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A História da Histeria

Freud, no fim do século XIX e início do século XX, inovou a perspectiva da


psicopatologia, trazendo um corpo de conceitos precisos para reconhecer a histeria e a
conversão histérica, além de trazer à luz a diferenciação clara da neurose obsessiva e da
angústia. Ao desenvolver a metapsicologia, contribuiu para a atual classificação das
psicopatologias a partir da perspectiva estrutural, a saber:

(a) neuroses de defesa ou transferenciais, nas quais se encontram as


histéricas conversivas e fóbicas, as neuroses obsessivas e as neuroses de
ansiedade;
(b) as psicoses;
(c) as perversões; e
(d) as afecções psicossomáticas.

Tais estruturas são determinadas a partir das fixações em fases do desenvolvimento


psicossexual desde os primeiros anos de vida.

A psicopatologia começou a se estruturar como clínica pelos médicos alienistas a partir


do final do século XVIII. Constituiu-se por meio de um discurso científico, utilizando
um método de observação e de organização da loucura, numa visão racionalista. Dessa
forma, os médicos procuraram se apropriar da loucura como foco da clínica, numa
tentativa de dominá-la.

Os discípulos seguiam ao lado do mestre, aprendendo com ele, numa observação direta,
o manejo dos distúrbios mentais. Esse modelo de clínica permaneceu no século XIX. No
final do século XIX, com as pesquisas de Charcot, a clínica do olhar ganhou força
quando ele passou a demonstrar para seus discípulos que podia introduzir e retirar
sintomas utilizando o método hipnótico. Tais demonstrações tinham o intuito de mostrar
que, no caso das histéricas, as paralisias de membros não provocavam lesões, ao
contrário do que os médicos pensavam. Com essa descoberta, Charcot se consagrou
como o mestre das histéricas.

Pensar a psicopatologia a partir da psicanálise é um desafio, uma vez que a


“psicopatologização” da subjetividade humana está cada vez mais presente no discurso
hegemônico na área da saúde mental.

Psicopatologia contém a palavra grega pathos, que, em sua origem, possui vários
significados. Dois conceitos, bastante diferentes, interessam-nos sobremaneira: o
passional, a paixão, a passividade; e o patológico, a doença, presente no diagnóstico
médico. A fronteira que separa estas duas perspectivas é frágil e varia de acordo com as
épocas e as civilizações (MARTINS apud CECCARELLI, 2003, p. 13-25).

Nessa perspectiva, o homem não é responsável por suas paixões, pois não as escolhe.
Contudo, torna-se responsável pela influência delas nas suas ações, sendo possível julgar
o aspecto ético do sujeito. Essa era a ideia defendida por Aristóteles. Assim, a virtude
estaria naquele que age em harmonia com suas paixões, alcançando o equilíbrio
logos/paixão. Estaria nessa balança o “crime passional”, assim como as grandes obras,
tendo a paixão como impulsionadora desses dois opostos.

Ao se tratar de psicopatologia na psicanálise, tem-se como implicação o desejo


recalcado, impregnado de culpa que se inscreve na interação relacional, reflexo do
imperativo original do sujeito. Por outro lado, a psicopatologia cunhada como doença
tende a reduzir o mesmo como sendo o portador de um mal, ainda que possa ser apenas
temporário.

Em ambas as situações, o ‘apaixonado’ é depositário das mazelas que o envolvem no


sentido social e cultural, um ser que denuncia a falta. Isso aconteceu nos manicômios de
outrora, e agora, nas ruas, a céu aberto, na vida dos que estão marcados numa sociedade
que não os vê.

Ao esboçar os pilares da psicanálise, Freud desvelou a existência do inconsciente que se


constrói a partir da realidade externa e abastece a realidade interna. As vicissitudes
humanas ao longo dos séculos mostram o enfrentamento do sujeito diante da castração
que remete à diferença, à capacidade de superar as frustrações e ressignificar o desejo.
Um exemplo disso pode ser visto nos adolescentes que gritam pela falta do simbólico,
buscam, na ficção violenta, inscrever-se em um laço social. Talvez estejam num
movimento como o das histéricas de outrora, exibindo a paixão à flor da pele. Cabe
ainda ressaltar que o imprevisto da paixão, acima descrito, explica-se pelo estranho
(Unheimliche), ou seja, o estranho que é familiar e também pela alteridade intrínseca na
estrutura subjetiva do sujeito.

A família e a subjetivação na contemporaneidade

Se, de um lado, a Ética a Nicômaco, de Aristóteles (a ética das virtudes) é uma ética para
todos e questiona o que é bom ou o bem e, por outro lado, a ética de Kant é uma ética do
imperativo categórico universal (a ética dos deveres), a ética da psicanálise ocupa-se da
singularidade da experiência humana, em um imperativo original. Nesse sentido, trata-se
de uma ética do bem dizer gerada na clínica psicanalítica, relativa ao campo da
linguagem. É uma prática que envolve o discurso do analista, do suposto saber, no qual o
desejo se implica eticamente, não como desejo de fazer o bem, mas como um operador
de um discurso e, pelo lado do analisante, há uma relação da ação do sujeito com o
desejo que o habita. Assim sendo, o inconsciente, objeto de estudo da psicanálise,
implica-o em seus atos ao revelar as inscrições do desejo nos sintomas, atos falhos,
chistes, sonhos, lapsos e esquecimento (AZENHA, 2011). É o desejo recalcado que se
representa nessas facetas.

Para a psicanálise, o agente da castração simbólica é o pai e, nesse sentido, fica mais
acentuada do que revelada a verdadeira função do pai que é, essencialmente, unir (e não
opor) um desejo à Lei (AZENHA, 2011, p. 67).

O enfraquecimento da figura paterna nas novas configurações familiares coloca em


xeque, de forma inadvertida, a psicanálise, atribuindo-lhe um caráter ultrapassado. Na
contemporaneidade, os novos modos de relações familiares são apontados como
indicadores do declínio da função paterna, todavia é a introdução do terceiro na relação
dual mãe-bebê que barra o gozo do sujeito e o coloca diante da realidade e da cultura.

Retomada por Lacan, em 1938, a hipótese freudiana da mudança de relações do homem


com o pai, nas representações da função paterna e no lugar de filiação como núcleo do
sintoma social em nossa cultura tem gerado discussões em torno do enfraquecimento do
significante pai e de seus efeitos nas formas de subjetivação dos sujeitos modernos
(AZENHA, 2011, p. 67).

É necessário distinguir claramente os conceitos de “função paterna”, na psicanálise, e de


“imago social do pai”, na cultura. Para Roudinesco (apud AZENHA, 2011), a imago
encontra-se relacionada à imagem internalizada da figura paterna, ao passo que a função
diz respeito à ordem simbólica e independe da presença ou ausência do pai. Por função,
compreende-se o exercício de uma nomeação que permite à criança ter acesso a uma
identidade. No entendimento de Rodulfo (apud VITORELLO, 2011), as funções
nomeiam os implicados no advir do sujeito, ou seja, aqueles que no processo de
constituição psíquica cumprem a função materna, a função paterna e a função de irmãos.

Não restam dúvidas das grandes transformações da figura paterna no transcorrer da


história. O declínio do sistema patriarcal na modernidade acelerou o enfraquecimento da
autoridade do pai e, com isso, as relações sociais e subjetivas sofreram grandes
transformações.

