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Os discípulos seguiam ao lado do mestre, aprendendo com ele, numa observação direta,
o manejo dos distúrbios mentais. Esse modelo de clínica permaneceu no século XIX. No
final do século XIX, com as pesquisas de Charcot, a clínica do olhar ganhou força
quando ele passou a demonstrar para seus discípulos que podia introduzir e retirar
sintomas utilizando o método hipnótico. Tais demonstrações tinham o intuito de mostrar
que, no caso das histéricas, as paralisias de membros não provocavam lesões, ao
contrário do que os médicos pensavam. Com essa descoberta, Charcot se consagrou
como o mestre das histéricas.
Psicopatologia contém a palavra grega pathos, que, em sua origem, possui vários
significados. Dois conceitos, bastante diferentes, interessam-nos sobremaneira: o
passional, a paixão, a passividade; e o patológico, a doença, presente no diagnóstico
médico. A fronteira que separa estas duas perspectivas é frágil e varia de acordo com as
épocas e as civilizações (MARTINS apud CECCARELLI, 2003, p. 13-25).
Nessa perspectiva, o homem não é responsável por suas paixões, pois não as escolhe.
Contudo, torna-se responsável pela influência delas nas suas ações, sendo possível julgar
o aspecto ético do sujeito. Essa era a ideia defendida por Aristóteles. Assim, a virtude
estaria naquele que age em harmonia com suas paixões, alcançando o equilíbrio
logos/paixão. Estaria nessa balança o “crime passional”, assim como as grandes obras,
tendo a paixão como impulsionadora desses dois opostos.
Se, de um lado, a Ética a Nicômaco, de Aristóteles (a ética das virtudes) é uma ética para
todos e questiona o que é bom ou o bem e, por outro lado, a ética de Kant é uma ética do
imperativo categórico universal (a ética dos deveres), a ética da psicanálise ocupa-se da
singularidade da experiência humana, em um imperativo original. Nesse sentido, trata-se
de uma ética do bem dizer gerada na clínica psicanalítica, relativa ao campo da
linguagem. É uma prática que envolve o discurso do analista, do suposto saber, no qual o
desejo se implica eticamente, não como desejo de fazer o bem, mas como um operador
de um discurso e, pelo lado do analisante, há uma relação da ação do sujeito com o
desejo que o habita. Assim sendo, o inconsciente, objeto de estudo da psicanálise,
implica-o em seus atos ao revelar as inscrições do desejo nos sintomas, atos falhos,
chistes, sonhos, lapsos e esquecimento (AZENHA, 2011). É o desejo recalcado que se
representa nessas facetas.
Para a psicanálise, o agente da castração simbólica é o pai e, nesse sentido, fica mais
acentuada do que revelada a verdadeira função do pai que é, essencialmente, unir (e não
opor) um desejo à Lei (AZENHA, 2011, p. 67).
Há no sujeito formas de subjetivar de acordo com o meio, familiar e social, em que ele
se constitui. De outro modo, a cultura e a época em que o sujeito vive também definem
nele as formas de subjetivação. Na Antiguidade, o poder era prerrogativa do homem, o
qual ocupou o papel central na família. O direito era muito limitado para as mulheres e
as crianças. Durante a Idade Média, a vida das crianças piorou e as mulheres estavam
sob o domínio dos homens. Nesse período, a guerra era o principal modo de relação
social. Em vista disso, a liberdade de expressão das pulsões e da gratificação dos
impulsos se exacerbou nessa época em que as mulheres eram vistas como objeto sexual,
sujeitas aos ímpetos dos homens. No período medieval, não havia restrição de
circulação da criança no mundo adulto, pois não havia ainda uma diferenciação entre
adultos e crianças, nem as famílias eram responsáveis pela educação delas.
A psicanálise torna-se, desde sua descoberta por Freud, um balizamento de escuta para a
cura dos sintomas do sofrimento. Sintomas que vêm expressar, por meio de uma
metáfora, a verdade do sujeito. Há uma relação de afetos, que mantém a produção de
sintomas com a verdade e que abarca um “saber” inconsciente sobre o sujeito. Desse
modo, o sintoma evidencia algo que tem uma significação e que está relacionado à
história de cada um. Assim, não se pode perder de vista as relações do sintoma com a
estruturação subjetiva do sujeito (VITORELLO, 2011).
