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DIREITO AGRÁRIO

ATIVIDADES SUPERVISIONADAS

Professora: Ma. Edna Soares da Silva

EXIGÊNCIA:

1. A peça pode ser digitada (pdf) e enviada no e-mail:


sol_edna123@hotmail.com

2. Pode ser feita individualmente ou em grupo (até 03 acadêmicos/as).

3. Entregue até 15/06/2021

Obs.: Caso haja cópia ou peças semelhantes – a avaliação terá nota 0,0 (zero).

SITUAÇÃO-PROBLEMA

Caio Sem Eira e Nem Beira, realizou o sonho de uma vida, ao adquirir do
Senhor Sebastião Das Couves, uma área de terra localizada na Área Rural de
Paraíso Sem fim, em 22 de outubro do ano de 2010. O referido imóvel possuiu
uma área total de 45 hectares, com seus limites e confrontações estabelecidos
no Instrumento Particular de Compra e Venda, documento pelo qual a
aquisição foi formalizada. Caio Sem Eira e Nem Beira e sua família, tão logo a
compra foi realizada, mudou-se definitivamente para a propriedade e passou a
cultivar a terra. Na referida área, todos os membros da família laboram e houve
uma significativa melhora das condições econômicas, pois a pequena
propriedade consegue manter as necessidades da família e ainda possibilita
fornecer nos mercados e na feira da região os produtos que ali são cultivados.

Porém, recentemente, Caio foi procurado por José do Martelos que mostrou
certidão de registro do imóvel da referida propriedade avisando que buscará
reaver a posse do imóvel pela via judicial se, amigavelmente Caio Sem Eira e
Nem Beira não concordar com tal desiderato.

Caio Sem Eira e Nem Beira procura você, como advogado (a), para resolver o
caso em tela. Com base em tais fatos, elabore a peça processual adequada!
AO JUÍZO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE _____.

Caio Sem Eira e Nem Beira, estado civil, profissão, inscrito no


Cadastro de Pessoa Física sob nº, RG nº, endereço eletrônico, residente e
domiciliado na rua, nº, bairro, cidade, estado, CEP, por seu advogada que esta
subscreve, pelo instrumento de mandato em anexo, com escritório situado na
rua, nº, bairro, cidade, estado, CEP, endereço eletrônico, onde recebe
intimações e avisos, vêm mui respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 1.942, do Código Civil, propor a presente

AÇÃO DE USOCAPIÃO RURAL ORDINÁRIA

em face de José dos Martelos, estado civil, profissão, inscrito


no Cadastro de Pessoa Física sob nº, RG nº, residente e domiciliado na rua, nº,
bairro, cidade, estado, CEP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Inicialmente, a parte autora roga pela concessão da gratuidade


da justiça, uma vez que, devido a sua pouca condição financeira, deve ser
considerada pobre na forma da lei e assim o sendo, faz jus, nos termos do
artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal de 1988, bem como com fulcro
no art. 98 e seguintes do CPC, a gratuidade da justiça, tudo conforme
declaração de hipossuficiência anexa.

II – DOS FATOS

Tem-se que o Requerente possui a seguinte propriedade rural:


(descrição completa da propriedade rural), com uma área total de 45 hectares.
O autor adquiriu, de forma onerosa, tal propriedade do sr.
Sebastião Das Couves, em 22 de outubro de 2010, tendo formalizado o
negócio por meio de um instrumento de compra de venda.

O Requerente, com animus domini, acreditando ser de fato o


proprietário do imóvel, estabeleceu ali sua residência e, através do cultivo da
terra, provém a subsistência de toda a sua família.

Ademais, nesse quase 11 (onze) anos, nunca sofreu qualquer


tipo de contestação ou impugnação por parte de quem quer que seja, sendo a
sua posse, portanto, legitima, mansa, pacífica, e ininterrupta durante todo esse
período. O requerente, desde que entrou para o imóvel, agiu como se fosse
seu, de boa-fé, conferindo à propriedade função social.

Ocorre que, após quase 11 (onze) anos da realização do


negócio, o Requerente foi surpreendido pelo Requerido, o sr. José dos
Martelos que, em posse da certidão de registro do imóvel da referida
propriedade, pleiteia reavê-la afirmando ser o proprietário.

O Requerente em momento algum teve ciência de que não era


proprietário do referido imóvel rural, tendo, inclusive, o contrato de compra e
venda que acreditava ser hábil a comprovar que o imóvel lhe pertencia.

