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OBJETIVOS
ASPECTOS HISTÓRICOS
A ORIGEM
O conceito moderno de doença bipolar nasce no Séc. XIX em Paris, pela mão
de dois clínicos – Jean Pierre Falret e Julles Baillarger que descreveram
respectivamente a “loucura circular” e a “loucura com dupla forma”. Para ambos os
autores, havia uma doença com episódios cíclicos de depressão e mania, embora
para Falret a doença pudesse ter intervalos livres de sintomas, enquanto que para
Baillarger só deveriam ser considerados os episódios de “dupla forma”, isto é aqueles
em que, sem intervalo livre, a mania virava para depressão ou vice-versa. De facto,
sendo a doença bipolar uma patologia com um curso cíclico e altamente variável, só
estudos longitudinais a longo termo poderiam clarificar o seu estatuto nosológico.
Assim aconteceu quando Emil Kraepelin, nos finais do séc. XIX, estuda
longitudinalmente, de forma rigorosa e empírica, centenas de doentes psicóticos.
Verifica então que apesar da variabilidade sindromática havia duas formas
fundamentais de doença: (1) uma que cursa com défice ou deterioração e que
designou por “Demência Praecox”; (2) outra a que cursa sem deterioração e com
episódios maníacos, hipomaníacos ou mistos e que ele chamou “loucura maníaco-
depressiva”. De acordo com Akiskal (2003), Kraepelin baseava a validação da doença
maníaco-depressiva como entidade nosológica nos seguintes princípios:
(a) as várias formas que a doença podia assumir tinham uma “hereditariedade”
comum medida em função da agregação familiar (isto é, a depressão ocorria em
famílias com doença maníaco-depressiva e vice-versa);
1
(b) durante o follow-up observava-se com frequência transições frequentes
quer da mania para a depressão, quer da depressão para a mania;
(c) os episódios do humor eram muitas vezes opostos às disposições afectivas
fundamentais (hoje designadas como temperamentos)
(d) as características da mania e da depressão poderiam surgir associadas no
mesmo episódio, de forma mista;
(e) a maioria dos casos tinha um curso recorrente com intervalos livres de
sintomas.
Ainda hoje, é a nosologia iniciada por Kraepelin que predomina e influencia as
classificações. No entanto, a designação de “Doença Bipolar” substituiu a de Psicose
maníaco-depressiva nos anos oitenta do Séc.XX, a partir da publicação do DSM-III. O
abandono da designação de “Psicose” deveu-se ao facto de ser uma designação
estigmatizante e deste termo envolver pressupostos etiopatogénicos. O termo “doença
Bipolar” seria meramente descritivo e por isso foi adoptado. Porém, uma das falhas da
designação atual é sugerir que os polos sindromáticos são mais relevantes que a
ciclicidade para o constructo da doença, facto que pode induzir-nos em erro uma vez
que é precisamente a sua elevada recorrência (mesmo com episódios sub-
sindromáticos) que mais caracteriza a doença.
DESENVOLVIMENTOS RECENTES
Até 1975 só se considerava um único tipo de Doença Bipolar que cursava com
episódios maníacos ou depressivos. Nessa data, dois investigadores Fieve e Dunner
descreveram um segundo tipo desta doença. Verificaram que havia doentes que
nunca tinham tido nenhum episódio maníaco mas que sofriam de episódios de
gravidade inferior – hipomaníacos. Estes episódios não eram tratados em regime de
internamento e não apresentavam características psicóticas. Nasce assim o conceito
de Doença Bipolar Tipo II. No final dos anos 80 o conceito de doença bipolar alarga-se
pela proposta de Akiskal e Mallya (1987) que após trabalhos de campo, propõem a
inclusão na doença bipolar de formas clínicas mais leves, com traços de
temperamento ciclotímico e Tabela 1
hipertímico, assim como das O Espectro da doença Bipolar (Akiskal 1999)
formas em que os episódios Mania
BP I
hipomaniacos não eram Hipomania prolongada
espontâneos mas Hipomania Espontânea
BP II
desencadeados por Depressões ciclotímicas
fármacos (designada por Hipomania induzida por antidepressivos
BP III
Doença Bipolar “tipo III”). Drogas ou álcool mascarando hipomania
Desde essa data até aos BP IV Depressão hipertímica
nossos dias, tem sido desenvolvido e estudado o conceito de espectro da doença
bipolar que inclui as formas menos graves, com episódios hipomaníacos breves ou
desencadeados por antidepressivos assim como os episódios depressivos associados
a temperamentos ciclotímicos ou hipertímicos. A tabela 1 representa o espectro bipolar
tal como descrito por Akiskal em 1999.
