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DECISÃO
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DECIDO.
O Código de Processo Civil estabeleceu que o apelante pode formular pedido de concessão de
efeito suspensivo ao recurso de apelação pela via de simples requerimento dirigido ao Tribunal
recorrido, podendo fazê-lo no período compreendido entre a interposição da apelação e a sua
distribuição (§§ 3º e 4º do art. 1.012 do CPC).
A ACP foi interposta pelo MPF contra IPHAN, ICMBio, ESTADO DE SERGIPE e
MUNICÍPIO DE CANINDÉ DO SÃO FRANCISCO, sob o fundamento de estar ocorrendo
turismo desordenado, o vandalismo perpetrados por visitantes, bem como danos provocados
pelo extrativismo vegetal que tem afetado negativamente os sítios arqueológicos componentes
do Vale dos Mestres, localizado no Município de Canindé de São Francisco/SE.
Enfrentando as questões postas, tenho que o recurso do IPHAN deve ser recebido no efeito
suspensivo.
Em casos semelhantes ao dos presentes autos (com evidência para a abrangência da pretensão
inicial, as pessoas envolvidas e as obrigações a serem cumpridas), esta Primeira Turma, com
espeque em entendimento firmado pelo STF, tem ponderado acerca dos limites de atuação do
Poder Judiciário na administração do orçamento e na definição das prioridades na execução de
políticas públicas, como se observa nos seguintes julgados:
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2. A presente ação civil pública foi proposta pelo MPF contra a presente ação civil pública
contra do ESTADO DE SERGIPE e da ADEMA, com o objetivo de compelir os réus a
promoverem a implementação efetiva de um Centro de Triagem de Animais Silvestres - CETAS,
no Estado de Sergipe, apto a acolher, tratar e recuperar animais silvestres em situação de risco,
em local devidamente adequado e licenciado, voltado a reintrodução e readaptação ao habitat
natural.
3. A preocupação com o meio ambiente, reputado bem de uso comum do povo, representativo
de direito subjetivo e vinculado, essencialmente, ao direito à vida, encontra guarida na
Constituição Federal de 1988, seja no prelúdio, com a referência a bem-estar, seja no corpo
propriamente dito do Texto Constitucional, sobrelevando a preocupação com a atribuição de
responsabilidade a todos os entes da Federação e, mais que isso, à sociedade. Nesse sentido, o
art. 225, § 3º, da CF/88 prevê a tríplice responsabilização ambiental, estando, portanto, o
causador de danos ambientais sujeito à responsabilização administrativa, cível e penal, de
modo independente e simultâneo: Art. 225 (...) § 3º As condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
4. Importa assinalar que o Pleno do STF no julgamento da ADC 42, Relator Ministro Luiz Fux
(julgado em 28/02/2018), assentou: "o meio ambiente é tutelado constitucionalmente pela regra
matriz do artigo 225, caput, da Constituição, que dispõe que todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (...) Por outro lado, as políticas públicas
ambientais devem conciliar-se com outros valores democraticamente eleitos pelos legisladores
como o mercado de trabalho, o desenvolvimento social, o atendimento às necessidades básicas
de consumo dos cidadãos etc . Dessa forma, não é adequado desqualificar determinada regra
legal como contrária ao comando constitucional de defesa do meio ambiente (art. 225, caput ,
CRFB), ou mesmo sob o genérico e subjetivo rótulo de retrocesso ambiental, ignorando as
diversas nuances que permeiam o processo decisório do legislador, democraticamente investido
da função de apaziguar interesses conflitantes por meio de regras gerais e objetivas. 12.
