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Coeficiente de Dispersão Hidrodinâmica e Fator de

Retardamento de Metais Pesados em Solo Residual


Compactado
Hydrodynamic Dispersion Coefficient and Retardation Factor for
Heavy Metals in Residual Compacted Soil
Coeficiente de Dispersión Hidrodinámica y Factor de Retraso de
Metales Pesados en Suelos Residuales Compactados
1 2
Izabel Christina Duarte de Azevedo , Cleidimar Rejane Nascentes , Roberto Francisco
de Azevedo3, Antonio Teixeira de Matos4, Lucas Martins Guimarães5

Resumo. Ensaios em coluna e de equilíbrio em lote foram realizados para determinar o coeficiente de dispersão
hidrodinâmica e o fator de retardamento do zinco, manganês e cádmio, em solo residual (horizonte B) compacta-
do, obtidos utilizando-se os métodos de análise tradicional e de massa acumulada para ensaios em coluna. Para a
realização dos ensaios em coluna, foi construído um equipamento capaz de ensaiar, simultaneamente, quatro
amostras de solo submetidas a uma pressão de confinamento. Um programa de computador, que usa um procedi-
mento de otimização, foi desenvolvido para facilitar a interpretação dos resultados obtidos utilizando-se o método
da massa acumulada. Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobili-
dade obtida para os metais pesados estudados; a grande variação da velocidade de percolação ao longo dos ensai-
os, apesar dos gradientes constantes; a semelhança entre os valores dos parâmetros de transporte obtidos
utilizando-se os métodos de análise tradicional e de massa acumulada para os ensaios em coluna, mesmo quando,
no método da massa acumulada, foi usado um número reduzido de volume de poros efluentes das colunas; uma
menor dispersão dos resultados quando se utiliza o método de análise de massa acumulada; e os altos valores de
fatores de retardamento obtidos.
Palavras-chave: parâmetros de transporte, ensaios em coluna, ensaios de equilíbrio em lote, solo residual.

Abstract. Column and batch equilibrium tests were performed to determine values of hydrodynamic dispersion
coefficient and retardation factor for zinc, manganese and cadmium in a mature residual compacted soil (horizon
B) determined through the traditional and the cumulative mass methods of column tests. The column tests were
performed with equipment especially built, capable of simultaneously testing four samples submitted to confining
pressure. A computational program that uses an optimization procedure to generate the Rd and PL values was de-
veloped to facilitate interpretation of the results obtained by the cumulative mass method. Among the main con-
clusions, one distinguishes: the mobility sequence of the studied heavy metals; the large variation of seepage

1 a
Izabel Christina Duarte de Azevedo, D. Sc., Prof Adjunta, Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Civil, Campus Universitário
s/n, Viçosa, MG, CEP: 36571-000. e-mail: iazevedo@ufv.br.
2
Cleidimar Rejane Nascentes, M.Sc., Doutoranda, Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Civil, Campus Universitário s/n, Viçosa,
MG, CEP: 36571-000. e-mail: rejanenascentes@zipmail.com.br.
3
Roberto Francisco de Azevedo, Ph.D., Prof. Titular, Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Civil, Campus Universitário s/n, Vi-
çosa, MG, CEP: 36571-000. e-mail: razevedo@ufv.br.
4
Antonio Teixeira de Matos, D.Sc., Prof. Adjunto, Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campus Universi-
tário s/n, Viçosa, MG, CEP: 36571-000. e-mail: atmatos@ufv.br.
5
Lucas Martins Guimarães, Graduando, Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Civil, Campus Universitário s/n, Viçosa, MG,
CEP: 36571-000. e-mail: lucasmguimaraes@bol.com.br.
Recebido em 24/6/2003; Aceitação final em 30/10/2003; Discussões até 30/4/2004.

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Azevedo et al.

velocity during testing, in spite of constant gradient; the similarity in the results of transport parameters obtained
from both the traditional and the cumulative mass methods, even when a reduced number of effluent samples were
used; the little dispersion in the results for the cumulative mass method; and the high values of retardation factors
obtained.
Key words: transport parameters; column tests, batch equilibrium tests, residual soil.

Resumen. Ensayos en columna y de equilibrio fueron realizados para determinar el coeficiente de dispersión hi-
drodinámica y el factor de retraso para el zinc, manganeso y cadmio en un suelo residual maduro (horizonte B)
compactado, obtenidos utilizando los métodos tradicional y el de masa acumulada para los ensayos en columna.
Los ensayos en columna fueron realizados con equipamiento especialmente construido, capaz de testar simultáne-
amente cuatro muestras sometidas a presión de confinamiento. Se desarrollo un programa informático que utiliza
un procedimiento de optimización para facilitar la interpretación de los resultados obtenidos con el método de la
masa acumulada. D’entre las principales conclusiones se destaca: la secuencia de movilidad obtenida para los me-
tales estudiados; la grande variación en la velocidad de precolación durante los ensayos, a pesar del gradiente
constante; la similitud entre los valores de los parámetros de transporte obtenidos con los dos métodos de análisis,
aun cuando, el número de muestras de efluente es reducida; la menor dispersión de los resultados en el método de
la masa acumulada; los valores altos de los factores de retraso obtenidos.
Palabras clave: parámetros de transporte, ensayos en columna, ensayos de equilibrio, suelo residual.

neas, lineares e reversíveis são incluídas na análise.


1. Introdução
Quando estas hipóteses são aceitáveis, o transporte
Várias situações práticas como, por exemplo, a transiente unidimensional de espécies químicas em
disposição de resíduos industriais, de mineração e solos saturados é descrito pela conhecida equação
domésticos em aterros, podem ocasionar fontes de de advecção-dispersão (Freeze e Cherry,1979). Es-
poluição do solo e das águas subsuperficiais. Além ta equação requer a determinação de alguns parâ-
dos líquidos produzidos pelos próprios resíduos, a metros, determinados, geralmente, com base em
água de chuva que nele penetra pode transportar ensaios de laboratório em coluna, de difusão e de
metais pesados e uma série de compostos químicos equilíbrio em lote.
e microorganismos, até o lençol freático poluindo Os ensaios em coluna referem-se à medição dos
os mananciais de águas subterrâneas. parâmetros de transporte que descrevem a migra-
Os processos de contaminação no solo ocor- ção de espécies químicas através de um meio poro-
rem, de modo geral, lentamente. Algumas caracte- so, em condições controladas de laboratório
rísticas físicas do solo influenciam a velocidade de (Shackelford, 1995). Estes ensaios são de simples
percolação dos poluentes, de modo que, em solos execução, mas podem ser demorados e onerosos, já
pouco permeáveis, o tempo que se gasta para com- que requerem medições periódicas durante sua du-
prometer as águas profundas pode variar de meses ração que, em alguns casos, pode levar algumas se-
a alguns decênios. Como a percepção da deteriora- manas ou até meses.
ção das águas subterrâneas é mais difícil do que das Dois métodos podem ser utilizados para análise
águas superficiais, a contaminação de aqüíferos só dos dados de concentração dos efluentes de ensaios
é detectada, de modo geral, após a abertura de po- em coluna. O método tradicional consiste em me-
ços de abastecimento. dir concentrações instantâneas em função do tem-
No caso do transporte de contaminantes miscí- po, determinar a curva de eluição e aplicar um
veis através de camadas de solo relativamente pou- modelo analítico na determinação do fator de retar-
co espessas e de baixa permeabilidade, o solo pode damento e do coeficiente de dispersão hidrodinâ-
ser considerado um material homogêneo isotrópico mica. Este método, além de uma certa dispersão
e indeformável, e admite-se que a migração do nos resultados, requer a coleta de um grande núme-
contaminante é governada pelo fluxo estacionário ro de amostras de efluentes ao longo do ensaio e a
de um fluido incompressível. Além disto, proces- análise da concentração dos efluentes em todas
sos acoplados de fluxo podem ser, geralmente, des- estas amostras. Um outro método de análise, apre-
prezados, e somente as reações de sorção instantâ- sentado mais recentemente, é o método da massa