Os sintomas da Perturbação Bipolar abrangem (1) o humor, (2) a cognição, (3)
a motricidade e ainda (4) aspectos vegetativos, com grande diversidade clínica e gama
de intensidade dos sintomas. Os episódios de Depressão e Mania podem apresentar
características psicóticas. O facto de ser uma doença recorrente crónica, que se inicia
com muita frequência na juventude, com episódios muito incapacitantes, com alto risco
de suicídio, torna o seu diagnóstico e tratamento precoces muito importantes para a
saúde pública.
EPIDEMIOLOGIA
Os dados epidemiológicos variam significativamente em relação à prevalência
da Perturbação Bipolar sendo 0,6 e 0,9% para a Perturbação Bipolar I e 1,2 a 1,5% se
incluirmos a Perturbação Bipolar II. Autores como Akiskal (1996) e Angst (1996),
identificam, em estudos epidemiológicos, o chamado Espectro das Perturbações
Bipolares, cuja prevalência se situa entre os 3 e 6% da população. Faravelli e cols
(2006) encontram uma prevalência de 4,7% para os sintomas bipolares sublimiares ou
subclínicos. A prevalência ao longo da vida entre homens e mulheres é
aproximadamente de 1,1:1. Numa extremidade do espectro situam-se as perturbações
psicóticas graves e na outra as perturbações do nível do temperamento
(temperamentos excessivos).
maníacos e mistos, com maior frequência nos homens (31%) do que nas mulheres
(14%) (González-Pinto A, et al, 2003). O conteúdo do pensamento é de um optimismo
marcado, expansivo, os doentes têm de si mesmo um conceito exagerado, grandioso
e uma consequente autoestima aumentada. Os doentes podem sentir-se com poderes
especiais, sobredotados, capazes de grandes realizações. As suas percepções têm
uma grande vivacidade.
No plano sexual verifica-se um aumento da líbido, envolvendo-se o doente em
aventuras desastrosas para a vida familiar, em comportamentos sexuais desinibidos e
sem crítica. No plano interpessoal, os conflitos são constantes e frequentes as
repostas incontroláveis de hostilidade e agressividade. A redução da necessidade de
dormir é caracterizada quer pela ausência total de sono, quer por um sono de muito
curta duração após o qual o doente acorda com imensa energia. Ao fim de algum
tempo, o doente pode atingir um estado de exaustão física a que se associa muitas
vezes um estado de debilidade com perda de peso. A instabilidade e hiperatividade
não permitem muitas vezes que o doente faça uma refeição com os outros e que
respeite os horários. Estes doentes têm ainda uma diminuição subjetiva da
necessidade de comer e são negligentes em relação às suas necessidades nutritivas.
Uma elevada percentagem de doentes maníacos abusam do álcool e de substâncias
estimulantes (Regier e cols., 1990; Winokur e cols, 1995).
O doente maníaco não tem “insight” em relação à doença e aos sintomas e a
sua capacidade de julgamento está reduzida. Mais ainda, os sintomas psicóticos são
frequentes, tendo as ideias delirantes congruentes com o humor conteúdos de
grandeza, de posse de capacidades excepcionais, de identidade com pessoas de
estatuto social muito superior. No entanto, nos episódios maníacos graves são
frequentes as ideias delirantes incongruentes com o estado de humor à semelhança
do que sucede na esquizofrenia: ideias delirantes de referência, de perseguição,
místicas ou com conteúdo fantástico e visionário. Destas características decorrem
frequentemente as confusões diagnósticas com a esquizofrenia. No sistema de
classificação DSM 5 (Tabela 3 na página anterior) é dada relevância para o
diagnóstico ao humor elevado e ao aumento da actividade.
EPISÓDIO HIPOMANÍACO
A distinção entre mania e hipomania no sistema de diagnóstico DSM 5 (vide
Tabela 4) assenta na gravidade sintomática. Os sintomas da hipomania tendem a ser
mais ligeiros do que os da mania e não se verificam sintomas psicóticos. A hipomania
é então descrita como um estado de humor elevado, ligeiro a moderado, expansivo ou
irritável, não psicótico, por vezes sub-sindromático, de curta duração, não requerendo
uma hospitalização e se tiver uma intensidade ligeira não conduzindo a uma marcada
deterioração social ou laboral. Verificou-se que muitos episódios hipomaníacos podem
ser muito breves, apenas dois dias de duração em média, o que não é concordante
Tabela 4
EPISÓDIO DEPRESSIVO
A depressão é o episódio inaugural em cerca de 50% dos doentes bipolares
(Suppes, 2001). Na doença Bipolar quando o primeiro episódio é depressivo existe um
núcleo sintomático que é comum a outras formas de depressão. O doente sente-se, na
grande maioria dos casos, num estado de desânimo, triste e abatido. Perde o
interesse, o gosto pela vida e o prazer na realização das atividades até então
gratificantes. O pensamento é pessimista com auto-desvalorização, baixa da
autoestima e sentimentos de culpa. Podem predominar os sintomas somáticos – mal
estar físico generalizado, fadiga, alterações da libido, do apetite e do sono.