Deveras, não se deve desprezar que a mesma Constituição protetora dos recursos ambientais
do país também exorta o Estado brasileiro a garantir a livre iniciativa (artigos 1º, IV, e 170) e o
desenvolvimento nacional (art. 3º, II), a erradicar a pobreza e a marginalização, a reduzir as
desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III; art. 170, VII), a proteger a propriedade (art. 5º,
caput e XXII; art. 170, II), a buscar o pleno emprego (art. 170, VIII; art. 6º) e a defender o
consumidor (art. 5º, XXXII; art. 170, V) etc . 19. O Princípio da vedação do retrocesso não se
sobrepõe ao princípio democrático no afã de transferir ao Judiciário funções inerentes aos
Poderes Legislativo e Executivo, nem justifica afastar arranjos legais mais eficientes para o
desenvolvimento sustentável do país como um todo. 20. A propósito, a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal demonstra deferência judicial ao planejamento estruturado pelos
demais Poderes no que tange às políticas públicas ambientais. No julgamento do Recurso
Extraordinário nº 586.224/SP (...) afastou-se, assim, a tese de que a norma mais favorável ao
meio ambiente deve sempre prevalecer (in dubio pro natura), reconhecendo-se a possibilidade
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5. Assim é que, como instrumento de concretização da tutela ambiental, a ação civil pública
pode (art. 3º da Lei 7.347/85) ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, prevalecendo, na jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, que a conjunção "ou" - contida no citado artigo - tem sentido de adição, não
representando uma alternativa excludente. Neste sentido: (...) Segundo a jurisprudência do STJ,
a logicidade hermenêutica do art. 3º da Lei 7.347/1985 permite a cumulação das condenações
em obrigações de fazer ou não fazer e indenização pecuniária em sede de ação civil pública, a
fim de possibilitar a concreta e cabal reparação do dano ambiental pretérito, já consumado.
Microssistema de tutela coletiva. (STJ. 2ª Turma. REsp 1269494/MG, Rel. Min. Eliana Calmon,
julgado em 24/09/2013)
6. Fixadas essas diretrizes, ainda que se considere a importância da proteção ao meio ambiente
- direito fundamental de terceira geração - ou mesmo a interpretação que deve ser dada à
legislação ambiental, de modo a integra-la de acordo com o princípio hermenêutico do in dubio
pro natura, o fato é que, considerada a abrangência da pretensão inicial - notadamente de
pessoas envolvidas e obrigações a serem cumpridas - tem-se por inviável o seu acolhimento.
7. Cabe destacar que não se desconhece a grave situação encontrada no zoológico do Parque
da Cidade de Aracaju, o que, a princípio, seria caso de interdição definitiva. Entretanto, não foi
isso que o MPF requereu, e sim a interdição temporária, enquanto seriam efetuadas todas as
obrigações elencadas pelo Parquet, isto é, no tempo em que perdurasse a restruturação física e
de pessoal do zoológico da capital sergipana.
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11. Cumpre destacar que a sentença condenou o Estado de Sergipe "à obrigação de fazer
constar, no seu orçamento anual, a despesa concernente às obras e medidas necessárias ao
saneamento das irregularidades existentes no Zoológico do Parque da Cidade e que estão a
cargo da EMDAGRO (item 96), uma vez que essa empresa depende de orçamento estadual
para cumprir seus misteres", além de condenar o Estado "à obrigação de fazer em até 180
(cento e oitenta) dias, o projeto de implantação do Centro de Triagem de Animais Silvestres -
CETAS, dotado de todos os equipamentos, insumos, medicamentos, estrutura (inclusive com
área de quarentena para os animais doentes), veículos e pessoal necessários para a prestação
dos serviços de fiscalização em cumprimento à legislação aplicável, sob pena de ser executado
por terceiros, às suas custas, de acordo com art. 634, do CPC, destinando em seu orçamento
recursos próprios, com rubrica específica para tanto". Ora, essa decisão deve ser política.
Como cediço, caberá ao administrador público eleger as prioridades na execução das políticas
públicas.
12. Corroborando essa tese, o Plenário do STF deflagrou que a interferência indevida do Poder
Judiciário na administração do orçamento e na definição das prioridades na execução de
políticas públicas traduz afronta aos arts. 2º, 84, II, 167, VI e X, da CF. (ADPF 513, Relator(a):
ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 28/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-243
DIVULG 05-10-2020 PUBLIC 06-10-2020)
13. Acerca deste ponto, não se está a afirmar que a tutela do meio ambiente não pode se dar
por meio de ação coletiva. Diversamente, a restrição é quanto ao conteúdo das pretensões
apresentadas e das providências determinadas (em caráter geral e de modo a intervir na
eleição e execução de política pública ambiental).
