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Faz anos desde que minha mãe esteve na minha vida.

Eu curei.
Eu aprendi a aceitar o amor.
Eu vivi.
Está tudo feito. Ela estava fora e agora está de volta.
Eu a evitei por um ano e meio, mas não consegui
mais me esconder.
Mason fez um estágio em Fallen Crest, então
voltamos para o verão.
E quando chegamos lá - ninguém estava preparado
para o que aconteceu.
CAPÍTULO UM
Voltei da corrida ao amanhecer. Tudo ainda estava escuro, uma
mínima sugestão de luz começava a iluminar os gramados e o pavimento
onde eu corria.
Nas duas últimas semanas, comecei com o hábito de acordar às
quatro da manhã, sair da cama e pisar no concreto cinco minutos depois.
Eu não sabia o que era — correr no escuro, correr quando ninguém podia
me ver, ou mesmo saber que eu estava fora da vista de todos, — mas eu
me tornava uma figura escura misturada a uma outra escuridão.
Eu adorava, e quando voltava à casa da minha madrasta,
geralmente sentia que estava a mil por hora. Eu tinha começado a fazer
o café e, à medida que a máquina cuspia o líquido, eu escorregava para
a varanda da frente para terminar o alongamento. Na primeira parte da
manhã, eu estava acabando e planejava voltar para dentro para me servir
uma xícara, quando a porta se abriu. Acho que Malinda foi acordada pelo
cheiro do café, como um vampiro que se levanta no primeiro cheiro de
sangue.
Minha madrasta aparece com seu cabelo castanho reluzente,
parecendo ter passado seus dedos apressadamente através dele, com um
pouco de sono ainda cobrindo seus olhos. Ela tem dois copos e me
entrega um, afundando-se sobre uma cadeira na varanda antes de
apertar seu roupão.
Esta manhã foi como a primeira vez.
Eu estava simplesmente abaixando minha perna atrás de mim
quando ela apareceu, me dando um sorriso caloroso. — Ei, minha
lindinha. — Ela puxou as extremidades do seu roupão felpudo mais
apertado antes de sentar.
— Dia.
Sentei na cadeira ao lado dela, apoiando meus pés para que eu
pudesse descansar minha xícara de café nos joelhos. Isso aqueceu
minhas mãos e eu inalei o cheiro.
— Você correu muito hoje?
Eu endureci. Não tinha percebido que Malinda sabia quando eu me
levantava ou que hoje foi uma hora a mais do que o normal. Mas eu
deveria saber. Ela era a madrasta extraordinária.
— Não diga nada, pode ser? — pedi a ela.
Ela me deu um olhar conhecedor sobre sua caneca. — Para o seu
pai ou para aqueles dois jovens que a protegem como se fossem cães de
guarda?
— Ambos? — Uma garota poderia sonhar.
Ela riu, tomando seu café, e deu um tapinha no meu joelho. —
Mason sabe?
— Que me levantei cedo?
— Que você está correndo tanto toda manhã. Eu sei que você está
indo às tardes também. — Um segundo olhar conhecedor veio em minha
direção. — E o porquê você fez uma corrida de duas horas hoje.
Ah. Lá estava. — Eu não sabia que mais alguém sabia. — Eu me
movi no assento, ignorando o latejar que estava começando atrás das
minhas têmporas. Toda vez que eu pensava nela, começava.
Isso me perseguiu por toda corrida.
— Ouvi uma conversa telefônica entre Mason e seu pai, e não foi
bem.
Eu olhei para ela. Isso significava que Mason também sabia?
Ela bebeu o café, ficando mais confortável no banco. — Você sabia
que James está forçando ele e Logan a serem os padrinhos?
Eu sabia. — Estou preocupada que o mesmo aconteça comigo.
— Não, não, não. — Malinda agitou a mão no ar. — Ela terá sorte
se você comparecer ao casamento. Analise não vai abusar da sorte. Ela
pode ter… — Fez uma pausa. — problemas, mas ela é uma mulher
esperta. Confie em mim. Você não precisa se preocupar com isso.
Suas palavras deveriam ter sido um alívio, mas não foram. Apenas
duas pessoas entendiam completamente até onde Analise iria se ela
quisesse algo: eu e o marido de Malinda, David — também conhecido
como o homem que me criou. Havia uma razão pela qual ambos tínhamos
medo da mulher. Malinda, embora eu a amasse muito e fosse muito
agradecida por ela ter entrado na minha vida, ela não estava por perto
durante os tempos mais sombrios de Analise. Sim, minha mãe tinha ido
embora por quase dois anos para obter ajuda. Sim, ela parecia estar
melhorando e tinha voltado a Fallen Crest já há um ano e meio, e sim,
ela me deixou em paz, na maior parte. Mas ela tinha deixado a instalação
de tratamento e vivia não apenas em Fallen Crest, mas do outro lado da
rua, e eu também estava aqui agora.
Eu a evitei durante tanto tempo, mas o tempo acabou. Eu não
podia mais evitá-la.
Mason e eu estávamos passando o verão em Fallen Crest porque
ele tinha um estágio na companhia de seu pai para cumprir um requisito
de sua formação em gestão. Ele até teve a aprovação para retornar à
faculdade mais tarde do que o normal — não na semana anterior quando
as aulas começaram mais cedo para o treino de futebol, como de
costume. Um treinador pessoal deveria sair para compensar qualquer
treino que ele tivesse perdido, mas não era necessário. Se eu estava louca
com minha corrida, Mason estava igualmente louco com seu
treinamento. Ele estava na academia de três a quatro horas por noite, e
eu senti a prova disso toda vez que ele estava em cima de mim, embaixo
de mim e dentro de mim.
Meu calor corporal subiu agora enquanto pensava em nosso amor
na noite anterior. Tinha uma sensação diferente. Havia um desespero e
uma fome que eu não sentia há muito tempo. Como se não pudéssemos
ter o suficiente um do outro, como se soubéssemos que haviam coisas
em movimento que poderiam nos separar.
Eu não acreditava que isso fosse verdade, mas isso ainda me
deixou tensa.
O pai de Mason e a Analise estiveram em uma viagem a Londres
nos últimos três meses, mas eles voltariam para casa hoje.
Malinda suspirou, bocejando. Seu sorriso era cansado, mas cheio
de calor.
— Você realmente não precisa se preocupar com ela. Eu falei com
Analise no último ano e meio. Ela aceitou que tudo tem que estar de
acordo com seus termos. Você escolhe quando e se você a quer de volta
em sua vida. Ela não vai te pressionar. Ela nem vai dizer olá para você
em público se você vê-la. Pode se aproximar dela se quiser fazer isso. É
tudo com você.
Apesar do que Malinda pensava, dizer que Analise era mentalmente
estável seria um exagero. Dizer que ela não era um perigo para mim era
outro exagero. Havia uma lista de coisas que ela fez, e me bater e ameaçar
destruir a vida de Mason estava entre as últimas coisas que ela fez antes
de ir para o hospital.
A única coisa boa foi James Kade, o pai de Mason e Logan. Quando
Analise deixou David, ela e eu nos mudamos para a mansão Kade, e duas
famílias nasceram: juntei-me a Mason e Logan e Analise fez uma parceria
com James. Ambos, Analise e James, eram bem idiotas, mas pelo menos,
James provou o quanto ele realmente a amava. Eles eram uma
combinação perfeita, no meu ponto de vista.
Mason e Logan tiveram seus próprios problemas com o pai, mas o
relacionamento era um pouco mais agradável do que o meu com Analise.
A exaustão da minha corrida estava começando a se instalar
quando um par de faróis iluminou a rua. Minhas mãos apertaram em
torno da caneca, mas anos de treinamento assumiram. Eu sempre
congelei quando Analise estava por perto, mas isso foi transferido para
um sentimento de preparação. Ok, mamãe querida, pensei. Meus lábios
se separaram e um meio rosnado se formou. Eu podia sentir meus
pulmões se expandirem com a minha respiração profunda. Eu estava
pronta. Eu estava disposta, e o que quer que ela fosse jogar em mim,
seria jogado de volta para ela.
Duas SUVs pretas diminuíram na frente do portão dos Kades. Ele
se abriu lentamente e os duas SUVs entraram na garagem. O portão se
fechou atrás deles e nossa visão foi obstruída, mas eu sabia o que aquilo
significava.
Minha mãe estava oficialmente de volta.
CAPÍTULO DOIS
Minha porta do chuveiro se abriu e a mão de Mason tocou meu
quadril, deslizando pelas minhas costas quando ele entrou atrás de mim.
Senti o frio por um mero segundo antes de seu calor me aquecer e ele
fechar a porta. Seus braços vieram ao meu redor e eu me inclinei contra
ele. Mexi minha cabeça para que a água não me cegasse e lá estava ele.
Mandíbula forte. Lindos olhos verdes. Cabelos negros cortados e
um físico tonificado à perfeição de todo o seu treinamento. Lindo.
Seus olhos escureceram quando suas mãos deslizaram ao redor da
minha cintura e por cima das minhas costelas. Eu ofeguei, mas não
desviei o olhar. Eu não pude. Em momentos como estes, Mason parecia
minha força vital. Se eu quebrasse o contato, aí ia a minha força. Não era
um sentimento regular agora, não como antes, quando Analise tentou
nos quebrar. Mas nesse momento eu senti isso. Eu inalei, arqueando as
costas para dar-lhe um melhor controle sobre mim e uma oportunidade
para que eu saboreasse essa conexão.
Muitos tentaram se interpor entre nós. Tantos falharam.
Seria Mason e eu para sempre.
Eu me virei, me pressionando contra ele. Cada centímetro meu se
encaixava nele como uma luva. Todos os seus cumes rígidos e músculos
eram como casa para mim.
Eu envolvi meus braços em volta do pescoço dele. — Bom dia.
Seus olhos escureceram ainda mais. — Bom dia. — Uma mão caiu
no meu quadril. — Você correu esta manhã novamente.
Um arrepio delicioso passou por mim. — Eu ainda vou com você
mais tarde, se você quiser.
A outra mão dele subiu até a parte de trás do meu pescoço. Ele me
segurou lá, ancorando minha cabeça enquanto me estudava, e vi um
ligeiro traço de preocupação.
— Você está correndo demais.
Então ele sabia. Eu tentei me afastar, mas ele não me deixou.
— Não — acrescentou em um suave apelo: — Por favor.
Eu fiquei em seus braços com a água batendo em nós.
— Malinda disse algo esta manhã também.
Ele assentiu. — Sua mãe está de volta, não é?
— Você sabia?
— Eu imaginei. Eu deveria começar meu estágio com um dos
parceiros do meu pai, mas ele mandou uma mensagem esta manhã
dizendo que ele estaria lá. — Um canto da boca de Mason se levantou. —
Ele perguntou se eu queria uma carona para o trabalho.
Eu combinei o meu meio sorriso com o dele. — Você respondeu?
— Claro — zombou. — Porque sou o filho bom e perfeito que vai
trabalhar com o pai.
— Bem, James pode sempre sonhar.
Mason riu, pressionando os lábios na minha testa. Ele baixou a
mão, colocando meu cabelo atrás da minha orelha. Por um momento, me
segurou, descansando sua bochecha na minha testa. Eu podia sentir sua
tensão. Ele estava preocupado e eu não podia culpá-lo. Analise estava
fora da minha vida há dois anos e as coisas estavam boas. Elas estavam
muito boas, mas agora estávamos de volta em casa. De volta ao seu
território. Um casamento estava acontecendo em dois meses e tudo de
bom podia descarrilhar.
Não iria, no entanto. Eu estava disposta e determinada a não deixar
ninguém nos machucar.
— Tudo vai ficar bem — eu disse suavemente. — Você sabe disso,
certo?
Ele sorriu. Eu senti seus lábios se curvarem contra a minha pele.
— Você nem a viu, e você já está correndo como costumava fazer.
Isso era verdade. Eu soltei um suspiro. — OK. Eu prometo que vou
parar de correr... — Olhei para ele. — Tanto.
— Eu não me importo com quanto tempo você corre. Eu só quero
que você esteja saudável.
— Eu estou.
Ele olhou para baixo, ainda me estudando atentamente. Então ele
suavizou e seus lábios desceram para descansar nos meus. — Não a deixe
na sua cabeça.
— Eu não vou. Eu prometo.
Ele amaldiçoou. — Eu já estou cansado dela.
— Vamos esquecer tudo sobre isso, ela e ele. — Eu me levantei na
ponta dos pés, selando minha boca à dele, e ele respondeu apertando as
mãos debaixo de mim. Mason levantou uma das minhas pernas para que
eu pudesse senti-lo ali mesmo e, assim, tudo se foi. Era apenas ele e eu.
Do jeito que deveria ser.
Fechei meus olhos, sentindo-o entrar em mim.
Isto. Ele. Eu. Isso era tudo que eu precisava. Eu passei meus
braços em volta do seu pescoço e comecei a me mover com ele.
Dentro. Fora.
Mason empurrou para dentro de mim. Este homem, ele não era
mais um garoto. Eu senti como se tivesse crescido com ele. Lado a lado.
Desde a primeira vez que ele me tocou até agora, sempre foi o mesmo.
O prazer sombrio e primitivo me encheu, e tudo que eu pude fazer
foi engasgar enquanto ele continuava.
Dentro.
Fora.
E novamente.
Quanto mais ele vinha, mais fundo ele deslizava dentro de mim, e
eu senti meu clímax chegando. Um grito baixo e gutural surgiu no fundo
da minha garganta. Eu arqueei minhas costas, o suor se misturando com
a água do chuveiro, mas eu não aguentei mais. Eu ia gozar.
Mason me observou. Eu vi a necessidade em seu rosto, assim como
senti dentro de mim.
Este era o mesmo fervor que sentimos na noite passada. Eu senti
em seus beijos ásperos, seu aperto no meu pescoço, meus quadris, no
jeito como ele estava me fodendo.
Eu queria deixá-lo me dominar, mas meus joelhos começaram a
enfraquecer e eu não aguentei mais. Eu agarrei o chuveiro e me levantei.
Os olhos de Mason brilharam quando ele me pegou e me levantou o resto
do caminho. Então ele estava dentro de mim novamente. Eu o montei
desta vez, com minhas pernas em volta da cintura dele e usando o
chuveiro para alavancar. Quando isso não bastou, envolvi um braço em
volta dos ombros dele e descansei minha mão contra o ladrilho.
Seus beijos eram exigentes, me possuindo.
Eu movi meus quadris para cima e para baixo, com um
formigamento delicioso fazendo meu corpo tremer. Ele estava exatamente
onde deveria estar: comigo.
Logo estávamos ambos convulsionando.
Uma onda me atingiu com força, fazendo meu corpo tremer, mas
Mason me segurou o tempo todo. Pressionando um beijo suave nos meus
lábios, depois na minha testa, ele enfiou a cabeça no meu ombro e
esperou até que parássemos de tremer.
— Você está bem? — Ele murmurou suavemente contra o meu
ouvido.
Eu soltei uma risada fraca. — Isso é retórico?
Ele sorriu, me beijando antes de levantar a cabeça. Seus olhos
encontraram os meus. — Eu fui muito áspero?
Fiz um gesto para me abaixar, mas Mason me levou para fora e me
sentou no balcão do banheiro. Ele começou a recuar, mas eu o segurei,
mantendo-o entre as minhas pernas. Fechando meus braços ao redor de
seu pescoço, eu me inclinei contra o espelho. Eu não dava a mínima para
nada neste momento.
— Apenas da melhor maneira, e, por favor, seja assim novamente.
Ele riu baixinho, curvando-se para beijar meus ombros. Ele
sussurrou lá, seus lábios se movendo sobre a minha pele. — Eu senti
falta de acordar perto de você.
Uma pontada de arrependimento me apunhalou. — Eu sinto muito.
Ele balançou a cabeça, olhando nos meus olhos novamente. —
Não. Eu entendi. Eu entendo. Eu estava apenas afirmando um fato. —
Franziu a testa, esfregando o polegar sobre a minha como se estivesse
alisando uma linha de preocupação. — O que você fará hoje?
— Você quer dizer enquanto você sai e trabalha com seu pai?
Ele gemeu, inclinando a cabeça para trás para descansar no meu
ombro. — Sim, eu quero dizer isso.
Eu me certifiquei de dar de ombros com o outro ombro. — Eu
suponho que você não deve ser o único responsável neste
relacionamento.
— Você vai conseguir um emprego?
Eu balancei a cabeça, falando do meu pai biológico. — Garrett me
deu um fundo fiduciário, mas eu preciso fazer alguma coisa. Tenho
certeza de que posso trabalhar no Manny's, mas não sei. Acho que posso
querer fazer outra coisa neste verão.
Sua mão deslizou pelas minhas costas. — Tenho certeza que o que
você fizer, Logan vai tentar aparecer o tempo todo.
Eu assenti. — Ele está em Paris com sua mãe, certo? Taylor foi com
ele ou ele vai vê-la depois?
— Ambos. Minha mãe levou os dois na viagem, mas quando eles
voltarem, vão passar uma semana com o pai de Taylor. Eu acho que eles
vão acampar ou algo assim. E isso traz outro assunto, Helen me ligou
hoje de manhã. Ela me pediu para morar em sua casa durante o verão.
Adorável. Maravilhoso. Estupendo.
Meu namorado estava saindo por três meses. Não importava que
ele estivesse literalmente do outro lado da calçada. Helen Malbourne não
era minha fã.
Eu me inclinei para trás e soltei um som decepcionado. — Se não
é minha mãe, é sua. Você percebe que os únicos que não tentaram ficar
entre nós são nossos pais? Isso significa alguma coisa?
Ele me deu um sorriso suave. — Do que você está falando?
— Você está se mudando para a casa da sua mãe. Como isso vai
funcionar? Você vai acabar dormindo comigo todas as noites de qualquer
maneira. Qual é o ponto? — Olhei para o chão.
— Sim, eu vou, porque você vai morar comigo.
Eu levantei minha cabeça novamente. — O quê? Sua mãe me odeia.
Eu não achei que eu fosse permitida morar lá.
Ele se inclinou para perto de mim novamente. Eu me inclinei até
que minhas costas estavam contra o espelho e ele pairou sobre mim, seus
lábios a poucos centímetros do meu.
— E para citar meu irmão dor na bunda… — Ele segurou a parte
de trás do meu pescoço, seus dedos deslizando em meu cabelo. — Foda-
se a minha mãe. — Ele baixou a boca para a minha em um beijo duro,
que deixou meu coração batendo forte. — O que você acha? Quer morar
comigo, só você e eu?
— Sem Logan?
— Não no primeiro mês.
— Sem Nate?
— Ele está em uma filmagem de cinema com seus pais.
— Ninguém mais?
Seus olhos brilharam com luxúria novamente. — Só você e eu.
Eu só podia olhar para ele. Nós nunca moramos sozinhos. O
máximo que tivemos foi um fim de semana fora. Mas desta vez eu estava
quase salivando com a ideia. Parecia certo, como se tivéssemos feito isso
o tempo todo.
— Sim. — Eu balancei a cabeça. — Sim, eu gostaria disso.
— Sim?
— Oh sim. — E então sua boca estava na minha novamente e ele
me levou para a cama. Mais uma vez, não conseguimos o suficiente um
do outro. Não importa quantas vezes eu tocasse este homem, eu só
estaria ansiando pelo próximo toque.
Quando ele se moveu para dentro de mim, minhas pernas e braços
em volta dele, minha mente correu até que eu desliguei e me entreguei.
Eu cedi completamente a Mason.
CAPÍTULO TRÊS
— Ei, garota.
Eu estava esperando em uma cadeira no gramado perto do poço da
fogueira do lado de fora do Manny's. Havia mais três para escolher, mas
todas pareciam estar no mesmo estado miserável — buracos no meio,
desgastadas nas extremidades. Fiquei surpresa que elas ainda eram
capazes de manter as pessoas na posição vertical. Quando eu inclinei de
volta na minha, chutando meus pés para descansar nos tijolos que
cercam a fogueira apagada, senti-a afundar sob o meu peso.
Eu me levantei. — Merda, Heather.
Uma risada baixa e suave soou quando uma das minhas melhores
amigas — correção, uma das minhas únicas amigas — sentou-se ao meu
lado, tirando seus cigarros e isqueiro. Heather recostou-se como eu
acabei de tentar, cruzando um pé sobre o outro no poço de pedra
enquanto ela exalava a primeira tragada. — Eu acho que você está na
que eu deixo aqui fora no caso de Logan aparecer. Eu espero que isso vire
com ele um dia desses, só assim eu posso dar uma boa risada.
Eu balancei a cabeça. Essa era a velha dinâmica e uma parte de
mim relaxava por dentro.
— Eu pensei que tudo tinha acabado? — murmurei, tentando
sentar de volta novamente. — Você está feliz com Channing. Ele está com
Taylor.
Ela estava colocando o cigarro nos lábios, mas parou e puxou a
mão para longe. — Do que você está falando?
— Essa coisa de paquera sexual. Eu pensei que tinha acabado.
Ela grunhiu, acendendo o cigarro agora. — Quando Logan parar de
me dar merda, vou devolver o favor. Ele ainda fala, e não é do jeito que
você diz que é. — Ela parecia irritada. — Em algum momento nos
tornamos como irmão e irmã, mas eu já tenho um irmão perdedor que
não me deixa em paz! — Ela se inclinou para trás, mais perto da porta
lateral do Manny, onde ela dirigia a lanchonete do bar e grill. Um segundo
depois, o irmão dela gritou de volta.
— Fique na sua, Heather! Eu gerencio o bar. Você a grelha. Afaste-
se de mim. Você ficaria louca se eu parasse de fazer meu trabalho.
Ela riu baixinho, sentando normalmente de novo. — Meu irmão
estúpido. Eu não preciso de outro, além de Brad, quero dizer. — Então
ela franze a testa, concentrando-se em mim. — Como está o pequeno
Kade? A sua senhora foi com ele para as férias de verão?
— Ele e Taylor foram para Paris nas primeiras semanas.
Isso chamou sua atenção. — Paris? Eu não sabia que Taylor era
rica.
— Pelo que ouvi, foi com o dinheiro de Helen.
— Droga. — A cabeça de Heather esticou para trás uma polegada.
— Mamãe querida está lá com eles?
Eu assenti. — Até onde sei.
Ela grunhiu, dando uma tragada. — Então o Pesadelo da Mamãe
da Rua levou a nova namorada até a França para uma viagem… e você
conseguiu o que com ela? — Sua sobrancelha se ergueu. — Um grande e
gordo nada, certo?
Se ela estava esperando obter uma reação, estava latindo para a
árvore errada. Sim, Helen Malbourne sempre me odiou com Mason, e
sim, ela parecia adorar Taylor, o amor da vida de Logan, mas isso não me
incomodava.
Dei de ombros. — Você realmente acha que eu iria viajar com ela?
— Touché. — Seus olhos se estreitaram quando ela jogou o cigarro
na fogueira vazia. — Já que estamos no tópico das mães pesadelo, você
falou com a sua?
— Eu vejo Malinda todos os dias.
— Você sabe quem eu quero dizer.
E lá estava o olhar. Ela estava esperando que eu quebrasse, ou
jogasse minha cadeira no buraco, ou saísse correndo por seis horas todos
os dias. Era o mesmo olhar que todos tinham desde que minha mãe
voltou.
Fiquei tentada a lhe dar o dedo do meio, mas tudo o que fiz foi
suspirar. — Ela está aqui.
— Isso é tudo o que você vai dizer?
Eu rolei meus ombros para trás. — O que você quer que eu diga?
Ela está de volta. Não há nada que eu possa fazer sobre isso. É o que é.
— Ela mentiu para você toda a sua vida sobre o seu pai.
Sim. Ela mentiu. David não era meu pai de verdade.
— E quando o seu verdadeiro pai se aproximou, ela o chantageou
para sair.
A mulher era dedicada.
— Então, quando você começou a namorar o Mason, ela ameaçou
entregá-lo a polícia por ter feito sexo com você.
Oh sim. Estupro podia ter sido horrível, mas Mason não era dois
anos mais velho que eu. Ele era apenas um. Eu descobri esse pequeno
pedaço de informação depois. Eu não precisei me preocupar que todo o
seu futuro poderia ter sido rasgado em pedaços pela mulher de quem eu
vim.
Eu estava bem com isso. Mesmo. Não me incomodou ouvir uma
lista de todas as coisas ruins que Analise fez antes de finalmente
desaparecer em um hospital psiquiátrico por dois anos.
Então Heather soltou a última bomba. — Ela matou seus irmãos
que ainda nem tinham nascido e foi você quem a encontrou.
Em uma pilha de sangue.
Eu liguei para o 911.
Eu tinha onze anos.
Eu reprimi um estremecimento com isso. — O que você quer que
eu diga? Ela está de volta. Ela vai se casar com James, que também é pai
de Mason. Não há nada que eu possa fazer. — Acalmei o tom de voz. —
Eu me recuso a deixar que ela me perturbe.
— Bom para você. — Heather me saudou com uma bebida invisível,
com sua mão enrolada ao redor de um copo invisível. — Agora fique
bêbada, e então você pode me dizer como realmente se sente.
Eu bufei e cobri meu rosto com a minha mão. — Eu não consigo
acreditar que fiz isso.
— Graças a Deus você fez. — Heather sorriu, uma nota seca em
sua voz normalmente rouca.
Eu olhei para ela, esperando. Era quando ela normalmente voltava
ao turno, mas essa foi nossa primeira visita desde que Mason e eu
chegamos em casa da faculdade Fallen Crest há uma semana. Sim, isso
me tornava uma pequena covarde. Heather Jax foi uma das minhas
amigas mais leais desde o ensino médio, e ela tinha a habilidade de
superar as besteiras.
Mason e Logan tinham as mesmas qualidades, mas eu vivia com
eles, então eles não estavam constantemente me repreendendo. Eles
estavam apenas observando, esperando.
Um segundo arrepio percorreu minha espinha. Eu ignorei isso. Era
um hábito que rapidamente se tornou uma rotina diária.
— Por que você não me conta sobre você e Channing?— perguntei.
— Vocês dois não se casaram ainda?
Eu quis dizer isso como uma piada, mas os olhos dela mudaram.
Seus lábios pressionaram em uma linha tensa. — Ele quer. Ele é maluco.
Isso é o que ele é.
— Você está brincando? — Minha boca ficou aberta. — Channing
pediu para você se casar com ele?!
Ela revirou os olhos. — Não, mas… Bem, sim. Ele me perguntou
há um tempo porque nós tivemos um susto de gravidez, mas foi apenas
um susto. Nenhum bebê. Eu pensei que ele iria deixar pra lá.
— Ele não deixou?
— Ele não deixou. — Ela estava tão triste. — Ele quer sossegar. Eu
acho que é principalmente porque ele está criando Bren desde que sua
mãe morreu.
— Espera. O quê?
Channing Monroe? Um irmão mais velho? Agora como um pai para
uma garotinha? Esta não era uma imagem que eu pudesse assimilar.
Mason e Logan comandavam a Fallen Crest Public High School, e
Channing, um modelo parecido, fez o mesmo com seu colégio, Roussou
Public.
Roussou era na cidade vizinha e nosso rival habitual, que às vezes
levava ao derramamento de sangue quando Brett e Budd Broudou a
comandavam. Channing havia trabalhado com Mason e Logan ajudando-
o a assumir o controle da Roussou. Ajudaram a Brett Broudou a perceber
o quanto seu irmão era um psicopata, e agora Budd estava residindo na
prisão por tentativa de estupro. Channing manteve sua cidade sob
controle, mas eu não tinha tanta certeza sobre ele criar uma criança.
— Ele não está administrando um bar em Roussou agora? — Achei
que era o que Logan tinha dito da última vez.
Heather assentiu, soltando um suspiro. — Sim. Como se eu tivesse
tempo de brincar de casinha. Eu estou dirigindo este lugar desde que
meu pai se aposentou e indo para a faculdade da comunidade. Eu não
tenho tempo para criar uma adolescente. Além disso, a garota é dura
como pedra. Ela não precisa e nem quer uma mãe substituta. Confie em
mim. Eu estive lá. Eu não quero lidar com outra eu mesma.
— Uau. — Eu não consegui superar isso. — Channing é como um
pai...
— Mais como um grande irmão extraordinário, mas ele tenta. Ela
tem sua própria turma, no entanto. Vai ficar bem. — Ela levantou a mão.
— E não se precipite. Channing não é apenas o modelo extraordinário de
irmão mais velho. Ele tem alguma merda estúpida também.
— Heather!
Ela levantou a mão, seu dedo médio estendido, mas seu irmão não
podia ver de onde ele gritou seu nome.
— Estou aqui!
Ela pegou seus cigarros e se levantou. — Estou a um metro e meio
de onde ele está. Você acha que ele realmente precisa gritar a plenos
pulmões?
— Eu ouvi isso. — Brandon atirou de volta. — Você faz o mesmo
comigo, Heatherkins.
— Não me chame assim! — retrucou, alcançando a porta. Ela parou
antes de entrar. — Hey, eu vou para essa coisa do Channing mais tarde.
Ele está lutando em um grande evento hoje à noite. Se você estiver super
entediada, venha comigo. Seria bom ter outra amiga lá.
Não havia necessidade de pensar. Se eu ficasse em casa, ficaria
louca quando Analise atacasse.
— Estou dentro.
CAPÍTULO QUATRO
— Você está onde?
Eu estava encostada no carro de Heather no meio de um campo,
cercado por uns duzentos outros carros, e ao meu redor havia música
pesada, falatório e um grito de vez em quando. Eu tinha o dedo tapando
minha outra orelha, mas ainda me esforçava para ouvir Mason pelo
telefone.
— Channing vai lutar hoje à noite — disse a ele. — Eu estou indo
com Heather e seu irmão.
— Espera. O quê?
Eu parei ao ouvir o estalo em sua voz. — O que está errado?
— Você vai a um evento de luta?
— Sim. — Minha boca virou para baixo.
— Em Roussou?
— Sim. — Minha careta se aprofundou. Eu podia sentir as rugas
começando a surgir na minha testa e as rodas se agitando. Eu nem tinha
pensado nisso, mas uma vez que eu caí na real, eu quis me bater. — Ah
não.
— Sim. — Ele mordeu pelo telefone. — Você está brincando comigo,
Sam? Você está sozinha? É perigoso lá. Eu ainda tenho inimigos em
Roussou e você está sozinha.
— Eu não estou. — Eu olhei para Heather e Brandon, mas eu sabia
que ele não se importava com eles ou mesmo sobre Channing e todos os
seus amigos. Quando ele disse sozinha, ele quis dizer que ele ou Logan
não estavam comigo.
Eu me encolhi, rangendo os dentes. — Eu sinto muito. Eu não
pensei nisso. Eu só não queria ficar louca em casa.
Ele suspirou, ou eu pensei que suspirou. Eu estava adivinhando o
que os sons do seu lado eram cerca de oitenta por cento do tempo. —
Você pode esperar até eu terminar aqui? Eu posso sair cedo. Eu não dou
a mínima para o que meu pai diz.
Oh. Bem, foda-se. Novamente. — Eu já estou aqui — corri para
dizer, — me desculpe. De verdade. Eu não pensei e para ser honesta, eu
só pensei que haveria umas trinta pessoas aqui. — Olhei ao redor. — Tem
que haver cerca de cem ou mais.
— Cem?
— Sim. — Segurando o telefone com mais força no meu ouvido, eu
me virei. Eu podia ver um grande palco ao lado de algumas tendas. Havia
uma tenda realmente grande à direita. Eu me perguntei se era ali que o
evento principal aconteceria. Havia um palco menor no canto, e as
pessoas andavam por aí com bebidas, comida e até balões. Se eu não
soubesse melhor, eu acharia que isso era algum tipo de festival de
música. Eu sabia melhor, no entanto. Assim como Mason.
Ele estava gemendo agora. — Você está aí sem mim, Logan ou Nate.
— Eu sei — disse baixinho. — Mas, ei, tenho Heather como uma
espécie de guarda-costas. Tenho certeza que ela vai me proteger. — Eu
descansei meu ombro contra o carro, meio virada para que eu pudesse
ver as pessoas passando. — Channing está aqui e todos os seus amigos
também. Além disso, eu realmente duvido que alguém me reconheça ou
até se lembre de quem eu sou. — Parecia ridículo. Quem diabos eu era?
Uma ninguém. As pessoas conheciam Mason e Logan. Eles não me
conheciam.
Ele xingou de novo. — Eu sei que as pessoas em Roussou não estão
todas felizes com a gente. Nós fizemos muitos danos aí e nos livramos
deles. É assim que eles veem isso.
— Sim. Bem. — Meu estômago torceu. — Você quer que eu peça a
Heather para me levar de volta?
Não houve hesitação. — Não. Eu estou indo aí, James mencionou
algo sobre uma reunião depois do trabalho que ele queria que eu fosse,
mas eu vou dispensar.
— Ok. — Um nó se formou na minha garganta. — Espera. Eu
deveria estar preocupada agora com você? Será apenas você vindo.
— Vou ver se consigo encontrar alguns amigos, mas esteja pronta
quando eu chegar. Nós não vamos ficar por muito tempo.
— Eu sei. Eu estarei pronta. — Eu deixei cair a minha voz — Esteja
seguro, ok?
— O mesmo para você.
— Te amo.
— Te amo.
Nós sempre nos despedimos dessa maneira. Desconectando a
chamada, coloquei meu telefone no bolso de trás e fui para onde Heather
e Brandon estavam esperando a alguns carros, nos arredores de uma
grande multidão.
Heather leu meu rosto e levantou uma sobrancelha. — Ele estava
chateado?
Eu assenti. — Eu não pensei.
Ela grunhiu. — Eu não te contei. Minha culpa. Eu também não
pensei. — Seus olhos se estreitaram em mim. — Você quer voltar?
Eu balancei a cabeça, deslizando as mãos nos meus bolsos. — Ele
vai vir aqui.
Eu não disse a ela que íamos sair imediatamente.
Uma parte de mim estava feliz por eu ter vindo. Eu estava
esperando mudar de ideia. Isso foi algo que eu fiz sozinha e, de um jeito
muito estranho, eu estava gostando de estar aqui apenas como
Samantha Strattan e não como a namorada de Mason ou um tipo de irmã
de Logan. Eu não fiz nada sozinha por muito tempo.
Foi bom.
Logo que chegamos aqui, um zumbido animado começou no meu
intestino. Ele ficou cada vez mais forte desde então. Eu estava aqui com
amigos e o que eu disse era verdade. Nada iria acontecer. Eu tinha certeza
disso. Channing e seus amigos não eram perturbados por aqui.
Heather jogou o braço em volta do meu ombro. — Tenho que
admitir que estou sendo egoísta agora, porque é bom ter você aqui.
Coloquei um braço em recíproca em volta do ombro dela e ri do
quão ridículo devíamos parecer. Então dois caras sem camisa, vestindo
calções brancos com pontos verdes, passaram por nós, cada um
carregando um flamingo de pelúcia. Eles tinham tinta azul em seus
rostos.
Talvez não parecêssemos tão ridículas.

