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PROGRAMA DELNET
DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO LOCAL
UNIDADES
DIDÁTICAS
O planeamento estratégico:
eixo central de uma política
de desenvolvimento local
sustentável
net
delnetportugues@itcilo.o
rg
UNIDADES
DIDÁTICAS UD 3
ADVERTÊNCIA
A utilização de uma linguagem que não discrimine nem marque diferenças entre homens e mulheres
é uma das preocupações da nossa Organização. Porém, tal uso do nosso idioma apresenta soluções
muito variadas sobre as quais os linguistas ainda não chegaram a um acordo. Neste sentido, e com o
intuito de evitar a sobrecarga gráfica que implicaria utilizar "o/a" para marcar a presença de ambos os
sexos, optamos por utilizar o clássico masculino genérico, considerando que todas as menções nesse
género representam sempre todos, homens e mulheres, abrangendo claramente ambos os sexos.
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ÍNDICE
Introdução
4. Caso prático
4.1. Plano Estratégico de Santiago de los Caballeros, República Dominicana
5. Bibliografia geral
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INTRODUÇÃO
A terceira Unidade Didática do Curso Redução do Risco de Desastres no Quadro do Desenvolvimento Local
Sustentável debruça-se sobre as principais características do Planeamento Estratégico aplicado ao
desenvolvimento local sustentável:
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Nas últimas décadas, os processos de desenvolvimento local deram um salto qualitativo em termos
de concretização e materialização nos territórios. Até há bem pouco tempo, desenvolvimento local
era sinónimo de um conjunto de ações isoladas, geralmente de caráter económico, provocadas em
muitos casos mais por fatores externos que endógenos, de iniciativas adotadas por diferentes atores
que, com uma vontade extraordinária, mas sem linhas orientadoras de coordenação,
implementavam ações destinadas a promover o desenvolvimento territorial, em resposta a
problemas que requeriam uma intervenção urgente.
Esta situação revelou que, apesar da realização de grandes esforços individuais, o território e o seu
desenvolvimento careciam de elementos que hoje consideramos imprescindíveis para o
desenvolvimento local.
A importância de possuir uma visão integrada do desenvolvimento na perspetiva do território.
A necessidade de perseguir objetivos estratégicos concebidos e partilhados pelos atores
políticos e socioeconómicos e, em geral, pela sociedade civil.
A importância de possuir uma visão e objetivos claros e realistas de médio e longo prazo.
A necessidade de gizar estratégias que facilitem a atuação local numa perspetiva global, ou seja,
tomando em consideração os contextos nacionais e internacionais.
A necessidade de definir critérios que permitam decidir de forma adequada as prioridades e a
afetação de recursos.
À medida que a teoria e a prática do desenvolvimento local evoluem, o território consolida-se como
principal unidade de referência e ação. Por um lado, é percecionado cada vez mais como espaço
tangível onde se concretizam tanto as dificuldades da população como as ferramentas para as
enfrentar. Por outro lado, esta tomada de consciência manifesta-se com todos os seus limites, visto
que, na maioria dos casos, as comunidades não dispõem de recursos suficientes para poder
solucionar os seus problemas. É esta a razão pela qual, em muitos territórios, se torna necessário
efetuar uma projeção do futuro, baseada numa racionalização do potencial endógeno, que seja
capaz de promover um crescimento verdadeiramente sustentável.
Veremos ainda como a redução do risco de desastres, por outras palavras, a melhoria das condições
de segurança, é um garante da sustentabilidade do planeamento estratégico em todas as suas
dimensões: económica, social, ambiental, cultural e política.
A elaboração de um diagnóstico da zona ou do território, com uma análise dos problemas e das
necessidades, é fundamental em todo o processo de planeamento do desenvolvimento local.
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A participação, igualmente transversal em todas as fases do planeamento, será um dos pilares do
diagnóstico. O processo deve assegurar o contributo de todos os atores envolvidos no território,
desde a sua conceção até à sua concretização e posterior avaliação.
Com base nestas investigações e estudos, será possível tomar as decisões fundamentais de um plano
estratégico que definirão o seu conteúdo, designadamente em termos de objetivos, linhas
estratégicas, programas, projetos, ações e resultados.
Apesar de muito útil, deve ter-se sempre presente que o planeamento estratégico não é a panaceia que resolve todos os
problemas de um território. É importante ter em mente os seus limites e utilizá-lo como ferramenta de grande
utilidade para a análise e a concertação entre os atores sobre os temas fundamentais e as ações a empreender.
EXEMPLO
Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro – Brasil
Ainda que, historicamente, a necessidade de planear objetivos para alcançar resultados se devesse a
exigências bélicas e visasse a conquista de territórios, o conceito de planeamento estratégico que
atualmente se aplica ao desenvolvimento local surgiu na cultura ocidental na década de 1950,
proveniente de duas correntes de pensamento direcionadas para a prática da gestão empresarial no
mundo dos negócios:
A primeira corrente radica no desenvolvimento do planeamento de programas e orçamentos
em consequência da Segunda Guerra Mundial. Muitas empresas adotaram o orçamento como
ferramenta para melhorar o controlo das suas operações. Os orçamentos anuais rapidamente se
converteram em planos quinquenais por se reconhecer que muitas decisões empresariais
tinham consequências financeiras de longo prazo.
A segunda corrente de pensamento emanou da norte-americana Harvard Business School, que
insistia na importância de dispor de uma estratégia empresarial global. Até então, a teoria da
gestão empresarial concentrara-se no estudo separado de funções como a produção, as
finanças, as trocas comerciais e a logística. As empresas, no entanto, à medida que se tornaram
maiores e mais complexas, foram necessitando de um método sistemático e integrado para
definir as suas estratégias globais.
Depois de aplicado amplamente nas empresas privadas, nos anos sessenta e setenta do século XX,
organismos governamentais e não governamentais adaptaram este método, no início da década de
1980, à resolução dos problemas das áreas urbanas e de outras áreas territoriais (em
primeiro lugar, das regiões).
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Porque pode aplicar-se a diferentes áreas e a inúmeras atividades, existem muitas definições de
planeamento estratégico. Para definir as principais características do planeamento estratégico no
desenvolvimento local sustentável, é preciso esclarecer em primeiro lugar o conceito do seu
principal quadro de referência: o território.
Numa visão de redução do risco de desastres, é ainda prioritário incluir na definição de território o
impacto que todas estas relações e interações têm no ambiente (UD1, Capítulo 3).
"Na conceção moderna do território, pensa-se não no espaço mas no território, já não como espaço físico, mas como
construção social, produto das interações (melhor ainda, talvez, das intrações) entre os elementos da sociedade e da
natureza. O território é identificado em conjunto com as formas de relacionamento entre os atores sociais, as suas
organizações concretas, as suas técnicas produtivas, o ambiente, bem como com a mobilização social e cultural."
(Albuquerque, 1999).
Se planear significa "antecipar o curso de ação que deve adotar-se com vista a alcançar uma situação desejada"
(BID, 1985), os primeiros elementos necessários para definir o planeamento estratégico territorial
são os seguintes:
é um processo dinâmico, que pretende provocar a mudança de uma situação inicial
insatisfatória para um estado mais favorável, o qual se espera alcançar;
é uma ferramenta suficientemente flexível para permitir modificações nos planos em resposta a
novas circunstâncias;
faz parte de uma análise concertada, baseada nos pontos fortes e fracos do contexto, bem
como nas ameaças e oportunidades que o caracterizam, e concentra-se nos temas selecionados
como fundamentais e prioritários pelo conjunto dos atores envolvidos;
toma em consideração de forma explícita e indispensável a disponibilidade de recursos
(humanos, económicos, tecnológicos, naturais, etc.), mediante o estabelecimento de acordos
formais com os atores implicados, que assumem compromissos e limitações para promover
ações concretas coerentes e responsáveis;
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contempla e toma em consideração os grandes acontecimentos e mudanças em curso, fora do
ambiente estritamente local, a nível regional, nacional ou internacional;
orienta a ação no sentido de alcançar objetivos concretos, centrando-se em especial nos
resultados e na manutenção de um novo equilíbrio a médio e longo prazo.
EXEMPLO
Plano Estratégico de Évora - Portugal
Apresentação do Plano Estratégico de Évora, como modelo para os desafios que se apresentam
para as cidades de dimensão média.
Por conseguinte, o planeamento estratégico deve ser utilizado pelas autoridades locais e pelos
outros atores com intervenção no território, a fim de determinar o rumo da comunidade,
identificando os recursos necessários ao desenvolvimento dos planos de ação a curto, médio e
longo prazo requeridos para alcançar os objetivos propostos.
O desejo de mudar a realidade em que se vive exige que se assuma o compromisso de realizar tudo
aquilo que for necessário (atividades, projetos, ações, etc.) para concretizar essa mudança. A
vontade de mudar a situação atual e o desejo de agir para a transformar são as linhas
orientadoras que inicialmente caracterizam qualquer processo de planeamento. O desejo de
mudança, tal como as ações nesse sentido, manifestam-se aliás com uma vocação temporal
ampla, excedendo largamente o curto prazo e os efeitos imediatos, que se pretende sejam
projetados no futuro com efeitos persistentes e duráveis no tempo.
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O desejo de mudança pode manifestar-se de múltiplas formas, através de uma convicção individual
ou de uma perceção partilhada por um vasto coletivo de pessoas unidas por interesses comuns na
vontade de melhorar a situação atual. A intervenção das pessoas nos processos de mudança é
fundamental e depende muito da organização destas vontades, da abertura real de espaços e
interesses para que, centrados no planeamento, se possa falar de planeamento tradicional ou de
planeamento estratégico.
EXEMPLO
Planejamento Belo Horizonte 2030 - Brasil
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A aplicação do planeamento estratégico, quer a nível dos processos de desenvolvimento local, quer
a nível dos governos e organismos públicos e privados, contribui para:
identificar os pontos fracos, as ameaças, os pontos fortes e as oportunidades;
superar os pontos fracos internos;
neutralizar as ameaças oriundas da envolvente externa;
utilizar os pontos fortes em seu favor;
aproveitar as oportunidades;
gerir com êxito as alterações rápidas verificadas nos últimos anos.
O Planeamento Estratégico
Para o desenvolvimento local e referido a um território Para as administrações locais e os
concreto serve para: organismos públicos/privados serve para:
Identificar Ajudar a Ajudar a
Os pontos fracos
Superar os pontos fracos internos
Gerir com êxito as alterações rápidas
As ameaças Neutralizar as ameaças oriundas verificadas nos últimos anos
da envolvente externa
Os pontos fortes Utilizar os pontos fortes em seu favor
Pensar e promover o melhor futuro
As oportunidades possível para o território
Aproveitar as oportunidades
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Estes elementos que caracterizam o planeamento estratégico são particularmente úteis quando
aplicados ao território, sobretudo se for tomado em consideração que, nos últimos vinte anos, os
processos de desindustrialização, os desequilíbrios demográficos, o encerramento de empresas e a
perda de postos de trabalho, entre outros aspetos, tiveram consequências negativas em muitas
envolventes territoriais.
Perante as mudanças provocadas e impostas pela globalização nos territórios, torna-se indispensável
incorporar os elementos menos valorizados no planeamento de tipo tradicional, designadamente: a
capacitação dos atores sociais e a participação dos cidadãos na tomada de decisões, a gestão dos
ecossistemas e recursos naturais, a diversificação produtiva e a criação de emprego digno, bem
como a incorporação do fator risco como eixo transversal das ações de desenvolvimento local.
Um plano estratégico, para além de pretender dar solução a situações críticas ou problemas de
fundo, representa uma ferramenta de gestão da mudança, que também pode servir para
fortalecer situações positivas, mas suscetíveis de ser melhoradas.
Como já foi referido, os recursos disponíveis para enfrentar os problemas são insuficientes em
muitas comunidades locais.
Para lidar com esta situação é necessário dar uma série de passos prévios, designadamente:
é muito importante ordenar os problemas de acordo com a sua prioridade e urgência;
devemos centrar-nos inicialmente nos problemas essenciais para o futuro;
devemos deixar para uma fase posterior os problemas secundários ou menos urgentes.
Esta abordagem ajudará a realizar uma previsão mais ampla e mais a longo prazo, permitindo
visualizar com maior clareza as dificuldades futuras e, consequentemente, projetar as ações
necessárias para contrariar os seus efeitos.
Impõe-se esclarecer, neste contexto, algumas confusões comuns sobre o que é exatamente um
plano estratégico, pois este é erroneamente identificado, por vezes, com outros tipos de planos que
costumam ser implementados nos territórios. Os planos urbanos são um exemplo bastante
frequente, porque também costumam ser denominados planos estratégicos. As diferenças entre
ambas as tipologias (quanto à finalidade, flexibilidade de aplicação, orientação de conceção e ao
âmbito, formato e método utilizado, etc.) são apresentadas no quadro seguinte:
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PLANO URBANO PLANO ESTRATÉGICO
Relação entre O plano urbano deve ser uma ferramenta técnica ao serviço do plano
ambos estratégico.