Para Rodulfo (apud VITORELLO, 2011), o discurso familiar é para o sujeito o “tesouro
de significantes”, lugar de onde retira as significações para sua inscrição no universo
simbólico. Ao salientar a importância do “mito familiar”, o autor diferencia-o de história
familiar. O mito diz respeito ao lugar ocupado pela criança na família, sua posição em
relação ao campo desejante dos pais, incluindo tanto os processos ou tramas imaginárias
(as fantasias e o brincar) como as funções parentais (materna, paterna, dos irmãos).
Muito tem sido discutido sobre as funções parentais e as novas configurações familiares
na contemporaneidade. Como identificar esses conflitos no sujeito?
É importante ressaltar que ele buscou seu significado nos fenômenos que causam
estranheza. Assim, constatou que entre os exemplos de coisas assustadoras existe uma
classe em que o elemento que amedronta pode se mostrar como algo recalcado que
retorna. Contudo, o estranho não é nada novo ou alheio ao sujeito, mas algo que é
familiar e há muito nele instalado, sendo que somente teria se alienado de sua
consciência por uma operação de recalcamento (THONES; PEREIRA, 2013). A partir
disso se pensa na conexão do estranho com a alteridade, ou seja, há um enlaçamento do
estranho com a diferença, com a alteridade, com o outro da relação.
O sentimento do estranho no âmbito social se apresenta como pendular, relativo e
relacional; oscila entre sentimentos amorosos e hostis, entre a representação de si mesmo
e a representação dos outros. Portanto, o estranho se constitui como um território
minado. Muitas são as definições e as relações que se fazem em torno dessa paradoxal
categoria, na qual se busca compreender sobre um afeto e uma representação. O
estranho mantém íntima relação com o que é próprio, aparecendo, assim, como o duplo
do mesmo.
O duplo constitui, para Freud no seu ensaio sobre o estranho, um componente psíquico
de fundamental importância. Rank (apud FREUD, 2006) constata que o duplo, como
negação do poder da morte, se torna uma segurança para o sujeito contra a destruição do
eu. As produções literárias de ficção da época, observadas por Rank, segundo Freud em
1914, indicavam a correlação direta do escrito com o psiquismo do escritor. Freud
aprofundou essa noção de relações contra a castração na linguagem dos sonhos e no
narcisismo primário. A partir de Freud, a psicanálise vem desvendando a topologia do
sujeito de tal forma que se pode afirmar hoje, com segurança, que toda forma de
expressão do sujeito guarda relação intrínseca com o mesmo. Todas as representações se
mostram por meio do enunciado do discurso e no discurso do enunciado, como afirma
Lacan. Nesse sentido, o duplo ocuparia o espaço da sombra, dos fantasmas que
retornam, dos reflexos perdidos, de sujeitos que na ficção procurariam persistir à morte.
Considerações finais
que não levam em conta a particularidade da dinâmica pulsional do sujeito. A tão falada
globalização da atualidade, ao produzir a subjetividade que lhe é própria, arrasta consigo
o padecimento psíquico na forma de mal-estar, fruto das marcas da sociedade e desse
momento histórico. Assim sendo, acredita-se que o sofrimento psíquico impingido à
humanidade atual culminará numa reorganização para uma nova visão de mundo.
A Histeria
A psicanálise começou tratando do problema dos sofrimentos neuróticos histéricos que o
médico tentava diminuir ou eliminar, e não pela construção de um sistema teórico —
seja empírico seja especulativo — sobre a organização do psiquismo humano. Farei,
aqui, um pequeno desenvolvimento histórico, que vai dos dados empíricos e das
formulações da psiquiatria sobre a histeria, na época de Freud, até as principais
formulações freudianas sobre esse problema. Será possível mostrar de que modo as
formulações teóricas da psicanálise freudiana são exigências de solubilidade de
problemas empíricos, apoiadas, no entanto, em concepções fundamentais especulativas
que constituem a própria metapsicologia. Tratase, aqui, de buscar no texto de Freud a
confirmação destas hipóteses, mostrando a presença e a inserção destes conceitos
ficcionais que contribuíram para reformular o modo de compreensão das
psicopatologias. Quando jovem, Freud desejava manter-se no laboratório de fisiologia
de Brücke, a quem “venerava acima de tudo” (Freud, 1925d, p. 58), até que, em 1882, o
próprio Brücke o “exortara de forma incisiva, visto [sua] péssima situação material, a
abandonar a carreira teórica” (Ibid., p. 58).
