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CURSO DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS

Nível B1

A Unidade de Política Linguística


O Conselho da Europa conta com uma Unidade de Política Linguística, que em 1957 organiza a primeira conferência
intergovernamental sobre cooperação europeia no ensino de línguas, e em 1963 começa o primeiro projeto de
importância.  Finalmente, depois de várias décadas de projetos, em 2001 chega a aprovação do Quadro Europeu
Comum de Referência (QECR), o documento que torna-se fundamental para o ensino de línguas na Europa,  e que
utiliza-se também em países extra-europeus.

O QECR
O QECR descreve as competências que os aprendentes de uma língua estrangeira têm de desenvolver para serem
eficazes no uso dessa língua com propósitos comunicativos e define os níveis de proficiência linguística que permitem
medir os progressos nas suas aprendizagens.
O QECR estabelece seis níveis comuns de referência – A1, A2, B1, B2, C1, C2 – para três tipos de utilizador da língua:
• Utilizador Elementar: A1 (Iniciação) e A2 (Elementar);
• Utilizador Independente (B1 e B2);
• Utilizador Proficiente (C1 e C2).

Descritores exemplificativos dos Níveis Comuns de Referência


II. Utilizador Independente
B1 – Nível Limiar
O B1 é um nível intermédio e carateriza-se pela capacidade que um aprendente de uma língua estrangeira tem de
utilizar essa mesma língua para manter a interação com outros falantes em contextos variados, nos domínios privado,
público, educativo e profissional. Neste nível, o utilizador manifesta competências discursivas e pragmáticas para lidar
de forma eficiente, com alguma autonomia, com situações comuns do quotidiano (Conselho da Europa 2001, pp. 61-62).

O falante deste nível (B1) deve ser capaz de:


 Seguir, de um modo geral, os pontos mais importantes de uma discussão sobre assuntos conhecidos, desde que
o discurso seja claramente articulado em língua padrão;
 Dar ou pedir pontos de vista numa discussão informal com amigos;
 Apresentar uma ideia principal e explicá-la;
 Conseguir fazer prosseguir uma conversa;
 Usar um leque variado de linguagem simples, de forma flexível, embora com pausas evidentes para o
planeamento lexical e gramatical e para fazer correções.
 Produzir um discurso simples mas articulado e coerente sobre assuntos que lhe são familiares ou do seu
interesse;
 Trocar maior quantidade de informação, explicando dificuldades, problemas e apresentando soluções;

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 Fornecer informações concretas pedidas numa conversa/entrevista/consulta, embora com uma precisão
limitada;
 Resumir um conto, um artigo, uma exposição, uma discussão, uma entrevista ou um documentário e dar uma
opinião a seu respeito;
 Verificar e confirmar informações recebidas, embora, ocasionalmente, possa ter de pedir ao interlocutor para
repetir se a resposta for rápida ou longa;
 Conseguir dar instruções pormenorizadas;
 Responder a questões sobre pormenores de textos lidos; troca, com alguma confiança, informação factual
acumulada sobre rotinas familiares e sobre assuntos não rotineiros que pertençam ao domínio dos seus
conhecimentos (Conselho da Europa 2001, p. 49; pp. 62-63).

No final deste nível, o utilizador limiar já manifesta capacidade de lidar com um grau superior de informatividade
(Conselho da Europa 2001, p. 62).

Deve adquirir seguintes competências linguísticas


 Âmbito linguístico geral
Tem um repertório linguístico suficientemente lato para descrever situações imprevistas, explicar a questão
principal de uma ideia ou de um problema com bastante precisão e exprimir o seu pensamento sobre assuntos
abstratos ou culturais, tais como a música ou o cinema.
Possui meios linguísticos suficientes para sobreviver; tem o vocabulário suficiente para se exprimir com algumas
hesitações e circunlocuções sobre assuntos como família, passatempos, interesses, trabalho, viagens e atualidades,
mas as limitações lexicais provocam repetições e mesmo, às vezes, dificuldades com a formulação.
 Amplitude do vocabulário
Tem vocabulário suficiente para se exprimir com a ajuda de circunlocuções sobre a maioria dos assuntos pertinentes
para o seu quotidiano, tais como a família, os passatempos, os interesses, o trabalho, as viagens e a atualidade.
Domínio do vocabulário
Mostra bom domínio do vocabulário elementar, mas ainda ocorrem erros graves quando exprime um pensamento
mais complexo ou quando lida com assuntos ou situações que não lhe são familiares.
 Correção gramatical
Comunica, com razoável correção, em contextos familiares; tem geralmente um bom controlo, apesar das
influências óbvias da língua materna. Podem ocorrer erros, mas aquilo que ele está a tentar exprimir é claro.
Usa, com uma correção razoável, um repertório de ‘rotinas’ e de expressões frequentemente utilizadas e associadas
a situações mais previsíveis.
 Domínio fonológico
A pronúncia é claramente inteligível mesmo se, por vezes, se nota um sotaque estrangeiro ou ocorrem erros de
pronúncia.
 Domínio ortográfico
É capaz de produzir uma escrita corrente que é, de modo geral, inteligível. A ortografia, a pontuação e a disposição
do texto são suficientemente precisas para serem seguidas a maior parte do tempo.

Bibliografia
 Conselho da Europa (2001). Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas – Aprendizagem, ensino, avaliação.
Porto: Edições ASA.
 Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, IP (2017), Referencial Camões PLE, Português Língua Estrangeira. Lisboa:
DSLC.

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 Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, IP (2012). Ensino Português no Estrangeiro. Programa Nível C1. Lisboa:
DSLC/CVC

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