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Direito Processual Civil - Petição-Relatora Natalia
Direito Processual Civil - Petição-Relatora Natalia
I. DOS FATOS:
No dia 21 de janeiro de 2020, Luana celebrou contrato de financiamento
com a BV financeira, tendo como objeto a aquisição de um veículo no valor fipe
de R$35.900,00 (trinta e cinco mil e novecentos reais) a ser pago mediante 48
parcelas mensais, de R$930,43 (novecentos e trinta reais com quarenta e três
centavos) totalizando o valor final do financiamento R$44.660,64 (quarenta e
quatro mil seiscentos e sessenta reais com quarenta e três centavos).
III. FUNDAMENTAÇÕES:
Ao celebrar um contrato de financiamento com a Instituição Financeira não
é desconhecido que o consumidor, a parte hipossuficiente da relação, não
dispõe de meios para discutir as cláusulas e condições contratuais dispostas,
uma vez que é apresentada uma minuta padrão de contrato.
Utilizando-se dessa espécie de contrato, conhecido como contrato de
adesão, a ré BV Financeira S.A. inseriu cláusulas que estabelecem tarifas
reconhecidas pelos tribunais superiores como ilegais, por se tratarem de tarifas
que são inerentes à atividade bancária. Ou seja, tarifas que não se referem à
prestação do serviço disposto ao consumidor, mas sim aos serviços inerentes à
própria atividade bancária de concessão de crédito.
O Código de Defesa do Consumidor dispõe em seu artigo 51, inciso IV, que
são nulas de pleno direito as cláusulas contratuais abusivas que estabeleçam
obrigações ao consumidores incompatíveis com a boa-fé e a equidade.
Dispõe o artigo 876 do Código Civil que “todo aquele que recebeu o que lhe
não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que
recebe dívida condicional antes de cumprida a condição.”
Nesse sentido, uma vez demonstrado que as tarifas estabelecidas no
contrato de financiamento do veículo ora debatido foramcobradas
indevidamente, gerando um enriquecimento sem causa para a instituição
financeira, com fulcro do artigo 876 do Código Civil fará a autora jus ao
recebimentos dos valores correspondentes ao indevidamente auferido.
Não sendo imputado a autora à comprovação de que houve o pagamento
indevido, conforme disposto no artigo 877 do Código Civil, uma vez que a
Súmula 332 do STJ dispensa a prova do erro.