Manifestam-se sintomas psicóticos congruentes com o humor em maior frequência
que na depressão unipolar (Goodwin e Jamison, 1990). A observação pormenorizada
e o acompanhamento destes doentes permite detalhar aspectos distintivos da
depressão na doença bipolar (vide Tabela 5)
Na doença bipolar do tipo I a depressão tem frequentemente um início precoce
mas também surge com frequência no pós parto. Neste subtipo de doença é muito
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elevada a probabilidade de existirem
Tabela 5
antecedentes familiares de mania e Comparação D. Bipolar D. Unipolar
de suicídio consumado. É História de mania ou
hipomania (de acordo
frequentemente uma depressão com os critérios
Sim Não
inibida, com sintomas vegetativos “oficiais”)
predominantes (anorexia, insónia Mulheres >
Incidência por sexo Igual
homens
tardia), e com prováveis sintomas Década dos 10, Década dos 30,
Idade de início
psicóticos, podendo ter 20 ou 30 anos 40 ou 50 anos
Episódios pós parto Mais comuns Menos comuns
características catatónicas. Na
Frequentemente
Bipolar tipo II a depressão tende a Início do episódio Mais insidioso
abrupto
ser arrastada produzindo uma Número de episódios Numerosos Pouco numerosos
marcada incapacidade psicossocial Duração dos episódios 3 a 6 meses 3 a 12 meses
e laboral (Judd e cols., 2005) e pode Actividade psicomotora
Lentificação> Agitação >
Agitação Lentificação
apresentar-se clinicamente como
Hipersómnia > Insónia >
uma depressão resistente ao Sono
Insónia Hipersómnia
tratamento. História Familiar
D. Bipolar Elevada Baixa
Estudos epidemiológicos e D. Unipolar Elevada Elevada
prospectivos apontam no sentido da Resposta farmacológica
depressão bipolar surgir em doentes Induzem
Antidepressivos Raramente
com antecedentes familiares - de hipomania/mania
Acção Geralmente
mania, de depressão psicótica ou de Lítio
antidepressiva ineficaz
suicídio consumado - terem uma
idade de início inferior e uma maior incidência de depressões pós-parto (Strober e
cols., 1982; Akiskal e cols., 1983; Vieta, 1999). Os critérios de diagnóstico para um
episódio depressivo major no DSM 5 são idênticos aos utilizados e referidos na
Perturbação depressiva.
Estes episódios mistos são caracterizados no plano clínico pelo humor disfórico
e excitado, crises de cólera, irritabilidade, ataques de pânico, pressão de discurso,
agitação, insónias marcadas e, simultaneamente, ideias de suicídio. Nos casos mais
graves pode verificar-se o aparecimento de ideias delirantes quer de grandiosidade,
quer persecutórias. Alguns doentes têm uma acentuada hipersexualidade. Estes
doentes correm o risco de serem diagnosticados como sofrendo de uma “Perturbação
Esquizo-afectiva” e não serem tratados com estabilizadores do humor associados aos
antipsicóticos.
Nos sistemas de classificação anteriores ao actual, o diagnóstico de
perturbação afectiva bipolar mista só deveria ser feito se durante a maior parte da
duração do episódio os dois conjuntos de sintomas de polaridade oposta fossem
proeminentes, e se esse episódio durar pelo menos duas semanas. McElroy (1992,
1995), faz uma série de estudos sobre os estados mistos e conclui, de acordo com o
que afirmamos anteriormente, que os critérios de diagnóstico usados no DSM4/ICD-10
eram demasiado restritivos e não cobriam o espectro destes estados. Como
consequência, na clínica não são muitas vezes reconhecidos e eram “sub
diagnosticados”, são incorrectamente tratados e cabe questionar se não contribuem
para uma parte dos casos que são considerados
Tabela 7
como “depressões resistentes” aos tratamentos.