EXEMPLOS
Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis IPUF - Brasil
Este Instituto municipal foi criado em março de 1977 com a principal finalidade de promover o
planeamento local em consonância com as diretrizes do planeamento micro-regional, estadual,
regional ou federal.
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Vantagens de caráter geral
► A nível temporal: contempla todos estes aspetos numa perspetiva temporal alargada, isto é,
não só de curto prazo, mas também de médio e longo prazo.
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Não é preciso consultar muitas fontes de informação para provar que os desastres, de grande ou
pequena envergadura, podem ter consequências negativas em todas as dimensões do território e
afetar dramaticamente as suas comunidades de diversas formas: perda de vidas humanas,
fragilização dos ecossistemas, colapso dos sistemas económicos, destruição das redes sociais e de
infraestruturas, limitação e enfraquecimento das capacidades institucionais e organizacionais, etc.
Como analisámos nas unidades didáticas precedentes, o impacto dos desastres no território limita
fortemente o desenvolvimento humano em todas as suas vertentes, em especial nas populações que
já vivem num estado de grande pobreza e injustiça social e em ambientes degradados por causa da
utilização incorreta dos recursos naturais e dos ecossistemas.
Numa conceção do desenvolvimento local que integra o território como protagonista ativo e,
simultaneamente, beneficiário do processo de transformação, o planeamento estratégico
converte-se numa ferramenta fundamental para alcançar o equilíbrio entre as necessidades de
crescimento de uma comunidade e as limitações colocadas pela progressiva deterioração dos seus
recursos.
Como já vimos na UD2, a maioria dos desastres pode ser evitada, porque as suas causas não são
naturais, antes radicam numa gestão inadequada das diferentes dimensões do território e do
desenvolvimento.
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EXEMPLOS
Plano integrado prevenção desastres naturais bacia Rio Itajai
O presente Plano, produto desse trabalho, é estruturado começando com a contextualização dos
eventos ocorridos em novembro de 2008 em Santa Catarina, evidenciando a relação com a região
onde ocorreu. Segue-se a ideia de que o Plano é baseado na Política Nacional de Defesa Civil -
PNDC, apontando a necessidade de que diversas políticas públicas sejam por meio dele
articuladas, visando a prevenir e mitigar desastres naturais em âmbito local, municipal, regional
(escala da bacia hidrográfica) e estadual.
EXEMPLO
Manual de Planejamento em Defesa Civil- Volume I, II, III e IV – Brasil
Publicação abordando os principais aspectos do planeamento das ações de defesa civil: prevenção,
preparação, respostas aos desastres e reconstrução, além de tratar das especificidades dos desastres
tecnológicos.
Atualmente existem diferentes formas de planear e não vamos deter-nos sobre as suas diferenças.
Importa assinalar, no entanto, que a participação de todos os atores relacionados com o
desenvolvimento, quer sejam locais quer pertençam a outros níveis geográficos e atuem no
território, constitui uma das diferenças essenciais que distingue as formas mais inovadoras das
tendências tradicionais do planeamento.
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Com frequência, as autoridades locais adjudicam a conceção e a estruturação do plano a uma equipa
especializada, composta por técnicos peritos em planeamento que dispõem de uma extensa base de
dados e de uma vasta experiência na matéria, uma estratégia que se tem revelado bem sucedida
noutros territórios.
Não revelamos nada de novo quando afirmamos que muitos processos de planeamento realizados à
margem da cidadania fracassaram. Uma das razões de fundo essencial é a falta de apropriação do
"projeto", uma identificação escassa com o futuro construído por "outros" sem a opinião da
comunidade local, algo que, consequentemente, tem poucas hipóteses de ser por esta
compreendido e assimilado.
EXEMPLOS
As Opções do Plano para 2011 prosseguem a Visão Almada “Mais” Sustentável, Solidária e Eco-
Eficiente, apresentando-se em sete Eixos de Desenvolvimento definidos, os quais integram as
respectivas Linhas de Orientação Específicas, para o ano de 2011, no âmbito das quais se
desenvolverão as inerentes atividades, projetos e ações.
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Comissão Nacional de Proteção Civil - Angola, Plano estratégico - Gestão do risco dos desastres com
ênfase na redução da pobreza, adaptação as mudanças climáticas e desenvolvimento institucional, 2009.
Governo da república de Moçambique, Plano de acção para a redução da pobreza absoluta 2006-2009
– Moçambique, Governo da república de Moçambique, 2006.
República de Angola, Ministério do Planeamento Unidade Técnica e Administrativa; União
Europeia, Fundo Europeu de Desenvolvimento, Angola – Programa de Apoio à Reconstrução -
Análise sobre as melhores práticas de diagnóstico e planificação a nível de administração local, 2006.
Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas – Portugal, Plano Nacional de
Desenvolvimento Rural 2007-2013 - Portugal, 2007.
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Com o objetivo de sistematizar o que pode tornar-se num processo muito complexo, propomos
nas próximas páginas um panorama geral das fases e passos do planeamento estratégico que
será a principal ferramenta prática de referência ao longo de todo o curso.
Preparação e diagnóstico
Passo 1 Sensibilização e promoção do processo no território
FASES ANALÍTICAS
Passo 2 Convocação dos atores e formalização do processo
Formação da equipa técnica territorial responsável pela
Passo 3 coordenação do processo
Passo 4 Elaboração do diagnóstico prévio
Passo 5 Elaboração do diagnóstico
Passo 6 Análise da envolvente e dos atores
Passo 7 Elaboração do relatório de diagnóstico
Passo 8 Declaração da visão e missão
Planeamento
FASES PROPOSITIVAS
As quatro fases fundamentais do plano podem ser divididas em dois grandes blocos: um mais
"analítico", com ênfase na situação atual, e o outro "propositivo", com ênfase na ação futura.
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Antes de dar o primeiro passo no processo que nos acompanhará ao longo deste capítulo, importa
destacar alguns princípios básicos que regem todas as fases e nos quais assentará o processo de
planeamento:
Construir um futuro desejado. O planeamento antecede sempre a tomada de decisões:
trata-se de construir o melhor futuro desejado (tomando em consideração o passado e o
presente), não de o adivinhar. O plano não deve, além disso, referir-se unicamente ao futuro,
mas indicar e definir as medidas para o alcançar, numa relação de causa e efeito.
Ter em consideração a multidimensionalidade e a interdependência do território. O
território é um sistema aberto e complexo e "o seu desenvolvimento é explicado pela dinâmica de uma
ampla rede de relações entre variáveis ambientais, económicas, sociais, políticas e culturais que se estabelecem
dentro do território e com territórios limítrofes, com o resto do país e com o resto do mundo"1. O planeamento
estratégico é um processo articulado, onde interveem diferentes atores, perspetivas, interesses,
dimensões e variáveis.
Fomentar a participação. Numa visão integradora do território, é fundamental a participação
de todos os agentes locais para alcançar um consenso e uma visão comum de desenvolvimento.
Todos os atores devem sentir-se partes, gestores e beneficiários diretos do planeamento
consensualizado.
Liderança das autoridades locais no desenvolvimento do potencial endógeno e na
construção de sociedades mais sólidas. A administração local desempenha um papel crucial
na promoção da criação de contextos de desenvolvimento atrativos para potenciais investidores
e seguros para a população. O desenvolvimento local sustentável passa necessariamente pela
potenciação, o aproveitamento e a proteção dos recursos endógenos, tanto humanos como
ambientais e organizacionais.
Funções e responsabilidades Nos processos de planeamento estratégico existe uma
importante divisão de funções e responsabilidades. Por um lado, reconhece-se que a autoridade
ou os órgãos das administrações locais são os líderes promotores da gestão territorial; por outro
lado, é ponto assente que deve existir uma comissão executiva de caráter público, incumbida de
coordenar todo o processo de planeamento. Os restantes atores locais, desde o setor privado e
da sociedade civil até qualquer tipo de agente que atue no território, terão um papel e uma
participação responsável na execução de todos os projetos e atividades estabelecidos no plano.
O capítulo que se desenvolverá em seguida divide-se em cinco partes. A primeira e a segunda partes
centrar-se-ão no estudo da componente analítica do planeamento estratégico. Tal contribuirá para a
organização do processo, a realização do diagnóstico do território, a identificação, convocação
e mobilização dos atores locais (aprofundando metodologias eficazes no sentido de abordar o
estudo analítico do território, bem como a identificação dos recursos endógenos e exógenos do
desenvolvimento local) e, finalmente, a identificação dos problemas mais prementes e com
importância estratégica para o desenvolvimento do território.
1
Fonte: CLAD
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Fase 1 Preparação
Sensibilização e promoção do processo no território
Apesar disso, no entanto, como veremos nas próximas Unidades Didáticas, a segurança e o
desenvolvimento de um território é da competência não só das autoridades, mas também de todos
os atores que com ele se relacionam. O importante é que as autoridades locais, nas quais a
população delegou e confiou a condução destes processos, tomem consciência e assumam a
liderança de todas as etapas, visto que são elas as responsáveis pela implementação dos planos de
desenvolvimento local, bem como pela governação, gestão e administração do território.
Os primeiros passos necessários que nos permitem ordenar e organizar o processo são:
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de inclusão social. Administrações locais, técnicos municipais, ministeriais ou setoriais
presentes no território, coordenadores de comissões de trabalho, etc., poderão integrar a equipa,
embora a sua composição possa variar em função da dimensão e do nível de governação do
território. Em muitos casos, para facilitar a participação da comunidade e favorecer o processo
de apropriação da estratégia no território, são formadas comissões locais representativas dos
interesses da população (comissões de desenvolvimento local, comissões de trabalho do
comité municipal, comissões setoriais, etc.) que a equipa técnica territorial consulta e com as
quais colabora, envolvendo-as tanto nas fases de preparação e análise, como nas fases de
planeamento, implementação e acompanhamento.
Análise
FASE 2
Elaboração do diagnóstico
A fase analítica de estudo da situação do território é o primeiro impulso para estabelecer uma boa
política de planeamento. As quatro etapas aqui identificadas, desde a elaboração do diagnóstico
prévio até à elaboração do relatório final, contribuem para a elaboração de um diagnóstico
completo do território.
Este requer a recolha e análise de uma série de dados que ajudarão a conhecer melhor a situação
real, o estado das coisas e, consequentemente, a prever e propor soluções para os problemas
encontrados.
Como veremos mais adiantes, existem diversos métodos para realizar o diagnóstico. No entanto, a
eficácia do sistema escolhido dependerá do estabelecimento de uma metodologia de trabalho
previamente concertada entre todos os atores, formais e informais.
O diagnóstico prévio é o primeiro passo da fase analítica, no qual se procede a uma avaliação inicial
de situações e tendências que caracterizam o território de acordo com a perceção da população
local convidada a manifestar diretamente a sua opinião.
Esta avaliação prévia tem por objetivo definir em primeiro lugar, e com a maior participação
possível, as questões críticas que o território enfrenta e as principais propostas para o seu
desenvolvimento futuro.
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investigação considerados necessários e cujos resultados constituirão a base do diagnóstico
territorial;
Obter consenso em torno dos objetivos gerais e das propostas de atuação apresentadas pelo
conjunto da população;
Avaliar capacidades e recursos endógenos para envolver na preparação do diagnóstico os
atores cuja experiência constitui a memória histórica do território e, simultaneamente,
identificar as necessidades de capacitação de quem irá avançar com o processo;
Preparar um documento de diagnóstico prévio que reflita os resultados das sessões de
trabalho participativas como base do processo a seguir.
A fase de diagnóstico prévio proporciona também a ocasião para formar a equipa técnica e,
eventualmente, nela integrar comissões de peritos locais que apoiarão o seu trabalho de acordo com
as áreas locais afetadas e os problemas identificados. Os conteúdos dessa capacitação serão
estruturados com base nas prioridades acordadas nos espaços de intercâmbio e avaliação.
Para integrar a redução do risco de desastres desde a primeira fase do processo, é importante
envolver os atores fundamentais deste setor nas conferências e workshops de diagnóstico prévio,
designadamente no âmbito de sistemas de prevenção, proteção civil, voluntários da Cruz Vermelha,
ONG, organismos de emergência e desenvolvimento nacionais e internacionais ativos no território,
etc.
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EXEMPLO
Plano Estratégico – Aveiro - Portugal
O diagnóstico territorial visa obter uma visão futura do desenvolvimento do nosso território.
Para o efeito, temos de considerar dois aspetos fundamentais:
► Descrever aquilo que o nosso território deverá ser nos próximos 2 ou 3 anos e, em paralelo,
numa perspetiva de mais longo prazo.
► Determinar a forma como o nosso território alcançará esse futuro desejado.
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internos. O diagnóstico constitui, portanto, um instrumento fundamental de todo o processo de
planeamento estratégico.