Há no sujeito formas de subjetivar de acordo com o meio, familiar e social, em que ele
se constitui. De outro modo, a cultura e a época em que o sujeito vive também definem
nele as formas de subjetivação. Na Antiguidade, o poder era prerrogativa do homem, o
qual ocupou o papel central na família. O direito era muito limitado para as mulheres e
as crianças. Durante a Idade Média, a vida das crianças piorou e as mulheres estavam
sob o domínio dos homens. Nesse período, a guerra era o principal modo de relação
social. Em vista disso, a liberdade de expressão das pulsões e da gratificação dos
impulsos se exacerbou nessa época em que as mulheres eram vistas como objeto sexual,
sujeitas aos ímpetos dos homens. No período medieval, não havia restrição de
circulação da criança no mundo adulto, pois não havia ainda uma diferenciação entre
adultos e crianças, nem as famílias eram responsáveis pela educação delas.

Importantes transformações passaram a ocorrer quanto à estrutura social e aos modos de


estruturação da personalidade no final da Idade Média e início da Modernidade. A
estrutura social monarquista, que se instaurou a partir do século XVII, elege o pai como
“o lugar tenente de Deus” (BADINTER apud VITORELLO, 2011, p. 9), tornando-se o
sucedâneo do rei na família. A família constituída no sistema patriarcal, com sua
estruturação hierarquizada e vertical, não estava fundada nos laços afetivos, tampouco as
crianças ocupavam o lugar afetivo que têm hoje para os adultos. De acordo com Arriès
(1981), nesse século, surge, nas classes dominantes, a primeira concepção real da
infância. O adulto passa, pouco a pouco, a se preocupar com a criança, porque ela é um
ser dependente e fraco. A palavra “criança” passou a designar a primeira idade de vida, a
idade da necessidade de proteção.

O sintoma e o diagnóstico psicanalítico

A psicanálise torna-se, desde sua descoberta por Freud, um balizamento de escuta para a
cura dos sintomas do sofrimento. Sintomas que vêm expressar, por meio de uma
metáfora, a verdade do sujeito. Há uma relação de afetos, que mantém a produção de
sintomas com a verdade e que abarca um “saber” inconsciente sobre o sujeito. Desse
modo, o sintoma evidencia algo que tem uma significação e que está relacionado à
história de cada um. Assim, não se pode perder de vista as relações do sintoma com a
estruturação subjetiva do sujeito (VITORELLO, 2011).

Para Rodulfo (apud VITORELLO, 2011), o discurso familiar é para o sujeito o “tesouro
de significantes”, lugar de onde retira as significações para sua inscrição no universo
simbólico. Ao salientar a importância do “mito familiar”, o autor diferencia-o de história
familiar. O mito diz respeito ao lugar ocupado pela criança na família, sua posição em
relação ao campo desejante dos pais, incluindo tanto os processos ou tramas imaginárias
(as fantasias e o brincar) como as funções parentais (materna, paterna, dos irmãos).
Muito tem sido discutido sobre as funções parentais e as novas configurações familiares
na contemporaneidade. Como identificar esses conflitos no sujeito?

Na compreensão de Dor (1994, p. 9), “o diagnóstico psicanalítico remete à dimensão de


um embaraço técnico no campo do inconsciente” ao se confrontar com a prática
psicanalítica e sua investigação. Nessa perspectiva, há uma dificuldade de balizamento
ao utilizar um método dependente de “ferramentas” subjetivas. O psicanalista trabalha
com incertezas ao escutar a narrativa histórica do paciente. Uma narrativa que, por
vezes, entra em ressonância com sua própria história.

Segundo Dor (1994, p. 13),

[..] diagnóstico psicanalítico difere do diagnóstico médico. Existe no diagnóstico


psicanalítico um paradoxo: por um lado, a necessidade de estabelecer um diagnóstico
que balize o tratamento e, por outro, a impossibilidade de fazê-lo precocemente, uma
vez que ele só poderá se delinear no transcurso da análise.

O diagnóstico médico visa, inicialmente, determinar a natureza de uma afecção ou uma


doença, a partir de uma semiologia. A seguir, objetiva a classificação dos sintomas, que
permite localizar um estado patológico no quadro de uma nosografia. Para o autor, o ato
psicanalítico não pode se apoiar prontamente na identificação diagnóstica como tal. Uma
interpretação psicanalítica não pode se constituir, em sua aplicação, como pura e simples
consequência lógica de um diagnóstico, já que o sintoma tem múltiplas faces.

A técnica de investigação que o analista dispõe é a associação livre do paciente e a


atenção flutuante, e é na dimensão do dizer e do dito que se definirá o campo de
investigação psicanalítica. Como o espaço de palavra está saturado de “mentira” e tem o
imaginário como parasita, a avaliação psicanalítica é essencialmente subjetiva e deve
buscar desvelar a verdade do desejo. Ao considerar as incertezas encontradas no
balizamento do diagnóstico psicanalítico, leva-se em conta a singularidade, a
“composição” do mundo interno e do mundo externo, da realidade e da presença do
outro.

O estranho e a alteridade contemporânea

Em suas descobertas analíticas, Freud interessou-se pelo tema do “estranho” no início do


século XX, constatando que o estranho era um tema negligenciado no ramo da estética,
uma vez que o enfoque, em seu tempo, era dado ao estudo da beleza. A temática do
estranho, captada por Freud, constituiu-se como um assunto gerador de polêmica e de
constrangimento, o qual a sociedade, em geral, evitava e ainda evita abordar. O tema do
“estranho” foi aprofundado por Freud no texto intitulado Das Unheimliche, de 1919.
Após pesquisa do sentido da palavra Unheimliche (estranho), em várias línguas, Freud o
definiu como assustador e familiar, que se pode inferir também como lugar estranho (que
pode se articular à ideia de uma pessoa desorientada no ambiente) estrangeiro, que pode
dar a ideia de alguém vindo de outro lugar (THONES; PEREIRA, 2013).

É importante ressaltar que ele buscou seu significado nos fenômenos que causam
estranheza. Assim, constatou que entre os exemplos de coisas assustadoras existe uma
classe em que o elemento que amedronta pode se mostrar como algo recalcado que
retorna. Contudo, o estranho não é nada novo ou alheio ao sujeito, mas algo que é
familiar e há muito nele instalado, sendo que somente teria se alienado de sua
consciência por uma operação de recalcamento (THONES; PEREIRA, 2013). A partir
disso se pensa na conexão do estranho com a alteridade, ou seja, há um enlaçamento do
estranho com a diferença, com a alteridade, com o outro da relação.
O sentimento do estranho no âmbito social se apresenta como pendular, relativo e
relacional; oscila entre sentimentos amorosos e hostis, entre a representação de si mesmo
e a representação dos outros. Portanto, o estranho se constitui como um território
minado. Muitas são as definições e as relações que se fazem em torno dessa paradoxal
categoria, na qual se busca compreender sobre um afeto e uma representação. O
estranho mantém íntima relação com o que é próprio, aparecendo, assim, como o duplo
do mesmo.