****

MASON
Sam ia me dar uma maldita enxaqueca até o final do dia.
Eu amaldiçoei e mandei uma mensagem para Channing. Sam está
aí. Você pode fazer alguém vigiá-la? Desculpe, mas estou preocupado que
alguns idiotas façam algo com ela para me machucar.
Ele respondeu imediatamente: já estou nisso. Heather me alertou
que ela estava chegando. Me desculpe, cara. Se ela ainda estiver aqui
depois da minha luta, nós vamos tirar todo mundo o mais rápido possível.
Espero estar aí muito antes disso, eu respondi.
Você também fique atento. Jared Caldron era o #2 de Budd, e com
Brett fora, ele se aproximou. Nós ficamos cara a cara mais do que eu
quero admitir. Ele é a porra de uma cobra.
Eu me lembrava de Caldron. Obrigado. Eu estarei pronto para ele.
— Mason.
Eu afastei meu telefone quando vi James atravessando a sala com
outro homem. Esse cara... ele parecia vagamente familiar, mas eu não
conseguia lembrar. Ele estava vestido como meu pai: terno sob medida e
gravata colorida.
Eu balancei a cabeça. Por que as gravatas? Todos os empresários
que conheci hoje tinham sólidas gravatas, mas as cores me
incomodavam. Rosa. Rosa quente. Rosa suave. Roxa. Verde. Azul. Era
como se todos pensassem que estavam fazendo uma declaração de moda.
Ou eles eram apenas ricos? Não... Quando James se aproximou com esse
cara ao seu lado, me ocorreu — era a arrogância deles. Eles estavam
transmitindo seu lugar especial na vida: no topo, com uma secretária
chupando seus paus e uma mulher miserável e alcoólatra em casa, de
onde ela nunca iria embora.
Era assim que costumava ser para o meu pai. Não mais, mas eu vi
de novo agora.
Eu odiava essa atitude arrogante e elitista. Eu esqueci o quanto
depois de estar ausente em Cain por três anos.
— Mason — meu pai disse novamente. Ele bateu nas costas do
cara. — Este é Stephen Quinn. Não sei se você lembra, mas conhece o
filho dele.
Tudo clicou então.
Adam Quinn. O idiota que tentou tirar Sam de mim quando
começamos a namorar.
Eu fiz uma careta. — Eu sei o nome dele. Você não precisa dizer.
— Mason.
Esse foi o jeito do meu pai de me repreender. Seja bom, Mason, ou
você será expulso deste estágio. Eu tentei mascarar a carranca; eu
realmente tentei. Talvez fosse saber que Sam estava onde eu deveria
estar, ou me preocupar que algo estava errado com ela e eu não tinha
conseguido descobrir até agora, ou talvez fosse apenas o lembrete de que
eu realmente odiava o filho chorão desse cara, mas o que quer que fosse,
eu sabia que a carranca não estava saindo.
Meu pai teria que lidar com isso.
Seus olhos contornaram meu pai e vieram para mim, o cara limpou
a garganta e estendeu a mão. — Uh, sem ofensa. James. Se estou me
lembrando corretamente, meu filho teve uma queda pela namorada do
seu filho. — Ele se inclinou para mim, oferecendo sua mão. — Isso foi
antes. Adam tem uma namorada maravilhosa agora.
Como se isso devesse me apaziguar.
Eu balancei a mão de qualquer maneira, passando meus olhos
para o meu pai. Viu? Eu posso jogar bem. Às vezes.
A boca de James era uma linha de desaprovação, mas ele disse: —
Sim, bem, estou feliz por ter apresentado vocês dois. Stephen, estou
designando meu filho para o projeto do hotel. — Ele olhou para mim como
se estivesse tentando transmitir uma mensagem.
Eu fiz uma careta.
— E seu filho está trabalhando com você também, não é? — Ele
continuou avaliando minha reação.
Foda-se isso.
Stephen riu. — Ah, sim. Adam está na empresa desde o ensino
médio e eu tenho lhe dado mais e mais responsabilidades. Ele ficará
encarregado de lidar com as promoções do hotel.
— Você está abrindo um hotel em Fallen Crest?
Meu pai se virou para mim, propositadamente mantendo suas
características neutras, mas eu vi o aviso à espreita sob a superfície. Ele
estava me colocando nisso, e ele não queria que eu estragasse tudo. Eu
tinha algumas palavras escolhidas para ele, mas as segurei de volta. Elas
podiam esperar até estarmos atrás das portas fechadas.
— Sim, no campo de golfe, e vai ser ligado ao clube de campo —
explicou James. — Haverá muita promoção cruzada acontecendo. Eu
estava esperando que esse fosse seu único projeto neste verão.
O subtexto era: você vai trabalhar com Adam Quinn. Lide com isso.
Eu estreitei meus olhos, mas não havia nada que eu pudesse dizer.
Ele falou sobre um grande projeto que ele queria que eu ajudasse, mas
nunca disse nada sobre trabalhar com outras pessoas na comunidade.
Meu pai e Stephen se viraram para ir, mas não antes de meu pai
dizer: — Meu escritório em dez minutos, Mason? Nós podemos passar
pelos detalhes lá.
Eu fui esperar por ele. Eu precisava dizer a ele que eu teria que sair
do trabalho mais cedo, mas uma vez que estávamos lá dentro com a porta
fechada, ele sentou em sua mesa e começou com: — Teremos um
problema aqui?
— Eu odeio o filho desse cara.
— Eu percebi isso. — Ácido pingava de sua voz, enquanto ele
cruzava as mãos sobre a mesa. — O que eu perguntei é se vamos ter um
problema.
Eu segurei seu olhar; e senti outras merdas acontecendo. — Por
que você está me colocando neste projeto? Quais são minhas
responsabilidades? — Havia uma razão. Tinha que haver. Eu não era
conhecido por me dar bem com as pessoas, especialmente quando elas
iam atrás daquelas que eu amava. Não importa há quanto tempo isso
aconteceu. Adam mostrou suas cores, então, eu duvidava que elas
tivessem mudado.
James suspirou e recostou-se na cadeira de couro. — Adam Quinn
está namorando Becky Sullivan. Eu acredito que ela também era amiga
de Samantha.
Eu assenti. Aqueles dois juntos? Como isso funcionou?
— Estou lhe dizendo isso porque Stephen Quinn se envolveu em
uma amizade íntima e pessoal com o comissário e o prefeito de nossa
comunidade, duas pessoas que eu quero do meu lado. Que eu preciso do
meu lado.
— Então me fazer trabalhar com o filho dele é estúpido. Eu odeio
aquele pedaço de merda. Eu provavelmente vou socá-lo em algum
momento.
— Você terá que se abster, mas não é por isso que estou colocando
você no projeto. Tem havido rumores de que Stephen está fazendo algo
ilegal, e acho que os outros dois estão envolvidos também. Ele tem um
grupo restrito que está trancado para o resto de nós da comunidade.
Exceto…
— Exceto, talvez, o próprio filho — terminei.
— Você é o único no meu campo que tem laços com o filho dele.
Sim, vocês eram inimigos, mas aquele garoto vai assumir o império de
seu pai. Você não vai jogar futebol para sempre, Mason. Estou ciente de
que este é seu plano B, está aqui se quiser. E eu preciso que você faça
isso por mim.
Eu estava cauteloso, mas ele tinha razão em alguns pontos. Eu
teria que trabalhar com pessoas como eles eventualmente.
— O que você quer que eu faça? Descubra o que é essa merda
ilegal?
— Você poderia ter usado uma linguagem melhor, mas sim,
descubra qual é a merda ilegal. Você acha que pode fazer isso?
— Você estava esperando usar Sam para isso também? Porque ela
está fora. Eu não vou deixar você usá-la assim.
Ele levantou as mãos. — Eu sei. Sam está fora. Concordo. É muito
complicado, especialmente com Analise. Eu estive fora, Mason. E perder
a pista interna com algumas pessoas importantes em nossa cidade foi
uma das consequências. Eu preciso voltar lá, e informação é sempre
poder.
Ele estava certo nessa, com certeza. Foooooooda. Eu teria que ser
cordial com Adam. Eu poderia até ter que ser legal.
— Sério? Adam Quinn? Tinha que ser ele?
— Eu não escolhi os jogadores. — Meu pai me deu um sorriso leve.
— Se eu tivesse, não seria você.
Eu revirei meus olhos. — Bem, fique feliz que Logan não esteja por
perto. Isso é uma coisa a seu favor.
Ele empalideceu. — Eu nunca pensei nisso. Você está certo. Ele
teria explodido dentro de um dia. — Suas mãos se achataram sobre a
mesa. — Então, você vai fazer isso?
Eu assenti. — Qualquer maneira de pegar os Quinns, eu estou
dentro.
— Obrigado, Mason. Mesmo.
— Quando este projeto começa?
— Agora.
Eu balancei a cabeça. — Não. Tem que ser amanhã. Eu tenho que
fazer uma coisa.
— Você está indo? Você está...
Ele pegou meu olhar de aviso e decidiu por um aceno de cabeça,
apontando para a porta. — Bem. Vejo você amanhã de manhã. Há uma
reunião às sete horas no clube de campo de qualquer maneira. Vá direto
para lá. Você estará trabalhando lá na maior parte do tempo, já que é o
mais próximo do hotel.
Eu levantei para sair.
— Mason — chamou atrás de mim.
— Sim?
— É bom ter você a bordo.
Isso foi inesperado. Eu levantei a mão. — Não me agradeça ainda.
Eu não fiz nada.
— Não foi o que eu quis dizer.
Eu sabia o que ele queria dizer. Eu apenas ignorei. Eu não estava
trabalhando aqui para um melhor relacionamento pai/filho. Eu estava
aqui para cumprir uma exigência, e era isso. Mas primeiro eu tinha que
lidar com um problema diferente: a mulher que eu amava.
CAPÍTULO CINCO
SAMANTHA
A multidão dobrou desde a minha ligação para Mason. Eu assumi
que algo surgiu em seu estágio porque já faz um tempo desde que
conversamos. Mandei uma mensagem uma vez perguntando se ele ainda
estava vindo e ele respondeu que tinha que fazer um pequeno desvio. Isso
foi há duas horas, e o sol estava começando a se pôr, então uma sensação
sombria surgiu no ar, misturando-se com os cheiros de cerveja, suor e
comida gordurosa. A música de um palco próximo batia nos meus
ouvidos, mas eu gostei, me recostando na caçamba do caminhão onde
Heather e eu nos sentamos.
Channing e seus amigos estavam conversando e rindo. Um casal
sentou em cadeiras de jardim, segurando bebidas e observando as
meninas passarem. Algumas daquelas garotas pararam para conversar,
depois passaram os olhos para Heather e eu. Foi divertido assistir,
porque eu poderia dizer quais garotas estavam interessadas em
Channing. Quando viram Heather, continuaram seguindo em frente.
Estávamos na esquina do estacionamento com a tenda de combate
a poucos metros de distância e um palco do outro lado, então as pessoas
iam e vinham do estacionamento e checavam quem quer que estivesse
brigando dentro da tenda. Enquanto os grupos dos caras passavam,
alguns pararam e cumprimentaram os caras com Channing. A maioria
acenou com a cabeça, bateu no ombro ou bateu o punho. Alguns outros
pararam e puxaram Channing para cima e para baixo, zombaram e
continuaram andando.
Um cara estava fazendo exatamente isso agora. Ele tinha um grupo
de sete ou oito ao seu redor, mas ao contrário dos outros que olhavam
para os amigos de Channing — e tinham sido ignorados ou brincavam
sobre isso — esse cara recebeu uma recepção diferente. Todos baixaram
suas bebidas e Channing saiu na frente de seus amigos. Eles ficaram
atentos atrás dele, prontos e esperando para ver o que aconteceria. Uma
dupla estava tentando fazer garotas conversarem com eles, mas quando
viram o cara, as mulheres imediatamente se acalmaram, afastando-se.
Heather cutucou meu braço, inclinando-se para perto. — Aquele é
Jared Caldron. Você precisa tomar cuidado com ele.
Eu avaliei. Seu cabelo estava em um moicano loiro, e ele era um
pouco mais baixo que Channing, então ele ficaria uma ou duas polegadas
abaixo da altura de Mason também. Seu rosto era redondo, mas suado
com um bronzeado profundo. Ele tinha algumas cicatrizes em volta da
boca e nos cantos dos olhos. Eu não queria pensar de onde elas vieram.
Ele me lembrou um pouco de um ogro do qual eu tinha lido, mas com
uma atitude durona. Olhos cinzentos afiados sorriram de volta para
Channing. Ele segurava uma lata de um litro na mão e usava uma
camiseta sem mangas e já suja. Era tão folgada que, quando o vento
passou, levantou o tecido e dois mamilos perfurados apareceram. Calça
jeans rasgada completava o conjunto. A maioria de seus amigos usava
algo semelhante, e a maioria deles eram mais altos que esse cara. Alguns
eram mais musculosos, mas dois eram apenas mais pesados — com
barrigas de cerveja. Haviam algumas garotas com eles, mas eu não estava
prestando atenção nelas.
— Por que eu preciso tomar cuidado? — perguntei a Heather. —
Quem é ele?
Ela já estava perto, mas quando os olhos do cara se moveram para
nós, ela se aproximou ainda mais. Ela baixou a voz enquanto ele nos
observava. — Ele era o melhor amigo de Budd no ensino médio —
Channing falou, distraindo Heather de qualquer outra coisa que ela
estava prestes a adicionar. — Siga em frente, Caldron. — Channing se
mexeu, então ele bloqueou a visão do cara de Heather e eu. — A menos
que você queira começar a luta mais cedo.
— Calma, Monroe. — O cara tinha uma voz leve, o que me
surpreendeu, mas ele definitivamente era convencido e o líder de seu
grupo. — Essa é a mulher de Kade, não é?
Eu engoli em seco. Foi sobre isso que Mason me alertou.
— Ela está conosco e não é da sua conta.
Caldron bufou. — Sim. Certo. Mas é bom saber.
— Siga em frente. Agora.
O comando saiu suavemente. Eu não deveria ter podido ouvi-lo, já
que Channing estava a poucos metros à nossa frente, de costas, mas de
alguma forma, o grupo inteiro ouviu. Os amigos de Channing pareciam
ficar ainda mais atentos, como se fosse um sinal de alerta e a próxima
palavra falada pudesse ser o comando deles para atacar.
Eu me encontrei segurando minha respiração. Talvez eu devesse
ter ido embora em vez de esperar que Mason viesse aqui.
— Sim, sim. — Ele avançou um par de passos, e seus olhos nos
encontraram novamente, então ele falou com Channing. — Mas isso não
é mais o ensino médio. Não há Brett para nos manter na linha, lembra?
Você se lembra disso também.
Pela segunda vez, Channing nos protegeu da visão do cara. Seus
braços estavam soltos ao lado do corpo, mas ele segurou a cerveja com
mais força, começando a amassar a lata em uma bola. Então parou como
se estivesse esperando que algo mais acontecesse.
O tempo pareceu ficar parado, mas demorou apenas alguns
segundos até que Caldron grunhiu uma vez e depois se afastou, ainda
olhando por cima do ombro para nós. Seus amigos seguiram, assim como
as meninas que estavam com eles, rindo e quase tropeçando em seus
calcanhares.
Heather sacudiu a cabeça. — Beth Clovers. Ela é uma idiota. Quem
usa saltos de prostituta para andar na grama, suja e lamacenta?
Eu não respondi. Eu ainda estava olhando para Caldron e seus
amigos. Eu os acompanhei até que eles foram engolidos por outro grupo.
Eu olhei para Channing. Ele olha para mim e eu meio que espero algum
comentário sobre como eu não deveria estar lá. Nada veio. Seus olhos
foram para os de Heather antes que um de seus amigos dissesse alguma
coisa. Um sorriso calmo apareceu em seu rosto e ele se virou, socando o
amigo no braço. Então tudo foi esquecido.
O momento tenso se foi.
— Você precisa ficar grudada em mim esta noite — Heather
instruiu.
Eu assenti. Depois de ver isso, não havia como arriscar sequer uma
ida ao banheiro sozinha. — Entendi.
— Quando o seu cara chega?
Essa pergunta veio de um dos amigos de Channing. Eu não
lembrava o nome dele, mas ele era careca com duas grandes tatuagens
de chamas que circulavam sua cabeça. Eu olhei para as costas dele
antes, quando estávamos nos movendo no meio da multidão. O grupo
inteiro parecia estar esperando pela minha resposta.
— Eu não tenho certeza, na verdade. Ele mencionou uma reunião
depois do trabalho, mas ia se livrar dela.
— Bem, nos avise, sim? Nós vamos encontrá-lo.
— A notícia saiu agora — acrescentou Channing. — As pessoas
sabem que você está aqui, então eles vão estar esperando por ele também.
Logan e Nate foram embora, certo?
Eu assenti. A frase "hora ruim" não chegava perto de descrever
isso. Hora foda era mais precisa. — Ele disse que tentaria encontrar
outros para vir com ele, mas… — Esse era Mason. Mais do que provável,
que ele viesse sozinho porque queria estar ao meu lado.
Channing parecia estar no mesmo pensamento. — Envie uma
mensagem para ele. Diga que você quer saber quando ele vai chegar.
Eu balancei a cabeça e peguei meu telefone, mas então ouvi a voz
de Mason ao meu lado, subindo pela lateral do caminhão. — Estou aqui.
E ele não estava sozinho.
Minha boca caiu. — Matteo?!
O companheiro de equipe de futebol de Mason sorriu de volta,
passando a mão pela cabeça raspada. Ele estava vestido quase como
Caldron, com uma camisa branca sem mangas por cima do jeans, mas
era aí que as semelhanças terminavam — sem anéis de mamilo e em vez
de parecer que ele estava enlameado o dia todo, Matteo estava mais limpo
e aparado do que da última vez em que o vi.
Ele grunhiu, batendo a mão nas costas de Mason. — Esse cara me
chamou com um timing perfeito. Eu estava prestes a embarcar no avião
para casa, mas ele me convenceu a ficar na famigerada Fallen Crest por
algumas semanas. — Seus olhos escuros se demoraram em Heather, e
ele estendeu a mão. — Não sei se já nos conhecemos. Eu salvo a vida
deste cara no campo.
Mason riu. — Salvaria se não fosse tão lento. Você está na linha de
frente.
— Tanto faz. — Matteo revirou os ombros, parecendo perplexo.
Duas covinhas apareceram de volta para Heather. — De verdade, minha
alma deve estar trabalhando nos dois sentidos. Olá amiga de Sam, que
também deve ser minha amiga. — Ele deu um passo à frente, com a mão
ainda estendida.
Eu olhei para Channing, mas ele não parecia se importar. Estava
rindo com o resto de seus amigos. A recepção foi muito menos tensa do
que foi com Caldron. Eles sabiam que Matteo não era uma ameaça de
qualquer forma, e um segundo depois, Heather confirmou.
Ela olhou para a mão, depois se virou para olhar a multidão. — Eu
acho que você pode querer apontar essa mão para o meu namorado, a
luta dele é a principal atração desta noite.
— Oh. — Matteo retirou a mão, olhou em volta e acenou para
Channing. — Olá, amigo de Mason, que eu espero que seja um amigo
meu também. — Ele apontou um polegar na direção de Heather. — Sem
desrespeito. Eu sou uma alma amiga aqui para dar suporte ao meu
homem, só que fora do campo desta vez.
Channing sorriu, movendo-se ao redor de uma cadeira de jardim.
— Não tem problema. — Ele acenou para Mason. — Apenas um?
Mason levantou um ombro, seus olhos se demorando em mim. —
Foi de última hora.
— E quem é melhor do que eu? Huh? — Matteo acrescentou.
Os outros voltaram ao que estavam fazendo antes: flertar, olhar as
garotas ou conversar. Channing baixou a voz. Eu não consegui entender
o que ele disse para Mason e Matteo, mas ambos me olharam com
expressões sérias. Eu senti uma vibração nervosa no meu estômago.
— Ele está contando sobre Jared — disse Heather.
Jared? Ah, sim. Jared Caldron.
— Ele é má notícia? — Eu não precisava perguntar. Eu já sabia.
Senti isso no meu instinto.
— Oh, sim. Budd tentou estuprar Kate, lembra? Quem você acha
que deu a ideia a ele?
A sensação de vibração cresceu e o gelo fluiu em minhas veias. —
Bom saber.
— Não se preocupe, no entanto. — Heather clareou seu tom. —
Você está segura. Os caras estão apenas sendo cautelosos. Caldron
estava em cima de Channing desde a volta à escola. Channing começou
o sistema de tripulação para ajudar a empurrar Budd e Brett para fora
do poder que eles achavam que tinham.
— Sistema de tripulação?
— Sim, é como uma versão suave de gangues. Ele teve que fazer.
Uma vez que ele formou sua equipe, outros se juntaram e se aliaram.
Budd perdeu muito poder no final do seu último ano. Não era tudo sobre
proteger Mason e você, mas algumas delas eram. Budd não poderia
descontar em Channing. Se ele fizesse isso, arriscaria a ira de todas
aquelas tripulações. Acho que foi outra razão pela qual ele se concentrou
em ferir quem quer que seja a namorada de Mason.
A vibração agora cresceu em uma rocha de tamanho normal,
sentada bem ali no fundo do meu estomago.
Eu soltei uma risada trêmula. — Eu esqueci como foi aquele ano
na escola.
Tem sido assustador na Fallen Crest Public, mas eu sabia que era
muito pior em Roussou. A cidade deles não tinha as fábricas e empresas
que a Fallen Crest tinha, o que dava mais dinheiro.
— Kate e aquelas vadias. — Heather estava bem ali comigo. — Elas
ainda estão por perto, sabia?
— O quê?
— Kate. Ela está trabalhando no salão em Roussou. Ela ficou
alienada de seus amigos depois daquele ano, então ela se mudou
oficialmente para cá. Transferida para a escola de Roussou vinda de
Fallen Crest e tudo mais. Acho que ela está na quadra de trailers com o
namorado agora.
Eu revirei meus olhos. — Adorável.
— Eu odeio dizer lixo branco porque alguns podem me considerar
lixo branco, mas essa garota realmente é. Se ela não está fazendo cabelo,
ela está no bar do Channing ou bebendo em seu trailer. — Heather
pensou por um segundo. — Ou na frente do trailer. Essa quadra não é
nada mal. Eu tenho uma amiga que mora lá e ela odeia quando Kate faz
isso. Faz todo o lugar parecer ruim, sabe?
— Channing tem um bar?
— É do pai dele, mas ele assumiu este ano.
— Porque já era hora? — Eu não estava realmente pensando sobre
a conversa, apenas levando até ouvi-la responder.
— Não, porque o pai dele está na prisão.
Isso chamou minha atenção. — O quê?
— Você não sabia?
Eu balancei a cabeça. — Você nunca disse.
— Oh. — Sua cabeça abaixou um pouco. — Às vezes eu não digo
coisas porque eu não quero que você olhe para mim diferente.
— O quê? — Isso veio do campo esquerdo. — Por que eu faria isso?
Ela olhou para Mason e depois para Matteo, e eu vi o que ela queria
dizer. Channing e seus amigos estavam bem, vestindo jeans e camisetas,
e Mason e Matteo não estavam vestidos de maneira diferente. Ambos
usavam camisetas da Cain University, a de Matteo sem mangas, e ambos
usavam jeans. Mas era a aparência deles. Eu não entendia, mas era óbvio
que Mason tinha dinheiro. E Matteo se destacava, como se ele fosse de
uma liga acima deles ou algo assim.
Eu odiava pensar assim, mas era assim que Heather os via.
Era assim que Heather me viu.
— Eu não sou rica.
Ela meio bufou, meio gargalhou. — Você literalmente tem uma
escolha entre a mansão para viver no verão: a do seu pai, do pai dele ou
até mesmo do seu pai biológico. — Ela ergueu as mãos. — Nada contra o
dinheiro. Eu não procuro, mas estamos indo bem com Manny's. — Ela
se mexeu, suas mãos curvando-se ao redor da borda do caminhão
enquanto ela se inclinava para frente. — Mas não estamos ao alcance de
vocês. Então sim, eu acho que às vezes eu não digo coisas por causa
disso.
Minha língua nunca se sentiu mais pesada do que naquele
momento. — Minha mãe usou um fio para fazer seu próprio aborto. Ela
ameaçou denunciar Mason por fazer sexo comigo, então ele seria
classificado como criminoso sexual quando estávamos no colegial. Não
há nada que me faça melhor do que você. Confie em mim.
— Eu sei. Eu sei. E eu sei que você não pensa assim, mas ... — Ela
fez uma pausa, suspirando pesadamente. — Às vezes é intimidante.
— O que é?
Eu estava ficando chateada. Eu nunca esperei nada disso dela.
— Observar até onde você vai com Mason e Logan e saber que eu
vou estar no mesmo lugar pode ser ... humilhante às vezes.
Humilhante? Eu estava honestamente chocada. — Do que você
está falando?
— Nada. — Ela gesticulou para os caras começando a se reunir.
Channing parou para se juntar a eles enquanto Mason se encaminhava
para nós. — A primeira luta deve estar começando.
— Heather. — Eu toquei seu braço.
Ela pulou da cama do caminhão quando Mason chegou. — Nada.
Esqueça o que eu disse. — Ela deu um sorriso a Mason. — Eu vou te dar
um pouco de espaço.
Matteo ficou atrás de Mason e ela segurou-o no ombro. — Vamos
lá, rapaz adorável. Vou apresentar algumas garotas amigáveis que você
pode conhecer.
— Eu sabia que havia uma razão pela qual eu fiquei atraído por
você. — Ele a olhou de cima a baixo novamente, mas o brilho lascivo
sumiu. — Você é uma garota, não é? Você consegue caras aqui. — Ele
gesticulou para o peito.
Heather inclinou a cabeça para trás, o cabelo loiro sujo ondulando,
e ela piscou para ele. — Mais como lá em baixo. — Seus olhos caíram
para sua virilha. — Eu cresci com meu pai e dois irmãos. Eu entendo os
caras.
Matteo gemeu, suas mãos chegando ao seu peito. — Estou sentindo
dor aqui. Por que você tem que ser comprometida, e por alguém que
parece legal como merda?
Ela riu. — Vamos. Você gosta do nome Tiffany? — Sua voz sumiu
quando ela o puxou para frente do grupo.
Eu sabia que ela fez isso para dar privacidade a Mason e a mim, e
a sensação de humildade que ela mencionou agora pousou no meu peito.
Me senti aterrada ao aço do caminhão abaixo de mim. Eu reiterei um
pouco do que ela disse para Mason.
— Ela é uma boa amiga para você. Fiel.
— Eu não me sinto boa o suficiente para ela. Não mais.
— E é por isso que você é uma boa amiga. — Ele deixou cair um
beijo na minha testa, sua mão se curvando e descansando nas minhas
costas. — Vamos. Podemos conversar mais tarde. Apenas fique perto de
mim.
Eu inclinei a cabeça para trás para olhar para ele. — Nós vamos
ficar? Eu pensei que você queria ir imediatamente.
Ele deu de ombros, olhando para onde Channing estava de pé. —
Eu meio que quero vê-lo lutar.
Não havia um "meio que". Ele queria. Eu podia ouvir em sua voz e
sabia que parte de Mason sentia falta daqueles dias. Parecia mais simples
naquela época. Eles poderiam lutar e não se importar com as
consequências. As coisas eram diferentes agora. Futuros tinham que ser
considerados. As decisões tomadas agora podiam prejudicar a carreira
de alguém.
Eu enfiei minha mão na dele e apertei. — Eu sinto muito.
— Por quê?
— Por vir aqui e não pensar no que eu estaria me metendo.
Ele deu de ombros novamente. — Está bem. Eu tenho Matteo aqui
e nós vamos lidar com o que acontecer.
Eu vi como ele estava observando Channing. Ele queria apoiar seu
amigo e eu olhei para a minha amiga. Eu não me sentia como uma boa
amiga para ela.
— Vamos lá. — Ele me tirou do caminhão e sua mão descansou
nas minhas costas.
Ele começou a ir para a tenda de combate, mas eu o parei. —
Heather não fala muito sobre Channing ou sobre Roussou comigo. Se há
alguma parte sua culpando-a por me trazer aqui, não foi isso. É minha
culpa. Eu deveria saber, e uma parte de mim não deveria, porque eu não
falo com ela sobre essa parte de sua vida. Eu não tenho sido uma boa
amiga.
Os olhos de Mason seguraram os meus, provocando um sentimento
diferente por dentro. Os nervos ainda estavam lá, mas se misturavam a
outro tipo de tensão. Nós voltamos para casa, e agora que estávamos
aqui, precisávamos encarar a música. Não fazia sentido para mim, mas
o que eu disse era verdade. Eu não poderia ser amiga de Heather se eu
tivesse apenas metade dela. Isso não era ser uma verdadeira amiga como
eu pensava que era.
Minha boca estava seca e eu não disse nenhuma dessas palavras
para Mason, mas ele estava me observando. E como se ele tivesse lido
minha mente, como tinha certeza que podia, seus olhos suavizaram.
Ele colocou uma mecha solta de cabelo atrás da minha orelha. —
Eu sei, mas não posso mentir. Eu não gosto de dever a outra pessoa por
me dar apoio. Não é nada contra o Channing. Eu gosto dele. Eu o
respeito, mas ele não é da família. Logan e Nate são, e nenhum deles está
aqui. — Seus dedos se entrelaçaram com os meus. Ele começou a
avançar, me levando. — E tenho que ter muito cuidado com o que faço.
Qualquer vídeo vazado pode ser o fim da minha carreira.
Essa foi a sensação que tive — o outro tipo de nervosismo. Meu
estômago caiu aos meus pés, com a pedra e tudo.
Olhando em volta, reparei quantas pessoas estavam prestando
atenção em nós. Eu me senti assim quando Mason estava no ensino
médio, e isso só piorou na faculdade, mas de pé aqui agora, entre essa
multidão mais áspera, era diferente. As pessoas queriam conhecer Mason
para que pudessem usá-lo em Cain. Não era assim aqui. Essas pessoas
queriam machucá-lo.
E eu era uma maneira de isso acontecer.
Eu fui tão estupida.
CAPÍTULO SEIS
O calor estava quase sufocando quando entramos, e Heather
acenou para nós do canto deles. Eles se posicionaram perto de uma
abertura na tenda, então uma pequena brisa entrava, dando-nos um
pouco de descanso. Channing não estava mais lá, mas seus amigos
vieram até nós. Ou vieram até Mason e eu, principalmente. Todos eles,
Mason incluso, ficavam olhavam ao redor, e eu tive que me chutar
novamente.
Eu esqueci o quanto ele era odiado.
Como se lesse minha mente, Mason apertou minha mão
tranquilizadoramente. Eu deslizei meus dedos entre os dele, e apesar do
calor, ele me puxou na frente dele. Ficamos assim, de mãos dadas,
minhas costas descansando contra o peito dele. Eu peguei Heather nos
dando um sorriso quando um grito alto se levantou.
Um cara vestindo um robe branco pulou no ringue de boxe
improvisado. Enquanto a multidão continuava a aplaudir, ele ergueu dois
punhos no ar e eles realmente se soltaram. Ele começou a saltar ao redor,
fazendo um pequeno passo com os pés até que um cara gritou do lado de
fora e jogou um microfone para ele. O cara do robe parou e pegou, e, de
repente, a barraca ficou quieta. Ele puxou o capuz para cima, parando
no meio do ringue e segurou o microfone. Nós podíamos ouvi-lo
respirando.
— Vocês estão prontos? — ele sussurrou primeiro.
Houve silêncio. Um cara gritou uma batida depois: — Yeah!
— Vocês estão prontos? — perguntou, uma fração mais alta, não
exatamente um sussurro.
— Sim! — o mesmo cara gritou de volta, acompanhado por outros.
Punhos começaram a tremer no ar e mais pessoas gritaram: —
Vamos! Vamos começar.
— Eu disse… — Ele empurrou o capuz para trás e levantou o rosto.
— Vocês estão PRONTOS?!
— Porra, sim, filho da puta!
Eu sacudi, batendo em Matteo, que estava ao nosso lado.
O cara atrás de nós tinha rugido isso, e quando percebeu minha
reação, ele me deu um sorriso. — Desculpa. Eu fico animado.
Eu assenti. — Eu notei.
O locutor gritou alguma coisa no microfone, mas eu não consegui
ouvi-lo. A multidão o afogou, mas eu entendi que ele anunciou a primeira
luta.
Depois de um nocaute rápido, ele introduziu a segunda e terceira
luta da mesma maneira. Eu tive que sair para ver se o zumbido nos meus
ouvidos desaparecia quando o volume diminuía ou se era permanente.
Eu ainda não tinha certeza, dez minutos depois, quando Heather
fez sinal para eu voltar. A última luta estava começando, a luta de
Channing.
A multidão estava insana. Quanto mais sangrenta a luta, melhor.
O locutor recuou para o ringue. Ele ergueu as mãos e a multidão se
aquietou. Mason segurou minha coxa e eu pisei de volta nele. Apenas
sentindo-o me firmar.
Heather olhou por cima do ombro. Eu segui seu olhar e lá estava
Channing. Ele não usava camisa, e seu short preto pendia baixo em seus
quadris. Channing era um cara de boa aparência e eu podia ver o que os
outros estavam vendo. Ele era musculoso e construído. Mas enquanto ele
estava lá, balançando os braços para trás e para frente e pulando de leve
para cima e para baixo, não era ele que eu estava vendo.
Eu vi Mason.
Ele era o único que se preparava para lutar.
Ele era o único que todos estavam assistindo.
Ele era o único com que todos queriam lutar.
Eu podia sentir uma pressão subjacente daqueles que nos
rodeavam. As pessoas continuavam olhando para Mason, e eu sabia que
Caldron estava olhando do outro lado do ringue. As pessoas realmente
queriam ver Mason lutar. Outra onda de auto aversão veio sobre mim.
Eu não deveria ter vindo aqui. Qual o meu problema?
Um novo rugido surgiu da multidão, e eu me virei para ver
Channing indo para o ringue. Seu adversário subiu do outro lado. Depois
de outra rodada de anúncios, a luta começou. Eu ainda não conseguia
me livrar da sensação de Mason estar envolvido.
Quando Channing se abaixou, vi Mason se abaixando. Ele acertou
o outro cara com um rebaixo, e eu quase pude sentir a mão de Mason se
contraindo. Channing dançou de volta, evitando socos e devolvendo com
os seus. Isso continuou até que, eventualmente, o outro cara se
desgastou. Então Channing foi para a sua vitória. Ele terminou a luta em
uma rodada, entregando um soco antes da campainha tocar.
O cara caiu e ele não se mexeu.
Channing foi o vencedor.
A multidão enlouqueceu e eu vi luxúria nos olhos de Heather. Seus
lábios se separaram e ela deu para ele um sorriso lento e sedutor. Ele
estava olhando para ela também, seus próprios olhos já escurecidos. Se
eu não tinha certeza antes, eu tinha agora. Heather estava apaixonada,
e ela nunca ia sair do lado dele.
Eu me inclinei contra Mason. Sua mão segurou minha cintura, me
ancorando a ele. Todos os meus amigos estavam se acomodando,
encontrando aqueles que amavam. Logan tinha Taylor. Heather
finalmente acabou com o Channing, e eu encontrei minha alma gêmea
há muito tempo. Todos nós lidamos com obstáculos, e agora era hora de
nos prepararmos para o futuro.
Saímos da tenda e esperamos que Heather parabenizasse
Channing por sua vitória. Eu enfiei a mão dentro do bolso da frente de
Mason e ele olhou para mim com um sorriso suave no rosto, sabendo o
que eu estava sentindo.
Eu estava pronta para ir para casa. Estava pronta para senti-lo
dentro de mim.
Nós esperamos, entretanto. Os amigos de Channing queriam
comemorar mais e Channing cumprimentou outras pessoas que ainda
estavam chegando para oferecer seus parabéns. Matteo tinha uma garota
em seus braços. Eu não tinha ideia de onde ela veio, mas suas mãos
estavam em volta da cintura dele, e ele jogou o braço em volta dos ombros
dela, segurando-a firmemente ao seu lado. Heather estava ao lado de
Channing. Ela não estava grudada nele como cola, mas depois de ver
alguns olhares de lobo compartilhados entre os dois, eu sabia que
poderíamos ir. Heather não estaria pronta para sair tão cedo.
Eu apertei a mão de Mason.
Ele olhou para baixo. — Esta pronta?
Eu balancei a cabeça e empurrei minha cabeça em direção a
Matteo. — E ele?
— Uh… — Mason encolheu os ombros. — Eu vou trocar uma
palavra com ele, mas tenho certeza que ele quer ficar.
Isso estava bem pra mim. Fui até Heather e avisei que estávamos
indo.
— Vocês estão bem de voltar sozinhos? — Channing perguntou. —
Nós podemos acompanhar vocês.
Mason veio atrás de mim. Eu podia sentir seu calor e uma de suas
mãos encontrou meu quadril de novo, enterrando-se debaixo da minha
camisa. — Podemos ligar se tivermos problemas.
— Apenas se atente a Caldron. Agora que você está aqui, ele pode
sentir o gosto do sangue na água.
— Eu tenho prestado atenção. Ele e seus amigos foram para um
dos palcos há alguns minutos atrás.
Channing assentiu, descansando contra Heather com os braços
cruzados sobre o peito. — Eles estão bebendo a noite toda. Fiz alguns dos
caras ficarem de olho neles também, mas eles estão apenas começando.
Apenas fique de olho. Se um deles perceber que você está saindo, ele fará
uma tentativa. Você está aqui sem Logan e Nate. É a melhor chance que
eles terão, e eles sabem disso.
— Nós estaremos observando. — Mason acenou para ele
novamente, começando a me afastar. — Obrigado por cuidar de Sam
antes, e parabéns pela vitória.
Channing sorriu. — Eu gostaria de ver você no ringue. Algo me diz
que você daria conta.
Mason espelhou seu sorriso, mas não disse nada.
Eu acenei para Heather e ela acenou de volta, mas ela já estava
derretendo no lado de Channing. Ele levantou o braço para envolver seus
ombros quando nos afastamos do grupo.
A área fora da tenda ainda estava cheia de pessoas andando, mas
desde a última luta, a multidão principal tinha migrado para as outras
tendas que tinham bandas tocando nelas.
Nós podíamos ouvir a música enquanto estávamos com o grupo,
mas quando descíamos a fila de carros, começou a desvanecer-se. Estava
quieto em comparação com a multidão que acabamos de deixar, e uma
sensação quase estranha tomou conta de mim.
— Você está bem?
Suspirei, segurando firme na mão de Mason. — Por que você não
está mais bravo comigo?
Ele parou, virando-se para me olhar. — O que você quer dizer?
— Isso. — Eu indiquei onde estávamos. — Este lugar é perigoso
para você.
Ele levantou um ombro. — É o que é. Nós poderíamos ter saído
antes. Eu também queria ficar e você queria passar um tempo com sua
amiga. Não há nada de errado com isso. Além disso, os inimigos que
tenho aqui são parcialmente culpa minha — acrescentou. — Nós não
tivemos que lutar muito com Broudou naquela época. Nós fizemos
algumas coisas estúpidas. Carros em chamas? Merda. Logan queria
incendiar até o celeiro dele. — Ele fez uma pausa, franzindo a testa. —
Acho que ele incendiou mesmo.
Eu não falei nada. Um celeiro não era nada comparado com a casa
da fraternidade.
— Não se martirize. É uma pilha de merda, e você pode ter ajudado
a trazer essa pilha de merda para a minha porta, mas não é a sua merda.
É minha. Você não pode olhar de outra maneira.
— Uma pilha de merda? — provoquei, batendo meu quadril no dele.
— Você está soando como Logan.
Um leve sorriso levantou seu lábio superior. — Não diga a ele. Eu
nunca vou ouvir o final disso. Ele vai começar a proclamar que eu
secretamente quero ser ele. — Ele fez uma careta, mas eu peguei o olhar
que passou em seus olhos.
Ele sentia falta do irmão.
Murmurei: — Sinto falta dele também.
Ele olhou para baixo e nós compartilhamos um olhar com música
e luar como pano de fundo.
Então eu ouvi: — Você saiu sem se despedir? Tsc, tsc, Kade.
Jared Caldron estava atrás de nós, com um bastão na mão.
CAPÍTULO SETE
Mais três caras se filtraram pelos carros para ficar atrás de Caldron
e eu me virei para ver outros três em pé atrás de nós. Nós estávamos
encurralados a menos que corrêssemos pelos carros, mas quando a mão
de Mason pegou meu braço, eu não pude avaliar o que ele queria fazer.
Ele me moveu para trás e ficou de lado, com os carros atrás de nós.
— Qualquer coisa que tínhamos, terminou, Caldron. Foi para a
prisão com Broudou.
Jared veio para frente, seus olhos duros brilhando com raiva
fervente. — Certo. Porque você não teve nada a ver com isso, e sua
namorada também não.
— Ela não teve.
— Besteira. — As narinas do cara queimaram, e ele começou a
andar em nossa direção, balançando o bastão lentamente em sua mão.
Ele parou a alguns metros de distância, abaixando a cabeça. — Kate
delatou. Eu sei que você armou para que Budd pensasse que ela era sua
namorada, e não esta aqui — ele apontou o bastão para mim — o
funcionário ligou para os policiais enquanto ela explodia sua
caminhonete. Você é a razão pela qual ele foi para a prisão.
Eu poderia ter me acostumado com o quão seguro Cain era, e eu
poderia ter ficado chocada com a lembrança de quão inseguro era
Roussou, mas meus nervos e medo rapidamente se dissiparam. Eu
estava me ajustando na hora e quase rosnei. Minhas unhas afundaram
na palma da minha mão quando minha mão formou um punho no aperto
de Mason.
— Budd foi para a prisão porque ele ia estuprá-la — disse Mason
calmamente.
— Besteira.
Eu fui em frente. — Eu estava lá!
Mason me pegou, me mantendo no lugar com um braço de cimento
em volta da minha cintura.
Caldron riu. — Você tem coragem, mais do que eu me lembro do
ensino médio.
— Não fale com ela. — Mason enviou-lhe um olhar, acrescentando
em voz baixa: — Sam, pare.
— Não fale com ela?
Eu parei, ouvindo o tom zombeteiro de Caldron.
— Quem diabos você pensa que é? Eu não posso falar com sua
mulher? — Ele rosnou. — Garoto, eu farei o que eu quiser com a sua
mulher.
Mais dois passos. Ele estava ao alcance do braço agora.
Mason me colocou atrás dele novamente. Sua mão agarrou a minha
e percebi que ele estava guiando-a em algum lugar. Baixa. Baixa. Para o
meu bolso. Ele apertou minha mão em volta do meu telefone. Eu fui tão
idiota. Amaldiçoando baixinho, eu me virei e curvei meus ombros,
tentando esconder o telefone enquanto enviava uma mensagem para
Brandon e Heather. Eu esperava que um deles não estivesse muito
bêbado para notar o telefone tocar. Enviei outra mensagem para Matteo.
Eu não tinha o número de Channing, ou eu também enviaria uma.
Depois disso, eu fiz uma oração rápida e tirei a mão. Eu estava
hiperconsciente do telefone e, quando eles não retornaram, um
sentimento de desamparo me atingiu com força.
Eu pisquei de volta as lágrimas.
Mason estava em desvantagem. Ele não teve que lutar por muito
tempo. Isso não era bom.
— Veja. — Caldron jogou os braços para fora, balançando o bastão
enquanto apontava para seus amigos. — Essa conversa que temos é
apenas uma tática de demora. Eu precisava de tempo para garantir que
o resto dos meus amigos ficassem em posição.
O resto dos... Olhei em volta novamente. Os seis amigos agora
tinham outros quatro adicionados ao seu número. Então eram onze
contra Mason. Não. Onze a dois. Eu também iria lutar.
— Agora está tudo pronto. — Ele nos deu um sorriso. — Vamos
dançar. — Ele não terminou sua última palavra antes de balançar o
bastão, mas Mason se abaixou. O bastão passou a cabeça e ele virou,
pegando o braço de Caldron com as duas mãos. Ele se mexeu, puxando
Caldron para se deitar de costas. Seus dedos estavam apenas pastando
no chão. Os olhos de Caldron se arregalaram. O pânico explodiu por um
segundo, mas então uma fúria assassina veio à tona e ele começou a
lutar.
Mason ajustou seu domínio, enfiando o cotovelo no rosto de
Caldron antes de puxar o pulso para o lado.
Três coisas aconteceram então:
O bastão caiu no chão.
Eu ouvi um som de algo estalando quando Mason quebrou o pulso
de Caldron.
E os dez amigos correram para dentro.
O que se seguiu foi um borrão. Eu estava apavorada, desesperada,
irracional e assustada. Mas eu segui em frente, minhas mãos já em
punhos. Eu ia ajudar, e não me importava com o que eu tinha que fazer
para mantê-lo seguro. Minha visão estava nublada. Eu só podia ver
Mason e sentir o ataque iminente quando ele se ajoelhou e pegou o
bastão.
Ele jogou para mim.
Eu peguei, surpresa.
Ele grunhiu antes de virar e bater Caldron com um último bom
soco. — Mire nos joelhos. — E então, quando o corpo de Caldron atingiu
o chão, inconsciente, Mason começou a trocar socos com os outros.
Pisquei uma vez, provei o sal das minhas lágrimas e senti a mão de
alguém no meu ombro. Eu parei de pensar e caí no chão em uma postura
ajoelhada, varrendo com o bastão. Eu balancei com toda a minha força e
ouvi um som de trituração quando fez contato. Alguém gritou e caiu ao
meu lado. Essa foi a minha primeira vitória. Eu gostei por uma fração de
segundo antes de ser arrancada no ar.
Não houve estratégia depois disso.
Eu lutei. Eu lutei muito. Eu balancei com tudo que eu tinha. Eu
chutei. Eu mordi. Eu arranhei. Eu fiz meu corpo ficar mole em mais de
uma ocasião para sair do lugar de alguém. Eles não me socaram, mas eu
fui esbofeteada e derrubada no chão. Vi estrelas, mas me levantei,
apontando para a virilha e recebendo um som de rosnado como
recompensa. Eu não sabia se era um grito ou um suspiro, ou até mesmo
um choro. Eu só podia ouvir o barulho do meu coração. Isso afogou tudo
e eu estava de novo em pé novamente. Eu não tinha tempo para parar e
pensar.
Eu tinha que lutar.
Eu tinha que machucar.
Eu tinha que proteger.
Sentindo alguém atrás de mim, eu salto com o bastão, um grito
saindo da minha garganta. Alguém pegou o bastão e passou um braço
em volta da minha cintura. Eu tentei chutar para fora. Ele desviou meus
pés e disse apressadamente em meu ouvido: — Droga, Strattan. Sou eu,
Channing. Pare!
Channing
Ele era amigável.
Pare.
Eu caí em seus braços, procurando por Mason. Onde ele estava?
Ele estava circulando um cara, ainda lutando.
Eu comecei a avançar, mas Channing pegou meu braço. — Uau.
Se acalme.
Eu rosnei quando puxei minha mão e comecei a avançar
novamente, mas Channing agarrou meu braço mais uma vez.
Ele ficou na minha frente, segurando a outra mão para cima. —
Whoa, whoa, whoa. Veja. Ele está bem. Estava aqui. Ele cuidou disso.
Veja. Olhe, Sam.
Meus sentidos começaram a se acalmar. O preto ao redor da minha
visão desapareceu. Eu podia ver mais normalmente, e o zumbido em
meus ouvidos diminuiu. Engoli em seco, saboreando o sal e a poeira na
minha boca.
Channing estava certo. Os olhos de Mason eram mortais, mas
alertas, a boca em uma linha reta. Seus ombros estavam tensos, mas ele
parecia no controle. Seu adversário era um cara mais pesado. Ele
provavelmente superava Mason por cinquenta quilos, mas quando ele
deu um soco, Mason evitou facilmente e bateu de volta com um dos seus
próprios. O cara vacilou, caindo de joelhos. Mason recuou, com a mão
descendo com força e, um momento depois, o sujeito desabou no chão.
Mason o nocauteou.
— Merda.
Eu olhei para Channing, que tinha falado ao meu lado. Ouvi o
espanto antes dele irromper em um sorriso, indo em direção a Mason.
— Porra, Kade. Se o futebol não acontecer pra você, e se você não
for se tornar um empresário milionário como o seu pai, você sempre pode
lutar como reforço. — Ele riu de novo, balançando a cabeça.— Você e sua
garota pegaram dez membros da equipe de Caldron. — Ele se virou. —
Heather, você deveria ter aulas com Sam aqui.
Eu olhei e, sem dúvida, Heather estava bem ao meu lado, suas
mãos segurando meus cotovelos. Ela me deu um sorriso trêmulo. Eu vi o
medo em seus olhos e, então, outro momento de realidade me atingiu
como uma bofetada no rosto. A adrenalina foi um bom cobertor em torno
de mim, mas agora se foi, e eu ofeguei, sentindo dores em todo o meu
corpo.
Eu dobrei. — Porra.
— Sam!
Mason estava lá, suas mãos gentis em mim enquanto me ajudava
a me levantar. — Você está bem? — Ele me inspecionou toda, escovando
meu cabelo, sentindo meus braços, pernas e estômago. Quando ele
estava certo de que nada importante estava errado, ele me puxou para
seu peito.
— Você está bem? — Ele enterrou a cabeça no meu cabelo, na curva
do meu pescoço.
Seu abraço foi gentil, mas eu o esmaguei em mim. Ele não era o
único que precisava de tranquilidade.
Santa merda. Porra.
Onze contra dois.
Eu o senti salpicando beijos suaves no meu pescoço. — Quem sabia
que você era tão foda com um bastão, hein?
Um leve riso me escapou, causando uma nova explosão de dor no
meu peito. Mas foi bom. Muito bom. Eu me inclinei para trás para poder
vê-lo. — Você está bem?
Seus olhos vagaram por mim, seu amor e preocupação evidentes
ali. — Estou bem. Preocupado com você.
— Eu estou bem.
Essas duas palavras não pareciam certas, mas eu não era capaz
de falar mais naquele momento.

****

— Eu não acho que o Caldron irá procurá-lo para uma revanche.


Todos nós nos reunimos na casa de Heather, que agora estava
lotada com a equipe de Channing. Alguns dos caras tinham migrado para
a varanda da frente, onde suas namoradas estavam agora penduradas
em cima deles. Channing encostou-se em um dos balcões da cozinha, os
braços cruzados sobre o peito enquanto falava com Mason.
Ele se virou para ver quando Heather molhou uma toalha antes de
trazê-la para mim, onde eu estava sentada no colo de Mason na mesa.
Desde a luta, mal nos separamos. Eu precisava continuar me lembrando
de que ele estava bem.
Ela me entregou e eu pressionei em um corte no meu rosto. Eu
estremeci, mas o analgésico de Heather já estava funcionando. A dor foi
consideravelmente menor do que no evento.
Mason me observou quando ele respondeu a Channing. — Eu sei,
mas ele foi chutado. Budd ia atrás de Sam, não importava o quê. Eu não
posso menosprezar Caldron agora.
Heather sentou ao meu lado, olhando minha mão machucada. —
Tem certeza de que você não quer ir a um hospital?
Eu assenti. — Parece pior do que é. Não está quebrado.
— Ok. — Mas ela não parecia convencida. — Eu não posso
acreditar que você derrubou três desses caras.
Mason sorriu. — Aparentemente, ela é mortal com um bastão.
Eu sorri, meu peito se sentindo mais leve com sua provocação. —
Você disse para apontar para os joelhos. Isso funcionou com o primeiro.
O resto eu tive que improvisar.
— Tenho certeza que vi você mirando na bunda de um cara. —
Heather se levantou para levar a outra toalha.
Channing riu, puxando Heather em seus braços quando ela passou
por ele. Ele pegou a toalha da mão dela e a jogou na pia. — Ela está bem.
Você deu a ela dez panos diferentes. Sua amiga está bem.
Ela mordeu o lábio, me olhando do abrigo de seus braços.
— Estou bem. Mesmo.
Suas sobrancelhas franziram. — Eu vi um daqueles caras chutar
você nas costelas. Eu acho que você deveria verificar isso.
— Costelas? — Mason se virou para mim.
Eu não lembro disso, mas eu toquei meu lado e achei que ela estava
certa. Eu assobiei quando toquei em um ponto inchado. Eu poderia me
mover bem, no entanto.
— Eu tenho certeza que estou bem. Eu nem percebi até agora.
— Talvez devêssemos checar — respondeu Mason.
Olhei para ele e estava prestes a protestar, mas depois vi alguns de
seus hematomas. Se eu parecia tão mal quanto ele, eu entendia porque
Heather estava tão preocupada.
Suspirei. — Talvez nós dois devêssemos ir checar?
Ele assentiu.
Quando nos levantamos para ir, Channing gesticulou para um de
seus amigos. — Congo pode levar vocês para lá.
Congo?
Um cara baixo e careca apareceu. Ele virou a cabeça para nós,
mostrando dentes brancos ofuscantes. Ele era tão bronzeado que até
mesmo o branco de seus olhos parecia brilhante demais.
— Não quero que nenhum de vocês perca a consciência na viagem
— disse ele.
Heather avançou. — Eu posso ir com vocês.
— Não. — Eu toquei seu braço. — Eu estou bem. Mesmo.
Ela estava tão tensa, mas derreteu ao meu toque. Então ela estava
me abraçando, sua cabeça descansando onde Mason esteve antes. Eu
podia senti-la tremendo.
— Eu estava com tanto medo — sussurrou. — Você não se viu,
Sam. Você estava... — Seu corpo se contraiu novamente. Ela não
conseguiu terminar sua declaração. — Eu nunca deveria ter convidado
você para vir comigo.
— Pare. Eu quero dizer isso. — Eu recuei, mantendo minhas mãos
em seus braços. — Eu escolhi ir, lembra? Se a culpa é de alguém, é
minha.
Ela começou a sacudir a cabeça e eu abri minha boca, pronta para
assumir mais culpa, quando Mason me afastou.
— Vocês duas calem a boca. Caldron é meu inimigo. Parem com o
jogo da culpa. Vocês estão me dando dor de cabeça. — Ele tocou a parte
baixa das minhas costas. — Vamos, Sam. Quanto mais cedo você for ao
médico, mais cedo poderemos voltar para casa.
Ele estava certo. Casa. Cama. Os braços dele. Essa era a lista de
onde eu queria estar.
Eu disse mais uma vez para Heather: — Estou bem! — E abracei-
a uma última vez antes de me virar e seguir Mason para fora.
Matteo estava esperando ao lado de Congo no carro. Eu não sabia
os detalhes da luta, e eu não tinha percebido que Matteo tinha lutado
com a gente, mas seu lábio cortado me disse que ele tinha. Antes de me
sentar no banco de trás com Mason, atravessei a janela aberta e toquei
no ombro de Matteo. — Obrigada.
Ele balançou sua cabeça. — Não me agradeça. Eu estava distraído
com buceta e bebida. Eu tive alguns bons sucessos no final, mas não o
suficiente. Eu nunca deveria ter saído do seu lado. — Ele falou com
Mason quando Congo ligou o Escalade. — Eu sinto muito, cara. Eu te
decepcionei.
Mason acenou para ele. — Esta era a minha luta, não sua.
Qualquer coisa que Matteo estivesse pronto para dizer a Mason,
deve ter mudado de ideia, porque fechou a boca. Quando nos afastamos,
Mason levantou o braço para mim e eu me inclinei para ele, minha cabeça
descansando em seu peito e meus olhos fechados.
Eu poderia ter ficado lá para sempre, mas logo fui levada para o
hospital. Algumas horas depois, nós fomos examinados. As radiografias
mostraram que estávamos bem, e eu estava de volta ao seu abraço.
Tudo era exatamente como deveria ser.
CAPÍTULO OITO
MASON
A moça da recepção ofegou quando viu meu rosto na manhã
seguinte. Eu não pude culpá-la. Eu acordei com uma cabeça latejante,
olho roxo, lábios estourados e costelas doloridas também. Maldito
Caldron.
Eu não queria chocar muito essa recepcionista, então mantive
meus óculos escuros. — James Kade disse para estar aqui às sete. Eu
sou Mason Kade.
— Eu sei. — Ao ouvir o nome do meu pai, ela pareceu se acalmar
um pouco. Ela olhou ao redor. — Meu gerente disse que você viria junto
com outro cara. Eu deveria mostrar a sala de conferências que vocês vão
usar.
— E o outro cara está aqui — anunciou uma voz.
Eu me virei para ver Adam Quinn em pé ao meu lado com a mão
levantada. Ele estava prestes a me dar um tapa no ombro.
— Coloque uma mão em mim e eu vou quebrá-la, Quinn.
Ele parecia o mesmo do colégio. Eu sabia que as garotas o achavam
bonito, com sua altura e cabelo loiro, mas ainda parecia um idiota formal
que usava blusas amarradas no pescoço como um pedófilo da Ivy League
para mim.
Ele recuou, olhando para o meu rosto. — Seu pai disse que você
voltou há algumas semanas. Em que merda você já se meteu?
Eu virei para encará-lo diretamente. Ele estava tentando ver meus
olhos através dos meus óculos. — Você ainda tem tesão por Sam?
— O quê?
— Chega de besteira. Vamos direto aos negócios. — Eu descansei
a mão na mesa. A recepcionista parecia um cervo preso nos faróis. —
Ouvi dizer que você está com aquela garota Sullivan, mas eu estava lá.
Eu sei o quão obcecado você estava pela minha garota. Então você ainda
tem uma coisa por ela? Você e eu teremos outro problema como o que
tivemos na escola?
Um riso estrangulado escapou e ele limpou a garganta. — Jesus
Cristo, Mason. Estamos trabalhando juntos. Eu presumi que você
superaria seu problema.
— Meu problema?
Sua cabeça abaixou uma fração. Ele suspirou. — Não, eu não tenho
sentimentos por Sam ainda. Porra, estou com a Becky. Lembra-se dela?
Ela era amiga de Samantha.
Ele parecia genuíno quando disse que não tinha mais sentimentos
por Sam. Eu estava olhando. Quinn era desprezível, mas era um péssimo
mentiroso. Eu teria visto uma reação dele. Eu bati no ombro dele. — Nós
podemos passar por isso. — Voltei para a menina na recepção. — Você
pode nos mostrar a sala de conferências agora.
— Não. Esse seria meu trabalho.
Uma mulher alta, magra e vestida com uma saia de negócios
estendeu a mão, sorrindo para nós. Seu cabelo preto estava puxado para
trás em algum tipo de coque, e ela tinha um nariz de pássaro com um
queixo pequeno e olhos escuros.
— Eu sou Maxine. Estou encarregada das promoções cruzadas com
o country club, e isso significa que eu estou no comando de vocês dois.
Eu serei a pessoa a quem vocês vão se precisarem de alguma coisa, ok?
— Ela gesticulou com a cabeça para a seguirmos enquanto ela ia pelo
corredor. — O hotel está quase cheio, mas seus pais querem que vocês
tenham um quarto instalado aqui como escritório. A sala de conferências
que eu mostrarei agora é de vocês para usarem. Vocês dois receberão as
chaves da propriedade. — Um segundo, então, ela abriu uma porta em
uma sala de negócios básica.
Uma mesa enchia o comprimento do espaço, com cadeiras de couro
pretas ao redor. Ela apontou para uma mesa menor no canto que estava
cheia de café e água, além de cestas e bandejas de comida.
— Isso será trocado todos os dias. Se vocês quiserem almoçar,
basta ligar para a recepção. Eles vão arranjar e, como eu disse, se vocês
precisarem de alguma coisa, me avisem. — Dois cartões de visitas
estavam na mesa. Ela os tocou. — Aqui estão meus contatos.
Ela apontou o quadro branco atrás dela e nos mostrou como usar
o projetor. Logo que a orientação terminou, ela cruzou as mãos na frente
dela. Examinando primeiro Quinn, depois eu, ela ficou olhando meus
hematomas. — Normalmente, agendamos uma pequena conferência de
imprensa para anunciar uma nova parceria, mas estou supondo que você
irá querer que isso seja adiado?
— Quinn pode fazer isso — disse a ela. — Ele é bonito.
Adam tossiu, franzindo a testa para mim. — Uh, tenho certeza que
eles vão querer Mason Kade lá.
— Ele está certo. — Havia um olhar diferente nos olhos de Maxine
agora, algo próximo a um brilho. — Seu pai quer usar seu nome. Uma
estrela do futebol é um grande atrativo para publicidade. Eles vão querer
que você esteja lá, mas eu não imagino que você queira sair com o estado
que está seu rosto. Logo seria ‘jogador da NFL é espancado’. Essas
manchetes dobrariam nossa publicidade.
Adam olhou para longe, seus ombros levantados em uma risada
silenciosa.
Ela percebeu. — O quê?
Eu sorri. — Você acha que eu sou o único que foi espancado?
— Oh. — O canto de sua boca mergulhou, apenas brevemente.
Então seus ombros reviraram. — Eu só… você parece que foi. Isso é tudo.
— Sendo aquele a ter recebido seus golpes no colégio algumas
vezes, eu vou dizer isso por Mason. — Quinn me deu o menor dos acenos.
— Só há uma maneira de saber se ele foi o cara vencido.
— E qual seria?
Ele sorriu para mim. — Ele estaria no hospital.
Esse idiota. Eu estreitei meus olhos. Ele estava sendo elogioso.
Estava sendo descontraído. — Eu ainda te odeio.
Ele riu. — Não tenho dúvidas, mas não somos inimigos agora,
então… — Ele indicou a mesa. — Talvez devêssemos agir como parceiros
de projeto em vez disso?

