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ORGANIZAÇÕES
EDUCACIONAIS
Introdução
As ações do empreendedorismo social têm aumentado consideravel-
mente nas últimas décadas, associadas ao próprio crescimento do terceiro
setor e da consciência de cidadania que a sociedade vem desenvolvendo
na contemporaneidade. No contexto atual, frente à impossibilidade do
Estado de prover as múltiplas demandas sociais, em função da redução
de investimentos públicos nessas áreas, o empreendedorismo social
acabou sendo impulsionado, assumindo hoje grande importância no
contexto nacional e internacional.
Neste capítulo, você vai aprender o conceito de empreendedorismo
social e as suas principais características. Além disso, vai distinguir as várias
ações de empreendedorismo social que estão em prática na atualidade,
percebendo as suas diferenças e semelhanças.
2 Empreendedorismo social
O regime neoliberal é a racionalidade utilizada hoje pela maioria das nações capita-
listas do mundo. A sua lógica trabalha sobre a conversão de todas as organizações e
pessoas em empresas. Dessa forma, dentro dessa lógica, todos somos empresários
de nós mesmos.
Aquilo que faz: o empreendedor social não tem como foco a produção
de bens e serviços para serem postos à venda simplesmente, mas para
que essas operações possam solucionar os problemas sociais abrangidos
pelo seu trabalho.
Quem é atendido: os esforços dos empreendimentos sociais, ao contrá-
rio dos empreendimentos capitalistas ou de negócios, não são direciona-
dos para o mercado, mas sim para situações de alto risco social em que
a população se encontre. Esses segmentos populacionais normalmente
envolvem situações de exclusão social, pobreza e risco de vida.
1. dimensão psicossocial;
2. dimensão cultural;
3. dimensão econômica;
4. dimensão política;
5. dimensão ambiental;
6. dimensão regulatória/institucional.
6 Empreendedorismo social
Uma das formas de empreender um negócio social que tem sido amplamente utilizada
no Brasil é a constituição de cooperativas que busquem abranger algum aspecto da vida
social de uma comunidade, trazendo benefícios mútuos. Uma cooperativa é formada
pela associação de pessoas que possuem um objetivo comum e que aderem de forma
voluntária à finalidade das suas ações, de acordo com as suas necessidades, sejam elas
econômicas, sociais ou culturais. As cooperativas são reguladas pela Lei nº. 5.764, de
16 de dezembro de 1971; mais recentemente, as cooperativas de trabalho tiveram
atenção especial na sua regulação a partir da Lei nº. 12.690, de 19 de julho de 2012.
As características do
empreendedorismo social
Você já aprendeu que o empreendedorismo social se diferencia do empreen-
dedorismo comercial em alguns aspectos, como a finalidade da sua atuação
e o público a quem se destina. Você vai agora aprender um pouco mais sobre
as suas características (PARENTE et al., 2011):
Empreendedorismo social 7
maior conhecimento;
conscientização;
autoestima;
autossuficiência;
participação;
novas ideias e valores;
sentimento de conexão;
novo papel exercido pela população local — de mão de obra barata a
proprietária e gestora dos empreendimentos locais.
dos riscos de vida diversos, entre tantas outras como possíveis áreas a serem
gerenciadas pelas ações do empreendedorismo social.
A proatividade e a forma como procuram agir, por meio da mobilização
de equipes ou grupos sociais, também é um aspecto essencial do empreen-
dedorismo social. O seu princípio básico é ter atitude, não ficar esperando
que tais causas sociais sejam atendidas pelo Estado, mas sobretudo valer-
-se da cidadania e do engajamento da comunidade na busca por soluções
para os problemas enfrentados a partir da condução de ações organizadas
e empreendedoras.
Em relação às características do empreendedor social, Araújo (2006,
p. 70) acrescenta ainda que “[...] assim como o empreendedor privado, o
empreendedor social reúne características, tais como: capacidade de cor-
rer riscos, energia, tenacidade, criatividade, flexibilidade, habilidade para
conduzir situações, iniciativa, capacidade de aprendizagem, envolvimento,
originalidade, inovação, entre outras.” É importante perceber que o empre-
endedor social carrega consigo muitas das características do empreendedor
comercial, conforme cita a autora. Porém, o seu foco será diferenciado nas
finalidades para as quais canaliza tais características.
Uma das características do empreendedorismo social também é a ênfase
no desenvolvimento local da comunidade na qual serão postas em prática
as ações planejadas. Melo Neto e Fróes (2002, p. 42) comentam que esse
desenvolvimento local se viabiliza por meio de dois mecanismos:
Muitas das organizações que atuam no terceiro setor, no Brasil e no mundo, utilizam-se
das ideias do empreendedorismo social para executar as suas atividades. Uma vez
que o terceiro setor se constitui por organizações de natureza privada, que procuram
cumprir com as demandas públicas não atendidas pelo Estado, é necessário que os
voluntários possuam os atributos de empreendedores sociais para realizarem bem os
seus afazeres e produzirem os benefícios sociais à coletividade.
Você pode perceber que, embora ambas sejam entendidas como ações
de empreendedorismo social, elas possuem aspectos particulares que devem
ser considerados. Ao referir-se aos empreendimentos comunitários, Singer e
Souza (2000, p. 254) destacam que “[...] tais empreendimentos constituem a
base da economia solidária, cuja característica marcante é a autogestão. E o
seu modelo predominante é o trabalho cooperativado”.
É claro que, para haver uma ideia empreendedora e para que esta possa ser
institucionalizada, organizada e estruturada dentro de um formato eficiente
e que atenda aos objetivos da comunidade, transformando a sua condição
social a partir da participação dos seus membros, é necessário que haja um
suporte. Esse suporte e essa orientação também são possíveis com o trabalho
de organizações sociais que tenham como objetivo desenvolver o empreende-
dorismo social e as suas formas de gestão. Elas investem no capital humano
local e buscam ampliá-lo; como consequência, elevam também o capital social
existente nessas comunidades a fim de construir uma sociedade mais justa
e sustentável.
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O conceito de tecnologia social pode ser entendido como os diversos “arranjos institu-
cionais definidos e implementados por associações, governos federal, estadual e local,
universidades, sindicatos, equipes gestoras dos programas e projetos de desenvolvi-
mento social numa comunidade e pelos próprios membros da comunidade” (MELO
NETO; FRÓES, 2002, p. 64). Veja no quadro a seguir algumas tecnologias sociais atuais.
16 Empreendedorismo social
Denominação Características
Para conhecer mais sobre as tecnologias sociais utilizadas nas ações de empreende-
dorismo social, acesse o artigo de Ladislau Dowbor, intitulado “Redes de Apoio ao
Empreendedorismo e Tecnologias Sociais”, no link a seguir.
https://qrgo.page.link/56y4