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acumulada, proposto por Shackelford (1995). Este metros de transporte de massa. Foram realizados
método baseia-se na massa de soluto acumulada no ensaios em amostras de um solo coluvionar com-
efluente. Uma vantagem considerável na análise pactado que, de acordo com o Sistema Unificado
com uso deste método é a menor dispersão dos re- de Classificação, enquadra-se no grupo MH. Fo-
sultados. Além disto, o número de amostras de ram utilizadas amostras do solo natural e amostras
efluentes coletadas para a determinação dos parâ- deste misturado com bentonita. Os resultados dos
metros pode ser significativamente menor do que ensaios de caracterização geotécnica e análises fí-
no método tradicional. Entretanto, a determinação sico-químicas do solo natural forneceram os se-
do fator de retardamento e do coeficiente de disper- guintes valores: 25,63% de argila; LL = 66,1%;
são hidrodinâmica com base em resultados experi- IP = 22,1%; atividade da argila = 0,80; peso especí-
mentais é mais trabalhosa do que quando obtida fico seco máximo γd = 13,24 kN/m3; condutividade
-9
com o uso do método tradicional. hidráulica média k = 1,62 x 10 m/s para a solução
Os ensaios de equilíbrio em lote (batch equili- contaminada (média aritmética das condutividades
brium tests – BET) têm por objetivo determinar a de todas as amostras ensaiadas à temperatura de
capacidade de adsorção de um dado soluto adicio- 21 °C); pH = 5,35; e CTCtotal = 6,62 cmolckg-1. Fo-
nado em diferentes concentrações na fração sólida ram utilizadas como soluções contaminantes duas
do solo. Valores do fator de retardamento são de- soluções mono-espécie de zinco com concentra-
terminados para a concentração de interesse ajus- ções de 993 mg/L e 60000 mg/L, e pH de 5,54 e
tando-se um modelo aos pontos ensaiados. 5,16. O valor do fator de retardamento encontrado
O objetivo deste trabalho foi determinar o coe- foi, em média, igual a 4, para a temperatura de
ficiente de dispersão hidrodinâmica e o fator de re- 21 °C. A autora verificou que este parâmetro dimi-
tardamento do zinco, manganês e cádmio em solo nuiu com o aumento da concentração do poluente e
residual (horizonte B) compactado, a ser usado concluiu que os prováveis mecanismos de retarda-
como camada de impermeabilização da base do mento químico que ocorreram entre o zinco e o
Aterro Sanitário do Município de Visconde do Rio solo foram a adsorção e a precipitação.
Branco, MG (Nascentes, 2003; Nascentes et al., Matos (1995), com o objetivo de determinar os
2003). Para a realização dos ensaios em coluna, foi fatores de retardamento e coeficientes de dispersão
construído um equipamento capaz de ensaiar, si- hidrodinâmica de quatro metais, Zn, Cd, Cu e Pb,
multaneamente, quatro amostras de solo submeti- nos três horizontes dos solos PV, PVc e LVa, com e
das a uma pressão de confinamento. Utilizou-se sem calagem, do Município de Viçosa-MG, condu-
uma solução contaminante produzida artificial- ziu ensaios em coluna, utilizando como solução
mente, composta por seis metais pesados. A solu- contaminante um coquetel composto por 700 mg/L
ção foi preparada a partir de nitratos de manganês, de Zn; 20 mg/L de Cd; 200 mg/L de Cu e 300 mg/L
zinco, cádmio, cobre, chumbo e crômio, com pH de Pb, aplicado sob escoamento em meio saturado
igual a 5. Valores do coeficiente de dispersão hi- e sob regime permanente. Os fatores de retarda-
drodinâmica e do fator de retardamento do zinco, mento apresentaram a seguinte seqüência:
manganês e cádmio, foram determinados utilizan- Zn < Cd < Cu < Pb, o que determinou uma seqüên-
do o método de análise tradicional e o método da cia inversa de mobilidade destes metais nos solos
massa acumulada (Shackelford, 1995). Isotermas estudados. A presença de carbonato de cálcio
de sorção dos metais estudados foram determina- (CaCO3) nos solos aumentou o fator de retarda-
das a partir de ensaios de equilíbrio em lote. mento dos quatro metais estudados, principalmen-
te, o do cobre e do chumbo.
1.1. Revisão de literatura
Paraguassú et al. (2002) realizaram ensaios em
Elbachá (1989) apresentou resultados de ensai- coluna de lixiviação em uma mistura, na proporção
os de laboratório de permeabilidade e de equilíbrio em massa seca, de 75% de solo arenoso da forma-
em lote associados ao estudo da migração de polu- ção Botucatu (TJ), e 25% de material argiloso da
entes em meios porosos em que foram considera- formação Serra Geral (JK). A mineralogia da fra-
dos os efeitos da temperatura, do mineral argílico e ção argila dos solos foi determinada por difração de
da concentração do poluente na obtenção dos parâ- raios-X e análise térmico-diferencial em que foi

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verificada a presença de caulinita, óxidos e hidró- 51% de argila; LL = 65%; IP = 36%; atividade da
xidos de Fe e Al (gibsita, goethita, hematita e mag- argila = 0,71. Inicialmente, foi ensaiado um solo
netita) no solo argiloso e de caulinita, óxidos e hi- arenoso, com gradientes de 5 m/m e 10 m/m, sob
dróxidos de Fe e Al (gibsita e magnetita) e quartzo tensão efetiva de 50 kPa, utilizando-se como fluido
no solo arenoso. Ensaios de caracterização geotéc- permeante uma solução de nitrato de zinco com
nica da mistura de solos apresentaram os seguintes concentração inicial de 27 mg/L e pH em água
valores: 30,2% de argila; LL = 28%; IP = 8%; peso igual a 7,24. Em uma segunda etapa, a tensão efeti-
específico seco máximo γd = 18,8 kN/m ; e conduti-
3
va aplicada foi de 100 kPa. O solo argiloso foi en-
-9
vidade hidráulica a 20 °C k = 5 x 10 m/s. Caracte- saiado sob tensão efetiva de 50 kPa, utilizando-se
rísticas físico-químicas da mistura: CTC como fluido permeante uma solução de nitrato de
-1
2,20 cmolc kg ; pH em água igual a 5,21. Os ensai- zinco com concentração inicial igual a 390 mg/L e
os de percolação foram executados na mistura pH igual a 6,45. Os dois tipos de solos analisados
compactada com energia do Proctor normal (grau apresentaram, basicamente, a mesma composição
de compactação 97,9%) com condutividade hi- mineralógica, com predominância do argilomine-
dráulica k = 3,24 x 10-9 m/s, em 5 colunas de apro- ral caulinita. Dentre as conclusões apresentadas in-
ximadamente 15 cm de altura e 9,7 cm de diâmetro, cluem-se: a análise química de algumas amostras
com diferentes concentrações de KCl e CuCl2. Os mostrou ter havido sorção do zinco pelos dois so-
fatores de retardamento foram calculados utilizan- los, possivelmente devido à variação do pH do
do o método tradicional de análise e o método da meio, verificada nos efluentes coletados; em todos
massa acumulada proposto por Shackelford, 1995. os ensaios, os valores de condutividade hidráulica
Dentre outros resultados, os autores verificaram diminuíram no início da percolação com a solução
que: a forte sorção do Cu2+ pode ser explicada por contaminante, sugerindo que pode ter havido inte-
seu elevado potencial iônico (maior valência) e po- ração química entre o solo em questão e o poluente
+ -
der de troca quando comparado ao K e Cl ; os valo- presente na solução.
res para o fator de retardamento obtidos com base
1.2. Determinação dos parâmetros de transpor-
no método tradicional foram maiores do que os
te com base nos ensaios em coluna
obtidos utilizando o método da massa acumulada,
existindo uma tendência a se igualarem para altas a) Método tradicional
concentrações; existe tendência de diminuição do Quando o comprimento da coluna é suficiente-
fator de retardamento do Cu2+ (e também dos outros mente longo, a concentração de solutos no efluente
íons) com o aumento da concentração total da solu- pode ser obtida usando a equação:
ção percolante; o pH da solução efluente foi con-
trolado pela adsorção do íon Cu2+ e quando a rela-   1

C  
( R − T ) P  2

ção Ce/C0 atingiu a igualdade não houve variação C e (L, T) = 0  erfc L
  (1)
2  d  4TR d 

do pH.   

Costa (2002) estudou a mobilidade do zinco em
sendo:
dois tipos de solo, arenoso e argiloso, do aterro Sa-
nitário de Sauípe, no Município de Entre Rios, BA, Vx t Vx L
T= e PL = (2)
com base em ensaios em um conjunto de dois per- L Dh
meâmetros de parede flexível e carga constante.
Este equipamento permitiu a reprodução das ten- em que Ce é a concentração efluente de soluto; C0 é
sões de campo uma vez que era possível controlar a a concentração afluente de soluto; Rd é o fator de
tensão efetiva aplicada nas amostras. Os resultados retardamento; T é um parâmetro adimensional que
dos ensaios de caracterização geotécnica e análises corresponde à relação entre o volume de efluente
físico-químicas forneceram os seguintes valores coletado e o volume de vazios da amostra e equiva-
para o solo arenoso: 78% de areia; 4% de silte e le ao número de volume de poros; PL é o número de
18% de argila; LL = 23,1%; IP = 8%; atividade da Peclet da coluna; L é a altura da coluna de solo; Dh
argila = 0,44. Para o solo argiloso foram obtidos: é o coeficiente de dispersão hidrodinâmica e Vx é a
4% de pedregulho; 22% de areia; 23% de silte e velocidade de percolação na direção x.