O duplo constitui, para Freud no seu ensaio sobre o estranho, um componente psíquico
de fundamental importância. Rank (apud FREUD, 2006) constata que o duplo, como
negação do poder da morte, se torna uma segurança para o sujeito contra a destruição do
eu. As produções literárias de ficção da época, observadas por Rank, segundo Freud em
1914, indicavam a correlação direta do escrito com o psiquismo do escritor. Freud
aprofundou essa noção de relações contra a castração na linguagem dos sonhos e no
narcisismo primário. A partir de Freud, a psicanálise vem desvendando a topologia do
sujeito de tal forma que se pode afirmar hoje, com segurança, que toda forma de
expressão do sujeito guarda relação intrínseca com o mesmo. Todas as representações se
mostram por meio do enunciado do discurso e no discurso do enunciado, como afirma
Lacan. Nesse sentido, o duplo ocuparia o espaço da sombra, dos fantasmas que
retornam, dos reflexos perdidos, de sujeitos que na ficção procurariam persistir à morte.

As mudanças na estrutura familiar da contemporaneidade, bem como a crise no


conhecimento e o fim das certezas ou verdades absolutas surgem como possíveis causas
de uma desorganização social e violência sem precedentes. Tem-se a impressão de uma
ruptura do laço social e o fim das referências simbólicas, o fim da função e também da
imago paterna. Para Cecarelli (2010), cada época tem a sua própria leitura de mundo,
não sendo uma melhor que a outra. Desse modo, uma verdade ou um comportamento
dura até que outra verdade venha sobrepô-la. Em Totem e Tabu, Freud (1914) traz o
conceito de Weltanschauung, como visões de mundo às quais o homem recorreu ao
longo do processo evolutivo: animista, religiosa e científica. Tais visões de mundo
acompanharam a necessidade de proteção através do amor para aliviar o sofrimento
psíquico de cada época.

Considerações finais

Com os estudos freudianos, desvelou-se a falsa soberania da consciência marcada pelas


forças pulsionais sob a determinação do inconsciente. Dessa forma, a psicanálise entende
a psicopatologia a partir dos conflitos que se estabelecem entre o inconsciente e o
consciente do sujeito, fruto de seu imperativo original. Por essa razão é chamado de
psicopatologia psicanalítica. A variação ou o grau desse conflito indica o tipo de
psicopatologia: as neuroses histéricas, fóbicas, obsessivas, de ansiedade; as psicoses; as
perversões; as afecções psicossomáticas.

Considera-se que o modo singular de subjetivação do sujeito responde ao meio familiar


e social em que ele se constitui, bem como a implicação cultural de sua época. Na
atualidade, no mundo globalizado, a busca de normatização de comportamentos vem
gerando uma padronização da normalidade e transformando a singularidade em
anormalidade. Em vista disso, são criadas regras de procedimentos a partir de
parâmetros

que não levam em conta a particularidade da dinâmica pulsional do sujeito. A tão falada
globalização da atualidade, ao produzir a subjetividade que lhe é própria, arrasta consigo
o padecimento psíquico na forma de mal-estar, fruto das marcas da sociedade e desse
momento histórico. Assim sendo, acredita-se que o sofrimento psíquico impingido à
humanidade atual culminará numa reorganização para uma nova visão de mundo.

A Histeria
A psicanálise começou tratando do problema dos sofrimentos neuróticos histéricos que o
médico tentava diminuir ou eliminar, e não pela construção de um sistema teórico —
seja empírico seja especulativo — sobre a organização do psiquismo humano. Farei,
aqui, um pequeno desenvolvimento histórico, que vai dos dados empíricos e das
formulações da psiquiatria sobre a histeria, na época de Freud, até as principais
formulações freudianas sobre esse problema. Será possível mostrar de que modo as
formulações teóricas da psicanálise freudiana são exigências de solubilidade de
problemas empíricos, apoiadas, no entanto, em concepções fundamentais especulativas
que constituem a própria metapsicologia. Tratase, aqui, de buscar no texto de Freud a
confirmação destas hipóteses, mostrando a presença e a inserção destes conceitos
ficcionais que contribuíram para reformular o modo de compreensão das
psicopatologias. Quando jovem, Freud desejava manter-se no laboratório de fisiologia
de Brücke, a quem “venerava acima de tudo” (Freud, 1925d, p. 58), até que, em 1882, o
próprio Brücke o “exortara de forma incisiva, visto [sua] péssima situação material, a
abandonar a carreira teórica” (Ibid., p. 58).

Freud abandonará o instituto de fisiologia em junho de 1882, ingressando no Hospital


Geral de Viena como aspirante, e, vagarosamente, afastar-seá dos problemas aos quais se
dedicara até então, a saber, os relacionados à constituição anátomo-fisiológica do
sistema nervoso. Entrando no Hospital Geral de Viena, Freud encontra doentes dos mais
variados tipos, entre eles os psiquiátricos, que estão no serviço sob a direção de
Meynert, “cuja obra e personalidade, ainda enquanto estudante, o tinham já cativado”
(Ibid., p. 58).

A psiquiatria alemã considerava, grosso modo, que as doenças das quais se ocupava
eram causadas por algum dano no sistema nervoso, constitucional ou devido a uma
lesão ou a uma inflamação. É neste ambiente que Freud se forma e, como pesquisador,
começa a se aproximar do problema das histerias. Nele encontra Breuer, que já era um
médico extremamente bem-sucedido e de renome, que se torna para ele um amigo,
conselheiro e protetor.

Nesse momento, Freud, ainda residente de medicina, não tinha seu próprio consultório,
mas Breuer tem pacientes histéricas, o que colaborou para aproximar Freud desse
problema. Após dois anos de trabalho junto aos doentes dos nervos no Hospital Geral de
Viena, Freud resolve pedir uma bolsa para seguir seus estudos em Paris, junto a Charcot,
no ano acadêmico de 1885-86. Para ele, o aprendizado numa universidade alemã chegara
já a seu termo, enquanto que “a escola francesa de neuropatologia oferecia muito de
novo e singular em sua modalidade de trabalho” (Freud, 1956 [1886], p. 5); mais ainda,
a falta de diálogo efetivo entre a psiquiatria alemã e a francesa resultava num
julgamento negativo das propostas de Charcot, o que ele via com reservas.

É com tal quadro em mente que Freud resolve ver de perto o que o psiquiatra francês
estava realizando: “... aproveitei com entusiasmo a oportunidade [de uma bolsa de
estudos] que me era oferecida para formar, com minha própria experiência, um juízo
fundado sobre as mencionadas séries de fatos”. (Ibid., p. 5-6) A passagem de Freud por
Paris marcou uma virada na história da psicanálise, pois o colocou na rota do método de
tratamento psicanalítico. O próprio Freud comenta o impacto que Charcot teve na sua
vida intelectual: Charcot, que é um dos maiores médicos cuja razão confirma o gênio,
está simplesmente demolindo minhas concepções e meus planos. Aconteceu-me sair de
seus cursos como se eu saísse de Notre-Dame, pleno de novas idéias sobre a perfeição.
Mas ele me esgota e, quando eu o deixo, não tenho nenhuma vontade de trabalhar nos
meus próprios trabalhos, tão insignificantes; eis três dias inteiros em que não tenho nada
a fazer, e não sinto nenhum remorso. A semente produzirá seu fruto? Eu ignoro; mas o
que sei é que nenhum homem teve tanta influência sobre mim. (Freud, 1960a, p. 197,
carta de 24/11/1885).

