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Paradigma Tradicional De Gramatização/ Tradição nas Gramáticas Brasileiras

● Gramáticos normativos contemporâneos: Eduardo Carlos Pereira, Firmino Costa, Said Ali, Napoleão Mendes de
Almeida, Rocha Lima, Artur de Almeida Torres, Gladtsone Chaves de Melo, Domingos Paschoal Cedalla, Evanildo
Bechara, Cunha & Cintra.

● Estrutura e conteúdo das gramáticas tradicionais (PTG), independente de quando e onde foram produzidas, seguem
o mesmo padrão:

-buscam construir e ensinar um padrão linguístico ideal a partir da prescrição de supostas formas corretas e legítimas
-veem as variedades linguísticas dominantes na sociedade como superiores e de menor prestígio
-confundem gramática, norma e língua, entendendo-as como objetos autônomos, homogêneos e estáticos,
independente de seus usuários e a serviço da expressão do pensamento
-privilegiam a escrita literária pregressa em detrimento de outras esferas de uso da língua
- tomam a frase como unidade máxima de análise e consideram imanente o seu sentido
-utilizam um aparato categorial, conceitual e terminológico comum, fixo e estanque, a despeito das lacunas e
contradições

● Instrumentos de gramatização transmitem a ideologia da correção linguística (regras para falar bem/corretamente/
sem erros) e o discurso de que a melhor língua é dos literatos do passado.

Dionísio Nome Verbo Particípio Artigo Pronome Preposição Advérbio Conjunção


Cunha & Cintra Substantivo Verbo Adjetivo Artigo Pronome Preposição Advérbio Conjunção Interjeição Numeral
● Nossa terminologia gramatical advém do legado de Dionísio de Trácia, em que as partes do discurso correspondem
na atualidade às classes de palavras:

● A gramática constitui um gênero relativamente estável pois as mais e as menos conservadoras tratam de categorias
linguísticas e para isso trabalham com a seguinte estrutura:

(1) termos teóricos/nomenclaturas


(2) definições (3) classificações (5) lista de elementos
(4) exemplos (6) textos de referência

● Contexto luso-brasileiro: Houve a permanência do PTG, iniciado em Portugal em 1536 com a gramática de Fernão
Lopes e em 1881 com a Gramática de Júlio Ribeiro no Brasil. No entanto, as gramáticas do português do Brasil apesar
de seguirem a norma linguística lusitana, passaram a levar em conta a realidade brasileira, criando os próprios
instrumentos de gramatização e legitimando a sociedade/identidade brasileira.

● Embora muitos neguem, é da teoria tradicional que vêm os conceitos com base nos quais novas explicações para
velhos fenômenos são (re)formuladas. Por isso, não é a intenção opor dicotomicamente o paradigma tradicional a uma
linguística moderna, pois essa atitude distorceria o processo sócio-histórico de desenvolvimento do paradigma, e,
consequentemente, das gramáticas.
Como inovação entende-se, principalmente, o desvendamento de propriedades e categorias gramaticais, o que
caracteriza, prioritariamente, a construção de novos conhecimentos no campo da ciência da linguagem.

Obras analisadas:

 A gramática é, como qualquer outro, um gênero do discurso relativamente estável tanto no que diz respeito a
composição formal quanto ao conteúdo temático;

 Em relação à forma, as gramáticas do século XXI que foram analisadas, quatro das sete trazem longos
capítulos de história do português do Brasil, ou brasileiro;

 A natureza dos capítulos de teorização linguística e de história incluídos na gramática não chega a alterar o
gênero;

 Acerca dos conteúdos, vê-se que as obras têm unidade advinda da utilização de terminologia e conceitos
originários da linguística clássica;

 Mostra o dinamismo da gramática pela dialética da tradição com a modernização, o que resulta na inovação.

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