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Tomando a derivada da Eq. (1) em relação a T, comuns em aplicações de campo que envolvem so-
obtém-se, no ponto T = Rd, o valor los de granulometria fina.
( )
b = PL / 4πR 2d . Substituindo PL por Vx L/Dh, O incremento de massa de soluto, ∆m, que pas-
sa através da extremidade efluente de uma coluna
conclui-se que o coeficiente de dispersão hidrodi- finita de solo (em x = L), em um dado intervalo de
nâmica pode ser determinado se a tangente à curva tempo, pode ser determinado utilizando-se a equa-
experimental, Ce/C0 vs. T, no ponto Ce/C0 = 0,5, é ção
conhecida t2

Vx L ∆m = A ∫ J(L, τ)dτ (4)


Dh = (3) t1
4πR b 2
d
2

em que J(L, τ) é o fluxo de massa de um soluto em


b) Método da massa acumulada um meio poroso e representa a taxa no tempo da
Schackelford (1995) propôs uma nova interpre- variação de massa, dm, através da seção transversal
tação dos ensaios em coluna para calcular o fator total (sólidos e vazios) perpendicular à direção do
de retardamento que permite o efluente acumular fluxo, A.
em um reservatório por um período de tempo finito A razão de incremento de massa de soluto, IMR
ou volumes de poro de fluxo. Este tipo de ensaio (Shackelford, 1995), é dada por
(Cumulative Mass Approach - CMR) difere do en-
∆m R
saio em coluna tradicional no que se refere à análi- IMR = = d
V p C 0 2PL
[( ξ 4 − ξ 2 )erfc( ξ 1 ) +
se dos dados medidos, neste caso, em termos da
( ξ 4 + ξ 2 ) exp( ξ 2 )erfc( ξ 3 )] t
t final
massa de soluto ao invés da concentração de solu- (5)
to. De acordo com Schackelford (1995), uma com- inicial

paração entre as análises dos dados medidos com em que, Vp corresponde a um volume de poros (va-
base no método da massa acumulada com os dos zios) do solo na coluna; ξ2, ξ3 e ξ4 são obtidos utili-
métodos mais tradicionais, baseados na concentra- zando as equações:
ção, indicaram diferenças menores do que 3% nos
valores do fator de retardamento e do coeficiente Rd − T
ξ1 = ; ξ 2 = PL ;
de dispersão, determinados por regressão. Estas di- TR d
ferenças foram atribuídas a uma maior dispersão 2
PL
nos dados para o método mais tradicional, além de
outros pequenos erros. Rd + T TPL
ξ3 = ; ξ4 = (6)
Dentre as vantagens do método da massa acu- TR d Rd
mulada em relação ao método tradicional podem 2
PL
ser citadas:
(1) o processo de amostragem do efluente é me- ∆m é função do intervalo de amostragem ou do in-
nos trabalhoso e, conseqüentemente, menos dis- cremento do volume de poros, ∆T (Tfinal – Tinicial).
pendioso; Portanto, quanto maior o valor de ∆T, maior será o
(2) o fator de retardamento pode ser determina- valor de IMR para um mesmo número de volume
do diretamente nas curvas de efluentes, para baixas de poros de fluxo total (acumulado). Em regime es-
velocidades de ensaio; tacionário, quando a concentração efluente é igual
(3) a possibilidade de permitir-se que o efluente à concentração afluente (Ce = C0), o valor de IMR
acumule, sem ter de ser coletado sistematicamente permanece constante e igual ao valor de ∆T (Shac-
a cada pequeno volume acumulado. Isto é particu- kelford, 1995).
larmente atraente nas situações que exigem um A quantidade acumulada ou total de massa de
longo período de ensaio, tais como na avaliação de soluto efluente é a soma dos incrementos de massa
parâmetros de transporte de espécies químicas de de soluto do início (Tinicial = 0) até o final (Tfinal = T)
maior reatividade com o solo (por exemplo, Cu2+ e do ensaio em coluna, desde que a coluna seja ali-
2+
Pb ) sob baixas velocidades de avanço da solução, mentada permanentemente, como pressupõe o en-

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saio. Se estes limites de integração forem aplicados Deste modo, para taxas de fluxo baixas, co-
à Eq. (5) e os limites da função erro complementar muns em camadas de impermeabilização usadas na
forem respeitados, então, pode-se expressar a contenção de percolados de resíduos sólidos, uma
quantidade de massa acumulada de soluto efluente, avaliação precisa de Rd, com base no ensaio tradici-
de forma adimensional, por uma razão de massa onal em coluna, pode ser obtida determinando-se o
acumulada, CMR, dada por: valor da área acima da curva de eluição, quando
k
atingido um regime estacionário de fluxo, o que
∑ ∆m i
Rd
pode exigir um tempo considerável.
CMR = i =1

Vp C 0
=
2PL
[( ξ 4 − ξ 2 )erfc( ξ 1 ) + No método da massa acumulada, a inclinação
da curva CMR vs. T em regime de fluxo estacioná-
( ξ 4 + ξ 2 ) exp( ξ 2 )erfc( ξ 3 )] (7) rio é igual à unidade e esta tendência independe do
valor de Rd. Ou seja, o fator de retardamento influi
em que k é o número total de amostras de efluente no tempo necessário para atingir o regime perma-
coletadas ao longo do número de volume de poros nente, mas não no valor do fluxo de massa de solu-
escoados (ou tempo decorrido), T. to atingido neste regime. O valor de T resultante do
prolongamento da linha reta da curva T vs. CMR
1.2.1. Avaliação do fator de retardamento até o eixo horizontal (CMR = 0) representa o valor
De acordo com Shackelford (1995), o valor de do fator de retardamento, Rd = T0, conforme mos-
Rd obtido com base no método de análise tradicio- trado na Fig. 2.
nal é, geralmente, preciso para altas velocidades de A massa total de soluto afluente e efluente da
avanço da solução, associadas ao transporte miscí- coluna de solo do início do ensaio até que seja atin-
vel através de materiais de granulometria mais gido o regime de fluxo estacionário é dada por
grosseira (aqüíferos). Entretanto, com base na con- C 
servação da massa de uma coluna de solo finita, o R d + M = T SS  e  = T SS (1) = T SS (9)
fator de retardamento pode ser representado, mais C0 
corretamente, pela área acima da curva de eluição em que o valor de Rd é calculado usando a Eq. (8);
(Van Genuchten e Parker, 1984; Schackelford, M é a área sob a curva de eluição (mostrada na Fig.
1994, 1995), ou seja, 1) e representa a massa de soluto total efluente, do
T SS  C e (T)  início do ensaio até que o regime de fluxo estacio-
Rd = ∫ 1 − C dT = nário tenha sido atingido, ou
 
0
0
j
 C e (T) 
C e (T) ∑
T SS − ∫
T SS ∆m i
 C  dT (8) T0
0
 0  M=∫ = i =1 (10)
0 C0 Vp C 0
em que TSS é o número de volumes de poros neces-
sários para atingir o regime estacionário, conforme
ilustrado na Fig. 1.

Figura 1. Esquema de curva de eluição que ilustra a área


acima da curva, Rd, e a área abaixo da curva, M, em regime Figura 2. Exemplo de estimativa de Rd de dados CMR vs. T.
de fluxo estacionário (T = TSS). Fonte: Shackelford, 1995. Fonte: Shackelford, 1995.