***

SAMANTHA
— Ei, minha irmã.
Abaixei meu livro quando meu meio-irmão Mark abriu a porta da
frente e saiu para a varanda com um sorriso no rosto. Ele parecia ter
acabado de tomar banho enquanto gesticulava para eu mover minhas
pernas para que pudesse se sentar ao meu lado.
Eu fiz uma careta. — Eu estava confortável.
Ele encolheu os ombros, esticando as longas pernas na frente dele.
— Você vai superar. Você sabe onde minha mãe está?
Balanço minha cabeça. — Ela tinha saído quando eu cheguei esta
manhã. Suponho que ela esteja no clube de campo. Uma de suas amigas
tem uma nova obsessão por eventos de casamento.
Ele gemeu, inclinando a cabeça para trás e apertando o topo do
nariz. — Ótimo. Minha mãe vai começar a pensar que é uma planejadora
de casamentos agora. — Ele olhou para mim. — Ela já está começando a
tocar a harpa para você e Mason?
Eu escondi um sorriso. — Porque nós dois sabemos que ela não
está em cima de você e Cass.
Mark era filho de Malinda, e estava hospedado na casa da
namorada desde que chegou em casa para as férias de verão. Cass era
um ponto de discórdia. Malinda a odiava e Mark não terminava com ela.
Eu fiquei um pouco triste quando soube que ele iria ficar lá em vez de em
casa. Mark era o único da Fallen Crest Academy, minha antiga escola,
que se dava bem com Mason e Logan. Além disso, teria sido bom passar
um tempo com o cara que na verdade era oficialmente meu irmão.
Ele grunhiu, estendendo-se ainda mais. — Acho que ela está
torcendo para ajudar sua mãe com o casamento dela, na verdade.
Eu me endireitei no meu lugar. — Você está falando sério?
Ele assentiu, bocejando. — Ela gosta de tentar ter boas relações
com todos. — Ele me deu um sorriso tranquilizador. — Eu não me
importaria com isso. Ela provavelmente está fazendo isso para espionar
Analise mais do que qualquer coisa. Minha mãe não vai deixar você se
machucar novamente. Ela estava chorando na noite da festa de Natal do
ano passado.
Fiquei surpresa. Essa fui a primeira vez que vi minha mãe
novamente e eu não estava totalmente preparada. — Isso não foi culpa
de Malinda.
— Mas ela viu sua mãe te machucar, e estava sob o teto dela. Você
sabe como ela é.
Eu fiz uma careta. Eu não gostei de ouvir isso. — Vou falar com
ela.
— Não. Esquece. Ela vai se preocupar de qualquer maneira. Apenas
a deixe fazer a coisa dela. Isso a acalma, pelo menos um pouco.
— Oh. OK.
— Oh! — Ele subitamente disparou. — Ei, hoje é o dia, não é?
— Que dia?
— O dia em que Adam e Mason vão trabalhar juntos. Certo? Ou eu
entendi errado?
Eu entrei no banheiro esta manhã para encontrar Mason olhando
suas feridas da noite anterior. Eu esqueci que ele tinha que se encontrar
com Adam esta manhã. Eu deveria sentir alguma simpatia pelo meu
namorado, mas quando eu vi seu corpo endurecido e definido apenas de
cueca boxer, essa foi a última coisa em minha mente. Mesmo que nós
dois estivéssemos sofrendo, um minuto depois eu estava no balcão com
minhas pernas enroladas em volta de sua cintura enquanto ele deslizava
para dentro de mim.
Meu pescoço ficou quente. Eu tossi. — Oh sim? Era hoje?
Ele revirou os olhos. — Como se você não se lembrasse. Eu meio
que pensei que você estaria lá, espionando Mason enquanto minha mãe
espionava um próximo casamento.
Já havia um casamento programado para espionar, mas eu não
disse isso. — Certo. Porque eu sou do tipo de fazer isso?
— Uh, sim. Você é. Quando se trata de Malinda, qualquer um é do
tipo. Eu sei como ela consegue convencer uma rocha a fingir ser um
cachorro de estimação. Minha mãe tem habilidades. — Ele balançou a
cabeça. — Habilidades que eu gostaria de ter.
Eu estava indo com um pressentimento aqui. Problemas com Cass?
Ele se encolheu. — Não vamos discutir sobre minha namorada. E
você? Mamãe disse que você vai ficar com Mason na Helen agora?
Eu assenti. Ainda parecia estranho estar na casa dela. Mason havia
dito que eu era bem-vinda lá. Logan teria dito o mesmo. Mas a pessoa
que possuía a casa provavelmente tinha uma opinião diferente. E eu não
conseguia me livrar do desconforto que sentia por ficar lá, especialmente
com Mason no trabalho durante os dias agora.
Daí a razão pela qual Mark me encontrou na varanda da minha
madrasta.
— Uh, vamos pular esse tópico também.
Ele me deu um sorriso torto. — OK. Chega disso. Vamos fazer
alguma coisa.
Eu estava triste. O que quer que fosse eu não me importava. Sem
Logan, sem Mason, nem mesmo Heather. (Por muito tempo depois do
desastre da noite passada. Ela teria quebrado em desculpas novamente.)
Eu estava em extrema necessidade de manter meus dias ocupados.
Talvez tenha sido por isso que eu pensei em algo quando entramos
em seu carro.
— Nós poderíamos arranjar um emprego juntos em algum lugar.
CAPÍTULO NOVE
Quatro horas depois, me vi com uma lixeira, um saco de lixo e um
colete vermelho sobre as minhas roupas. Eu olhei para Mark, que usava
o mesmo traje.
— Quando você disse o festival local, retirar o lixo não era o que eu
tinha em mente.
Ele franziu a testa para o jardim da cerveja, o lugar no qual ele
disse que deveríamos tentar conseguir um emprego. — Eu também não.
— Vamos lá vocês dois. A menos que vocês estejam lendo no meio
do caminho, coloquem suas bundas em marcha. Há lixo para ser pego.
— O cara que nos contratou no local, depois de uma boa risada, apontou
para irmos em frente. — Todo mundo começa de baixo. E se vocês
encontrarem alguma bebida, ensaquem separadamente. Nós reciclamos
essa merda.
O cara não estava vestindo uma camisa. Ele provavelmente tinha
mais de cinquenta anos, e tinha a pele bronzeada e com tatuagens de
cima a baixo nos braços. Um boné de beisebol esfarrapado estava virado
para trás em sua cabeça, mas seus olhos eram afiados. Ele roçou as
cabines mesmo quando se virou para nos deixar, e um momento depois
ele gritou: — Doggie, coloque isso de volta. Eu não quero encontrar o seu
depósito vazio mais tarde.
O trabalhador acenou para ele. — Pare de se exaltar. Estou bem.
Eles compartilharam mais algumas trocas, mas eu não consegui
entender. As palavras foram misturadas.
— Bebida? — Mark olhou para o chão. — Eles reciclam álcool? Que
porra é essa?
Outro trabalhador começou a rir quando ele passou. — Favela. —
Ele apontou para um pedaço de plástico no chão e o pegou. — A merda
realmente barata. Keifer gosta de ser a definição de um pão duro. É essa
porcaria que ele quer. — Escovando um pouco da sujeira, ele entregou
um sorriso plastificado. Então ele nos olhou, pegando as picaretas e
sacos de lixo. — Eu teria mostrado a vocês se não estivessem segurando
essas coisas.
— Isso? — Mark levantou a alça do lixo.
O cara assentiu, estreitando os olhos ligeiramente. — Apenas
certifiquem-se que ele pague a vocês no final de cada dia.
— Espera. O quê?
O trabalhador estava saindo. Ele levantou a mão em um aceno
distraído antes de desviar de uma cabine para outra. Aparentemente, ele
conseguiu algum tipo de jogo de escalada. As pessoas tentavam subir
uma escada de corda para tocar uma campainha, mas ela continuava
girando e elas caíam.
Mark observou as mesmas duas pessoas tentando uma segunda
vez e amaldiçoou em voz baixa. — Desculpe, Sam. Parecia uma boa ideia.
Se eu estivesse sendo honesta, me encontrar catando lixo em um
festival parecia resumir as últimas semanas para mim. O que eu estava
fazendo? Heather tinha um emprego. Mason um estágio. Até Logan tinha
um novo propósito na vida: Taylor. E eu? Meu propósito parecia ser mais
sobre evitar Analise no caso de ela tentar falar comigo do que fazer
qualquer coisa produtiva.
Eu lancei um copo de papel vazio. — Vamos terminar o dia e ver
como vai ser. — Sorri para ele por cima do meu ombro. — Não é como se
qualquer um de nós tivesse algo melhor para fazer.
— Uh. — Ele levantou uma sobrancelha, pegando um pouco de
"bebida" e colocando em uma bolsa diferente. — Eu peço desculpa, mas
não concordo. Nós temos pessoas para evitar. É por isso que estamos
aqui. Não é como se tivéssemos clubes de campo, piscinas particulares
ou mansões vazias para relaxar. Não. Nós não temos nenhum desses para
ocupar nosso tempo.
Piscinas particulares, mansões vazias e clubes de campo eram
exatamente os lugares que eu queria evitar. Eu virei meu dedo do meio.
— Eu não sei dizer se você está sendo sarcástico ou não, então estou te
dando isso. Eu estou canalizando meu Logan interior.
Ele riu, colocando um monte de guardanapos e copos no saco de
lixo. — Falando do Sex Machine, quando ele vai voltar?
— Mason acha que em algumas semanas.
Senti os olhos de Mark em mim enquanto ele resmungava: —
Aposto que ele voltaria mais cedo se ouvisse sobre essas contusões que
você ainda não mencionou para mim.
Eu parei. Eu sabia que minha bochecha estava vermelha e
inchada, junto com alguns arranhões no meu pescoço. Havia outras
marcas debaixo da minha camisa, mas essas também não eram da sua
conta.
Eu levantei um ombro, virando minhas costas para ele. — Não é
nada. Algo estúpido. — Isso foi culpa minha em primeiro lugar.
— Adam me mandou uma mensagem. Ele disse que Mason está
coberto de hematomas e tem um lábio rachado.
Porra de inferno. Eu me virei. — É por isso que você veio, não é? —
Eu compreendi. — É por isso que estamos aqui. Você não está evitando
sua namorada. Você está tentando obter informações de mim.
Quando ele deu de ombros, eu sabia que estava certa.
Ele continuou pegando o lixo. — Você teria me dito se eu só
perguntasse?
— Não, e não vou falar agora também. Não é da conta de ninguém,
e ponto final.
— É isso?
Eu só pude olhar para ele por um momento. Havia algo mais em
seu tom. Mark sempre foi despreocupado e descontraído. Ele era amigo
de verdade de Logan — era antes mesmo de eu começar a namorar Mason
e a mãe de Mark começar com meu pai. Ele nunca esteve assim, tentando
se intrometer em meus negócios ou ter algo parecido com proteção
fraternal em sua voz.
Eu não sabia como processar isso. — O que você está fazendo aqui?
Ele deixou cair os braços e desistiu de tentar trabalhar e conversar
ao mesmo tempo. — Estou preocupado, ok? Eu sei o tipo de problema
que Mason e Logan entram, e eu não sei. — Sua mandíbula apertou
enquanto ele estava em silêncio por um tempo. — Talvez seja porque você
e eu somos como irmão e irmã. Talvez seja porque minha mãe te ama
muito. Eu me preocupo. OK? Eu só não quero que nada aconteça com
você.
— Nada vai acontecer. — Mas isso não era verdade.
— Você foi colocada no hospital por garotas loucas por causa de
Mason. — Ele olhou para o meu rosto e pescoço. — Eu não acho que seja
um exagero dizer que isso aconteceu por causa dele também.
Meu pescoço ficou quente. Eu cerrei meus dentes. — Afaste-se
disso, Mark. Você vai arruinar um relacionamento que eu estava
gostando de ter com você.
Minha mensagem foi clara: me force e eu escolho Mason. Cada.
Maldita. Vez.
Depois de um momento, ele perguntou: — Eu lhe contei a merda
que Cass quer que eu faça neste verão?
Ele deixou passar. Eu deveria estar agradecida, mas eu não estava.
Sentindo uma sensação estranha de decepção misturada com cautela, eu
apenas balancei a cabeça. Eu empurrei isso para longe. Mark era um
bom irmão, ou ele estava tentando ser. Isso era tudo. Eu não podia ficar
brava com ele por fazer o que eu faria por ele.
Mas quando ele começou uma história sobre Cass querendo que
ele se juntasse a um clube de caminhada, eu escutei com um nó no
estômago. A conversa anterior não acabou. Acabou de ser descartada,
por enquanto.
Algumas horas depois, atendemos ao aviso do funcionário e nos
certificamos de que Keifer nos pagasse. Depois que ele exigiu saber quem
nos disse para pedir nosso dinheiro, ele deu uma palmadinha na nossa
frente com algumas canetas. — Vocês podem muito bem preenchê-los, se
vamos tornar isso legal depois de tudo.
Mark e eu compartilhamos um olhar.
Keifer notou. — O quê? Nós não somos completamente ilegais aqui.
— Ele bateu nos papéis. — Eu vou dar o que devo a vocês hoje, mas se
vocês estão falando sério sobre o trabalho, voltem amanhã. Continuem
fazendo o lixo, e eu vou encontrar algo melhor até o final da semana para
vocês dois. — Ele fez uma pausa, nos olhando com desconfiança. — Eu
estou supondo que vocês querem trabalhar em um setor juntos?
Mark levantou a mão. — Eu estava esperando pelo jardim da
cerveja. — Isso era verdade. Essa foi a razão pela qual Mark sugeriu um
emprego aqui.
Keifer riu, mas olhou para mim. Era como se uma ideia tivesse
chegado até ele e ele assentiu. — Talvez. Veremos.
Mark franziu a testa para mim. Eu dei de ombros em resposta. Eu
não sabia do que se tratava, mas saímos com dinheiro em nossos bolsos.
Estávamos nos aproximando do carro de Mark quando o
trabalhador com quem conversamos nos chamou. Ele levantou um braço
e virou ao redor de alguns veículos com o mesmo atletismo ágil que ele
tinha mostrado antes quando pulou de sua cabine.
— Ei! Espere. — Desacelerando quando se aproximou de nós, ele
mostrou os dentes brancos. — Vocês dois foram pagos?
— Fomos.
Eu deixei Mark falar.
O cara balançou a cabeça para cima e para baixo, parecendo
pensar em alguma coisa. — Bem, tudo bem. Tenham uma boa noite. —
Ele estendeu a mão em um aceno, voltando para onde ele veio.
— Isso foi estranho — disse Mark quando entramos no carro.
— Sim.
Mas o cara não estava na minha cabeça. O novo protecionismo de
Mark estava. Mason estaria esperando por mim quando eu chegasse em
casa, mas eu não sabia se eu queria contar a ele sobre essa mudança. O
trabalho sim. A preocupação de Mark por mim, não. Ainda não, de
qualquer maneira.
CAPÍTULO DEZ
MASON
O dia foi... não como eu esperava. Quinn não era tão ruim quando
se tratava de oferecer ideias, e ele não tinha mais aquele olhar que ele
tinha no colégio — como se eu tivesse algo que ele queria e ele me odiasse
por isso. Eu não estava sentindo a necessidade de dar um soco nele no
final do dia. Isso durou até que nós saímos para o estacionamento e uma
garota com cabelo vermelho escuro o cumprimentou, inclinando a cabeça
para trás para um beijo.
Eu a reconheci. Becky Sullivan, a garota que apunhalou Sam em
mais de algumas ocasiões.
Quando eles se beijaram, meu telefone começou a tocar. Virei as
costas para eles, e segui para o meu veículo enquanto levantava o
telefone. — Sim?
— Você quer me dizer por que diabos eu estou recebendo
mensagens dizendo que Sam está coberta de hematomas?
Eu olhei para o identificador de chamadas. — Engraçado. Meu
telefone diz que esse é meu irmão ligando, não o namorado de Samantha.
— Vá se foder.
Eu grunhi, entrando no Escalade. — Não, vá se foder você. Você
não pode me ligar e reclamar sobre como eu devo relatar tudo a você ou
algo assim.
Ele gemeu. — Você está brincando comigo, né?! Por que Samantha
está parecendo ter sido chutada na cabeça, e por que estou ouvindo isso
de Mark e não de você?
— Mark?
— Sim — Logan disse. — Você entende porque eu estou um pouco
chateado agora? Eu estou descobrindo pelo meio-irmão de Sam. O que
diabos está acontecendo?
— Nada que não possamos lidar.
Ele ficou quieto por um momento. Sua voz estava baixa quando ele
falou novamente. — Por que você está me excluindo?
— Porque você está em Paris com a mãe e com sua namorada. Eu
não quero que você volte cedo porque você acha que eu não posso lidar
com as coisas.
— Isso não é o que…
— Isso é exatamente o que você faria. — Me sentei de volta, as
chaves penduradas na ignição.
— Você não tem reforço.
— Liguei para Matteo. Ele estava indo para casa por algumas
semanas. Ele disse que estava feliz em ficar um pouco.
— Nate não está aí.
— Nate estará aqui em duas semanas.
— Então você está sozinho por essas duas semanas.
— Logan — rosnei. Cheguei para frente, ligando o motor. —
Estamos bem. Entramos em uma situação complicada. Channing e sua
equipe estavam lá. Eles nos ajudaram. Estamos bem. Você acha que eu
deixaria Sam ser colocada em perigo de novo?
— Por que ela foi colocada em perigo em primeiro lugar? — Ele
rosnou de volta.
Porque ela queria estar em algum lugar onde sua mãe não estava.
Porque ela não queria sentir medo de que, a mulher que lhe deu a luz
pudesse atravessar a rua e machucá-la de novo. Porque... Eu suspirei
para mim mesmo. Porque talvez ela só quisesse ser normal e ir a um
evento com sua amiga.
Eu não disse nada disso.
— Porque uma situação saiu do controle. Eu não li rápido o
suficiente. É por isso.
— Você não ia me dizer.
Eu estava ficando cansado disso, bem rápido. — Pare com isso.
Você está agindo como se fosse pessoal contra você. Não é. Estou
tentando ser um irmão decente. Se você estivesse aqui, você estaria lá
com a gente. Você sabe disso. Eu não te contei — eu teria contado, em
algum momento, — mas eu ainda não contei, porque eu estou tentando
deixar você aproveitar o seu tempo.
— Certo — Logan resmungou. — Aproveitar meu tempo com
mamãe, você quer dizer? É como se ela tivesse um GPS amarrado na
bunda de Taylor. Toda vez que eu chego perto dela, mamãe entra no
mesmo cômodo.
Eu relaxei, sorrindo agora. — Você está no mesmo quarto de hotel
que ela?
— Mamãe tem essas grandes suítes, sabe, o tipo onde tem a sala
principal com três quartos anexos. Ela diz que eu deveria respeitar sua
presença e "me abster de comportamentos inadequados". — Ele bufou.
— Suas palavras exatas. E o pior é que Taylor está comprando toda a
merda dela.
— Taylor está apenas tentando ser legal. Você está esquecendo que
Helen gosta de Taylor. Ela não recebeu o tratamento de gelo como Sam
recebeu.
Logan xingou baixinho. — Isso é só por causa de Analise. Mamãe
vai tirá-la da bunda assim que Sam começar a empurrar seus bebês.
— Sim. Talvez. — Eu tinha outras coisas para dizer a ele, mas olhei
pela janela e vi uma daquelas coisas se aproximando. Este poderia ser
um bom momento para evitar Quinn por um longo telefonema. — Eu
tenho que ir — disse a ele. — Eu te ligo mais tarde.
Depois que Logan desligou, desliguei o carro e abri a porta
novamente. Adam parou a alguns metros de distância quando viu que eu
estava no telefone, mas ele fechou a distância agora.
— Uh, hey. — O parceiro do projeto que apareceu no clube oito
horas antes não fui cauteloso ou reservado, mas ele tinha exatamente
essas duas qualidades agora.
Eu estreitei meus olhos. O que quer que ele estivesse prestes a
dizer, seria no nível pessoal.
Ele apontou o polegar para a caminhonete, onde a garota estava
inclinada. — Becky acabou de receber uma mensagem de Cass. Eu acho
que Mark apareceu com Sam. Eles estão falando de um churrasco. Você
gostaria de...
— Sam está lá?
Ele assentiu.
— Ela não está planejando sair?
— Provavelmente, mas Mark é a carona dela, e ele quer ficar por
um tempo. Eu pensei que talvez...
Eu acenei para ele. Eu não precisava saber de mais nada. — Me
envie as instruções. Eu tenho que pegar alguém primeiro.
— Oh. — Ele piscou algumas vezes. — OK. Sim, eu posso fazer isso.
Depois de pegar Matteo na casa de Helen, seguimos para o norte
em Fallen Crest. Morávamos numa boa rua, mas esta era outra, e Matteo
assobiou ao ver a casa.
— Dinheiro dá em água ou algo assim? Ficar rico é contagioso aqui?
Porque merda, quem eu beijo para ficar doente?
Eu sorri, saindo e circulando para o lado dele. — Não essas
pessoas. — Eu contei toda a história com Quinn quando o peguei.
— Por que Sam está aqui de novo? — perguntou, me seguindo até
a porta da frente.
Eu não respondi por que eu estava me perguntando a mesma coisa.
Toquei a campainha.

****
SAMANTHA
Eu estava tendo um déjà vu do ensino médio, exceto que era Matteo
atrás de Mason e não Logan.
— Ei! — Mark se aproximou deles, a mão levantada para um high
five. Mason franziu a testa, mas levantou a mão e Mark jogou o braço em
volta dos ombros do meu namorado. — Você nunca vai adivinhar onde
Sam e eu conseguimos um emprego hoje.
Os olhos de Mason se moveram em minha direção. Eu mudei de
um pé para o outro, puxando minha camisa para baixo. Eu estava
fazendo isso desde que chegamos. Era o meu hábito nervoso — isso e
alisar a mão sobre o meu estômago. Eu sempre tentei acalmar meus
nervos, mas, na verdade, nunca funcionou. Eu me peguei fazendo isso
de novo e amaldiçoei sob a minha respiração, deixando minha mão cair.
Mason fez o seu caminho até mim, deixando Matteo e Mark para
fazer suas próprias batidas de punho. Matteo conheceu meu meio-irmão
em algumas visitas e os dois se amaram à primeira vista. Adicione Logan
na mistura, e eles eram demais para suportar às vezes. O bromance
estava bombando.
— O que… — Mason começou, pegando a cadeira ao meu lado.
Nós nos sentamos nas mesas ao redor da piscina de Cass.
— Mark disse que só queria pegar uma coisa. Isso foi há uma hora.
— Eu não compartilhei como essa “coisa” acabou sendo sua namorada.
Eles estavam em um quarto nos fundos até vinte minutos atrás, quando
Mark saiu e me disse que Becky e Adam estavam vindo. Eu lancei a
Mason um olhar interrogativo. — Eu quase caí da cadeira quando Mark
disse que você estava vindo. Eu estava me preparando para correr para
casa quando ele me disse isso.
Ele gemeu. — Se eu soubesse, eu teria apenas vindo buscá-la.
Eu estava prestes a perguntar o que estava nos impedindo de ir
agora, mas peguei seu olhar para Matteo. Esse era o problema. — Ele
parece tão feliz em ver Mark.
— Sim.
— Podemos deixá-lo aqui e voltar mais tarde.
Mason me deu um sorriso indiferente. — Eu posso ser um idiota,
mas isso é uma atitude de um verdadeiro babaca. Eu não posso
abandonar meu amigo aqui.
Eu me abstive de lembrá-lo de como Matteo o havia abandonado
na luta de Channing. Mason estava ciente disso, então se ele estava por
perto, havia uma razão.
— O que Mark estava falando antes?
— Oh. — Revirei os olhos, pronta para me lançar em todo o
discurso quando Becky e Adam se aproximaram. Eles chegaram apenas
cinco minutos antes de Mason, então não houve saudações estranhas.
Ainda. Quando Becky pressionou a mão sobre o cabelo, tentando acalmá-
lo, vi o quão firmemente ela agarrou a outra mão de Adam.
— Hey, Samantha. — A voz de Becky engatou, soando sem fôlego.
Ela mordeu o lábio ferozmente. — Uh... como você está? — Sua mão se
ergueu, apontando para mim. — É bom ver você aqui.
A velha Becky. Desajeitada. Autoconsciente. Esforçada. A garota
que eu vi há alguns anos atrás que foi minha amiga quando muitos me
deram as costas não se parecia com essa garota. Ela parecia sofisticada
com roupas bonitas, maquiagem e cabelos lisos. Ela também parecia
confiante e, embora fisicamente parecesse igual agora, senti alguma
familiaridade ao ver a Becky que eu conhecia.
— Becky. — Indiquei suas mãos unidas. — Vocês parecem estar
bem.
Sua mão apertou a dele. — Oh, sim. Tem sido maravilhoso. — Sua
cabeça inclinou para trás e ela ofereceu a Adam um olhar amoroso. —
Quase como um conto de fadas mesmo.
Adam espelhou seu olhar, um sorriso suave provocando sua boca,
antes de se concentrar em nós. — Vocês dois também. Quero dizer, desde
o primeiro ano do ensino médio. Isso é muito tempo.
Eu olhei para Mason. Ele estava assistindo a troca com uma
máscara ilegível, mas eu vi através dela. Ele estava pensando, que porra
é essa?
Eu quase ri. — Sim. Estamos bem.
Mason franziu a testa. — Por que diabos estamos aqui, Quinn?
Lá estava ele.
Eu ri agora.
O velho Mason, o velho Quinn.
Por qualquer motivo, isso me acalmou.
Adam tossiu. — Legal, Mason.
— Sam pensou que veio aqui para uma parada rápida. Nós dois
estamos aqui apenas porque nos falaram sobre o outro. Parece uma
armação. O que está acontecendo?
Mark riu desconfortavelmente quando ele veio com Matteo e Cass.
— O que está acontecendo?
Mason fixou-o com um olhar, as sobrancelhas ligeiramente
levantadas, como se ele estivesse perguntando: Você está falando sério?
— Nós não somos amigos de Quinn. Sam não sai mais com sua namorada
ou com essa aí. — Ele apontou para Becky. — Então por que estamos
aqui?
— Nenhuma razão. — Mark encolheu os ombros, descansando o
braço em volta dos ombros de Cass. — Eu não queria ficar tanto tempo.
Apenas me distrai. Isso é tudo.
Eu podia ouvir os pensamentos de Mason. Ele estava pensando que
isso era besteira, e eu sabia que era apenas uma questão de tempo antes
que esse sentimento saísse novamente por sua boca, mas não tão bem.
Mason estava sendo educado até agora.
Eu comecei a levantar da minha cadeira. — Bem, então eu acho
que estamos indo. Foi legal —
— Espera.
Todos se voltaram para Adam. Ele rolou os ombros para trás e,
ainda segurando a mão de Becky, puxou-a para mais perto. Suas
bochechas coraram e ele puxou o colarinho. — OK. Eu posso ver que é
hora de colocar tudo em pratos limpos. Mark não armou isso ou algo
assim, mas eu meio que pedi a ele para manter Sam aqui. — Ele
gesticulou para mim. — Eu não ia fazer isso desse jeito, mas então me
disseram que Mason e eu estaríamos trabalhando juntos e Mark disse
que ele estava com Sam e… — Ele olhou para baixo para Becky, um olhar
apaixonado vindo em seu rosto. — Eu pensei 'que diabos'. — Ele colocou
o braço em volta dos ombros dela, puxando-a para o lado. — Eu te amo
e sei que você tem sentido falta de Sam ao longo dos anos, então eu joguei
a cautela ao vento e… —
— Adam. — Becky tocou seu bíceps. — O que você está fazendo?
Um riso estrangulado raspou de sua garganta, e o rosa se esvaiu
de seu rosto. Ele tossiu para limpar a garganta antes de cair de joelhos.
Oh.
Meu.
De... Ele ia propor.
Adam olhou em volta, segurando a mão de Becky na frente dele. —
Sinto muito pelo engano, mas eu sabia que você gostaria de Sam aqui
para isso.
Ele estava…
Ele estava totalmente.
Ele olhou de volta para Becky, que tinha uma mão pressionada
contra sua boca. Ela começou a tremer. Seus olhos se encheram de
lágrimas.
— Rebecca Sullivan, você e eu tivemos um turbilhão de amizade e
depois um relacionamento, mas você sempre foi minha melhor amiga.
Você está sempre lá para mim, mesmo quando ninguém mais está, e hoje
gostaria de pedir que você seja minha parceira para o resto de nossas
vidas.
— Adam. — Seu nome era um suspiro suave. Lágrimas escorriam
pelo seu rosto, mas ela estava brilhando.
Ele puxou uma pequena caixa do bolso e abriu-a, mostrando um
anel de diamante. Ele estendeu a mão para ela. — Você quer se casar
comigo, Becky?
— Sim. Sim! Oh, uau. — Ela riu e chorou. Ela parecia tão feliz
quando ele deslizou o anel em seu dedo e a levantou, girando-a em um
abraço apertado.
Eles se beijaram e Becky só pôde olhar de seu anel para Adam e
vice-versa. Ela pareceu em transe por um minuto inteiro antes de
balançar a cabeça e olhar para nós.
— Estou noiva, pessoal!
Isso foi estranho.
E desajeitado.
E desconfortável.
Cass avançou, segurando Becky para ela. — Parabéns!
Mark parabenizou Adam, assim como Matteo. Mason estendeu a
mão, dando a Adam um rápido aceno de parabéns.
Eu olhei ao redor, mas não havia mais ninguém. Deveria ter havido
mais pessoas. Todos pareciam se virar para mim. Eles estavam
esperando meus parabéns, mas tudo que eu conseguia pensar era: — Por
que você fez isso na nossa frente?
— O quê? — Becky franziu a testa.
Adam pareceu chocado.
— Apenas parabenize-os, Sam — Cass silvou.
Eu a ignorei. — Por que você não fez isso na frente de suas famílias?
Um olhar de dor brilhou nos olhos de Adam, e me lembrei de como
seu pai foi um idiota nas poucas vezes em que o vi. Mas Becky... — Seus
pais — eu sussurrei com voz rouca. — Isso deveria ter acontecido na
frente deles.
— Você está sendo uma cadela.
Eu ignorei Cass novamente. A dor pressionava meu peito, como se
alguém estivesse cutucando meus pulmões. Eu senti uma desgraça
iminente. Eu balancei a cabeça. — Becky, eu não sei... quero dizer, por
quê?
Tantos anos. Nós fomos amigas uma vez. Isso acabou, e agora isso?
Adam se moveu na frente de Becky, protegendo-a de mim. — Eu
queria que você estivesse aqui para isso. Para ela.
Becky descansou a mão em seu bíceps novamente e deu um passo
à frente dele. Ela apertou as mãos na frente dela e deu um passo mais
perto, me encarando diretamente.
— Eu fui sua amiga uma vez, Sam, e fui eu quem soltou a bola. Eu
escolhi Adam acima de você quando eu deveria ter escolhido você
primeiro. Eu sempre lamentei isso e acho que Adam sempre soube. Muito
tempo passou e eu não estou pedindo nada, mas fico feliz que Adam
tenha feito isso. Eu queria assim e ele sabia disso.
Sua cabeça se curvou por um momento antes que ela me desse um
sorriso mais chato, mais assustado e esperançoso que eu já tinha visto
nela. — Você pode fingir ser minha amiga agora e me parabenizar? —
sussurrou.
A parede que eu ergui quebrou, e eu a puxei em meus braços, o
que ela não parecia estar esperando.
— Parabéns, Becky. — Ela sempre o amou. — Estou muito feliz por
você. Realmente. — Eu a abracei ainda mais.
Ela me abraçou de volta.
Eu não conseguia lembrar o motivo exato pelo qual não éramos
mais amigas. A dor e a traição eram como uma leve névoa sobre minhas
memórias. Elas estavam lá e eu sabia que coisas aconteceram, mas neste
momento, um que ela lembraria pelo resto de sua vida, eu me deixei
sentir aquela velha amizade novamente.
CAPÍTULO ONZE
SAMANTHA
— Você estava quieta no caminho para casa.
Nós tínhamos acabado de entrar no nosso quarto. Eu afundei na
cama e me enrolei em uma bola, segurando um travesseiro no meu peito
enquanto olhava para ele. Eu estava quieta, contente em apenas observar
a paisagem enquanto Mason nos guiava. Matteo escolheu ficar para trás.
Ele queria se divertir com Mark, e Mason e eu não podíamos culpá-lo.
Havia uma sensação melancólica em nós, ou talvez fosse apenas eu.
Suspirei. — Está me atingindo que alguém que eu costumava amar
agora está noiva.
— Adam?
Eu fiz uma careta, então vi que ele estava brincando. — Becky —
Eu ri. — Idiota.
Seus olhos escureceram, e por um momento pensei que ele iria
deitar comigo, mas ele se virou para o armário. Ele tirou a camisa e
desapareceu no interior.
— Isso te incomoda? — Ele gritou. — Que ela está noiva?
Me sentei, encostando minhas costas contra a cabeceira da cama.
Eu ainda segurava aquele travesseiro na minha frente. — Talvez. Eu não
sei por quê.
— Sam. — Ele voltou, ainda sem camisa. Eu não estava
reclamando. Mason estava mais magro do que no ensino médio, mas
mais musculoso. Quase todos os músculos do tórax e do estômago se
destacavam, e meus olhos traçavam o V de seus abdômen, o modo como
eles desapareciam sob suas calças de moletom cinza claro.
— Você está esquecendo por que Becky e você não são mais amigas.
Quinn estava tentando nos separar, e ela escolheu o lado dele. Agora,
parece que ela escolheu o lado certo para ela desde que eles vão se casar,
mas não é assim que era naquela época. Se você está se esforçando para
deixar essa amizade acontecer, pare. Você não pode ser amiga de alguém
que não é sua amiga de volta.
Ele estava certo. Eu sabia, mas ainda sentia um pequeno buraco
dentro de onde ela costumava estar. — Eu não sei se é a Becky ou a
minha mãe... eu não sei o que é, mas me sinto mal. Eu tenho me sentido
assim desde que chegamos em casa para o verão.
Ele não disse nada, mas me observou com um olhar de
entendimento misturado com preocupação. Eu não estava dizendo nada
novo ou surpreendente. Indo a algum lugar que Mason tinha inimigos,
em seguida, conseguir um emprego no festival local com Mark, e agora
estar no noivado de Becky Sullivan — nada disso era normal. O último
foi jogado em cima de mim, mas eu fiquei mesmo depois de ouvir que
Becky e Adam estavam lá. Quer dizer, era a casa de Cass, porra. Cass e
eu nos odiamos, mas eu ainda fui.
Eu olhei para cima e segurei o olhar de Mason. — O que está
acontecendo comigo?
Seus olhos estavam embaçados e ele disse quase tão suavemente
quanto eu perguntei: — Eu não sei.
Soltando a camisa que ele estava segurando, ele se sentou na cama
e se inclinou para baixo. Seus lábios encontraram os meus, então ele se
afastou. Seu rosto estava a poucos centímetros do meu e seus olhos
olhavam para os meus lábios. — Seja o que for, vamos lidar com isso.
— Sim?
Eu estava ficando sem fôlego.
Meu corpo estava começando a queimar.
O que quer que eu sentia estava começando a desaparecer, e uma
necessidade urgente e diferente estava tomando seu lugar. O calor
começou a se acumular entre as minhas pernas, espalhando-se por mim.
Eu fechei meus olhos, arqueando-me contra ele, e gemi com a
sensação dele ali mesmo.
Não importava o que estava acontecendo comigo, isso nunca
cessaria. Nunca.
Seu braço deslizou por baixo das minhas costas e ele me moveu
até que eu estava no meio da cama. Ele estava deitado em cima de mim,
ainda segurando a maior parte do seu peso, então ele não me esmagou.
Ele olhou para baixo, seus olhos derretidos de desejo. Sua outra mão
levantou para o meu rosto e descansou lá, emoldurando o lado do meu
rosto.
Ele disse: — Sim. Nós vamos descobrir.
Isso foi o suficiente. Eu desliguei minha mente.
Nós nos encaramos por um momento, e então eu levantei a mão e
toquei seus lábios. Eles eram tão perfeitamente formados. Eles apenas
acentuavam a força nele de alguma forma, mas maldito. Eu podia sentir
todos os seus músculos enquanto ele descansava em mim. Mason era
conhecido como o lutador, o protetor, o forte. Às vezes eu me esquecia de