A história da medicina no século XIX concebe, inicialmente, a histeria não como um


problema médico, mas moral. A histeria, com seus sintomas clássicos, não é
propriamente uma doença, pois não há, nos exames, nenhum índice de lesão ou
inflamação do sistema nervoso; trata-se, portanto, muito mais de um tipo de teatro ou
fingimento, cujo objetivo é chamar a atenção, ou um pretexto para fugir das
responsabilidades da vida, o que não constitui um problema médico, mas sim moral.

No entanto, no correr desse século, algumas mudanças fundamentais tornam possível


considerar a histeria como um problema médico. Em 1850, Paul Briquet (1796-1881)
publica seu Traité clinique et thérapeutique de l’hystérie, em que define a histeria como
“uma neurose do encéfalo cujos fenômenos aparentes consistem principalmente na
perturbação dos atos vitais que servem à manifestação das sensações afetivas e das
paixões” (Ellenberger, 1994 [1970], p. 174). Essa definição parece afastar aquilo que a
história antiga da medicina vinha considerando como a base da histeria, ou seja, como
sendo causada por desejos sexuais frustrados. Ao final do século XIX, encontramos
também a defesa da hipótese de que a histeria é causada por uma cisão na personalidade
do paciente.

A teoria que afirma estar a histeria relacionada com desejos sexuais frustrados jamais
chegou a ser totalmente abandonada. Charcot irá se apoiar, mais tarde, nessas
concepções de Briquet, recusando-se a reduzir a histeria a uma neurose sexual, ainda
que reconhecesse que o componente sexual tinha um grande papel na vida de seus
pacientes histéricos (Ibid., p. 175). Quando Freud chega a Paris, a histeria já é um
problema médico cuja gênese é atribuída à hereditariedade, às lesões ou inflamações do
sistema nervoso que causam dano ou disfunção de seu funcionamento.

Freud faça conjugar diversas concepções, a saber:

1) o sintoma histérico pode ser explicado em função de sua origem psicoafetiva,


ainda que não seja descartada a necessidade de que exista um organismo
(biológico) predisposto a ser assim afetado, é aos fatores de ordem psíquica que a
psicanálise credita a gênese desses sintomas;
2) esses têm uma estrutura análoga às sugestões pós-hipnóticas, e devem,
portanto, ser considerados como efeitos de representações psíquicas
inconscientes; 3) o tratamento por sugestão hipnótica está baseado na relação
que o paciente tem com o médico e é este o fundamento que explica as curas
obtidas por esse método, ou seja, o reconhecimento do fenômeno da
transferência;
4) o uso do método hipnótico, além de não ser lá muito eficaz, escamoteia o
verdadeiro motor do processo de cura que se obtinha por meio da hipnose e do
método catártico, a saber: a transferência. Podemos, assim, compreender o
afastamento que Freud realiza face ao paradigma neuroanatômico, de localização
estrita ou disfunção, para a explicação das histerias.

Em vez de considerar a histeria como sendo fruto de uma degeneração do sistema


nervoso, na qual a hereditariedade congênita tem papel central, e cujo resultado seria
uma dissociação psíquica entre idéias conscientes e inconscientes, Freud dirá que a
psicanálise.

Em 1888, quando Freud escreve o verbete Histeria para um dicionário de medicina geral,
ele ainda a apresenta muito mais como uma “anomalia constitucional do que como uma
afecção produzida” (Freud, 1888b, p. 57).

A terapia consiste, pelo lado profilático, em tentar evitar, num paciente com
predisposição histérica, a manifestação da doença. Por isso, deve-se “desaconselhar que
[o paciente com predisposição] submeta seu sistema nervoso a trabalhos excessivos,
tratar a anemia [...] e, por último, reduzir o significado dos sintomas histéricos leves”
(Ibid., p. 62).
Por outro lado, o tratamento dos sintomas histéricos efetivos, para os quais o método
catártico de Breuer é o mais eficaz, “consiste em reconduzir o enfermo, hipnotizado, à
pré-história psíquica do padecer, levando-o a confessar, na ocasião psíquica, a raiz da
qual se gerou a perturbação correspondente. Este método terapêutico é bem recente, mas
tem mostrado êxitos terapêuticos que não se encontra de outro modo.” .

A suposição da existência de forças psíquicas em conflito no interior de um mesmo


psiquismo, responsáveis, na sua composição, pela produção dos sintomas, não deriva
diretamente da observação. Que conflitos sejam reconhecíveis não significa que forças
psíquicas sejam dados empíricos.

A história da física já mostrou o caráter especulativo da noção de força. A concepção de


forças psíquicas como sendo a causa dos fenômenos psíquicos é uma analogia cuja
eficiência, para Freud, justifica o uso. A opção metodológica pela procura de forças para
explicar os fenômenos da natureza, incluindo o homem, corresponde a uma especulação
metodológica bem anterior a Freud. Sua formação junto a Brücke nos faz lembrar um
princípio metodológico de pesquisa.

É justamente nesse sentido que Freud postulará as pulsões:6 forças psíquicas,


equivalentes em dignidade às forças físico-químicas. O percurso que vai da visibilidade
empírica, proposta por Charcot, até a formulação do primeiro dualismo pulsional,
proposto por Freud, pode ser aqui rapidamente esboçado. Freud observou, na escuta de
seus pacientes em sugestão hipnótica, que o trauma procurado era invariavelmente de
origem sexual e ocorrido na infância, o que o levou a elaborar sua teoria sobre as
histerias baseado num acontecimento factual: a sedução.

O decorrer de suas pesquisas mostraram-lhe duas coisas fundamentais: primeiro, que o


abuso sexual factual lembrado remetia a momentos infantis remotos, fazendo-o supor a
existência de uma sexualidade infantil, ou seja, levando-o a conceber a sexualidade num
sentido muito mais amplo; segundo, ele percebeu que suas histéricas mentiam, que elas
contavam fatos fantasiados como se fossem reais, o que o obrigou a abandonar a sua
neurótica (sua teoria sobre as neuroses baseada na sedução real) e a propor a noção de
fantasia.

Como as fantasias dos pacientes se apresentavam como tendo o mesmo poder dos
acontecimentos reais, tanto um como outro teriam a capacidade de produzir traumas
psíquicos. Assim, Freud foi obrigado a conceber o conflito, causa do sintoma, como um
problema produzido no interior do psiquismo. Se antes tínhamos um conflito sexual
entre um desejo adulto e um sentimento infantil, agora temos, um interesse sexual
interno que parece atacar o próprio paciente.

No desenvolvimento futuro da psicanálise, Freud postulará a existência nos neuróticos


(cujo modelo é a histeria) de duas pulsões que se colocam em conflito: a pulsão sexual e
a de autoconservação. Ao supor um inconsciente movido por pulsões em conflito, Freud
ultrapassou o nível puramente descritivo dos fatos, acrescentando-lhes especulações
dinâmicas. Uma coisa é admitir a existência do inconsciente como uma instância
diferente da consciência, fato comprovável empiricamente, por exemplo, pela análise
dos atos falhos, outra, totalmente diferente, é supor que o inconsciente é animado por
forças e energias psíquicas.

Mas por que Freud especula? Ele diz claramente ter passado “da apresentação descritiva
à concepção dinâmica” (Freud, 1916-17, p. 400), pois considera que a psicologia que se
mantém apenas nesse nível descritivo – ou noutros termos, apenas no campo da
consciência –, jamais obterá uma explicação completa da série de determinações causais
que produzem os fenômenos psíquicos.