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Comparando as Eqs. (7) e (10) verifica-se que, 15 mA. No difratograma mostrado na Fig. 3, po-
para j = k de-se observar a presença de dois grandes picos, de
primeira e de segunda ordem, do mineral argílico
M = CMR SS (11)
caulinita, indicando sua predominância.
em que CMRSS representa a razão de massa acumu- Os resultados de análises químicas e físico-
lada no tempo necessário para que o transporte de químicas do solo estão apresentados na Tabela 2
soluto atinja o regime estacionário (em T = TSS). (Nascentes, 2003). Os baixos valores de CTCef e
Substituindo a Eq. (11) na Eq. (9) e comparando o CTCpot encontrados são característicos de solos com
resultado com a Eq. (8) obtém-se predominância de minerais argílicos cauliníticos.
R d = T SS − CMR SS (12) 2.2. Solução contaminante
Portanto, o valor de Rd, definido com relação à Nos ensaios, utilizou-se uma solução contami-
restrição do balanço de massa (Eq. 8), é dado pela nante produzida artificialmente (chorume ou per-
diferença entre o número de volumes de poros ne- colado sintético), composta por seis metais
cessários para que o fluxo atinja um regime perma- pesados. A solução foi preparada a partir de nitra-
nente, TSS, e o valor de CMR em T = TSS. O valor de tos de manganês, zinco, cádmio, cobre, chumbo e
Rd permanece inalterado para valores de T > TSS e, crômio, com pH igual a 5. As concentrações dos
de modo geral metais pesados presentes na solução estão apresen-
tadas na Tabela 3. Estes valores, calculados com
R d = ( T − CMR) T = T SS = ( T − CMR) SS (13) base em amostras de percolado coletadas no atual
lixão do Município de Visconde de Rio Branco,
Conhecido o valor de Rd, o valor de PL é deter- porém com concentrações dez vezes maiores por
minado com o ajuste da Eq. (7). este estar diluído, encontram-se dentro da faixa
2. Materiais e Métodos apresentada na literatura para diversos percolados
brasileiros (Oliveira e Jucá, 1999; Barbosa e Otero,
2.1. Solo 1994). Na Tabela 4 encontram-se os resultados de
A caracterização do solo estudado, a ser utiliza- análises físicas, químicas e bioquímicas realizadas
do na camada de impermeabilização da base do fu-
turo aterro sanitário do Município de Visconde do
Rio Branco-MG, foi feita com o uso de ensaios de
caracterização geotécnica, mineralogia da fração
argila e análises químicas e físico-químicas. Algu-
mas características estão apresentadas na Tabela 1.
O solo foi classificado, segundo USCS, como MH.
A baixa atividade do solo indica predominância de
minerais cauliníticos, o que foi verificado na mine-
ralogia. O ensaio de difratometria na fração argila
do solo foi realizado utilizando-se um difratômetro Figura 3. Difratograma da fração argila. Fonte: Nascentes,
de raios-X, tubo de cobalto, monocromado 45 xv e 2003.

Tabela 1. Características do solo.

Granulometria Limites de Atterberg


Argila Silte Areia Pedregulho LL LP IP γs Atividade γdmáx wótimo
3 3
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (kN/m ) (kN/m ) (%)
42 10 47,1 0,9 52 30 22 27 0,52 16,45 22,3

LL – limite de liquidez; LP – limite de plasticidade; IP – Índice de plasticidade; γs – peso específico dos grãos; γdmáx - peso especí-
fico máximo do solo seco; wótimo - teor de umidade ótimo. Fonte: Nascentes, 2003.

Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003. 235
Azevedo et al.

nas amostras do percolado coletado na área do li- 2.4.1. Ensaio em coluna


xão de Visconde do Rio Branco. A metodologia seguida neste tipo de ensaio é
semelhante àquela empregada em ensaios de per-
2.3. Equipamento meabilidade com carga constante, diferindo, entre-
O equipamento utilizado nos ensaios, um per- tanto, no que se refere à necessidade de medir a
meâmetro de paredes flexíveis, semelhante a uma
câmara triaxial, apresentado nas Figs. 4 e 5, foi
construído no Laboratório de Geotecnia do De-
partamento de Engenharia Civil da Universidade
Federal de Viçosa. Foram utilizados materiais co-
mo o PVC e o acrílico para evitar reações entre os
componentes da solução contaminante e o equipa-
mento. Apenas as hastes e as presilhas que fecham
o aparelho são constituídas por outros materiais,
porém, não existe o contato destas com a solução
contaminante. Este equipamento tem a capacida-
de de ensaiar, simultânea e individualmente, qua-
tro corpos de prova com dimensões 5 cm de diâ-
metro e 10 cm de altura. Cada corpo de prova
possui uma entrada para o fluido percolante e uma
saída para a coleta do efluente, sendo que o fluxo
através do corpo de prova é ascendente. Cada uma
das quatro entradas e quatro saídas possui válvu-
las de abertura e fechamento utilizadas para facili-
tar a execução do ensaio. Cada entrada foi inter-
ligada a um frasco de Mariotte, onde foi
acondicionado o fluido, por meio de uma mangue-
ira de látex. O equipamento possui, ainda, uma en-
trada para aplicação de tensão de confinamento,
permitindo a reprodução de tensões horizontais de
campo (Nascentes, 2003).

2.4. Procedimento nos ensaios


Quatro corpos de prova, com 5 cm de diâmetro
e 10 cm de altura foram moldados, com solo sem
secagem prévia e sem re-uso da amostra, visando
alcançar teor de umidade e peso específico seco
correspondentes a 95%, no ramo seco, dos valores
ótimos obtidos na curva do ensaio de compactação
com energia do Proctor normal. Na Tabela 5 apre-
sentam-se os valores obtidos para cada um dos cor-
pos de prova. Figura 4. Equipamento construído. Fonte: Nascentes, 2003.

Tabela 2. Análises química e físico-química do solo.

2+ 2+ + 3+ + 3+ -1
Ca Mg K Al (cmolc) H +Al (kg ) CTCef CTCpot pH
1,23 0,11 0,026 0,0 0,7 1,37 2,07 6,01

Fonte: Nascentes, 2003.

236 Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003.
Coeficiente de Dispersão Hidrodinâmica e Fator de Retardamento de Metais Pesados em Solo Residual Compactado

de ácido nítrico e água (10 mL de ácido nítrico 70%


para 1 L de água).
Os ensaios foram realizados em ambiente com
temperatura controlada, entre 17 e 21 °C. Uma ten-
são de confinamento de 50 kPa, correspondente a
uma situação de campo na qual a camada de imper-
meabilização tivesse cerca de 10 m de altura de re-
síduos sobre ela foi aplicada às amostras de solo.
As concentrações dos metais Zn, Cd, Mn nos
efluentes foram determinadas por espectrofotome-
tria de absorção atômica no Laboratório de Absor-
ção Atômica do Departamento de Solos da UFV.
Foram determinados, também, o pH e a condutivi-
Figura 5. Detalhes do equipamento. Fonte: Nascentes, dade elétrica da solução, no Laboratório de Quali-
2003. dade da Água do Departamento de Engenharia
Agrícola da UFV.
concentração química no efluente e na geração de Os dados coletados e apresentados neste traba-
vários volumes de poros do fluxo com a solução lho correspondem a um período de quatro meses de
química. O sistema de percolação consiste, basica- percolação com contaminante (de 09/09/2002 a
mente, em um conjunto de alimentação automáti- 09/01/2003).
ca, estrutura de acondicionamento das colunas e
recipientes de coletas de efluentes. 2.4.2. Ensaio de equilíbrio em lote
Os corpos de prova foram colocados na câmara O procedimento seguido neste tipo de ensaio
de acrílico, sobre pedras porosas saturadas nas ba- foi baseado nas recomendações da EPA (1992). A
ses e nos cabeçotes. Em seguida, cada corpo de proporção solo:solução adotada foi a mínima, se-
prova foi recoberto por duas membranas de látex, gundo a norma, de 1:4 (10 g de solo seco e 40 mL
fixadas à amostra por dois anéis de vedação na base de solução). O tempo de agitação adotado foi de
e dois nos cabeçotes. Durante a montagem do ensa- 24 h. As amostras de solo foram secas ao ar, destor-
io permitiu-se a circulação de água pelas manguei- roadas, homogeneizadas e passadas em peneira n.
ras, para saturá-las. 10 (2 mm). A massa de solo utilizada foi de 10 g de
solo seco, corrigida em função da umidade higros-
A carga hidráulica foi mantida constante duran- cópica das amostras e um volume da solução de
te todo o ensaio. As amostras foram saturadas com 40 mL. Foram ensaiadas soluções mono-espécies
água destilada antes da percolação com a solução de Mn2+, Zn2+e Cd2+, na forma de nitratos e foram
contaminante. A condutividade hidráulica saturada utilizadas dez concentrações diferentes para cada
com água foi determinada utilizando a equação de metal. Os valores das concentrações foram estabe-
fluxo de Darcy (Lambe e Whitman, 1979). lecidos com base no valor utilizado no ensaio em
Os efluentes de cada coluna de solo foram cole- coluna (Tabela 3). Este valor foi adotado para uma
tados utilizando buretas de 50 mL, fixadas ao pe- solução e os outros foram sendo obtidos dobrando
destal de sustentação do equipamento e acondicio- e reduzindo à metade este valor. Primeiramente, foi
nados em frascos previamente lavados em solução preparada a solução de maior concentração, para
Tabela 3. Concentrações dos metais pesados utilizadas na solução contaminante.

Metal pesado Crômio Cádmio Chumbo Cobre Manganês Zinco


3+ 2+ 2+ 2+ 2+ 2+
(Cr ) (Cd ) (Pb ) (Cu ) (Mn ) (Zn )
Concentração (mg/L) 0,7 1,6 1,6 5 36 62

Fonte: Nascentes, 2003.

Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003. 237
Azevedo et al.

Tabela 4. Percolado do lixão do município de Visconde do Rio Branco.