A psiquiatria alemã considerava, grosso modo, que as doenças das quais se ocupava
eram causadas por algum dano no sistema nervoso, constitucional ou devido a uma
lesão ou a uma inflamação. É neste ambiente que Freud se forma e, como pesquisador,
começa a se aproximar do problema das histerias. Nele encontra Breuer, que já era um
médico extremamente bem-sucedido e de renome, que se torna para ele um amigo,
conselheiro e protetor.
Nesse momento, Freud, ainda residente de medicina, não tinha seu próprio consultório,
mas Breuer tem pacientes histéricas, o que colaborou para aproximar Freud desse
problema. Após dois anos de trabalho junto aos doentes dos nervos no Hospital Geral de
Viena, Freud resolve pedir uma bolsa para seguir seus estudos em Paris, junto a Charcot,
no ano acadêmico de 1885-86. Para ele, o aprendizado numa universidade alemã chegara
já a seu termo, enquanto que “a escola francesa de neuropatologia oferecia muito de
novo e singular em sua modalidade de trabalho” (Freud, 1956 [1886], p. 5); mais ainda,
a falta de diálogo efetivo entre a psiquiatria alemã e a francesa resultava num
julgamento negativo das propostas de Charcot, o que ele via com reservas.
É com tal quadro em mente que Freud resolve ver de perto o que o psiquiatra francês
estava realizando: “... aproveitei com entusiasmo a oportunidade [de uma bolsa de
estudos] que me era oferecida para formar, com minha própria experiência, um juízo
fundado sobre as mencionadas séries de fatos”. (Ibid., p. 5-6) A passagem de Freud por
Paris marcou uma virada na história da psicanálise, pois o colocou na rota do método de
tratamento psicanalítico. O próprio Freud comenta o impacto que Charcot teve na sua
vida intelectual: Charcot, que é um dos maiores médicos cuja razão confirma o gênio,
está simplesmente demolindo minhas concepções e meus planos. Aconteceu-me sair de
seus cursos como se eu saísse de Notre-Dame, pleno de novas idéias sobre a perfeição.
Mas ele me esgota e, quando eu o deixo, não tenho nenhuma vontade de trabalhar nos
meus próprios trabalhos, tão insignificantes; eis três dias inteiros em que não tenho nada
a fazer, e não sinto nenhum remorso. A semente produzirá seu fruto? Eu ignoro; mas o
que sei é que nenhum homem teve tanta influência sobre mim. (Freud, 1960a, p. 197,
carta de 24/11/1885).
A teoria que afirma estar a histeria relacionada com desejos sexuais frustrados jamais
chegou a ser totalmente abandonada. Charcot irá se apoiar, mais tarde, nessas
concepções de Briquet, recusando-se a reduzir a histeria a uma neurose sexual, ainda
que reconhecesse que o componente sexual tinha um grande papel na vida de seus
pacientes histéricos (Ibid., p. 175). Quando Freud chega a Paris, a histeria já é um
problema médico cuja gênese é atribuída à hereditariedade, às lesões ou inflamações do
sistema nervoso que causam dano ou disfunção de seu funcionamento.
Em 1888, quando Freud escreve o verbete Histeria para um dicionário de medicina geral,
ele ainda a apresenta muito mais como uma “anomalia constitucional do que como uma
afecção produzida” (Freud, 1888b, p. 57).
A terapia consiste, pelo lado profilático, em tentar evitar, num paciente com
predisposição histérica, a manifestação da doença. Por isso, deve-se “desaconselhar que
[o paciente com predisposição] submeta seu sistema nervoso a trabalhos excessivos,
tratar a anemia [...] e, por último, reduzir o significado dos sintomas histéricos leves”
(Ibid., p. 62).