Os passos do diagnóstico
Tomando por base um diagnóstico de tipo participativo, podemos dizer que inclui os seguintes
passos:
Recolha de dados, estabelecimento de um sistema de informação territorial básico e elaboração
de um relatório sobre a situação atual local;
Entrevistas com atores fundamentais dos setores económico, educativo e político, que possam
transmitir informações, ideias e opiniões e que identifiquem potencialidades por si observadas
no município;
Realização de workshops de autodiagnóstico;
Sistematização do material obtido com vista à elaboração de um relatório final;
Processos de discussão e de debate para encontrar acordos consensuais.
Se não existem dados: Neste caso, também é possível efetuar uma recolha de dados
própria e estabelecer um sistema de informação territorial, embora exija um grande
esforço, para além de recursos e tempo.
O consenso: Este conceito assume o papel central, porque tem por objetivo que a
comunidade chegue a acordo sobre os principais problemas do território e as
oportunidades e estratégias que devem ser implementadas para os resolver.
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2.2.3 Análise da envolvente e dos atores com a metodologia DAFO
Análise da envolvente
Esta fase conclusiva do diagnóstico deve servir para definir todos os aspetos que influem no
desenvolvimento de um determinado território, consolidar uma visão comum entre todos os atores
locais dos aspetos fundamentais do plano estratégico e ter uma visão integrada dos problemas e
possibilidades de desenvolvimento do território.
Por outras palavras, conhecer como era a envolvente, como se encontra na atualidade e as suas
possibilidades futuras (à luz do passado e do presente) ajudará a centrar a nossa atenção nos temas
vitais para promover a atividade de desenvolvimento local na perspetiva da sustentabilidade.
Importa assinalar ainda que é tão importante conhecer as oportunidades futuras como as ameaças
mais significativas. Estes elementos são os focos de ação, sobre os quais recairá a análise da
envolvente, nas suas duas vertentes:
► Análise externa: aquela que se refere à exploração da envolvente externa em que a
comunidade local se insere
► Análise interna: aquela que analisa os fatores intrínsecos do território e a sua população.
Uma vez realizada a análise da envolvente (interna e externa), obteremos resultados que, a priori, nos
mostrarão uma fotografia do território muito fiel à realidade, pelo que, a partir desse momento, será
muito mais fácil escolher os temas essenciais do plano estratégico.
Eis alguns exemplos de temas que podem ser revelados pela análise da envolvente interna:
a melhoria das infraestruturas de comunicação e acesso ao município;
a melhoria das infraestruturas de serviços sociais e de saúde;
a necessidade de definir um quadro de proteção ambiental adequado;
a necessidade de consciencializar a população local relativamente à prevenção e redução do
risco de desastres;
a necessidade de melhorar os serviços de segurança dos cidadãos;
a recuperação e proteção dos recursos naturais e dos ecossistemas;
o fortalecimento e diversificação de sistemas produtivos e de oportunidades de emprego;
o estabelecimento de canais adequados para a criação de um clima de entendimento entre a
sociedade civil.
De igual modo, os temas revelados pela análise externa do território podem ser muito variados.
Referem-se alguns a título de exemplo:
situação sociopolítica dos territórios limítrofes do nosso município;
situação sociopolítica de níveis superiores como o regional, nacional e internacional;
situação económica e monetária (processos de flutuação nas economias nacionais);
políticas, decisões e projetos com incidência no território;
alterações ambientais, económicas, políticas e sociais que aumentam o nível de risco;
tendências observadas nos investidores internacionais.
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setores representativos da sociedade. Este relatório é decisivo, porque será uma ferramenta de
trabalho fundamental durante a elaboração e implementação do plano estratégico.
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Análise interna
Analisar os fatores intrínsecos do território e da sua população
Tem por objetivo identificar:
todos os aspetos positivos e negativos sob controlo local,
determinando aqueles que podem ter maior impacto a longo prazo sobre o seu
desenvolvimento e
os pontos fortes e fracos da comunidade relativamente a cada um dos temas que
afetam o seu desenvolvimento.
É uma análise de tipo prospetivo, que responde às seguintes perguntas:
► Qual é a situação atual do território?
► Quais são os problemas?
► Quais são os pontos fortes do território?
► Quais são os seus pontos fracos?
Serve para: analisar os pontos fortes e fracos locais e, com base neles, as potencialidades
endógenas do território.
Conclusão: são analisados os fatores internos à comunidade, que ela pode controlar e que
afetam positiva e negativamente o seu desenvolvimento. Uma vez identificados os fatores internos
que afetam os temas estratégicos, é necessário priorizá-los numa escala de importância de acordo
com o seu impacto no território.
Na fase de diagnóstico, a análise dos atores constitui um dos pilares essenciais na construção do
processo participativo em que se apoiará o longo percurso do planeamento estratégico.
Facilmente podemos identificar, num primeiro relance, os atores que iniludivelmente devem estar
presentes no processo, como é o caso das autoridades e administrações locais e dos representantes
das organizações públicas, sociais, produtivas, educativas, etc.
2Este tipo de análise orientada para a inclusão do risco no planeamento estratégico será estudado de forma mais aprofundada no último
capítulo e nas próximas Unidades Didáticas.
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No entanto, dependendo do território em causa, existem outros atores que, embora menos
evidentes, e talvez menos visíveis, têm uma intervenção direta e decisiva nas ações implementadas
no território (principalmente aqueles que têm poder de decisão sobre o desenvolvimento local e
nele atuam a partir de outros níveis geográficos) e, muito particularmente, nos temas diretamente
relacionados com a redução do risco de desastres, tanto no âmbito regional, como nacional
(institutos de fomento municipal, ministérios, organismos de redução de desastres, organismos de
cooperação, etc.).
Nesta situação, não hesitamos em afirmar que grande parte do êxito do processo de planeamento
estratégico dependerá, em boa medida, da identificação prévia dos atores que se traduzirá, como
veremos mais adiante, na denominada elaboração do mapa de atores.
Citamos seguidamente, como lista que não se pretende sistemática nem exaustiva, alguns dos atores
a tomar em consideração sempre que operem no nosso território;
Representantes da administração pública local e representantes setoriais das administrações de
nível superior, regional, nacional…;
Empresas e associações do setor privado e cooperativo;
Institutos e agências de desenvolvimento local ou municipal;
Proprietários de solos que possam ser utilizados em novos planos territoriais;
Representantes de bancos, caixas de poupança e entidades financeiras;
Representantes dos agentes sociais (organizações sindicais);
Representantes das universidades e do mundo científico;
Representantes das corporações profissionais (artesãos);
Gestores dos espaços naturais protegidos;
Representantes de ONG;
Organizações comunitárias e de base;
Organizações de mulheres;
Comunidades indígenas;
Líderes de opinião (meios de comunicação);
Instituições nacionais responsáveis pela gestão dos desastres e redução do risco;
Instituições regionais responsáveis pela coordenação dos esforços dos governos nacionais em
matéria de prevenção de desastres.
Partimos do princípio que o processo de planeamento é liderado pelas autoridades locais, enquanto
instância coordenadora e facilitadora de todos os passos abordados no planeamento estratégico.
Para elas é muito importante que, nesta fase de análise, uma vez identificados os atores, se procure
a representação adequada de cada um dos grupos sociais, dando prioridade a quem possui um grau
de exclusão mais elevado e tem sido historicamente marginalizado.
É muito importante que todos os atores tenham voz e voto em cada uma das fases previstas e que
essa representação contemple, de forma transversal, a participação da mulher.
É preciso não esquecer que, em muitas comunidades locais, as mulheres são um pilar
importantíssimo da estruturação social e um claro motor dinamizador da economia local. É
altamente recomendável a sua participação no processo e uma presença significativa das mulheres
na tomada de decisões.
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Para estruturar a participação dos atores, aconselha-se vivamente a constituir um órgão que sirva de
espaço para a realização de deliberações e tomada de decisões pertinentes. Pode ser uma das
seguintes estruturas:
► Mesa ou Comissão para acompanhar o processo de planeamento estratégico com base numa
estratégia de sustentabilidade;
► Junta local para o desenvolvimento local sustentável e a redução do risco de desastres;
► Comité de Desenvolvimento Territorial, como equipa técnica representante de todos os
atores presentes no território.
A qualificação técnica da equipa coordenadora do projeto de planeamento, que tem por especial
missão envidar esforços no sentido de orientar o projeto para a obtenção de resultados satisfatórios
para o conjunto das partes, através do exercício da negociação, é muito importante para garantir o
respeito pela pluralidade de interesses.
EXEMPLOS
Plano Estratégico de Desenvolvimento do Município de Chaves - Chaves 2015 - Portugal
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O exercício procura analisar, tanto a nível externo como a nível interno, aspetos de índole
económica, social, política, demográfica, ambiental, física, tecnológica e legislativa que permitam
identificar aspetos críticos ou aspetos importantes que devam ser integrados no planeamento
posterior.
Esta fase do diagnóstico deve servir para definir todos os aspetos que influem no desenvolvimento
de um determinado território, consolidar uma visão comum entre todos os atores locais dos aspetos
fundamentais do plano estratégico e ter uma visão integrada dos problemas e possibilidades de
desenvolvimento do território.
O diagnóstico de um território, como indicámos, tem uma importante missão: conhecer os pontos
fracos, as ameaças, os pontos fortes e as oportunidades do território e da comunidade que se
pretende desenvolver. Para o efeito, é necessário realizar todas as investigações necessárias para
conhecer os aspetos sociais, económicos, políticos e ambientais requeridos para obter a imagem
mais fiel possível da realidade em que nos movimentamos.
Este conhecimento terá por base investigações que serão realizadas com o apoio de equipas
técnicas especializadas. O critério para estabelecer a classificação seguinte gira em torno dos
seguintes fatores: o tipo de informação em que se baseiam; a natureza dessa informação e,
finalmente, o objetivo passível de ser atingido.
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Por tipo de informação utilizada
Estudos de gabinete
São realizados com recurso a fontes de informação secundárias como bases de dados, relatórios,
registos, etc. O investigador explora dados que já foram recolhidos por terceiros,
relacionando-os e interpretando-os de modo a fornecerem informações sobre o tema de estudo.
Este tipo de estudo constitui, geralmente, a primeira etapa de uma investigação, através da qual se
procura uma aproximação ao tema de estudo para entender as suas características globais e poder
passar ao trabalho de campo.
Características
Estudos mistos
Estudos mistos são a combinação do estudo de gabinete com o estudo de campo.
Estudos quantitativos
Estes estudos respondem a perguntas como quanto, onde e como, grandezas que podem ser
"quantificadas", números. Regra geral, este tipo de estudos é utilizado para recolher
informações simples num grupo de população numeroso, sendo a técnica habitualmente utilizada
o inquérito.
Características
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Estudos qualitativos
Utilizam informação relativa a aspetos do comportamento humano como, por exemplo, atitudes,
crenças, motivações. As informações obtidas são qualitativas, não se podem medir
numericamente, sendo constituídas por opiniões, ideias, sensações e avaliações das pessoas sobre
um tema. São utilizados, regra geral, nos casos em que é necessário conhecer um tema em
profundidade e do ponto de vista pessoal de certos atores. Não são aplicáveis, como as
informações quantitativas, mas a pequenos grupos especificamente selecionados, através de
técnicas como a entrevista exaustiva, o grupo de discussão ou a observação.
Características
Estudos mistos
Estudos mistos são a combinação do estudo quantitativo com o estudo qualitativo.
Características
Estudos descritivos
São realizados para recolher informações e dados e demonstrar o que está a suceder num
determinado setor, por forma a proporcionar informações de base. As informações obtidas por
estes estudos podem ser utilizadas para tomar algumas decisões, ainda que, na maior parte dos
casos, sejam utilizadas para ampliar o nível de conhecimento de uma determinada área.
Características
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Estudos explicativos
Estes estudos determinam as relações existentes entre as diferentes variáveis que influem num
fenómeno. Conhecendo as causas e consequências dos fenómenos no território, será possível
tomar as decisões concretas que permitam otimizar os resultados.
Características
A primeira minuta do diagnóstico deve ser amplamente discutida com os principais atores do
território com o objetivo de ir criando consenso em torno dos elementos centrais do diagnóstico.
Embora não pareça, a elaboração do diagnóstico por escrito é um trabalho de grande importância,
porque o relatório será a ferramenta central de comunicação e trabalho com os atores participantes
no plano estratégico. Um relatório final mal estruturado, confuso, pouco claro, excessivamente
longo, provoca desinteresse e dificulta uma tomada de decisões adequada, por isso é importante
tomar em consideração algumas recomendações sobre a estrutura, estilo e apresentação.
► Preparação do esquema e estrutura
A redação de um relatório não pode ser deixada para o fim; é sempre parte essencial do
trabalho. Por vezes, o principal objetivo é efetivamente a apresentação de um relatório, por isso
é de suma importância tê-lo em mente desde o princípio, para poder planear as várias etapas da
sua preparação como parte integrante do plano geral.