1 2 3 4
CE pH NA total Alcal. total DBO5 DQO6 Ni Cd Cu Zn Pb Mn Cr Mg Fe Ca
(µ .S/cm) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L)
18,84 6,15 655 1681 517 1476 0 0,16 0,5 6,18 0,16 3,62 0,07 215 120 521

1
Condutividade elétrica; 2in natura; 3nitrogênio amoniacal; 4alcalinidade; 5demanda bioquímica de oxigênio; 6demanda química
de oxigênio. fonte: Nascentes, 2003.

cada metal e as outras a partir de diluições desta. 2), porém, não é simples. Assim, para o cálculo do
Foram realizadas três repetições e um branco número de Peclet e do fator de retardamento, foi
(ensaio em que foi utilizada somente a solução con- desenvolvido um programa computacional (Nas-
taminante, sem solo, para verificar se estaria ha- centes, 2003), que, por meio de um processo itera-
vendo adsorção de metais pela parede do tubo de tivo de otimização, fornece os valores de Rd e PL. O
ensaio) para cada solução. Cada solução teve o pH algoritmo proposto para a obtenção dos parâmetros
ajustado para o valor 5,0 ± 0,1 (valor usado no en- consiste em: arbitrar valores para os parâmetros Rd
saio em coluna), utilizando-se soluções de HCl e PL; com estes valores, calcular os valores de CMR
1,0 mol L-1 ou NaOH 1,0 molL-1. para todos os valores de T nos quais foram feitas
As amostras de solo-solução foram agitadas a medições no laboratório; calcular o vetor diferença
uma razão de 150 oscilações/min por 24 h, tempo {DIF} = {CMRlab} - {CMRteor}, em que {CMRlab} e
considerado suficiente para o equilíbrio das rea- {CMRteor} são vetores que contêm os valores expe-
ções, de acordo com a norma (EPA, 1992), em con- rimentais e teóricos (Eq. 7), respectivamente; cal-
dições de temperatura ambiente e, em seguida, cular o erro = {DIF} / {CMR lab } ; verificar se o
centrifugadas a 5000 rpm por 7 min. O sobrenadan- erro está dentro de uma tolerância pré-estabele-
te foi filtrado em papel filtro rápido, recolhido em cida. Como se trata de um problema em que as
frasco plástico e acondicionado em geladeira até a equações são razoavelmente simples, em que so-
leitura dos metais por espectrofotometria de absor- mente dois parâmetros têm que ser otimizados, e
ção atômica. pretende-se simplicidade na formulação, faz-se o
processo de busca de melhores parâmetros por um
2.5. Programa computacional desenvolvido procedimento de otimização de ordem zero no qual
para o cálculo dos parâmetros de transporte na só o valor da função é requerido (Vanderplaats,
análise pelo método da massa acumulada 1984).

Na análise dos resultados dos ensaios em colu- 3. Resultados e Discussões


na utilizando o método da massa acumulada (Shac-
kelford, 1995), a obtenção do fator de retardamento Determinadas as concentrações dos metais nos
pode ser feita diretamente, a partir da Eq. (13). A efluentes e conhecido o número de volume de po-
determinação do número de Peclet, do qual se ob- ros escoados, foi possível traçar as curvas de elui-
tém o coeficiente de dispersão hidrodinâmica (Eq. ção, concentração relativa versus número de volu-
Tabela 5. Dados dos corpos de prova.

Corpo Grau de Desvio de Porosidade Índice Volume Grau de


de prova compactação umidade de vazios de vazios (mL) saturação (%)
CP 01 94,5 ± 0,4 0,426 0,742 82,89 79,9
CP 02 95,0 ± 0,4 0,424 0,735 82,26 80,6
CP 03 94,7 ± 0,4 0,425 0,738 82,45 80,2
CP 04 94,9 ± 0,4 0,423 0,734 81,98 80,7

Fonte: Nascentes, 2003.

238 Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003.
Coeficiente de Dispersão Hidrodinâmica e Fator de Retardamento de Metais Pesados em Solo Residual Compactado

Figura 6. Condutividade hidráulica do solo para água desti-


lada nos corpos de prova. Fonte: Nascentes, 2003.

me de poros percolados (Ce/C0 vs. T), para somente


três dos metais da solução contaminante: Zn, Cd e
Mn. As curvas de eluição do cobre, chumbo e crô-
mio não estão apresentadas devido à pequena con-
centração dos dois primeiros no efluente durante o Figura 7. Variação da condutividade elétrica (a) e do pH (b)
tempo de acompanhamento do ensaio. A presença no efluente em função do número de volume de poros de
do crômio não foi detectada no efluente neste inter- efluente coletado para o corpo de prova CP01. Fonte: Nas-
valo de tempo. Os dados coletados e apresentados centes, 2003.
neste trabalho correspondem a um período de qua-
tro meses de percolação com contaminante (de
09/09/2002 a 09/01/2003).

3.1. Ensaio em coluna


Os valores de condutividade hidráulica do solo
para água destilada versus tempo nos quatro corpos
de prova saturados estão apresentados na Fig. 6,
corrigidos para a temperatura de 20 °C. Como pode
ser observado, estes valores diminuíram com o
tempo, em todos os corpos de prova, tendendo a
valores constantes a partir do sexto dia de ensaio.
Tal decréscimo pode estar associado à lixiviação
de sais solúveis presentes no solo. Quando a água
destilada é usada como fluido permeante em solo
natural, os sais solúveis são lixiviados da amostra,
fazendo com que a concentração eletrolítica do
fluido nos poros do solo decresça, causando uma
expansão da dupla camada difusa e uma tendência
das partículas da argila a se dispersarem, resultan-
do, usualmente, em uma diminuição da condutivi- Figura 8. Variação da condutividade elétrica (a) e do pH (b)
no efluente em função do número de volume de poros de
dade hidráulica (Elbachá, 1989).
efluente coletado para o corpo de prova CP02. Fonte: Nas-
Nas Figs. 7, 8 e 9 estão apresentadas as curvas centes, 2003.
de variação do pH e da condutividade elétrica (CE)
no efluente em função do número volume de poros As alterações nos valores de pH no efluente de
de efluente coletados. Por terem sido observados todas as colunas ensaiadas podem estar associadas,
problemas no corpo de prova CP03, este ensaio foi inicialmente, ao carreamento de bases (K+, Na+,
2+
descartado. Ca ) presentes na solução do solo, que em solução

Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003. 239
Azevedo et al.

lo-chorume são interrompidos nessa fase (Shackel-


ford et al., 1999, citado por Strava, 2001).
De acordo com as Figs. 7a, 8a e 9a, os valores
de condutividade elétrica nos efluentes tendem ao
valor da condutividade elétrica da solução afluen-
te, provavelmente atingindo este valor, quando
for esgotada a capacidade de reação do solo com
os solutos que estão sendo continuamente aplica-
dos.
A velocidade de percolação da solução nos cor-
pos de prova foi monitorada durante o ensaio, ob-
servando-se uma grande variação nos valores obti-
dos, como mostrado na Fig. 10. Como a solução da
equação de advecção-dispersão para ensaios em
coluna supõe velocidade de percolação constante,
considerou-se, para o cálculo do coeficiente de dis-
persão hidrodinâmica e das curvas teóricas, o valor
da velocidade média de percolação igual a
Figura 9. Variação da condutividade elétrica (a) e do pH (b) 2,40 x 104 cm/s, já que os valores de velocidade
no efluente em função do número de volume de poros de média foram praticamente iguais nos três corpos de
efluente coletado para o corpo de prova CP04. Fonte: Nas- prova (Nascentes, 2003). Shackelford (1998) ob-
centes, 2003. servou que a hipótese de velocidade de percolação
constante é uma limitação significativa dos méto-
aquosa provocam aumento na concentração dos hi- dos analíticos e semi-analitícos na modelagem da
-
dróxidos (OH ), aumentando assim o pH. À medida migração de contaminante quando são empregados
que a quantidade de bases presentes no solo se es- modelos baseados na equação de advecção-dis-
gota, verifica-se uma tendência do pH decrescer e persão.
estabilizar-se. Acredita-se que, quando for atingida A condutividade hidráulica foi obtida a partir
a saturação da coluna com todos os metais que da velocidade de percolação. Os valores de condu-
compõem a solução contaminante, a tendência será tividade hidráulica com a solução contaminante,
do pH do efluente se igualar ao pH do afluente. corrigidos para a temperatura de 20 °C estão apre-
Esta tendência, entretanto, só poderá ser verificada sentados na Fig. 11.
ao final do ensaio já que, até o presente momento, o Com base na Fig. 11, pode-se observar, inicial-
solo ainda não esgotou sua capacidade de retenção mente, um aumento no valor da condutividade hi-
para alguns dos metais, como o Cr, Cu e Pb. A dráulica em todos os corpos de prova, seguido de
variação do pH também poderia estar associada à
capacidade de tamponamento do solo, pois algu-
mas de suas características como baixa CTC e teor
de argila não elevado, podem indicar que o solo
possui baixa capacidade de tamponamento.
A condutividade elétrica indica como aumenta
a quantidade de íons na solução efluente. A capaci-
dade de retenção química, no entanto, é finita e li-
mitada à saturação do solo com os íons introduzi-
dos. A partir do ponto de saturação química,
observa-se uma fase de equilíbrio físico-químico
quando as concentrações dos íons monitorados do Figura 10. Variação da velocidade de percolação da solu-
afluente e dos efluentes se igualam. Normalmente, ção contaminante nos corpos de prova durante o ensaio em
os ensaios de investigação de compatibilidade so- coluna. Fonte: Nascentes, 2003.