Por outro lado, o tratamento dos sintomas histéricos efetivos, para os quais o método
catártico de Breuer é o mais eficaz, “consiste em reconduzir o enfermo, hipnotizado, à
pré-história psíquica do padecer, levando-o a confessar, na ocasião psíquica, a raiz da
qual se gerou a perturbação correspondente. Este método terapêutico é bem recente, mas
tem mostrado êxitos terapêuticos que não se encontra de outro modo.” .
Como as fantasias dos pacientes se apresentavam como tendo o mesmo poder dos
acontecimentos reais, tanto um como outro teriam a capacidade de produzir traumas
psíquicos. Assim, Freud foi obrigado a conceber o conflito, causa do sintoma, como um
problema produzido no interior do psiquismo. Se antes tínhamos um conflito sexual
entre um desejo adulto e um sentimento infantil, agora temos, um interesse sexual
interno que parece atacar o próprio paciente.
Mas por que Freud especula? Ele diz claramente ter passado “da apresentação descritiva
à concepção dinâmica” (Freud, 1916-17, p. 400), pois considera que a psicologia que se
mantém apenas nesse nível descritivo – ou noutros termos, apenas no campo da
consciência –, jamais obterá uma explicação completa da série de determinações causais
que produzem os fenômenos psíquicos.
Para Freud, o ponto de vista dinâmico está fundado sobre uma mitologia das pulsões
(Freud, 1933a, p. 178), quer dizer, sobre um conceito que é um mito e, como todo mito,
indecidível empiricamente. O objetivo dessa ficção teórica não é oferecer uma hipótese
que se espera verificável futuramente como verdadeira ou falsa – em função de sua
correspondência com um referente na realidade objetiva dos fatos –, mas sim de ser útil
para fornecer uma explicação e/ou resolução dos problemas aos quais se aplica e, nesse
sentido, tornar possível agir sobre eles. Ou seja, essa especulação tem, para Freud, um
valor apenas heurístico e não um valor objetivo (empírico). Isso não constitui uma
inovação na história da ciência, mas a reiteração de uma determinada metodologia de
pesquisa, claramente reconhecível em diversos cientistas do século XIX, importantes
para a formação de Freud.
A Histeria
O que é histeria e quais os principais sintomas?
Problemas psicológicos
A histeria começou a ser percebida e estudada por Freud entre 1895 e 1969. Naquela
época, não existia uma explicação plausível ou alterações orgânicas que a justificassem.
Ela foi, então, encaixada no grupo das neuroses. Neste artigo falaremos sobre sua
definição e de como ela se manifesta.
O que é a histeria?
O histérico finge doenças inexistentes, sabe que seu sofrimento não é real, mas o
utiliza para escapar de uma situação que para ele é insuperável ou apenas para
satisfazer uma necessidade. Ao longo de suas observações e estudos voltados
principalmente para o famosos caso "Ana O.", Freud identificou que as manigestações
físicas eram conversão de lembranças reprimidas de grande intensidade emocional. Nos
dias atuais, este mecanismo de conversão facilmente seria entendido através do conceito
de psicossomática.
Há algo em comum a todos os histéricos: procuram sempre chamar a atenção para si,
seja provocando ciúmes, compaixão ou enaltecendo sua superioridade. Para tratar um
histérico é preciso recorrer a um psicólogo especializado. E, dependendo da gravidade
do caso, será necessário ainda o acompanhamento com um psiquiatra, para aliar o uso de
medicamentos antidepressivos e ansiolíticos à terapia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de
doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Essa
definição, até avançada para a época em que foi realizada, é, no momento, irreal,
ultrapassada e unilateral.
Não se deseja, enfocar o subjetivismo que tanto a expressão "perfeição", como "bem
estar" trazem em seu bojo. Mas, ainda que se recorra a conceitos "externos" de avaliação
(é assim que se trabalha em Saúde Coletiva), a "perfeição" não é definível. Se se
trabalhar com um referencial "objetivista", isto é, com uma avaliação do grau de
perfeição, bem estar ou felicidade de um sujeito externa a ele próprio, estar-se-á
automaticamente elevando os termos perfeição, bem-estar ou felicidade a categorias que
existem por si mesmas e não estão sujeitas a uma descrição dentro de um contexto que
lhes empreste sentido, a partir da linguagem e da experiência íntima do sujeito. Só
poder-se-ia, assim falar de bem-estar, felicidade ou perfeição para um sujeito que, dentro
de suas crenças e valores, desse sentido de tal uso semântico e, portanto, o legitimasse.
