
direta
Mão de obra R$28.000,00 x x
indireta
Aluguel
R$18.000,00 x x
fábrica
Depreciação R$4.000,00 x x
Despesa
R$2.000,00 x
financeira
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Aluguel da loja: Ele está relacionado com a venda de produtos, e não com a sua produção.
Despesa financeira: Como o próprio nome indica, ela é uma despesa, e não um custo.
ALUGUEL DA FÁBRICA
DEPRECIAÇÃO
Ainda falando dos custos fixos, apenas a mão de obra é um custo direto, pois esse custo se
faz presente no valor final do produto (sendo diretamente relacionado a ele). Todos os outros
custos fixos (mão de
obra indireta, aluguel da fábrica e depreciação) são indiretos nesse exemplo.
Pressupondo que todos os gastos foram pagos com o caixa disponível da empresa, seus
lançamentos contábeis seriam:
C Caixa = R$2.000,00
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior fala sobre a classificação dos custos
quanto ao objeto e ao volume:
Comentamos também sobre a ambiguidade dos custos quanto ao volume, dando origem aos
semifixos e aos semivariáveis. Analisamos ainda como os custos diretos tendem a ser fixos e os
indiretos, variáveis.
Por fim, observamos os lançamentos contábeis dos custos totais, mas não analisamos como o
rateio é feito entre os produtos. Veremos isso no próximo módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Fixo
B) Variável
C) Despesa
D) Direto
E) Indireto
GABARITO
O custo pode ser dividido em direto/indireto e fixo/variável, mas a despesa não configura um tipo
de custo.
Custos fixos são aqueles que não variam com o passar do tempo, sendo, assim, o oposto dos
variáveis.
MÓDULO 4
Veremos a seguir como isso é possível. Além disso, apresentaremos os lançamentos contábeis
referentes a esse tipo de operação.
RELEMBRANDO
Relembremos que os custos indiretos são aqueles que não conseguem ser traçados para nenhum
tipo de produto em específico. Como são “comuns” a todos os produtos, eles devem ser rateados.
Os diretos, por sua vez, não
precisam ser rateados, pois podem ser calculados e alocados
diretamente nos produtos.
Para fazer um rateio dos custos indiretos de fabricação (CIF), é necessário definir um critério de
rateio.
EXEMPLO
A empresa XYZ produz vigas, vergalhões e placas de aço. Todos esses produtos são fabricados
na mesma fábrica e possuem custos indiretos em comum. A empresa incorreu em R$900.000,00
de custos indiretos, sendo que as
vigas de aço consumiram R$200.000,00 de aço; os vergalhões,
R$50.000,00; e as placas, R$150.000,00.
Vejamos mais um exemplo para solidificar esse conceito (com o mesmo caso da empresa XYZ):
EXEMPLO
A empresa incorreu em R$900.000,00 de custos indiretos, sendo que as vigas de aço consumiram
R$125.000,00 de mão de obra direta; os vergalhões, R$250.000,00; e as placas, R$75.000,00.
Transformemos os valores da mão
de obra direta em porcentagens: as vigas consumiram 27,8%
da mão de obra direta; os vergalhões, 55,6%; e as placas, 16,6%. Nesse caso, o rateio dos
produtos se dá da seguinte maneira: R$900.000,00 x 27,8% = R$250.200,00
para as vigas,
R$900.000,00 x 55,6% = R$500.400,00 para os vergalhões e R$900.000,00 x 16,6% = R$149.400
para as placas.
Notemos a diferença no rateio dos custos utilizando os dois critérios diferentes:
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Isso poderá afetar a política de preço da empresa XYZ: se, no método do rateio do CIF (por
meio do custo de matéria-prima), parece que a XYZ pode cobrar mais barato no vergalhão e deve
cobrar um preço mais
caro na viga de aço, o método de rateio do CIF (por intermédio do custo de
mão de obra direta) mostra que os vergalhões precisam ter um preço mais alto, enquanto as
placas podem ter um preço mais barato. Contraditório,
não é?
ATENÇÃO
Esse é o motivo pelo qual muitos gestores atacam o método de rateio do CIF utilizando tais
critérios, pois, caso o critério seja mudado, o valor dos custos dos produtos poderá ser alterado
radicalmente.
Buscando um meio-termo entre os dois métodos anteriores, pode-se utilizar o rateio do CIF por
meio dos custos primários. Nesse método, não são empregados a
mão de
obra direta nem o
consumo de matéria-prima, e sim a soma desses dois
custos.
“CUSTO PRIMÁRIO” É O NOME PELO QUAL É
CONHECIDA A SOMA DOS CUSTOS DE MATÉRIA-PRIMA
E MÃO DE OBRA.