240 Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003.
Coeficiente de Dispersão Hidrodinâmica e Fator de Retardamento de Metais Pesados em Solo Residual Compactado

fluido e da adsorção de ânions na superfície das


partículas de argila (Boscov, 1997).
Durante o aumento da permeabilidade, ocor-
reu, provavelmente, a troca de íons monovalentes,
presentes no solo, por cátions bivalentes e trivalen-
tes da solução contaminante, ocorrendo a flocula-
ção. Além disso, a solução do solo foi substituída
por outra mais concentrada e, portanto, de maior
potencial de floculação do material coloidal do
solo. A permeabilidade começou a diminuir quan-
do o solo esgotou sua capacidade de retenção dos
metais manganês e zinco, justamente os que se en-
contravam em maior concentração na solução do
solo. Dessa forma, acredita-se que uma possível
explicação para o fenômeno possa estar associada
ao desequilíbrio de cargas no solo. Com decrésci-
mo do pH do solo, houve diminuição das cargas ne-
gativas nas argilas (material pH-dependente) o que
pode ter proporcionado o aumento das forças de re-
pulsão entre as partículas do solo, neutralizando o
Figura 11. (a) Condutividade hidráulica do solo para solu-
efeito floculante proporcionado pela solução per-
ção contaminante nos corpos de prova; (b) Detalhe para va- colante (Mitchell, 1976).
lores baixos da curva de condutividade hidráulica para
3.1.1. Análise pelo método tradicional
solução contaminante. Fonte: Nascentes, 2003.
Conhecidas as concentrações inicial (C0) e eflu-
um decréscimo até aproximadamente o valor inici- ente (Ce) da solução contaminante e conhecido o
al. Para o CP01 a permeabilidade aumentou 17 ve- número de volumes de poros escoados, foi possível
zes; para o CP02, 16 vezes; e para o CP04, 15 traçar as curvas de efluentes para três dos metais da
vezes. Na Fig. 11b apresenta-se um detalhe dos va- solução contaminante, manganês, zinco e cádmio
lores iniciais da curva de condutividade hidráulica apresentadas, respectivamente, nas Figs. 12, 13 e
para solução contaminante para mostrar que os va- 14 (Nascentes, 2003). De uma maneira geral, po-
lores finais de condutividade hidráulica com água de-se observar um ajuste muito bom entre os valo-
são iguais aos valores iniciais de condutividade hi- res experimentais e os valores calculados.
dráulica com contaminante. As curvas de eluição dos metais cobre, chumbo
As alterações na permeabilidade causadas pela e crômio não foram apresentadas devido à pequena
percolação de substâncias químicas podem estar concentração de cobre e chumbo presentes no eflu-
relacionadas às alterações provocadas no solo pela ente durante os quatro meses de acompanhamento
solução percolante. A estabilidade estrutural do do ensaio. A presença do crômio não foi detectada
solo é condicionada pelo equilíbrio de forças de re- no efluente neste intervalo de tempo. A presença
pulsão e atração entre as partículas coloidais. No do cobre foi observada no efluente somente a partir
contato da substância contaminante com as partí- de 90 volumes de poros no CP01; 93 volumes de
culas do solo pode haver troca iônica retraindo ou poros no CP02 e 107 volumes de poros no CP04.
expandindo a dupla camada difusa das partículas A percolação de chumbo foi mais retardada nos
de argila. A espessura da dupla camada difusa e a corpos de prova do que a do cobre. No CP01, o
conseqüente magnitude das forças atuantes entre as chumbo foi observado no efluente a partir de 112
partículas dependem da constante dielétrica, da volumes de poros, 130 volumes de poros no CP02 e
temperatura, da concentração eletrolítica na água 110 volumes de poros no CP04.
intersticial e da valência do cátion. Secundaria- Verificou-se uma maior mobilidade do manga-
mente, dependem do tamanho do cátion, do pH do nês, seguida do zinco e do cádmio, respectivamen-

Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003. 241
Azevedo et al.

te. O deslocamento da curva para a direita indica


existência de interação solo-soluto.
Observou-se uma inclinação maior das curvas
de manganês e zinco em relação às curvas de cád-
mio, indicando maiores valores de coeficiente de
dispersão hidrodinâmica para este último (Tabela
6). Este resultado está de acordo com o que foi
observado por Nielsen e Biggar (1962), que con-
cluíram que para as mesmas velocidades de perco-
lação, o aumento do coeficiente de dispersão
hidrodinâmica faz decrescer a inclinação da curva Figura 12. Curva de efluentes dos metais Mn, Zn e Cd –
de eluição, proporcionando um lento aumento da CP01. Fonte: Nascentes, 2003.
concentração do soluto no efluente.
Uma análise das curvas de eluição dos metais
manganês e zinco (Figs. 12 a 14) mostram que hou-
ve, possivelmente, desorção destes metais
(C/Co > 1), já que se teve o cuidado de medir as
concentrações das soluções afluentes, C0, e efluen-
te, C, simultaneamente e com periodicidade sema-
nal, na tentativa de minimizar erros na relação
C/C0. O fenômeno pode ser decorrente da competi-
ção entre os metais presentes na solução contami-
nante por sítios de troca, o que provoca um deslo-
Figura 13. Curva de efluentes dos metais Mn, Zn e Cd -
camento dos cátions de menor energia de adsorção
CP02. Fonte: Nascentes, 2003.
(Mn e Zn), para a solução do solo (Matos et al.,
1999).
Kuo e Mikkelsen (1979), McBride e Blasiak
(1979) e Kurdi e Donner (1983) observaram gran-
de capacidade do cobre e do chumbo em deslocar o
zinco do complexo de troca. Matos (1995) obser-
vou desorção de zinco e cádmio ao percolar solu-
ção composta de zinco, cádmio, cobre e chumbo.
Os valores obtidos para fator de retardamento
são altos quando comparados aos encontrados na
literatura (Elbachá, 1989; Matos et al., 1999; Ger-
mano, 2001; Carvalho, 2001; Costa, 2002), porém, Figura 14. Curva de efluentes dos metais Mn, Zn e Cd –
as soluções contaminantes utilizadas nestes traba- CP04. Fonte: Nascentes, 2003.
lhos foram baseadas em valores encontrados em
chorumes e lixiviados brutos de diferentes resídu- Os parâmetros de transporte (Rd e Dh) para o co-
os, ao contrário dos deste trabalho que foram base- bre, chumbo e crômio não foram determinados
ados na concentração encontrada em percolados. neste trabalho.
Elbachá (1989) encontrou valores para o fator de A seqüência de mobilidade obtida foi a seguin-
2+ 2+ 2+
retardamento do zinco em torno de 4,5 enquanto te: Mn > Zn > Cd .
que neste trabalho o valor encontrado foi, em mé- Estudos de mobilidade têm demonstrado, em
dia, de 26,5. A concentração foi, provavelmente, geral, que os metais chumbo, crômio e cobre,
um fator que influenciou no valor do fator de retar- quando dispostos sobre a superfície do solo, apre-
damento. sentam baixa mobilidade, enquanto o manganês,

242 Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003.
Coeficiente de Dispersão Hidrodinâmica e Fator de Retardamento de Metais Pesados em Solo Residual Compactado

2
Tabela 6. Valores de fator de retardamento e coeficiente de dispersão hidrodinâmica (cm /min), obtidos pelo Método Tradicio-
nal e pelo Método da Massa Acumulada considerando todos os dados e com apenas 10 dados experimentais.