14. O Ministério Público Federal apela, pleiteando a reforma da sentença, para que os pedidos
sejam julgados totalmente procedentes: - item 5.1 da acp 0802025-26.2016.4.05.8500:
condenação da ADEMA e do IBAMA à obrigação de fazer, consistente em realizar, devidamente
acompanhados de oficial de justiça, a interdição total e imediata do Zoológico do Parque da
Cidade de Aracaju, enquanto não for obtida a Autorização de Uso e Manejo da Fauna Silvestre
e a Licença Ambiental competente e implementadas as medidas de salvaguarda da fauna
silvestre, bem como da segurança dos frequentadores, mantendo-se as atividades internas
necessárias à preservação dos recursos faunísticos; - item 5.2 da acp
0802025-26.2016.4.05.8500: condenação da EMDAGRO, do ESTADO DE SERGIPE, da
ADEMA e do IBAMA à obrigação de fazer, consistente em realizar a transferência urgente, no
prazo de 15 dias, do leão (Panthera leo) para outra entidade adequada e capacitada para
recebê-lo, devidamente autorizada pelo IBAMA para manutenção de espécies da fauna
silvestre, devendo o ESTADO DE SERGIPE e a EMDAGRO custear as despesas de transporte
e, se necessário, de manutenção do animal, indicando-se a instituição a seguir discriminada, a
ser submetida à prévia avaliação do IBAMA quanto à regularidade: Associação Santuário
Ecológico Rancho dos Gnomos (ASERG), localizado em Cotia-SP, (11) 4616-2703 / (11) 4616
8063, contato@ranchodosgnomos. org.br e http://www.ranchodosgnomos.org.br/; - item 5.5 da
acp 0802025-26.2016.4.05.8500: a condenação do IBAMA e da ADEMA à obrigação de fazer
consistente em realizar fiscalizações mensais conjuntas no zoológico para averiguar as
condições estruturais e de saúde a que são submetidos os animais ali mantidos, cujos relatórios
devem ser encaminhados a esse Juízo; - item 5.7 da ACP 0802025-26.2016.4.05.8500:
condenação do Estado de Sergipe e da EMDAGRO ao pagamento de indenização, a título de
dano moral coletivo, em razão do dano ambiental causado, em valor a ser determinado por
Vossa Excelência, não inferior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), a ser destinado
preferencialmente em favor de entidade(s) reconhecidamente empenhada(s) em atividades de
defesa dos animais.
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15. No que se refere aos primeiro, segundo e terceiro pedidos do MPF acima transcrito,
apreende-se, mais uma vez, que o Parquet pretende interferência desmedida do Judiciário na
adoção de políticas públicas que são exclusividade do Poder Executivo e Legislativo.
16. "A formulação de políticas públicas para enfrentar situações como essas competem
exclusivamente aos Poderes Executivo e Legislativo, o que significa dizer que não deve o
Judiciário assumir postura criadora de direito com base em decisões de cunho eminentemente
valorativo e, por conseguinte, não lhe compete ordenar a aplicação dos recursos nessa ou
naquela área ou atividade, elegendo prioridades e exercendo juízo de conveniência e
oportunidade. Atuação que tal, como dito, não é atribuição do Judiciário, sob pena de violação
do princípio da separação dos poderes". (PROCESSO: 08163741820194050000, AGRAVO DE
INSTRUMENTO, DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, 2ª
TURMA, JULGAMENTO: 06/10/2020)
17. Por fim, no que tange ao pedido de pagamento de indenização, a título de dano moral
coletivo, em razão do dano ambiental causado, cabe rememorar que, "o dano moral coletivo
somente se configurará se houver grave ofensa à moralidade pública, objetivamente
considerada, causando lesão a valores fundamentais da sociedade e transbordando da
tolerabilidade. A violação aos interesses transindividuais deve ocorrer de maneira inescusável
e injusta, percebida dentro de uma apreciação predominantemente objetiva, de modo a não
trivializar, banalizar a configuração do aludido dano moral coletivo". (EREsp 1342846/RS,
Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/06/2021, DJe 03/08/2021)
Assim, a falta de condenação do demandado a pagar uma indenização a título de danos morais
coletivos encontra substrato no fato de que não houve a demonstração de um abalo moral entre
os habitantes da localidade, de um sofrimento de natureza difusa que pudesse justificar a
imposição ao demandado do pagamento de uma indenização a título de reparação.