Ou seja, nesse método, o rateio se dá pela proporção da soma de ambos por cada produto. Como
frisamos, pode-se obter, assim, um meio-termo entre os dois métodos abordados anteriormente.
Veja um exemplo:
EXEMPLO
Utilizaremos o mesmo caso da empresa XYZ do exemplo anterior. Ela incorreu em R$900.000,00
de custos indiretos. Seus custos primários são os seguintes: as vigas de aço consumiram
R$125.000,00 de mão de obra indireta e R$200.000,00
de materiais; os vergalhões,
R$250.000,00 de mão de obra direta e R$50.000,00 de matéria-prima; e as placas, R$75.000,00
de mão de obra direta e R$150.00,00 de matéria-prima.
A partir desses números, podemos calcular os custos primários para cada produto: R$325.000,00
para as vigas de aço, R$300.000,00 para os vergalhões e R$225.000,00 para as placas. Com
isso, obtemos os percentuais de rateio:
38,2%, 35,3%, e 26,5%, respectivamente.
Os valores a serem lançados como custos, portanto, são estes: 38,2% x R$900.000,00 =
R$343.800,00 para as vigas, 35,3% x R$900.000,00 = R$317.700,00 para os vergalhões e 26,5%
x R$900.000,00 = R$238.500,00 para as placas.
Esse tipo de análise, contudo, exige algum cuidado. Qualquer tipo de rateio, afinal, é subjetivo e
arbitrário. Cada empresa tem de tomar decisões baseadas na forma mais adaptável à sua
estrutura de custos.
EXEMPLO
Uma empresa extremamente automatizada que não possui muitos gastos com mão de obra pode
usar o rateio com a matéria-prima de forma eficiente. Isso já não é o caso de outra em que a
maior parte do custo de um produto
(ou de um serviço) diz respeito justamente à mão de obra.
Dessa forma, devemos sempre ter cuidado com “regras simples e gerais”. O ideal é utilizar o
nosso julgamento profissional para uma melhor tomada de decisão.
O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior fala sobre Rateio dos custos
indiretos:
LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
Imagem: Shutterstock.com
Analisaremos a seguir os lançamentos contábeis que devem ser feitos para a correta
contabilização e evidenciação dos fatos ocorridos.
Normalmente, as empresas utilizam uma conta de transição que chamaremos de “custos indiretos
a apropriar”. Ela sempre é zerada no fim do período e acumula os valores dos custos indiretos
para a apropriação no transcorrer dele.
R$40.000,00 de água
Cada um desses custos foi lançado a débito na conta de “custos indiretos a apropriar”, gerando
um saldo de R$900.000,00 para a alocação nos produtos. A partir disso, pode-se fazer a alocação
em cada item do estoque da seguinte
maneira:
Observemos que agora houve R$900.000,00 de crédito em uma conta devedora no mesmo saldo,
ou seja, a conta de “custos indiretos a apropriar” está zerada.
Por isso, os conhecimentos adquiridos por você devem ser utilizados de forma conjunta com a
experiência e a subjetividade para uma tomada de decisões corretas e eficientes.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) O uso de matéria-prima.
GABARITO
2. De acordo com o método de rateio por custos primários, ele é feito conforme:
Os primários se referem à soma dos custos das matérias-primas e da mão de obra. Desse modo,
o rateio se dá de acordo com essa soma.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentamos neste conteúdo os principais pontos sobre a contabilidade de custos aplicada ao
controle de estoque. Compreendemos, com isso, a base de cálculo e o lançamento contábil do
custo de aquisição de materiais.
Conhecemos as fichas de controle de estoques pelos métodos PEPS, UEPS, CMP e preço
específico. Apontamos a classificação dos custos em diretos, indiretos, fixos, descrevendo ainda a
variável do método de rateio do custo indireto
de fabricação entre diferentes produtos.
Também destacamos o fato de que cada profissional deve utilizar sua experiência e subjetividade
para escolher o melhor tipo de rateio. Com isso, estabelecemos os principais aspectos do cálculo
e da contabilização de custos
para as empresas industriais.
A partir deste trabalho, você já sabe calcular e contabilizar os custos de cada produto individual de
diversas maneiras, assim como o custo das mercadorias vendidas.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
GELBCKE, E.; DOS SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E. Manual de contabilidade
societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3.
ed. Barueri: Atlas, 2018.
MARTINS, E.; ROCHA, W. Contabilidade de custos – livro de exercícios. 11. ed. Barueri: Atlas,
2015.
EXPLORE+
Para aqueles que não são da área da Contabilidade e estejam em dúvida sobre alguns conceitos
abordados neste conteúdo, recomendamos um livro de Sérgio de Iudícibus e José Carlos Marion
que aborda a linguagem contábil de forma
fácil e bastante explicativa:
CONTEUDISTA
Rodrigo de Oliveira Leite
CURRÍCULO LATTES