Para a conceção do esquema é necessário elencar todos os temas e subtemas que irão compor o
relatório e conferir a essa lista uma estrutura lógica e compreensível para um leitor externo.
Regra geral, recomenda-se que a estrutura do relatório parta dos temas mais gerais e avance
gradualmente para os temas mais específicos.
Uma vez elaborada a estrutura do relatório, convém sempre que alguém não envolvido na sua
elaboração dê a sua opinião. Saberemos desse modo se estamos no bom caminho ou se
convém alterar a organização dos temas, adicionar temas em falta ou, inclusivamente, eliminar
temas supérfluos.
► Estilo
O estilo de redação deve ser claro, conciso e correto, para persuadir pela lógica e não por frases
sonoras, retóricas ou intermináveis. Uma regra é suprimir qualquer palavra ou frase que não
seja absolutamente necessária para a clareza do relatório. Não existe um estilo único que se
adapte perfeitamente à redação de relatórios, já que estes variam necessariamente consoante o
tema tratado e a finalidade que preside à sua elaboração.
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Não obstante, podem ser aplicados certos princípios gerais que lhe serão extremamente úteis:
prefira o vocábulo de uso corrente ao rebuscado e evite ambiguidades;
limite ao máximo o emprego de adjetivos e advérbios;
evite palavras "tendenciosas", o jargão, as figuras retóricas, o uso incorreto dos pronomes
relativos, as faltas de pontuação e a formação incorreta dos plurais.
Um bom conselho para os relatores é que, por regra, usem frases curtas. Não obstante, o
comprimento das orações deve variar para que o relatório seja ameno e interessante. Nos
períodos longos deve ponderar-se a sua construção, de modo que as suas diferentes partes
mantenham uma ordem lógica e salvaguardem a fluência da frase, que a ordem das palavras se
submeta ao primado das ideias e à importância que se pretende conferir a cada ideia.
Quando várias pessoas participam na redação do relatório, os dados e os materiais devem ser
organizados de forma padronizada; devem estabelecer-se normas precisas para que todas as
secções sigam o mesmo estilo.
► Apresentação
A apresentação de um relatório é muito importante; a primeira impressão é aquela que conta,
tem um efeito positivo ou negativo no leitor antes de ele começar sequer a sua leitura. Por isso,
ainda que pareça superficial, é importante dedicar tempo a preparar uma boa apresentação e
revê-la várias vezes antes de avançar.
Algumas questões que frequentemente são citadas como pontos fracos de um relatório são os
erros de edição, margens de diferente dimensão, alterações injustificadas dos tipos de letra,
numeração confusa ou complicada das ilustrações, etc.
Como indicámos em secções anteriores, o processo de planeamento estratégico inclui uma parte
"analítica" e uma parte "propositiva". Depois de nos ocuparmos extensivamente da parte
analítica nas páginas anteriores, vamos seguidamente concentrar-nos na parte "propositiva", em
que, com base no diagnóstico territorial prévio, se dará uma série de passos rumo ao planeamento e
implementação das ações concretas que melhorarão as condições e possibilidades do nosso
território.
A formulação e definição de estratégias, políticas e planos de ação são eixos centrais do processo de
planeamento. Sendo certo que a implementação terá lugar após a formulação prévia dos objetivos
gerais e específicos do plano, não é menos certo que só será possível alcançar resultados
satisfatórios se as autoridades locais, em conjunto com os atores fundamentais do desenvolvimento,
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envidarem os esforços necessários para promover uma visão de sustentabilidade, ou seja, o que é
melhor para a comunidade.
As autoridades locais apoiar-se-ão no trabalho do pessoal técnico e dos demais atores envolvidos,
no sentido de recolher e traduzir adequadamente as observações propostas, concertadas e
acordadas consensualmente através dos diferentes mecanismos participativos.
Esta fase do processo, o planeamento propriamente dito, encerra um forte conteúdo político. Nela,
as autoridades locais terão a responsabilidade de colocar todo o seu potencial ao serviço da
comunidade e de pôr em prática os princípios de coordenação, colaboração, complementaridade,
solidariedade, etc. Para esse feito, terão de articular estratégica e politicamente os interesses
que convergem na comunidade (seguramente muito variados) e que necessitem de
intervenção, nalguns casos com maior urgência que outros (priorização).
A liderança local não é um rótulo que, por mera aposição, confira ao seu titular um conjunto de
comportamentos e aptidões imprescindíveis para fazer valer os princípios a que aludimos
constantemente: coordenação, colaboração, complementaridade, solidariedade, etc.
Portanto, antes de iniciar um processo de planeamento, aconselha-se a que se analise com cuidado:
► se existem as condições ou capacidades de liderança suficientes,
► se será possível articular as estratégias de consensualização da comunidade e
► se existirá vontade política para avançar na direção adequada.
Visão e missão são dois passos fundamentais num planeamento estratégico, pois as suas
características comuns e os traços que as diferenciam são importantes para compreender a parte
propositiva de um plano estratégico.
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EXEMPLO
Prefeitura Municipal de Pinhal da Serra – Brasil
Missão: A missão define o foco principal para a gestão, impedindo que a administração se desvie
de seus principais propósitos. Ela expressa, de forma clara, o propósito final que justifica as ações
da Administração Pública. Aplicada à gestão municipal, estabelece a maneira pelas quais os gestores
pretendem se posicionar perante os seus clientes, ou seja, os cidadãos, que os escolheram como
seus representantes. Ela é construída para fornecer um sentido de direção bem nítido a todas as
ações, fazendo com que os recursos sejam canalizados para as prioridades definidas, como tal, pela
equipe gestora. Para atender a esses quesitos, a MISSÃO da atual gestão foi expressa pelo grupo
com palavras – chave, como o princípio gerador e a razão final de seu plano de ação, da seguinte
forma: "Promover uma gestão participativa, transparente e de qualidade, respeitando a cultura local
e proporcionando a todos melhoria da renda e qualidade de vida.
Visão de Futuro: A visão de futuro responde à pergunta: "O que queremos para o município, nos
próximos anos?" Construir a visão é definir o norte para o qual se pretende dirigir todos os esforços
da Gestão Municipal. É o ponto de chegada, desejado por todos. É a situação almejada, para a qual
se deverão alinhar os caminhos do desenvolvimento. Sua construção é fruto de uma análise acurada
de todas as alternativas e possibilidades, dentro dos vários cenários que se apresentam ao
Município, desenhados pela gama de oportunidades, identificadas na fase de diagnóstico estratégico.
A identificação das ameaças, nessa mesma fase, impede que a caminhada para o desenvolvimento se
desvie do alvo pretendido, ou que ele se torne uma miragem ou um sonho impossível, cada vez
mais distante e desalentador. O exercício da construção da visão de futuro de Pinhal da Serra,
durante o seminário de planeamento estratégico, significou um raro momento de reflexão, feita pelo
grupo, em torno do futuro sonhado em comum, expresso da seguinte forma: "Ser referência em
desenvolvimento sustentável, proporcionando pleno exercício da cidadania e excelente qualidade de
vida à sua população".
À luz das características enunciadas, a visão é uma situação referida por todos os atores locais
como ideal. Para cumprir a missão, em contrapartida, é preciso dotar o plano estratégico de
conteúdos, pelo que o primeiro passo a dar nesse sentido será a identificação dos objetivos gerais
do plano e dos objetivos específicos de cada linha de intervenção.
Não faz sentido fixar objetivos para todos os aspetos resultantes do diagnóstico, mas apenas para
os pontos fortes e fracos mais importantes, previamente identificados na análise DAFO e
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acordados consensualmente nos workshops participativos, tanto na fase de diagnóstico prévio, como
na última etapa de validação do diagnóstico.
O plano deve ter por objetivo central constatar a existência de uma série de oportunidades
e de ameaças possíveis, derivadas de uma envolvente sujeita a alterações profundas de
curto, médio e longo prazo, e definir o respetivo conteúdo em função da realidade
encontrada.
A partir do objetivo geral do plano, é necessário definir um conjunto de objetivos específicos que
se pretendem alcançar para cumprir esse objetivo geral.
Numa perspetiva de "sociedades vulneráveis a diferentes tipos de ameaças", o objetivo estratégico está
relacionado com a redução do risco de desastres no território, ao passo que os objetivos específicos
se debruçam sobre aspetos ligados à prevenção, mitigação, resposta a emergências, estratégias de
reabilitação e reconstrução, etc.
Plano Estratégico
Visão
Missão
Objetivo Geral
Objetivos Objetivos
específicos específicos
EXEMPLO
Plano estratégico de desenvolvimento do município De Chiapetta - Brasil
Objetivos Específicos:
Elaborar o Plano de Ações Estratégicas, individual e Integrado dos Municípios da região
Amuceleiro, levantando e analisando os diagnósticos locais e regionais, atualizando o
Município e a região para desenvolvimento económico, social, ambiental e público neste
novo cenário;
Definir os projetos estratégicos para o Município para os próximos 20 anos;
Estabelecer e planear as ações de desenvolvimento das prioridades Municipais;
Estruturar o Município como agência de desenvolvimento local, gestor dos projetos
elaborados.
Proporcionar subsídios na implementação do Plano Estratégico de Desenvolvimento
Sustentável;
Estabelecer prioridades para o desenvolvimento;
Identificar os principais programas para o desenvolvimento económico, social
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As linhas estratégicas são o passo seguinte do planeamento, após a formulação do objetivo geral e
dos correspondentes objetivos específicos.
Entende-se por linhas estratégicas os grandes eixos de atuação que vão articular os projetos e
ações concretas do plano. As linhas estratégicas ou as estratégias definem as vias para alcançar o
objetivo geral do plano e constituem os quadros em que se inserirão os projetos e as ações
concretas.
É costume partir do objetivo geral para identificar um conjunto de temas que se consideram
relevantes para o efeito. Numa primeira abordagem, poderemos deparar-nos com listas muito
extensas, pelo que convém realizar uma análise metódica, tendente a:
► Reduzir o número de temas selecionados.
► Priorizar os temas mais importantes e que exigem uma atuação mais premente.
► Aumentar o grau de compromisso dos atores locais, centrando os esforços nas linhas
estratégicas mais importantes.
Para a definição das estratégias da comunidade convém centrar-se apenas nas estratégias que sejam
consistentes com os objetivos definidos e que apresentem níveis de risco aceitáveis/geríveis. A
definição de estratégias deve capitalizar as oportunidades externas mais importantes e os pontos
fortes internos, e neutralizar as ameaças e os pontos fracos mais graves.
É possível que uma comunidade local identifique mais estratégias do que aquelas que pode assumir
com os recursos disponíveis. Por isso, e independentemente de ser sempre bom dispor de
alternativas para as diferentes estratégias, deve-se:
Escolher e priorizar as estratégias e selecionar as que melhor possam servir para uma
implementação realista do plano.
Conclui-se pelo exposto que o planeamento estratégico, para ter êxito, deve ser orientado para a ação e centrado
na afetação de recursos, normalmente escassos, aos temas críticos.
Com frequência, quando definimos as linhas estratégicas, surge uma série de áreas com conteúdos
bastante normalizados que, em simultâneo e em consequência, costumam levar a uma série de
temas muito importante.
Se pensarmos na área que dá resposta aos interesses dos cidadãos, por exemplo, é fácil identificar os
temas que lhes interessam e evidenciar os temas que, pela sua evolução e pela sua situação atual,
requerem maior intervenção e esforço.
Se a nossa localidade regista elevados índices de desemprego, é lógico que procuremos dar resposta
a este problema e o convertamos num centro de atenção prioritário quando chegar o momento de
conceber ações e as implementar.
EXEMPLO
Plano estratégico de desenvolvimento do turismo (2004 - 2013)
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Alguns dos temas e áreas de interesse mais importantes são apresentados no quadro seguinte:
Áreas de
Temas importantes
interesse
O cidadão. Questões relacionadas com o
emprego, a educação, a cultura, a saúde,
etc.
Gestão local. Questões relacionadas com
a qualidade dos serviços públicos, Criação de emprego
transparência na gestão local e
Melhoria do sistema educativo
descentralização.
Promoção da sustentabilidade
A qualidade de vida ou a relação entre
o cidadão e o território. Questões Qualidade do espaço urbano e, em
relacionadas com o ambiente, a habitação, particular, do espaço público
os espaços urbanos, etc.
Integração social e grupos de risco
Convivência e governação ou as
relações interpessoais. Questões Estruturação territorial
relacionadas com a integração social e
grupos de risco, transformação
Sistemas de acessibilidade, incluindo de
logística e transporte de mercadorias
administrativa, segurança, etc.
A cidade como objeto (cidade e
Infraestruturas de suporte económico,
envolvente urbana/metropolitana). incluindo as telecomunicações
Questões relacionadas com o espaço Serviços e setores emergentes
público, novas centralidades, equilíbrio
territorial, etc. Identificação de fatores de vulnerabilidade
Relação com o exterior. Questões Organização da sociedade civil
relacionadas com as acessibilidades e a
mobilidade (incluindo a mobilidade Gestão de bacias hidrográficas
interna). Utilização dos solos
Economia (motor da cidade) Apoio ao Contaminação ambiental
desenvolvimento das micro, pequenas e
médias empresas, criação de rendimento, Áreas de risco
apoio à diversificação produtiva, etc.