como ele era bonito por dentro também.
Ele sorriu antes de puxar meu dedo em sua boca. Sua língua rodou
e esfregou suavemente contra ele.
Eu ofeguei e apertei minhas pernas com força. A necessidade por
ele era quase esmagadora agora. Minhas pernas se entrelaçaram ao redor
dele, trazendo-o em contato total contra mim. Nós dois engasgamos. Eu
arqueei minhas costas novamente, fechando os olhos, apenas sentindo.
Seu corpo inteiro descansou completamente em mim agora, me
prendendo.
Minha mão embalou a parte de trás do seu pescoço, mantendo-o
prisioneiro.
Eu não queria que ele desviasse o olhar para se afastar.
Eu o queria dentro de mim.
Seus olhos escureceram e como se lesse minha mente, ele se
afastou para tirar as calças. Depois de pegar uma camisinha e colocá-la,
ele voltou e se acomodou entre as minhas pernas.
Meus braços voltaram ao redor dele, era como voltar para sua casa.
— Sam — ele murmurou, traçando um dedo no lado do meu rosto.
Ele colocou um pouco de cabelo atrás da minha orelha, e então eu senti
seus lábios contra os meus novamente.
Sim. Casa.
Isso é o que era.
Eu gemi, minha cabeça caindo para trás, e senti sua risada suave
contra a minha pele, mas depois ele se abaixou e se mexeu, levantando
minha perna até que eu a envolvesse em torno de sua cintura. Ele
mergulhou, mexendo-se, e eu o senti na minha entrada. Ele fez uma
pausa e depois deslizou para dentro.
Meus olhos se fecharam e eu apreciei a sensação dele em mim.
Ele começou a se mover, empurrando dentro de mim.
Enquanto ele continuava, deslizou as mãos pelos meus braços para
capturar minhas mãos, eu abri meus olhos. Nós estávamos nos
encarando, nos observando. Eu podia senti-lo chegando dentro de mim,
procurando, me reivindicando. Tudo no meu corpo ansiava por ele,
ansiava por mais. Eu queria mais. Eu precisava de mais.
No segundo em que ele me tocou, tudo soou vivo. Eu estava
acordada. Sempre.
Dentro e fora. Mason continuou empurrando.
Meus dedos se fecharam sobre os dele, afundando profundamente
quando seu ritmo acelerou.
— Mason — eu ofeguei. Fraco. Sua investida continuou mais forte,
mais rápido. — Eu te amo.
Ele gemeu no clímax, e seu corpo se apertou quando ele empurrou
em mim uma última vez. Isso me enviou para o limite, e eu envolvi os
dois braços em volta do seu pescoço, me segurando firme.
Um momento depois, ele deu um beijo suave na minha testa antes
de sair.
Eu ainda estava debaixo dele.
Eu não queria me mexer.
Eu não queria que ele se movesse e, eventualmente, nós dormimos
assim.
Acordei mais tarde, mas ainda estava em seus braços. Ele estava
enrolado atrás de mim e eu voltei a dormir novamente. Todas as dúvidas
e perguntas estariam lá amanhã.
CAPÍTULO DOZE
O resto da semana passou sem novidades.
Mark e eu pegamos lixo no festival. Mason olhou para mim como
se tivesse crescido uma cabeça alienígena quando eu contei sobre o nosso
novo trabalho, mas ele não disse nada contra.
Ele apenas assentiu e beijou minha testa. — Logan vai querer
trabalhar com você quando ele voltar, mesmo que ele não seja pago.
E no final de cada turno, Mason me pegou. Mas hoje eu mandei
uma mensagem que ele não precisaria. Quando Mark e eu fizemos o
check-in depois do almoço, Keifer anunciou que estaríamos ocupando os
estandes hoje — dois estandes diferentes.
— O quê? Você acha que eu sou um completo idiota? — Ele disse
para nossos rostos desapontados. — De jeito nenhum eu vou deixar vocês
dois se foderem. Não os conheço, ambos são muito verdes — ele grunhiu,
pegando nossos coletes vermelhos e trocando-os por camisas do festival.
Eu peguei uma azul e Mark pegou uma preta. Keifer apontou para as
camisas. — Rasguem isso e vai sair do pagamento de vocês. Entenderam?
Não somos milionários ricos por aqui.
Eu estava emparelhada com o cara que nos disse para ter certeza
de que fomos pagos no primeiro dia. Ele estendeu a mão, apresentando-
se. — Eu sou Petey.
Eu olhei para seus cachos loiros escuros listrados de sol, brilhantes
olhos azuis, sorriso combinando com dentes brancos perfeitos, e
constituição magra. Ele usava uma camisa do festival azul combinando,
mas a dele era maior e toda rasgada. Um grande corte ao lado mostrava
como ele estava bronzeado.
Keifer também viu o corte, eu percebi, mas ele apenas pressionou
os lábios. Petey sorriu.
— Sam — eu disse enquanto apertava sua mão.
Keifer fechou um olho, olhando fixamente para Petey. Eu tive uma
boa brisa de seu hálito quando ele exalou. — Você está bem com ela? Não
vá bagunçar essa aqui, tá?
Petey deu um sorriso arrogante e encolheu os ombros. — Você está
delirando, meu velho. Eu nunca estraguei uma. Continue. Ensine o outro
cara. — Ele acenou para mim. — Eu cuido dela. Ela vai ficar bem.
Keifer não se mexeu, apenas continuou a encarar Petey. Nem
piscou. Nenhum dos dois se mexeram. Um total de trinta segundos se
passaram antes que Keifer quebrasse, acenando para Mark segui-lo.
— Se você fizer isso, nós dois sabemos o que está reservado para
você.
Petey apenas riu. O som pareceu despreocupado, mas assim que
Keifer ficou fora do alcance da audição, todos os sorrisos e encantos
diminuíram. Um brilho duro entrou em seus olhos, e ele soltou um
suspiro suave. Então ele olhou para mim e, assim mesmo, um interruptor
girou e o trabalhador tranquilo voltou.
— Você pode me dizer. Você pediu meu estande, não é? — Ele
piscou.
— O quê? Não.
— Tudo bem. — Ele se moveu em volta de mim, pulando no balcão
em um movimento rápido antes de pular de volta para o meu outro lado.
— Vamos. Siga-me. — Ele me levou para a parte de trás do estande e me
mostrou algumas das coisas básicas que eu teria que saber caso o jogo
parasse de funcionar. — Apenas no caso de eu não estar por perto, sabe,
mas eu deveria estar. Este estande é meu bebê. Mas não se preocupe.
Você não vai estar trabalhando aqui o tempo todo.
Eu o segui de volta para frente. — Onde você acha que eu serei
colocada?
— Você é uma menina da cidade. Ele vai te colocar em algum lugar
em que ele quer que seus amigos locais venham visitá-la. — Um cliente
que aguardava estava na base da escada de corda, e Petey pegou o
dinheiro oferecido. Ele gesticulou para ele começar, e um segundo depois,
o cliente estava xingando. Ele já tinha caído de volta.
Os amigos do homem o aplaudiram, tirando sarro dele ao mesmo
tempo.
Petey se recostou em seu assento, observando a coisa toda. — Você
tem namorado? — Ele me perguntou.
— O quê? — Como isso era da sua conta? — Sim, eu tenho.
— Ele entra em brigas?
— Por quê?
— Porque Keifer vai querer saber. Se ele não entra, você vai para o
jardim da cerveja. Keifer vai querer que todos os seus amigos entrem e
fiquem bêbados. Se seu garoto luta, você será colocada no tanque de
natação.
Tanque de natação? Eu olhei através do festival. Um grande tanque
no meio tinha uma multidão de caras na frente. Eles se revezaram
jogando bolas no alvo, e cada vez que um acertava o alvo, uma garota de
biquíni caía na água. Eu observei quando ela caiu e percebi o quanto de
frio ela parecia ter. Ela tremeu quando subiu de volta.
Minhas mãos ficaram úmidas e geladas. Eu coloquei-as nos meus
bolsos.
— Não, não lá. — Petey apontou mais para baixo. — É na principal.
Você só estaria nadando lá. É um grande lugar parecido com uma
piscina. As pessoas podem pagar para seus filhos nadarem, ou você pode
pegar alguns dos bêbados lá também.
Minhas mãos não estavam tão frias agora. Mark mencionou...
— Sam?
Uma voz feminina me cortou, e eu olhei para cima para ver Becky,
Adam, Cass e outra garota de pé ali. Becky segurava um urso polar no
peito, e Cass e a outra garota tomavam uma cerveja. As sobrancelhas de
Adam estavam levantadas.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou Becky.
Eu a ignorei, perguntando a Adam: — Você acabou de trabalhar
hoje?
Ele assentiu, as sobrancelhas ainda arqueadas. — O que você está
fazendo aqui?
— Estou trabalhando. — Eu joguei-lhes um olhar sombrio antes de
puxar o meu telefone. Eu segurei o telefone para Petey. Se Mason tivesse
terminado o trabalho, ele poderia vir e visitar. — Eu preciso mandar uma
mensagem para alguém.
Ele assentiu, apontando para o lado. — Vá lá para trás.
Saí e mandei uma mensagem para Mason quando Becky chegou ao
fundo da tenda. — O que você está fazendo? — perguntei a ela.
— Eu poderia estar te perguntando a mesma coisa. — Ela olhou
por cima do ombro para o festival. — O que você está fazendo aqui,
Samantha? Mark disse que vocês conseguiram emprego, mas eu não
sabia que era nesse lugar.
Meu telefone tocou um segundo depois.
OK. Eu vou pegar o Matteo. Nós vamos entrar e andar um pouco.
Eu fiz uma careta. Eu o queria aqui, mas... eu sacudi a hesitação.
Eu o queria aqui. Só vê-lo à noite era bom, mas eu ainda tinha que
compartilhá-lo com Matteo, e Nate estava chegando no final da próxima
semana. Nós nunca tínhamos conseguido esse tempo sozinho. Logan
estaria aqui na semana seguinte e eu assumi que Taylor viria com ele.
Estou no estande da escada de corda. Te amo. Eu digitei.
Te amo.
Coloquei meu celular no bolso e voltei para a cabine. Becky ainda
estava parada ali, segurando aquele urso. Ela estava mordendo o lábio e
eu suspirei. Eu cruzei meus braços sobre o peito. — O que você quer,
Becky? Quero dizer, por que você está fazendo isso?
— Fazendo o quê?
— Isso. — Eu apontei para ela. — De pé aqui atrás. Fingindo que
está com medo ou nervosa, ou o que quer que você esteja fazendo.
— Eu não posso fazer tudo isso?
— Você está agindo como se fôssemos amigas.
— Eu… — Ela fechou a boca, recuando um passo. — Eu não sabia
que você ainda era assim.
— O quê? Não. — Ela estava entendendo tudo errado. — Não,
Becky. Isto não é eu sendo uma cadela. Sou eu lembrando como as coisas
foram nos últimos três anos e meio. Nós não somos amigas, e é estranho
me encontrar como a convidada de honra em seu noivado. Quero dizer,
isso é estranho.
— Eu não fiz isso. — Seu pescoço ficou vermelho. Suas bochechas
logo estariam iguais. Suas mãos formaram punhos ao redor daquele urso
polar. — Você não pode ficar com raiva de mim porque Adam pensou
sobre tudo isso, mas eu estou feliz que ele tenha feito.
Uma dor de cabeça estava se formando. Eu cerrei meus dentes,
sabendo que isso estaria me cegando dentro de uma hora. — Olha — eu
disse gentilmente. — Foi bom descobrir que você me queria no seu
noivado. Isso foi... — Eu não tinha as palavras. Eu não tinha certeza.
Ainda havia uma pontada no meu peito toda vez que eu pensava nisso.
— Mas nós não somos amigas. Eu te abracei. Parabenizei você, mas você
está agindo como se fôssemos amigas de novo. Não me lembro de dizer
que estava bem em ser sua amiga novamente.
— Oh. — Ela olhou para o chão.
E eu me senti como uma idiota, mas você não pode enganar alguém
para ser seu amigo. Não é assim que funciona, ou não é assim que
funcionava comigo.
— É bom não ter você ou Adam como meus inimigos, no entanto.
Sua cabeça se levantou. Seus olhos brilhavam com lágrimas não
derramadas. — Mesmo?
Eu assenti. Eu poderia dar isso a ela. — Mason disse que ele e
Adam estão realmente se dando bem. Isso é alguma coisa. — Suas
palavras exatas eram que ele ‘não sentia vontade de deixá-lo inconsciente
todo o dia’, — mas isso era um progresso para Mason. Eu tentei dar-lhe
um sorriso tranquilizador.
— Adam vai gostar de ouvir isso. — Seu urso parecia estar em
perigo de decapitação. Ela apertou-o como se fosse uma jiboia. — Ele
estava nervoso quando recebeu a tarefa de seu pai, disse que não haveria
como trabalharem juntos. Mas ele tem dito o mesmo, sabe? Ele está
impressionado com Mason, disse que ele tem uma cabeça brilhante para
os negócios.
Nós estávamos nos aproximando do território indesejado para mim.
Becky começava a sentir todo tipo de recato caloroso, com pensamentos
sobre Mason e Adam se tornando amigos. Isso levaria a ela querer que
eu e ela fôssemos amigas também, e eu teria que reciclar tudo o que eu
acabei de dizer para ela.
Comecei a me inclinar ao redor dela, de volta ao estande.
— Bem, foda-se.
Meus olhos se levantaram e eu reconheci um dos amigos de Jared,
Caldron.
— Caldron, olha quem está aqui — ele chamou.
Caldron chegou ao lado de seu amigo e eu me senti banhada em
lama suja e pervertida. Eu lutei contra realmente tremer; eles sairiam.
Em vez disso, passei por Becky e disse baixinho: — Dê a volta por trás.
Chame Mark.
Ela vacilou. — Mas...
— Agora!
Eu bloqueei a visão de sua retirada assim que Caldron começou a
andar em minha direção. Seu amigo estava acompanhado por outros dois
e eu soltei um suspiro.
— Onde está sua amiguinha? — Ele se inclinou para olhar além de
mim, mas Becky já deveria estar fora de vista.
Eu ainda me movi para bloquear sua visão. — Onde você acha?
— Indo chamar reforços? — Ele riu, e um cheiro de álcool
misturado com cigarros e algodão doce revestiu meu rosto. — Kade não
está aqui. Eu o teria visto, e já passamos por todo o lugar. — Ele levantou
um braço, segurando uma das cordas usadas para montar o estande, e
assumiu uma postura arrogante. Ele estava literalmente inclinado sobre
mim. Seu olhar permaneceu na camisa do festival que eu usava. — Você
trabalha aqui? Isso é... conveniente.
Ele parecia muito convencido. Eu lutei contra o desejo de levantar
meu joelho em um golpe forte. Mason estava chegando, mas eu não sabia
quando ele iria aparecer. Eu precisava enrolar até que Mark pudesse
chegar aqui, e eu esperava que Adam fosse participar. Eu não estava
segurando minha respiração, no entanto.
Voltei, me afastando do meio do caminho do festival. — Sim. Eu
trabalho aqui. Por quê?
— Eu te identifiquei como uma vadia esnobe. Nenhuma princesa
rica trabalha aqui.
— Mesmo? Como você sabe? Passa muito tempo em festivais?
— Ha-ha. — Seus olhos brilharam. — Eu costumava trabalhar em
um que não ficou por mais de duas semanas. — Ele puxou a corda,
testando o quão forte e apertado estava. Ele olhou em volta da tenda e do
estande ao nosso lado. — Eu acho que esta é uma boa companhia. Eles
ficam em um lugar por dois meses também. Eu gostaria que eles
estivessem aqui quando eu precisei de um emprego na época da escola.
— Seus olhos passaram por mim.
Eu tive aquela sensação de estar coberta de lama novamente. Eu
precisaria de mais do que umas chuveiradas para me sentir limpa da sua
sujeira.
Seus olhos escureceram com luxúria. — Seria legal se você
estivesse lá também. Talvez nós não estivéssemos em lados opostos como
agora. — A luxúria se dissipou rapidamente, a raiva voltou com força
total. Sua mandíbula se apertou quando ele se aproximou. — Mas eu sei
que você está apenas dando uma de pobre aqui porque você é uma vadia
privilegiada. Eu também sabia disso naquela época, e eu teria fodido
você, depois jogado no lixo. Kade não iria querer tocar em você, não
depois de eu ter rasgado essa sua buceta.
Eu senti um rosnado baixo no fundo da minha garganta, mas eu
engoli. Tempo. Eu precisava de mais disso. Eu apenas tinha que esperar.
A ajuda estaria chegando.
Tudo o que eu disse foi: — Sério?
— Oh, sim.
Ele olhou para a minha camisa e eu lutei contra a repulsa no meu
estômago. Queria vomitar em cima dele. Eu me movi ainda mais para
trás. Não pude evitar. Meu corpo estava em alerta total, minha mente
gritando para ficar longe dele.
— Aonde você vai?
— Ei! O que está acontecendo aqui?
Eu me encolhi. O pior momento de sempre, Petey. Eu não queria
que ele se envolvesse nisso também. Ele se machucaria.
Meu colega de trabalho saiu do nosso estande vindo em minha
direção.
— Ei, cara. — Um dos amigos de Caldron o parou, uma mão
colocada em seu ombro.
Petey ficou imóvel, estreitando os olhos. Ele olhou para a mão e
depois para o cara a quem a mão pertencia. — Tire isso de cima de mim,
ou você vai perdê-la.
— Ei. — Caldron se virou para encarar Petey. Ele ergueu as mãos,
tornando sua voz amigável. — Eu conheço Sam aqui. — Ele me agarrou,
me arrastando para o lado e jogando o braço em volta do meu ombro. Fiz
uma careta, mas ele continuou: — Temos um amigo em comum. Estamos
apenas conversando. Eu queria contar a ela tudo sobre Budd, como ele
está na prisão. Certo, Sam?
Seus olhos estavam em mim.
Petey estava observando.
Os amigos de Caldron também estavam esperando.
Enrolando, isso era o que eu deveria estar fazendo. Essa era a coisa
inteligente a fazer. Estar tão perto de Caldron já me deixava nauseada,
mas agora que ele estava me tocando, meus sentidos estavam se
desligando. Minha visão foi escurecendo. As bordas estavam borradas,
tornando-se pretas, e eu podia me concentrar em apenas uma
necessidade urgente: tirar as mãos dele de mim.
Eu parei de pensar então, e eu me senti empurrando seu braço,
pisando em seu pé, e rapidamente me virando para levantar meu joelho.
Fiz contato e ele recuou. Eu ouvi um rugido, mas veio de longe. E então
eu fiquei lá enquanto Caldron caiu de joelhos.
Havia algo…
Espere.
Algo... eu precisava fazer alguma coisa, mas tudo que eu podia
fazer era olhar para ele, fervendo. Como ele ousa colocar as mãos em
mim? Eu queria bater nele mais uma vez, e eu estava trazendo meu joelho
de novo, desta vez mirando diretamente em seu rosto, mas ele viu. Seu
rosto estava contorcido de dor, mas ele me empurrou para trás, uma mão
voando para o meu rosto, e então eu vi estrelas.
Eu me virei, caindo também.
Depois disso, um tornado girou dentro de mim. Enquanto Caldron
lutava para se levantar, seus amigos seguravam Petey de volta. Um deles
parecia ter sido atingido, mas ele ainda estava lá, ajudando a manter meu
colega de trabalho contido.
Bom para você, Petey, pensei quando uma sombra caiu sobre mim.
Eu olhei para cima, e Caldron estava lá, com raiva brilhando em
seus olhos.
Ele levantou o punho e eu sabia que era isso. Ele ia me deixar
inconsciente. E diferentemente das outras vezes que eu me machuquei,
eu não sabia se eu sairia dessa viva. Caldron parecia querer me matar.
Eu me senti puxando de volta. Eu não me mexi, mas minha mente
estava apagando. Estava recuando para uma área nos fundos, em algum
lugar onde eu estaria segura. Meus olhos queriam fechar, mas eu segurei.
Eu não consegui desviar o olhar. Se isso ia acontecer, se este era o fim
para mim, eu queria que esse cara visse meus olhos o tempo todo. Eu
queria que ele me visse.
Seu braço começou a descer.
Então, de repente, ele se foi.
Mason saiu do nada, atacando Caldron e empurrando-o na direção
de seus amigos e Petey. Petey se soltou e depois alguém passou correndo
por mim, bem nos calcanhares de Mason.
Eu olhei por cima. Eu estava aqui. Eu estava vendo isso, mas não
estava aqui ao mesmo tempo. Eu assisti de cima de alguma forma. Eu
engoli, tentando me levantar. Eu poderia voltar. Eu podia — tentei dizer
a mim mesma que era seguro agora.
Mason recuou e choveu socos em Caldron, um após o outro. Matteo
estava lá lutando com um dos outros caras. Petey — Petey? — tinha
abordado um terceiro amigo e o quarto... Eu balancei a cabeça, me senti
tão pesada. Mark estava segurando o quarto cara, com Adam ao lado
dele.
—... você está bem?
Uma voz soou através da névoa. Eu também procurei por ela. Becky
se aproximou de mim com a mão estendida. Quanto mais perto ela
chegava, mais clara sua voz ficava.
— Você está bem? Sam? — Ela me tocou, mas ainda parecia
distante.
Eu balancei a cabeça. Eu precisava limpar minha mente. Então,
com um estalo, eu estava de volta.
— Sam?! — ela gritou.
Eu estendi a mão. — Pare.
As pessoas estavam gritando. Gritando. Eu podia ouvir os golpes
profundos de socos sendo trocados, e eu ofeguei, sentindo sal e sujeira
na minha boca. Mason estava acabando com Caldron. — Mason! — Eu
corri para frente. — Pare!
Ele ia matá-lo.
BOOOM!
Eu me empurrei de volta e minha cabeça se virou.
Keifer estava a poucos metros da luta com uma arma no ar. Ele
abaixou, apontando para todos. — Saiam antes que eu chame a porra
dos policiais!
Mason saiu de Caldron, erguendo as mãos enquanto recuava para
onde eu estava. Matteo veio atrás dele e Petey ficou no meio, limpando o
sangue da boca. Ele descansou as mãos nos quadris, a camisa rasgada
ao meio. Um lado se foi e o outro pendia frouxamente de seu braço.
Caldron e seus amigos demoraram mais a se levantar.
— Eles começaram — disse Caldron, apontando para mim. — Você
sabe que tipo de puta está trabalhando por aqui?
Keifer disparou para cima novamente, com os olhos esbugalhados.
— Eu não dou a mínima. Dê o fora do meu festival, ou deixarei meus
garotos terminarem o trabalho. — Ele entrou no rosto de Caldron,
respirando em cima dele. — Você entendeu?!
— Mas —
— Saia! Agora! — Keifer fez um gesto atrás dele, e cinco ou seis
caras grandes começaram a avançar.
Os olhos de Caldron se arregalaram quando esses caras o
arrancaram de lá. Seus amigos também. Todos eles foram literalmente
carregados do festival.
Keifer acenou com os braços para a multidão que se reuniu. —
Todos vocês também! Voltem para os passeios e jogos. Este show acabou,
pessoal! — Ele se virou, e seu olhar afiado pousou em mim. — É melhor
você começar a explicar, mocinha, ou vai ficar sem emprego.
CAPÍTULO TREZE
— Uh, é assim, chefe...
Petey assumiu para mim e estava explicando o que aconteceu, ou
tentando explicar, no escritório de Keifer. O resto de nós esperou no
corredor. Adam, Becky e Cass estavam de pé, e Mason e Matteo
sentaram-se ao meu lado. Mark fui enviado de volta ao seu estande assim
que Keifer percebeu que ele só viria para ajudar.
Suspirei, me levantando. A explicação de Petey estava piorando
tudo em alguns níveis importantes.
Mason olhou para o lado. — O que você está fazendo?
Eu balancei a cabeça para a porta aberta. — Eu preciso fazer
alguma coisa. Petey está piorando as coisas.
Era óbvio que Keifer não estava comprando a primeira desculpa
que Petey lhe dera — que os caras nos atacaram sem razão.
As mãos de Petey estavam em todo o ar quando entrei atrás dele.
— Eu estava ocupado com alguns clientes quando os ouvi. Quando
cheguei lá, o cara já estava avançando em Sam. Eu não sei por que eles
escolheram ter um problema conosco — disse ele. — Quero dizer, nós
não fizemos nada, e Sam aqui, parecia que já tinha o suficiente. Ela se
cansou, sabe? Então sim.
Keifer ainda não parecia estar comprando, com os olhos
arregalados e uma expressão cética no rosto. Ou ele estava apenas
chateado com isso.
— Sam é uma garota legal, chefe — acrescentou Petey. — Eu a
manteria por perto com certeza, toda sinuosa e feroz.
— Ok. — Keifer levantou a mão, sentando-se para frente em sua
cadeira de escrivaninha. — Pare. Você não vai entregar sua colega de
trabalho. Entendi. Agora... — Ele transferiu seu olhar obtuso para mim.
— Que tal obtermos a história real, hmm? — Ele estalou os dedos,
apontando para a cadeira ao lado de onde Petey estava.
Eu dobrei minhas mãos no meu colo. — Petey não teve nada a ver
com esses caras. Ele estava tentando me proteger.
— Estou ciente. Petey não briga a um ano inteiro.
— É? — Petey sorriu.
Keifer lançou-lhe um olhar sombrio. — Que eu tenha visto, quero
dizer.
Petey riu.
Keifer voltou para mim. — Você estava dizendo?
— Esses caras não vieram para o festival por mim, mas agora que
eles sabem que eu trabalho aqui, ou… — Eu tossi. — … Costumava
trabalhar aqui, eles voltarão. Isso é tudo minha culpa.
— Vamos lá. — Adam entrou, seguido de perto por Becky. Cass
ficou no corredor. — Foram quatro contra um. Isso não é justo, e não é
culpa de Sam. Você não pode demiti-la, senhor.
As sobrancelhas de Keifer franziram juntas. Ele recostou-se na
cadeira, enquanto estudava Adam. — E quem diabos é você?
— Oh. Adam levantou a mão. — Eu sou Adam Quinn. Você pode
conhecer meu pai, Steph...
— Tire essa mão do meu rosto. — Keifer levantou, olhando para
mim. — Isso é o que vamos fazer. Você está demi...
— Isso seria um erro.
Mason falou do fundo do escritório. Ele deve ter vindo atrás de mim
e agora se encostou na parede com os braços cruzados sobre o peito.
Todos olhavam para ele. Era como se uma pantera sonolenta tivesse
acordado e todos se lembrassem de que haviam deixado a porta da gaiola
aberta. A tensão percorreu o ar e olhei para Keifer. Seus olhos estavam
trancados em Mason. Ele não conhecia Mason, mas sabia que não era
outro Adam Quinn que tentou afirmar seu domínio com um aperto de
mão fraco. Mason era o negócio real.
Keifer respondeu com um tom mais suave: — E você é?
Mason balançou a cabeça. — Meu nome não importa.
— Então o que importa?
— Você tem uma oportunidade aqui. — Mason apontou para Adam
e Becky, depois para mim. — Se eu fosse você, eu estaria contratando
pessoas da cidade por um motivo e esse é o atrativo que elas podem ter
na comunidade local. É por isso que você contratou Sam e Mark, certo?
Você acabaria indo colocá-los em algum lugar que seus amigos viriam e
sairiam? Gastando dinheiro com comida, jogos e bebida.
— Talvez.
Keifer não estava dando muito, mas Mason também não. Ele
continuou encostado na parede. Ele descansava um pé sobre o outro,
fazendo uma pose casual.
— Aqueles caras que atacaram Sam não são caras com os quais
você quer se aliar — disse Mason uniformemente.
— Quem disse que eu vou?
— Eles são o tipo que vão entrar, ficar bêbados e mijar em todo o
seu lugar. Seu festival será vandalizado e você sabe que estou certo.
Os olhos de Keifer se estreitaram. — Eu não ia deixá-los voltar.
— Demitir Sam é a decisão errada.
As narinas de Keifer se alargaram. — Você já disse. Ainda estou
esperando para ouvir uma boa razão.
— Coloque-a no jardim da cerveja. É aí que ela e Mark queriam
trabalhar em primeiro lugar.
— Todo maldito empregado começa a trabalhar de baixo para cima.
Eu não vou colocar nenhum novato lá. Nenhum garoto novo vai derramar
minha cerveja e foder minha caixa registradora. Você entendeu?
— Então avance rapidamente a orientação — disparou Mason, em
pé agora. Seus braços abaixaram para o lado, mas isso só aumentou a
tensão na sala. Sua voz permaneceu enganosamente calma. — Coloque-
os no jardim da cerveja. Nós iremos vir. E se estivermos aqui, todos os
outros também virão. Quinn está ligado ao grupo rico de malucos e eu
estou ligado ao pessoal da Roussou. Coloque Sam em algum lugar onde
possamos estar para ajudar a protegê-la e você dobrará suas vendas
normais.
— Nós ficamos muito bem nos fins de semana.
— Eu não estou falando dos fins de semana. Estou falando das
tardes. Se você fez sua lição de casa, sabe que há uma boa plateia no
Manny's todas as noites. Essa é a nossa multidão. Nós vamos trazê-los
para cá em vez disso.
Eu amaldiçoei interiormente. Heather adoraria isso.
Keifer parecia estar pensando, seu olhar contornando de mim para
Mason e voltando. Finalmente, depois de um silêncio mais do que
necessário, ele apontou para mim. — Este é seu namorado?
— Sim.
— Aqueles caras foram atrás de você por causa dele?
Como ele...
Ele sorriu. — Quatro em cima de uma garota? É sempre por
vingança se isso acontecer, querida.
Eu corei, mas olhei para ele ao mesmo tempo. — Meu nome não é
querida. É Samantha.
Mason veio para ficar ao meu lado. — Você pode demitir Sam. Isso
é bom. Ela não precisa desse emprego. Mas ela gosta de estar aqui. Faça
o que eu estou sugerindo e, no final do verão, você pode fazer uma grande
festa. Diga a todos que Mason Kade está comemorando em seu festival
antes de voltar a Universidade de Cain para o seu último ano.
A cabeça de Petey virou e Keifer agora ficou estranhamente imóvel,
quase olhando através de Mason. Uma veia saltou ao longo do lado de
sua mandíbula. — O superstar do futebol? Aquele garoto?
— Sim — disse Mason. — Aquele garoto.
Keifer empurrou a cabeça para frente. — Você é aquele garoto?
— Eu sou aquele garoto.
— Há rumores de que seu pai é muito rico também.
— Ele é, e ele vai se casar com a mãe de Sam. Foi assim que nos
conhecemos e é por isso que ela não precisa desse emprego. Você é o
único a perder se demiti-la.
— Agora. — Keifer ladrou essa palavra, inclinando-se para
descansar as mãos em sua mesa. Sua mandíbula se contraiu. — Eu sei
disso agora, mas a verdadeira questão não é se quero perder a chance
dessas vendas extras. É se eu quero lidar com um bando de idiotas pelo
resto do verão. Você não acha que podemos atrair nosso próprio público?
Você não acha que é o que fazemos para um maldito morador, garoto? —
Ele acenou para a porta, nos dispensando. — Deem um fora daqui antes
que eu mude de ideia e traga aqueles caras de volta.
Mason pegou minha mão. — Tudo bem. — Ele me levou para fora
do escritório. Adam e Becky se arrastaram atrás de nós. Encontramos
Matteo e Cass sentados em lados opostos do banco do lado de fora. Eles
levantaram quando nos viram.
— O que aconteceu? — perguntou Matteo.
— Sam foi demitida.
Adam acrescentou à breve explicação de Mason. — O cara é um
idiota. Ele está perdendo uma tonelada de dinheiro. Ele deveria ter
escutado...
Mason o interrompeu. — Onde você estava?
— O quê? — Adam deu um passo para trás.
— Você estava lá. Você poderia ter ajudado.
Os olhos de Adam se arregalaram. Ele olhou para mim, depois para
Becky antes de voltar para Mason. Ele tossiu. — Eu fui pegar o Mark. Fui
eu quem disse para Becky para chamar os seguranças. Ela é a razão pela
qual Petey soube que algo estava acontecendo. Nós não tínhamos ideia.
Eles estavam atrás da tenda e música estava tocando. Nós não
conseguimos ouvir.
Isso era besteira. Petey pode ter se distraído porque ele estava
fazendo o trabalho dele, mas Adam teria notado Caldron antes de passar
entre as barracas.
— É verdade — disse Mark. — Adam veio e me pegou. Ele é mais
rápido que Becky.
Isso estava estranho, mas as bases de Adam estavam cobertas. Eu
tinha outro problema para lidar. Larguei a mão de Mason e me virei para
ele. — Você fez isso de propósito?
Todos pararam. Novamente.
Matteo murmurou atrás de nós. — Porra.
O único que não pareceu surpreso com a minha pergunta foi
Mason. Uma máscara ilegível caiu em seu rosto, e eu sabia que ele estava
se protegendo.
— Sim — disse ele.
— Você sabia que meu chefe seria insultado pela maneira como
você falou com ele. Uma criança dizendo a ele o que fazer, você sabia que
ele me tiraria do trabalho aqui.
— Sim — ele se interrompeu pela segunda vez. — Eu faria de novo
também.
— Uh, pessoal. — Matteo se afastou de nós, guiando Adam e as
meninas. — Talvez devêssemos dar-lhes algum espaço, hein?
Eu estava ciente deles saindo, mas meu sangue ferveu. Eu não
consegui desviar o olhar de Mason. — Por quê? Por que você fez isso?
— Você sabe por quê.
Ah não. Eu balancei a cabeça, balançando um dedo no rosto dele.
— Você não faz isso. Você não suaviza seu tom comigo, como se estivesse
desistindo dessa luta. Você já me sabotou lá. Não recue agora.
— Eu não posso te proteger aqui.
— Você acabou de fazer toda uma discussão sobre que você poderia
fazer isso.
— Eu não posso estar aqui todos os dias.
— Então? Ele poderia me fazer trabalhar à noite, quando você pode
estar aqui.
— Toda noite?
— Sim!
— Todo minuto? Toda vez que você tem que levar o lixo para fora?
Toda vez que você esquecer algo em seu carro e tiver que correr para
pegar? Eu deveria ser sua sombra todas essas vezes?
— Sim! — Por que ele estava lutando contra isso? — Tivemos
ameaças piores.
— Caldron foi atrás de você duas vezes agora. A primeira vez eu
estava bem ali. Ele é pior que Budd Broudou. Ele sabe quem você é. Eu
não posso enganar esse cara, e tanto quanto eu gostaria, eu não posso
estar com você a cada momento. Ele é do tipo que vai ficar à espera, e ele
vai pegar você no segundo em que eu não estiver por perto.
Seus braços estavam tremendo e ele respirou com calma.
— Sam. — Ele deu um passo à frente, tocando meus braços
suavemente. — Esse cara vai te machucar.
Eu procurei seus olhos, tentando ler seu próximo movimento. — O
que você vai fazer?
— Eu vou machucá-lo primeiro.
— Você já machucou.
Mason não respondeu. Talvez este tenha sido o problema? Mason
já o havia derrubado, e Caldron acabou de atacar novamente. Se ele
continuasse vindo, o que poderia ser feito? Eu mastiguei o interior da
minha bochecha, mantendo todas essas perguntas para mim. Se eu
estava pensando nisso agora, eu sabia que Mason já havia processado.
— O que você vai fazer? — perguntei.
— Eu vou cortar seus joelhos para que o filho da puta não possa
andar.
Eu soltei uma risada trêmula. — Parece um bom plano.
Mason riu, seus olhos suavizaram quando ele me puxou contra ele.
Ele cruzou os braços em volta de mim e eu senti seus lábios roçarem
minha testa, ternamente, antes que ele encontrasse meus lábios. Fechei
meus olhos e me deixei derreter naquele beijo até que ouvimos a porta do
escritório abrir.
— Bem, garoto, você me convenceu a manter sua garota por perto.
Mason ficou tenso e levantou a cabeça.
Keifer estava na porta do escritório, de braços cruzados sobre o
peito e um sorriso maroto no rosto. Petey estava atrás dele, mastigando
o interior de sua bochecha.
— Você começa no jardim da cerveja amanhã à noite — Keifer me
disse. — Oito horas em ponto. Petey vai trabalhar com você. — Ele se
virou, deu um tapinha no ombro de Petey e desapareceu no interior.
O plano de Mason tinha acabado de sair pela culatra.