Critérios de Pisa para os Estados Mistos (Perugi e
Na tradição da escola fenomenológica a Akiskal, 1997)
partir dos Critérios de investigação de Viena, Um estado de instabilidade emocional e/ou perplexidade mantido
(pelo menos 2 semanas) em que estão presentes de forma
Perugi, Akiskal e cols. (1997) operacionalizaram simultânea e flutuantes sintomas depressivos e maníacos.
um conjunto de critérios de classificação dos Manifestações extremas e opostas devem estar presentes ao
mesmo tempo, pelo menos em duas das cinco áreas seguintes:
estados mistos (Tabela 7), que tem servido de
base para os trabalhos subsequentes nesta área 1. Humor (ansioso/triste vs. eufórico/irritável)
Tabela 9
Para explicar o
Actividade
aparecimento frequente
Humor Pensamento
destes quadros mistos,
Psicomotora
Kraepelin admite que
poderiam corresponder a Mania
↑ ↑ ↑
fenómenos que no decurso Eufórica
da evolução clínica só Depressão
↓ ↓ ↓
parcialmente se modificam Inibida
e se transformam nos Mania ↓ ↑
opostos, e o fazem em Depressiva ou
↑
momentos sucessivos. Mania (pressão de
Ansiosa (disfórico)
ideias)
Alguns fenómenos parciais
modificar-se-iam mais ↑
Depressão
rapidamente do que outros, ↓ ↑
Agitada (pressão do
coexistindo em certos discurso)
momentos fenómenos
clínicos das fases maníaca e depressiva. Por exemplo, a inibição do pensamento
poderia suceder à fuga de ideias, primeira transição quando persiste ainda um humor
eufórico e uma necessidade de actividade. Em seguida, pode observar-se uma
associação de humor depressivo com excitação, duma inibição da vontade com uma
fuga de ideias. Estas fases de transição seriam, em geral, duma duração muito breve,
por vezes com oscilações frequentes e súbitas.
CONCEITO DE MANIA DISFÓRICA
Desde sempre foi reconhecido que o quadro de mania podia assumir diversas
apresentações clínicas. A descrição do síndrome maníaco como sendo constituído por
elação do humor e euforia é um estereótipo. Sintomas como a labilidade afectiva, a
irritabilidade, explosões de cólera, ansiedade e depressão podem associar-se a outras
características do síndrome maníaco. Estes quadros são, indiferentemente,
designados por Estados Mistos, Mania Mista, Mania Disfórica, ou, ainda, na literatura
anglo-saxónica, por Mania Depressiva (os aspectos disfóricos do síndrome maníaco
incluem a depressão, a ansiedade e a irritabilidade e como tal a sua ocorrência implica
um estado no qual a mania e a depressão não estão em polos opostos. Mas é
relevante compreender que a vivência do espaço, tempo e de si mesmo e dos outros,
de um doente em mania disfórica são muito diferente daqueles em Mania eufórica. As
diferenças foram estudados por autores como Binswanger e incluem:
Tempo: o doente maníaco disfórico sente-se limitado no movimento e
frustração pela incapacidade de se exercer; o doente maníaco eufórico move-se de
forma livre sem frustração – não tem um projeto existencial. Binswanger define ainda
um estado de atomização do tempo presente que ocorre nos estados maníacos mais
graves a que denominou “presentificação” no qual o tempo deixa de ser experienciado
como uma sequencia e passa a ser uma sucessão de momentos.
Self: em ambas as forma não existe um projecto dito “existencial” uma vez que
novos projetos autóctones parecem ao sujeito ora estimulantes ora imediatamente
acessíveis. Porém nesta ascensão, escreve Binswanger, o doente acaba por “subir tão
alto que não é possível voltar, perdendo-se em precipícios montanhosos.. demasiado
alto.. demasiado longe”
Espaço: na mania eufórica é claro, cheio de luz, acolhedor e aberto enquanto
na mania disfórica é encerrado, pontiagudo e semelhante a um campo de batalha
Interpessoal: na mania eufórica há uma exaltação de si mas orgiástica com o
mundo enquanto na mania disfórica se associa a um encerramento do Outro. A
sincronização falha em ambas as formas da mania mas é experienciada com
sofrimento apenas nas formas disfóricas.