Dessa forma, estando presentes todos os requisitos legais


exigidos, o autor faz jus à presente ação, convalidando-se na aquisição da
propriedade.

III – DO DIREITO

Assegura o art. 1.242, do CC que adquirirá a propriedade do


imóvel, mediante usucapião ordinária, a situação fática que apresentar a junção
de alguns elementos fundamentais, quais sejam, posse mansa, pacífica e
ininterrupta de um determinado imóvel; lapso temporal de 10 (dez) anos, e
ainda a constatação de que o possuidor esteja agindo de boa-fé e tenha a seu
favor um justo título. In verbis:

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele


que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o
possuir por dez anos.
Salienta-se que aquele que possui um justo título, tem a seu
favor a presunção de que é possuidor de boa-fé, conforme determina o art.
1.201, parágrafo único, do CC, in verbis:

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício,


ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.

Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a


presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei
expressamente não admite esta presunção.

A jurisprudência também anuncia os requisitos indispensáveis


para a configuração do usucapião ordinário e esclarece:

APELAÇÃO CÍVEL – USUCAPIÃO ORDINÁRIO –


REQUISITOS PREENCHIDOS – PROCEDÊNCIA DO
PEDIDO INICIAL. Para o reconhecimento da prescrição
aquisitiva delineada pelo artigo 551 do antigo Código Civil
erigem-se como requisitos a) posse mansa, pacífica, e
ininterrupta, exercida com intenção de dono; b)
decurso do tempo de dez anos entre presentes, ou de
quinze anos entre ausentes; c) justo título, mesmo
que este contenha algum vício ou irregularidade; e
boa-fé. Justo título não quer dizer título perfeito. É
qualquer fato jurídico apto à transmissão de domínio,
ainda que não registrado. A ação de usucapião compete
também ao possuidor a non domino. (Número do
processo: 2.0000.00.446409-7/000 1 Relator: DOMINGOS
COELHO Data do acordão: 23/02/2005. Data da
publicação: 05/03/2005) (grifo nosso).

Em matéria de usucapião, justo título é todo fato ou ato-jurídico


hábil em tese para a transmissão da propriedade, mas que, eventualmente,
devido a defeitos graves, torna-se inoperante. Assim, a compra e venda, a
doação uma vez que preencham as formalidades legais indispensáveis, são
justos títulos para o usucapião, quando a transmissão, na hipótese, não se
opera devido a outros vícios ou defeitos dentre os quais se destaca, pela sua
importância prática, a transmissão “a non domino.”
Conforme ensina o civilista Astolfo de Rezende, o possuidor de
boa-fé deve acreditar que aquele que lhe transmitiu a posse tinha, no momento
em que se operou a transmissão a capacidade jurídica necessária para alienar,
e o direito de alienar os bens que transmitiu (Da Posse e sua Proteção”, vol. I,
pág. 406).

É o que se observa no caso em contento. O Requerente


acreditou ter adquirido a propriedade rural de quem, de fato, detinha sua
propriedade, acreditando ainda, que o contrato de compra e venda seria
documento hábil para provar tal aquisição e sua propriedade.

Em verdade, a maior parte dos casos de usucapião ordinário


são justamente aqueles em que o vício do justo título é a ausência de domínio
por parte do transmitente, ou seja, são casos de aquisição a “non domino.”

IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer perante a Vossa Excelência, que


seja julgada procedente a presente ação, concedendo ao autor a propriedade
do imóvel. Para tanto, pede e requer:

a) Que seja citado o Requerido, que é o proprietário do imóvel litigioso para


responder a presente ação.

b) Que sejam intimados, por via postal, os representantes da Fazenda Pública


da União, Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios para que
manifestem eventuais interesses na causa.

c) Intimação do Ministério Público, cuja manifestação se faz obrigatória no


presente feito.

d) Que a sentença seja transcrita no registro de imóveis, mediante mandado,


por constituir esta, título hábil para o respectivo registro junto ao Cartório de
Registro de Imóveis

Pretende o Requerente provar suas argumentações fáticas,


documentalmente, apresentando desde já os documentos acostados à peça
exordial, protestando pela produção das demais provas que eventualmente se
fizerem necessárias no curso da lide.
Termos em que

Pede e espera deferimento.

Cidade/Estado, data.

ADVOGADO

OAB

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