****

Toda manhã, na semana seguinte, eu me levantava.


Todas as manhãs eu ia para uma corrida de uma hora, às vezes
uma hora e meia.
Toda manhã eu me alongava, depois atravessava a rua até a casa
de Malinda e ela me encontrava com café na varanda.
Todas as manhãs sentávamos e olhávamos para o portão duas
casas abaixo.
E todas as manhãs aquele portão permanecia fechado, então eu
começava outro dia com nós no estômago, tensa pelo momento em que
eu a veria.
No final de cada dia, terminava meu turno no jardim da cerveja e
deslizava na cama com Mason. Então eu acordava na manhã seguinte,
pegava meu tênis e começava o processo novamente.
CAPÍTULO QUATORZE
MASON
— James está livre para ver você agora.
Eu dei à recepcionista do meu pai um olhar superficial quando
passei por ela. Ele foi quem me ligou, então sim, é melhor que ele esteja
livre. Mas a nova garota parecia oprimida, apesar de sua saudação
profissional.
— Mason.
Meu pai começou a ficar de pé, mas eu balancei a cabeça e joguei
alguns papéis em sua mesa.
— O que é isso? — ele perguntou.
— Essas são as ideias promocionais e planos que Adam Quinn e
eu juntamos para a abertura do hotel, e desculpe, papai... — Eu caí no
assento em frente a ele. — Odeio te dizer isso, mas durante todo o tempo
que passei com ele, eu não senti nada de ilegal. Ele é irritantemente
agradável de se trabalhar e felizmente apaixonado por sua mulher. É tudo
o que tenho.
Ele franziu a testa, inclinando-se para trás com os papéis na mão.
Ele os examinou. — Nada?
— Nada. — Eu me inclinei para frente, descansando meus
cotovelos nos meus joelhos. — Mas eu não sei o que você estava
esperando que eu fizesse. Quinn e eu não somos próximos. — E
lembrando do fiasco da noite anterior no jardim de cerveja do festival, eu
acrescentei: — E isso nunca vai acontecer.
— Por que não? — Ele deixou cair os papéis de volta em sua mesa.
Sua boca se achatou em uma linha de desaprovação. — Eu preciso de
algo para dar ao prefeito. Você tem que cavar mais fundo em Quinn.
— Eu não sou um investigador particular. Você tem uma equipe
inteira de pessoas à sua disposição. Use um deles.
— Você acha que eu não tenho feito? — Sua voz subiu.
O mesmo aconteceu com a minha. — Eu sou seu filho, não sua
prostituta.
Sua mão bateu na mesa e ele se levantou da cadeira. — Você me
deve Mason. Você e Logan, os dois. Meus investigadores não encontraram
nada, mas isso não significa que não esteja lá. Stephen Quinn adora seu
filho.
Eu fiz uma careta. Não era assim que me lembrava. — Você tem
certeza? Sam viu uma troca entre Quinn e seu pai há alguns anos atrás.
Não havia amor entre eles, ou foi assim que ela descreveu.
Ele acenou com a mão no ar, descartando a noção. — Ele teve um
ataque cardíaco no ano passado. Aparentemente, ele viu a luz, e agora
ele não pode esperar que seu filho se junte oficialmente à sua companhia.
O menino deve se casar também, como parte do acordo.
— Espera. O que você disse?
— O quê?
— Você disse que ele deveria se casar como parte de um acordo?
Um negócio?
— Eu acredito que sim. Por quê?
— Porque ele acabou de propor para a namorada.
— Hmmm...
Meu pai não pareceu surpreso.
— Você não acha que é genuíno? — Isso não poderia ser. — Eu sei
quando ele transa. Ele vem para o trabalho assobiando, e eu poderia dizer
as duas vezes que eles discutiram. Essas foram as únicas duas vezes em
que eu não quis dar um soco nele por ser irritante. Ele está apaixonado
por Becky Sullivan.
— Onde vocês estão trabalhando?
— Por quê? — A cautela repentina se elevou.
— Porque Maxine ligou e perguntou se você e Adam precisavam de
alguma coisa. Ela está com a impressão de que você terminou seu
planejamento porque você não esteve lá na semana passada.
Dei de ombros, me recostando. — Nós encontramos um obstáculo,
tivemos que mudar nosso escritório para outro lugar.
— Onde mais?
— Com o que você se importa? Estamos fazendo o trabalho. Temos
três eventos confirmados e, sim, concordei em usar meu nome para todos
os três — além de uma entrevista de rádio. Você vai se estressar porque
não estamos fazendo os planejamentos onde você quer?
— Sim — ele latiu. — Onde vocês estão trabalhando?
— Estamos no country club pela manhã. — Estávamos em algum
outro lugar à tarde, já que Sam tinha que começar a trabalhar às duas.
— E ela disse que vocês saem à uma e meia todos os dias. Aonde
vocês vão?
— Estamos em algum lugar onde posso vigiar Sam. Isso é tudo.
Meu pai olhou para mim, e um minuto inteiro de silêncio se passou
antes que ele perguntasse: — Por que você tem que vigiar Samantha?
— Pai. — Eu segurei um aviso na minha voz e comecei a me
levantar. — Eu não vou falar sobre Sam. Isso é problema meu.
Ele se levantou comigo, com a cabeça abaixada como se
estivéssemos prestes a entrar em uma batalha. — Ela é filha da mulher
que eu amo. Eu sei que ela é a mulher que você ama, mas eu também
me envolvo.
— Por causa de Analise?
— Porque vocês dois a amam, Logan também. Agora me diga o que
está acontecendo.
Eu deveria?
Pela primeira vez desde que eu não conseguia lembrar, olhei para
o meu pai e considerei dar uma abertura. Eu não fui forçado a pedir um
favor — não há dois anos, quando precisávamos de ajuda para lidar com
um cara indo atrás da namorada de Logan.
Todo o ódio e aversão que eu costumava sentir por meu pai se foi,
e uma pequena quantidade de respeito tomou o seu lugar, mas eu ainda
não conseguia dizer as palavras. Eu ainda não confiava nele o suficiente.
Ele suspirou, como se sentisse minha batalha interna. — Mason,
eu sei que eu fui um idiota como pai. Eu deixei você se criar e a seu
irmão. Eu sabia o efeito que minha traição tinha em sua mãe, e eu ainda
assim fiz. Eu nunca entrei e a chamei de negligente, porque isso
significava que o motivo de sua negligência tinha que ser discutido. —
Ele desviou o olhar e enfiou as mãos nos bolsos. — Eu sinto muito. —
Ele olhou de volta, com uma dor crua em seu rosto. — Eu sei que me
desculpei antes. Eu sei que tentei te mostrar que sou um homem
mudado, e também sei que nunca poderei forçar você a me aceitar de
volta em sua vida. Mas você não precisa fazer nada disso. Você faz esse
estágio por causa de sua necessidade de negócios. Eu entendo isso, e fico
feliz que você esteja aqui. Eu não queria que fosse de outro jeito. Me
machucaria se você tivesse ido para uma empresa diferente. Então, eu
não sei. Talvez você possa me dizer o que está acontecendo porque eu te
amo? Nenhum toma lá da cá. Nenhuma chantagem. Nada. Só quero
ajudar se puder.
Eu o estudei. Ele poderia estar mentindo. Ele poderia usar isso
contra mim no futuro. Se eu ia me abrir, ele também iria.
— Quando Analise vai se aproximar de Sam? — perguntei.
— O quê? — Ele inclinou a cabeça para o lado. — O que você quer
dizer?
— Você sabe o que eu quero dizer. Ela está aqui. Ela sabe que Sam
está aqui. Quando ela vai fazer ela se mudar?
Ele balançou sua cabeça. — Analise prometeu a Malinda um ano
atrás que voltaria. Está tudo de acordo com a vontade e tempo de Sam.
Quando e se ela quiser falar com ela, Analise está pronta, mas cabe a
Sam. Ela disse isso para Malinda, e ela falou sério. Por quê?
Porque minha namorada está se esfarrapando, preocupada com
quando Analise vai aparecer na nossa porta. Porque ela pula toda vez que
alguém bate na porta. Porque eu estou cansado de pegá-la olhando pela
janela para ver se ela vai ver Analise andando pela calçada.
Coloquei minhas mãos nos bolsos e levantei um ombro. —
Nenhuma razão. Nós estávamos apenas imaginando.
— Tem certeza?
— Sim.
— OK. Bem, se você quiser me dar uma pista sobre porque você
tem que vigiar Sam durante a tarde, eu apreciaria isso. — Ele ergueu as
mãos. — Mas eu não vou forçá-lo. — Ele esperou uma batida, um meio
sorriso levantando o lado de sua boca. — Tem sido bom ter você
trabalhando para mim. — Ele acenou para a pilha de papéis em sua
mesa. — Obrigado por tudo isso. Eu sei que a cerimônia de abertura será
um grande sucesso, e não porque você está emprestando seu nome, mas
por causa do trabalho que você fez. Você e Adam Quinn.
Eu estremeci. — Não dê crédito a esse cara.
— Por quê? Ele não está fazendo o seu quinhão?
— Não, porque ele está. — Eu me virei para sair e acrescentei por
cima do meu ombro. — Isso é o que é chato nele.
Eu ouvi a risada do meu pai quando saí, e pela primeira vez em
muito tempo, eu não odiei o som.
CAPÍTULO QUINZE
SAMANTHA
— Se você queria trabalhar atrás de um bar, eu poderia ter te posto
com Brandon. Você não precisava se juntar ao meu concorrente.
Era final da tarde e eu estava lavando um copo quando Heather se
sentou no banquinho solitário que tínhamos no balcão. Estava lá para a
equipe descansar enquanto aguardava o recebimento de seus pedidos. O
resto dos clientes tinha que subir, pegar suas cervejas e sentar em uma
das trinta mesas de piquenique montadas do lado de fora da tenda da
cervejaria.
Abaixei o copo e peguei uma cerveja automaticamente. Deslizando-
a através do balcão para ela, eu disse: — Você sabe que sinto muito.
— Eu sei. — Ela tomou a cerveja. — E você já explicou, mas eu não
posso facilitar.
Eu atirei-lhe um sorriso triste. — Eu me sinto uma idiota.
— Como você deveria. — Ela sorriu de volta. — Só estou brincando,
eu tenho que reclamar.
— Mas ainda assim... é o seu negócio.
Ela encolheu os ombros. — Vai ficar tudo bem. Sua segurança é
mais importante, e não é sua culpa que seu namorado tem influência
suficiente na comunidade para atrair pessoas de um negócio para outro.
— Ela fechou os olhos, um sorriso suave no rosto. — Oh, como seria ter
uma melhor amiga normal com um namorado normal.
— Cale a boca. — Mas eu estava rindo.
— De verdade, no entanto... — Ela abriu os olhos para olhar para
mim. — Eu só quero que você esteja segura.
— Eu sei, e acho que estou. — Eu olhei ao redor das mesas
ocupadas. Heather estava certa. O grupo que estava no Manny's mudou
com Mason para o jardim da cerveja. Não foram apenas os nossos colegas
— aqueles que ficaram em casa depois do ensino médio ou os que
estavam em casa apenas para o verão, — mas também o resto de Fallen
Crest. Channing tinha parado algumas vezes, mas ele permaneceu perto
do Manny’s, então Heather não estava sofrendo tanto quanto ela estava
me provocando. Eu sabia que a maioria da multidão da Roussou tinha
tomado o Manny’s como seu novo local. O que me fez pensar: — Se
Channing está dirigindo seu próprio bar, por que ele está tanto em Fallen
Crest?
— Ele está gerenciando com o primo. Channing pega as horas de
dia e o Scratch fica com as noites.
— Ele traz muitas pessoas com ele. Por que eles não ficam em
Roussou e vão ao bar dele?
— Porque Channing não está lá. — Ela disse isso tão simplesmente.
— E porque o bar dele é voltado para uma multidão mais dura. É um bar
hardcore de motoqueiros.
— Mesmo?
Ela assentiu. — Vai diminuir nos meses de inverno. Ele está aqui
por minha causa agora, e eu estou aqui por causa das horas de verão.
Então todo o pessoal do verão sairá e Manny's voltará ao normal. Eu
posso tirar mais algumas noites de folga. — Ela revirou os olhos. — Além
disso, Channing tem sua própria atração agora por causa de sua luta.
Eu espero que ele pare no outono.
— Mesmo? — Eu me senti como um papagaio.
— Eu não estou aqui para falar sobre meu relacionamento e
negócios — anunciou Heather. — Estou aqui para verificar você. — Ela
olhou para a mesa distante onde Mason e Adam montaram
acampamento, laptops, livros e cadernos espalhados entre eles. — Como
vai isso?
— O que você quer dizer? Que Mason está aqui para me proteger
do Caldron? Que ele e Adam estão trabalhando juntos aqui, ou o fato de
que eles estão trabalhando juntos?
— Qualquer um desses e tudo isso.
Um cliente apareceu e eu comecei a preencher o pedido, mas não
pude deixar de olhar para a mesa de Mason. Depois do ataque de
Caldron, o resto da semana parecia quase chato. Eu trabalhava no jardim
da cerveja todas as noites, e depois que as primeiras passaram sem
nenhum incidente, Petey relaxou. Ele percebeu que eu não iria estragar
as coisas para ele, e o resto dos trabalhadores me aceitaram assim que
souberam que um aumento em suas gorjetas veio comigo.
Até Keifer parou de vir e nos encarar todas as noites. Ele ainda
vinha, mas ele apenas olhava metade do tempo. A outra metade ele
passava discutindo com Petey ou rindo com meus colegas de trabalho.
Ele não tinha checado hoje. Ainda. Ele iria, e toda vez que ele fazia, ele
olhava para Mason por uns bons dez minutos. Mason olhou de volta na
primeira noite, mas quando Keifer não fez nada, Mason parou de prestar
atenção. Ou foi assim que pareceu a todos os outros. Eu sabia que ele
estava em alerta total, e não apenas por causa do meu chefe. Ele estava
esperando o próximo movimento de Caldron. Até agora nada havia
acontecido.
Até agora.
Ia acontecer, e eu sabia que Mason também estava contando as
horas até que Nate chegasse. Ele deveria estar entrando na cidade a
qualquer momento.
— As coisas estão bem — eu disse a Heather.
— Mesmo? — Seus olhos encontraram os meus.
Dei de ombros, preenchendo outro pedido. — Bem, eu posso dizer
que Mason ficará aliviado por ter Nate aqui também.
Heather balançou as sobrancelhas. — Onde está o gostoso
havaiano?
— Você deveria saber. Ele passa mais tempo com vocês do que com
a gente.
Isso não era totalmente verdade. Ele ficou preso ao lado de Mason
como cola nos primeiros dois dias após o ataque de Caldron, depois
começou a ir para Roussou mais e mais depois disso. Uma certa loira que
estava envolvida perto dele na noite de luta de Channing continuava
chamando. Não era preciso ser um gênio para descobrir que ela estava
envolvida com ele de uma forma mais consistente.
Heather bufou. — Certo. Ele aparece pela buceta, depois que ele se
satisfaz, ele sai para encontrar vocês. — Ela se virou para a mesa de
Mason. — Ele não está aqui e eu sei que ele não está com a equipe de
Channing. Ele deve estar com a Tiffany.
— Esse é o nome dela?
— Sim. Ela não é ruim, na verdade. Mas eu não acho que ela
percebe que ele está indo para Cain em algumas semanas para o futebol.
— Mesmo?
— Ela não mencionou isso e eu a conheço. Se ela soubesse que seu
novo garoto-brinquedo é um grande jogador de futebol, essa seria a única
coisa da qual ela falaria. — Heather ficou pensativa, as sobrancelhas se
juntando. — Por que ele não foi para o profissional?
— Ele voltou para jogar mais um ano com Mason.
— É?
Eu balancei a cabeça e deixei por isso mesmo. Matteo também teve
uma namorada que quebrou seu coração no ano passado. Ela voou por
todo o país para fazer Direito em Columbia, enquanto ele permaneceu na
Califórnia. Ele ficou com o coração partido novamente quando percebeu
que estava solteiro e Logan não estava.
Enchi três copos de plástico com cerveja. — Acho que ele espera
ser convocado pelo mesmo time, mas as chances são baixas. — Eu não
acho que ele esteja animado para se separar. Eles vão aproveitar o último
ano juntos na equipe.
Heather parecia que ia responder, mas depois se distraiu quando
Becky, Cass e três outras garotas atravessaram o jardim da cerveja para
se sentar à mesa de Mason e Adam.
— Que porra é essa? — Heather murmurou.
Eu esperei, sorrindo. Eu sabia o que aconteceria a seguir.
Mason não lhes deu uma olhada, apenas apontou um polegar por
cima do ombro para a mesa de piquenique atrás dele. Uma a uma, as
garotas se levantaram, todas com carrancas variadas, e atravessaram
para se sentar naquela mesa. Aconteceu quase todas as noites quando
Becky e suas amigas chegavam. Elas sempre foram enviadas para a sua
própria mesa.
Eu balancei a cabeça. — Você pensaria que elas aprenderam. —
Elas nunca aprendem.
Heather não respondeu, e eu olhei para vê-la em um olhar aquecido
com Becky. Becky estava se segurando sozinha. Eu esperava ver minha
velha amiga pálida e tremendo, mas ela não estava. Seus olhos estavam
arregalados, seus lábios pressionados em uma linha determinada, e ela
estava sentada em linha reta.
Se ela fosse minha amiga, eu ficaria orgulhosa.
Mas ela não era.
— Sam.
Eu me virei e fui para o lado oposto do balcão, onde Petey acenou
para mim.
— O que se passa? — perguntei.
Ele colocou cinco copos de plástico na minha frente, junto com
duas jarras de cerveja cheias. — Leve isso para aquelas garotas que
acabaram de sentar atrás do seu namorado.
— De jeito nenhum. — Cruzei meus braços sobre o peito. — Estou
atrás do balcão, não do outro lado, e elas não pediram. Desde quando
você dá cerveja de graça?
— Olhe em volta. Estamos mais lentos do que o normal. Precisamos
que essas garotas liguem para suas amigas. Dar bebida de graça a
gostosas ajuda nas vendas.
— Vocês estão muito bem com as vendas. — Graças a mim. Graças
a Mason.
Ele cutucou os copos mais perto de mim. — Eu tenho observado
essas garotas. A ruiva vai ficar tanto quanto o amigo do seu namorado.
Uma vez que Mason e aquele cara terminarem de trabalhar, eles vão
decolar, e isso significa que a namorada de Mark também vai querer sair.
Você está certa. Nossas vendas aumentaram, mas triplicaram na noite
em que as garotas ficaram e você quer saber por quê? — Ele se
aproximou. — Porque ligaram para seus amigos ricos, que não tiveram
problemas em gastar centenas de dólares em nossa cerveja. Seu garoto
foi fiel à sua palavra. Ele trouxe as pessoas, mas esse grupo, em
particular, não tem nenhum problema em queimar dinheiro. — Ele bateu
na jarra. — Leve a cerveja grátis para elas, e tente sorrir quando você for.
Eu dei a ele uma olhada. — Por que eu? Por que você não faz isso?
— Porque essas são suas pessoas.
Eu bufei. Mal sabia ele, mas peguei o jarro e os copos e saí de trás
do balcão, indo até elas. Nenhuma chance no inferno que eu iria sorrir.
Eu me certifiquei de que minha carranca fosse perceptível quando
coloquei a cerveja na mesa delas.
Cass revirou os olhos. — Servir com um sorriso, Sam. Não é esse o
lema?
Becky estava focada em Adam, mas ela olhou em volta com a
menção do meu nome. Ela se levantou, correndo para pegar uma jarra.
— Sam não precisa fazer isso. Ela não é uma garçonete. — Uma das
outras garotas separou os copos e Becky começou a enchê-los. — Isso foi
de graça? Obrigada, Sam.
— Oh, não. — Eu apontei para Petey. — Isso foi tudo dele. Ele me
fez trazê-las. Eu não queria dar a vocês nada de graça, mas agora vocês
têm boa bebida. Espero que fiquem bêbadas e vomitem em todos os
carros dos seus namorados.
— Eu ouvi isso. — Mark veio atrás de mim, com sua camisa de
uniforme do festival na mão.
— Terminando o dia? — perguntei.
Ele assentiu, seu olhar cauteloso.
— Oh bom. Você pode ficar bêbado também. Ordens de Petey.
Mark me olhou por alguns segundos. — O que você tem? Você está
sendo malvada.
Eu abri minha boca. Eu não estava tão… eu estava. Meu pescoço
aqueceu e soltei um suspiro silencioso.
— Peço desculpas a você, mas não a elas. — Ele sabia a quem eu
me referia. — Sua namorada tem sido uma vadia para mim há anos, e eu
tenho dificuldade em deixar as pessoas voltarem uma vez que viraram as
costas para mim.
Sem olhar para a mesa, voltei ao balcão. Meus olhos encontraram
os de Mason por um momento fugaz, e eu passei um dedo por seus
ombros quando passei.
Heather me deu um olhar conhecedor quando voltei para ela,
comentando: — Isso foi entretenimento. Precisamos agendar mais desses
passeios.
— Foda-se. — Eu ri.
— Sam?
Eu fiquei tensa, mas me virei. Se Becky tivesse um chapéu, estaria
nas mãos dela.
— O quê? — Eu me preparei.
— Podemos conversar? — Seus olhos voaram para Heather, então
ela acenou para longe das mesas. — Em particular?
— Não.
Voltei a trabalhar, pegando uma toalha para limpar o balcão.
— Por favor?
Eu continuei trabalhando.
Ela ficou parada ali.
Ignorar. Essa é a melhor defesa, às vezes, mas depois de um minuto
inteiro, onde eu limpei três outros balcões, Becky ainda estava lá. A tática
ignorar não estava funcionando.
Joguei o pano na pia e franzi a testa. — O que você está fazendo,
Becky? Eu não sou a Sam que eu era quando éramos amigas. Eu não
sou passiva. Eu não aceito mais merda. — Meu peito estava ficando
apertado. — Eu não sou mais legal.
Heather pulou em silêncio: — Sim, você é.
— Não ultimamente. — Eu lancei-lhe um olhar. Esta não era a luta
dela.
Ela levantou as mãos, inclinando-se para trás em seu banquinho.
Os ombros de Becky se ergueram quando ela inspirou. — Você
terminou?
— Não! — Eu gritei, então saí de trás do balcão. — Siga-me. —
Quando chegamos atrás da tenda do jardim de cerveja, eu me virei e
cruzei os braços sobre o peito. — O que você quer?!
— Você é um dos meus momentos.
— O quê?
Ela olhou para baixo e sua voz se acalmou. — Adam me perguntou
no ano passado sobre meus cinco principais momentos lamentáveis.
Você era um deles.
Eu só podia olhar para ela. Eu sabia do que ela estava falando, e
meu Deus, eu estava tendo dificuldade em me conter. Eu fechei meus
olhos. Meu sangue ferveu e comecei a contar até dez.
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4
— Você está brincando comigo?!
Becky recuou.
— Você sabe o que eu passei no nosso primeiro ano? Você tem
alguma ideia? — Eu levantei a mão, todos os meus dedos se espalharam.
— Cinco pessoas se voltaram contra mim naquele ano. Minha mãe. Meu
pai. Minhas duas melhores amigas. E meu namorado. Todos eles me
deixaram! — Eu levantei um dedo na minha outra mão. — Você a sexta.
Você foi a minha salvação, até que o cara que você tinha uma queda te
fez escolher. Você o escolheu sobre mim. — Meu sexto dedo se enrolou
com os outros. — Você me deixou quando eu não tinha ninguém.
— Naquele ano você começou a namorar Mason.
— E graças a Deus eu o tive! — Eu registrei um movimento do canto
do meu olho, mas eu não podia parar. Agora não. Não mais. — Minha
família explodiu naquele ano e sim, eu consegui outra. Mason e Logan se
tornaram minha família, e as coisas estão bem, mas agora você quer
voltar?
— Sim.
Sua voz era mansa.
Eu recuei, sacudindo a cabeça.
O rosto dela se contorceu. — Eu sinto muito, Sam. Eu realmente
sinto.
— Mas é muito tarde. Eu deixei você voltar. Eu te dei uma segunda
chance, e você o escolheu sobre mim. De novo. — Eu me virei para voltar,
e Adam ficou lá, com o olhar aflito. Cass, Mark e tantos outros se
alinharam atrás dele. Eu tive que rir. — Vocês todos vieram para o show?
Bem, desculpe. O show acabou. — Eu me movi para frente, pronta para
avançar, mas todos eles se moveram para o lado. Quando voltei para o
meu lugar atrás do balcão, Mason esperava por mim. Seus olhos me
pararam, e foi quando eu soube.
Eu não estava gritando com Becky agora.
Eu estava gritando com minha mãe.
CAPÍTULO DEZESSEIS
Petey ficou longe. Graças a Deus, mas ele era o único.
Eu ainda estava de pé no balcão, sem saber o que fazer, quando
Adam atravessou a abertura da tenda.
— Obrigado. — Sua mandíbula se apertou.
Eu olhei para cima, me sentindo assombrada. Eu não perguntei o
porquê.
— Ela está querendo sua amizade de volta desde o momento em
que ela soube que perdeu. Eu tenho dito a ela para deixar para lá. Ela
não quis, no entanto. Ela continuou esperando e rezando. É por isso que
eu queria você no nosso noivado. Ela queria aquele momento, porque se
houvesse alguma chance, eu achei que estaria lá. Você estava em um
evento do qual ela se lembrará pelo resto da vida. Você não vai se lembrar.
— Ele procurou Mason com um olhar. — Eu não tenho nenhuma dúvida
de que você esquecerá tudo sobre nós quando você for para as grandes
ligas, mas ela vai se lembrar. — Ele se inclinou sobre o balcão, mais perto
de mim. — Eu ajudei a tirar um pouco desse arrependimento. Ela tentou
ser sua amiga e o que você fez em troca? Você cuspiu nela. Vá se foder,
Samantha.
— Ei. — Mason encarou-o diretamente.
Heather ainda estava sentada em seu banquinho, me observando.
O dedo de Adam caiu com força no balcão. — Deste dia em diante,
quero que você não tenha nada a ver com Rebecca. Você entendeu?!
Heather grunhiu, girando seu banquinho para que ela também
enfrentasse Adam. — Você está louco? — ela murmurou.
Seus olhos estavam aquecidos e dilatados, e as pontas das orelhas
rosadas. Ele a encarou. — Como?
— Você. — Heather franziu o cenho para ele. — Você está louco? É
o que estou perguntando.
— O quê?
— O quê? — Ela zombou dele num acesso de raiva antes de se
levantar. — Quem trabalha aqui? Quem veio aqui? Quem continuou a
procurar a outra? Quem é que pede por amizade sem fazer nada para
ganhar?
Ela se aproximou a cada pergunta. Se ela desse mais um passo à
frente, estaria tocando nele. Ela inclinou a cabeça para cima. Ela não
dava a mínima como ele estava sobre ela, literalmente olhando para
baixo.
— Você não tem nada a ver com Sam — ela disse a ele. — Sua
namorada não deveria ter nada a ver com ela. Nem Sam. Ela não fez nada
para merecer seu tratamento, e é melhor você agradecer aos idiotas que
Mason bateu no mês passado porque eles são a única razão pela qual
você não está inconsciente agora.
Ela se virou para Mason. — Entendi. Você tem uma cota de nocaute
mensal ou algo assim?
Mason não respondeu, mas um lado de sua boca se levantou.
Adam espetou a todos nós com um olhar. — Eu deveria saber que
nada mudou. Aqui eu pensando que todos nós tínhamos passado pela
merda do ensino médio.
Ele se virou para ir, mas Mason estava bem ali, bloqueando-o.
— O que você achou que estávamos fazendo?
Os olhos de Adam se estreitaram. — Do que você está falando?
— Você parece ter ficado com a impressão de que éramos amigos?
— Oh, por favor. — Adam começou a se mover ao redor de Mason,
mas Mason ficou na frente dele. Adam soltou um suspiro, erguendo os
braços em um gesto impotente. — O que você quer? Sim, eu fui o idiota.
Agora estou percebendo que não houve promessas de amizade.
— Você acabou de perceber isso?
Mason estava frio como pedra, sem reação ou emoção aparecendo
em seu rosto. Sua mandíbula esculpida era firme e seus olhos estavam
quase mortos. Mesmo que eu estivesse me contorcendo debaixo dele
nesta manhã, outro arrepio sensual deslizou pela minha espinha. Era
estranho, mas eu o queria tanto nesse momento.
— Sim. Acabei de perceber. Feliz agora? — Adam cuspiu.
Becky e Cass chegaram na entrada da tenda da cervejaria e Adam
olhou por cima do ombro de Mason. — Estou indo. Eu só tinha que pegar
alguma coisa.
O rosto de Becky estava molhado de lágrimas e Cass tinha uma
mão no ombro dela.
Me senti chutada no estômago e a luta me deixou.
Becky foi uma boa amiga, do jeito dela. Ela nunca me apunhalou
pelas costas. Já era hora de passar por isso. Eu saí de trás do balcão. —
Becky — eu comecei.
Seus olhos se arregalaram enquanto os de Cass se estreitavam. —
Pare aí — disse Cass. — Você causou dano suficiente. Obrigada.
Ignorando-a, perguntei a Becky: — Podemos conversar? Por favor.
A cabeça dela se sacudiu com um aceno de cabeça e ela enxugou
as lágrimas do rosto.
Eu fui para uma mesa distante. Estava vazia e eu não conhecia
ninguém sentado nas mesas vizinhas. Becky sentou na minha frente,
seus movimentos cautelosos e lentos. Eu notei e torci minhas mãos
juntas no meu colo.
Ela cruzou as mãos, colocando-as sobre a mesa na frente dela.
Seus ombros pareciam encolher de tamanho. — O que mais há a dizer?
— Seu timing é uma merda.
Uma risada dura veio dela. — Não se segure, Sam. Por favor.
— Minha mãe está de volta à cidade. Você sabia disso?
Sua cabeça estava abaixada. Ela levantou agora, seus olhos
encontrando os meus. Eu tentei não estremecer com a compaixão que
inundou seu olhar. Tentei. A culpa cobriu minhas entranhas e eu falhei.
— Ela voltou no ano passado, mas eu a tenho evitado desde então.
— Por isso você ficou na Cain no verão passado?
Eu assenti. — E porque eu mal estou aqui para as férias. Tudo isso
foi por causa dela.
— Mas você está aqui o verão inteiro agora?
Eu balancei a cabeça novamente. — E ela também.
— Ela disse alguma coisa para você?
— Não. — Talvez a piada fosse comigo? — Essa é a parte engraçada.
Eu vi seu SUV e sabia que ela estava nele, mas isso foi tudo. Todo dia eu
estou esperando ela aparecer, como se ela fosse me atacar ou algo assim.
— Eu passei a mão no meu rosto. — Estou bem tensa e você é quem eu
atingi. Desculpe por isso.
— Por isso? — Uma carranca macia marcou suas feições. — Mas
não…
— Mas não pelo resto. Você não pode enganar alguém para que
seja seu amigo, especialmente se houver problemas. De repente eu me
encontrei no seu noivado, mas eu não pedi para estar lá. Fui colocada no
local para te parabenizar, e fui sincera, mas agora vocês estão aqui, e
estão vindo para mim como se fôssemos amigos o tempo todo. Se você
realmente quer ser minha amiga de novo...
Ela se inclinou para frente. — Eu quero. Eu realmente quero.
— Então você precisa perguntar se podemos. E você precisa
respeitar minha resposta, seja qual for.
— Oh. — Seu olhar caiu na mesa novamente.
— Não é que eu não queira.
— Sim? — Ela olhou para cima novamente, com esperança em seus
olhos. Ela começou a sorrir.
— É que eu preciso de tempo.
— Oh. — O sorriso caiu.
Ela começou a se levantar, então eu cobri as mãos dela com as
minhas. — Eu fui esfaqueada nas costas por tantas pessoas na escola,
que isso causou alguns danos dentro de mim. Eu só fui capaz de confiar
em Mason, Logan e Heather nos últimos anos. — Apertei suas mãos
gentilmente. — Mas mais pessoas me mostraram que eu podia confiar
nelas, e isso não significa que eu não possa dar espaço para você
também.
Gelo correu pelas minhas veias. Quanto mais eu falava, mais medo
se espalhava por mim.
— Eu só preciso de tempo. Isso é tudo.
Ela assentiu e suas lágrimas caíram em nossas mãos. — Eu posso
dar isso para você. Obrigada, Samantha.
Ela saiu e, um momento depois, Mason e Heather vieram e
sentaram comigo.
— Eu acabei de cometer um erro? — perguntei.
Mason não respondeu. Ele apenas segurou minha mão debaixo da
mesa.
Heather encolheu os ombros. — Porra, se eu sei. Ela era sua amiga
na escola.
Suspirei e por cima do ombro ouvi: — Uh... este é um mau
momento para anunciar minha incrível chegada?
Eu me virei para ver Nate chegando com Matteo. Ambos tinham
sorrisos tortos. Nate abriu os braços.
— Vamos lá, pessoal. Eu sei que vocês querem se alinhar para
abraçar esse filho da puta aqui. Não sejam tímidos. Minha grandiosidade
é contagiante. — Ele piscou.
Mason se levantou, balançando a cabeça. — Você estava no
telefone com Logan, não é?
— Porra, claro, Mason. Venha cá, seu lindo filho da puta.
Os dois se apertaram em um abraço de urso. Heather e eu o
abraçamos depois, em seguida voltamos para que Mason, Matteo e Nate
pudessem conversar, e um segundo depois, eles estavam rindo como
namoradas risonhas.
Observando-os, vendo o amor entre Mason e Nate, eu não pude
deixar de lembrar como Nate estragou tudo. Ele me tratou mal em alguns
momentos do colegial, ficou do lado de sua fraternidade contra Mason no
começo, e eu sabia que ele fez outras coisas, mas Mason sempre o
perdoou. Eu perguntei a ele uma vez por que ele fez isso, e sua resposta
foi simples: — Porque ele estava lá para mim no meu pior.
Becky estava lá no meu pior.
Talvez o perdão real fosse a coisa certa a fazer, e quando meu
interior aprovou essa decisão, o aperto no meu peito aliviou.
CAPÍTULO DEZESSETE
Eu senti Mason entrar no quarto.
Minhas costas estavam viradas enquanto eu olhava pela janela,
mas eu sabia que estava certa quando ouvi o clique da porta fechar.
— Você está bem? — Ele perguntou.
Eu não tinha razão para não estar, mas não estava.
— Estou tentando lembrar por que odiamos tanto Becky e Adam
no ensino médio. Eu não me lembro. — Eu me virei, me abraçando. —
Eu senti a raiva. Foi aquele surto. Foi impressionante. Mason, eu não me
sinto assim desde a minha mãe, desde que me mudei com você e Logan
em primeiro lugar. Eu... O que estava acontecendo comigo?
— Estamos mais velhos. As feridas ainda estão lá, mas eu entendo.
— Ele deu de ombros. — Eu tenho tido dificuldade em lembrar porque eu
odiava tanto Quinn também. Quer dizer, eu lembro quando ele tentou
tirar você de mim, mas o cara tem sido fácil de trabalhar. Estou feliz que
ele tenha te visto hoje à noite. Foi um bom lembrete. Esse é o cara que
eu odiei. — Ele sentou na beira da cama. — Eu queria bater nele.
— Sim. — Eu me mudei para sentar com ele. Ele se inclinou para
trás, suas mãos encontrando minhas pernas e me ajudando a montá-lo.
— O que você está fazendo aqui? Nate está de volta.
— E ele está conversando com Matteo.
Uma de suas mãos se moveu sob a minha camisa. Senti seu calor
nas minhas costas e estremeci.
Ele se inclinou para mais perto de mim. — Eu queria verificar você
de qualquer maneira. — Sua boca se aninhou sob o meu queixo. Sua
respiração fez cócegas e me aqueceu ao mesmo tempo.
Fechei meus olhos, já sentindo as sensações de estar perto demais
de Mason causando estragos em mim. Meu corpo aqueceu, e tremores
começam a se formar no meu estômago. Eu estava um pouco sem fôlego
quando inclinei minha cabeça para frente, meus lábios procurando pelos
dele.
Isso.
Ele respondeu com seus lábios encontrando os meus.
O beijo foi um toque gentil e depois aplicou mais pressão.
Minha necessidade estava aumentando e me afundei em seu colo.
Suas mãos se moveram ao redor da minha caixa torácica, deslizando para
cima e sob o meu sutiã. Ele segurou meu peito, seus dedos descansando
ao lado do meu mamilo. Eu queria que ele tocasse, esfregasse, agitasse.
Ele esperou, nosso beijo se aprofundando. Eu abri minha boca e sua
língua tocou a minha, assim como seus dedos roçaram meu mamilo.
Eu surtei em seu colo, me moldando quase completamente a ele.
Ele estava me provocando. Eu gemi, só querendo mais. Eu sempre quero
mais.
— Sam. — Ele puxou de volta, mas manteve a mão no meu peito.
A outra foi para o meu quadril, e ele me empurrou para baixo para que
eu pudesse senti-lo através de suas calças. Por que ainda estávamos
vestidos?
— Hmmm? — Eu alcancei seus lábios novamente. Eu só os queria
no meu.
Ele ficou tenso quando minha boca encontrou a dele novamente, e
rosnou: — Porra.
Sua mão livre mergulhou em minhas calças, e dez minutos depois,
Mason estava acima de mim.
Eu passei meus braços ao redor de seu pescoço, sentindo-o em
todos os lugares, e quando ele empurrou para dentro de mim, eu sabia
que toda a conversa estava terminada.
*******************
MASON
Eu deslizei do quarto depois que Sam adormeceu. Quando entrei
na cozinha, Nate estava esperando com uma cerveja na mão para mim.
— Matteo decolou. Algo sobre uma garota esperando por ele?
— Ele tem uma garota em Roussou. — Eu peguei a cerveja dele,
gesticulando para irmos para fora.
Ele assentiu, e uma vez lá fora, nos sentamos ao redor da fogueira,
embora não houvesse fogo. Era apenas nós dois, bebendo cerveja na
escuridão total.
Foi quando Nate perguntou como eu sabia que ele iria. — Então, o
que está acontecendo?
Eu contei a ele sobre meu acordo com meu pai e sobre Caldron.
Ele deixou digerir por um minuto. — E o seu plano?
— Não consigo encontrar nada em Adam porque não sei com o que
pressioná-lo. Eu estava pensando em fazer uma viagem para ver se
podemos encontrar alguma coisa.
— Viagem?
— Estou pensando que, se eu estivesse fazendo algo ilegal, não o
colocaria no meu escritório.
— Ou em casa — Nate acrescentou, dando um gole em sua cerveja.
— Ambos os lugares que poderiam ser invadidos.
— Você colocaria em algum lugar fora do radar.
— Como uma cabana.
Nate estava pensando o mesmo que eu.
— Adam tem uma cabana? — Ele perguntou.
— Becky mencionou uma cabana no oceano ao norte. — Eu usei
as palavras exatas que ouvi uma noite no jardim da cerveja, fazendo
citações aéreas. — Uma grande casa branca no meio do nada. Eles
conversaram sobre ir lá em cima com a gente. Não sei se falaram sério ou
não.
Nate sorriu. — Nós temos um endereço?
Eu correspondi seu sorriso. — Eu tenho uma ideia de onde é.
Ele se inclinou para frente, sustentou sua cerveja e tilintou com a
minha. — Bem então, vamos adicionar roubo ao nosso currículo. Deus
sabe que não temos muita merda lá.
Eu me inclinei para trás, dando um longo gole na minha cerveja.
— É bom ter você de volta.
Ele segurou meu olhar. — É bom estar de volta.
Matteo era ótimo de se ter por perto. Ele ajudou nessa luta, mas
ele não era Nate, e não era Logan. Ele não era o cara que eu pedia para
fazer algo ilegal se isso significasse ajudar alguém que eu amava. E eu
não estava fazendo isso pelo meu pai. Eu estava fazendo isso por Sam.
Se Becky estava de volta em sua vida, então Adam também estava. E eu
não me importava com o quanto ele alegava estar apaixonado. Se ele
tinha um tesão por Sam no ensino médio, voltaria novamente.
Eu queria algo sobre o filho da puta se isso acontecesse.
— Quando vamos? — perguntou Nate. Ele parecia estar pronto
agora.
Eu terminei minha cerveja e joguei a garrafa vazia na gaiola da
fogueira. — Quando Logan voltar.
CAPÍTULO DEZOITO
SAMANTHA
No dia seguinte, Petey me olhou durante todo o nosso turno. Depois
do trigésimo olhar, larguei o pano que estava usando no balcão e me virei.
— O quê?
— O quê? — Ele pulou para trás. Ele estava a um metro de
distância.
— Ou Keifer disse para você ficar de olho em mim e você entendeu
isso no sentido literal, ou você quer dizer alguma coisa. O que é?
— Por que você está aqui?
Eu fiz uma careta. — O que você quer dizer?
— Seu namorado é Mason Kade. Até eu ouvi sobre a reputação do
futebol dele, e ele está aqui, trabalhando em um estágio de rico para o
pai dele. — Ele apontou para mim. — E eu ouvi o que ele disse sobre
você. Você não precisa deste emprego, mas você não age como uma
daquelas cadelas ricas. Por que você está aqui?
— Porque eu precisava de um emprego.
Ele se moveu para frente, encostado no balcão ao meu lado. — Mas
essa é a coisa. — Ele se virou para descansar as costas contra o balcão
para que ele pudesse observar o jardim da cerveja e a mim ao mesmo
tempo. — Eu perguntei por aí. Você costuma trabalhar com sua melhor
amiga no Manny's. Você não está lá neste verão.
— O que você quer que eu diga?
— A verdade?
Fiz uma pausa, checando para ver se era sarcasmo. Não era. —
Além de querer fazer outra coisa, o namorado de Heather está envolvido
em lutas clandestinas. Alguns dos inimigos de Mason também, e o boato
espalharia se eu estivesse trabalhando no Manny's. Eles poderiam me
encontrar lá.
— Aquele cara Caldron e seus capangas?
Eu assenti.
— Mas eles já sabem que você está aqui.
— Eles não são os únicos inimigos de Mason.
— Por que você está pagando pelo que ele fez?
Eu balancei a cabeça. — Eu não estou pagando por isso. Eles
poderiam me machucar para chegar a Mason.
— Eles são covardes então.
— Aquele cara Caldron está louco porque ajudei a colocar seu
melhor amigo na prisão. Ele teria estuprado alguém se eu não tivesse
ajudado. — Eu deixei de fora a parte em que Mason havia orquestrado
toda a situação, para que outra pessoa estivesse nessa situação, não eu.
— Peça uma ordem de restrição.
— O quê?
Um grupo de motoqueiros chegaram ao balcão. Nossa conversa
parou até que os pedidos foram preenchidos e eles se sentaram em uma
das mesas de piquenique.
Petey pulou no balcão ao meu lado, balançando as pernas. — Se
alguém está tentando te machucar, por que você não segue a rota legal?
Eu? — Ele tocou seu peito. — De jeito nenhum. Nós não trabalhamos
dessa maneira aqui, mas você poderia. Eu não estou entendendo porque
você não faz isso.
Dei de ombros, sentindo o mesmo aperto maldito em meu peito
novamente. — Nós sempre cuidamos de nossos problemas.
— Exceto da vez que você colocou na prisão o melhor amigo desse
cara?
— Exceto daquela vez.
Um sorriso lento se esticou em seu rosto, e ele assentiu, aprovando.
— Eu acho que vocês são carnies no coração.
— O quê?
— Carnies no coração. Nós lidamos com os nossos. É assim que
vocês operam.
Dei de ombros. — Você ainda nem conheceu Logan.
— Quem é ele?
Eu abri minha boca, mas como eu poderia explicar? Ele não tinha
ideia. Eu apenas sorri em vez disso.
CAPÍTULO DEZENOVE
MASON
— O que estamos fazendo?
— Sshhh! — Tanto Matteo quanto Nate responderam à pergunta
de Adam. Eu estava no banco do motorista e mantive meus olhos na
estrada, mas sabia que Nate tinha se virado. Eu só podia imaginar Matteo
dando seu próprio olhar ao lado de Adam no banco de trás.
A resposta à sua pergunta não seria pegar um hambúrguer, que foi
o que eu disse a ele quando saímos do clube de campo. Nate e Matteo
chegaram prontos para nossa primeira missão, e nós estávamos saindo
sob o disfarce de ir buscar comida quando Adam decidiu que um
hambúrguer soava bem para ele também. Daí o hóspede não convidado.
— Você conhece aquele cara que atacou Sam no festival?
— Sim. — Sua resposta foi lenta, cautelosa.
— Estamos lidando com ele.
— O quê? — Ele se levantou, agarrando meu assento. — O que você
quer dizer com “lidando com ele”?
Nate se virou novamente. — O que você acha que queremos dizer?
— Eu não sei. — Adam sentou para trás, seus olhos percorrendo
todo o carro.
— Não vamos matá-lo nem nada — disse Matteo.
Houve silêncio por um momento.
— Você é novo neste grupo — disse Adam.
Nate soltou uma risada. — E você não é? Você nem foi convidado,
Quinn.
— Vocês disseram que estavam indo comer um hambúrguer, não
prestes a cometer um crime.
— Você está certo. — Eu posicionei o espelho retrovisor para que
eu pudesse vê-lo. — Da próxima vez que estivermos prestes a derrubar
algum cara, eu vou me certificar disso. E mais uma vez, você não foi
convidado, Quinn.
— Talvez da próxima vez você me fale antes. — Ele sentou-se com
raiva.
Eu lutei contra revirar os olhos. — Porra, relaxe, ok? Nós não
vamos fazer nada ilegal. Vamos apenas tentar descobrir onde esse cara
trabalha e vive. Isso é tudo.
— E Mason não lutou contra você porque esse cara teria
machucado sua noiva também — acrescentou Nate. — Outro dia, outra
noite, outro lugar, ela poderia ter sido pega nesta bagunça tanto quanto
Sam.
— Sim, mas Sam...
Eu parei em um cruzamento e olhei no espelho para ele. — O quê?
— Eu tinha um palpite sobre o que ele ia dizer, mas eu queria que ele
dissesse.
Ele fechou a boca, literalmente se contorcendo no banco de trás.
— Lembre-se que você tem algumas bolas — eu disse a ele. —
Termine o que você ia dizer.
Ele desviou o olhar, apertando a mandíbula. — Eu ia dizer que Sam
está nisso por sua causa. Becky não seria colocada nessa situação.
Dirigir por aí e descobrir onde esse cara mora e trabalha não é algo que
eu estaria fazendo.
— Você está certo. — A luz ficou verde, e eu me movi para frente.
— Você pediria a seu pai para encontrar todas as respostas e lidar com
isso sozinho.
— Eu não faria. — Seu olhar saltou de volta para o meu.
Eu levantei uma sobrancelha. — Tem certeza?
Eu senti Nate me observando. Houve algumas ocasiões em que fui
forçado a ir ao meu pai, mas esta não era uma delas. Eu queria lidar com
o Caldron sozinho.
Adam encolheu os ombros, voltando a olhar pela janela. — Eu não
coloco minhas mulheres em risco. Isto é o que eu faço.
Parei o veículo e levei Adam para fora em dois segundos. Ele estava
contra o Escalade, minha mão em sua garganta, antes que qualquer um
de nós compreendesse o que eu acabei de fazer. Até eu pisquei algumas
vezes antes de perceber.
Nate me puxou para fora, me empurrando a poucos metros
enquanto Matteo se colocava na frente de Adam, uma mão no ombro dele
como se estivesse segurando-o de volta. Adam não se mexeu, no entanto.
Ele só ficou lá, com um olhar confuso no rosto. Quando ele finalmente
percebeu o que tinha acontecido, ele avançou.
Matteo segurou-o de volta com facilidade, grunhindo: — Cara. Fica
frio. Você teria seu traseiro limpo e você sabe disso.
— Que porra é essa? — Adam gritou.
Meu sangue estava bombeando e eu comecei a ir para ele sem
pensar. Nate me empurrou de volta, dizendo em voz baixa: — Mason,
acalme-se.
— Ele está me culpando por Sam.
— E ele está certo.
— O quê? — Eu me virei para Nate, mas ele estava certo e mesmo
quando eu registrei isso, senti um buraco no meu estômago. — Esse filho
da puta está certo.
Ele me empurrou para longe, longe o suficiente para que
pudéssemos conversar sem que Quinn ouvisse. — Pare com isso. Eu sei
que você está se sentindo culpado agora, mas é o que é. Você é quem você
é. Sam sabia disso antes de se apaixonar por você.
— Mas Taylor...
— E Taylor sabia quem era Logan antes de se apaixonar por ele
também. — Ele me deu um tapinha no ombro. — Vocês não gostam de
ser empurrados. É o que é. Não deixe que algum idiota como Quinn entre
na sua cabeça. Ele pode não colocar sua garota em perigo, mas você sabe
o que ele faz? Ele trapaceia. Ele não é tão perfeito como parece. Ele é
apenas outro cara esperto de negócios como o pai dele, e alguns desses
caras traem suas esposas. Ele vai machucar sua mulher de maneiras que
Sam nunca vai pensar. Ele foi atrás de Sam por chatear Becky. Ele se
envolveu em negócios de garotas. Você não faria isso.
— Eu me envolvi quando Kate estava indo atrás de Sam.
— Porque era sua ex tendo como alvo sua mulher. Não é a mesma
coisa. Ele não tem um relacionamento com Sam. Eles nem são amigos.
Suspirei. — Eu só quero encontrar Caldron e bater nele.
— Mas você não vai. — As palavras de Nate foram uma declaração,
com apenas uma sugestão de pergunta.
— Não — eu disse a ele. — Nós vamos perguntar, descobrir onde
ele trabalha e vive, e de lá pensamos em algo.
— Então vamos fazer isso.
— Eu estava planejando ir ao bar de Channing antes que Quinn
me irritasse.
— Acostume-se com isso. Eu assumi que você o trouxe para tentar
se aproximar dele?
Eu assenti. — Eu poderia ter dito a ele para desaparecer, mas sim.
— Você não está pensando em ser amigo dele, né?
— Não, mas se ele estiver próximo a nós, ele relaxará. Podemos ver
melhor como ele realmente é. — Um cara mostra seu verdadeiro eu
quando você o força para fora de sua zona de conforto. Nate ainda estava
me olhando estranho. — O quê?
— E se isso não funcionar? E se realmente tivermos que fingir ser
amigos dele?
Eu sorri e bati no ombro dele. — Então é sua vez de bater. De jeito
nenhum ele vai comprar que Logan ou eu de repente queremos ser
amigos dele.
— E quanto a Matteo?
— Ele não vai estar aqui por tempo suficiente, e quanto menos
sujeira eu puder colocar em suas mãos, melhor. — Olhamos os dois.
Matteo ainda estava bloqueando Quinn contra o meu Escalade. Quinn
enfiou as mãos nos bolsos e olhou para mim.
Nate estremeceu. — Vamos encontrar algo nessa cabana. Eu não
quero ter que passar por isso.
— Vamos. — Estávamos a apenas um quarteirão de distância.
Travando meu carro com o apertar de um botão, eu chamei: — Nossa
primeira parada é logo ali. Siga-nos.