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O PAPEL DO TEMPERAMENTO NOS ESTADOS MISTOS
Akiskal (1992, 1999) coloca a Tabela 10
hipótese de que a extensa variabilidade
clínica dos estados mistos resulte da Compreensão com base no
interação de estados afectivos com o tipo Temperamento
de temperamento subjacente. Sendo o Mania Depressiva Mania = Temperamento
temperamento um traço estável, dissociado depressivo + mania
Mania Disfórica = Temperamento irritável +
dos eventos transitórios, é parte do mania
funcionamento habitual e prolongado de Estado Misto Depressivo = Temperamento
cada pessoa. Os estados mistos refletiriam hipertímico + depressão
um temperamento de base em oposição Estado Misto Lábil = Temperamento
ciclotímico + depressão
com o estado atual do humor. Por exemplo,
a mania depressiva resultaria duma combinação do temperamento depressivo com um
estado maníaco; a mania disfórica da combinação dum temperamento irritável com um
estado de humor maníaco; o estado misto depressivo da combinação dum
temperamento hipertímico com um estado de humor depressivo; um estado misto lábil
a mistura dum temperamento ciclotímico com um estado depressivo (detalhe na
Tabela 10).
NOSOLOGIA
Subtipos categorias de doença Bipolar
Com base no (1) tipo de episódios e (2) intensidade dos sintomas, a
Perturbação Bipolar é, no sistema de classificação americano (DSM), dividida em três
categorias:
Perturbação Bipolar do Tipo I: quando episódios depressivos major se
alternam em tempos distintos com episódios maníacos bem caracterizados.
Perturbação Bipolar do Tipo II: quando episódios depressivos major alternam
com episódios hipomaníacos.
Ciclotimia: a hipomania alterna com episódios moderados de Depressão (que
não preenchem os critérios para Depressão Major)
Além das categorias referidas acima, a Perturbação Bipolar inclui outras
variantes sindromáticas, como os episódios com características mistas, em que se
verifica a concomitância de sintomas depressivos e maníacos ou hipomaníacos no
mesmo episódio, cujo significado clínico e terapêutico é importante salientar. Entre as
variantes evolutivas, tem marcada importância clínica e terapêutica a Perturbação
Bipolar com evolução em Ciclos Rápidos, caracterizada pela existência de 4 ou mais
episódios por ano. O abuso e dependência de substâncias, álcool e outras drogas, é
muito superior no doente bipolar do que na população em geral, o que piora o
prognóstico desta doença.
Perturbação Bipolar do Tipo I
Este tipo pode ter início na adolescência e, em especial, ocorre entre os 20 e
os 30 anos. O primeiro episódio pode ser maníaco, depressivo ou misto. Um dos
modos de início pode ser um episódio de depressão com anergia e hipersómnia de
algumas semanas ou meses de duração até ao aparecimento do primeiro episódio
maníaco. Dados epidemiológicos relevantes:
• Distribuição por sexos – 1:1 mas os homens apresentam maior número de
episódios maníacos e as mulheres de um maior número de episódios depressivos
e mistos.
• Idade: os episódios maníacos predominam na juventude e os depressivos anos
mais tarde (revisão de Akiskal, 2001).
• Progressão: tendência para um aumento de frequência dos episódios à medida
que a doença progride e os episódios livres de sintomas tendem a tornar-se mais
curtos.
• Cronicidade: 7% a 14% dos doentes têm um curso crónico.
• Deterioração: os défices neurocognitivos medidos por testes neuropsicológicos
são frequentes na Perturbação Bipolar, quer durante os episódios maníacos ou
depressivos, quer nas fases eutímicas. Os domínios cognitivos diminuídos mais
consistentemente verificados são a função executiva, a atenção e a memória
verbal (Martinez-Aran et al , 2004).
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INVESTIGAÇÃO TRANSLACIONAL NA PERTURBAÇÃO BIPOLAR
DADOS DA GENÉTICA
Nos últimos 40 anos ocorreram avanços importantes na determinação da
fisiopatologia e patofisiologia da doença bipolar. Estudos em gémeos mostram que
existe uma propensão 7x superior se existirem familiares em 1º grau com a doença.
Porém, apesar de inúmeros esforços a Perturbação Bipolar continua sem marcadores
genéticos objetivos e cada vez mais se acredita que tal se deve à dependência de
centenas de milhares de alelos responsáveis pelo risco genético.
Existem inúmeros genome-wide association studies (GWAS) que mostram
genes candidatos como o ANK3 (Anquirina G) e o CACNA1C (subunidade do canal de
cálcio dependente de voltagem tipo-L) (Ferreira et al, 2008, Sklar et al 2011). Estes
dados parecem ser consistentes com a supressão de ambas as proteínas para que
codificam em ratos expostos ao lítio. Infelizmente novos dados confundentes surgiram
sugerindo aspectos genéticos semelhantes entre a doença bipolar e a esquizofrenia
(notícias NIMH, 2009). Outros genes implicados incluem a cinase do di-acetilglicerol
(DGKH), a cinase da sintetase do glicogénio 3beta (Post t al 2003) e o gene CLOCK
(Roybal et al, 2007). Parecem contribuir para a regulação do ritmo circadiano e
também sofrerem modelação com o tratamento do lítio.