Redução da pobreza
Ecossistemas como garantia da
sustentabilidade. Utilização dos
recursos naturais, gestão de resíduos,
recuperação de áreas danificadas, etc.
Como já foi dito, se as linhas estratégicas definem, por um lado, as grandes opções para o futuro de
uma comunidade local, por outro lado, para que essas linhas possam ser executadas, é necessário
que elas sejam constituídas individualmente por um ou vários projetos estratégicos e pelas suas
respetivas atividades. Os projetos são os elementos do plano estratégico que devem ser
implementados para que o plano obtenha os resultados esperados.
Tal como nos passos anteriores, também aqui convém definir critérios ou prioridades para orientar
o processo de tomada de decisões rumo à implementação do plano.
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Uma vez priorizadas as linhas estratégicas, os projetos a executar serão selecionados em função dos
recursos disponíveis e das necessidades da comunidade. Por este motivo, é fundamental que cada
projeto seja acompanhado de uma definição dos custos e outros recursos exigidos.
Por seu lado, cada projeto costuma incluir atividades diferentes, devendo cada uma contribuir
para a consecução dos seus objetivos.
O conteúdo de cada uma das atividades deve dar resposta ao resultado do diagnóstico territorial e
estar em consonância com os objetivos do plano e dos projetos. Por outro lado, cada atividade
envolve por sua vez os seguintes elementos:
Definição do seu conteúdo;
Instrumentos para alcançar o modelo proposto;
Exequibilidade desses instrumentos;
Programa de ação, ou seja, cronograma e custos aproximados.
É essencial efetuar uma escolha correta das linhas estratégicas, porque nelas assentarão as ações e
atividades em que serão utilizados os recursos disponíveis e serão investidos os esforços envidados
para alcançar os resultados esperados.
Em todas estas fases, como já referimos, é muito importante a participação de todos os atores
locais envolvidos no plano estratégico, não só na fase de decisão, como também nas fases de
conceção, gestão e implementação.
Como foi mencionado anteriormente, podem existir inúmeras estratégias e projetos suscetíveis de
ser concebidos em torno de um plano estratégico. Se nos propuséssemos executar a sua totalidade,
excederíamos muito provavelmente as possibilidades reais do plano estratégico e limitaríamos a
consecução dos resultados esperados.
Para que um plano seja verdadeiramente eficaz e possa alcançar os resultados esperados, é
necessário realizar um processo prévio que reduza as estratégias e os projetos a um número
comportável, exequível e realista.
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Como efetuar a seleção?
Uma das técnicas utilizadas para selecionar os projetos estratégicos a implementar são os workshops
participativos, nos quais se trabalha com técnicos como, por exemplo, os representantes dos diferentes atores
socioeconómicos.
Isto implica um processo de seleção das melhores alternativas, o que nem sempre é uma tarefa fácil.
Os critérios selecionados devem ser pensados e concebidos especificamente para cada plano
estratégico.
Isso não impede que seja possível observar a utilização habitual de alguns critérios,
designadamente:
► O impacto
Diz respeito aos resultados, diretos e indiretos, que se podem esperar dessa estratégia e/ou
projeto. Deve tomar-se em consideração o impacto absoluto e o impacto relativo, ou seja, o
impacto relativamente aos recursos destinados a essa estratégia.
► A exequibilidade
Procura saber se é realmente possível executar as ações propostas ou quais seriam as
condicionantes necessárias para poder assegurar a sua exequibilidade, quer do ponto de vista
financeiro quer do ponto de vista dos recursos humanos, considerando uma determinada
situação institucional e/ou política ou qualquer outra condição do território e da sua envolvente
que possam dificultar e/ou facilitar a realização das ações.
► O calendário de desenvolvimento
Cada projeto tem o seu prazo de maturação e de execução próprio. Não é conveniente que só
sejam selecionados projetos de curto prazo, muito imediatos e, por conseguinte, muito
conjunturais, ou só de longo prazo, que apenas permitam alcançar objetivos e resultados muito
tempo depois de iniciada a sua implementação. No primeiro caso, é possível que não se ataque
os verdadeiros pontos fracos da comunidade local, mas apenas os seus efeitos mais visíveis, ao
passo que, no segundo caso, poderá gerar-se desânimo entre os atores e organismos
envolvidos, bem como na comunidade local.
► A possibilidade de aproveitar recursos e capacidades endógenos
É a capacidade de se apoiar nos pontos fortes, nas capacidades e nos recursos locais e de
reforçar a sua potencialidade futura.
► O consenso dos atores fundamentais
Este elemento, que deve estar presente em todo o processo, também é crucial no momento de
definir as prioridades estratégicas e de selecionar os projetos viáveis.
► A compatibilidade com outros projetos e estratégias
É necessário que os projetos e estratégias selecionados possam ser complementares e
compatíveis entre si para aproveitar possíveis sinergias. Isto obriga a ponderar cada estratégia,
não isoladamente, mas no contexto global do plano, ou seja, na perspetiva da sua relação com
outras estratégias possíveis.
Uma vez definidas as prioridades, é necessário estabelecer o seu custo e compará-las com os
recursos disponíveis, pelo que a análise do custo-benefício e das oportunidades deve ser um
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aspeto fundamental para selecionar os projetos estratégicos. Posteriormente, é necessário efetuar o
planeamento das ações e subprojetos que compõem os projetos estratégicos selecionados.
A avaliação de todos estes critérios num quadro de participação e consenso tem por finalidade ser tanto um
instrumento para melhorar o futuro do nosso território, como um meio para fortalecer a própria sociedade civil.
Isto significa que é necessário estabelecer não só uma valorização ou descrição qualitativa dos
objetivos do plano e dos projetos, mas também uma quantificação dos resultados que se espera
obter com uns e outros.
Os resultados previstos devem estar relacionados com a importância estratégica de cada ação, bem
como com os recursos potencialmente disponíveis em cada caso. A determinação de resultados
concretos não pressupõe necessariamente que eles tenham um caráter exclusivamente quantitativo,
visto que poderá ser difícil traduzir alguns objetivos em números, como, por exemplo, as alterações
que afetam a forma de atuar da comunidade e os seus padrões de desenvolvimento.
Nestes casos, pode e deve-se utilizar como instrumentos elementos intermédios (indicadores) que
permitam quantificar os resultados. É necessário dedicar tempo e energia ao desenvolvimento de
um sistema adequado de indicadores que possam servir para medir todos os resultados, sabendo
que, mais tarde, pode prescindir-se de alguns que não revelem utilidade.
Importa, por outro lado, evitar reduzir todos os resultados a meros valores de execução, nos quais o
mais importante seja, por exemplo, o grau de execução da despesa afetada. O êxito do plano não se
baseia unicamente na coincidência entre o valor de execução da despesa e o valor orçamentado,
devendo tomar-se em consideração a incidência e o impacto das ações empreendidas e a eficácia
e eficiência dessa despesa: resultados concretos, mas também processos participativos
destinados a fortalecer as capacidades e a utilização dos recursos nos territórios.
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A definição de resultados pode ser visualizada graficamente da seguinte forma:
Os resultados do plano
Características Que pretendemos conseguir?
Uma vez redigido, a equipa técnica territorial apresenta o documento final do plano para debate e
aprovação.
A aprovação do plano é um amplo processo de consulta através de vários métodos que envolve
todos os atores (reuniões técnicas, assembleias de consultas, reuniões setoriais, sessões municipais,
etc.) Não devem menosprezar-se os esforços no sentido de conseguir que o plano represente os
interesses de todos e o maior número de setores socioeconómicos e que cada um deles se sinta
parte e se aproprie desse plano.
Por fim, o plano estratégico deve ser aprovado e adotado pelos órgãos da administração local, para
ser investido da legalidade e legitimidade correspondentes e poder iniciar-se a execução e a
concretização prática das ações acordadas consensualmente e definidas no documento final.
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EXEMPLOS
Planos estratégicos de desenvolvimento local disponíveis no Infodoc:
Plano Diretor Municipal do Porto - Portugal
Plano Diretor Distrital de Criúva - Brasil (disponível em espanhol)
Plano Diretor do Município de Maceió - Brasil
Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó – Brasil
Estratégia de Lisboa-Portugal de Novo – Programa Nacional de Acção para o
Crescimento e o Emprego 2005/2008
Plano Estratégico de Mobile – Estados Unidos (disponível em inglês)
Plano Estratégico de Viana do Castelo - Portugal
Plano Estratégico de Lisboa - Portugal
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Um plano estratégico não é um documento estático, mas uma realidade dinâmica. Flexibilidade,
atualização e revisão, capacidade de monitorização e avaliação são elementos a tomar especialmente
em consideração, tanto na preparação do plano como na sua implementação.
O esquema seguinte resume os elementos essenciais em que se fundamenta uma boa gestão
estratégica. É importante que esta não perca um referente fundamental que são os objetivos do
plano estratégico de desenvolvimento.
Objetivo Geral
Objetivo Específico Objetivo Específico Objetivo Específico
Linha estratégica
Projetos estratégicos
Objetivo Específico Objetivo Específico
EXEMPLO
O Processo de Monitorização - Gestão Estratégica da RLVT - Portugal
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Privilegiar as dimensões de “pertinência” e “eficácia” da estratégia, inspirada nas
metodologias de avaliação on-going. Procurando atempadamente, fornecer indicações da
necessidade, ou não, de alterações e mudanças das estratégias, ou dos próprios instrumentos
de suporte à estratégia.
A escolha dos fenómenos pertinentes de avaliar e dos próprios critérios e indicadores de avaliação,
constitui uma questão central na monitorização, por um lado, foram desenvolvidos por cada
domínio de acordo com a sua área-chave, por outro, de acordo com uma lógica conjunta dos
vários domínios.
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correio eletrónico ou da Internet.
Deverá garantir-se o empenhamento dos líderes de opinião, como a imprensa local e todos os
meios de comunicação possíveis e que atuem no território, porque será muito útil para a divulgação.
EXEMPLO
Boletim informativo do Plano Estratégico de Ciudad Juárez, México (disponível em
espanhol)
Qualquer planeamento estratégico abordado com realismo deve incluir necessariamente o capítulo
do financiamento. É óbvio que, sem financiamento, qualquer esforço de planeamento seria
infrutífero.
Esta é a razão fundamental pela qual, em muitas ocasiões, se é obrigado a procurar vias
alternativas de financiamento junto de unidades geográficas superiores ao território (regiões,
cantões, distritos, etc.) e, inclusivamente, a procurar apoio de âmbito nacional ou internacional.
Não obstante, deve tomar-se em consideração que, por vezes, as políticas impostas pelas
autoridades locais nos níveis superiores do território podem obrigar-nos a reorientar os nossos
esforços no sentido de encontrar financiamento através de mecanismos de cooperação e de
colaboração com outros organismos, instituições ou entidades públicos ou privados.
Este tipo de cooperação deve tomar em consideração, por um lado, a investigação necessária sobre
possíveis linhas de financiamento e as fórmulas que devem ser utilizadas para celebrar uma
cooperação efetiva que não crie dependência nem compromissos que não possamos cumprir
e, por outro lado, a comunidade local, através das autoridades locais que a representam. As
entidades selecionadas para celebrar a cooperação terão de manter um diálogo e uma procura de
consenso permanentes ao longo de todo o processo, que permitam perseguir os interesses comuns
para benefício de ambas as partes e criar um clima de confiança mútua que aposte em garantir o
êxito dos projetos.
É essencial selecionar muito bem os projetos que podem ser financiados, isto é, estando
conscientes da limitação de recursos, devemos priorizar aqueles cuja implementação tem mais
garantias de êxito e que deem resposta aos projetos estratégicos previstos. É igualmente importante
que os projetos selecionados para serem executados tenham um impacto notável no tecido
económico local e beneficiem também outros setores de atividade.
Convém, quando realizarmos a nossa seleção, que tenhamos em consideração variáveis como a
aceitação, por parte da comunidade, do projeto que vamos executar e contemplar não só os efeitos
diretos do projeto, mas também os seus efeitos induzidos (redução da pobreza e do risco de
desastres; criação de emprego e meios de subsistência; capacitação e educação da população local
em diferentes setores do desenvolvimento; promoção dos valores locais e preservação do ambiente,
etc.).
Não devemos confundir a rentabilidade económica dos projetos de curto prazo com a rentabilidade
do projeto a médio e longo prazo. Poderá acontecer que o projeto mais conveniente, apesar de não
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produzir benefícios imediatos do ponto de vista económico, seja de importância estrutural decisiva
para construir uma estratégia de desenvolvimento mais sustentável.
Uma formulação clara e correta aumenta a atratibilidade do plano estratégico e dos seus projetos,
não só para os investidores externos mas também para o conjunto dos atores públicos e privados
locais, que poderão engrossar o financiamento do planeamento que se pretende implementar.