No entanto, ao considerar um inconsciente movido por pulsões, enquanto causas últimas


atrás das quais nada de anterior deve ser suposto, ele pode fornecer essa explicação:
Enquanto a psicologia da consciência não pode jamais sair destas séries lacunares e
depende manifestamente de outra coisa, a concepção a partir da qual o psíquico é em si
inconsciente permitiu fazer da psicologia uma parte, semelhante a todas as outras, das
ciências naturais. (Freud, 1940a, p. 20-1)

A atitude especulativa de Freud está em função da procura da solução de problemas


empíricos, ou, noutros termos, de problemas clínicos. Até mesmo o conceito mais
especulativo da psicanálise freudiana, a pulsão de morte, foi elaborado na tentativa de
explicar a produção de certos fenômenos psíquicos observáveis nos tratamentos
psicanalíticos: ... não é por causa dos ensinamentos da história e da experiência da vida
que nós preconizamos a hipótese de uma pulsão de agressão e de destruição particular no
ser humano, mas isto se fez sobre a base de considerações gerais às quais nos conduz a
apreciação dos fenômenos do sadismo e do masoquismo. (Freud, 1933a, p. 187).

Para Freud, o ponto de vista dinâmico está fundado sobre uma mitologia das pulsões
(Freud, 1933a, p. 178), quer dizer, sobre um conceito que é um mito e, como todo mito,
indecidível empiricamente. O objetivo dessa ficção teórica não é oferecer uma hipótese
que se espera verificável futuramente como verdadeira ou falsa – em função de sua
correspondência com um referente na realidade objetiva dos fatos –, mas sim de ser útil
para fornecer uma explicação e/ou resolução dos problemas aos quais se aplica e, nesse
sentido, tornar possível agir sobre eles. Ou seja, essa especulação tem, para Freud, um
valor apenas heurístico e não um valor objetivo (empírico). Isso não constitui uma
inovação na história da ciência, mas a reiteração de uma determinada metodologia de
pesquisa, claramente reconhecível em diversos cientistas do século XIX, importantes
para a formação de Freud.

A Histeria
O que é histeria e quais os principais sintomas?

Segundo a psicanálise, a histeria é uma manifestação sintomática que faz parte da


neurose. Neste artigo trataremos da conceitualização do sintoma e suas principais causas
e manifestações.

Problemas psicológicos

A psicologia estuda o comportamento humano e seus processos mentais, assim como o


que os motivou. Parte do preceito de um mundo subjetivo de cada um, respeitando a
existència do outro como única.

A histeria começou a ser percebida e estudada por Freud entre 1895 e 1969. Naquela
época, não existia uma explicação plausível ou alterações orgânicas que a justificassem.
Ela foi, então, encaixada no grupo das neuroses. Neste artigo falaremos sobre sua
definição e de como ela se manifesta.

O que é a histeria?

Segundo a definição de Freud, que conformou a teoria da psicanálise, a histeria é uma


variante anormal do comportamento, com origem totalmente psíquica. É marcada
por uma atitude exagerada e escandalosa.

As pessoa tem reações emocionais que beiram o teatral e é capaz de converter


conflitos psíquicos em problemas físicos. Normalmente, a histeria está associada a
mulheres, mas também pode se manifestar em homens.

O histérico finge doenças inexistentes, sabe que seu sofrimento não é real, mas o
utiliza para escapar de uma situação que para ele é insuperável ou apenas para
satisfazer uma necessidade. Ao longo de suas observações e estudos voltados
principalmente para o famosos caso "Ana O.", Freud identificou que as manigestações
físicas eram conversão de lembranças reprimidas de grande intensidade emocional. Nos
dias atuais, este mecanismo de conversão facilmente seria entendido através do conceito
de psicossomática.

Vale ressaltar que as manifestações histéricas de alguém, embora demonstrem muita


teatralidade, não são voluntárias e nem controláveis. Aquele que sofre de uma crise de
histeria pode enfrentar inúmeros prejuízos físicos, psíquicos e sociais, até que seja
possível, no processo da psicoterapia, a elaboração de seus conteúdos reprimidos,
sentidos como perturbadores.
Quais são os sintomas da histeria?

Uma das características da histeria é a capacidade de imitar os sintomas de praticamente


qualquer doença. Em estágios mais avançados pode até resultar em quadros de paralisia,
surdez ou cegueira.

Os sintomas da histeria podem ser divididos em dois grandes grupos:

∙ dissociativos:quando acontece uma espécie de rompimento com a consciência,


causando desmaios, amnésias, automatismos, entre outros.
∙ conversivos: são as manifestações físicas dos conflitos psíquicos. Podem aparecer
sob a forma de contraturas, perda da fala, tremores, espasmos, tiques, entre
outros.

Há algo em comum a todos os histéricos: procuram sempre chamar a atenção para si,
seja provocando ciúmes, compaixão ou enaltecendo sua superioridade. Para tratar um
histérico é preciso recorrer a um psicólogo especializado. E, dependendo da gravidade
do caso, será necessário ainda o acompanhamento com um psiquiatra, para aliar o uso de
medicamentos antidepressivos e ansiolíticos à terapia.

Sugestão de Filme: Histeria (2011)

Psicopatologia: o estudo da natureza das doenças mentais

A psicopatologia é o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do


ser humano, o estudo da natureza das doenças mentais. Tem o objetivo de compreender
profundamente as alterações mentais, identificar suas possíveis causas e, assim, formular
estratégias de tratamento e proteção da saúde mental.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de
doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Essa
definição, até avançada para a época em que foi realizada, é, no momento, irreal,
ultrapassada e unilateral.

Procurar-se-á, no presente artigo, fundamentar objeções à definição de Saúde da OMS.


Trata-se de definição irreal por que, aludindo ao "perfeito bem-estar", coloca uma
utopia. O que é "perfeito bem-estar?" É por acaso possível caracterizar-se a "perfeição"?

Não se deseja, enfocar o subjetivismo que tanto a expressão "perfeição", como "bem
estar" trazem em seu bojo. Mas, ainda que se recorra a conceitos "externos" de avaliação
(é assim que se trabalha em Saúde Coletiva), a "perfeição" não é definível. Se se
trabalhar com um referencial "objetivista", isto é, com uma avaliação do grau de
perfeição, bem estar ou felicidade de um sujeito externa a ele próprio, estar-se-á
automaticamente elevando os termos perfeição, bem-estar ou felicidade a categorias que
existem por si mesmas e não estão sujeitas a uma descrição dentro de um contexto que
lhes empreste sentido, a partir da linguagem e da experiência íntima do sujeito. Só
poder-se-ia, assim falar de bem-estar, felicidade ou perfeição para um sujeito que, dentro
de suas crenças e valores, desse sentido de tal uso semântico e, portanto, o legitimasse.

Por outro lado, a angústia (com oscilações), tendo essa angústia repercussão somática
maior ou menor (por exemplo, um cólon irritativo ou uma gastrite), configura situação
habitual, inerente às próprias condições do ser humano. Divergir de posturas da
sociedade, e até marginalizar-se ou de ser marginalizado frente a essa mesma sociedade,
não obstante o sofrimento que essas situações trazem, é comum e até desejável para o
homem sintonizado com o ambiente em que vive

Nesse sentido, apresentam um esquema simplificado de temas e temores básicos e


universais do ser humano.