Metal Amostra Rd Dh
MT DT D10 MT DT D10
CP01 19,50 19,64 19,50 9,79E-3 1,08E-2 1,04E-2
Mn CP02 18,00 17,81 18,11 6,29E-3 7,05E-3 1,11E-2
CP04 18,50 18,90 18,85 7,76E-3 7,37E-3 7,18E-3
CP01 26,50 26,97 27,01 6,96E-3 6,77E-3 7,03E-3
Zn CP02 27,50 28,54 28,55 4,48E-3 1,01E-2 1,03E-2
CP04 26,00 26,19 26,16 3,93E-3 4,07E-3 4,15E-3
CP01 36,00 37,80 37,69 1,64E-2 1,79E-2 1,75E-2
Cd CP02 38,50 39,74 39,58 1,67E-2 1,84E-2 1,79E-2
CP04 37,50 39,85 39,72 1,28E-2 1,70E-2 1,64E-2

MT – Método tradicional; DT – Método da massa acumulada usando todos os dados experimentais; D10 – Método da massa acu-
mulada usando 10 dados experimentais igualmente espaçados. Fonte: Nascentes, 2003.

zinco, níquel e cádmio são relativamente mais base na Eq. (7), em que o erro foi admitido menor
móveis (Korte et al., 1976; Sidle e Kardos, 1977; do que 0.01%.
Tyler e McBride, 1982; Tiller et al., 1984; Za-
bowski e Zasoski, 1987; Amaral Sobrinho et al., 3.1.3. Comparação dos resultados
1993; Fontes et al., 1993). Analisando-se os dados apresentados na Tabela
3.1.2. Análise pelo método da massa acumulada 6, verifica-se grande semelhança entre os valores
de fator de retardamento e coeficiente de dispersão
A quantidade total de massa de soluto efluente hidrodinâmica, obtidos com o uso do Método Tra-
da coluna foi determinada utilizando-se as Eqs. (4), dicional e do Método da Massa Acumulada, com
(5) e (7). todos os dados e utilizando apenas dez dados de
Como uma das vantagens de se determinar o fa- massa acumulada, igualmente espaçados, para os
tor de retardamento e o coeficiente de dispersão hi- três metais estudados. A análise realizada com dez
drodinâmica pelo método da massa acumulada é o dados de massa acumulada indicou não haver
de diminuir o número de amostras coletadas e, con- necessidade da coleta freqüente de efluentes para
seqüentemente, o número de análises, estes parâ- fornecer estimativas precisas de Rd e Dh, para velo-
metros foram determinados com apenas 10 pontos cidades de percolação da ordem das observadas
experimentais, igualmente espaçados entre o inter- neste trabalho. Conclui-se que o método de massa
valo de amostragem de número de volume de po- acumulada é indicado no caso de testes em coluna
ros. Nas Figs. 15, 16 e 17 estão apresentadas as em longo prazo, como nos casos de avaliação de
curvas CMR vs. T, experimentais e teóricas, obti- transporte de contaminantes reativos em taxas de
das com os valores de Rd e Dh apresentados na Ta- escoamento baixas, comumente associadas a ca-
bela 6 para os metais manganês, zinco e cádmio, madas de impermeabilização, como foi o caso es-
considerando todos os pontos do ensaio e dez pon- tudado. Os resultados obtidos neste trabalho estão
tos somente, para três dos corpos de prova ensaia- de acordo com os obtidos por Shackelford (1995),
dos. Não foi possível obter qualquer resultado do que verificou diferenças de menos de 3% nos parâ-
corpo de prova CP03. metros Rd e PL, atribuindo estas diferenças à maior
Os valores de Rd e Dh foram determinados utili- dispersão nos dados pelo Método Tradicional e a
zando um programa computacional (Nascentes, pequenos erros envolvidos neste método ao plotar
2003) que otimiza os valores dos parâmetros, com o valor de Ce/Co com o número de volumes de poros

Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003. 243
Azevedo et al.

Figura 16. Gráficos de razão de massa acumulada de Zn,


Figura 15. Gráficos de razão de massa acumulada de Zn, Mn e Cd no CP02 considerando: (a) Todos os pontos; (b) 10
Mn e Cd no CP01 considerando: (a) Todos os pontos; (b) 10 pontos. Fonte: Nascentes, 2003.
pontos. Fonte: Nascentes, 2003.
concentração máxima. Na Fig. 18 estão apresenta-
escoados correspondendo ao meio do intervalo dos os resultados dos ensaios de equilíbrio em lote
amostral (Tmédio). e ajuste das isotermas por Freundlich para o Mn,
Os valores de fator de retardamento e o coefici- Zn e Cd.
ente de dispersão hidrodinâmica foram muito se- Os valores de Rd foram calculados com o uso da
melhantes entre si para os 3 corpos de prova, o que isoterma de Freundlich, através da equação
pode ser atribuído ao fato de serem as velocidades γ d ∂S
de percolação médias da solução praticamente Rd = 1+ (14)
iguais e, por isso, com semelhante tempo de conta- n ∂C
to com os sítios de adsorção do solo. Os valores encontrados são apresentados nas
Tabelas 7, 8 e 9. Os valores em negrito são os valo-
res de concentrações utilizados no ensaio em colu-
3.2 Ensaios de equilíbrio em lote na e os respectivos fatores de retardamento.
Este ensaio foi realizado para estimar a intensi- A seqüência de mobilidade foi a mesma obtida
dade de adsorção dos metais manganês, zinco e para o ensaio em coluna: Mn2+ > Zn2+ > Cd2+. Vale
cádmio, no solo em estudo, numa situação de equi- ressaltar que no ensaio de equilíbrio em lote não
líbrio de reação. Verificou-se que, para os três me- houve competição entre os metais como ocorreu no
tais estudados, a isoterma que melhor se ajustou ensaio em coluna.
aos dados experimentais foi a de Freundlich. De
acordo com Guy e Chakrabarti (1975, em Barbosa 4. Conclusões
et al.,1999), a sorção dos metais Cu, Pb, Zn e Cd Foram realizados ensaios em coluna e de equi-
aos minerais argílicos comporta-se segundo a iso- líbrio em lote para determinar o coeficiente de dis-
terma de Freundlich, que não exibe um patamar de persão hidrodinâmica e o fator de retardamento do

244 Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003.
Coeficiente de Dispersão Hidrodinâmica e Fator de Retardamento de Metais Pesados em Solo Residual Compactado

Figura 18. Resultados dos ensaios de equilíbrio em lote e


ajuste das isotermas por Freundlich para Mn, Zn e Cd. Fon-
te: Nascentes, 2003.

Tabela 7. Cálculo de Rd para o Mn.

C0 Ce dS/dC∗ γd n Rd
(mg/mL) (mg/mL) (m3/kN) (kN/m3)
4,6 3,49 0,016 15,30 0,42 1,58
2,3 1,74 0,024 15,30 0,42 1,91
1,15 0,78 0,041 15,30 0,42 2,51
0,58 0,38 0,065 15,30 0,42 3,38

Figura 17. Gráficos de razão de massa acumulada de Zn,


0,29 0,14 0,121 15,30 0,42 5,41
Mn e Cd no CP04 considerando: (a) Todos os pontos; (b) 10 0,14 4,47E-02 0,254 15,30 0,42 10,27
pontos. Fonte: Nascentes, 2003. 0,072 1,45E-02 0,519 15,30 0,42 19,95
zinco, manganês e cádmio, em solo residual (hori- 0,036 3,0E-03 1,411 15,30 0,42 52,49
zonte B) compactado, obtidos utilizando-se os mé- 0,018 4,3E-04 4,839 15,30 0,42 177,66
todos de análise tradicional e de massa acumulada 0,009 3,65E-05 23,149 15,30 0,42 846,11
para ensaios em coluna. Dos resultados obtidos po-
de-se chegar às seguintes conclusões: dS/dC = 0.3468C-0.6346. Fonte: Nascentes, 2003.
O equipamento construído, permeâmetro de
paredes flexíveis, funcionou muito bem, apresen- mio, indicando maiores valores de coeficiente de
tando algumas vantagens em relação às colunas dispersão hidrodinâmica para o último metal.
utilizadas em trabalhos anteriores (Germano, 2001, Durante os quatro meses de acompanhamento
Carvalho, 2001). do ensaio, os metais cobre e chumbo não atingiram
o regime permanente e a presença do crômio não
A condutividade hidráulica em meio saturado foi detectada no efluente;
de água diminuiu para todos os corpos de prova, A seqüência de mobilidade obtida foi a seguin-
tendendo a valores constantes. Tal decréscimo po- 2+ 2+
te: Mn > Zn > Cd .
2+

de estar associado à lixiviação de sais solúveis, fa- Houve significativa variação de condutividade
zendo com que a concentração eletrolítica do hidráulica da solução ao longo do período do ensa-
fluido nos poros do solo decrescesse, causando ex- io com as colunas, o que demonstrou não haver
pansão da dupla camada difusa e uma tendência constância da velocidade com o tempo de aplica-
das partículas da argila a dispersarem, resultando ção da solução. Como a solução da equação de
na diminuição da condutividade hidráulica. advecção-dispersão para ensaios em coluna (Shac-
Foi observada maior inclinação das curvas de kelford, 1995) supõe velocidade de percolação
eluição do manganês e do zinco do que nas de cád- constante, considerou-se um valor médio de velo-

Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003. 245
Azevedo et al.