****

O bar de Channing estava escuro por dentro, iluminado por sinais


de néon. Fofo e sujo de alguma forma descrevia o interior, e também os
poucos caras que se aborreciam no bar. Nós passamos por algumas
Harleys no estacionamento, mas eu já sabia que o bar de Channing tinha
se tornado um bar de motoqueiros, então não fiquei surpreso em ver a
jaqueta de couro em cada cara — o melhor da linha. Eles se viraram para
nos observar. Eu não pude culpá-los. Nós não nos parecemos muito com
eles, com nossas roupas formais, mas eles não me assustaram.
Eu balancei a cabeça para a atendente. — Channing está aqui?
Ela olhou para nós, seu lábio superior curvando-se em um sorriso
de escárnio. — Quem está perguntando?
Mas Channing já tinha me ouvido. Ele chegou à porta do escritório
aberto, que foi colocado ao lado do balcão do bar. — Ka — ele começou,
então pareceu lembrar quem estava em seu bar e se corrigiu. — Mason!
Tudo bem?
— Posso falar com você? — Eu apontei para seu escritório.
— Certo. Sim. — Ele se virou para a menina. — Ang, arranje para
o resto dos caras o que eles quiserem. Por conta da casa.
A surpresa iluminou seu rosto. — Claro.
Eu o segui de volta ao seu escritório e me encostei na parede
distante enquanto ele fechava a porta. Abri a boca para falar, mas ele
levantou um dedo, apertando o botão de um grande ventilador colocado
no canto. Quando o som encheu a sala, me sentei em uma das cadeiras
em frente à sua mesa. — Então você não usa isso quando fica quente
aqui?
Ele balançou a cabeça, tomando seu lugar. — Esses caras não são
burros lá fora. Se eles ouvirem algo que possa ajudar o clube deles, eles
vão usar.
— Eles são ricaços? — Eu não quis dizer do tipo que meu pai era.
— Sim.
— É bom saber. — Eles eram os motoqueiros ricaços que faziam
coisas ilegais.
Ele se inclinou para frente, descansando os braços sobre a mesa.
— O que você está fazendo aqui?
— Eu mandei uma mensagem para Brandon, perguntei se você
estava no Manny's.
— Ele disse que eu não estava.
Eu assenti. — Então eu imaginei que você estaria aqui.
— OK. O que está acontecendo? Sam está bem?
— Caldron viu Sam no festival. Ele tentou machucá-la novamente.
— Você está falando sério? — Ele passou a mão no rosto. — Espera.
Sam estava no festival?
— Sua namorada não te contou? Sam e Mark conseguiram
empregos lá.
— O quê? — Suas sobrancelhas subiram. — Mark é o meio-irmão,
certo?
Eu assenti.
— O que diabos ela está fazendo trabalhando lá?
Eu não queria entrar nisso, então apenas disse: — Mudança de
cenário. Foi principalmente ideia de Mark, mas é por isso que estou aqui.
Preciso saber onde Caldron trabalha e seu endereço.
— Oh. — Ele pegou uma caneta e papel. — Não tem problema. Ele
mora em um lugar a poucos quilômetros de Roussou. É uma fazenda
abandonada, mas sua casa é conhecida principalmente por festas e
drogas. — Ele escreveu o endereço e deslizou para mim. — E ele trabalha
em Fallen Crest, na verdade.
— Onde?
— Para o seu pai, no negócio de paisagismo dele.
— Está falando sério? Meu pai?
— Claro que estou. Ele vem aqui à noite, às vezes. — Ele apontou
para a porta fechada. — E mantenha o nome dele quieto quando sair do
escritório. Esses caras às vezes são amigos, outras vezes inimigos,
dependendo se eles devem dinheiro ou não.
— Vou manter, mas isso ficou muito mais fácil agora que eu sei
que ele trabalha para o meu pai.
— Você vai fazer com que seja demitido?
— O oposto. — Eu sorri, me levantando.
Ele me seguiu até a porta. — Você vai promovê-lo?
— Algo parecido.
Eu alcancei a porta.
— Espere. — Eu olhei para vê-lo franzindo a testa. — Você vai dever
ao seu pai então. Eu sei que você não gosta disso.
Eu abri a porta desta vez, olhando para onde Adam estava sentado.
Ele e Nate estavam em uma mesa distante, enquanto Matteo se agachava
ao lado dos motoqueiros. Meus olhos estavam apenas em Quinn, no
entanto. — Vou ter que encontrar outra coisa para nos deixar
equilibrados.
Ele seguiu meu olhar, entendendo. — Eu estava pensando no
novato. Mantendo-o perto?
— Algo assim — eu disse novamente, dando-lhe um aceno rápido.
— Obrigado por isso. Eu te devo.
— Não, não. — Ele balançou a cabeça. — Sam veio para a minha
luta porque Heather realmente a queria lá. Se alguma coisa, esse sou eu
fazendo o mesmo a nós. Você não teria esse problema se não tivesse sido
forçado a vir naquela noite.
— Ainda assim, obrigado.
— Seja esperto, com o que quer que você vá fazer. — Os caras do
bar olharam, e Channing baixou a voz. — Você tem muito em você. Eu
não quero que nada ponha isso em risco.
Eu sabia o que ele queria dizer, mas enquanto eu tivesse família
aqui, enquanto Sam quisesse voltar e ver sua família, eu teria que lidar
com Caldron.
— Eu sei — eu disse a ele. — Obrigado novamente.
Eu saí, dando a Nate um aceno de cabeça. — Vamos.
Ele e Quinn me seguiram, o último sendo muito ansioso, mas
Matteo ainda tinha uma cerveja cheia na mão.
— Matteo — eu chamei.
— O quê? — Ele nos viu na porta. — Espere aí. — Segurando a mão
no ar, ele inclinou a cabeça para trás e bebeu toda a garrafa. Ele terminou
com seus novos amigos torcendo por ele e sorriu, acariciando os dois
mais próximos a ele nas costas. — É assim que fazemos de onde eu
venho. Eu vejo vocês mais tarde! Foi bom conhecer todos vocês.
Nate se inclinou para perto, sua voz baixa, assim Adam não podia
ouvir atrás de nós. — Ele é como um cachorro grande. Amigável com
todos e do tamanho de um verdadeiro pedregulho.
Eu ri. — Por que você acha que eu amo brincar com ele no time?
— Entendi. Eu o odiei no primeiro ano, pensei que ele estava me
substituindo. Eu amo o cara agora.
Eu também, mas ele não era Logan. Eu estava pronto para meu
irmão chegar em casa.
CAPÍTULO VINTE
SAMANTHA
Eu estava terminando meu turno pegando o lixo à meia-noite
quando senti alguém atrás de mim. Soltando a bolsa, eu me virei. Eu não
sabia se ia me lançar neles ou correr, mas meus joelhos estavam
dobrados e prontos para fazer um ou outro.
Eu não fiz nada.
Era Kate.
Senti o velho desdém erguer-se automaticamente. A ex-amiga de
foda psicótica de Mason. Eu não a teria reconhecido exceto pelo ódio frio
em seus olhos. Ela cresceu, ganhando alguns quilos desde o colegial, e
usava um espartilho vermelho decotado. Seu cabelo loiro estava preso em
duas tranças francesas, e ela usava maquiagem pesada com olhos de
estilo guaxinim e lábios vermelhos brilhantes. O brilho em seu batom
combinava com o brilho espalhado sobre o peito. Ela me analisou
enquanto eu olhava de volta para ela.
— Puta merda — eu respirei.
— O que Mason está fazendo?
E nós fomos direto aos negócios. Bom saber. — Uh… — Eu levantei
minha cabeça para o lado. — Mesmo se eu soubesse, eu não diria a você.
— Ele entrou no bar de Channing. Meu namorado estava lá. O que
Channing e Mason teriam para conversar?
— Você quer dizer além do fato de que suas namoradas são
melhores amigas? — Eu balancei a cabeça, zombando dela. — Porque
nós somos. Heather Jax. Eu. — Eu uni minhas mãos e mostrei a ela meus
dedos entrelaçados. — Tipo assim. Mais forte do que a sua vagina já foi.
— Bom. — Ela revirou os olhos, mascando chiclete. — A mesma
Samantha Strattan, chata e fodida como uma porra.
— Sim. Isso é o que eu sou. Irritante.
Um segundo revirar de olhos. — Mason pegou um pouco do
sarcasmo de Logan também? Porque se assim for, ele não é o cara por
quem me apaixonei na escola.
— Oh, não. — Bem... — Ele pode ter pegado um pouco do sarcasmo
de Logan, mas ele definitivamente não é o cara por quem você se
apaixonou na escola. Aquele foi apenas um cara usando você para sexo.
O cara que ele é agora é muito melhor. Melhores padrões. Melhor
namorada. Melhor tudo, realmente. Um futuro melhor também. — Forcei
um sorriso, sabendo que ela veria as arestas. — Você nunca teria uma
chance com ele agora.
— Eu estou corrigindo. — Ela retrucou. — Você é uma cadela maior
do que costumava ser. Pena que eu não te deixei pior naquele banheiro.
Eu respirei fundo. Essa cadela não foi lá... Minha mão formou um
soco e eu pensei em atingi-la. Eu poderia, exceto que Mark saiu das
sombras atrás dela. Ela não pareceu notar que ele estava lá, mas a
presença dele me trouxe de volta à realidade. Mason e eu estávamos aqui
para o verão. Nós estávamos nos mudando em alguns meses. E tudo o
que eu disse era verdade. Mason tinha um futuro muito melhor.
Mark circulou em torno dela, as mãos enfiadas nos bolsos. Seu
olhar confuso mudou de mim para ela quando ele veio para ficar ao meu
lado.
— Quem é você? — ele perguntou.
Eu deixei algum controle voltar, alisando meus dedos.
— Quem é você? — Kate respondeu.
Eu não queria ouvir um pouco sobre se eu estragaria esse meio-
irmão também, então eu disse rapidamente: — Ele trabalha aqui. Ele é
um amigo.
— Mesmo? — Ela olhou para ele de cima a baixo, interesse
suavizando sua boca em um sorriso sedutor. — Quão bom amigo?
— Você não tem chance comigo.
— Um bom e leal amigo.
— Hmmm. — Suas feições se achataram. — O que quer que seja
então, mas eu quis dizer o que eu disse. Mason precisa ficar longe de
Roussou, Sam.
— Por que você está aqui me avisando sobre isso?
— Porque ainda me importo com Mason. Eu acho que sempre vou.
Não é culpa dele que ele tenha um gosto ruim para mulheres, mas é culpa
dele se ele continuar cutucando o bar de Channing.
Eu senti o olhar de Mark em mim. Eu podia senti-lo imaginando o
que diabos ela estava falando. Eu o ignorei. — Channing é um amigo.
— E Mason tem inimigos que ficam com Channing. Inimigos que
ele nem conhece.
Oh. Isso não era bom.
— Apenas avise-o por mim? — ela acrescentou. — Eu odiaria ver
aquele belo e rico traseiro de dois metros derrubado, se você me entende.
— Você está brincando comigo?
— Sim. — Agora seu sarcasmo era grosso. — Estou aqui como uma
grande brincadeira, porque espero encontrá-lo nos últimos três anos.
Sabe, pela diversão disso. — Seu olhar se intensificou. — Falo sério. Isso
é para a segurança de Mason. — Ela deu a Mark outro longo olhar, e
soltou um som suave antes de se virar e sair.
— O que foi aquilo? — Mark perguntou depois de um momento.
— Eu não tenho ideia. — Mas eu ia descobrir. — O que você está
fazendo aqui? Eu pensei que você tivesse terminado antes.
— Eu terminei, mas minha mãe ligou. Pensei em dar-lhe um olá
pessoalmente.
— Oh. — Isso não soou bem. — O que foi?
— Ela está fazendo uma festa na piscina do country club e todos
estão convidados.
— Todo mundo? — Os cabelos na parte de trás do meu pescoço se
levantaram.
— Todos. Cass, Quinn, Becky, Amelia. Até Peter vai estar lá.
— Por que Malinda faria isso?
— Porque é meu aniversário. — Ele jogou um braço em volta do
meu ombro, me puxando com força. — Eu quero a minha meia-irmã lá,
então vá em frente, Sam. Nós temos outra festa para ir.
Eu gemi. Eu quase teria levado Kate também a este evento. Quase.
Mark me acompanhou até meu carro depois que eu saí. Ele me
seguiu até que eu virei à esquerda em direção a casa de Helen e ele
continuou. Mandei uma mensagem para ele depois que estacionei.
Obrigada por me seguir até em casa.
Zumbiu de volta um momento depois. Sem problemas. Mason ia
vir, mas eu disse a ele que faria isso.
Eu encontrei Nate e Matteo tomando doses na cozinha quando
entrei. Eles acenaram, erguendo os copos no ar.
— É Sam!! Samantha está em caaasaaaa! — gritou Matteo.
— Ei, pessoal. — Acenei de volta. — Mason?
Nate apontou para o corredor. — Quarto. Ele está se trocando. Ele
ia se juntar a nós até você chegar aqui.
— Sim, bem, aqui estou eu.
Matteo colocou as mãos em torno de sua boca, chamando em voz
de locutor. — E ela está desligada, pessoal. Como um cavalo de corrida
correndo a corrida da vida dela. Desviando pelo corredor, passando pelos
outros cômodos, aproximando-se do quarto, ela está se aproximando de
casa. Ela está quase do outro lado do limiar. Aquela coroa do vencedor
está apenas esperando por ela...
— Se você não parar de me comparar a um cavalo de corrida, eu
vou voltar aí e te tornar um garanhão castrado, Matteo — eu gritei para
ele.
Eu ouvi uma risada superficial antes que ele falasse de volta: —
Anotado, e eu amo você, Sam.
Eu podia ouvir Nate ainda rindo. Um segundo depois Matteo disse
algo mais, e a risada de Nate ficou mais alta, mas em vez de voltar, fui
para o quarto.
Eu tinha alguém para chutar.
Mason estava saindo do banheiro, usando um moletom que pendia
baixo em seus quadris. Ele tinha uma camisa na mão e estava prestes a
puxá-la pela cabeça. Eu agarrei e joguei no chão.
— Está tudo bem?
Eu fecho a porta, cruzando os braços sobre o peito. — O que você
estava fazendo em Roussou hoje?
— Como você sabe disso? — Ele franziu o cenho. — Mark?
— Mark sabia?
— Não, mas Matteo poderia ter dito a ele.
OK. Eu não precisava brigar com meu meio-irmão. — Eu ouvi de
Kate.
— Kate? — Sua carranca diminuiu para uma careta. Ele começou
a esfregar sua testa.
— Sim. Sua ex-peguete me encontrou quando eu estava levando o
lixo para fora.
Seus ombros se apertaram. — Caldron mandou ela?
— Não.
— Então como ela sabe?
— Ela disse que um dos caras que viu você no bar de Channing era
o namorado dela.
— O que mais ela disse?
— Há alguém próximo a Channing e ele não pode confiar. Quem
quer que seja que fale com o Caldron.
— Kate disse tudo isso? — Ele apontou para mim. — Para você?
— Eu sei. — Eu atravessei o quarto e deitei na cama, onde ele se
juntou a mim. — Imagine meu choque. Ela ainda se importa com você.
— Eu quero saber quem está falando com Caldron. — Ele se
inclinou para frente, seus músculos das costas se juntando enquanto
descansava os cotovelos nos joelhos.
Eu lutei contra o desejo de passar a mão sobre eles. Se o fizesse,
esse interrogatório logo mudaria o tom e eu não queria que isso
acontecesse. Ainda não. Me sentei e segui em frente, de modo que fiquei
meio de frente para ele, uma perna parada para descansar na cama, meu
outro pé ainda no chão.
— O que você estava fazendo em Roussou?
— Eu queria descobrir onde Caldron vive e trabalha.
— E?
Ele ainda estava pensando, imaginando quem era o traidor na
equipe de Channing.
Suspirei, cedendo e passando um dedo pelas suas costas. —
Poderia ser qualquer um. Você não conhece todos os amigos de
Channing.
— Verdade. — Ele relaxou ligeiramente, alcançando e pegando
minha mão. Ele enlaçou nossos dedos juntos, usando seu aperto para
me puxar para mais perto. Eu me mexi de forma que minha perna passou
ao redor dele. Ele puxou minha outra perna sobre o joelho, e eu só tive
que me inclinar para frente meia polegada para descansar sobre ele,
abraçando-o de lado. Sua mão se moveu para o meu joelho, e ele começou
a subir e descer pelo interior da minha coxa. — Ele trabalha para o meu
pai. Eu vou ver se ele vai promovê-lo.
— O quê? — Comecei a me afastar.
Ele pegou minha mão, me mantendo no lugar. Ele me lançou um
olhar de lado. — Os requisitos serão que ele tenha que proteger você, não
machucar. Um movimento contra nós e ele está desempregado.
— Você acha que isso vai funcionar?
Mason encolheu os ombros. — Se não funcionar, vamos descobrir
outra coisa. Eu sei onde ele mora e não é uma comunidade fechada.
— Você faria algo com a casa dele?
Mason se moveu para que ele pudesse me olhar diretamente e
tocou o lado do meu rosto. Seu polegar esfregou minha bochecha. — Você
não percebe até onde eu irei por você? — Ele perguntou suavemente.
Um golpe de ar atingiu e segurou a minha garganta.
Ele se inclinou para frente, sua testa descansando na minha. — Eu
mesmo me assusto, Sam. Não há nada que eu não faça por você.
E seus lábios baixaram para os meus.
CAPÍTULO VINTE E UM
Era sábado e eu não estava trabalhando. Petey me disse que queria
sua equipe regular. Eles estavam reclamando por não receberem a
quantidade habitual de gorjetas. Ele tinha um olhar estranho em seu
rosto, suas feições todas distorcidas, mas quando eu não discuti, a
estranheza o deixou.
E isso significava que eu tinha uma tarde inteira só para correr. Eu
estava faltando ultimamente, o que parecia apaziguar Mason. Ele sempre
me alcançava quando acordava pela manhã e nos últimos dias eu estava
lá.
Essas foram boas manhãs de fato.
Esta manhã não foi exceção. Ele estendeu a mão para mim e não
demorou muito para que ele deslizasse para dentro. Eu sabia que essa
sempre era a melhor maneira de começar um dia. Sempre. Sem exceções.
Minha teoria foi reforçada quando fomos para a cozinha e vimos o
conjunto abatido dos ombros de Nate e Matteo.
Eu apontei para o rosto de Nate. — Você realmente parece verde.
Ele gemeu, cambaleando para a pia. Agarrando o balcão, ele
esperou, mas nada saiu. Ele estava apenas com ar seco.
— Meu Deus. Nunca desafie Matteo em um concurso de tiro. E se
ele te desafiar, apenas deixe-o ganhar. — Ele deu a Matteo um olhar
sombrio para onde ele estava deitado no balcão, sua bunda em uma
banqueta.
Sua boca se moveu contra o granito. — Eu ainda não acho que você
ganhou.
— Oh, Deus. — Nate segurou a cabeça sobre a pia novamente. —
Isso vem em ondas. Eu tenho ar e depois náusea. Ar, então náusea. Não
vai embora.
Mason se moveu atrás de mim, colocando o café na máquina.
Segurei a panela vazia, sem saber se queria usar a pia.
— Isso poderia ser contaminado apenas por você estar aí —
observei.
— O quê? — Nate viu o que estava na minha mão. — Oh. — Ele se
afastou. — Vá em frente, rápido. Eu posso vomitar a qualquer momento.
Enchi-a rapidamente e despejei a água na máquina enquanto
pressionava a bebida. Começou a esquentar e eu me afastei. — Se vocês
estão tão de ressaca, por que estão acordados?
Ambos apontaram para Mason.
Eu olhei para ele e ele sorriu. — Eu tenho o dia fora. Eu os fiz
prometer levantarem e irem jogar golfe comigo, não importa o quanto eles
bebessem na noite passada. Eles prometeram.
— Você vai jogar golfe?
Ele assentiu.
— Você estava bebendo ontem à noite?
— Não é realmente o ato de jogar golfe que é interessante. É mais
sobre quem mais vai estar lá. — Seus olhos se encontraram com os meus,
esperando que eu descobrisse.
Mason tinha dois inimigos, pelo menos que estávamos lidando
agora. Um não era o tipo de golfe, mas o outro…
— Ah. Eu entendi. — Adam ou seu pai estavam naquele campo de
golfe. — E isso me lembra, Malinda está fazendo um churrasco no
country club hoje. Ela reservou a piscina e tudo mais.
Nate e Matteo gemeram.
Até Mason fez careta. — Você vai me fazer ir para isso?
— Se eu tiver que ir, meu bando tem que ir.
— Nós somos seu bando? — Nate estava sorrindo para mim, ou
tentando. A palidez de sua pele o fazia parecer o Coringa.
— Mason é, e você é dele, a mesma coisa. Eu preciso de reforço.
Nate olhou para Mason. — Quinn estará na festa. Isso é diferente
do que planejamos hoje. Isso é socializar. — Ele disse como se fosse uma
palavra ruim.
— Eu acho que o senhor Quinn também vai. — Espera. Eu não
sabia. — Bem, talvez não. Eu não sei, mas é no country club. E sábado.
Eu não ficaria surpresa se ele aparecesse.
Matteo se sentou, apertando o estômago e perguntou: — Por que
nos importamos com o pai de Adam?
Mason, Nate e eu compartilhamos um olhar antes de Nate tossir.
— Uh... nós não. Por que você pensaria isso?
Matteo levantou a cabeça em confusão. — O quê? Mas vocês
acabaram de dizer...
Mason avançou, alcançando a cafeteira cheia atrás de mim. — Ele
foi um idiota para Sam uma vez na escola. Isso é tudo.
— Oh. — Matteo olhou para mim. — Desculpe, Sam. Tenho certeza
que ele não será mais. Ele provavelmente está em êxtase sobre o noivado
de seu filho. — Ele sorriu e uma covinha apareceu em sua bochecha. —
É meio doce, se você pensar nisso. Uma família rica se apaixonando por
outra família rica. Eles podem fazer bebês ainda mais ricos. É como se
todos vocês soubessem como procurar um ao outro. Realmente, fiquem
com os pobres. Não quero que eles contaminem bem a criação.
Esse não era o Matteo normal, e eu olhei para Mason. Eu não sabia
como responder.
— Becky e Adam se conheceram no ensino médio — disse Mason.
— Era uma escola particular, mas eu não fui para lá. Sam foi transferida
no último ano e meio da escola. E você não é mais pobre, Matteo. Você
tem equipes da NFL de olho em você. Seus pais podem não ter muito
dinheiro, mas isso não significa que eles iriam contaminar qualquer
coisa. Eles fizeram o melhor bandeirinha que eu sempre quero correndo
ao meu lado. Nem dinheiro, nem criação, nem escolas particulares
poderiam produzir alguém como você, e eu sou grato por isso.
Matteo não conseguia falar no começo. O pomo de Adão dele
balançou. — Obrigado, Mason — resmungou, piscando rapidamente. —
Você não foi para uma escola particular rica?
Mason sorriu. — Porra, não. Você consegue imaginar isso? Nós
provavelmente teríamos queimado o prédio.
A cabeça de Nate se virou para Mason com a menção de queimar.
Matteo riu, seus ombros maciços saltando. — Isso é verdade. Cara,
eu realmente sinto falta do seu irmãozinho. Quando ele vai voltar?
— Em algumas semanas. — Mason bateu a mão no ombro de
Matteo. — Acho que estamos todos sentindo falta dele.
Depois disso, um sentimento solene pairou sobre o grupo. Eu senti
isso mesmo quando eles saíram para jogar golfe, e eu não conseguia me
livrar disso enquanto seguia pela rua até a casa de Malinda. Ela ligou
enquanto os caras estavam se preparando para sair e me ofereceu uma
carona para o clube de campo.
Eu estava vestida com uma roupa de corrida, mas a parte superior
da camisa poderia passar por um evento social. Essa era a minha
esperança de qualquer maneira. Eu tinha calções de corrida debaixo de
uma saia esvoaçante e meus sapatos eram fofos o suficiente para que
eles ainda combinassem com a roupa. Minha música e fones de ouvido
estavam escondidos em um dos meus bolsos, junto com meu telefone.
Eu bati na porta da Malinda. — Olá? — chamei, entrando.
— Sam, querida. — Malinda atravessou o corredor da cozinha para
a sala de jantar, com pacotes na mão.
Eu segui e vi vinte sacolas de presentes na mesa dela. — O que
está acontecendo?
— É um chá de casamento improvisado para Becky e Adam. — Ela
enfiou os pacotes em suas mãos nos sacos de presentes. Ela apontou
para uma pilha deles no balcão atrás de mim. — Você pode me ajudar?
Vai um desses em cada saco.
— O que são? — Eu podia ver longas caixas retangulares
embrulhadas em papel de seda branco.
— Pulseiras. Cada bolsa recebe um conjunto de joias. Eu tenho os
brincos e colares em todos eles. Eu só preciso colocar as pulseiras no
resto.
Fui trabalhar e, quando cheguei ao fim, vi outra fileira de sacolas
menores na mesa também. — Para quem são estes?
— Isso está pronto. Esses são para os caras.
Contei mais vinte e comecei a me sentir mal do estômago. — Quem
vai estar nesta festa?
Ela parou, endireitando-se de uma das sacolas e franziu a testa
para mim. — Eu pensei que Mark tinha te contado?
— Ele disse que você reservou a piscina para sua festa de
aniversário no clube de campo.
— Só isso?
— E que seus amigos iam estar lá.
— Oh. — Ela virou-se para as bolsas novamente. — Bem, sim. É
em parte uma festa de aniversário para Mark e também uma festa de
casamento para Adam e Becky. Estou surpresa que ele não tenha
contado essa parte. Você não está bem com ela de novo? Eu pensei que
Mark disse algo sobre isso.
— Eu acho que estou… — Mas todas essas pessoas do ensino
médio? Eu estava de volta no começo do meu primeiro ano de novo.
Analise acabara de sair do meu pai.
Jessica e Lydia se viraram contra mim. A Elite só queria me usar
para chegar a Mason e Logan. Todos aqueles velhos sentimentos se
retorceram e se agitaram dentro de mim, como uma tempestade tentando
sair.
— O quê? — A voz de Malinda soou em pânico de repente. Ela
correu para o meu lado. — Samantha, você está bem? — Ela sentiu
minha testa. — Você não está com febre. Qual o problema? — Ela segurou
meus ombros e olhou nos meus olhos. — Você realmente não está bem
com isso? Mark me garantiu que você estaria. Eu não farei você ir se for
uma situação na qual você não esteja confortável.
Eu ouvi o carinho em seu tom.
Eu ouvi o amor.
Eu ouvi o calor.
O alívio me fez balançar nos meus pés. Ela não era Analise. Ela não
era Lydia ou Jessica. Ela não estava me virando as costas como elas
fizeram.
Eu balancei a cabeça, meu pescoço se sentindo solto e minha
cabeça estranhamente pesada. — Estou bem. Mason, Nate e Matteo vão
estar lá. Estou bem.
— Você tem certeza?
— Eu realmente estou bem. — Sentindo-me um pouco mais firme,
coloquei minhas mãos sobre as dela nos meus ombros e apertei. — Estou
sentindo uma velha ansiedade que pensei ter perdido há muito tempo.
Isso é tudo. — Eu sorri, tentando tranquilizá-la. — Aparentemente, eu
ainda tenho alguma bagagem para trabalhar.
— Oh, querida. — Ela me puxou para um abraço, esfregando
minhas costas. — Você vai chegar lá. Você tem pessoas que amam e
apoiam você. Não importa o quê. Se você precisar de alguma coisa, me
diga. Vou largar tudo o que estou fazendo por você. Certo? — Malinda se
inclinou para trás, segurando meus ombros novamente.
Eu assenti. — Eu sei.
E eu sabia, e é por isso que eu a ajudei a levar todos os sacos de
presentes para o SUV. Nós estávamos terminando, e Malinda correu para
dentro para confirmar se pegou tudo, quando eu notei alguém parado no
final da garagem.
Eu olhei para cima e congelei.
Analise parada, sem a saia esvoaçante. Ela usava legging com fones
nos ouvidos. Ela parecia congelada no lugar também, exceto que uma
mão se estendeu para tirar um dos seus fones de ouvido. Ela tirou
lentamente e olhou para me encarar.
— OK! Tudo pronto. Você está pronta?
Eu ouvi a voz da minha madrasta. Brilhante. Alegre. Então a porta
se fechou e seus passos atravessaram a calçada.
Ela parou. — Oh
Eu não consegui desviar o olhar de Analise, que ainda não se
mexeu.
— Ok! — Malinda bateu palmas juntas. Eu ouvi a nota forçada em
sua voz. Ela veio atrás de mim, tocando meu braço e me guiando para o
veículo. — Você entra aqui, Sam. E... — Ela fechou a porta, movendo-se
para o lado do motorista. Não houve nenhum passo em falso, sem
hesitação. Ela não olhou para a entrada da garagem enquanto entrava e
ligava o motor. — Pronta para ir? Será um evento divertido.
Ela deu a ré na entrada da garagem, tendo espaço suficiente para
se virar antes de sair para a rua. Quando viramos a frente do SUV para
sair, meu coração parecia que estava rastejando para fora de mim, mas
não havia mais Analise.
Nós saímos, paramos na rua e, quando Malinda virou para a
esquerda, ela pegou minha mão e apertou-a.
— Ela estava fora para uma caminhada, querida. Isso vai
acontecer. Nós vamos apenas, uh, vamos ter que começar a nos
acostumar com isso.
O sentimento parecia sensato.
Minha mãe morava no mesmo quarteirão que nós. É claro que eu
a encontraria, mas... Enquanto seguíamos rua abaixo, eu não pude
deixar de procurá-la. O portão da mansão Kade estava fechado. Ela não
estava atrás de nós na calçada, ou em qualquer calçada que eu podia ver
quando saímos da nossa pequena comunidade.
Ela se foi.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
Havia risos, falatórios e abraços. Muitos abraços.
Assim que ajudei Malinda a descarregar tudo na varanda da
piscina, tive que fugir. Eu fui me esconder em um canto distante do lobby
do country club, esperando por Mason, Nate e Matteo aparecerem. A
mensagem de Mason disse que eles tinham um buraco para terminar,
mas não deveriam demorar. Tanto quanto eu estava preocupada, mais
tempo era muito tempo.
Onde eu estava sentada, as pessoas tinham que passar por mim
até a área da piscina, mas havia um monte de arbustos e árvores em
vasos me escondendo. Então eu pude vê-los; e eles não podiam me ver.
Parecia ser uma reunião da Fallen Crest Academy, mas apenas
para aqueles que me odiavam. Miranda chegou, agarrada ao braço de
Peter. Então Amelia chegou, junto com mais membros do esquadrão de
Elite, o apelido que seu grupo adquiriu na escola. Eles foram o topo do
sistema social. Depois disso veio muita coisa que eu não conseguia
lembrar, e depois pensei que morreria porque Jessica e a Lydia entraram
também.
Eu me encolhi no meu lugar enquanto assistia minhas duas ex-
melhores amigas valsarem como se viessem aqui todo fim de semana.
Talvez viessem. Eu não fazia ideia.
— O que você está fazendo?
Eu me virei e olhei, mas não pude acreditar. — Jeff?
Meu primeiro namorado — o cara que me traiu com uma das ex-
melhores amigas que acabaram passar — agora estava ao meu lado, seu
rosto torcido em confusão. Seu cabelo estava arrepiado, e ele usava
óculos com uma camiseta da moda e calça jeans skinny. Eu superei o
meu choque inicial e apenas me concentrei na visão dele.
— Você ainda parece um aspirante a roqueiro — eu disse. — O que
você está fazendo aqui? Você não era amigo desse grupo na escola.
— E você era? — Ele fez uma pausa. — Espera. Você meio que era,
e depois não era. Eu não tenho inimigos aí. Você tinha. Eu deveria estar
te fazendo essa pergunta. — Ele piscou, sorrindo. — Mas você está
brincando comigo? O convite foi postado nas redes sociais. Inferno, sim,
eu vim. Ele se sentou ao meu lado e curvou os ombros, caindo em seu
assento também. — De quem você está se escondendo?
Eu bati nele. — Não é engraçado. Você vai me entregar.
Ele tirou os óculos de sol para me olhar. — Sam, você é clara como
o dia para quem entra pela primeira vez no lobby. Todas as pessoas que
vieram por esse caminho viram você.
Eu senti o sangue escorrer do meu rosto. — Você está falando
sério?
Ele assentiu, parecendo estar tentando não rir. — Sério, no
entanto… — Ele se inclinou para perto, abaixando a voz. — De quem você
está se escondendo?
— Você! — Eu empurrei uma mão para fora, em seguida, apontei
para a área da piscina. — Todos eles. São todos da FCA.
— E? — Ele deu de ombros, ficando confortável e jogando uma
perna por cima do braço da cadeira. — O convite dizia que é o primeiro
chá de casamento de Becky e Adam. E, a propósito, os pais deles estão
chateados que sua madrasta esteja dando a festa.
Eu franzi o nariz. — Também é o aniversário de Mark.
— Quando é o aniversário dele?
— Uh… — Eu não tinha ideia. Eu menti: — Este fim de semana. —
Eu deveria saber.
Ele revirou os olhos, colocando os óculos de volta. — Você está
mentindo. Eu ainda posso dizer.
Eu bati nele novamente. — Não estou.
— Ai! — Ele esfregou o braço. — Você bate em Mason assim?
— Ele não merece isso.
— Ei. É verdade? Vocês estão guerreando com Roussou de novo?
— Ele assobiou baixinho. — Relembrando o passado. Eu sinto que
estamos de volta ao ensino médio. O que eles estão planejando? Carros-
bomba? Eles vão queimar um bar ou algo dessa vez?
Por que todas as referências a explosões? Eu estremeci. — Não.
Nada como isso.
— O quê? — Jeff estreitou os olhos. Eu só podia ver através das
lentes escuras. — Ah, merda. — Mason vai seguir a rota adulta agora? O
quê? Ele vai pagar para eles irem embora ou algo assim? — Ele gemeu.
— Isso é tão sem graça.
Eu estreitei meus olhos de volta. — Você é estúpido. Você nunca
me respondeu antes. O que você está fazendo aqui?
— Eu sou amigo de Becky.
Eu dei a ele uma olhada.
— Eu era uma espécie de amiga dela — emendou. Ele largou a
perna e se inclinou para o intervalo entre as cadeiras. — Olha, o convite
saiu no Instagram de Adam. Ele disse que qualquer um poderia vir, então
se você está pensando que apenas seus amigos reais estarão aqui, você
precisa ter uma pista. Quem ainda esteja em Fallen Crest neste verão vai
vir para cá. É a desculpa perfeita para explorar o country club. Além
disso, pode ser a última tentativa de todos para entrar em contato com
Adam Quinn. — Ele olhou para trás para onde todos estavam se
reunindo.
Fiquei bem com... eu não tinha ouvido direito, né?
— Do que você está falando?
Seus olhos deslizaram de volta para os meus. — Você não ouviu?
— Do que você está falando?
— Quinn está indo para a política. Ele fez o anúncio na formatura.
Você não estava lá? Todo mundo está observando ele. Ele começou a fazer
Direito, agora ele entrou na Harvard Law, e depois disso, ele vai virar
político. Pensei que você soubesse.
Eu não tinha ideia. Mas eu não fiquei completamente chocada. —
Becky vai ser uma esposa de político?
Jeff riu. — Sim. Eu não tenho dúvidas de que ela tem sonhos de
ser uma primeira dama um dia.
As revelações de Jeff me deram um soco no peito, mas mesmo
assim, eu tive que admitir que parecia certo. Claro que Adam iria para a
política.
Eu balancei a cabeça. — Todo esse poder. Todo esse controle.
— Toda essa vagina — Jeff acrescentou. — Becky terá uma grande
surpresa, mas isso é com ela. Como se ela não soubesse como Quinn é
realmente.
— As coisas são diferentes — eu disse a ele. — Adam está feliz com
Becky.
Jeff começou a rir.
Eu atirei-lhe um olhar de aviso. — Verdade.
— Ok. — Ele deu um tapinha no meu joelho antes de se levantar.
— Continue pensando isso. Eu vou lá para pegar a comida grátis antes
que tudo acabe.
Ele tinha ido embora menos de trinta segundos antes de eu ouvir
Mason perguntar atrás de mim. — Era seu ex saco de merda que acabei
de ver falando com você?
Eu ignorei a pergunta de Mason. Ele sabia que Jeff e eu estávamos
bem. Ele não estava chateado com ele de qualquer maneira. Em vez disso,
levantei e disse: — Adam está entrando na política. Você sabia disso?
Nate e Matteo vieram com Mason e ambos tiveram reações
diferentes. Um sorriso orgulhoso floresceu no rosto de Matteo enquanto
Nate começou a rir.
E rir.
E rir mais um pouco.
Mason o cutucou. — Cale-se.
— É só que… — Ele balançou a cabeça, tentando parar. — Claro
que ele está indo para a política. Porra. Isso faz muito sentido.
— Foi o que eu pensei também. — Eu balancei a cabeça.
— Por que isso é ruim? — perguntou Matteo.
— Você está vendo ele ser um bom rapaz agora — explicou Mason.
— Ele nem sempre é um cara legal — acrescentou Nate.
— Nem será no futuro — concluiu Mason.
Ele me observou enquanto falava, e eu vi um lampejo de emoção
ali. Eu queria perguntar se eles descobriram alguma coisa em sua
aventura de golfe, mas Matteo estava aqui. Mason não queria que ele
fosse afetado por nossas batalhas, então eu segurei minha língua. Eu
perguntaria depois.
Todos nos levantamos e olhamos para o saguão do clube. Do outro
lado de algumas portas de vidro havia a varanda da piscina, já cheia de
pessoas da minha antiga escola. Ninguém falou, mas Mason começou a
avançar. Eu segui, assim como Nate e Matteo. Seguimos nosso líder até
o que eu estava começando a pensar como território inimigo mais uma
vez.
Quando chegamos à última porta que nos separava deles, as
conversas começaram a parar. Parecia que, um por um, todo mundo
estava se virando para nos ver entrar.
Eu não pude culpá-los.
Mason chegou por trás dele, e eu enfiei a mão na dele.
Mason e Logan eram deuses para eles. Havia rumores e histórias
lendárias sobre os irmãos Kade, e mesmo que Mason e Logan tivessem
ido para a escola pública, eu sabia em primeira mão o quanto todos
queriam ser como eles ou estar com eles. Mesmo agora, os olhos se
arregalaram, as bocas se abriram e as pessoas estavam quase babando
por Mason.
Ele era a celebridade do futebol. Eles teriam tido algo parecido com
essa reação antes, mas era mais agora.
Nate se inclinou para perto, sussurrando: — Eu me esqueço do
status do futebol dele, sabe?
Eu assenti. — Eu sei o que você quer dizer.
Uma parte da multidão se moveu, e Adam apareceu primeiro, com
Becky do lado, seguido por Mark. Meu meio-irmão ficou para trás quando
Adam se aproximou com a mão estendida.
— Mason, fico feliz que você tenha vindo.
Mason franziu a testa, olhando para ele com os olhos apertados.
Ele não se mexeu para apertar sua mão. Inquietação deslizou pela minha
espinha. Isso foi encenado. Algo sobre a abordagem de Adam parecia
errado. Ele tinha um olhar estranho em seu olhar.
Eu olhei para Becky, vi o medo lá, e sabia que o que Adam queria
fazer, não era bom. Eu dei um passo à frente, intencionalmente batendo
a mão de Adam de lado.
— Do que você está falando? Minha madrasta está dando essa
festa, lembra? Você está agindo como se não tivéssemos sido convidados.
— Me inclinei para mais perto, mas me certifiquei de que todos pudessem
ouvir minhas palavras. — É mais ao contrário, Adam. Algo como o seu
noivado.
Eu me senti mal vendo a ferida inundar o rosto de Becky, mas sabia
que os outros especulavam sobre o que eu queria dizer. Isso era o que eu
queria. Nós não estávamos abaixo de Adam. Ele não ia nos empurrar
dessa maneira.
Uma máscara ilegível apareceu em seu rosto, mas eu não me
importei com ele. Eu dei um passo em direção a Becky. — Posso falar
com você?
Suas sobrancelhas puxaram antes dela assentir. — OK.
Eu conduzi o caminho de volta para o lobby da frente, mas eu não
parei. Eu continuei indo em direção a uma sala de conferências vazia.
— Sam? O que está acontecendo?
Eu me movi ao redor dela, fechando a porta. — É verdade que Adam
está indo para a política?
— O quê? — Ela se abraçou antes de colocar a boca em uma linha
determinada. — Como isso é da sua conta?
Mas ela sabia o que eu ia dizer. Assim como ela sabia o tempo todo.
Eu assenti. — Então é verdade.
— Por que a pergunta?
— Me diz uma coisa. Foi sua ideia eu estar na sua festa de noivado?
— Esperei uma batida, observando as perguntas passarem por suas
feições. — Ou de Adam?
— Foi minha. — Ela desviou o olhar. — Eu poderia ter mencionado
isso algumas vezes.
Isso me contou tudo o que eu precisava saber. — Becky, não se
case com ele.
Eu peguei as mãos dela, mas ela as puxou para longe.
— Como você se atreve? — Ela deu um passo para trás.
— Eu me atrevo porque você sabia que é isso que eu diria. É por
isso que você queria se reconciliar comigo. Ele me queria, Becs. Não você.
Ele planejou me pegar, de novo e de novo. É por isso que Mason o odeia.
E agora isso, seu noivado, ele entrando na política, você me queria de
volta em sua vida porque eu sou a única que lhe dirá a verdade.
Ela se virou, ainda se abraçando, mas não fez nenhum movimento
para sair. Ela estava me ouvindo, e eu tinha que pensar que era porque
eu estava dizendo o que ela queria ouvir.
Eu suavizei minha voz. — Ele vai trair você.
Ela fungou. — Como você sabe?
— Porque você sabe. — Havia janelas na sala que davam para a
piscina. Adam não estava nos observando, mas continuava olhando para
as portas que davam para o saguão. Eu notei Jessica e Lydia ao lado dele.
Jessica pegou a mão dele e ele se virou para ela.
Foi um flashback para mim; só que em vez de Adam, foi Jeff.
Eu não pude me parar. — Ele já está traindo você?
— O quê?! — Ela se virou, viu o que eu estava olhando e balançou
a cabeça. — Não. — Ela soou um pouco mais forte agora. Seus pequenos
ombros rolaram para trás e ela levantou a cabeça mais alto. — Mas ela
está tentando. Eu vou admitir isso.
— Ele não está dormindo com ela?
Ela balançou a cabeça, de pé ao meu lado. — Eu instalei um
programa no computador para poder monitorar todos os seus e-mails e
páginas de mídia social.
Hum. Puta merda? Eu senti meu queixo cair.
— Ela tem enviado mensagens privadas para ele, mas até agora ele
não respondeu. Ele só tem sido educado, como foi com todas elas. — O
olhar dela permaneceu em Lydia antes de seguir para Miranda e Amelia.
Ficou mais tempo em Amelia.
— Ela é aquela com quem você está preocupada? — Eu me senti
tão orgulhosa dela. Eu não conseguia explicar por que, mas era como se
minha irmãzinha tivesse crescido diante dos meus olhos.
— Sim. Ela é aquela com quem ele mais compartilha.
— Eles eram amigos na escola.
— Não são tão bons amigos. Mudou há um ano. Eles trabalharam
em um projeto juntos na faculdade. Tem sido... diferente desde então.
— E Miranda? Ela namorou com ele.
— Ela está apaixonada por Peter. — Becky balançou a cabeça. —
Eu costumava me preocupar com ela, mas ela só fala sobre como Peter é
ótimo em suas mensagens. Ela pergunta sobre mim também. Amelia
nunca me mencionou.
— Isso diz muito.
— Eu sei.
— Você só precisava de mim para dizer isso, não é?
Ela soltou um suspiro profundo, os olhos baixos. — Eu precisava
de alguém para dizer isso. Eu me senti horrível pensando nisso, mas sim.
Eu precisava de alguém para expressar a mesma preocupação. Eu vou
ficar bem agora. É como se você tivesse me dado permissão para duvidar
do homem que amo.
— Você ainda vai se casar com ele, não vai?
Ela se afastou da janela, me olhando nos olhos. Seu olhar segurou
o meu firmemente. — Sim. Eu não estou cega e eu o amo. Eu sempre
amei. Eu o escolhi a você. Dei as costas a uma boa amiga e desde então
me arrependo. Casar com ele é uma pequena maneira de acertar. Eu sei
que provavelmente isso não faz sentido, mas ele pode me proporcionar
uma boa vida até nos divorciarmos, se é que isso que vai acontecer.
— Você vai continuar monitorando ele?
— Oh sim. Se ele me deixar, ele não saberá o que o atingiu. Eu vou
ter anos de provas.
Eu estendi a mão e peguei a mão dela. Desta vez, eu quis dizer
exatamente isso: — Estou feliz por ter sua amizade novamente.
Ela apertou minha mão com tanta força. — Eu também.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
Estávamos voltando para a piscina quando Malinda nos parou
atravessando o saguão. — Oi, Becky, querida. — Ela tocou minha mão,
ainda sorrindo para Becky. — Parabéns pelo futuro casamento. Estou tão
feliz por você e por Adam. — Ela olhou para mim. — Sam, posso ter um
minuto com você?
— Uh, claro.
Becky abraçou Malinda antes de ir lá para fora, e minha madrasta
me puxou na direção oposta à qual Becky e eu acabamos de vir.
— O que está acontecendo? — eu perguntei a ela.
Ela não respondeu, apenas aumentou seu ritmo. Ela voltou para o
lado de fora, mas nós pegamos um caminho escondido atrás da piscina.
Palmeiras e arbustos nos impediam de ver. Eu ouvi vozes levantadas,
mas não consegui identificá-las até virarmos uma curva.
Em pé em um pequeno grupo fora de uma entrada para as quadras
de tênis do clube de campo, com um monte de carrinhos de golfe por trás
deles, estavam James Kade, Steven Quinn, Adam e Mason. Não havia
sinal de Matteo ou Nate.
Eu me inclinei para frente. — O que está acontecendo?
Ela passou um braço em volta dos meus ombros e sussurrou. —
Seu pai está vindo para ajudar com a situação, mas achei que era uma
boa ideia ter uma mulher presente. Eu não posso ficar. Eu tenho que
voltar para a festa ou alguém vai começar a perguntar se algo está errado.
— E com isso, ela pressionou um beijo na minha testa, então correu de
volta.
Eu me aproximei, ouvindo o Sr. Quinn gritar: — É a festa de
noivado do meu filho. Eu posso entrar se eu quiser.
Oh, senhor. Ele estava bêbado. Ele lançou um braço no ar e teria
atingido Mason se ele não tivesse se abaixado. Em vez disso, Mason
pegou, torcendo-os nas costas do pai de Adam e puxando-o com força.
Ignorando o grito de dor do Sr. Quinn, ele disse baixinho: — Todos
os amigos de Adam estão celebrando lá, e sim, é a festa do seu filho, mas
você está bêbado, senhor. Eu não acho que você queira que a memória
deles da festa de Adam seja sobre suas palhaçadas bêbadas. Ou quer?
Ele resistiu contra o domínio de Mason. — Você está com ciúmes.
Seu futuro foi mapeado desde antes de você nascer, e você não pode
suportar como Adam está feliz.
Eu não me aproximei. Eu não tinha certeza se eu era a melhor
presença feminina para este trabalho.
Mason atirou um olhar a Adam, que parecia exasperado, com um
olhar duvidoso.
— Papai. — Adam estendeu a mão, tocando o ombro do pai. — Esse
não é o caso e você sabe disso. Sim, estou muito feliz com Becky, mas
Mason está feliz com Samantha.
— Samantha. — O Sr. Quinn engasgou com meu nome. — Essa é
a garota, Adam. Você deveria estar com ela. Eu gosto da sua pequena
Becky, mas ela não tem a genética de Sam Strattan.
Eu não estava ouvindo isso. Não havia como.
— Papai! — Adam gritou.
Os olhos de Mason assumiram um brilho assassino, mas ele não
disse nada. Ele continuou a segurar o braço do Sr. Quinn atrás das
costas.
— Steven — James entrou. — Você bebeu muito uísque jogando
golfe. Deixe seu filho chamar um carro para você ir para casa. Durma um
pouco.
— Oh, sim. Genética. — O sorriso do Sr. Quinn se transformou em
um olhar malicioso. — Você sabe do que estou falando, James. Aposto
que ela é como Analise na cama...
Não, não, não.
Eu estava enraizada no lugar. Eu não podia sair. Eu não conseguia
nem levantar a mão para cobrir meus ouvidos. Então fechei meus olhos.
— Steven! — James gritou.
— Papai! — Adam gritou ao mesmo tempo.
— Quente... contorcendo-se… — O tom de Quinn era quente,
jorrando, e me senti mal de novo. Ele continuou. — Ela pode resistir a
você como um mustang selvagem, se você sabe o que eu estou falando.
Meus olhos se abriram quando ouvi um soco.
Quinn teria caído se Mason não estivesse segurando. Depois de um
segundo soco de James, Mason soltou. Adam agarrou seu pai e Mason
foi empurrar o próprio pai de volta.
— Papai — disse ele. — Pare.
— Quando você dormiu com ela? — James se esforçou contra o
domínio de Mason. — Quando?!
Quinn parecia estranhamente calmo. Ele limpou a boca e olhou
para o sangue em sua mão. Então ele riu. — Uau. Eu não posso acreditar.
James, você me deu um soco.
— Quando você dormiu com Analise?
Adam segurou seu pai de volta, mas ele não precisava. Steven
Quinn não estava se movendo. Adam olhou por cima do ombro, os olhos
fechados de dor na pergunta de James.
— Não quando ela estava com você — disse Quinn.
Eu ouvi outro par de passos atrás de mim. Eu conhecia esses
passos. Eu os escutei toda a minha vida e estendi a mão quando o homem
que me criou se aproximou.
— Papai — eu disse minha voz um sussurro rouco. — Não.
— Foi quando ela estava com Strattan — continuou Steven. — Ela
estava com quase todos nós. Você tinha que saber, James.
James estava tremendo. Se Mason não estivesse segurando, ele
estaria no pai de Adam novamente. Adam e Mason pareciam tensos e
alertas para quaisquer outros ataques. Ninguém estava prestando
atenção em meu pai ou em mim.
— Eu não me importo se foi quando ela estava com David. Você
não vai falar sobre ela assim — James gritou.
Meu pai virou e saiu tão silenciosamente quanto ele veio.
Eu olhei para trás e Mason encontrou meu olhar. Quando ele viu
David recuar, ele assentiu. Essa foi toda a permissão que eu precisava.
Eu saí correndo de lá, correndo atrás do meu pai. Eu passei por Nate no
meu caminho, e ignorando o que ele começou a dizer, apontei para onde
eu vim.
— Mason precisa da sua ajuda. Eu tenho que lidar com algo.
— Mas...
Eu já tinha ido embora.
Eu encontrei meu pai no estacionamento, passando pelos veículos
para encontrar o dele. Ele nem estava esperando pelo manobrista. —
Papai! Espera.
Ele estava perto de seu carro quando se virou, com as chaves na
mão. — Querida, estou bem.
Eu analisei seu rosto, sem saber se isso era verdade ou não. Eu vi
alguma tensão, mas na maior parte, ele parecia o seu eu amoroso
habitual.
Eu engoli um nó na garganta. — Você tem certeza?
— Eu fiz as pazes com o que sua mãe fez há muito tempo. Eu saí
porque essa luta não é mais minha. Seja o que for que Analise fez no
passado, está no passado. Eu tenho você e tenho Malinda. Isso é tudo
que preciso.
— E Mark.
— E Mark. — Ele assentiu. — Você está certa. Tenho orgulho de tê-
lo como filho.
David Strattan não era meu pai biológico, mas ele era meu pai em
todos os outros sentidos da palavra. Eu percebi agora que nenhum de
seus filhos era biológico.
Eu fiz uma careta. — Papai… — Posso perguntar o que eu queria
perguntar? Era mesmo da minha conta?
— Sam?
— Malinda ainda pode ter filhos?
— Oh, Sam. — Ele me puxou para um abraço. — Eu sei o que você
está pensando, e eu não preciso de meus próprios filhos. Sua madrasta
e eu conversamos sobre crianças, mas se decidirmos tê-las não
seguiríamos a rota biológica. Nós adotaríamos. Ela passou pela
menopausa cedo. Ela não pode ter mais filhos.
— Eu sinto muito.
Ele balançou sua cabeça. — Não é para você se preocupar. Não é
nem para você pensar. Houve uma época em que eu queria meu próprio
filho, mas eu tinha você, e esses eram os dias em que eu me preocupava
se Analise me deixaria ficar com você como filha. Você foi o suficiente
para mim. Então tive sorte e ganhei Malinda e Mark também. Eu tenho
uma filha e um filho, e mais dois enteados com Mason e Logan — quatro
se você contar com Nate e Matteo. Eu sou muito abençoado.
— Você tem certeza?
— Tenho. — Ele me abraçou novamente. — Você deveria se
certificar de que Mason está bem. Steven é um bêbado desagradável. Não
tenho dúvidas de que ele vai começar a falar com Mason sobre você. Isso
é o que ele faz. Ele procura a fraqueza de uma pessoa e a empurra. Ele
já conhece as fraquezas de Mason e James: as mulheres que amam. Essa
foi outra razão pela qual saí. Se Quinn tivesse começado a falar de você,
eu não sei o que eu teria feito.
— Oh. — Bem, foda-se. Novos alarmes soaram em mim. — Sim, eu
deveria voltar então.
Mas quando cheguei lá, os dois pais tinham ido embora. Adam e
Mason estavam lá, e Nate bem ao lado deles.
Eu me aproximei, sem saber se ainda era necessária. — Tudo bem
agora?
— Sam. — O peito de Adam subiu com a cabeça. O arrependimento
em seus olhos se misturou com raiva. — Sinto muito pelo que meu pai
disse. Eu não sabia que você ouvia até Nate aparecer, mas ele estava
bêbado. Não. Isso não é desculpa. Ele... Eu sei que você acha que eu
estava vindo para vocês mais cedo, mas eu não estava.
— Jeff disse que você está indo para a política — eu disse.
— Eu estou esperando, mas com meu pai como está... — Ele
apontou na direção que Steven Quinn deve ter ido. — Eu não sei se isso
é uma possibilidade. Estou me preparando para assumir a empresa da
família se ele não parar de beber, e você nunca sabe. Talvez ele acabe
indo para a reabilitação também. — Suas sobrancelhas se uniram. —
Onde está a sua mãe? Podemos precisar de uma boa referência.
— É isso que você acha?
— Hmmm? — Sua cabeça inclinou. Com as mãos nos bolsos, seu
corpo meio que se afastou de mim, saiu como se estivesse distraído.
Era isso? Foi por isso que ele estava querendo a informação errada?
— Minha mãe não era bêbada. É isso que você acha?
— Eu sinto muito. O quê? — Ele se virou para mim, com as mãos
ainda nos bolsos.
Adam sabia que minha mãe não era bêbada. Eu disse: — Você
acabou de perguntar onde minha mãe foi para a reabilitação, como se
seu pai pudesse ir lá por beber. — Eu esperei. Ele perceberia seu erro?
— Você estava lá, Adam. Eu falei com você sobre ela. Eu confiei em você.
E eu esperei.
Então eu vi. A realização filtrar em seu rosto, seguido por
arrependimento e, em seguida, simpatia. — Sam, eu sinto...
Eu acenei, balançando a cabeça. — Muito. Eu sei. Eu te ouvi.
Minha mãe não era bêbada e viciada. Ela não era uma viciada de modo
algum. Ela tem um distúrbio mental e foi fazer terapia intensiva por isso.
Eu poderia te dizer aonde ela foi, mas eu não acho que é para onde você
quer mandar seu pai, se você realmente vai mandá-lo para algum lugar.
Eu tive o suficiente. As coisas estavam bem aqui. Adam estava em
sua própria cabeça, pensando ou planejando alguma coisa. Eu não sabia
por que Mason e Nate ainda estavam aqui, mas eu não me importava. Eu
comecei a voltar. Eu precisava abraçar Becky mais uma vez, e então eu
estava pronta para ir embora.
— Eu não estava mentindo sobre o meu pai.
A voz de Adam me parou. Eu me virei de novo.
— E eu me lembro de sua mãe — disse ele, seus olhos fixos nos
meus. — Estou distraído agora porque quero ir para a faculdade de
direito e para a política. Eu não quero ficar aqui e assumir a empresa do
meu pai, então agora, quando perguntei sobre o tipo errado de
reabilitação, eu estava me perguntando se de alguma forma minha mãe
poderia assumir o controle. Ou uma das minhas irmãs. Seria justo pedir
isso? Molly é a segunda mais velha, mas ela está se formando no ensino
médio. Eu não acho que seja um fardo justo para colocar nos ombros
dela. E então me perguntei se isso afetaria a decisão de Becky de se casar
comigo. Se ela ficaria bem se ficássemos em Fallen Crest pelo resto de
nossas vidas, se ela realmente diria sim para mim porque me ama.
A dor severa em seu rosto olhou de volta para mim.
— Então, por favor, aceite minhas desculpas porque são
verdadeiras — ele terminou.
Eu sacudi a cabeça em um aceno duro. Eu não confiava nele em
relação a Becky, mas eu podia reconhecer outra criança com dor em
relação a um dos pais. — Becky concordou em se casar com você. Ela
não se importa com o que você vai acabar fazendo. Acredite nisso.
— Obrigado, Sam. Eu vou.
Quando me virei para ir, ouvi uma voz que não ouvia há quase
duas semanas.
— Uh, sim...
Eu já estava começando a sorrir.
Logan deu a volta pela entrada dos fundos, de mãos dadas com
Taylor. Ele apontou para trás dele. — Só vi o pai ajudando o idiota a
entrar no carro, e ambos cheiravam a bebida. — Ele soltou a mão de
Taylor e levantou os braços. — Venha para mim, meu irmão mais velho.
O Kade mais bonito está de volta à cidade!
Minha família voltou a ficar junta.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
Mason abraçou Logan, depois Nate e eu fui a última.
Depois de me colocar de pé novamente, Logan espetou Adam com
um olhar. — O que esse filho da puta está fazendo aqui?
Eu deixei Mason responder isso e fui abraçar Taylor. — Ei. Como
foi a viagem?
— Boa. — Ela acenou para Nate e Mason, um pouco tímida.
Ela era mais próxima a mim, mas nem nós éramos super próximas.
Ela e Logan estavam juntos há quase um ano, mas já que ela era da Cain,
ela gostava de ficar perto de suas amigas lá. Logan dormia mais em sua
casa durante o ano do que na nossa, o que causou alguma tensão entre
ele e Mason.
Taylor passou a mão pelo cabelo loiro escuro. — Nós chegamos em
casa, mas ninguém estava lá, então Logan usou uma coisa de rastreador
GPS que ele instalou no telefone de Mason. Quando ele percebeu que
vocês estavam aqui, ele ficou muito quieto. É um lugar ruim? — Ela olhou
em volta. — Eu tenho que dizer, isso é um lugar ao qual meu pai iria.
— Não é realmente o lugar. São as pessoas.
— Sullivan? — Ouvimos Logan dizer. — Lembro de tirar uma das
suas mãos mais de uma vez. Aquela não? Tate.
Adam sacudiu a cabeça. — Legal Logan. Sim. É ótimo ter você de
volta.
Nate ignorou Adam. — É Becky, a velha amiga de Sam.
Logan olhou para mim. — Velha amiga, certo? Não me diga que
isso mudou também.
— Uh, era velha até cerca de trinta minutos atrás. É real de novo.
— É? — Adam perguntou.
Eu o ignorei. — Não descarte até você encontrá-la novamente,
Logan. Ela mudou.
— Não mais uma vira casaca?
Mais como apenas uma vira casaca mais inteligente, mas dei de
ombros.
Logan se virou para encarar seu irmão. — O que diabos está
acontecendo? Você parou de atender minhas ligações há uma semana.
— Você parou de ligar.
Logan pensou sobre isso, inclinando a cabeça para o lado. — Oh
sim. Acho que minha bateria morreu e perdi o carregador perto da Torre
Eiffel. — Ele piscou para Taylor. — Além disso, tenho estado um pouco
preocupado. Você sabe sair com o seu treinador. — Ele se virou para
Mason. — Somos melhores amigos agora, Mase. Eu o chamo de Grande
Papai Urso.
— Certo. — O tom de Mason era duvidoso.
— E ele me chama de seu bebezinho. Tomamos mingau juntos,
dormimos na cama um do outro e até tentamos nos aconchegar na
cadeira do papai grande uma vez. — Ele sorriu, olhando para longe. —
Boas lembranças. Eu sou o melhor namorado da filha dele.
Taylor franziu a testa. — Vocês tomaram uma cerveja juntos. Foi
isso.
— Sim, mas enquanto desfrutamos da nossa Corona, eu sabia o
que ele estava pensando. Eu estava pensando o mesmo. Nos
sincronizamos, Taylor. Você não pode tirar isso de nós. Eu e seu pai
temos um vínculo que você nunca entenderá.
— Um onde você é Cachinhos Dourados? — Ela sorriu. — Esse não
é um vínculo que eu quero. Eu estou bem com o que tenho. Você pode
ter ouvido sobre isso; isso se chama realidade.
Mason e Nate sorriram e Logan fingiu puxar uma flecha do peito.
Ele segurou. — Olhe para isso. Entrou pela frente. — Ele sorriu para
Adam. — Não foi na parte de trás, como alguém que eu não quero saber
aqui.
— Você é um babaca.
O peito de Logan inchou. Ele estava tão orgulhoso de si mesmo. —
Ah, me chamando por nomes. Outra viagem pela estrada da memória.
Isso é tão ensino médio. — Ele piscou.
Mason chamou minha atenção, com um olhar significativo lá, e eu
entendi a mensagem. Ele ainda estava tentando investigar Adam. Se ele
viesse em sua defesa, Logan estaria por toda parte como um doido
irritadiço. Considerando que se eu parasse as coisas, faria mais sentido.
Eu limpei minha garganta, seguindo em frente. — OK. Chega de mijarem
um no outro.
— Ele começou — Adam zombou.
— Adam, volte para a sua festa de noivado. — Eu olhei para Logan,
cujos olhos se iluminaram com a menção de festa. — E Logan, você fica
longe porque Malinda está organizando tudo. Não seria um acidente
começar uma cena. É o aniversário de Mark também.
A luz ansiosa desapareceu dele e seus ombros quase caíram. —
Tudo bem, mas onde está Matteo? Eu pensei que ele estivesse aqui
também.
— Ele provavelmente está flertando com algumas das minhas
amigas. — Adam começou. — Vou mandá-lo vir se eu vê-lo — ele disse
por cima do ombro.
Depois que ele se foi, todo o humor fugiu de Logan. — Que porra é
essa, Mason? Sério. Que porra é essa?
— É mais complicado do que parece.
— Eu espero que sim. — Logan olhou para mim. — Você é
realmente amiga dela de novo?
Eu assenti. — Eu não estava mentindo. Ela tornou-se genuína
trinta minutos atrás quando soube que ela tem um programa de
monitoramento instalado no computador de Adam. Ela pode entrar em
suas páginas de e-mail e mídia social.
— Espera. O quê? — perguntou Mason.
Eu olhei para ele. — Sim. Por quê?
— Sua nova amiga tem um programa de espionagem em seu
computador?
— Oh. — Espiar. O que ele estava fazendo. — Ela tinha instalado
para pegá-lo se ele começar a trair, mas...
— Podemos ter acesso a isso? Ela está vendo os e-mails comerciais
dele? — perguntou Mason.
Eu levantei um ombro. — Eu não tenho ideia. Acho que ela se
concentrou principalmente nas mensagens dele com outras amigas.
— Sam, precisamos entrar nesse programa. Isso vai ajudar muito.
Logan levantou a mão. — OK. Eu estou fora há um mês. O que
diabos está acontecendo?
— Logan!
Nós podíamos ouvir Matteo gritando enquanto ele descia o
caminho, vindo direto para nós. Ele ainda não tinha nos visto, no
entanto.
Mason baixou a voz. — Ele não sabe.
— O quê? — disse Logan.
— Ele é um cara bom — acrescentou Mason, enquanto Matteo veio
ao virar da esquina. — Eu não quero que ele esteja envolvido.
— Cara!
Logan amaldiçoou em voz baixa. — Você é um idiota, Mase. Deus,
eu te amo. — Então um sorriso arrogante apareceu em seu rosto e ele
estendeu os braços. — O que se passa, meu colega filho da puta sensato?
Matteo varreu Logan em um abraço de urso e o sacudiu. — Puta
merda. É bom ver você. — Ele bateu nas costas de Logan. — Meu mano
de alma conectada.
Enquanto os dois professavam seu amor um pelo outro, fui até
Mason. Sua mão veio ao meu quadril e ao redor das minhas costas
quando ele me puxou contra o seu lado. Mesmo agora, eu podia sentir
um pouco da tensão deixando-o.
Eu estudei Taylor por um momento. As coisas estavam mudando.
Isso era um fato, mas essa dinâmica — Mason, eu, Logan, até Nate e
agora Taylor — não ia a lugar nenhum.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
Mason não perdeu tempo.
Recebi a tarefa de levar Taylor para a cidade naquela noite, o que
significava que eu a levaria para a casa de Heather. Matteo recebeu folga
para passar a noite com sua garota e, assim que saiu, Mason, Logan e
Nate também foram embora. Eu não teria pensado em nada sobre o que
eles estavam fazendo, exceto que todos os três estavam vestidos de preto,
e Mason havia pegado algumas máscaras de esqui. Eu assisti enquanto
ele as colocava em sua bolsa.
Eu não perguntei. Eu não queria saber. Quando Mason me deu um
beijo de despedida, eu apenas sussurrei enquanto nos abraçávamos: —
Fique em segurança.
— Sempre.
Isso era discutível, mas eu disse o mesmo para Logan e Nate depois
de abraçar cada um deles também.
— Você não sabe nada — respondeu Logan. — Taylor não sabe
nada. Divirtam-se esta noite.
— Sim. — Eu dei um tapinha no braço dele. — Esse é o plano. —
O que faríamos, eu não fazia ideia, mas sabia que precisava mantê-la
longe, considerando que eles saíram para impedi-la de fazer perguntas.
Eu mandei uma mensagem para Heather com minha missão antes de
sairmos.
A caminho. Precisamos nos manter ocupadas até ouvirmos dos
caras mais tarde.
Sua resposta veio cinco minutos depois. Não tenho ideia do que
você está falando, mas não quero saber. Eu tenho uma festa que podemos
ir.
Quando entramos no Manny's, ela estava atrás do balcão.
— Esta festa tem Caldron na lista de convidados? Kate? Matteo? —
Eu perguntei.
Ela estava procurando alguns menus, mas fez uma pausa. — Eu
não sabia que havia regras. Nem Matteo?
Eu balancei a cabeça.
Ela encolheu os ombros. — Só estou provocando. De jeito nenhum
ele vai estar nesta festa. Ela olhou por cima do meu ombro. — Ei, Taylor.
Taylor acenou, ficando a uma boa distância atrás de mim. — Ei.
O flerte passado entre Logan e Heather não foi um problema para
Taylor, ou assim Logan disse. Mas eu não pude deixar de me perguntar
se alguma coisa foi varrida para debaixo do tapete.
Taylor se aproximou, olhando ao redor do lugar. — Então Logan
disse que as pessoas de Roussou eram inimigos. — Ela olhou para uma
mesa onde três meninas usavam camisas de futebol de Roussou.
Eu sorri para Heather quando respondi: — Nem todas.
— Hmm… — Heather grunhiu. — Tecnicamente eu sou de Fallen
Crest.
— Mas seu namorado não é. — Eu pisquei para ela.
Seu sorriso ficou presunçoso. — E ele é tão incrível quanto o resto
de nós.
Eu adicionei para o benefício de Taylor. — Eu tenho certeza que a
festa que vamos esta noite é uma multidão de Roussou?
Heather saiu de trás do balcão, levando vários menus para alguns
clientes que chegavam.
— Considerando que os Kades deixaram cair a bola em dar festas
fodonas — ela disse quando retornou — eu diria que a multidão de
Roussou é o único tipo de festa que você quer ir hoje em dia.
— É seguro para nós? — Taylor perguntou.
Ela assentiu. — Completamente. — Ela levantou a chave de casa.
— Fiquem à vontade. Eu estarei lá em vinte minutos.
Eu peguei. — Por à vontade, você quer dizer começar a beber?
Ela fingiu estar confusa. — Existe algum outro significado para
essa palavra?
Taylor e eu nos movemos ao redor de outra onda de clientes e
seguimos pelo beco até a casa de Heather.