Temas existenciais básicos que com frequência se expressam no conteúdo dos


sintomas psicopatológicos

TEMAS E INTERESSES CENTRAIS PARA O SER


HUMANO Alimentação
Sexo
Conforto físico
Poder (econômico, político, social, etc.)
Prestígio
Relacionar-se com os outros

O QUE BUSCA E DESEJA


Sobrevivência
Prazer
Segurança
Controle sobre si e sobre os outros
Ser reconhecido pelos demais

As doenças mentais podem ter causas orgânicas, quando têm causas físicas evidentes
(como na doença de Alzheimer), ou causas não orgânicas, quando não é possível
identificar claramente alterações orgânicas cerebrais.

A psicopatologia é desenvolvida de acordo com diferentes perspectivas, que baseiam a


atuação do psiquiatra e do terapeuta.

Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais buscando oferecer a estudantes e


profissionais, além de conceitos descritivos da rica tradição da psicopatologia, os
conhecimentos científicos contemporâneos mais relevantes sobre a mente humana e seus
transtornos. Assim, considerando os sistemas diagnósticos de transtornos mentais da
atualidade (DSM e CID), são apresentados conceitos psicopatológicos, diretrizes e
critérios diagnósticos, sempre que possível, correspondentes às versões mais recentes
desses sistemas.

Foi consultada a recém-publicada classificação da Organização Mundial da Saúde, CID


11, além das publicações sobre tal classificação. Buscou-se, ainda, integrar conceitos e
definições da nova linha de pesquisa em transtornos mentais, o chamado Research
Domain Criteria (RDoC), do National Institute of Mental Health (NIMH), dos Estados
Unidos.

A semiologia psicopatológica, portanto, cuida especificamente do estudo dos sinais e


sintomas produzidos pelos transtornos mentais, signos que sempre contêm essa dupla
dimensão.
✔ A semiologia, tomada em um sentido geral, é a ciência dos signos, não se
restringindo, obviamente, à medicina, à psiquiatria ou à psicologia. É campo de
grande importância para o estudo da linguagem (semiótica linguística), ✔ da
música (semiologia musical),
✔ das artes em geral e de todos os campos de conhecimento e de atividades
humanas que incluam a interação e a comunicação entre dois interlocutores por
meio de sistemas de signos.

Já a semiologia psicopatológica, por sua vez, é o estudo dos sinais e sintomas dos
transtornos mentais.

Entende-se por semiologia médica o estudo dos sintomas e dos sinais das doenças, o
qual permite ao profissional da saúde identificar alterações físicas e mentais, ordenar os
fenômenos observados, formular diagnósticos e empreender terapêuticas.

Embora esteja intimamente relacionada à linguística, a semiologia geral não se limita a


esta, uma vez que o signo transcende a esfera da língua. São também signos os gestos, as
atitudes e os comportamentos não verbais, os sinais matemáticos, os signos musicais,
etc.

De fato, a semiologia geral como ciência dos signos foi postulada pelo linguista suíço
Ferdinand de Saussure.

Charles Morris (1946) discrimina três campos distintos no interior da semiologia:

✔ a semântica, responsável pelo estudo das relações entre os signos e os objetos a


que se referem;
✔ a sintaxe, que compreende as regras e leis que regem as relações entre os vários
signos de um sistema; e, por fim,
✔ a pragmática, que se ocupa das relações entre os signos e seus usuários, os
sujeitos que os utilizam concretamente, em situações e contextos sociais e
históricos do dia a dia.

O signo é o elemento nuclear da semiologia; ele está para a semiologia assim como a
célula está para a biologia e o átomo para a física. O signo é um tipo de sinal. Define-se
sinal como qualquer estímulo emitido pelos objetos do mundo. Assim, por exemplo, a
fumaça é um sinal do fogo, a cor vermelha, do sangue, etc.

O signo é um sinal especial, sempre provido de significação. Dessa forma, na semiologia


médica, sabe-se que a febre pode ser um sinal/signo de uma infecção, ou a fala
extremamente rápida e fluente pode ser um sinal/signo de uma síndrome maníaca. A
semiologia médica e a psicopatológica tratam particularmente dos signos que indicam a
existência de transtornos e patologias.

Os signos de maior interesse para a psicopatologia são os sinais comportamentais


objetivos, verificáveis pela observação direta do paciente, e os sintomas, isto é, as
vivências subjetivas relatadas pelos indivíduos, suas queixas e narrativas, aquilo que o
sujeito experimenta e, de alguma forma, comunica a alguém.

Uma definição de sintoma e sinal um pouco diferente. Ele discrimina os sintomas


objetivos (observados pelo examinador) dos sintomas subjetivos (percebidos apenas
pelo paciente).

Os sinais, por sua vez, são definidos como dados elementares das doenças que são
provocados (ativamente evocados) pelo examinador (sinal de Romberg, sinal de
Babinski, etc.). Segundo o linguista russo Roman Jakobson (1896-1982), já os antigos
filósofos estoicos desmembraram o signo em dois elementos básicos: signans (o
significante) e signatum (o significado) (Jakobson, 1962; 1975). Assim, todo signo é
constituído por estes dois elementos:

o significante, que é o suporte material, o veículo do signo; e o significado, isto é,


aquilo que é designado e que está ausente, o conteúdo do veículo.

De acordo com o filósofo norte-americano Charles S. Peirce (1839-1914), segundo as


relações entre o significado (conteúdo) e o significante (suporte material) de um
signo, há três tipos de signos:

✔ o ícone,
✔ o indicador e
✔ o símbolo
O ícone é um tipo de signo no qual o elemento significante evoca imediatamente o
significado, graças a uma grande semelhança entre eles, como se o significante fosse
uma “fotografia” do significado. O desenho esquemático no papel de uma casa pode ser
considerado um ícone do objeto casa.

Os sintomas médicos e psicopatológicos têm, como signos, uma dimensão dupla. Eles
são tanto um índice (indicador) como um símbolo. O sintoma como índice sugere uma
disfunção que está em outro ponto do organismo ou do aparelho psíquico; porém, aqui, a
relação do sintoma com a disfunção de base é, em certo sentido, de contiguidade.

No momento em que recebe um nome, o sintoma adquire o status de símbolo, de signo


linguístico arbitrário, que só pode ser compreendido dentro de um sistema simbólico
dado, em determinado universo cultural. Dessa forma, a angústia manifesta-se (e realiza
se) ao mesmo tempo como mãos geladas, tremores e aperto na garganta (que indicam,
p. ex., uma disfunção no sistema nervoso autônomo - SNA), e, ao ser tal estado
designado como nervosismo, neurose, ansiedade ou gastura, passa a receber certo
significado simbólico e cultural (por isso, convencional e arbitrário), que só pode ser
adequadamente compreendido e interpretado tendo-se como referência um universo
cultural específico, um sistema de símbolos determinado.

Campbell (1986) define a psicopatologia como o ramo da ciência que trata da natureza
essencial da doença ou transtorno mental – suas causas, as mudanças estruturais e
funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação.

Entretanto, nem todo estudo psicopatológico segue a rigor os ditames de uma “ciência
dura”, “ciência sensu strictu”. A psicopatologia, em acepção mais ampla, pode ser
definida como o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser
humano. É um conhecimento que se esforça por ser sistemático, elucidativo e
desmistificante.