Por outro lado, a angústia (com oscilações), tendo essa angústia repercussão somática
maior ou menor (por exemplo, um cólon irritativo ou uma gastrite), configura situação
habitual, inerente às próprias condições do ser humano. Divergir de posturas da
sociedade, e até marginalizar-se ou de ser marginalizado frente a essa mesma sociedade,
não obstante o sofrimento que essas situações trazem, é comum e até desejável para o
homem sintonizado com o ambiente em que vive
As doenças mentais podem ter causas orgânicas, quando têm causas físicas evidentes
(como na doença de Alzheimer), ou causas não orgânicas, quando não é possível
identificar claramente alterações orgânicas cerebrais.
Já a semiologia psicopatológica, por sua vez, é o estudo dos sinais e sintomas dos
transtornos mentais.
Entende-se por semiologia médica o estudo dos sintomas e dos sinais das doenças, o
qual permite ao profissional da saúde identificar alterações físicas e mentais, ordenar os
fenômenos observados, formular diagnósticos e empreender terapêuticas.
De fato, a semiologia geral como ciência dos signos foi postulada pelo linguista suíço
Ferdinand de Saussure.
O signo é o elemento nuclear da semiologia; ele está para a semiologia assim como a
célula está para a biologia e o átomo para a física. O signo é um tipo de sinal. Define-se
sinal como qualquer estímulo emitido pelos objetos do mundo. Assim, por exemplo, a
fumaça é um sinal do fogo, a cor vermelha, do sangue, etc.
Os sinais, por sua vez, são definidos como dados elementares das doenças que são
provocados (ativamente evocados) pelo examinador (sinal de Romberg, sinal de
Babinski, etc.). Segundo o linguista russo Roman Jakobson (1896-1982), já os antigos
filósofos estoicos desmembraram o signo em dois elementos básicos: signans (o
significante) e signatum (o significado) (Jakobson, 1962; 1975). Assim, todo signo é
constituído por estes dois elementos:
✔ o ícone,
✔ o indicador e
✔ o símbolo
O ícone é um tipo de signo no qual o elemento significante evoca imediatamente o
significado, graças a uma grande semelhança entre eles, como se o significante fosse
uma “fotografia” do significado. O desenho esquemático no papel de uma casa pode ser
considerado um ícone do objeto casa.
Os sintomas médicos e psicopatológicos têm, como signos, uma dimensão dupla. Eles
são tanto um índice (indicador) como um símbolo. O sintoma como índice sugere uma
disfunção que está em outro ponto do organismo ou do aparelho psíquico; porém, aqui, a
relação do sintoma com a disfunção de base é, em certo sentido, de contiguidade.
Campbell (1986) define a psicopatologia como o ramo da ciência que trata da natureza
essencial da doença ou transtorno mental – suas causas, as mudanças estruturais e
funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação.
Entretanto, nem todo estudo psicopatológico segue a rigor os ditames de uma “ciência
dura”, “ciência sensu strictu”. A psicopatologia, em acepção mais ampla, pode ser
definida como o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser
humano. É um conhecimento que se esforça por ser sistemático, elucidativo e
desmistificante.
Como conhecimento que visa ser científico, a psicopatologia não inclui critérios de
valor, nem aceita dogmas ou verdades a priori. Ao se estudar e praticar a
psicopatologia, não se julga moralmente aquilo que se estuda; busca-se apenas observar,
identificar e compreender os diversos elementos do transtorno mental. Além disso, em
psicopatologia, deve-se rejeitar qualquer tipo de dogma, qualquer verdade pronta e
intocável, seja ela religiosa, seja ela filosófica, psicológica ou biológica; o conhecimento
que se busca está permanentemente sujeito a revisões, críticas e reformulações. Ou seja,
a psicopatologia como ciência dos transtornos mentais requer um debate científico e
público constante de todos os seus postulados, noções e verdades encontradas.