****

MASON
Logan levantou a cabeça entre os dois bancos da frente. — Até onde
fica este lugar? — Ele concordou em ir atrás porque Nate tinha o GPS
pronto para ir.
— Não temos um endereço exato, apenas uma ideia de onde será.
— Isso está muito fodido. Nós poderíamos ficar dirigindo por horas.
Nós não ficamos. Estávamos uma hora ao norte de casa, mas
quando Nate disse alguma coisa para Logan, virei para a estrada da
costa. Sam tinha dito que a cabana estava localizada na estrada, e essa
área correspondia à descrição de Becky — sem muitas casas, portanto,
muitas árvores e penhascos rochosos. Nate e Logan ainda estavam indo
e voltando quando parei o veículo no final de uma entrada de automóveis.
Eu podia ver o topo de uma mansão branca, e o nome na caixa de correio
dizia Quinn.
— Estamos aqui? — Logan perguntou.
— Estou dando um palpite, mas sim.
— Nós sabemos como vamos entrar? — Nate perguntou ao
estacionarmos. A casa tinha três andares, com um alpendre envolvente.
Logan e eu compartilhamos um olhar quando saímos e ficamos em frente
ao local. Era uma cabana. Sim, era grande, mas ainda uma cabana. A
tinta estava um pouco desgastada. Eu podia ver algumas teias de aranha
na varanda. O local não era muito visitado, e eu aposto que não havia
um sistema de segurança de última geração.
Logan pulou na varanda e sacudiu a porta. — Está trancada. —
Ele olhou para mim.
Eu gesticulei para os fundos. — Verifique todas as portas. Eles
podem ter deixado uma destrancada — ou até mesmo uma janela.
E nós estávamos com sorte. A porta da garagem anexa estava
destrancada, mas por dentro havia outra porta que dava para a casa, e
aquela estava trancada.
Logan começou a rir.
— O quê?
Ele pisou com cuidado em um tapete. — Você está brincando
comigo? — Ele se ajoelhou e sentiu por baixo, tirando uma chave. — Os
filhos da puta literalmente a deixaram debaixo do tapete. Isso é quase tão
ruim quanto mantê-la em uma daquelas pedras falsas.
Ele abriu a porta e nós entramos. Nós passamos pela cozinha e
Logan bateu palmas. — Ok, meu irmão gênio. Por onde começamos?
Nate acendeu uma luz sobre o fogão. — Eles têm eletricidade.
— Então, se eles têm um computador, podemos ligá-lo.
— Espero que eles não usem senha — acrescentou Logan.
Dei um tapinha no ombro dele. — Talvez tenhamos sorte
novamente e eles terão suas senhas escritas em algum lugar.
— Porra. Eles provavelmente terão. Mas sério. — Ele olhou para
mim. — O que você está procurando?
— Qualquer coisa que pareça ilegal? — Eu não tinha certeza do que
estávamos procurando, ou se estaria mesmo neste lugar. Eu só queria
algo na mão para trocar pelo favor que eu precisava pedir ao meu pai. Eu
precisaria da ajuda dele para lidar com o Caldron, e eu não queria dever
a ele. — Basta olhar através de seus arquivos.
— Entendi. — Logan assentiu. — Estamos pensando no que
faríamos se estivéssemos fazendo algo ilegal, como manter arquivos
incriminatórios como backup caso algo aconteça? Algo parecido?
— Você manteria isso em sua casa ou escritório?
— Aonde as autoridades iriam primeiro? — Logan sacudiu a
cabeça. — De jeito nenhum, e pensando nisso, precisamos começar a
usar o antigo lugar de papai novamente. Há muitos bons esconderijos
para nossos futuros empreendimentos ilegais.
Nate estava vasculhando um dos armários, mas parou para sorrir
para nós. — Somos futuros criminosos de colarinho branco?
— Todo mundo precisa ter aspirações.
Ignorando a brincadeira, eu me movi por um corredor lateral e abri
uma porta. — Eu encontrei o escritório.
— Basta lembrar, Mase — Logan chamou da cozinha. — Grande
bastão é uma senha perfeitamente aceitável. Só porque você usa, não
significa que os outros não vão.
— Vá se foder — eu disse de volta, mas estava sorrindo quando
liguei o computador e me sentei. Quando a tela de senha apareceu, eu
revirei os olhos e digitei. — Aparentemente, Steven Quinn não tem um
grande bastão. Não é a senha.
— Homem-foguete? — Logan sugeriu.
Nate acrescentou: — Pornstar?
Eu digitei Pau Grande. E nada. — Dane-se — eu murmurei,
folheando alguns dos papéis sobre a mesa. Dentro da gaveta, encontrei
uma palavra rabiscada. K45it () rd. Estava separado de todas as outras
notas, e digitando isso, eu entrei.
Logan e Nate ainda estavam jogando ideias. Big Johnson. Grande
Willy. Cacetudo. Atirador. Encantador de Taco. Deixei-os continuarem e
parei de ouvir.
O Sr. Quinn mantinha muitos arquivos comerciais neste
computador. Analisei tudo o que parecia relacionado a Fallen Crest, algo
sobre os negócios em Roussou e uma tonelada de arquivos sobre o
country club. Eu ainda estava lendo e folheando quando Logan disse meu
nome.
— O quê? — Eu olhei para cima.
— Você está aqui há uma hora.
— Estou?
— Sim. Obrigado por nos informar que você entrou. — Ele veio ao
redor para ficar atrás de mim.
— Desculpa. Eu não achei que vocês estivessem realmente
tentando ajudar com as ideias de senha.
— Sim, talvez não. — Ele bateu no meu ombro. — Então qual delas
funcionou? Foi iogurte lançador, não foi?
— Não. — Eu cliquei em outro arquivo intitulado Pagamentos. —
Foi encantador de taco.
— Eu sabia! Que mente suja Quinn tem. — Logan riu. — Eu aposto
que Quinn Júnior é tão sujo quanto ele. Tem que ser, se ele está indo
para a política.
— Ei! — Nate entrou na sala, franzindo a testa. — Você entrou e
não nos contou?
— Foi um acesso restrito, Nate, e você não precisa saber.
Eu os desliguei. Logan estava indo para cima de Nate, o que ele
estava fazendo desde que ele voltou, e Nate ia ignorá-lo a princípio, então
atirar insultos de volta ou ficar chateado. Essa era a dinâmica desde que
éramos crianças.
— Você encontrou alguma coisa? — Logan perguntou.
— O quê? — Eu olhei para cima, distraído. Eu estava olhando para
uma tela de nomes e números, mas nada disso fazia sentido. — Não. —
Peguei um pendrive e comecei a copiar tudo. — Vou pegar o máximo que
puder. Nós podemos olhar através disso depois. Vocês podem procurar
nos quartos dos fundos ou o porão por arquivos em papel?
Os dois compartilharam um olhar e deram de ombros.
Talvez ter vindo aqui tivesse sido sem razão, mas eu sabia um
pouco mais sobre os negócios de Quinn do que antes.
Uma hora depois, estávamos voltando quando Logan leu suas
mensagens de texto. — Uh, pessoal?
— O quê? — Nate se inclinou para frente, agora que estava sentado
na parte de trás.
Logan olhou para mim, encolhendo-se ligeiramente. — Precisamos
ir para Roussou.
— Por quê?
Eu disse a Sam para levar Taylor para sair, e conhecendo Sam, isso
significava que ela encontraria Heather. Eu já tinha uma ideia do que ele
ia dizer quando o ouvi.
— Elas estão na casa de Channing, e Taylor mandou mensagem.
Caldron está lá.
Eu apertei o acelerador. Se fossemos apanhados por um policial,
eu não me importaria. Eu precisava de um para me seguir até Channing
e me impedir de matar Caldron, porque era assim que eu me sentia no
momento.
Agarrei o volante, meus dedos se abriram, e não conversamos até
que eu freei do lado de fora da casa de Channing.
Eu estava correndo para a casa um segundo depois, com Logan
logo atrás de mim.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
Tudo começou bem. Foi até divertido.
Taylor e eu terminamos uma garrafa de vinho no momento em que
Heather se juntou a nós, e tudo o que ela fez foi juntar mais um monte
em uma caixa, e então nós estávamos no carro. A festa era no Channing,
já que sua irmãzinha tinha ido embora no final de semana. Na verdade,
era no prédio atrás de sua casa, que ficava a uma distância segura de
qualquer vizinho intrometido. Nós estávamos na cozinha fazendo
margaritas quando os primeiros amigos de Channing chegaram.
Grandes, musculosos – eu os reconheci da luta de Channing.
Todos eles acenaram para nós e pareciam saber quem eu era. Eu
não me lembrava dos nomes deles, mas eu sabia que eles eram boas
pessoas. Heather cumprimentou cada um deles pelo nome, abraçando
todos eles. Havia respeito na maneira como eles conversavam com ela,
respeito em como eles acenavam, me reconhecendo. Nenhum deles se
levantou e olhou para Taylor, que ficou no fundo. Eu não podia culpá-la
por isso. Esses caras pareciam duros. Alguns chegaram em motos.
Alguns usavam coletes de couro e bandanas. Outros se pareciam mais
com nós, de jeans e camisetas, do jeito que Mason e Logan se vestiam,
mas quando você misturava todos juntos, até eu ficava um pouco
intimidada.
As margaritas se transformaram em doses, e isso se transformou
em um jogo na fogueira no quintal de Channing. Acho que talvez fosse o
som — o riso, os gritos, os sons de mais e mais motos se juntando à festa,
ou talvez até a música. O hip-hop soou e, de repente, a festa na qual
Heather me disse que estaríamos bem em nos juntar com um grupo de
pessoas de tamanho médio que ela confiava se tornou uma grande festa,
e eu sabia que ela não confiava em todos os recém-chegados.
Em mais de algumas ocasiões, eu a vi congelar, seus olhos
grudados em alguém andando no quintal. Foi quando eu comecei a
verificar a hora, checando meu celular em busca de mensagens. Não
havia nenhuma. Isso significava que Mason ainda estava procurando,
mas notei Taylor em seu telefone.
— Você está mandando mensagens para Logan? — perguntei.
Ela assentiu, sem olhar para cima. — Estou começando a me
arrepiar.
Eu também estava e estava com medo. Eu não queria interromper
Mason, mas isso estava se tornando um lugar perigoso para nós.
Eu toquei no braço de Heather. — Que tal entrarmos?
Ela olhou em volta. — Sim. Nós podemos ir para o porão.
Encontramos Channing lá embaixo, jogando sinuca com seus
amigos. Alguns dos nós se afrouxaram no meu estômago, enquanto me
lembrava de quando Logan e Mason jogavam sinuca com seus amigos.
Por um momento, esqueci as pessoas do lado de fora. Ninguém estava
tenso aqui. Era tudo brincadeira, histórias sendo compartilhadas e um
jogo de sinuca bem-humorado.
Heather foi para trás do bar e nós seguimos. Algumas outras
garotas vieram junto com dois caras chamados Moose e Chad. Heather
apresentou-os como dois dos melhores amigos de Channing. Moose era
enorme, com uma cabeça careca e olhos castanhos gentis. As tatuagens
cobriam os lados do crânio e da nuca, assim como o outro amigo da noite
de luta. Chad não era tão musculoso quanto Moose, mas era mais alto e
mais magro. Ele tinha uma cabeça cheia de cachos ruivos, olhos verdes
e o começo de uma pequena barba. Eles se posicionaram entre nós e o
resto da sala, e eu sabia que eles tinham sido enviados por Channing
para ser nossa proteção. Eu não me lembrava do Chad do evento da luta,
mas me lembrava do Moose. Ele fez questão de se aproximar e apertar a
mão de Mason naquela noite.
Pouco depois, estávamos rindo de algo que Moose disse sobre
Chad. Foi engraçado e despreocupado, nada importante, mas foi o
momento antes de todo o inferno desabar.
Nós estávamos rindo.
Sobre alguma piada.
E nenhum de nós estava com medo, mas depois as coisas
mudaram.
Eu ouvi a voz atrás de mim.
— É aqui que a verdadeira festa está.
Calafrios desceram pela minha espinha.
Jared Caldron entrou na sala com um grupo inteiro seguindo-o. Eu
parei de contar quando cheguei a dez caras atrás dele, e eu cutuquei
Taylor para a esquina para que ele não pudesse nos ver.
Heather agarrou meu braço e me puxou para baixo do bar. Eu
puxei Taylor comigo e nos amontoamos nos pés de Heather. Ela se
levantou, revirando os ombros para trás. Ela tentou parecer casual, mas
seu joelho estava tremendo.
Moose e Chad assumiram a posição na entrada do bar. Se alguém
quisesse chegar até nós, eles teriam que passar por eles.
Acima de mim, ouvi Channing dizer: — É uma festa particular,
Caldron. Você precisa ir.
— Ir? Você está falando sério? — Caldron riu e, então, os caras
dele. — Nós entramos. Estive lá por vinte minutos. Obrigado pela bebida
grátis, a propósito.
Fechei meus olhos, mas não só de medo. Eu precisava sentir o
máximo possível na sala.
— Saia, Caldron.
— E o que você faria se eu dissesse não?
— Eu diria que vamos fazer você sair.
Os joelhos de Heather começaram a bater no armário embaixo do
bar. Eu olhei para cima, mas ela parecia completamente inconsciente.
— Você? — Caldron bufou em descrença. — Metade do seu pessoal
está espalhado do lado de fora. Meus caras estão bloqueando as portas.
Eles não têm ideia do que está acontecendo aqui.
— Porque não há como uma pessoa aqui ligar ou enviar mensagens
de texto. Sim. Você está certo. Nós estamos ferrados — Heather disse.
Seu joelho estava batendo com força na prateleira agora. Eu
estendi a mão e parei. Ela olhou para baixo e mudou sua postura. Taylor
olhou para mim. Dei de ombros.
— Cale-se, Jax, ou eu vou passar muito tempo na casa do seu
velho. Tenho certeza que você adoraria isso, né?
Ela mostrou o dedo para ele.
Ele riu. — Você tem luta em você; eu admito. Ela tem luta, Monroe.
Eu aposto que ela é muito boa na cama, hein?
— Você vai calar a boca agora mesmo. — A voz de Channing era
um aviso baixo.
— Você já fez essa ameaça e nada. Sem ninguém em cima de mim.
Ainda estou aqui.
A voz de Caldron era igualmente baixa, um desafio em si. Eu podia
imaginá-lo abrindo os braços, como se dissesse: — Aqui estou eu, venha
me buscar. Mas, enquanto eu ouvia, não havia sons de brigas ou contato
físico.
Eu esperei com meu coração na garganta.
Eu notei Taylor em seu telefone, apertando as letras e números
furiosamente. Ela estava mordendo o lábio. Ela respirou fundo e seu lábio
começou a tremer até que ela mordeu novamente, parando-o.
Ela ia estar sangrando em breve.
— Caldron. — A voz de Channing soou mais perto, como se ele
tivesse andado para o bar. — Eu disse pare.
— Eu sei que você disse. — Caldron estava mais perto também.
Ele estava vindo em nossa direção. Heather bateu nas minhas
pernas. Sua mão escorregou para baixo do bar e ela fez sinal para eu me
afastar. Eu fiz o máximo que pude. Assim que havia espaço suficiente,
ela se moveu, agora tentando ser um escudo humano, para que ele não
pudesse olhar para baixo e nos ver curvadas ali.
Era inútil. Caldron estava chegando. Eu podia ouvir seus
movimentos. As pessoas estavam começando a se empurrar. Algumas
garotas disseram: — Cuidado! — E — Ei! Eu estou de pé aqui.
Eles estavam procurando por nós.
Eu senti isso no meu interior. Alguém veio, nos viu e mandou uma
mensagem para ele que estávamos lá. E agora estávamos presas como
animais neste porão. A única saída era passando através de Caldron e
seus capangas. Eu me posicionei com as mãos no chão em cada lado das
minhas pernas — quase na posição inicial de um corredor, exceto que eu
pularia para cima e não para frente.
O telefone de Taylor brilhou. Ela segurou e eu li a mensagem de
Logan.
Aqui. Agora.
A luta estava prestes a começar, e se Mason e Logan corressem,
alguém poderia culpá-los. Isso não poderia acontecer, porque isso tinha
uma boa chance de ser levado pelas autoridades. Se alguém fosse levar
a culpa, eu me certificaria de que fosse o Caldron.
Meu coração ainda estava na minha garganta, eu respirei
rapidamente e me empurrei na posição vertical.
— Sam! — Heather assobiou, com seus olhos arregalados.
Meus olhos encontraram os de Caldron e eu sabia que tinha razão.
Ele não ficou surpreso em me ver. Um sorriso puxou seu lábio. Ele
parecia muito convencido.
— Quem foi? — perguntei.
— Quem foi o quê?
— Quem te disse que nós estávamos aqui.
— Nós? — Ele fez questão de olhar em volta. — Quem é 'nós'?
Taylor estava prestes a se levantar. Eu toquei o topo de sua cabeça
e a empurrei de volta para baixo. Ele não sabia que Logan estava aqui,
apesar de que ele iria descobrir em breve, mas ele realmente não
precisava saber sobre a namorada de Logan. Ela seria apenas mais um
alvo para ele.
Eu sorri para ele, fria. — Não leia isso. Eu gosto de me referir a
mim e a minha grandiosidade como duas pessoas separadas. Sabe,
porque eu sou tão incrível.
Ele balançou sua cabeça. — Você é muito convencida,
considerando que finalmente peguei você.
Channing se adiantou, junto com o resto de seus homens. Moose
e Chad saíram da abertura do bar e se juntaram ao grupo de amigos, que
começaram a formar uma parede.
Heather assobiou ao meu lado, em voz baixa. — O que você está
fazendo?
— Certificando-me de que ele comece a luta, e não nós.
Ela limpou a garganta. — Deixe-me fazer isso então.
Eu olhei de lado para ela quando ela se lançou sobre o bar, usando
sua vantagem de altura para pular para a frente da fila. Ela ficou ao lado
de Channing, com a mão em seu braço. Ele olhou para baixo, depois para
ela. Ela passou algum tipo de mensagem com esse toque, mas eu não
consegui decifrá-la de onde estávamos.
— Caldron. — Ela sorriu para ele, cruzando os braços sobre o peito.
— Eu nem sei por que você está aqui. Você está perdendo espaço. Você
está de volta ao ensino médio. Você ainda está atualmente. Tudo o que
você faz é passear com seus amigos, agindo como um cara durão, mas
você nunca consegue nada. Você esteve em duas lutas contra Mason
Kade, e ele colocou você para fora as duas vezes. — Ela gesticulou para
Channing. — Você está exagerando desde que nos formamos, e fazendo
todo tipo de ameaças ao meu namorado. Mas acho que sei o que está
acontecendo.
Ele franziu a testa para ela.
— Tudo bem se você é uma covarde. Ou se você...
Seu rosto ficou vermelho e em um instante ele estava dando o
primeiro soco. Heather não terminou a frase antes que Channing a
puxasse para trás. Ele se abaixou sob o braço de Caldron, depois deu um
soco direto no queixo.
Depois disso, ele estava ligado.
Eu ouvi gritos e pessoas chorando de dor, mas por um momento
antes de tudo isso, houve um silêncio total. Depois que Caldron atacou,
todos precisaram de tempo para compreender que a briga estava
acontecendo e, naquele segundo, ouvi meu próprio suspiro. Soava
ensurdecedor aos meus ouvidos e eu sabia — eu me lembraria daquele
suspiro pelo resto da minha vida.
Chad puxou Taylor e eu para trás, nos puxando para fora do bar e
indo para o lado de um corredor. Moose foi conosco, trazendo a
retaguarda e afastando outras pessoas que tentaram chegar até mim. Até
agora, ninguém estava tentando ir atrás de Taylor. Eu olhei para trás
para encontrar Heather, mas não consegui vê-la. Havia apenas uma
massa de pessoas lutando.
— Vamos. — Chad abriu uma porta e vimos uma janela para saída.
Ele puxou a tela e saiu. Ele levantou Taylor e jogou-a para o gramado.
Eu era a próxima, caindo meio em cima de Taylor. Nós nos levantamos
rapidamente, e Chad e Moose saíram atrás de nós.
— Vamos. — Chad apontou para os carros e começou a correr,
segurando o braço de Taylor.
Comecei a correr com eles, seguindo Moose. Eles poderiam levar
Taylor em segurança, mas eu tinha que voltar para encontrar Mason e
Logan. Eu sabia que eles estavam aqui; o Escalade preto de Mason estava
estacionado no gramado. Moose virou para trás, olhando para mim.
Eu acenei para ele. — Estou bem atrás de você.
Ele assentiu e os três correram mais rápido.
Eu não podia esperar mais. Eu me virei e corri de volta para a casa.
— Sam! — Taylor gritou atrás de mim.
Eu continuei, gritando por cima do meu ombro — Mason e Logan
estão aqui. Eu tenho que ir!
Eu ouvi um punhado de maldições e sabia que pelo menos uma
pessoa estava vindo atrás de mim. Um braço envolveu minha cintura e
de repente eu estava no ar.
— Não! — Comecei a lutar. Eu precisava me libertar.
— Porra, porra. Você é louca. — Era Chad. Ele grunhiu, evitando
minhas pernas. — Está bem, está bem. Eu vou com você se você parar
de me bater m... — Meu cotovelo bateu em seu queixo.
— Oh. — Eu me encolhi. — Eu sinto muito.
— Pare, ok? Pare.
Eu balancei a cabeça, esperando até meus pés estarem no chão.
Ele me colocou no chão e recuou com as mãos no ar. — Eu não vou parar
você, mas eu tenho que ir com você. OK? Eu tenho que ir, Channing me
disse para protegê-la.
Eu balancei a cabeça novamente. — Eles são minha família.
— Eu entendo isso. — Ele olhou para a casa. As brigas se
espalharam pelo jardim. Ele xingou, depois tirou o moletom. Ele segurou
para mim. — Coloque isso. — Quando eu coloquei, ele puxou o capuz
para frente. — Talvez isso ajude a camuflar você um pouco.
Eu puxei meu cabelo para frente também e comecei a correr na
frente. Chad se aproximou e correu ao meu lado, e nós começamos a
voltar para dentro.
Houve mais gritos, mais gritos, mais tudo.
Eu podia sentir o cheiro de sangue no ar. Sangue e suor.
Então tudo diminuiu, e eu assisti meu pesadelo ganhar vida. Eu
não consegui chegar a Mason e Logan. Eles iam se machucar, e eu não
podia fazer nada para impedir. Eu estava empurrando, puxando e
abrindo caminho, e ainda assim eu não conseguia vê-los.
Então, de repente, houve uma clareira na multidão.
Eu vi Mason e comecei a gritar seu nome.
Bang!
Bang!
Bang!
Três tiros soaram.
CAPÍTULO VINTE E SETE
MASON
— Mason!
Eu me virei, ouvindo meu nome, e lá estava Sam. Ela estava na
parte de trás, ao lado de um cara que eu reconheci como um dos amigos
de Channing. O cara que eu estava segurando deu um soco e eu segurei
seu braço. Torcendo para trás, ouvi um pop satisfatório e soube que ele
seria inútil pelo resto da noite. Eu o soquei no rosto, apenas o suficiente
para atordoá-lo, e o empurrei para outro grupo de amigos de Caldron.
Logan estava trocando socos ao meu lado.
Quando ouvimos a arma, nós dois congelamos um momento, mas
parecia ter vindo de longe, então continuamos. Foi quando eu ouvi Sam
gritando por mim e agora, eu peguei Logan e o puxei comigo.
— Ei! — Ele rosnou até perceber que era eu. — O que você está
fazendo?
Eu apontei. — É Sam. Vamos.
Nós decolamos, de volta pelo caminho que acabamos de chegar.
Alguns caras tentaram nos pegar, mas nos esquivamos e socamos, ou
evitamos e os pegamos, jogando-os para o lado.
— E quanto a Channing? — Logan perguntou enquanto nós
seguimos.
— Channing está bem. Caldron quer nossas cabeças em uma
bandeja, não Channing. Temos que levar Sam e Taylor para ficarem em
segurança.
Então saímos e Sam começou a correr na nossa frente. O cara com
ela ajudou a abrir caminho. Logan e eu nos juntamos a ele para cercar
Sam e formar uma barreira. Ela poderia simplesmente correr e não ter
que se preocupar em lutar.
Eu estendi a mão uma vez, minha mão deslizando sobre a dela. Eu
não pude me parar. Eu precisava me assegurar de que ela estava segura.
Ela estava, e sua mão apertou a minha enquanto continuávamos
correndo.
— Taylor. — Logan avistou sua namorada à frente, esperando
dentro do meu Escalade.
Eu reconheci Moose com ela e olhei ao redor. Sem Nate. Eu parei.
— Espera.
— O quê?
Logan se apressou para frente, subindo dentro do meu veículo e
abraçando sua namorada. Sam e o cara que a ajudou ficaram comigo.
Uma vez que Moose viu que Taylor estava bem, ele se aproximou de nós.
Eu olhei para Sam. — Nate não está aqui.
— Ele estava lá com você? — O cara perguntou.
Eu balancei a cabeça. — A luta já estava acontecendo. Dois caras
estavam se empurrando quando entramos pela porta do porão. Eu olhei
para trás, mas tinha apenas Logan comigo. Eu não me lembro de Nate.
Eu pensei que ele tivesse ido com a gente?
Sam colocou a mão na minha, mas eu já estava olhando para trás.
Eu tinha que entrar novamente.
— Espera. — O cara tocou meu ombro. — Deixe eu e Moose entrar.
Vou enviar uma mensagem para Channing e Heather, para que eles
saibam que vocês estão bem, mas estamos procurando por Nate Monson,
certo? Esse é o sobrenome dele?
Eu balancei a cabeça, examinando a casa. As pessoas estavam
começando a correr para os carros. Alguns estavam apenas correndo pela
calçada.
— Hey! — Logan gritou do veículo, agitando o telefone no ar. — É
Matteo. Ele e Nate estão voltando para a casa. Eles estão seguros.
— Matteo? — Sam perguntou.
Eu não me importei. Aquilo era o suficiente para mim. Eu me virei
de volta, estendendo minha mão. — Obrigado por cuidarem de Sam e a
garota de Logan.
O cara apertou minha mão, um aperto forte e firme. — Sem
problemas. Eu sei que você é bom com Channing. Isso faz você bom para
mim. Eu sou Chad, a propósito. — Ele acenou para Moose. — E esse é...
— Moose. — Eu estendi minha mão para ele também. — Obrigado.
Eu me lembro de você da noite da luta. Obrigado pela ajuda.
— Oh, sim.
Outro forte aperto de mão.
— Nós devemos ir. Os policiais vão aparecer. — Chad começou a ir
para a rua, e Moose foi com ele. — Vou entrar em contato com Channing
— acrescentou antes de sair. — Precisamos descobrir quem levou um
tiro, se alguém levou.
Um cara correndo atrás de nós parou. Seu peito arfava e ele passou
a mão pelo cabelo. — Foram dois motoqueiros de clubes rivais. Eles se
viram, e um puxou uma arma.
— Você está falando sério? — Chad franziu a testa.
O cara começou a fugir, mas Chad o agarrou e puxou de volta. O
cara assentiu. — Sim. — Seus olhos estavam selvagens. — Eu mesmo vi.
Eu estava fumando.
O som das sirenes o fez se virar para ver de onde elas vinham. —
Eu tenho que ir. — Ele deu uma cutucada na mão de Chad. — Se eles
me prenderem, eles têm mais do que apenas brigas comigo, se você sabe
o que quero dizer. Me solta, cara!
Chad o soltou, e o cara se mexeu, correndo entre as pessoas e
desaparecendo na multidão.
Sam puxou minha mão. — Vamos todos. Estamos todos bem.
Eu ouvi a urgência em sua voz e dei um beijo rápido em sua testa.
Acenando para Chad e Moose novamente, seguimos nossos caminhos
separados. Sam se acomodou no banco da frente e pegou o telefone
quando liguei o motor.
O telefone dela tocou um momento depois, quando eu virei a rua e
ela soltou um longo suspiro. — Graças a Deus. Heather está bem. Ela
disse que vai ligar mais tarde. — Ela levantou os olhos aliviados para
mim, me dando um sorriso trêmulo. — Ela está bem. Todos estão bem.

SAMANTHA
Todos estavam bem.
Fiquei me dizendo isso na viagem de volta para casa, mas se
alguma coisa tivesse sido diferente, todos poderiam não estar bem.
Alguém poderia ter se machucado. As pessoas que eu amava estavam em
um lugar onde uma arma foi disparada. Uma pessoa diferente, talvez
uma hora, ou até mesmo um lugar diferente, e talvez não estivéssemos
dirigindo para casa com todos aqui. Eu não conseguia me livrar desse
pensamento, e talvez todo mundo também tivesse, mas eu não queria
ficar sentada, tomar algumas bebidas e mentir a noite toda. Eu não
queria ouvir as piadas de Logan ou até mesmo sentar no silêncio estoico
de Mason. Eu queria tocar e queria lembrar que estávamos vivos.
Como se sentisse minhas necessidades, Mason pegou minha mão
quando chegamos em casa. Nada foi falado, mas fomos para o nosso
quarto, que era exatamente o que eu precisava. Minhas mãos estavam
nele no segundo em que a porta se fechou. Sua boca estava na minha.
Ele me pressionou na porta e a necessidade era profunda. Era primitiva.
Era urgente.
Eu precisava de Mason agora.
Nós fizemos amor como se nunca mais pudéssemos nos tocar
novamente.
Eu arqueei debaixo dele quando ele deslizou para dentro de mim,
mas nem isso foi suficiente. Eu precisava de mais e Mason começou a
empurrar. Mais profundo e profundo. Ele manteve a mão na minha
cintura para me ancorar, mas eu queria suas mãos em cima de mim. Eu
queria a boca dele em todo lugar. Eu precisava muito mais do que ele
estava dando, e como se sentindo isso, ele puxou para fora. Meus olhos
se voltaram para os dele. O que ele estava fazendo?
Ele me virou, e eu ofeguei, pressionando um braço contra a
cabeceira da cama. Minha mão envolveu a borda, porque eu teria que
segurar. Eu o senti atrás de mim e então ele estava dentro.
Eu estava viva.
Eu estava acordada.
Deus, isso era exatamente o que eu estava ansiando.
Ele estabeleceu o ritmo. Foi um ritmo mediano no início, algo que
eu normalmente amaria e ofegaria, mas eu gemi. Minha cabeça caiu para
trás. Suas mãos pegaram um pouco do meu cabelo e ele envolveu a mão
nele. Sim! Meus seios começaram a roçar a cabeceira da cama. Ele puxou
minha cabeça para trás, apenas levemente, mas eu me movi para trás,
pressionando nele enquanto ele empurrava dentro de mim. Eu o
encontrei enquanto ele continuava se movendo forte. Eu podia senti-lo.
Minhas paredes se apertaram ao redor dele.
Mais. Ainda mais.
Eu precisava sentir dor. Talvez. Talvez ajudasse a me lembrar de
que estávamos vivos, mesmo que alguém tivesse sido baleado hoje à
noite.
Eu olhei para trás. Eu queria que ele visse a fome em mim e,
quando viu, seus olhos escureceram. Ele começou a ir mais forte.
Ainda mais. Ainda mais forte.
— Mason!
Sua mão flexionou na minha bunda e ele bateu em mim.
Isso era o que eu queria — áspero, selvagem. Eu queria de tantas
maneiras diferentes, tantas posições diferentes e tantas vezes diferentes.
Eu queria lembrar que não estávamos mortos. Nenhum de nós. Aquele
tiro não foi planejado para nenhum de nós.
Nós batemos essa verdade no meu corpo, no meu cérebro, e depois
que ambos estávamos gastos, eu me enrolei ao lado dele.
Eu ainda queria esse sentimento fora da minha cabeça — o
momento em que eu ouvi o tiro e não consegui chegar em Mason. Mas
enquanto seus braços me rodeavam e sua mão acariciava meu peito, eu
sabia que nunca estaria livre dele.
Eu poderia ter perdido um dos meus hoje.
CAPÍTULO VINTE E OITO
Eu deslizei da cama algumas horas depois.
Mason estava dormindo, e ele rolou enquanto eu me movia. O braço
que me segurava agora estava vazio na cama, a mão e os dedos
apontando para mim como se me pedisse para voltar. Eu não pude.
Eu tive um pesadelo, e ouvir aqueles três tiros novamente me
acordou. Eu estava tremendo na cama, e eu ainda estava enquanto me
vestia para correr e amarrava meus tênis. Peguei meu telefone e fones de
ouvido e entrei no corredor, mas minhas mãos não eram fortes o
suficiente para pressioná-los em meus ouvidos. Eles continuaram
caindo.
Xinguei sob a minha respiração e senti uma mão no meu cotovelo.
Eu quase gritei, mas era Taylor. Ela parecia abatida e pálida, e quando
ela pegou meu fone de ouvido e pressionou no meu ouvido para mim,
senti um sopro de ar na sua respiração.
Depois que ambos os fones de ouvido estavam no lugar, ela recuou.
Nós olhamos uma para a outra. Eu não perguntei se ela estava doente, e
ela não perguntou por que eu estava correndo. Nós nos entendíamos
perfeitamente.
Saí pela porta e olhei para trás para vê-la indo para a cozinha. Eu
não tinha dúvidas de que ela estaria sentada à mesa da cozinha com uma
xícara de café intocada na frente dela quando eu voltasse.
Mas eu não conseguia pensar nisso. Essa necessidade de chorar,
de enfurecer, de rir, borbulhava dentro de mim e eu só queria suprimi-
la.
Eu comecei a descer a calçada e virei para a esquina.
Eu não queria me aquecer dessa vez. Eu comecei rápido, e sabia
que manteria o mesmo ritmo até desmaiar em algum lugar.
Eu não queria sentir esta manhã.

****

LOGAN
Eu acordei sozinho, e depois de ir ao banheiro, eu sabia onde Taylor
estaria. Eu podia sentir o cheiro do café, e com certeza, lá estava ela —
empoleirada em um assento na mesa da cozinha, seu café ficando frio na
frente dela. Um de seus braços descansava em seu joelho, sua mão
tocando seu rosto como se ela estivesse tentando não chorar enquanto
olhava pela janela.
Esperei trinta segundos, mas ela nunca se mexeu.
— Não consegue dormir? — Era para soar casual, mas saiu como
uma piada de mau gosto. Eu estremeci, sentando em frente a ela.
Ela me olhou, com a agonia em seus olhos centrada em mim. Eu
senti como se houvesse um maldito punho quente preso no meu peito,
me queimando de dentro para fora.
— Você está falando sério? — ela perguntou, raiva e exaustão
entrelaçando suas palavras.
— Eu sinto muito. Eu não quis dizer isso do jeito que saiu. Eu só...
— Só o quê?
De repente, entendi o cheiro estranho do banheiro. — Você
vomitou. — Eu caí de volta contra a minha cadeira.
— Eu tenho certeza que sim.
E então ainda mais pontos se conectaram para mim. Eu
silenciosamente amaldiçoei minha estupidez. — Sua mãe.
— O tempo todo eu continuei tentando não pensar sobre isso. —
Ela olhou de volta pela janela, suas palavras suavizando. — Eu não
estava em casa hoje à noite, mas ouvi essa arma. Três tiros. Três vezes
alguém puxou o gatilho.
Eu sabia onde isso estava indo, mas não consegui parar, mesmo
que quisesse. Eu não podia tirar o passado dela, não importava o quanto
isso a assombrasse. Eu estava desamparado, exceto por sentar e ouvir,
então eu o fiz.
— Eu esbarrei em Sam mais cedo — disse ela, ainda olhando para
fora. — Ela estava indo para uma corrida. Eu sei que ela corre. Eu sei
que você disse que é o que ela faz para lidar com as coisas, mas eu não
entendi. Quer dizer, eu entendi. Eu estive em casa quando ela saiu para
correr e quando ela voltou antes. Eu sei quanto tempo ela corre, às vezes,
mas não foi até esta manhã que eu realmente entendi. — Ela olhou para
mim agora. — Ela parecia tão assombrada quanto eu me sinto. Ela vai
correr até que ela não sinta, assim como eu vomitei, mas isso nunca
importa. Os sentimentos sempre voltam. Talvez eu devesse tentar do jeito
dela. Aposto que ela não sente por algumas horas depois de estar
exausta.
— O que Sam faz — eu me inclinei para frente, certificando-me de
que eu estava falando gentilmente — não é saudável. Ela está apenas
tentando fugir dos sentimentos.
— Literalmente. — Taylor riu, sacudindo a cabeça. — Mas isso não
é o que ela está fazendo. Ela não está tentando se esconder das coisas
dela. Ela está tentando controlá-la, suprimi-la para que possa lidar com
isso. Isso é tudo o que ela está fazendo.
— Olhe. — Eu abro minhas mãos na mesa. Eu ansiava ir até ela,
pegá-la, beijá-la até que ela pudesse apenas me sentir, mas eu não fiz
nada disso. — Eu não sei o que está incomodando Sam agora, mas...
— Não é preciso ser um cientista de foguetes! — Os olhos de Taylor
saltaram por cima do meu ombro, e eu sabia que meu irmão estava lá.
— Ela deixou sua cama pela mesma razão que eu estou sentada
aqui — ela disse a ele. — Ela está morrendo de medo de perder vocês. Ela
perdeu tudo antes e vocês pegaram seus pedaços. Ela não pode voltar.
Eu não estou sentada aqui preocupada, que eu vou perder alguém para
um atirador. Estou sentada aqui porque já perdi. Minha mãe morreu e
eu estava lá naquele hospital quando ela fechou os olhos.
Ela ficou de pé, com os olhos brilhando para nós dois. — Eu vou
superar minhas coisas. É chamado estresse pós-traumático, mas isso
não muda o fato de que vocês dois poderiam ter sido mortos hoje à noite.
— Taylor... — eu comecei a levantar. Mason estava bem ao meu
lado, mas ele não disse uma palavra. As mãos dele estavam nos bolsos
do moletom e ele não usava camisa.
— Estou com raiva, Logan, e tenho todo o direito de ficar com raiva.
Você não é mais criança. Você não está chateado porque seu pai é uma
prostituta se divorciando. Você será um calouro na faculdade. Mason,
você é um veterano. Vocês dois estão muito velhos para fazer essa merda.
— Taylor...
— Você estava em um lugar em que uma arma estava! — Suas
mãos estavam em punhos, pressionando tanto a mesa que eu me
preocupei que ela quebrasse uma junta. — Vocês têm inimigos sérios, e
não é nem mesmo o idiota típico que está chateado porque você roubou
a namorada dele. Você tem alguém atrás de você porque você ajudou a
colocar seu melhor amigo na prisão! Isso é insano! O que vocês dois estão
fazendo?! — Ela olhou para nós um momento antes de continuar
gritando. — Sejam normais! Sejam caretas mesmo! Pelo menos vocês
estarão vivos então!
Então, tão rapidamente quanto ela explodiu, ela se acalmou. A
cabeça dela desceu e os ombros dela subiram e desceram duas vezes
enquanto ela respirava profundamente duas vezes.
Ela pegou sua xícara de café. — Eu estarei bem. Eu vou superar
isso e vou seguir em frente. Eu sei que estamos voltando para Cain em
um mês, e quando você está lá, a vida é estável. Eu estive por aí tempo
suficiente para saber que minhas coisas foram seu último soluço
dramático lá, mas estar de volta aqui? — Ela balançou a cabeça, sua mão
enrolando firmemente ao redor de seu copo. — É assustador estar aqui
com vocês. Se os dois forem espertos, vocês sairão e nunca mais voltarão
a Fallen Crest. Visitas e Feriados. Esses intervalos de curto prazo são
bons, mas morar aqui? — Ela respirou fundo, fechando os olhos. — Vocês
vão se matar. Se vocês não fizerem isso por mim, façam isso por Sam.
Vocês são sua salvação. Nunca cortem essa corda.
Taylor largou o café frio e saiu da cozinha.
Em um dia típico, eu teria um comentário sarcástico sobre o
microfone pronto para começar. Hoje eu engoli, passei por Mason e segui
minha namorada de volta para a cama. Eu entrei e a abracei.
Eu segurei-a o mais forte que pude.

****

SAMANTHA
Eu ainda estava correndo, e estava acontecendo há uma hora e
meia agora. Minhas pernas estavam ficando mais fracas, mas a
tempestade se enfureceu dentro de mim. Estava se agitando, torcendo e
atacando. Eu tinha que continuar até que alguma coisa desaparecesse.
Eu não poderia lidar se não fosse assim, mas quando eu passei por um
vale, de repente, eu diminuí a velocidade.
O Escalade preto de Mason estava estacionado ao lado do caminho
da corrida. Eu estava no alto das colinas, com Fallen Crest muito atrás
de mim, então ver outra pessoa foi surpreendente. Ter sido Mason foi
ainda mais.
Vestido com um moletom preto com capuz e calça de moletom
preta, ele se se encostou ao assento com a porta aberta. Seu cabelo estava
molhado, seus olhos sombreados enquanto ele me observava indo direção
a ele. Ele me tirou o fôlego.
— Ei — eu consegui dizer sob minha respiração irregular. Eu
descansei minhas mãos nos meus quadris. — O que você está fazendo
aqui? — Eu olhei ao redor. A estrada em que ele dirigia era estreita. Quase
todos os carros subiam até aqui. — Como você sabia que eu vim por aqui?
— Porque você foi correr para suprimir algo. Eu sabia que era ruim,
e você sempre segue esse caminho se é muito ruim.
— Oh. — Um sentimento quente me inundou, cobrindo um pouco
da tensão interna.
Ele me olhou. — Taylor mastigou Logan e eu depois que você saiu.
— Ela fez isso?
Ele assentiu. — Ela disse que precisamos crescer. — Ele deu de
ombros. — Tenho certeza pelo tom que foi que eu sou um idiota por não
ser sensível às suas preocupações.
— Minhas preocupações?
Eu senti que ainda estava correndo. Meu peito se apertou. Minha
respiração pressionou contra ele, tentando se libertar.
Ele se aproximou quase a uma distância de toque. — Sua vida se
desfez. Logan e eu pegamos suas peças, e ela disse que você está
preocupada que a mesma coisa aconteça mais uma vez. — Seus olhos
olharam para mim. — Isso é verdade? Você acha que algo vai acontecer
comigo ou com Logan?
Dei de ombros. — Eu estava preocupada com isso, ainda estou,
mas isso não é tudo o que está acontecendo comigo.
— Então o que é?
— Eu... — Eu só podia olhar para ele. Memórias de quando nos
encontramos pela primeira vez, naquele ano inteiro, brilharam na minha
mente. Foi demais, mas senti uma pressão em mim. Foi empurrando
mais e mais. Eu não sabia o que era, mas era desconfortável e eu não
conseguia me livrar disso. Finalmente eu acabei desistindo, me curvando.
— Eu não faço ideia.
— Sua mãe?
— Provavelmente. — Eu descansei minhas mãos nos meus joelhos
e olhei para ele. — Isso me torna louca? Ela nem fez nada. Eu vi um carro
em que ela estava, e a vi andando uma manhã, mas ela está aqui. — Eu
me endireitei e apontei para a minha cabeça. — Ela é como um maldito
verme. Ela entrou aqui e eu a sinto ao redor. Eu a quero fora, Mason,
mas ela não sai.
— Talvez você devesse ir vê-la.
— O quê? — Eu parei. Ele não poderia ter sugerido isso, não ele.
Ele recostou-se no banco, apoiando o braço na porta aberta. — Ela
está aqui. Você sabe. Ela sabe disso. O casamento está a apenas um mês
de distância.
Eu respirei fundo. Eu esqueci o casamento. — Eu devo ir para o
casamento? — Ou pior — Eu deveria ajudar?
Ele parecia pronto para dizer alguma coisa, depois pensou melhor.
— O quê?
Ele ergueu as mãos no ar. — Não é que eu estivesse escondendo
isso de você; ouvi uma vez e esqueci de dizer alguma coisa porque
imaginei que você sabia.
— Mason — eu avisei, mantendo meus olhos fixos nele. — Conte.
Agora.
Ele gemeu. — Eu pensei que Malinda disse algo para você. Juro
por Deus que é por isso que não falei nada da vez em que pensei nisso.
Mas ela tem ajudado sua mãe no casamento.
— O quê?
— Porra. Desculpe, Sam. Eu realmente sinto. Eu sinceramente
pensei que você soubesse.
Malinda disse alguma coisa? Talvez. — Ela fala com a minha mãe,
e ela está nessa de arrumar outros casamentos. Faz sentido.
Ele suavizou sua voz. — Isso tudo é por causa disso?
— O que você quer dizer?
Seus olhos suavizaram e ele se moveu para mim. Sua mão tocou a
parte de baixo do meu queixo, e ele levantou minha cabeça, então eu
estava olhando para ele. Seu polegar esfregou minha bochecha em uma
carícia amorosa.
— Você foi para a luta de Channing sem mim. Você está
trabalhando em um festival. Agora você está correndo como costumava
fazer. Isso é tudo sobre sua mãe, e agora o incidente da arma na noite
passada, ou há algo mais acontecendo?
Havia algo mais? Eu senti aquela tempestade em mim,
pressionando para sair, levantando, explodindo. Eu balancei a cabeça.
Eu não podia nem falar sobre isso. — Se eu soubesse, eu diria a você.
— Ok. — Ele me puxou para o seu peito, embalando minha cabeça
lá. Seus lábios roçaram minha testa. Ele alisou a mão pelo meu cabelo,
esfregando minhas costas em conforto. — Você não precisa forçar.
Quando você souber, eu estarei aqui.
Eu fechei meus olhos e descansei.
CAPÍTULO VINTE E NOVE
Logan estava esperando do lado de fora quando entramos na
garagem em casa.
— Ele mandou uma mensagem, queria falar com você — disse
Mason enquanto estacionava.
— Ei — Logan começou quando saímos do carro para entrar.
Mason foi em frente e eu levantei a mão, parando Logan. — Se você
está aqui para se desculpar ou me tranquilizar, você não vai a lugar
nenhum, você não precisa.
Ele franziu a testa, passando a mão pelos cabelos e agarrando um
punhado. — Mesmo? — Ele gesticulou atrás dele. — É só que Taylor nos
açoitou, e eu pensei que talvez...
— Eu não fui correr porque estava preocupada em perder você e
Mason. — Eu inclinei a cabeça para o lado. — Bem, eu fui, mas não foi
tudo sobre isso.
— É?
Eu assenti. — Um pouco disso é sobre minha mãe e outras coisas.
Vou ficar bem, prometo. Eu não estou brava com você, se é isso que você
pensou.
— Eu sei que você não está, mas eu ainda me sinto mal.
Eu sorri abertamente. — Então Taylor te açoitou?
Ele riu, a mão caindo do cabelo. Seus ombros pareciam se soltar.
— Sim, e Mason veio sem camisa no meio da conversa. Outra hora e
lugar, e eu estaria em cima dele por fazer isso. Acho que ele saiu para
encontrar você.
Eu tentei segurar meu sorriso. — E ele encontrou sua namorada
em vez disso.
— Ainda bem que sou Logan Kade. Quero dizer, vamos lá. Se eu
não fosse o #sexmachine, eu poderia me sentir um pouco autoconsciente.
— Seus olhos ficaram pensativos. — Eu nunca percebi o quão definido
ele está. Eu acho que ele precisa cortar alguns de seus treinamentos. Ele
é da comida saudável agora. Dói? Quando você está batendo e moendo
contra ele? Todos aqueles músculos duros não lhe dão erupções ou algo
assim?
Eu bati no ombro dele, voltando para a casa. — Pare enquanto você
está à frente.
— Mas...
— Pare, Logan.
— Ok. — Ele suspirou, alcançando ao redor de mim e abrindo a
porta.
Nate, Matteo e Mark esperavam por nós lá dentro. Sem Taylor, e
sem Mason.
— Onde está meu namorado? — perguntei.
— Pegando um pouco de água — relatou Matteo.
— Onde está a minha outra metade? — Logan perguntou.
Nate sorriu. — Se ela for inteligente, voltando para Cain sem você.
Logan franziu o cenho. — Não é engraçado, Nate. Não é engraçado.
Nate riu. — Acho que ela está lá embaixo assistindo TV ou algo
assim.
— Então o que está acontecendo? — Logan perguntou, sentando.
Sua mão descansou ao longo do encosto do sofá. — O que a Malinda
Junior está fazendo aqui?
Mark zombou dele. — Tão engraçado, Logan.
Logan deu de ombros. — Você nunca liga. Você nunca envia e-mail.
Eu não recebo cartas suas. O que está acontecendo? É como se nem
fossemos mais irmãos.
— Eu sou irmão de Sam, não seu.
— Significa a mesma coisa.
— E você lê sua própria correspondência? Eu pensei que é por isso
que você tem uma namorada. Então ela poderia passar por todas as suas
correspondências e cartas de fãs.
A brincadeira de repente parou, e Logan se inclinou para frente. —
Você quer dizer isso de novo?
Os lábios de Mark formaram uma linha. — Você não esteve por aí
durante todo o verão, e a primeira vez que eu vejo você, está me
empurrando por não ter falado com você? Eu estive aqui. Onde você
esteve?
Mason voltou da cozinha, mas parou atrás de Mark.
— Eu sei que você estava com sua namorada, mas porra, cara —
Mark continuou. — Tudo o que importa é seu irmão, Sam, e agora sua
namorada. Pelo que tenho ouvido você não tem sido tão bom amigo de
Nate, muito menos de Matteo.
Nate parecia confuso.
Matteo lançou-lhe um olhar. — Eu sou o menor no totem? É isso
que ele está dizendo?
Logan ignorou os dois e atirou em seus pés. — Você quer ser amigo
agora? Eu estava brincando. Isto é o que eu faço. Mas porra, cara, se você
realmente quer receber ligações do Dr. Phil, apenas me ligue. Se eu não
estiver brigando ou fazendo sexo, vou atender.
— Não. — Mark balançou a cabeça. — Não é o que estou dizendo...
— Você está magoado porque eu não fiquei na sua festa na piscina?
Bem, me desculpe por isso, mas nós temos coisas para lidar.
— É disso que estou falando. — Mark apontou para ele, estalando
os dedos. Ele gesticulou para Mason também, vendo-o atrás dele. — Você
também. Eu ouvi sobre a festa na noite passada — que havia uma briga
de motoqueiros e alguém puxou uma arma. Recebi uma mensagem de
Matteo me perguntando o que estava acontecendo e não fazia ideia. Ele
não poderia chegar em vocês dois.
Mason e Logan olharam para Matteo, que encolheu os ombros e
ergueu as mãos. — Eu não sabia o que fazer. Eu estava com a Tiffany
ontem à noite. Ela recebeu mensagem sobre uma grande festa no
Channing e fomos para lá. Nós quase chegamos lá quando ouvimos o tiro.
Uma multidão enorme veio correndo pela rua depois disso. — Ele indicou
Nate. — Eu o vi correndo e o peguei.
Nate fez uma careta.
— Sim — Matteo acrescentou. — Voltamos para cá, mas ninguém
estava por perto. Eu sabia que vocês estavam aqui porque os dois carros
estavam. Mas eu não queria olhar nos quartos.
Eu corei, sabendo o que Matteo teria visto se ele tivesse.
Mason olhou para ele. — Você trouxe aquela garota aqui? Para esta
casa?
— Sim. — Ele olhou para Logan, depois para mim. — Eu não
deveria?
Eu encontrei o olhar de Mason. Kate tinha dito que alguém estava
espionando. Poderia ser ela?
— Você a conheceu na luta de Channing? — Eu perguntei a ele.
— Sim. — Todo mundo olhou para mim enquanto Matteo
continuava. — Ela estava saindo com algumas de suas amigas.
— Quem são as amigas dela? — perguntou Mason.
— O quê?
— Quem são as amigas?
Matteo se levantou devagar. — Olha, se você tiver um problema
com ela, eu não vou trazê-la novamente.
— Você já?
— O quê? — Matteo passou a mão pelo rosto, de repente parecendo
cansado.
Mason perguntou novamente: — Você a trouxe aqui?
— Uma ou duas vezes. Não muitas. Eu estive na casa dela.
— Ela tem seu próprio lugar?
— Ela tem colegas de quarto.
Porra do inferno. Fechei meus olhos, amaldiçoando na minha
cabeça. Este era o vazamento. — Será que uma dessas garotas se
chamaria Kate?
— Sim — Matteo confirmou. — Como você sabe?
— E o namorado de Kate fica na casa às vezes quando você está lá?
— Sim, ele é um grande babaca. Alguns de seus amigos estavam
naquele bar outro dia também. É por isso que eu disse olá... — Ele parou,
de repente vendo rostos irritados ao seu redor.
Mason se virou. Eu abaixei minha cabeça, mas Logan se levantou.
— Você está falando sério? Você andou com nossos inimigos?
— Eu não sabia que eles eram seus inimigos. Eu juro! — Matteo se
moveu ao redor de Logan. — Mason, eu não sabia. Estou sendo honesto.
— O que está acontecendo? — Mark sentou, seu olhar saltando ao
redor da sala.
Mason disse a Matteo, ignorando meu meio-irmão: — Há uma
merda de história aqui. Você está sempre tão feliz. Eu não queria acabar
com isso. Temos inimigos por aqui e, se você se envolver, pode deixá-lo
paranoico. Você parecia estar se divertindo.
— Não há como ele saber sobre Kate — eu ofereci.
— Quem é a Kate? Além de colega de quarto da Tiffany — Matteo
perguntou.
Mark bufou. — Uma garota que foi louca sobre Sam um tempo
atrás.
— O quê?!
Eu balancei a cabeça. — Não foi do nada. Ela e Mason costumavam
ter uma coisa antes de mim.
Matteo virou para Mason. — Você namorou com ela?
— Eu costumava transar com ela. — Seus lábios se estreitaram. —
Infelizmente.
— Ela e suas amigas pensavam que estavam em uma gangue de
garotas e saltaram em Sam — disse Logan. — Elas a colocaram no
hospital uma noite.
— Oh. Uau. — A voz de Matteo ficou baixa. — Sinto muito, Sam.
Eu não sabia que Kate era assim.
— Vocês disseram que alguém estava delatando? — Nate
perguntou a mim e a Mason.
Eu assenti. — Kate me encontrou no festival uma noite. Ela disse
que precisávamos ser cautelosos, que alguém no círculo interno estava
falando coisas. Olhei de volta para Matteo. — Você não tinha como saber,
então não se sinta mal.
— Ele realmente não sabia de nada, certo? — Logan perguntou a
Mason.
Na verdade não.
Matteo franziu a testa, coçando a cabeça. — Sim, vocês falam em
enigmas às vezes. Acho que me acostumei com isso, mas agora estou
começando a perceber que é tudo código para as coisas. Olha, não me
diga nada. Eu vou parar de ver a Tiffany. Nós não somos sérios.
Estávamos apenas nos divertindo até eu voltar para a escola e para o
futebol.
Nate e Logan pareciam satisfeitos com isso. Ambos se recostaram
nos sofás, esticando os pés para fora.
Mark continuou olhando de pessoa para pessoa, e depois de um
momento ele jogou as mãos para o ar. — Eu sou o único chateado agora?
Matteo não disse nada, apenas sentou entre Logan e Nate no sofá.
Mason se moveu para ficar ao meu lado e tocou minhas costas, sua mão
passando por baixo da minha camisa para descansar contra a minha
pele.
— Por que você está bravo, Mark? — ele perguntou.
— Porque — ele cuspiu. — Eu quero saber o que está acontecendo.
— Nós não podemos te dizer. — Logan desembaraçou o braço do
encosto do sofá e se inclinou para frente.
— Por que não?
— Porque você é amigo de Quinn — explicou Logan.
— Mas ele está trabalhando com Adam. — Mark apontou para
Mason.
— Não significa que eu sou amigo dele.
— Ele acha que você é.
Mason franziu a testa, a mão pressionando mais contra minhas
costas. Ele me puxou contra ele. — O que você quer dizer?
— Ele acha que vocês estão todos de boa. Becky também. Eles
estavam perguntando o que estava acontecendo na noite passada, já que
todos sabiam que você estava naquela festa.
Isso não parecia certo. — Becky perguntou também? — eu disse.
Ele olhou para mim. — Bem, quero dizer... — Ele levantou um
ombro. — Ela estava lá e Adam estava me perguntando. Ela não disse a
ele para ficar quieto ou qualquer coisa. Eu acabei de dizer que ela
concordou com ele.
Becky amava Adam, mas ela entendeu que não éramos amigos
dele. Isso me fez sentir como se alguma outra coisa estivesse
acontecendo, mas não era algo que eu pudesse conseguir de Mark.
Quando Mason e Logan ficaram quietos e permaneceram assim, eu sabia
o que eles estavam fazendo. Mark poderia ser amigo de Logan e amigável
com Mason, mas ele era meu meio-irmão. Ele era meu para lidar.
Eu segui em frente. — Mark, você está perguntando por que estava
preocupado comigo, ou porque Adam pediu para você descobrir o que
estava acontecendo?
— Ele — Mark parou novamente, agarrando a nuca. — Adam
realmente não perguntou em tantas palavras, não como se ele quisesse
que eu descobrisse. Mas isso ainda me irritou. Eu não tinha ideia do que
estava acontecendo e então ouvi que houve tiros em uma festa em que
você estava? Sim, acho que fiquei bravo. — Ele olhou para Logan, depois
para Mason. — Ela não é só sua. Ela é minha também. Minha irmã.
Minha família. Você não pode continuar colocando ela em perigo o tempo
todo.
Eu não olhei para Mason. Eu não ousei porque ele estava pronto
para arrancar a cabeça de Mark ou — eu não queria saber. Eu andei em
direção ao meu meio-irmão. — Mark, não é assim.
— Sim, é, Sam. Já faz muito tempo.
Ele estava vindo atrás de Mason. Não havia como as coisas
acabarem bem agora. Eu vi Logan se levantar para ir em defesa de seu
irmão. Você ataca um, você ataca todos. Esse era o nosso lema. Mas esse
era meu meio-irmão.
Eu segurei minhas mãos para fora, como se para ajudar a silenciá-
lo. — Mark, não é assim. Eu juro.
— É Sam! Você não pode argumentar com isso. Essas garotas te
colocando no hospital. Vocês não tiveram que lidar com um traficante de
drogas no outro ano? Como isso é seguro para Sam? E o Sebastian? Quer
dizer, há um padrão, e vocês não podem negar isso. Uma e outra vez
minha irmã está em perigo. E este ano, um cara tentou machucá-la no
festival, a porra do festival. Temos que ir trabalhar amanhã e ficarei
preocupado o tempo todo que alguém a pegue ou pior, como aquele cara
do Broudou tentou.
Eu senti Mason bem atrás de mim. Logan havia se adiantado para
ficar do outro lado. Eu vi Nate se levantando com o canto do meu olho.
Isso não era bom.
Mark abriu a boca para continuar, e havia tanta coisa que ele podia
dizer.
Eu fechei meus olhos. A lista era longa, mas então senti aquela
tempestade dentro de mim novamente — estava pressionando e
pressionando, tentando me libertar, até que de repente eu gritei: — Não
são eles!
Houve um momento de silêncio.
— Você não pode dizer que não são eles, Sam. Eu sei...
— Sou eu.
Eu abri meus olhos, sabendo que tudo estava bem ali. Ele podia
ver a dor, o anseio, a raiva. Tudo isso estava aparecendo, e eu não podia
fazer nada para esconder isso.
— Neste verão, sou eu, Mark. Eu fui a esse evento de luta sem o
Mason. Eu não deveria ter ido, e eu deveria ter saído imediatamente. Eu
não fiz. Eu sou a única que o colocou em perigo. E conseguir um emprego
em um festival, onde alguém de Roussou poderia facilmente me
encontrar? Foi ideia sua, mas tenho certeza que fui em frente. Todo o
verão eu me perdi. Eu estava pensando em psicologia, mas não parecia
certo. Não completamente. Todas as outras formações que eu pensei
também não se encaixaram, então eu não tenho uma. Eu não tenho ideia
do que quero fazer da minha vida. Mason tem dois caminhos de carreira
para os quais ele está se preparando. Logan está fazendo comunicações,
e todo mundo sabe que ele será incrível em tudo o que ele fizer com isso.
— Eu vou?
— Heather está administrando o Manny, e ela vai se casar com
Channing.
Mason olhou para mim. Eu vi o movimento pelo canto do olho, mas
não consegui olhar para ele. A vergonha me inundou quando minhas
palavras se espalharam. — Até Becky e Adam sabem o que estão fazendo
com suas vidas. Eles estão se casando. Ele vai assumir a empresa do pai
ou ir para a faculdade de Direito. E ela vai com ele.
Uma por uma, eu estava removendo as pedras dentro de mim.
Joguei-as para fora até restarem apenas duas. Essas eram as maiores, e
eu me mexi para que Mason não estivesse me tocando. Não parecia certo
deixá-lo me consolar enquanto eu dizia isso.
Minha voz caiu para um sussurro rouco. — E minha mãe vai se
casar neste verão. Eu não estou evitando-a porque ela quer voltar. Estou
evitando porque... — Aqui estava. A primeira pedra era ela, mas a
segunda era o que ela representava. —...Ela vai se casar, e eu acho que
a coisa toda é um monte de merda.
Dela.
Casamento.
Tudo isso.
Eu não queria me casar.
Essa era a última pedra sentada no meu peito, mas eu não
consegui dizer. Eu não poderia dizer a Mason porque eu sabia que era
algo que ele queria.
Eu não acreditava mais em casamento. Foi mais uma coisa que
minha mãe havia destruído para mim.
— Com licença. — Eu saí. Eu não sabia para onde estava indo, mas
não podia ficar aqui. A verdade ia se derramar de mim e eu não arriscaria.
Eu poderia perder Mason assim.
— Sam!
Ele me seguiu para fora, mas eu me virei e levantei minhas mãos.
— Não. Me deixe ir.
Eu ainda não conseguia olhar para ele, mas sua voz soava mais
próxima quando ele disse: — Sam, o que está acontecendo?
Era eu. Eu era o monstro aqui. Era tudo eu.
— Só... me deixe ir por enquanto. — Comecei a avançar novamente.
— Preciso de um tempo.
E antes que ele pudesse me pegar ou mudar de ideia, eu saí.
Eu não fiquei na calçada ou nas estradas. Eu atravessei caminhos
para trás e quando cheguei em uma encruzilhada, fugi de qualquer lugar
que eu já estive antes.
CAPÍTULO TRINTA
Eu corri e caminhei por horas.
Eu fui por todo lugar. Eu estava perto de Roussou em um ponto
antes de voltar para o lado leste de Fallen Crest. Eu não fui a mais
ninguém. Não era certo falar sobre esse sentimento com ninguém além
de Mason, mas eu não estava pronta para falar com ele sobre isso.
Pela primeira vez eu estava em uma posição onde eu não poderia
ir até ele e saber que tudo ficaria bem, não importa o quê. Pode não ficar.
Isso poderia ser uma virada de jogo.
Meu estômago roncou e avistando uma mercearia, entrei. Eu
precisava de água e algum tipo de sustento. Eu ainda tinha alguns
quilômetros para cobrir antes de voltar para casa. Eu teria que descansar
o resto da noite e amanhã de manhã para me recuperar antes de ir
trabalhar.
Eu queria entrar e sair dali. Eu queria que fosse rápido. Eu sabia
que eu estava fedendo, então decidi pegar alguns pacotes de gel
energético. Eu não teria que esperar meu estômago digeri-los.
Fui para o corredor direito e foi quando a vi.
Eu tive que rir.
Eu tinha evitado Analise por tanto tempo, mas esse era o momento
em que realmente nos cruzávamos: na maldita mercearia. Meu corredor
estava ao lado do dela, mas lá estava ela, segurando um saco de café.
Ninguém mais estava no corredor e ela não olhou para cima. Eu ainda
podia ir.
Mas eu devo ter feito um som porque, mesmo quando esse
pensamento passou pela minha cabeça, ela olhou.
Ela deixou cair o café. — Oh.
Um nó se formou na minha garganta.
Não foi surpresa, nem medo, nem dor que passou pelo seu rosto.
Ela não empalideceu. O que quer que estivesse acontecendo com o rosto
dela, eu não estava vendo essas coisas, porque isso não fazia sentido.
Minha mãe era malvada. Ela era uma cadela. Ela era o monstro que
queria tirar o futuro de Mason, não essa mulher que parecia encolher de
tamanho quanto mais eu ficava ali, olhando para ela.
Ela não parecia assim antes, quando a vi andando. Ela parecia um
fantasma então, uma invenção misteriosa da minha imaginação. Essa
mulher era real. Eu podia ver emoções dentro dela.
— Pare com isso. — Eu não aguentava.
Vê-la como uma pessoa real era demais.
Ela se abaixou para pegar o café e fez uma pausa quando me ouviu.
Ela olhou para cima, suspensa ali por um momento, antes de arrebatá-
lo. Endireitando-se, ela franziu a testa para mim. Seu olhar ficou
nublado, e ela baixou os olhos para o café.
Eu esperava um comentário contundente.
Eu me preparei.
Nada.
Ela não tiraria o olhar daquele maldito saco de café.
Eu não consegui lidar com isso. Eu caminhei para frente e peguei
o saco dela. — Você não vai dizer nada?
Ela engoliu em seco, olhando para mim, mas não de verdade. Eu
senti como se ela estivesse olhando através de mim, procurando por algo
atrás de mim.
Ela ainda não disse nada.
Eu cerrei meus dentes juntos. Eu merecia uma resposta. —
Mamãe!
Seus olhos se encheram e ela ofegou. — Samantha. — Sua mão
cobriu a boca. As lágrimas rolaram. — Eu... — Ela estendeu a mão, mas
eu recuei. — Eu sinto muito. Eu nunca pensei em ouvir você dizer isso
de novo.
O quê? Mamãe?
Emoções rodaram através de mim, mas uma coisa se destacou: o
fato de que eu estava sentindo. Eu não estava me entorpecendo. Eu não
estava ligando o robô Sam. Eu nem estava sentindo vontade de correr.
Isso era... novo.
Eu não gostei.
Eu coloquei o café de volta na prateleira. Eu não sabia o que dizer.
Aparentemente ela também não, porque apenas me olhou de volta,
um passo de cada vez. Foi tão fodidamente surreal este momento. Mal
nos falamos, mas eu senti como se tivesse acabado de fazer outro desafio.
Eu estava exausta. Sentindo meus próprios olhos lacrimejarem,
virei e saí.