Os projetos não devem exceder as possibilidades locais nem contar com recursos que, na sua
maioria, não existem no território. Grande parte da sua execução deve ser suportada por recursos
endógenos, recursos próprios, recursos existentes no território e não depender da presença de
recursos exógenos que ainda não foram concretizados.
Não devemos sobre-explorar os nossos próprios recursos
Não devemos pensar que eles são inesgotáveis ou que podem ter uma vigência ilimitada no tempo.
A sustentabilidade dos recursos próprios só será possível se previrmos desde o início (quando
formulamos os nossos projetos) que estes não podem ser explorados indiscriminadamente.
É preferível gizar projetos de pequena dimensão
Os projetos devem ter uma dimensão exequível, quer para o território, quer para a comunidade
local que os vão acolher. Os projetos pequenos têm a vantagem de ser mais facilmente executáveis,
têm mais possibilidades de ser sustentáveis a médio e longo prazo e mais probabilidades de
encontrar financiamento.
Quando afirmamos que os projetos devem ser realistas, não nos referimos apenas à perceção do
ponto de vista dos conteúdos, da utilização dos recursos, da dimensão do projeto, ou da facilidade
de financiamento; é ainda decisivo saber quem vai executar esses projetos e se tem qualificação
suficiente para os realizar. A capacidade técnica dos recursos humanos do território é vital para
determinar se um projeto é ou não exequível.
Se não dispusermos de recursos humanos qualificados, talvez tenhamos de procurar essas pessoas
no exterior. Não obstante, e como fator fundamental para o desenvolvimento de um território,
temos de prever esta circunstância e acionar os mecanismos necessários para formar os recursos
humanos locais e os habilitar a empreender, a partir do território, a execução dos projetos que
tivermos concebido.
Não devemos excluir a priori as diferentes possibilidades de financiamento dos nossos
planos, projetos e ações.
A flexibilidade, neste contexto, deve ser o princípio que preside à procura de financiamento. Uma
limitação nesse sentido diminui as possibilidades de êxito das ações que pretendemos implementar.
O financiamento de um projeto é tanto mais eficaz quanto mais atores estiverem envolvidos.
Depositar a responsabilidade da execução de uma ação num único financiador suscita riscos
significativos, que podem decorrer da perda de interesse do investidor pelo projeto concreto ou da
situação financeira do investidor num dado momento, etc.
É muito mais útil, por conseguinte, procurar fontes de financiamento diversificadas que, em
conjunto, possam garantir, por um lado, a execução do projeto e, por outro lado, enfrentar qualquer
eventualidade (lacuna orçamental), se a quota de participação de um investidor não for muito
elevada.
Importa referir neste sentido que o apoio prestado por vários atores tem um impacto muito
positivo no prestígio do projeto.
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Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo, Guia para a Gestão Estratégica -
2002-2006, 2002
Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-HABITAT)- Promovendo o
desenvolvimento econômico local através do planejamento estratégico - Volume 1: Guia rápido, 2005.
KARPPI, Ilani; KOKKONERI, Merja e LAHTEENMAKI-SMITH, Kaisa, SWOT-analysis as a
basis for regional strategies, Nordregio - the Nordic Centre for Spatial Development, 2001.
Programa Delnet CIF/OIT, ND pt 18 - Notícias Delnet - Fevereiro/Março 2003 - Cooperação
Descentralizada, Centro Internacional de Formação da OIT, 2003.
United Nations Human Settlements Programme, Promoting Local Economic Development through
Strategic Planning - Volume 5: Trainer’s Guide, 2009.
Ministério das Cidades - Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, Diretrizes para a
Definição da Política e Elaboração de Planos Municipais e Regionais de Saneamento Básico, 2009.
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3.1 Introdução
Ao longo do curso temos desenvolvido o princípio segundo o qual o risco de desastres é uma
consequência das más práticas dos sistemas de desenvolvimento e que, portanto, cabe justamente a
estes reduzir tal risco.
Também sublinhámos, ao longo das primeiras Unidades Didáticas, que a redução do risco de
desastres se torna muito mais eficaz quando é realizada através de um processo participativo e
permanente de tomada de decisões e da implementação de ações planeadas e integradas
transversalmente nas atividades normais de desenvolvimento dos territórios. Paralelamente,
destacámos que as ações do desenvolvimento são mais sustentáveis quando integram o fator risco
na sua implementação.
Importa esclarecer e estarmos cientes que a redução do risco de desastres per se, apesar de poder
contribuir de forma significativa, não é necessariamente uma garantia de desenvolvimento
sustentável; só o bom desenvolvimento, aquele que preserva o equilíbrio entre as ações humanas e
os ecossistemas, pode garantir a redução do risco de desastres e, por conseguinte, a existência de
comunidades mais sustentáveis e seguras.
Nos dois primeiros capítulos desta Unidade Didática estudámos em pormenor o processo e o
instrumento do planeamento estratégico. Neste capítulo, tentando não ser repetitivos e sem
pretender ser exaustivos, procuraremos aplicar o planeamento estratégico como metodologia para
avançar com um processo de planeamento territorial com enfoque no risco de desastres, de acordo
com o esquema ilustrado no quadro abaixo, o qual, por sua vez, é uma adaptação da matriz
apresentada no capítulo 2 desta mesma Unidade
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UNIDADES
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Preparação
Passo 1 com enfoque no risco, procura de vontade política,
FASES ANALÍTICAS
FASE 1
formalização (legalização) do processo, estabelecimento de uma
equipa técnica territorial, etc.)
Preparação da organização do processo de planeamento
(identificação dos recursos e estruturas do território,
Passo 2
convocação dos atores, definição do plano de trabalho,
formação de quadros técnicos, etc.)
diagnóstico
Diagnóstico prévio (avaliação das capacidades e condições do
Análise e
Passo 3
Fase 2
território, recolha e sistematização de informação, etc.)
Diagnóstico completo do território (análise DAFO aplicada
Passo 4 ao risco, priorização de problemas, causas e soluções, matrizes
de atuação, etc.)
Definição da missão e visão do plano estratégico (quadro
Passo 5
de referência para a tomada de decisões)
Definição de objetivos gerais e setoriais (elaborados pelas
Passo 6 comissões e equipas técnicas, considerando sempre o fator
Planeamento
risco de desastres)
FASE 3
FASES PROPOSITIVAS
Definição de linhas estratégicas (quadro em que se inserem
Passo 7
todas as ações e tarefas concretas)
Passo 10
e retroalimentação contínua)
Fase 4
Um mesmo evento pode provocar níveis diferentes de dano ou perda para os vários segmentos da
população ou territórios, consoante as condições de vulnerabilidade em que se encontrem. Daí
surge a necessidade de dimensionar os problemas, as soluções e as estratégias a partir do próprio
território, sem esquecer ou ignorar as relações do território com zonas limítrofes e de âmbito
nacional ou setorial e com políticas públicas.
O processo de planeamento estratégico com enfoque no risco pode ser aplicável, quer já existam ou
não planos de desenvolvimento nesse território. Quando esses planos estratégicos já existem ou
estão em andamento, o planeamento estratégico pode avaliar, fortalecer, complementar, rever ou
atualizar os projetos e atividades em curso; quando não existem, é uma boa oportunidade para
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UNIDADES
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avançar na construção de um futuro mais seguro e organizado, como vimos nos capítulos
anteriores. Em ambos os casos, é uma excelente oportunidade para incorporar a redução do risco
de desastres como eixo transversal do desenvolvimento.
A experiência indica-nos que, para pôr em prática a redução do risco no planeamento do território,
é necessário tomar em consideração as necessidades, os recursos, as capacidades, a cultura, as
dinâmicas de relacionamento e os diferentes setores que compõem a nossa sociedade. Cada
território terá as suas próprias particularidades, que devem ser identificadas, respeitadas e
fortalecidas.
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► Definir o método de trabalho em conformidade com os objetivos delineados, que garanta
a recolha de dados precisos e concretos sobre o risco e os setores do desenvolvimento local.
► Assegurar e fortalecer as capacidades dos recursos humanos e administrativos, para que
adquiram o conhecimento, as estruturas e os recursos necessários para avançar com o processo
e se celebrem os acordos institucionais adequados para o efeito.
► Fortalecer o tecido social do território, com especial ênfase nos grupos sociais com menores
oportunidades e poder no processo de tomada de decisões e nos benefícios do
desenvolvimento.
EXEMPLO
Riscos Naturais e Ordenamento do Território – Modelos, Práticas - Portugal
A análise do risco constitui o domínio científico e técnico cujo objeto é a identificação e análise
dos diferentes fatores do risco, e visa a promoção de medidas de prevenção, redução e mitigação,
assim como o desenvolvimento de políticas públicas de gestão territorial e de informação dirigidas
aos indivíduos e comunidades.
Esta proposta não pretende ser uma metodologia definitiva nem uma receita universal para os
processos de redução do risco de desastres. É uma tentativa de determinar, a partir das experiências
que conhecemos, a aplicabilidade do planeamento estratégico para incorporar o risco em processos
de desenvolvimento. Apresenta um quadro metodológico teórico que cada território/comunidade
deve adaptar, criando mecanismos próprios para avançar com os seus processos de planeamento
territorial.
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Para dar início ao planeamento estratégico com enfoque no risco de desastres é necessário, em
primeiro lugar, realizar um processo de sensibilização e tomada de consciência a nível territorial que
envolva, para além das autoridades locais, as equipas técnicas municipais e, na medida do possível,
os diferentes atores socioeconómicos. Também devem ser considerados os contributos de
especialistas ou técnicos externos, se não existirem capacidades locais para avançar com o processo.
Pretende-se que os atores locais tomem consciência da necessidade de planear as atividades do
território e que o fator "risco" seja integrado como componente transversal de todas as dimensões
do desenvolvimento local.
Este processo pode ser realizado através de diferentes métodos, cuja definição deve estar de acordo
com as características próprias de cada lugar. Mencionam-se alguns a título de exemplo:
Sessões de trabalho e sensibilização com as autoridades locais e as assembleias municipais;
Assembleias, workshops de capacitação ou reuniões técnicas com os atores socioeconómicos
territoriais (particulares, cooperativas, ONG, organizações de base, etc.);
Reuniões com os responsáveis políticos e técnicos dos diferentes setores públicos (saúde,
educação, habitação, ambiente, planeamento, etc.) e âmbitos geográficos de ação;
Campanhas públicas e sessões municipais abertas à população.
Uma vez tomada consciência e entendida a necessidade de incluir a redução e a gestão do risco de
desastres nos processos de planeamento estratégico territorial, as autoridades locais ou as entidades
em quem elas deleguem devem formalizar, legalizar e institucionalizar o processo, que terá de se
enquadrar na legislação e nas regulamentações nacionais vigentes para o território em matéria de
redução do risco e de desenvolvimento local.
Poderá ser constituída uma comissão de apoio amplamente representativa para dar seguimento ao
trabalho.
A equipa pode ser formada pelos técnicos municipais ou por quem as autoridades que fomentam o
processo considerem conveniente. Deve possuir as capacidades e qualificações adequadas antes de
assumir a responsabilidade de implementar o processo de planeamento estratégico. A fase de
preparação do processo deve ser aproveitada para adquirir os conhecimentos ou a formação
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adequada para que a equipa técnica territorial domine e reforce conhecimentos em temas como o
desenvolvimento local sustentável, o planeamento estratégico e o risco de desastres, entre outros.
Também deve ser definido um coordenador responsável.
A Equipa Técnica Territorial (ETT) tem como funções principais, entre outras:
Elaborar um plano de trabalho e estratégia preliminar para avançar com o processo em
conjunto com os atores fundamentais existentes no território, relacionados com o território ou
com atuação no território;
Fortalecer e, se necessário, promover a instituição e organização de um Comité de
Desenvolvimento Territorial (CDT) para participar no processo, formar as respetivas
comissões de trabalho e elaborar os planos necessários;
Coordenar as atividades e as diversas ações entre as instâncias envolvidas;
Estabelecer redes e celebrar alianças com setores de interesse (locais, nacionais ou
internacionais) no domínio da investigação, do desenvolvimento local, da gestão de recursos,
etc., para obter assessoria, meios e a necessária assistência técnica para o trabalho;
Preparar planos de capacitação e formação para os atores que participarão no processo, sobre
metodologias, redução de desastres, desenvolvimento local, planeamento estratégico, etc.;
Monitorizar o processo de forma integrada;
Fortalecer o seu próprio processo de formação.
A equipa técnica territorial e as instâncias que apoiam o processo (assessores técnicos externos, se
aplicável) identificam as organizações, os comités, instituições, empresas, grupos de interesses
especiais, como organizações comunitárias, instituições públicas, de jovens, mulheres, sindicatos,
grémios, religiosas, empresariais, etc. com o objetivo de os contatar e motivar a envolverem-se e
participar no processo de planeamento estratégico com enfoque no risco, procurando sempre que
sejam o mais representativos possível.