A psicopatologia tem boa parte de suas raízes na tradição médica com a observação
prolongada e cuidadosa de um considerável contingente de pessoas com transtornos
mentais. Em outra vertente, a psicopatologia nutre-se de uma tradição humanística e
universitária (filosofia, literatura, artes, psicologia, psicanálise), a qual sempre viu na
“alienação mental”, no pathos do sofrimento mental extremo, uma possibilidade
excepcionalmente rica de reconhecimento de dimensões humanas que, sem o fenômeno
“doença mental”, permaneceriam desconhecidas.
De modo geral, embora sejam pessoais, singulares, os conteúdos dos sintomas são
extraídos ou constituídos pelos temas centrais da existência humana, como sobrevivência
e segurança, sexualidade, ameaças e temores básicos (morte, doença, miséria, abandono,
desamparo, etc.), religiosidade, entre outros. Esses temas representam uma espécie de
substrato que participa como ingrediente fundamental na constituição da experiência
psicopatológica.
Biomédica
A perspectiva biomédica da psicopatologia classifica os distúrbios mentais como
qualquer outra doença, pois considera que as alterações psicopatológicas surgem devido
a anormalidades biológicas. Essas anormalidades podem ser genéticas, bioquímicas ou
neurológicas.
Desta forma, o tratamento é focado na correção das anormalidades orgânicas, não
levando em consideração as variáveis psíquicas e sociais da pessoa.
O profissional psiquiatra deve identificar a alteração anatômica (regiões cerebrais fora
do padrão de normalidade) ou bioquímica (função alterada dos elementos bioquímicos)
e procurar uma terapia específica, geralmente baseada em medicações.
• É preciso de um hospício para que as pessoas que estão fora entendam que não
são loucas”
• A Psicopatologia é geralmente entendida como um campo específico do
conhecimento: Psico-Pathos-Logos – o estudo do sofrimento psíquico.
O que Freud trás de novo agora é que entre o Pcs. e o Cs. existe mais uma barreira, que
ele chama de Censura. Temos então três barreiras. Uma primeira entre o Ics e o Pcs que
se chama recalque (Verdrängung); uma segunda entre o Pcs e o Cs que é a censura
(Zensur); e uma outra externa ao sujeito, muito mais próxima de questões sociais e
culturais – a repressão (Unterdrückt). Cada uma delas parece cumprir um papel
diferente.
“Constitui fato marcante que o Ics. de um ser humano possa reagir ao de outro, sem
passar através do Cs.” (Freud, 1915/1974, p.219-220). Aqui e em outros pontos de sua
obra ele nos traz sua concepção de que o Ics., está dentro de cada sujeito, é individual, e
esse Ics. pode afetar o de outra pessoa.
É constituído na primeira infância. Somente do desprazer vai para o Ics. O que é do Ics
não se lembra, se repete. O Ics NÃO tem palavra, tem outra linguagem (que o analista
precisa conhecer). O Psicanalista te como trabalho ver e ouvir o que não se mostra e não
se diz. O Ics faz cadeias associativas entre ideias por meio do processo de representação,
por isso, pode ser acessado por meio da ASSCIAÇÃO LIVRE DE IDEIAS.
O id é o reservatório inconsciente das pulsões, as quais estão sempre ativas. Regido pelo
princípio do prazer, o id exige satisfação imediata desses impulsos, sem levar em conta
a possibilidade de conseqüências indesejáveis.
Primeira tópica
Estrutura: Consciente e Inconsciente
Teoria: Ab-reação*
Método: Hipnose
Técnica: Catarse e superação do trauma.
Depois acontece a descoberta do Pré-consciente e as repressões
Estrutura: Consciente (Cs), Pré-Consciente (PCs) e Inconsciente (Ics)
Segunda Tópica:
Estrutura: ID, EGO e SUPEREGO
Método: Associação Livre de ideias
Técnica Interpretação e ressignificação de representações; transferência; resistência
*substantivo feminino psic descarga emocional pela qual um indivíduo se liberta do afeto
que acompanha a recordação de um acontecimento traumático [Pode ser provocada, por
exemplo, por hipnose, ou ocorrer de forma espontânea no decorrer do processo
psicoterápico.].
Representações:
Pcpt = Perceptivo
Mnem= Traços de Memória
Ics= Inconsciente
Pcs = Pré Consciente
M= Motor.