Como conhecimento que visa ser científico, a psicopatologia não inclui critérios de
valor, nem aceita dogmas ou verdades a priori. Ao se estudar e praticar a
psicopatologia, não se julga moralmente aquilo que se estuda; busca-se apenas observar,
identificar e compreender os diversos elementos do transtorno mental. Além disso, em
psicopatologia, deve-se rejeitar qualquer tipo de dogma, qualquer verdade pronta e
intocável, seja ela religiosa, seja ela filosófica, psicológica ou biológica; o conhecimento
que se busca está permanentemente sujeito a revisões, críticas e reformulações. Ou seja,
a psicopatologia como ciência dos transtornos mentais requer um debate científico e
público constante de todos os seus postulados, noções e verdades encontradas.

O campo da psicopatologia inclui uma variedade de fenômenos humanos especiais,


associados ao que se denominou historicamente de doença mental. São vivências,
estados mentais e padrões comportamentais que apresentam, por um lado, uma
especificidade psicológica (as vivências das pessoas com doenças mentais apresentam
dimensão própria, genuína, não sendo apenas “exageros” do normal) e, por outro,
conexões complexas com a psicologia do normal (o mundo da doença mental não é
totalmente estranho ao mundo das experiências psicológicas “normais”).

A psicopatologia tem boa parte de suas raízes na tradição médica com a observação
prolongada e cuidadosa de um considerável contingente de pessoas com transtornos
mentais. Em outra vertente, a psicopatologia nutre-se de uma tradição humanística e
universitária (filosofia, literatura, artes, psicologia, psicanálise), a qual sempre viu na
“alienação mental”, no pathos do sofrimento mental extremo, uma possibilidade
excepcionalmente rica de reconhecimento de dimensões humanas que, sem o fenômeno
“doença mental”, permaneceriam desconhecidas.

Na prática clínica, os sinais e os sintomas não ocorrem de forma aleatória; surgem em


certas associações, certos clusters (agrupamentos) mais ou menos frequentes. Definem
se, portanto, as síndromes como agrupamentos relativamente constantes e estáveis de
determinados sinais e sintomas.

Ao se delimitar uma síndrome (como síndrome depressiva, demencial, paranoide, etc.),


não se trata ainda da definição e da identificação de causas específicas, de um curso e
evolução relativamente homogêneos e de uma estrutura básica do processo patológico.
A síndrome é puramente uma definição descritiva de um conjunto momentâneo e
recorrente de sinais e sintomas.

Na prática clínica, os sinais e os sintomas não ocorrem de forma aleatória; surgem em


certas associações, certos clusters (agrupamentos) mais ou menos frequentes. Definem
se, portanto, as síndromes como agrupamentos relativamente constantes e estáveis de
determinados sinais e sintomas.

Ao se delimitar uma síndrome (como síndrome depressiva, demencial, paranoide, etc.),


não se trata ainda da definição e da identificação de causas específicas, de um curso e
evolução relativamente homogêneos e de uma estrutura básica do processo patológico.
A síndrome é puramente uma definição descritiva de um conjunto momentâneo e
recorrente de sinais e sintomas.

Denominam-se, em medicina e psiquiatria, entidades nosológicas, doenças ou


transtornos específicos (como esquizofrenia, doença de Alzheimer, anorexia nervosa,
etc.). São os fenômenos mórbidos nos quais podem-se identificar (ou pelo menos
presumir com certa consistência) certas causas ou fatores causais (etiologia), o curso
relativamente homogêneo, certos padrões evolutivos e estados terminais típicos.

Nas entidades nosológicas ou transtornos, busca-se identificar mecanismos psicológicos


e psicopatológicos característicos, antecedentes genético-familiares algo específicos e
respostas a tratamentos e intervenções mais ou menos previsíveis.
Em geral, quando se estudam os sintomas psicopatológicos, dois aspectos básicos devem
ser enfocados: a forma dos sintomas, isto é, sua estrutura básica, relativamente
semelhante nos diversos pacientes e nas diversas sociedades (a forma “alucinação”,
“delírio”, “ideia obsessiva”, “fobia”, etc.), e seu conteúdo, ou seja, aquilo que preenche
a alteração estrutural (o conteúdo de culpa, religioso, de perseguição, de um delírio, de
uma alucinação ou de uma ideia obsessiva, por exemplo).

Patogênese, representa o processo de como os diferentes sintomas da psicopatologia se


formam e se estruturam.

Patoplastia e a configuração e preenchimento dos conteúdos dos sintomas, ou seja,


como a forma é preenchida pelos temas específicos dos sintomas, os temas e histórias
que preenchem essas manifestações, dependentes da história de vida singular do
paciente e da cultura em que vive

A forma (patogênese) seria mais geral e universal, comum a todos os pacientes, em


todas ou quase todas as culturas, enquanto o conteúdo (patoplastia) seria algo bem mais
pessoal, dependendo da história de vida singular do indivíduo, de seu universo cultural
específico e da personalidade e cognição prévias ao adoecimento.

De modo geral, embora sejam pessoais, singulares, os conteúdos dos sintomas são
extraídos ou constituídos pelos temas centrais da existência humana, como sobrevivência
e segurança, sexualidade, ameaças e temores básicos (morte, doença, miséria, abandono,
desamparo, etc.), religiosidade, entre outros. Esses temas representam uma espécie de
substrato que participa como ingrediente fundamental na constituição da experiência
psicopatológica.

Biomédica
A perspectiva biomédica da psicopatologia classifica os distúrbios mentais como
qualquer outra doença, pois considera que as alterações psicopatológicas surgem devido
a anormalidades biológicas. Essas anormalidades podem ser genéticas, bioquímicas ou
neurológicas.
Desta forma, o tratamento é focado na correção das anormalidades orgânicas, não
levando em consideração as variáveis psíquicas e sociais da pessoa.
O profissional psiquiatra deve identificar a alteração anatômica (regiões cerebrais fora
do padrão de normalidade) ou bioquímica (função alterada dos elementos bioquímicos)
e procurar uma terapia específica, geralmente baseada em medicações.

• É preciso de um hospício para que as pessoas que estão fora entendam que não
são loucas”
• A Psicopatologia é geralmente entendida como um campo específico do
conhecimento: Psico-Pathos-Logos – o estudo do sofrimento psíquico.

psique - alma ou mente


pathos - sofrimento ou doença
logo - lógica ou o conhecimento

• Nesse sentido é uma área da Psiquiatria, em especial, mas não só da Psiquiatria


e que envolve a definição, concepções do que seja doença mental, descrição
do que são as doenças mentais, delimitação das categorias, montagens de
qualificação etc

Mais um pouco de Histeria

A histeria é uma psiconeurose cujos conflitos emocionais inconscientes surgem na forma


de uma severa dissociação mental ou como sintomas físicos (conversão),
independentemente de qualquer patologia orgânica ou estrutural conhecida, quando a
ansiedade subjacente é 'convertida' num sintoma físico. O termo origina-se do grego,
hystéra, que significa útero. Uma antiga teoria sugeria que o útero vagava pelo corpo e a
histeria era considerada uma moléstia especificamente feminina, atribuída a uma
disfunção uterina.

Na verdade, os sintomas histéricos podem se manifestar em homens e mulheres e são


mais comumente observados na adolescência. No final do século XIX, Jean Martin
Charcot (1825-1893), um eminente neurologista francês, que empregava a hipnose para
estudar a histeria, demonstrou que idéias mórbidas podiam produzir manifestações
físicas. Seu aluno, o psicólogo francês Pierre Janet (1859-1947), considerou como
prioritárias, para o desencadeamento do quadro histérico, muito mais as causas
psicológicas do que as físicas.