É importante identificar líderes naturais e pessoas influentes na vida do território, desde o bairro a
níveis de decisão macro.
Podem ser efetuados contatos individuais com cada organização ou coletivos por setores de
interesses específicos. Caberá à equipa técnica territorial avaliar a melhor forma de proceder.
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fracassar o processo. O sentido de apropriação dos atores e a sua participação são fundamentais e
devem constituir um princípio estratégico de trabalho, como vimos.
Nos casos em que as formas organizacionais não são adequadas à metodologia democrática e
representativa que se pretende impulsionar, é importante garantir e promover que as organizações
da sociedade civil, as ONG e as organizações de base comunitária fomentem a sua própria
participação, o seu papel estratégico no processo e promovam, em prol do planeamento, as
mudanças organizacionais e de governação que considerem convenientes e necessárias.
As autoridades locais, apoiadas pela equipa técnica territorial, devem explicar de forma clara e
concreta o tema e o objetivo do processo, insistir na necessidade de participação de todos os
setores e obter o maior consenso social sobre as decisões, garantindo que estas refletem os
interesses dos setores e grupos que compõem a comunidade.
A convocação não se limita a uma única reunião ou assembleia, devendo ser um processo
consultivo composto por várias sessões de trabalho e por diferentes formas de conhecer e divulgar
as opiniões dos setores, até ser possível escutar e integrar os diferentes interesses, por específicos
que possam ser, e encontrar o consenso necessário. Só desse modo se garantirá um amplo apoio e
participação da comunidade na iniciativa e nos resultados que dela possam decorrer.
As funções concretas do comité de desenvolvimento territorial também devem ser definidas através
de um procedimento democrático e representativo, numa forma clara e acessível para todos.
Por sua vez, o comité de desenvolvimento territorial deve constituir-se e dividir as suas funções por
comissões de trabalho, num processo que propomos siga a lógica das dimensões do
desenvolvimento local e a abordagem que indicámos ao longo do processo de formação. Poderão
integrar o comité as seguintes comissões:
Comissão de desenvolvimento sociocultural;
Comissão de desenvolvimento económico-produtivo;
Comissão de desenvolvimento político-administrativo-institucional;
Comissão de desenvolvimento ambiental (ambiente natural e físico);
Comissão de avaliação do risco;
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Outras comissões, em função da cultura, etnicidade, género ou interesses particulares que não
estejam representados nas comissões anteriores referidas ou que desempenhem um papel
especial no desenvolvimento de uma comunidade como, por exemplo, a mundividência dos
povos indígenas.
A equipa técnica territorial é a instância responsável pela coordenação do trabalho das comissões,
nas quais os seus membros devem participar.
O plano de trabalho implica definir mecanismos de acompanhamento com base nos objetivos e
resultados esperados do processo e deverá ser avaliado e ajustado ao longo da sua execução.
Não se deve iniciar o processo de diagnóstico sem que os participantes envolvidos conheçam
claramente o objeto e possuam os conhecimentos básicos necessários sobre temas como o
desenvolvimento local, a sustentabilidade, o planeamento estratégico e o risco de desastres.
O diagnóstico prévio tem por finalidade fortalecer as relações e os laços desenvolvidos na primeira
fase e reunir os setores e atores em torno de ações concretas relacionadas com o planeamento do
território e a redução do risco, após terem sido criadas as capacidades necessárias e as estruturas
organizacionais mínimas para avançar com o processo.
O diagnóstico prévio visa obter uma "fotografia geral" da situação no território e iniciar o
processo de investigação e análise da realidade. Neste passo são tratados alguns temas críticos
como, por exemplo:
Tem por finalidade avaliar a situação e os principais problemas existentes no território, quer a nível
do risco, quer nos setores social, económico, ambiental e político.
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Visa ainda inventariar os pontos fortes e fracos, bem como as ameaças e oportunidades iniciais.
Recomenda-se a utilização da metodologia DAFO, descrita no capítulo 2, embora outras
metodologias já consagradas no território ou criadas pela comunidade possam ser tão ou mais
efetivas. O importante é que se realize de forma participativa e democrática e que existam uma
equipa técnica territorial, um comité de desenvolvimento territorial e as respetivas comissões de
trabalho.
Dado que este inventário é anterior ao diagnóstico, e sobretudo se for utilizada a metodologia
DAFO, recomenda-se a inclusão de análises internas e externas do território na fase de diagnóstico
prévio.
A avaliação das capacidades locais refere-se mais especificamente aos elementos que identificámos
no capítulo 2 como sendo a "análise interna", ou seja, "a identificação do potencial e dos limites (ou
desafios) do território com base nos seus próprios recursos".
O estudo das condições e problemas que afetam o território deve incluir também considerações
baseadas numa "análise externa" já que, como é sabido, as ameaças podem ser circunscritas ao
território, ser produto de situações e espaços fora do controlo e jurisdição locais ou, o que é mais
usual, uma combinação de ambas.
É necessário recolher e analisar todas as informações existentes, tanto as fontes relacionadas com o
risco, como as fontes relativas ao desenvolvimento do território. Estas podem ser constituídas por:
Estudos territoriais;
Planos de desenvolvimento;
História, relatos, tradições;
Posturas municipais, normas, leis;
Plantas, mapas;
Planos reguladores;
Investigações temáticas (água, ambiente, aglomerados humanos);
Dissertações académicas;
Cartografia das ameaças, vulnerabilidades e capacidades;
Avaliações do risco;
Planos de investimento;
Programas e projetos.
Se existir no território um Sistema de Informação Geográfica (SIG), poderá ser de grande utilidade
para a sistematização e análise das informações. O SIG pode ser fortalecido, completado e
melhorado durante o processo, para permitir a tomada de decisões futuras e estender a sua utilidade
para além da fase de preparação do plano estratégico. Se não existir um SIG, é o momento indicado
para o promover e instituir, independentemente do alcance ou nível de pormenor que se consiga
atingir durante o processo. Os SIG, como vimos na UD2, são uma ferramenta útil e necessária para
a análise territorial.
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Deve ser elaborado um documento base sobre todo o processo desenvolvido, a organização, as
capacidades e as áreas críticas como corpo de sistematização e base do diagnóstico. Este primeiro
passo permite-nos avaliar e conhecer em que condições se encontra o território, que informações
devemos complementar e desenvolver e que estudos aprofundar.
Podem ser utilizadas diversas metodologias para avançar com o processo, mas neste caso
recomendamos de novo o método DAFO, porque nos permite elaborar uma análise interna e
externa da realidade, independentemente da aplicação de metodologias conhecidas e avaliadas por
outros setores e que permitam alcançar o objetivo.
Para ler com mais atenção alguns pormenores relativos ao diagnóstico territorial e não repetir
exageradamente certos pontos deste capítulo, recomendamos uma revisão dos conteúdos dos
capítulos anteriores em que se tratou o tema de forma detalhada.
EXEMPLO
Risco ambiental na zona costeira: uma proposta interdisciplinar de gestão participativa
para os Planos de Controle da Emergência dos portos brasileiros
As demandas globais atuais vêm sugerindo que as organizações devem adotar novas práticas de
gestão através de políticas ambientais e de responsabilidade social buscando criar, desta forma,
cenários económicos mais sustentáveis. Para tanto, são necessárias políticas que integrem a gestão
empresarial à gestão do território. Um dos caminhos que vêm sendo propostos é o da gestão
participativa através da inserção da comunidade em questões que lhes concernem diretamente,
como é o caso do meio ambiente e dos riscos ambientais. Este trabalho tem por objetivo propor
um modelo de gestão interdisciplinar e participativa de análise sócio-espacial de risco ambiental
para os Planos de Controle da Emergência dos Portos Organizados. A metodologia foi
estabelecida através da inter-relação dos saberes de duas grandes áreas, a das ciências naturais das
ciências humanas.
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Repetimos, de forma muito simplificada, os elementos que devem ser contemplados na análise:
A identificação e avaliação dos principais problemas do território, para conhecer a realidade e poder
projetar um futuro melhor, é uma parte essencial do diagnóstico. Compete às equipas técnicas
(ETT e CDT) e às comissões de trabalho pôr em marcha e realizar o processo. Cada comissão deve
analisar os problemas e a situação específica da área da sua especialidade e responsabilidade,
nomeadamente:
► Aspetos sociais: Educação, saúde, cultura, insegurança urbana, entretenimento, violência
familiar, organização local, etc.
► Aspetos económicos: Meios de subsistência, oportunidades de trabalho, diversificação
produtiva, dependência externa ou de monoprodução, financiamento, seguros, etc.
► Aspetos políticos-administrativos: Democracia, participação dos cidadãos, quadro legal e
administrativo, transparência, corrupção, descentralização, institucionalidade, etc.
► Aspetos ambientais: Poluição, gestão de resíduos, áreas verdes, utilização dos recursos
naturais, desflorestação, aglomerados humanos, linhas de funcionamento vitais,
sobrepopulação, etc.
► Avaliação setorial do risco: Análise das ameaças e das vulnerabilidades, avaliação e cálculo do
risco. Pode utilizar-se para o efeito a proposta apresentada no capítulo 3 da UD2.
Devem ser ainda identificadas as causas que provocaram os problemas, as raízes da sua
origem, e priorizados os temas ou ações que incidirão em maior grau sobre o
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desenvolvimento sustentável, a segurança do território e a população perante eventos
extremos, os quais, uma vez submetidos a uma intervenção, poderão garantir melhores condições
de vida para os setores mais desfavorecidos da sociedade e uma melhor convivência entre as
sociedade, o ambiente e os ecossistemas.
Devem ser procuradas soluções e alternativas que realmente possam reverter as consequências dos
problemas encontrados. As soluções devem ser realistas e contemplar o fator risco em cada
uma das propostas. Deve evitar-se ao máximo encontrar soluções que podem resolver um
problema específico, mas susceptíveis de criar novos riscos de desastres no futuro. É necessário
avaliar objetivamente a necessidade de reequacionar novas formas de desenvolvimento se se
considerar que elas foram inapropriadas, exclusivas ou pouco sustentáveis.
Uma vez definidos e priorizados os principais problemas, as causas que os provocaram, as suas
soluções possíveis e a sua relação com o risco de desastres, é necessário identificar os recursos e as
capacidades existentes no território (recursos endógenos) e aqueles que temos de procurar fora
(recursos exógenos) para poder otimizar as respetivas soluções.
Primeiro é necessário identificar e avaliar os recursos locais e determinar se servem para avançar
com a solução para os problemas existentes. Também devem ser avaliados os recursos que não
existem, mas que podem ser desenvolvidos com as capacidades disponíveis localmente.
Uma vez identificados os recursos locais, e avaliada a possibilidade de avançar com as ações, devem
ser analisados e identificados os recursos adicionais (exógenos) que são necessários para levar a
cabo as soluções projetadas. Deve ainda identificar-se onde podem ser obtidos e definir-se os
mecanismos de gestão a utilizar, bem como os responsáveis pela sua execução. É importante estar
ciente, no entanto, de que as primeiras ações e as ações priorizadas para a sua implementação não
poderão estar exclusivamente dependentes da obtenção de recursos externos, devendo ser
sustentadas pelos recursos efetivamente disponíveis.
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EXEMPLO
Manual Nº 4 Desastres: Planos de ação participativa para a prevenção e resposta. Fórum
Cidades para a Vida (disponível em espanhol)
O manual é documento completo e útil como referência complementar dos temas tratados nesta
UD. O primeiro capítulo aborda os temas relativos ao quadro conceptual, para fixar os conceitos
centrais da gestão do risco de desastres, como os conceitos relativos ao ambiente urbano e aos
riscos. O segundo capítulo desenvolve o tema da participação dos cidadãos, tomando como
exemplo um caso da vida real. No terceiro capítulo trabalham-se os instrumentos para o
diagnóstico participativo da avaliação de riscos, perigos, vulnerabilidades e capacidades. O capítulo
quarto desenvolve os planos de ação participativos como processos metodológicos e
organizacionais para a elaboração de planos locais e medidas de gestão de riscos.
A evolução, a memória histórica e o impacto dos desastres no território devem ser bem
documentados. A cartografia das ameaças, das vulnerabilidades e dos cenários de risco nos setores
social, económico, político e ambiental deve refletir-se no diagnóstico, uma vez que constituirá a
base do planeamento do território com enfoque no risco. Uma avaliação pormenorizada do risco é
fundamental para encontrar soluções para os principais problemas encontrados.
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exarada em ata do comité de desenvolvimento territorial. Para saber mais sobre a definição da
missão e da visão do plano estratégico, consulte-se de forma mais detalhada o capítulo 2 desta
Unidade Didática.
Os objetivos gerais e os objetivos setoriais decorrem das propostas de solução dos problemas
priorizados. Assumem a forma de declarações conceptuais e de caráter qualitativo sobre as
condições gerais desejadas para o território no seu conjunto, bem como para cada setor específico.