Tabela 8. Cálculo de Rd para o Zn.

C0 Ce dS/dC∗ γd n Rd
3 3
(mg/mL) (mg/mL) (m /kN) (kN/m )
4 3,116 0,017 15,30 0,42 1,64
2 1,561 0,027 15,30 0,42 2,01
1 0,525 0,057 15,30 0,42 3,08
0,5 0,237 0,097 15,30 0,42 4,53
0,25 0,0754 0,208 15,30 0,42 8,58
0,125 0,0137 0,646 15,30 0,42 24,59
0,0625 0,00261 1,949 15,30 0,42 72,15
0,03125 0,000488 5,952 15,30 0,42 218,31
0,0156 < 0,0001 (ND) 17,105 15,30 0,42 ND
0,0078 < 0,0001 (ND) 79,253 15,30 0,42 ND

-0.6659
*dS/dC = 0.3641C ; ND – não detectado. Fonte: Nascentes, 2003.
Tabela 9. Cálculo de Rd para o Cd.

C0 Ce dS/dC γd n Rd
3 3
(mg/mL) (mg/mL) (m /kN)∗ (kNm )

3,2 2,9 0,012 15,30 0,42 1,43


1,6 1,4 0,018 15,30 0,42 1,66
0,8 0,48 0,034 15,30 0,42 2,24
0,4 0,1733 0,062 15,30 0,42 3,25
0,2 0,0504 0,127 15,30 0,42 5,64
0,1 0,0137 0,272 15,30 0,42 10,95
0,05 0,002352 0,765 15,30 0,42 28,90
0,025 0,000458 1,991 15,30 0,42 73,67
0,0125 0,000107 4,661 15,30 0,42 171,16
0,00625 0,0000575 6,703 15,30 0,42 245,72
0,0031 0,00002 12,435 15,30 0,42 454,96
0,00156 0,000027 10,432 15,30 0,42 381,86
0,00078 0,0000145 15,009 15,30 0,42 548,94

-0.5851
*dS/dC = 0.2172C . Fonte: Nascentes, 2003.

cidade de percolação no cálculo do coeficiente de de medir as concentrações das soluções afluente,


dispersão hidrodinâmica e das curvas teóricas. C0, e efluente, C, simultaneamente e com periodici-
Ocorreu desorção dos metais manganês e zinco dade semanal, na tentativa de minimizar erros na
do solo dos corpos de prova com a aplicação da so- relação C/C0.
lução Ocorreu desorção dos metais manganês e Os valores para o fator de retardamento obtidos
zinco do solo dos corpos de prova com a aplicação nos ensaios em coluna foram altos quando compa-
da solução contaminante, já que se teve o cuidado rados aos apresentados na literatura. A concentra-

246 Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003.
Coeficiente de Dispersão Hidrodinâmica e Fator de Retardamento de Metais Pesados em Solo Residual Compactado

ção de metais em solução foi um fator de grande io de equilíbrio em lote não houve competição
influência no fator de retardamento. Nos ensaios entre os metais, tal como ocorreu no ensaio em co-
realizados neste trabalho foram utilizadas concen- luna.
trações bem menores do que as normalmente apre-
sentadas na literatura. Agradecimentos
Verificou-se grande semelhança entre os valo- Os autores gostariam de agradecer à FAPEMIG
res de fator de retardamento e de coeficiente de dis- (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mi-
persão hidrodinâmica obtidos utilizando o Método nas Gerais) e à CAPES (Coordenação de Aperfei-
Tradicional e o Método da Massa Acumulada. A çoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo apoio
análise realizada com um número reduzido de da- financeiro, aos Departamentos de Engenharia Ci-
dos experimentais da massa acumulada (10 dados) vil, de Engenharia Agrícola, de Solos e de Química
indicou que não haveria necessidade da coleta fre- da Universidade Federal de Viçosa, MG, pela reali-
qüente de efluentes para fornecer estimativas razo- zação dos ensaios.
avelmente precisas de Rd e Dh, para velocidades de
percolação da ordem das observadas neste traba- Referências
lho. Portanto, a utilização do Método de Massa AMARAL SOBRINHO, N.M.B.; COSTA, L.M.;
Acumulada pode ser indicada para testes em colu- OLIVEIRA, C.; VELLOSO, A.C.X. (1992).
na em longo prazo, como em casos de avaliação de Metais pesados em alguns fertilizantes e corre-
transporte de contaminantes reativos em taxas de tivos. R. Bras. Ci. Solo, v. 16, n. 2, p. 271-276.
escoamento baixas, comumente associadas às ca- BARBOSA, R.M.; OTERO, O.M.F. (1999). Ca-
madas de impermeabilização, como foi o caso es- racterização da pluma de poluição originada
tudado. por depósito de lixo urbano. Geoquímica Bra-
Os resultados obtidos neste trabalho estão de siliensis, v. 13, n. 1, p. 051-065.
acordo com os obtidos por Shackelford (1995), que BOSCOV, M.E.G. (1997). Contribuição ao projeto
verificou diferenças de menos de 3% nos parâme- de sistemas de contenção de resíduos perigosos
tros Rd e PL atribuindo estas diferenças à maior dis- utilizando solos lateríticos. Tese de D.Sc.,
persão nos dados pelo Método Tradicional e a Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
pequenos erros envolvidos neste método ao plotar 259 p.
o valor de Ce/Co com o número de volumes de poros CARVALHO, A.L. (2001). Contribuição ao Estu-
escoados correspondendo ao meio do intervalo do da Poluição de águas subterrâneas e superfi-
amostral (Tmédio). ciais causada pela disposição inadequada de
Os valores de fator de retardamento e coefici- resíduos sólidos urbanos – o caso do antigo li-
ente de dispersão hidrodinâmica foram muito se- xão de Viçosa (MG). Dissertação de M.Sc.,
melhantes para os três corpos de prova, já que as Dep. Engenharia Civil, Universidade Federal
velocidades de percolação médias nestes foram de Viçosa. 129 p.
praticamente iguais, proporcionado um mesmo COSTA, P. (2002). Avaliação em laboratório de
tempo de contato com os sítios de adsorção do solo parâmetros de transporte do chorume no Aterro
dos corpos de prova. Sanitário de Sauípe/Ba. Dissertação de M.Sc.,
Nos ensaios de equilíbrio em lote, observou-se Dep. Engenharia Civil, PUC-Rio, 190 p.
a tendência do fator de retardamento diminuir com ELBACHÁ, A.T. (1989). Estudo da Influência de
o aumento da concentração de soluto. Alguns Parâmetros no Transporte de Massa em
Os ensaios de equilíbrio em lote podem ser uti- Solos Argilosos. Dissertação de M.Sc., Dep.
lizados para se obter uma estimativa inicial da ca- Engenharia Civil, PUC-Rio, 178 p.
pacidade de adsorção do solo para dado soluto e EPA, Environmental Protection Agency (1992).
não para estimativa do que ocorre no campo. Technical resource document: Batch-type pro-
A seqüência de mobilidade determinada com cedures for estimating soil adsorption of che-
base em dados obtidos no equilíbrio em lote foi a micals, EPA/530-SW-87-006-F. Office of
mesma obtida para o ensaio em coluna: Solid Waste and Emergency Response, Was-
Mn2+ > Zn2+ > Cd2+, porém, ressalta-se, que no ensa- hington. 100 p.

Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003. 247
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volume efluente e o volume de vazios da
Símbolos amostra)
-3 Tss número de volumes de poros necessários
Ce concentração do soluto no efluente [ML ]
para atingir o regime estacionário
-3
C0 concentração inicial [ML ]
Vx velocidade média do fluido percolante na
CTC capacidade de troca catiônica do solo [meq -1
direção x [LT ]
-1
M ] 3
Vp volume de poros ou de vazios [L ]
CTCef capacidade de troca catIônica efetiva 3
Vv volume de vazios [L ]
CTCpot capacidade de troca catiônica potencial
x coordenada de direção
CMR razão de massa acumulada
w teor de umidade do solo
Dh coeficiente de dispersão hidrodinâmica
2 -1 wótimo teor de umidade ótimo do solo
[L T ]
-2 -2

erfc função erro complementar γd peso específico seco [ML T ]


-2 -2
IMR razão de incremento de massa γmax peso específico máximo do solo [ML T ]
-2 -2
IP índice de plasticidade γs peso específico dos grãos [ML T ]

J fluxo de massa de um soluto ∆m incremento de massa de soluto que passa


-1 através da extremidade efluente de uma
k condutividade hidráulica do solo [LT ]
coluna finita de solo
L altura da amostra [L]
LL limite de liquidez
LP limite de plasticidade

Solos e Rochas, São Paulo, 26, (3): 229-249, Setembro-Dezembro, 2003. 249

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