18. Remessa necessária e apelação da ADEMA providas para julgar improcedente o pedido.
Apelação do MPF improvida.
1. Trata-se de agravo interno interposto pelo Ministério Público Federal, pelo Ministério
Público do Ceará e pelo Ministério Público do Trabalho contra decisão registrada no Id.
4050000.25902451, que indeferiu o pedido de tutela recursal formulado nos autos deste agravo
de instrumento (interposto contra a decisão que indeferiu a liminar, nos autos da Ação Civil
Pública nº 0803172-50.2021.4.05.8100, proferida pelo douto juízo da 5ª Vara da Seção
Judiciária do Ceará).
2. Após analisar detidamente os autos, infere-se que o escopo da ACP é amplo e consiste na
discussão da política de vacinação contra a COVID -19, com todas as nuances e
complexidades decorrentes da gravidade da pandemia e da escassez de insumos (vacinas).
3. Forçoso concluir, portanto, que as decisões nestas ditas ações estruturais não se referem a
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4. Prosseguindo, neste tipo de demanda, para se encontrar a melhor solução, faz-se necessário
que o juiz dialogue com as partes, definindo as medidas executivas após ouvir e levar em
consideração os argumentos e as informações apresentadas, inclusive admitindo a negociação
e a definição de medidas consensuais. O papel do magistrado, aqui, é mais de um
intermediador, ou seja, de supervisor de todo esse processo, estabelecendo os objetivos a serem
atingidos, negociando as medidas a serem implementadas, monitorando os seus cumprimentos
e reavaliando, conjuntamente com os interessados, os resultados obtidos, podendo,
evidentemente, promover alterações a partir dessa reavaliação. Em outras palavras, ao invés
do modelo tradicional ( em que o órgão jurisdicional atua de forma individual, focando em um
ato ou fato específico que provocou a violação de um direito), nas demandas estruturais o que
se busca é a eliminação das práticas contínuas e permanentes lesivas a direitos de terceiros.
5. Voltando o olhar ao caso dos autos, considerado o cenário fático/jurídico acima delineado,
andou bem a douta primeira instância ao consignar que "o pedido se enquadra nos exatos
termos definidos e vetados pela decisão do Superior Tribunal de Justiça, pedido de
SUSPENSÃO DE LIMINAR E DE SENTENÇA Nº 2919-CE (2021/0105922-2), não havendo
outra possibilidade que não a sua denegação". De fato, consoante bem delineado no decidum
ora recorrido, verbis:
Foi firmada a tese de que 'não se pode permitir que a retirada da presunção da legitimidade ou
veracidade dos atos administrativos do Poder Executivo, sob pena de desordenar a lógica de
funcionamento regular do Estado, com exercício de prerrogativas que lhe são próprias e
essenciais, o que configuraria subversão do regime jurídico do direito administrativo, das
competências concedidas ao Poder Executivo e do papel do Poder Judiciário'.