Parecem estar ainda relacionada a diminuição dos níveis de expressão dos
genes relacionados com os oligodendrócitos e mielina (Aston 2005). Parece suportar a
hipótese de uma comunicação interneuronal deficiente por alteração da eficácia do
impulso (justificando as perturbações do pensamento observadas nos pacientes e em
seus familiares). As alterações da mielinização ocorrem também na esquizofrenia e na
depressão.
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hipótese de lesão neuronal, quer por mecanismos envolvendo stressores, factores
imunes ou factores oxidativos, parece consistente com a concepção atual da doença
bipolar enquanto estado neurodegenerativo. Post et al sustenta que quanto mais
episódios ocorrerem menor será o nível de funcionamento social e ocupacional. Desta
forma muitos dos tratamentos atuais são considerados eficazes na melhoria da
neuroplasticidade e sobrevivência celular - exemplo disso é o aumento do volume de
substância cinzenta no Cortex Pre-frontral ventral em pacientes medicados
independentemente da idade (Blumberg et al, 2006).
DISFUNÇÃO COGNITIVA
Os doentes com Perturbação Bipolar parecem ter alterações da cognição
durantes as fases agudas da doença incluindo a atenção (75% dos pacientes),
funções executivas, aprendizagem e memória e velocidade psicomotora (Martinez-
Aran et al 2000; Bearden et al 2001; Quraishi et Al 2002). Todavia mesmo durante as
fases eutímicas os doentes com Perturbação Bipolar I apresentam pior performance
na aprendizagem verbal, funções executivas e coordenação executiva (Monks et al,
2004). Estes dados foram consistentes com variados estudos que também
encontraram alterações da atenção, funções executivas e memória declarativa
(Marinez-Arán 2004). A disfunção cognitiva parece significativamente relacionada
com o nível de morbilidade, em especial o número de episódios (Scott J, 2000) e uma
maior duração da doença e sintomas psicóticas prévios (Martinez-Arán, 2004).
Também existe relação entre o insight para os défices cognitivos com a cronicidade
dos défices e idade mais precoce com o primeiro episódio (Martinez-Aran A, Vieta et al
2005). Quando se tentou correlacionar dados neuroanatómicos com a disfunção
cognitiva encontrou-se correspondência entre a alteração da memória e alterações da
perfusão temporal e frontal anterior e entre a alteração das funções executivas e o
aumento da perfusão da região temporal medial (A. Bernabarre, Vieta E 2005). Parte
dos efeitos deletérios na função neurocognitiva que eram atribuíveis ao lítio estão hoje
mais correlacionados com a doença em si (López-Jaramillo C 2010). Todavia os dados
que atualmente possuímos apontam para a possibilidade de a Perturbação bipolar se
associar a um estado neurodegenerativo, faltam ainda estudos conclusivos nesta
matéria.
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Tratamento da Doença bipolar
Generalidades
O tratamento da doença bipolar é complexo pois existem (1) variadas formas e
episódios sem tratamentos uniformemente eficazes para todos estes; (2) fatores
confundentes e patologias fronteira com dificuldades no diagnóstico diferencial (ex.
perturbação depressiva major e perturbações de ansiedade) e (3) dificuldades na
adesão ao tratamento. Assim devem ser desenvolvidos todos os esforços possíveis
para clarificar a natureza dos sintomas e o seu agrupamento bem como ajustar a
terapêutica uma vez estes se alterem e promover ativamente a adesão ao tratamento.
É particularmente difícil avaliar a resposta ao tratamento uma vez que não é suficiente
avaliar os períodos sintomáticos/assintomáticos e devemos atender a variáveis bem
mais difíceis de estimar. É desejável obter e manter controlo de sintomas e prevenir o
suicídio muitas vezes é necessário a opção de nunca descontinuar o tratamento (um
estudo mostrou recorrência de 72% aos 4 anos após um episódio de mania). Esta
opção surge sobretudo se existirem 2 ou mais episódios maníacos na história do
indivíduo e inclui a conspecção de que a doença bipolar é progressiva e condiciona
neurodegeneração.