Na perspetiva dos desastres, o objetivo geral deve estar relacionado com a redução do risco e com a
segurança perante fenómenos extremos potencialmente perigosos para a sociedade, ao passo que os
objetivos setoriais incorporam aspetos relacionados com a prevenção, a mitigação ou as medidas de
preparação do efeito dos desastres.
EXEMPLO
Análise Ambiental e de Sustentabilidade do Estado do Amazonas - Brasil
Após a fixação dos objetivos, impõe-se definir os eixos de atuação que irão articular os projetos e
ações concretos do plano, isto é, os caminhos a percorrer para alcançar as metas que nos propomos
com o objetivo de conseguir um território mais sustentável e seguro. As linhas estratégicas
definem como deve ser alcançado o objetivo geral e os quadros em que se irão inserir as
ações.
Analisar e identificar os aspetos que sobressaem dos objetivos de cada setor é uma das formas de
definir as linhas estratégicas.
As linhas estratégicas, como vimos no capítulo anterior, quer para efeitos do desenvolvimento local
quer para efeitos da incorporação da abordagem de redução do risco no território, são um elemento
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de ligação entre os objetivos gerais e as linhas de ação e devem fomentar, simultaneamente, a
transversalidade da redução do risco de desastres em todos os projetos implementados.
É costume partir do objetivo geral para identificar um conjunto de temas que se consideram
relevantes para o efeito. Numa primeira abordagem, poderemos deparar-nos com listas muito
extensas, pelo que convém realizar uma análise metódica, tendente a:
Reduzir o número de temas selecionados.
Priorizar os temas mais importantes e que exigem uma atuação mais premente.
Aumentar o grau de compromisso dos atores locais, centrando os esforços nas linhas
estratégicas mais importantes.
Para a definição das estratégias, a comunidade deve centrar-se apenas nas estratégias que sejam
consistentes com os objetivos definidos e que apresentem níveis de risco aceitáveis/geríveis. A
definição de estratégias deverá capitalizar as oportunidades externas mais importantes e os pontos
fortes internos e, por sua vez, neutralizar as ameaças e os pontos fracos mais graves.
É possível que uma comunidade local identifique mais estratégias do que aquelas que pode assumir
com os recursos disponíveis. Por isso, e independentemente de ser sempre bom dispor de
alternativas para as diferentes estratégias, deve selecionar-se e priorizar-se entre as diferentes
estratégias aquelas que melhor possam servir uma implementação realista do plano.
Concluímos, portanto, que: o planeamento estratégico territorial, para ter êxito, deve ser
orientado para a ação e centrado na afetação de recursos, normalmente escassos, aos temas
críticos.
EXEMPLO
Estratégia Nacional para a Gestão Integrada da Zona Costeira de Portugal
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É essencial efetuar uma escolha correta das linhas estratégicas, porque nelas assentarão os
programas, projetos e ações em que serão utilizados os recursos disponíveis e investidos os esforços
envidados para alcançar os resultados esperados.
Como já foi dito, se as linhas estratégicas definem, por um lado, as grandes opções para o futuro de
um território, por outro lado, para que essas linhas possam ser executadas, é necessário que sejam
constituídas individualmente por um ou vários programas e projetos estratégicos e pelas suas
respetivas atividades. Os programas e os projetos são os elementos do plano estratégico que devem
ser implementados para se obter os resultados esperados.
Cada programa é constituído por um conjunto de projetos e cada projeto por um conjunto de ações
que, executadas a curto, médio e longo prazo, nos permitem alcançar os objetivos e linhas
estratégicas que definimos.
Cada programa, projeto ou ação deve definir com clareza as suas entidades responsáveis e os
respetivos mecanismos de gestão e implementação. Deve priorizar-se sempre aqueles que garantem
maior equidade, igualdade, integração e distribuição justa da riqueza, bem como aqueles que
protejam os ecossistemas, criem oportunidades de trabalho, fortaleçam e diversifiquem os meios de
subsistência, etc.
O conteúdo de cada uma das atividades deve corresponder ao resultado do diagnóstico territorial
e estar em consonância com os objetivos do plano e dos programas. Por outro lado, cada atividade
envolve por sua vez os seguintes elementos:
Definição do seu conteúdo;
Instrumentos para alcançar o modelo proposto;
Exequibilidade desses instrumentos;
Programa de ação, ou seja, cronograma e custos aproximados.
Para que um plano seja verdadeiramente eficaz e possa alcançar os resultados esperados, é
necessário realizar um processo prévio que reduza as estratégias e os projetos a um número
comportável, exequível e realista; ou seja, há que definir prioridades e selecionar projetos
viáveis e realistas.
Uma das técnicas utilizadas para selecionar os projetos estratégicos a implementar são os workshops
participativos, nos quais se trabalha quer com a equipa técnica territorial, o comité de desenvolvimento territorial e
as comissões de trabalho, quer com os representantes dos diferentes atores socioeconómicos.
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Embora os critérios de seleção dos programas e projetos estratégicos possam variar consoante o
caso, os critérios selecionados devem ser sempre pensados e concebidos especificamente para cada
plano estratégico.
Uma vez definidas as prioridades, é necessário estabelecer o seu custo e compará-las com os
recursos disponíveis, pelo que a análise custo-benefício e oportunidades deve ser um aspeto
fundamental para selecionar os programas. Posteriormente, é necessário efetuar o planeamento dos
projetos e ações que compõem os programas estratégicos selecionados.
Importa, por outro lado, como mencionámos no capítulo anterior, evitar reduzir todos os
resultados a meros números de execução, nos quais o mais importante seja, por exemplo, o grau de
execução da despesa afetada. O êxito do plano não se baseia unicamente na coincidência entre o
valor de execução da despesa e o valor orçamentado, devendo tomar-se em consideração a
incidência e o impacto das ações empreendidas e a eficácia e eficiência dessa despesa:
resultados concretos, mas também processos participativos destinados a fortalecer as
capacidades e a utilização dos recursos nos territórios.
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A equipa técnica territorial, com a participação do comité de desenvolvimento territorial, é
incumbida de preparar o plano com recurso à avaliação dos inputs recebidos de todas as comissões
de trabalho e de o apresentar para debate e aprovação. O plano deve ser consultado, validado,
aprovado e adotado com o maior consenso possível, com a participação de todos os setores
socioeconómicos. Também tem de ser ratificado pelas autoridades locais e legalizado por posturas
ou pelos mecanismos legislativos do território.
EXEMPLOS
Plano Municipal de Redução de Riscos de Guarulhos – Brasil
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atores locais. Estas estratégias visam garantir o acesso à informação a todos os setores
socioeconómicos participantes e criar espaços em que eles possam contribuir para um feedback e
melhoramento contínuos.
O plano deve ser divulgado interna e externamente, entre aqueles que participaram e estiveram
comprometidos na sua elaboração e entre os diversos setores que compõem a sociedade. Todos os
atores relacionados com o território devem ter acesso ao plano e conhecer os seus objetivos, as
ações previstas, as vantagens que ele trará para o território, os prazos de implementação e as
regulamentações e os projetos que encerra.
Podem ser definidos vários mecanismos para a sua divulgação e para dar conhecimento dos
progressos registados no processo, desde reuniões e assembleias alargadas, a boletins e publicações
periódicas através dos diversos meios de comunicação do território.
Para além da divulgação, apropriação e gestão corretas do plano, por parte da comunidade e, em
especial, por parte das autoridades locais, é indispensável organizar e definir claramente a forma e as
estruturas adequadas para pôr em marcha as estratégias, os programas, os projetos e as ações que se
definiram no âmbito do plano e garantir a sua execução.
É importante estar ciente de que não se trata apenas de alcançar como resultado a concretização de
um determinado programa num setor de desenvolvimento específico, mas que, pelo contrário,
importa contemplar numa estratégia de implementação efetiva a gestão conjunta e integrada de
todos os programas e dos resultados que eles pretendem obter. Esta será a garantia de uma gestão
estratégica adequada do risco de desastres e do desenvolvimento local no nosso território.
Em síntese, uma estratégia básica para implementar os programas do plano deve contemplar uma
boa divulgação, garantir o diálogo e a participação contínua dos atores socioeconómicos
implicados, contar com uma liderança reconhecida e legitimada localmente, bem como promover
processos de tomada de decisões de forma consensual, dinâmica, flexível e criativa. Deve ainda
dispor de uma organização eficaz e de uma correta programação do cumprimento dos objetivos e
metas estabelecidos, que indique a sequência, o caminho crítico, o prazo/duração, os responsáveis e
os recursos utilizados na sua execução.
A monitorização inclui o acompanhamento das fases, dos resultados, das atividades, dos recursos,
dos métodos, das ferramentas, dos compromissos, etc. A avaliação deve avaliar o grau de sucesso
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dos objetivos, os efeitos/impactos nos beneficiários, as lições aprendidas e a sustentabilidade das
medidas adotadas. Para o efeito é necessário definir indicadores para as diversas variáveis de
interesse e os instrumentos, métodos ou técnicas de análise como, por exemplo, análise do
conteúdo, comprovação de factos observados no terreno, em workshops, relatórios, formulários ou
registos.
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► Aquino, Alberto, Desenvolvimento Sustentável incorporando a Gestão de Risco - Conceitos e práticas a partir
da experiência da GTZ, Equipa Regional de Competências “Gestión del Riesgo y Cambio
Climático” América Latina e Caraíbas, 2008
► Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas; Redução do Risco de Desastre – Um Desafio para
o Desenvolvimento, Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, 2004.
► Instituto de Estudios Ambientales, Indicators of disaster risk and risk management - Program for Latin
America and the Caribbean - summary report for World Conference on Disaster Reduction, 2005.
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► A análise DAFO é a metodologia mais recomendada para efetuar uma boa análise
interna e externa no âmbito do diagnóstico do território. Outras metodologias
podem ser igualmente válidas, sempre que permitam identificar os problemas, as
potencialidades e as prioridades do território.
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4 CASO PRÁTICO
Plano Estratégico de Santiago de los Caballeros - REPÚBLICA
DOMINICANA
Santiago de los Caballeros, que fica situada 155 km a noroeste da capital da República Dominicana,
Santo Domingo, é a segunda cidade mais importante do país. É também a principal cidade da
região setentrional, uma zona rica em solos de grande qualidade, recursos hídricos, horas de sol,
vegetação e vento.
Etapa de diagnóstico
Foi realizado um inquérito de opinião às principais instituições de Santiago, que revelou cinco áreas
principais de problemas: população e organização social; utilização dos solos e das infraestruturas;
governação; ambiente e economia. Seguiu-se a elaboração de um diagnóstico preliminar para cada
uma dessas áreas, com base em estudos qualitativos e quantitativos. Foram ainda instituídas
comissões de trabalho técnicas que, em múltiplas reuniões, foram melhorando esse primeiro
diagnóstico até à realização da análise DAFO. O diagnóstico interno baseou-se na análise dessas cinco
áreas propostas inicialmente, ao passo que o diagnóstico externo, adjudicado a uma consultora, se
baseou em cinco eixos principais: o processo de globalização e o seu significado para os países em
desenvolvimento e as suas cidades principais; a cidade de Santiago de los Caballeros face à nova
dinâmica internacional; a revolução científica e tecnológica e o seu impacto nos países em
desenvolvimento e nas cidades; a banca multilateral no novo contexto regional; oportunidades e
ameaças da nova dinâmica internacional para Santiago de los Caballeros.
Os princípios que guiaram o desenvolvimento da visão, das linhas estratégicas, dos programas e dos
projetos para garantir o desenvolvimento de Santiago no período 2002-2010 basearam-se nos
seguintes fatores: crescimento inclusivo; equidade; corresponsabilidade; habitabilidade, participação;
pluralidade e governabilidade.
3O Plano Estratégico de Santiago de Caballeros completo pode ser consultado em: http://www.cdes.org.do/documentos.htm
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Foram especificadas 5 linhas estratégicas:
Cidade ordenada e habitável
Cidade com qualidade ambiental
Cidade competitiva e integradora
Cidade com governo democrático e participativo
Cidade com equidade.
Foram elaborados programas e projetos para cada uma dessas linhas estratégicas. Para a primeira,
por exemplo, foram elaborados seis programas, cada um com objetivos específicos e projetos para
os implementar. Um dos programas do eixo "cidade ordenada e habitável" foi "o ordenamento do
território municipal e intermunicipal". Dois dos seus objetivos foram, por um lado, fortalecer o
Gabinete municipal de planeamento urbano como entidade de tutela do planeamento e gestão do
ordenamento do território e, por outro lado, consolidar o quadro regulador do ordenamento
territorial e dos respetivos mecanismos de controlo. De entre os oito projetos concebidos,
mencionamos dois a título de exemplo: o estabelecimento de um sistema municipal de informação
geográfica cadastral e a melhoria do sistema de controlo e fiscalização da atuação urbanística.
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Delnet do Programa de Empresa, Microfinanças e
Desenvolvimento Local do Centro Internacional de
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