6. Neste tocante, conquanto os recorrentes aleguem que a multirreferida decisão do STJ não se
aplica à pretensão ora formulada, em virtude de o "contexto fático" ser diverso, não é isto,
contudo, o que se infere dos autos, na medida em que a apontada Corte de Justiça foi clara ao
consignar que é vedado ao Poder Judiciário substituir o processo legítimo de construção da
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"Frise-se que, segundo o princípio da separação do Poderes, não pode haver interferência
indevida do Poder Judiciário na esfera de competência do Poder Executivo, sem a
caracterização de flagrante ilegalidade ou desvio de finalidade, que poderia justificar,
excepcionalmente, tomada de decisão substitutiva. Deve-se assegurar concretamente o Estado
Democrático de Direito.
[...]
8. Acrescente-se a isso que, conforme ressaltado pela União nas contrarrazões ao agravo
interno, sobreveio modificação da situação fática trazida na inicial, tendo em vista o
andamento da campanha de vacinação e o alcance dos grupos prioritários, o que pode ter
ocasionado inclusive a perda superveniente do objeto do agravo de instrumento.
(...) 4. "Não cabe ao Judiciário determinar aos Municípios a realização de projetos de grande
porte, sob pena de interferência na suas políticas públicas, importando em verdadeira
ingerências nas escolhas que são feitas de acordo com a conveniência e oportunidade da
Administração Pública" (Processo nº 0800488-61.2012.4.05.8200, Relator Desembargador
Federal Rubens de Mendonça Canuto; Processo nº 08093524020184050000, Relator
Desembargador Federal Leonardo Carvalho).
5. Ao lado disso, não foi apontado qualquer evento concreto emergencial contemporâneo ao
ajuizamento da ação (como risco de desabamento, enchente ou outro tipo de desastre) que
justificasse a imposição de imediato das providências discutidas, cuja implementação -
especialmente complexa, por envolver vários Municípios, o Estado de Sergipe e a União -
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levará, ante a notória carência de recursos, ao adiamento de outras providências, que podem
se revelar até mais urgentes, inclusive em tempos de enfrentamento da pandemia do novo
coronavírus.
6. De mais a mais, o Município trouxe documentação, segundo a qual ele vem tomando
algumas medidas, inclusive criando Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil,
elaborando plano de contingência para inundação, enchentes e alagamentos, promovendo
vistorias e relatórios, limpeza e desassoreamento de cursos d'água, implantação de sistema de
esgotamento sanitário, recuperação de sistema de drenagem, cadastramento de moradores de
áreas de risco.
7. Por outro lado, não é razoável se impor que a UNIÃO promova, "de algum modo"
(disposição de uma abertura por demais acentuada), o repasse de recursos públicos, mesmo
que não tenha aprovado os planos de trabalho encaminhados pela Municipalidade, o que não
se ajusta ao sistema de controles inerentes à Administração Pública.
8. Por fim, cumpre consignar que os pedidos deduzidos pelo MPF, caso deferidos, esgotariam o
pedido principal. Outra não deve ser a conclusão, posto que os requerimentos feitos no bojo do
pedido de tutela de urgência, caso cumpridos, sanariam as irregularidades que embasam a
ação principal. Aliás, o intuito dos provimentos de urgência é apenas o de tutelar o processo, e
não, o direito material da parte. É vedada a concessão de liminares satisfativas contra a
Fazenda Pública, desde que o caso concreto se enquadre em uma das hipóteses de vedação
previstas em lei. Este se amolda à previsão constante da Lei nº 8.437/92, em seu art. 1º, § 3º,
que veda justamente a concessão de liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto
da ação.
Assim, DEFIRO o pedido de efeito suspensivo, determinando que nos autos dos processos nº
0800176-40.2021.4.05.8501 (AÇÃO CIVIL PÚBLICA) e nº
0800060-97.2022.4.05.8501(CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA) suspenda-se a
decisão de tutela antecipada concedida na sentença e as medidas de seu cumprimento provisório
até o julgamento da apelação.
Publique-se. Intime-se.
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Processo: 0802094-37.2022.4.05.0000
Assinado eletronicamente por: 22030709564336800000030273472
FRANCISCO ROBERTO MACHADO -
Magistrado
Data e hora da assinatura: 07/03/2022 17:08:59
Identificador: 4050000.30324835
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