É ainda relevante ao psiquiatra que segue um doente bipolar estar atento aos
efeitos secundários a curto e longo prazo da maioria dos fármacos disponíveis. Devem
ser integrados no tratamento e o paciente deve ser ouvido quanto à importância
relativa de cada um. Por exemplo, o hipotiroidismo iatrogénico induzido pelo lítio é
muitas vezes responsável pelo surgimento de sintomas depressivos em doentes
anteriormente controlados.
Fármacos mais utilizados na doença bipolar:
Valproato de sódio:
Mecanismo de ação: inibe o catabolismo GABA quer alterando a transcrição
genética, quer modificando o citoesqueleto quer modificando a sinalização intracelular,
em especial a proteína cinase C;
Formulações: valproato de sódio, ácido valpróico e valproato semi-sódico (ou
divalproato). Os primeiros dois estão aprovados para o tratamento da epilepsia e
embora sejam extensamente utilizados na doença bipolar as doses necessárias não
são equivalentes ao valproato semi-sódico (10% maior para a mesma dose).
Indicações: tem uma boa taxa de resposta no episódio maníaco (>50%) e o
NNT é de 2-4; neste tem eficácia semelhante ao lítio e parece ser mais eficaz
naqueles que lhe tenham má resposta (ex. ciclos rápidos). Embora frequentemente
utilizado na fase de manutenção existe pouca evidência científica de que é eficaz na
prevenção de novos episódios. É utilizado frequentemente em associação com
antidepressivos para o tratamento de episódios depressivos em doentes bipolares.
Posologia: pode ser usada dose de carga (normalmente bem tolerada com
exceção da gastrotoxicidade). Níveis plasmáticos inferiores a 55mg/L não se
mostraram mais eficazes que placebo e os níveis de >94mg/dL parecem associar-se a
uma resposta mais robusta. Deve ser descontinuado lentamente.
Interações medicamentosas: tem elevada ligação às proteínas plasmáticas
(e.g. risco em associação com o ácido acetilsalicílico). Inibe o sistema citocromo P450
tendo interações significativas com o metabolismo da clomipramina, lamotrigina,
quetiapina e varfarina. O valproato reduz significativamente os níveis de olanzapina.
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Efeitos adversos: irritação gástrica, hiperamoniémia, letargia e confusão (em
especial com doses >750mg/dia); ganho ponderal, tremor e hiperandroginismo. É
hepatotóxico (idiossincrático e dose dependente) e teratogénico.
Lítio
Mecanismo de ação: pouco conhecido embora se mostre reduzir o sódio
intracelular modulando vias dopaminérgicas e serotoninérgicas através da redução da
actividade dos sistemas 2º mensageiro intracelular;
Indicações: está indicado no episódio maníaco moderado a grave (NNT 6) e na
doença bipolar em fase de manutençãoo (reduz o nº e a gravidade dos episódios); A
NICE aceita o seu início após um episódio maníaco grave ou 2 ou mais episódios na
doença Bipolar I e se risco significativo de suicídio na doença Bipolar II; parece ser
mais eficaz na prevenção de episódios depressivos que maníacos; deve ser
considerado nos doentes com comportamentos agressivos/automutilações bem como
no tratamento da psicose induzida por esteroides;
Posologia: deve ser titulado até níveis > 0,4mmol/L sendo que os níveis
óptimos são entre 0,6-0,75 na fase de manutenção e 0,75-1,0 se sintomas maníacos;
os níveis devem ser medidos 12 hora após a dose; a monitorização plasmática deve
ser trimestral com medicação da taxa de filtração glomerular a cada 6 meses; a
descontinuação parece condicionar uma alteração do curso natural da doença com
aumento da taxa de episódios maníacos nos meses após interrupção – não deve ser
iniciado se não se previr necessidade por mais de 3 anos;
Interações medicamentosas: interage com IECAs, tiazidas e Anti-inflamatórios
não esteroides sendo que as interações podem ocorrer imediatamente ou apenas
semanas após ter sido iniciado o seu uso concorrente.