Posteriormente, Sigmund Freud (1856-1939), em colaboração com Breuer, começou a


pesquisar os mecanismos psíquicos da histeria e postulou em sua teoria que essa neurose
era causada por lembranças reprimidas, de grande intensidade emocional. Casos
clássicos de histeria, como aqueles frequentemente descritos pelos médicos do século
XIX, atualmente são raros e a maioria das psiconeuroses são formas mistas, nas quais os
sintomas histéricos podem estar mesclados com outros tipos de distúrbios neuróticos.

Os sintomas sensoriais e motores da histeria são denominados conversão pois


geralmente não seguem as costumeiras inervações do sistema nervoso.

Os distúrbios sensoriais podem:


Abranger os sentidos da visão, audição, paladar e olfato; variar desde sensações
peculiares até a hipersensibilidade ou anestesia total; causar grande sofrimento com
dores agudas, para as quais nenhuma causa orgânica pode ser determinada. Os
distúrbios motores podem incluir uma gama de manifestações, como paralisia total,
tremores, tiques, contrações ou convulsões. Afonia, tosse, náusea, vômito, soluços são
muitas vezes de origem histérica.

Episódios de amnésia e sonambulismo são considerados reações de


dissociação histérica.

Teoria Psicanalítica Clássica (PRIMEIRA TÓPICA)

1. Inconsciente, Pré-consciente, Consciente


Freud distinguiu três níveis de consciência, em sua inicial divisão topográfica da
mente:
Consciente - diz respeito à capacidade de ter percepção dos sentimentos,
pensamentos, lembranças e fantasias do momento;
2. Pré-consciente- relaciona-se aos conteúdos que podem facilmente
chegar à consciência;
3. Inconsciente- refere-se ao material não disponível à consciência ou ao
escrutínio do indivíduo. Freud : O Inconsciente (1915*) capítulo VI
percebemos alguns pontos que se referem, assim como o título do artigo, à
comunicação entre os dois sistemas (Cs. e Ics). Neste capítulo Freud nos traz uma
nova etapa que poderá interferir ou não na passagem da representação do Ics.
para o Cs, passando pelo Pcs. Dessa forma, chega-se primeiro ao Inconsciente,
(o primeiro traço depois da percepção e dos traços mnêmicos), depois passa-se
pelo Pré-consciente e só depois se chega à consciência. Entre o Ics. e o Pcs. fica
a barreira do recalque.

O que Freud trás de novo agora é que entre o Pcs. e o Cs. existe mais uma barreira, que
ele chama de Censura. Temos então três barreiras. Uma primeira entre o Ics e o Pcs que
se chama recalque (Verdrängung); uma segunda entre o Pcs e o Cs que é a censura
(Zensur); e uma outra externa ao sujeito, muito mais próxima de questões sociais e
culturais – a repressão (Unterdrückt). Cada uma delas parece cumprir um papel
diferente.
“Constitui fato marcante que o Ics. de um ser humano possa reagir ao de outro, sem
passar através do Cs.” (Freud, 1915/1974, p.219-220). Aqui e em outros pontos de sua
obra ele nos traz sua concepção de que o Ics., está dentro de cada sujeito, é individual, e
esse Ics. pode afetar o de outra pessoa.

Jacques Lacan, no que se refere ao Inconsciente constrói outra conceituação, e um dos


atributos do Inconsciente em Lacan é que ele é estruturado como uma linguagem, e tem
um caráter transindividual, mas isso é assunto para outro momento.
Inconsciente – Ics

SIGISMUND SCHLOMO FREUD

É constituído na primeira infância. Somente do desprazer vai para o Ics. O que é do Ics
não se lembra, se repete. O Ics NÃO tem palavra, tem outra linguagem (que o analista
precisa conhecer). O Psicanalista te como trabalho ver e ouvir o que não se mostra e não
se diz. O Ics faz cadeias associativas entre ideias por meio do processo de representação,
por isso, pode ser acessado por meio da ASSCIAÇÃO LIVRE DE IDEIAS.

O Ics é um modo de funcionamento, NÃO uma estrutura física.

Freud desenvolveu a teoria psicanalítica, baseado em sua experiência clínica.


O ponto nuclear dessa teoria é o postulado da existência do inconsciente
como:

a) um receptáculo de lembranças traumáticas reprimidas;


b) um reservatório de impulsos que constituem fonte de ansiedade, por
serem socialmente ou eticamente inaceitáveis para o indivíduo.

As motivações inconscientes estão disponíveis para a consciência, apenas de forma


disfarçada. Sonhos e lapsos de linguagem, por exemplo, são exemplos dissimulados de
conteúdos inconscientes não confrontados diretamente. Muitos experimentos da
Psicobiologia vêm corroborando a validade das idéias psicanalíticas sobre o
inconsciente.
ID, EGO, SUPEREGO

De acordo com a teoria estrutural da mente, o id, o ego e o superego funcionam em


diferentes níveis de consciência. Há um constante movimento de lembranças e impulsos
de um nível para o outro.

O id é o reservatório inconsciente das pulsões, as quais estão sempre ativas. Regido pelo
princípio do prazer, o id exige satisfação imediata desses impulsos, sem levar em conta
a possibilidade de conseqüências indesejáveis.

O ego funciona principalmente a nível consciente e pré-consciente, embora também


contenha elementos inconscientes, pois evoluiu do id. Regido pelo princípio da
realidade, o ego cuida dos impulsos do id, tão logo encontre a circunstância adequada.
Desejos inadequados não são satisfeitos, mas reprimidos. Apenas parcialmente
consciente, o superego serve como um censor das funções do ego (contendo os ideais do
indivíduo derivados dos valores familiares e sociais), sendo a fonte dos sentimentos de
culpa e medo de punição.

Psicanálise – O que é??


Psicanálise é:

1. o nome de um procedimento para investigação de processos mentais,


praticamente inacessíveis de outra forma, especialmente vivências internas e
profundas como pensamentos, sentimentos, emoções, fantasias e sonhos; 2. um
método (baseado nessa investigação) para o tratamento as neuroses; 3. um
acúmulo sistemático de conhecimentos sobre a mente, obtidos através desse
procedimento, que gradualmente está se tornando uma nova ciência.

Como Freud chegou a METAPSICOLOGIA?

Primeira tópica
Estrutura: Consciente e Inconsciente
Teoria: Ab-reação*
Método: Hipnose
Técnica: Catarse e superação do trauma.
Depois acontece a descoberta do Pré-consciente e as repressões
Estrutura: Consciente (Cs), Pré-Consciente (PCs) e Inconsciente (Ics)
Segunda Tópica:
Estrutura: ID, EGO e SUPEREGO
Método: Associação Livre de ideias
Técnica Interpretação e ressignificação de representações; transferência; resistência
*substantivo feminino psic descarga emocional pela qual um indivíduo se liberta do afeto
que acompanha a recordação de um acontecimento traumático [Pode ser provocada, por
exemplo, por hipnose, ou ocorrer de forma espontânea no decorrer do processo
psicoterápico.].

Representações:

Pcpt = Perceptivo
Mnem= Traços de Memória
Ics= Inconsciente
Pcs = Pré Consciente
M= Motor.

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