Efeitos adversos: existem efeitos adversos dose dependente (diarreia, tremor,
edema maleolar, ganho ponderal e poliúria; outros efeitos adversos ocorrem com o
uso prolongado e incluem a diabetes insipidus nefrogénica, a lesão renal crónica e o
hipotiroidismo e hipoparatiroidismo;
Antipsicóticos na doença bipolar
São usados, com frequência, variados antipsicóticos nas diferentes fases da
doença bipolar. A tabela 13 resume a aprovação dos diferentes fármacos na Europa:
Tabela 4
Prevenção de
Episódios
novo episódio Prevenção de Tratamento da
Indicação maníacos Episódio
maníaco em Episódio misto episódios excitação
moderados a depressivo major
doentes que depressivos maníaca
graves
responderam
(adultos)
Lítio X X X
se ausência de se ausência de
Carbamazepina
resposta ao lítio resposta ao lítio
Lamotrigina X
Risperidona X
Olanzapina X X X
Quetiapina X X X X
Aripiprazole X X X
Ziprasidona X X
Haloperidol X
Antidepressivos na doença bipolar
A utilização continuada de antidepressivos é controversa em pacientes com
doença bipolar pelo risco de ciclagem rápida ou de viragem maníaca. Porém a sua
utilização varia de escola para escola sendo consistente a preferência por SSRI e a
necessidade de associação com estabilizadores de humor ou antipsicóticos.
Aspectos baseados no episódio e na fase
Tratamento do episódio maníaco
- Indicações Gerais
o Parar antidepressivos, psicoestimulantes e álcool
o Excluir causas médicas
- Como 1ª Linha as guidelines CANMAT/ISBD de 2013 escolhem como
monoterapia o lítio, o divalproato, a olanzapina, a risperidona, a quetiapina,
a quetiapina SR, o aripiprazol, a ziprasidona, a asenapina e a paliperidona
LP. Aceitam ainda a terapêutica de combinação (conjunta com lítio ou
divalproato) de risperidona, quetiapina, olanzapina, aripiprazol e asenapina
- É fundamental garantir a compliance do doente fazer medições dos níveis
dos fármacos com limiares terapêutico e tóxico conhecidos.
- Devem ser integrados os efeitos adversos no tratamento (em especial o
aumento de peso, a dislipidémia, a hipertensão e as discinesias tardias)
- Deve ser considerada a associação de uma benzodiazepina na fase inicial
Tratamento de episódio depressivo
- avaliar a segurança e o funcionamento do paciente bem como definir o
setting to tratamento (doentes com franco risco de suicídio devem ser
tratados em unidades de internamento enquanto aqueles que estabelecem
contratos terapêuticos podem iniciar o seu tratamento em ambulatório);
- Como tratamento de 1ª linha encontramos no consenso CANMAT e ISBD
2013 a monoterapia com lítio ou lamotrigina ou quetiapina ou quetiapina
SR. Este grupo aceita ainda a terapia de combinaçãoo (lítio ou divalproato)
com SSRI, modafinil e lamotrigina;
- Atenção particular à lamotrigina pela sua eficácia no tratamento e profilaxia
de episódios depressivos na doença bipolar;
- O uso de antidepressivos na doença bipolar parece acelerar a frequência
dos episódios, diminuir o intervalo entre episódios e aumentar o nº de
episódios mesmo em doentes tratados com estabilizadores de humor e
antipsicóticos. Porém, como indicado nas guidelines, o seu uso criterioso
demonstrou-se eficaz no tratamento do episódio depressivo na doença
bipolar.
Tratamento do episódio maníaco e depressivo com características
mistas
- Neste tratamento considera-se existir primazia dos sintomas maníacos
sobre os depressivos e estes devem ser abordados com vista a
sincronização das diferentes dimensões experienciais e comportamentais
do doente;
- A ziprasidona tem evidência no tratamento do episódio misto tal qual
classificado pelo DSM-IV. A utilização de olanzapina e clozapina tem
também sido advogada como eficaz.
20
- Uma vez equiparados o humor, a cognição e a motricidade podemos
escolher tratamento específicos anteriormente descritos de acordo com a
natureza do episódio;
Psicoeducação
21
bipolares mas a evidência como prevenção das recaídas é escassa. Um
segundo tipo psicoeducação em grupo desenvolvida em Barcelona por
Colom e Eduardo Vieta (Colom 2006) inclui 21 sessões semanais de 90m
minutos, feitas por dois psicólogos a grupos de 8 a 12 doentes. São
focadas quatro áreas: consciência da doença, adesão ao tratamento,
detecção precoce dos rodromos das crises e das recorrências, e,
regularidade do estilo de vida. Este metido foi avaliado em estudos em
dupla-ocultação vs placebo, tendo-se revelado com eficácia para a redução
de recaídas em estudos longitudinais de seguimento até 5 anos.
Outras psicoterapias
- Numa revisão sistemática de outras psicoterapias com objectivo de prevenir
as recaídas: terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia familiar
verificou-se que não havia evidência de eficácia na prevenção das
recaídas. (Beynon, 2008)
22
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