****

Não estava escuro, mas estava quase no fim da tarde quando um


par de faróis entrou na área do parque onde eu estava descansando. Eu
sabia que era Mason. Eu não me movi da mesa de piquenique onde me
sentei. Eu apenas olhei para cima quando ele desligou o Escalade e se
aproximou. Deus, mesmo agora, minha boca salivou por ele.
Ele estava vestido com calças cinza escuro, do tipo que ele usava
depois de um treino. Elas eram leves e macias ao toque. Ele vestia uma
camiseta da Universidade Cain, e quando o vento passou por nós,
pressionou a camisa contra o peito dele. Eu podia ver cada crista,
mergulho e vale naqueles músculos do estômago, e eu já estava ansiando
pela próxima vez que ele me segurasse.
Esse sentimento nunca foi embora.
Mason era isso para mim. Ele era o negócio real, e eu não ia
encontrar mais ninguém como ele novamente. Mas casamento — até a
ideia disso enviava calafrios no meu sangue.
Ele não disse nada. Ele só se sentou ao meu lado na mesa de
piquenique, o joelho levemente pressionado contra o meu. Essa foi a sua
saudação. Era pequena, mas íntima.
Suspirei suavemente, pendurando minha cabeça.
Sua mão descansou nas minhas costas e ele começou a esfregar
círculos.
— Você está bem?
Isso foi tudo que ele perguntou. Nenhuma exigência sobre onde eu
tinha ido ou porque eu fui. Nenhuma palestra sobre como ele se
preocupou comigo.
Ainda mais vergonha floresceu em mim, mas eu balancei a cabeça.
— Eu acho que sim.
Ele continuou a esfregar minhas costas, para cima e para baixo
agora.
— Eu vi a minha mãe novamente.
— Onde?
— Mercearia. — Eu levantei a cabeça, virando para olhar para ele.
— Eu entrei para pegar um pouco de gel energético para que eu pudesse
ter força suficiente para voltar para casa, e lá estava ela. — Eu bufei. —
Comprando café. Eu não me lembro dela tomando café antes. Era chá ou
vinho.
Mason sorriu levemente. — Eu pensei que ela gostasse de bourbon.
— Eu acho que ela gosta. — Eu balancei a cabeça, exaustão,
vergonha e tristeza lavando sobre mim. Também gratidão. Eu alcancei a
mão de Mason e nossos dedos entrelaçaram juntos. — Obrigada.
Ele apertou minha mão. — Por quê?
— Por vir me buscar. Eu não acho que tenho o suficiente em mim
para chegar em casa para você.
— Bem. — Seu lábio superior se curvou. — Você esqueceu os
pacotes de gel. — Ele se inclinou para frente, levemente beliscando meu
ombro. — Faz sentido.
Eu ri, um pouco da minha tristeza desaparecendo, mas não toda.
De repente eu estava ainda mais exausta do que antes. — Você sabe o
que eu quero dizer.
Ele levantou a cabeça e afastou o cabelo do meu rosto. Segurou
meu rosto e virou-o para que eu estivesse olhando diretamente para ele.
— Eu sempre vou atrás de você — ele disse suavemente. — Você
nunca tem que me agradecer por isso.
Minha garganta inchou e uma lágrima escorregou do meu olho. Ele
pegou, escovando com o polegar, e se inclinou para frente. Seus lábios
roçaram os meus, tão suavemente, tão gentilmente. Fechei os olhos,
dando as boas-vindas ao seu toque carinhoso. Então ele aplicou pressão
e eu abri minha boca. Os mesmos sentimentos que sempre surgiram em
mim, empurrando a exaustão, a tristeza e a vergonha para o lado. Eu
estava faminta por seu toque, assim como eu fui na noite passada, mas
isso foi um pouco diferente.
Eu não estava me assegurando que ele estava bem. Eu estava me
assegurando que eu estaria bem. Quaisquer que fossem meus problemas
com o casamento, tudo seria resolvido. Tinha que ser.
Mason se levantou da mesa de piquenique e me pegou.
Continuamos nos beijando e minhas pernas envolveram sua cintura
enquanto ele me levava para o carro. Quando voltamos para casa, ele
estacionou na garagem, um lugar que estava sempre vazio. Nós não
fizemos dentro de casa. Havia muitas pessoas lá dentro.
Mason trancou a porta da garagem e a porta lateral para que
ninguém pudesse nos interromper. Então ele pegou minha mão, me
puxou para uma cama de piscina inflada, e por algumas horas,
estávamos completamente sozinhos — sem irmãos, sem melhores
amigos, sem pais. Apenas ele e eu.
CAPÍTULO TRINTA E UM
Eram quase três da manhã quando tentamos entrar
sorrateiramente.
Mason e eu estávamos na ponta dos pés quando a luz da cozinha
acendeu. Logan ficou no corredor que levava aos quartos e levantou uma
sobrancelha.
— Onde vocês dois estavam? — Ele apontou para frente da casa.
— Eu sei que você não chegou aqui, porque eu não vi nenhum farol.
Mason se endireitou, segurando minha mão atrás das costas. — O
que estávamos fazendo e onde estávamos não é da sua conta.
Logan cruzou os braços sobre o peito. — Eu estava preocupado.
— Eu te mandei uma mensagem falando que estávamos bem.
— Sam foge, literalmente, e você sai quatro horas depois para
buscá-la. Eu recebo uma mensagem sua uma hora atrás dizendo que
você estava bem. — Logan sacudiu a cabeça, reclamando. — Não é legal,
mano. Eu faço parte do seu relacionamento. Eu não entendo onde você
acha que eu estou. Não são só vocês dois. Há outras pessoas a
considerar...
— Você realmente quer que eu diga tudo isso mesmo sobre você e
Taylor?
Logan sorriu, seus braços caindo. — Touché. — Ele saudou. —
Espero que vocês dois tenham feito amor doce onde quer que estiveram.
Estou indo para a cama.
— Já que você está acordado... — Mason parou, atravessando para
a geladeira e abrindo-a. Ele pegou alguma pizza que sobrou e jogou uma
garrafa de água para mim. — Trace um rango. Nós temos algumas coisas
para conversar.
Logan olhou por cima do ombro, com um olhar ansioso no rosto.
— Eu poderia acordar Taylor agora. Você sabe o quão bom no meio da
noite o sexo pode ser, certo? Você está ciente do que está me fazendo
sentir falta?
— Sente-se. — Mason fez sinal para a mesa da cozinha. — Não é
como se você não pudesse acordá-la quando terminarmos.
— Verdade. — Logan pegou a caixa de pizza, tirando alguns
pedaços e colocando-os em um prato. Ele os aqueceu no microondas
antes de se sentar.
Meu estômago roncou alto.
Mason sorriu. — Com fome?
Eu gemi, abrindo minha água. — Eu não sei se me atrevo a comer.
Eu poderia ter cólicas.
Ele aqueceu alguns pedaços para mim antes de fazer seu próprio
prato. Logan acenou sua pizza para mim. — Não diga que meu irmão
nunca te alimenta.
Eu fiz uma careta. — Quando eu diria isso?
Ele encolheu os ombros, mordendo metade de sua fatia. — Nunca
se sabe.
— Todo mundo está dormindo? — perguntou Mason.
— Matteo rompeu com aquela garota e voltou um tempo atrás.
Todos nós tomamos algumas cervejas juntos antes que ele desmaiasse
em seu quarto no andar de baixo. Taylor foi para a cama um pouco antes
disso, e Nate bateu na mesma hora que Matteo. E eu fiquei acordado
esperando por vocês dois pombinhos pararem de fazer a dança do
acasalamento na garagem. — Ele piscou, balançando as sobrancelhas.
— Você não achou que eu não percebi, achou?
— É o único lugar onde poderíamos estar se já tivéssemos chegado.
Você verificou a casa da piscina, não é?
— Sim. — Logan pegou seu segundo pedaço. — Eu vi você
estacionar e eu fui procurar, quando você não entrou, eu sabia que vocês
queriam privacidade, mas o meu pequeno espião interior estava me
incomodando. Eu fiquei curioso. — Ele franziu a testa para si mesmo. —
Agora me lembrei de que temos uma garagem. Por que nunca usamos a
garagem?
— Porque tem apenas três metros de largura. Poderíamos
estacionar seis carros lá dentro, mas alguém teria que tirar o carro do
caminho. Seria muito complicado.
— Graças a Deus mamãe tem uma enorme entrada de carros. —
Logan olhou para a pizza no meu prato e aproximou-a de mim. — A única
maneira de chegar ao seu estômago é se você comer, Sam.
— Eu sei idiota.
Ele sorriu. — Você está me chamando de idiota quando é você
quem precisa ser lembrada de como comer. Pegue e mastigue — a menos
que seja o pau de Mason. Se for não mastigue. Por favor, não mastigue.
Eu não quero levar meu irmão para a sala de emergência por isso.
— Logan. — Mason olhou. — Pare de falar sobre o meu pau.
— O que mais há para conversar? Você não mencionou o que
queria falar e continuo pensando sobre o que eu poderia estar fazendo
com meu pau enquanto estou sentado aqui esperando.
Logan falou como se isso fizesse perfeito sentido. Eu balancei a
cabeça e peguei minha pizza. Ele estava certo. Eu precisava de algo no
meu estômago. Eu fiz muita atividade física nas últimas vinte e quatro
horas.
Como se ambos estivessem esperando que eu começasse a comer,
logo que dei minha primeira mordida, Mason disse: — Precisamos
descobrir o que fazer com Caldron.
— O que você quer dizer? — Logan era todo negócio agora.
— Eu queria algo sobre Quinn antes de pedir a papai para ajudar
a lidar com Caldron. — Mason fez uma careta. — Isso não aconteceu.
— Ainda — Logan corrigiu. — Isso ainda não aconteceu. Ainda
podemos trocá-lo quando encontrarmos algo. O que você ia pedir ao papai
para fazer?
— Promovê-lo.
— Você disse o quê? — Logan fingiu limpar o ouvido. — Eu ouvi
errado, certo?
— Temos que lidar com as coisas de maneira diferente. Sua
namorada está certa. Nós não podemos continuar fazendo a merda que
estamos fazendo. Minha carreira no futebol é outra razão além da
segurança de Sam — bem, nossa segurança também. Se eu for pego
fazendo qualquer coisa, eu não poderei ter uma carreira no futebol. Um
vídeo só e eu estou fodido.
— Sim. — Logan suspirou. — Aqueles eram os bons e velhos
tempos, quando eu não dava a mínima. Crescer é uma merda. OK. Então
você quer promovê-lo?
— Ele terá mais incentivo para não fazer nada. Se ele for atrás de
qualquer um de nós, mas Sam acima de tudo, ele perde o dinheiro extra
que ele estará ganhando.
— É uma boa ideia, mas você realmente quer que Caldron tenha
mais responsabilidade? Em que fábrica ele trabalha?
— Acho que ele está em uma das empresas de paisagismo do papai.
Trabalho manual.
— Entendi. — Logan assentiu com a cabeça enrugada. — Ele
poderia subir um nível e ainda não ter acesso a nada real que pudesse
machucar papai. Então a questão é: como você vai propor ao papai que
faça isso por nós? — Seus olhos deslizaram para os meus. — A última
vez ele revidou nos fazendo ser seus padrinhos.
— Eu sei. — Mason suspirou.
— O quê? — Eu olhei entre os dois.
Mason franziu a testa, e isso só se aprofundou quando ele
empurrou o prato vazio para longe. — Você pode ter que concordar em
fazer algo por ele novamente.
Logan pulou para dentro. — Mas isso vai acabar assim que
usarmos o que encontrarmos em Quinn. Vamos aproveitar isso contra o
que James vai querer que você faça. Os favores serão todos limpos.
Sim. Isso soou ótimo. Parecia lógico até, mas James Kade era um
empresário milionário, se não um bilionário. Se ele queria alguma coisa,
eu tinha dificuldade em imaginá-lo tirando isso da mesa assim que
Mason e Logan encontrassem o que pudessem de Steven Quinn.
Mas eu assenti. Eu comi o resto da minha pizza. Eu disse e fiz o
que eles queriam de mim, mas eu tinha minhas dúvidas.
— Quando isso vai acontecer? — Logan perguntou enquanto todos
nós levantávamos, encerrando a noite.
Mason olhou para mim. — Você está trabalhando em um turno
amanhã à noite, bem, mais tarde hoje?
Eu assenti. — Eu tenho terça e quarta-feira de folga, mas vou
trabalhar no próximo fim de semana.
— Papai me pediu para dar a ele uma atualização na quarta-feira,
então se vocês dois aparecerem comigo, ele não estará preparado. Esse
será o melhor momento.
Logan bateu as palmas juntas. — Quarta-feira. Missão "lidar com
Caldron e contornar James Kade" está em andamento. — Ele fingiu
esfregar as mãos de uma maneira maligna, rindo.
Mason balançou a cabeça. — Não faça isso, e não diga contornar
novamente.
— Por que não? — Logan nos seguiu pelo corredor. — Eu gosto
disso. Isso me lembra de peitos. Quem não gosta de peitos?
— Não. — Mason lançou-lhe um olhar quando chegamos ao nosso
quarto.
Logan tinha parado em sua porta e encolheu os ombros, sorrindo.
— Você é o chefe. Mas espere. Você sabe do que você é chefe?
— Não — Mason começou.
— De peitos! — Logan riu, entrando em seu quarto.
Nós também rimos. Pela primeira vez, eu estava grata pela longa
corrida que fiz, por ver minha mãe e por saber do plano contra James
Kade. Porque quando eu bati naquele travesseiro, adormeci
imediatamente, minhas preocupações com o casamento esquecidas —
pelo menos por enquanto.
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
Alguns dias depois, James Kade sentou-se atrás de sua mesa,
encostado de frente para Mason, Logan e eu. Logan e eu nos sentamos
nas cadeiras, e Mason ficou de lado. No momento, no entanto, James
Kade só tinha olhos para o filho mais velho.
Ele recostou-se na cadeira, os dedos esticados. — Vamos ouvir isso.
Qual é a razão pela qual você trouxe uma audiência para essa reunião,
Mason?
Mason deixou cair um arquivo na mesa.
— E o que é isso? — James se inclinou para frente, trazendo-o na
frente dele.
— Isso é um arquivo de um de seus funcionários.
— Jared Caldron? — James folheou os papéis. — Ele é um
trabalhador da minha empresa de paisagismo. — Seus olhos se
levantaram de volta para Mason. — Por que estou lendo sobre ele?
— Porque ele era o melhor amigo de Budd Broudou no ensino
médio, e o que você não sabe é que tivemos a chance de mandar Broudou
para a prisão.
James não pareceu reagir. Seu rosto permaneceu passivo por
quinze segundos inteiros antes de se levantar, mandando a cadeira voar
para as estantes atrás dele. — O que você fez?
Eu levantei. — Eles não fizeram nada. Quero dizer, não realmente.
Mason disse sobre mim: — Ela está mentindo por mim. Eu fiz
alguma coisa.
Logan também se levantou. Todos pararam e olharam para ele, e
ele levantou as mãos. — Eu queria me encaixar. Todo mundo está de pé.
Mason xingou, revirando os olhos.
A atenção de James voltou para Mason. — Você vai explicar tudo
para mim.
— Budd Broudou e seu irmão eram nossos rivais no ensino médio.
Eles fizeram coisas ruins para nós. Nós retaliamos...
— Claro que retaliaram. Por que meus filhos nunca se vingariam?
Mason continuou, ignorando o sarcasmo de seu pai. — Brett virou
para o nosso lado, ou meio que do nosso lado.
Eu senti os olhos de Mason permanecerem em mim.
— E Budd ficou chateado. Ele disse que estava esperando que eu
conseguisse uma namorada para que ele pudesse destruir algo com o que
eu me importava.
— Oh, Deus. — James virou o olhar para mim. — Samantha...
— Então eu fingi estar namorando outra pessoa.
— O quê?
— Por um fim de semana, eu estava com outra pessoa.
— Você traiu Sam?
Eu estava olhando para a mesa, revivendo o passado, mas olhei de
volta agora. — Não — eu disse ferozmente. — Ele não me traiu.
Logan enfiou as mãos nos bolsos. — Ele armou para sua ex levar a
merda por Sam.
— Eu não gostei de tocar em outra pessoa, mas tive que fazer, e
tinha que fazer onde Budd Broudou me visse. Eu só toquei nela quando
ele podia ver. Ele tinha que comprar a mentira.
— E deixe-me adivinhar. — A desaprovação de James era grossa.
— Ele tentou machucar a tal menina?
Eu limpei minha garganta. Era a minha vez agora. — Ele ia
estuprá-la, mas eu estava correndo. Eu coloquei gasolina em seu carro e
coloquei fogo para distraí-lo. Alguém chamou a polícia e ele foi preso. A
garota testemunhou contra ele.
— É isso que o afastou, e esse cara quer o pagamento agora que
vocês estão de volta em Fallen Crest.
Logan deu-lhe um meio sorriso. — Olhe para o Papi aqui. Todo
inteligente e pegando rápido.
James lançou-lhe um olhar quando se sentou de novo. — Não
agora, Logan Nathan.
Os olhos de Logan se arregalaram, mas ele fechou a boca e sentou,
assim como eu.
Mason encostou-se à parede ao nosso lado, cruzando os braços
sobre o peito. — Agora você sabe os detalhes. Precisamos da sua ajuda
para lidar com ele.
— O que ele está fazendo?
Todos nós compartilhamos um olhar.
— Eu não posso puni-lo se eu não tenho um motivo — disse James.
— Eu preciso de um motivo.
— Eu não quero que você o puna. Eu quero que você o promova —
explicou Mason.
James ficou quieto, olhando por um instante. — Você quer que ele
tenha incentivo para não fazer alguma coisa. Dê a ele algo a perder e ele
vai trabalhar ainda mais para mantê-lo. Algo parecido?
— Sim. Algo parecido.
Logan bufou. — Algo exatamente assim.
— É um bom plano — disse James. — Exceto que não vai
funcionar.
— O quê? — Mason se afastou da parede. — O que você quer dizer?
James apontou para o arquivo. — Lendo sua história e os últimos
comentários de revisão, eu diria que ele tem um chip no ombro. Você lhe
dá poder, ele vai querer mais. Ele não vai se contentar em ficar onde está,
mesmo que isso signifique que ele perderá um aumento significativo se
ele agir. Eu não sei o que ele está fazendo... — Suas mãos se levantaram
quando Logan empurrou para frente em seu assento. — E eu não quero
saber. O que eu sei é que este cara não é uma criança que você pode
subornar ou ameaçar.
— Do que você está falando? — O tom de Mason era silencioso,
assustadoramente calmo. Eu olhei para ele, mas ele estava observando
seu pai com muita atenção.
— É possível que esse garoto esteja fazendo algo ilegal?
Mason encolheu os ombros. — Você quer dizer além de agredir as
pessoas?
— Você pode acusá-lo por isso? — James franziu a testa.
Logan bufou novamente.
Mason suspirou. — Nada que ele não possa nos acusar também.
— Meus filhos — James disse, levantando-se novamente. Ele
gesticulou para os dois. — Exemplos tão santos. — Ele se virou para
Mason, seu pescoço ficando vermelho. — Você está brigando de novo?
E as gentilezas acabaram.
Mason se adiantou, mas Logan também estava de pé. Ele disse: —
Papai.
— Você nunca vai aprender? Você é quase um veterano na
faculdade, Mason! Você está fazendo a mesma merda que estava fazendo
quando era calouro na escola! — A voz de James ficou cada vez mais alta.
Sua mão se enrolou em um punho e ele sacudiu no ar. — Qual é a sua
desculpa desta vez? Você me culpou pelo divórcio naquela época. Bem,
você não pode mais. Eu não estou me prostituindo, como você gosta de
dizer. Eu tenho sido fiel à mesma mulher desde que... — Ele olhou para
cima e seus olhos encontraram os meus.
Em um instante voltei lá, de volta para a primeira vez que Analise
me disse que estávamos deixando meu pai. Eu senti a mesma emoção
que eu tive então. Nada, porque era demais.
Sua voz se acalmou. — Eu sinto muito, Sam.
Fechei meus olhos, pendurando minha cabeça.
Ela estava no chão, sentada entre as caixas já. Duas garrafas
vazias de vinho estavam ao lado dela, e eu sabia que ela estava apenas
começando.
Eu mal me escutei quando disse: — Eu me lembro de sentir como
se estivesse sufocando quando ela me disse que estávamos deixando ele.
— Eu nunca soube disso, mas havia palavras que eu precisava dizer a
esse homem, e agora ele estava ouvindo.
Agora era a hora.
Eu respirei calmamente. — Você foi o catalisador de tudo isso. Eu
culpei minha mãe. Eu sabia que foi ela que foi atrás de você. E eu sabia
que eu iria descobrir que Jeff estava me traindo, e eu deveria ter perdido
minhas duas melhores amigas, porque elas são realmente idiotas
obscuras. Mas eu culpei você por rasgar minha família porque você era
estúpido. — Eu fiz uma careta, mordendo o interior do meu lábio por um
momento. — Eu ainda acho que você é estúpido.
Logan cobriu uma risada.
O olhar de James caiu na mesa.
Eu senti Mason ao meu lado. Ele estava bem ali, se eu precisasse
dele.
Mas eu estava bem sozinha. — Ela traiu durante todo o seu
casamento. Você traiu durante todo o seu casamento. Como vou
acreditar que vocês dois não vão trair um ao outro quando se casarem?
Como eu deveria saber que traição não faz parte de todo casamento?
Agora eu realmente senti Mason me observando, mas não consegui
olhar. Não havia como, porque ele saberia.
— Samantha — James começou sua postura de um homem
quebrado.
Mas eu sabia que ele não estava quebrado. Esse era o problema.
Pessoas como ele nunca se quebravam. Eles quebravam os outros.
— Você quebrou sua família. Ela quebrou minha família. Vocês vão
quebrar de novo.
— É isso que você pensa? — Ele perguntou.
Eu assenti. — Isso é o que eu sei.
— Samantha. — Ele começou a sair de trás da mesa.
Mason estava bem ali, bloqueando-o, e quando James olhou, Logan
se aproximou de mim também. Nenhum deles deixariam o pai deles se
aproximar de mim. Quando ele viu isso, ele balançou a cabeça, com uma
risada triste.
— Isso, aqui mesmo. — Ele apontou para nós. — É assim que você
sabe que não vamos quebrar outra família. Meus filhos te amam mais do
que me amam. Eu perdi o amor deles há muito tempo, e nunca vou
recuperá-lo. Eu fiz as pazes com isso. Mas com você, esse amor é sólido.
É a única coisa linda que Analise e eu fizemos juntos, e não podemos
receber crédito. Vocês três se encontraram. — Ele olhou para Mason. —
Eu sei que meu filho nunca vai trair você, e meu outro filho nunca deixará
de ser seu irmão. Nós nunca vamos acabar com vocês três novamente.
Ele se virou para se sentar. Um pouco da tensão de Mason
diminuiu, e Logan recuou.
— Mas você vai — eu disse, parando todos.
— O quê? — James inclinou a cabeça para o lado.
— Você está pedindo para eles amarem você. E mesmo que ela não
tenha dito nada verbalmente para mim, sei que minha mãe está pedindo
o mesmo. Vocês dois querem estar de volta, talvez não tão profundamente
quanto antes, mas ainda por trás de nossas paredes. Isso dá a você o
poder de nos machucar. Novamente. — Eu olhei para Logan e Mason. —
Eles não querem deixar você entrar porque é o que você vai fazer. Talvez
não com a minha mãe, mas de alguma forma, você vai machucá-los
novamente. Isso é o que você faz. Você machuca as pessoas.
— Samantha...
Eu o interrompi. — Se você quiser fazer alguma coisa, nos ajude
com Caldron. Ele é um problema com o qual precisamos lidar. Faça isso
por nós.
— E o que eu ganho em troca?
— Nada. — Eu me inclinei para frente, descansando minhas mãos
sobre a mesa para olhar nos olhos dele. — Porque é isso que os pais
fazem. Eles dão sem pedir em troca. Faça a coisa certa para seus filhos,
pelo menos uma vez.

****
— Puta merda! — Logan explodiu assim que passamos pela porta
principal. — Isso foi incrível, Sam! Eu não me importo com o que eu vou
fazer; eu quero que você trabalhe comigo. Você está tão perto. Você pode
acabar com qualquer merda que quiser.
Eu sorri, mas eu não estava sentindo isso. Dei de ombros. — Depois
que eu descobrir o que quero fazer, podemos fazer um plano de como
trabalhar juntos.
— Você me inspirou — disse ele. — Foda-se Comunicação. Eu
quero ser um advogado. Para qual faculdade Quinn vai? Eu vou lá, só
para irritá-lo diariamente. — Ele estalou os dedos para nós. — Talvez eu
até dê uma cutucada na Beck. Ahhh, e eu voltei para o solteiro Logan por
um tempo. Não conte a Taylor. Ela vai queimar minha bunda de verdade.
— Ele fingiu tomar ar fresco. — Eu estava tão emocionado, Sam. Eu senti
como se estivéssemos de volta ao colégio, derrubando os pedaços de
escória um de cada vez.
Ele franziu a testa para Mason. — Por que você está tão quieto?
Sua namorada deu uma surra em nós. Papai disse que lidaria com o
Caldron, e nós não devemos nada a ele por isso.
Eu sabia por que Mason estava quieto. Ele leu nas entrelinhas lá
atrás, mas ele apenas sorriu. — Talvez eu esteja excitado e tentando não
deixar você ver? Já pensou nisso?
— Deus, não. — Logan gemeu, franzindo o nariz. — E agora eu
penso. Obrigado por isso.
— Você sabe quantas piadas você faz sobre estar com o pau em
Taylor? Você acha que eu quero ouvir essas coisas sobre o meu
irmãozinho? — Mason apertou minha mão um pouco, indo em frente.
Eu sabia o que ele estava fazendo — distraindo Logan para mim.
— Agh! Cala a boca, Mase. — Logan balançou a cabeça, se movendo
em direção ao Escalade à frente. — Você não pode mais falar sobre meu
pau. Sem mais piadas entre nós.
Mason soltou minha mão, mantendo o ritmo com Logan. — E todas
as hashtags? Hashtag pau mole. Hashtag meu pau está na minha
namorada. Hashtag, eu sou o homem-foguete.
— Cale-se!
Eu comecei a rir com eles quando ouvi uma porta de carro fechar.
Eles não pareciam ouvir, mas eu ouvi.
Talvez eu soubesse. Talvez eu apenas sentisse que estava
chegando, ou talvez fosse finalmente certo encará-la, mas quando olhei,
eu sabia quem estaria ali. Eu a senti lá.
Minha mãe. E ao contrário das duas vezes anteriores, ela parecia
preparada para me ver.
Ela subiu na calçada, usando um vestido vermelho esvoaçante. O
material chicoteando ao redor dela, mas seu cabelo estava puxado para
cima sob um chapéu preto.
— Olá, Samantha.
— Você pode conversar desta vez.
Uma pequena risada escorregou dela e ela olhou para a calçada por
um segundo. — Eu não estava esperando você na mercearia, mas sei que
Mason está fazendo estágio aqui. Estou preparada para te ver toda vez
que eu venho.
— Preparada?
— Animada. — Suas sobrancelhas se apertaram e ela emendou. —
Esperançosa. Eu tenho esperança toda vez que eu venho aqui. — Ela
estendeu a mão, me indicando. — Você está adorável.
— Não como você. — Eu sorri. — Você está sempre bonita.
— Como você.
— Falou como uma mãe verdadeira normalmente diria.
Ela ouviu meu tom mordaz e seu sorriso diminuiu. — E nós duas
sabemos que isso não é normal, é? Você e eu. Nosso relacionamento
nunca foi.
Minha raiva estava aumentando, rolando em uma nuvem enorme.
Eu não consegui segurar. — Porque você nunca foi mãe, não é?
Seus olhos se arregalaram e ela não respondeu. Ela respirou fundo,
fechando os olhos por um instante. — Você tem anos de raiva
acumulados em direção a mim.
Ela estava certa, eu tinha.
— E você tem todo o direito de sentir essa raiva — acrescentou ela,
sua voz suave. — Você tem todo o direito de ter sua opinião, expressar
essa raiva e ter uma mãe que finalmente vai ouvir você.
Porque eu estava me sentindo insignificante, eu disse: — Não se
preocupe. Eu tenho mãe agora.
O sangue drenou de seu rosto.
Eu pude ver Mason e Logan voltando para mim. — E ao contrário
de você, não tenho motivos para ficar com raiva dela, então tudo deu
certo no final. Agora eu tenho que ir porque se eles virem você aqui e
acharem que você é a razão pela qual eu estou chateada, você estará
lidando com nós três. — Eu passei por ela na calçada, mas me virei de
volta. Eu tinha uma última coisa a dizer. — Eu não tenho mais medo de
você.
Ela franziu a testa. — Você não tinha antes.
— Eu sei. Eu só queria dizer isso porque dessa vez você deveria ter
medo de mim.
— Ei. — Mason estava chegando. Dois passos e ele passaria o
último SUV que bloqueava sua visão de Analise.
Acenei de volta, acelerando o meu ritmo. — Estou indo.
— Qual o problema?
Claro que ele saberia. Eu só balancei a cabeça, no entanto. — Só
pensando. Estou bem agora. Passei por ele e peguei sua mão, puxando-
o para trás de mim. — Vamos para casa.
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
Duas semanas se passaram.
Sem drama.
Sem brigas.
Sem nada.
Havia uma calma misteriosa, e não era que nada aconteceu,
apenas não coisas ruins. Tivemos festas. Heather e Channing vieram, e
nós saímos pro Manny's. Não houve mais encontros com Caldron, então
Mason e Adam voltaram a trabalhar no clube de campo. O hotel estava
se aproximando da inauguração, e eles estavam fazendo mais e mais
eventos para ele — entrevistas de rádio, entrevistas em jornais, anúncios,
até alguns vídeos para o Facebook. E de alguma forma, durante aquelas
três semanas, eu me vi ajudando com um chá de panela para Becky.
Heather trouxe um pacote de flores de seda e as jogou na mesa de
Malinda. — O que você está fazendo aqui? Nós não somos amigas do chá
de panela. Somos Vegas e amigas da despedida de solteira.
Cass se aproximou e pegou algumas das flores. — Você está
apoiando as amigas e Sam prometeu apoiar Becky.
Heather olhou para ela. — Eu te odeio.
Cass estreitou os olhos.
— Vá embora — acrescentou Heather.
Eu sufoquei uma risada.
— Você ainda é tão odiosa quanto era na escola. — Cass fungou.
— Como se você soubesse — rebateu Heather. — Você foi para a
escola rica e formal.
Eu estava contente em deixar isso continuar o tempo que fosse
necessário. A namorada de Mark era uma antiga inimiga minha. Nós
chegamos a uma trégua por causa de Becky, mas nada havia sido falado
entre nós. Eu estava esperando por seu ataque. Chegou. Sempre foi
assim. Eu tive muitos incêndios na minha vida. Foram todos calorosos e
contidos, mas a qualquer momento poderia haver uma explosão.
Malinda veio assistir a troca da cozinha, e minha excitação morreu
lentamente dentro de mim. Eu tinha que impedir Heather de aniquilar
Cass completamente, embora tenha sido muito divertido assistir.
Limpando a garganta, peguei uma pilha de papéis que ainda
precisavam ser dobrados e me sentei. — Estou apoiando o pedido de
Heather. Vá embora, Cass. Estamos ocupadas dobrando esses pequenos
papeis. Nós não precisamos de você dando ordens por aí.
Heather sentou ao meu lado, pegando metade da pilha. — Sim. Vá
vazando... — ela esperou até que Cass tivesse saído com uma bufada
antes de acrescentar baixinho — sua cadela certinha.
Eu tive que abafar outra risada. Hoje não era o dia.
Ela olhou para o papel quando começou a dobrar e fez uma pausa.
— Espera. O Jogo do Amor? — Ela leu uma das perguntas. — Quem disse
eu te amo primeiro? — Ela olhou para mim. — Você está falando sério?
Este é o tipo de jogo que as pessoas jogam em chás de panela?
Dei de ombros, começando a minha pilha. As perguntas estavam
na frente da página e as respostas estavam no verso. Ninguém deveria
olhar, mas Malinda mandou imprimi-las de propósito. Todos iriam
trapacear, mas Becky sentiria como se todos realmente a conhecessem
bem.
— Pelo que eu pesquisei, isso é uma coisa comum — eu disse a ela.
Ela bufou, começando em sua pilha. — Pena que não é o chá de
panela do Logan. Este jogo teria perguntas como Quem pediu para fazer
anal primeiro?
Olhamos uma para a outra e dissemos ao mesmo tempo: — Logan.
Eu ri. — Isso é óbvio.
Heather suspirou. — Eu vou morrer de tédio com isso. Com o que
você me chantageou para me obrigar a fazer isso?
Eu pensei sobre. — Eu ameacei dizer a Logan que Channing quer
se casar com você.
— Oh sim. — Ela estremeceu. — Eu não quero pensar sobre o que
ele diria se soubesse disso. Ele reclamaria o dia todo.
— Se ele não tivesse Taylor, ele estaria implorando para ser sua
dama de honra.
Heather soltou uma risada. — Ele iria. Ele estaria te esfaqueando
pelas costas, tentando conseguir a sua posição.
— Ele poderia tê-la. Eu odeio casamentos.
Eu me encolhi, percebendo o que eu acabei de dizer. As palavras
escaparam antes que eu soubesse que ia dizê-las.
Heather fez uma pausa no meio da dobra. — Você está falando
sério?
Eu olhei ao redor, me certificando de que ninguém mais tivesse
ouvido meu deslize. Então dei de ombros, me inclinando para frente. —
Talvez.
— Este é o verão errado para você estar dizendo isso. Você sabe
disso, certo?
Eu assenti. — Eu não proclamo nem nada.
— Becky ficou noiva. Channing vem falando mais e mais comigo e
sua mãe vai se casar muito em breve.
— Estou ciente. Está tudo ao meu redor.
Ela baixou a voz. — Mason mencionou a palavra com C para você?
Eu balancei a cabeça, sentindo algum alívio. — Não. Eu acho que
é apenas um exagero. Isso é tudo.
— Besteira. — Heather continuou a me observar com firmeza. Ela
não estava me dando nenhum espaço para respirar. — Geralmente a
coisa toda do casamento é contagiosa para as meninas. Se você está por
perto, de repente você também quer fazer isso. — Ela me estudou. — Você
parece pronta para fugir só de ter essa conversa. Você realmente odeia
casamentos ou odeia seu próprio casamento?
Eu odiava essa conversa. — Eu não estou envolvida, então esta é
uma conversa com a qual eu não preciso me preocupar.
— Mas ele vai propor a você.
Meu coração pulou para a minha garganta. — Você sabe algo que
eu deveria saber?
Ela balançou a cabeça. — Não, mas é o Mason. Ele ama você, gosta
muito de você. Ele vai querer um anel no seu dedo.
Eu sabia disso, mas o pensamento do casamento enviava gelo em
minhas veias.
— Eu vou lidar com isso — eu disse a ela.
O olhar em seus olhos disse besteira.
— Não é grande coisa.
Ela bufou. Novamente. — Você precisa falar com Mason sobre isso.
De verdade, Sam. É um grande negócio. Está no mesmo nível de quando
um parceiro quer ter filhos e o outro não.
Ela não estava ajudando. Eu senti uma dor de cabeça se formando.
— Eu sei. Eu vou falar com ele.
— Promete?
Eu assenti.
— Não, você tem que dizer a palavra. Eu conheço você e você vai
tentar sair disso de alguma forma. Prometa, Sam.
Eu não entendi o problema. Mason nunca trouxe à tona o assunto
casamento. Nós não falamos sobre isso, e ele veio da mesma realidade
que eu. Ele entenderia. Certo? Mas lembrei do medo que senti quando
percebi o quanto não queria casamento.
Eu não queria prometer, mas Heather estava esperando, me
observando como um falcão. — Eu vou falar com ele — eu me ouvi dizer.
Ela soltou um suspiro de alívio. — Bom. — Ela apertou minha mão.
— Vai ficar tudo bem. Eu sei isso. Esse cara adora o chão em que você
anda. Não há nada com que ele não lide por você.
Sim... eu esperava que sim.
Heather voltou a ler as perguntas e gemeu. — Sério? "Qual é a sua
ideia de um final de semana perfeito?" O seu é provavelmente quando há
uma leve brisa no ar, passeios na praia e carinhos na frente da lareira. O
dele é provavelmente com um boquete ao acordar, um boquete na hora
do almoço, uma reunião secreta à tarde e um bom uísque depois do
jantar. — Ela revirou os olhos. — Eu não suporto quando casais como
eles se casam.
Eu ri, imaginando o quão longe suas respostas eram da verdade de
Becky e Adam.
Então Becky entrou com Adam logo atrás dela. Eles estavam de
mãos dadas e sorrindo, mas o terror em seus olhos e as linhas forçadas
ao redor de sua boca foram o que me chamou a atenção.
— Espere, espere, espere — disse Heather. — Desde quando o noivo
vem para essas coisas? Isso acaba com todos os meus estereótipos de
lixo branco sobre o que as pessoas ricas fazem.
Malinda aproximou-se para cumprimentá-los. Quando Adam a
abraçou, Becky olhou para mim e eu fiquei de pé.
— Algo não está certo — eu disse a Heather.
— O quê?
Eu estava do outro lado da sala antes que Malinda terminasse de
falar sobre o casal. Ela tinha um braço em volta da cintura de Becky e
sorriu para mim.
— Um dia desses será você e Mason, Sam. Eu mal posso esperar.
— Sim. — Minhas bochechas estavam doendo, meu sorriso era tão
forçado. Eu peguei a mão de Becky. — Posso ter um minuto?
Uma emoção cintilou nos olhos de Malinda e ela olhou para baixo.
Eu sei que ela viu o quão firme Becky segurou na minha mão, mas ela
continuou a exalar calor. Ela se virou, puxando Adam até onde Cass e
algumas outras garotas estavam ajudando a colocar as decorações. —
Vamos, Adam. Preciso da sua opinião sobre onde devemos colocar o bolo.
Becky ouviu. — Tem um bolo?
Eu a puxei passando por todo mundo, fazendo sinal para Heather
segui-la e puxando-a para frente.
Encontramos Mark no sofá jogando vídeo games.
— Ei, o que... — ele começou a dizer, mas eu o interrompi.
— Saia. Esta é a hora das garotas.
Ele fez uma pausa no jogo. — Onde eu devo ir?
— Logan está determinado a criar uma nova bebida. Vá e seja sua
cobaia.
Ele gemeu, mas desligou o jogo. — Eu vou ficar perdido, não vou?
Heather deu um tapinha nas costas dele quando ele passou por
nós, subindo as escadas. — Apenas se divirta fazendo isso. Esse é o
truque.
Ele murmurou algo em voz baixa, mas depois a porta se fechou
atrás dele.
Becky mordeu o lábio, se abraçando. Ela olhou para Heather.
— Heather é tranquila.
— Ela é sua amiga, não minha — disse Becky.
Heather bufou, sentando onde Mark acabara de sair. — Se você
quer começar uma briga, continue me lembrando disso.
— Heather é leal a mim, e enquanto eu for leal a você, ela também
é.
Becky continuou a encarar Heather, dúvida evidente em seu olhar.
Então ela se virou para mim. — Você me puxou aqui para baixo. O que
está acontecendo?
— Algo está errado.
— Eu sei. Tudo bem?
— Não. — Eu balancei a cabeça, sentando no sofá ao lado de
Heather. — Com você e Adam. O que está acontecendo?
Becky pareceu encolher quando se sentou no sofá em frente a nós.
— Você notou isso, hein? — Ela esfregou as mãos, colando-as entre os
joelhos. — Eu pensei que tinha aperfeiçoado o visual de plástico.
Heather riu. — O fato de eu saber exatamente o que você quer dizer
me faz pensar que Sam não é tão louca por gostar de você novamente.
Becky olhou para cima com cautela e encolheu os ombros. —
Plástico e brilhante. É a aparência falsa que as pessoas ricas oferecem,
não é?
Heather levantou um ombro. — É o equivalente ao olhar duro, eu-
não-dou-a-mínima, que as pessoas não ricas têm.
Uma nuvem veio sobre as feições de Becky. — Adam pode não ser
capaz de ir para a faculdade de direito. Podemos ter que ficar aqui depois
de nos formarmos. Ele vai ter que assumir o negócio de seu pai.
Este.
Este era o momento — eu podia sentir, — o que Mason estava
procurando desde que James o havia colocado em cima de Adam. Eu
tentei baixar a minha adrenalina.
Eu me inclinei para frente, mantendo minha voz casual e firme. —
O que você quer dizer?
Heather me enviou um olhar.
Becky sacudiu a cabeça. — É tão confuso. Eu nem sei o que dizer.
Ela olhou para o teto. — Não é nada que Adam tenha feito. É o que estão
fazendo com ele. O pai dele está fodido de uma forma importante.
Heather se inclinou para frente devagar. Ela suavizou sua voz. —
O que ele está fazendo?
— Ele está infringindo a lei.
— Como?
— Ele não aguentou e disse a Adam esta manhã. É tudo
complicado, mas pelo que eu entendi, quando ele tem que conseguir
autorizações para desenvolver terras em algum lugar, ele suborna quem
dá a ele as permissões. Ele encontrou uma cópia dos e-mails em um
computador em algum lugar. Ele não sabe quem fez a cópia, mas ele sabe
que está lá fora e tudo pode explodir em nossos rostos. Ele iria para a
cadeia.
— Besteira. — Heather se inclinou para trás. — Pessoas ricas
pagam multas. Pessoas pobres vão para a cadeia. Isso é um fato.
— Não com isso. — Becky de repente parecia tão cansada, como se
um leve vento pudesse derrubá-la. — Isso vem acontecendo há anos, e
há o suficiente para ele se preocupar com isso, até mesmo eu sei. — Ela
balançou a cabeça, levantando-se e começando a andar pela sala. —
Vocês não podem dizer nada. Falo sério. Adam iria romper o noivado se
soubesse que eu estou contando isso para vocês. Ninguém pode saber.
— Sim, claro. — Eu balancei a cabeça.
Becky suspirou. — Quero dizer, a longo prazo, não é tão ruim
assim. Adam poderia assumir a empresa e administrá-la até encontrar
outra pessoa para substituí-lo.
— O que ele faria então? — perguntou Heather.
— Ele ia para a faculdade de direito enquanto isso. E então ele iria
para a política depois. Isso seria apenas uma lombada ao longo do
caminho.
Heather compartilhou um olhar comigo. Parecia um plano factível,
mas qualquer coisa poderia ser planejada no papel. Só que às vezes a
vida não era assim. Levantei e fui até Becky, puxando-a para um abraço.
Então eu menti para ela porque era isso que ela queria ouvir no momento.
— Tudo vai ficar bem.
Ela me abraçou de volta e, quando essas palavras me deixaram, ela
caiu de alívio.
— Obrigada, Sam.
A porta do porão se abriu e Malinda chamou: — Todo mundo está
começando a chegar. Becky, você está aí embaixo?
Ela respirou fundo quando se afastou de mim.
— Estou aqui. — Alisando o vestido e afofando o cabelo, ela deu
um sorriso para Heather e eu. — Obrigada, pessoal. — Ela apertou minha
mão. — De verdade. Já vou, Malinda!
Heather ficou ao meu lado, observando-a subir as escadas.
— Samantha? Heather? — Malinda chamou de volta.
Heather perguntou suavemente: — Por que parece que você acabou
de matar seu cachorrinho?
— Você realmente quer saber? — Eu mantive minha voz baixa para
que Malinda não pudesse ouvir.
— Você precisa perguntar?
— Meninas?
— Eu sei quem tem a cópia desses e-mails.
— Quem? — Heather me parou.
Malinda nos observou, uma pequena carranca marcando seu rosto.
— Basta vir quando estiverem prontas. — Ela se afastou, fechando a
porta.
— Sam — Heather me perguntou. — Quem tem essa cópia?
— Mason. — Eu subi as escadas.
Ele só não percebeu que tinha a cópia.
Heather estava bem atrás de mim, e ela pegou meu braço e me
puxou para a varanda dos fundos. — Você tem certeza de que quer fazer
isso?
Eu podia ver através da janela. O sorriso de Becky estava mais
relaxado. Ela tinha um brilho novo nela, e ela inclinou a cabeça para que
Adam pudesse deixar cair um leve beijo em seus lábios. Ela parecia feliz,
e eu seria a razão pela qual isso seria tirado dela.
Eu assenti. — É ela ou Mason. Eu sempre escolho Mason. — Eu a
estudei. — Você está comigo?
Ela me deu uma olhada. — Você sabe que eu estou. Eu só queria
ter certeza de que você sabe o que estava fazendo. Você recentemente
decidiu se tornar amiga dela novamente, e agora você vai fazer algo que
eu sei que você odeia.
— Eu sei. Eu vou esfaqueá-la pelas costas.
E com essas palavras, voltei para dentro. Heather estava bem atrás
de mim. Não teria confusão. Eu sabia exatamente o que eu acabei de me
tornar, e ela também.
Eu era o cara mau agora.
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO
Eu estava sentada na varanda dos fundos da casa de Helen quando
as portas se abriram atrás de mim. Eu não olhei para cima da minha
posição em um dos sofás. Continuei examinando a piscina, a casa da
piscina e o segundo andar inferior e a varanda. Nada disso parecia
impressionante ou surpreendente para mim. Era como as outras
mansões, e eu não conseguia lembrar o dia em que fiquei impressionada.
Eu estava tão longe dessa pessoa agora.
— Logan disse que você estava aqui fora.
Mason sentou ao meu lado. Ele levantou minhas pernas e as
colocou em seu colo, começando a amassar minhas panturrilhas. — Você
está bem?
— Eu estava apenas pensando sobre o começo.
— Esse parece ser o tema deste verão.
Eu olhei e senti minha respiração parar. O luar brilhava nele,
lançando-o em um brilho romântico e nebuloso. Ele era lindo.
— Sam?
Eu dei-lhe um rápido meio sorriso. — O que você quer dizer com
isso?
— Sobre o tema?
— Sim.
Ele encolheu os ombros. — Só que você é amiga de Becky Sullivan
novamente. Adam Quinn está em nossas vidas. Estamos lidando com
meu pai e sua mãe. Eu sei que muita coisa mudou, mas, de certa forma,
nada mudou.
— Bem, eu mudei.
Ele se aquietou. Eu sabia que ele estava esperando por mim para
dizer o que eu tinha vindo aqui para ter coragem de dizer a ele. Eu ri e
estremeci com o quão amargo soava.
— Eu tenho que te dizer uma coisa, e eu estou questionando se eu
realmente quero. E então eu estou questionando por que estou
questionando isso em primeiro lugar.
— Sam...
Me acalmou ouvir sua voz ficar mais forte, mais autoritária. — Seja
o que for, nada é sua culpa. Você não precisa se preocupar com nada.
Isso não era verdade, mas eu disse: — Você sabe que coisa ilegal
você deve ter de Steven Quinn?
Os olhos de Mason se afiaram e eu continuei. Depois que eu contei
o que Becky havia dito antes, ele não comentou nem por um momento.
— Eles sabem que alguém tem uma cópia? — Ele finalmente
perguntou.
— Isso é o que ela disse.
— OK.
— É isso aí? Apenas "ok"? É tudo o que você vai dizer?
— Eu não quero mais colocar você no meio. Eu vou lidar com isso
daqui.
— Significa que você vai dar a cópia para o seu pai e lhe dizer quais
transações procurar?
— Sim. — Ele assentiu. — Depois de fazer uma segunda cópia para
mim. Eu também não confio no meu pai.
— Então isso pode até não sair de nós?
Ele balançou sua cabeça. — Eu não sei. Poderia, mas mais do que
provavelmente meu pai vai usá-lo como vantagem para ter Steven
cooperando com algumas decisões. Pode nunca sair.
— Isso não é ilegal?
Um fantasma de um sorriso brincou no rosto de Mason. Ele
continuou esfregando minha perna para cima e para baixo. — Fazer algo
ilegal não é exatamente fora do padrão aqui.
Eu corei, me recostando contra as almofadas. — Eu sei. Eu só
estou me sentindo mal. Isso é tudo.
— Sam
Eu levantei minha cabeça para encontrar seu olhar. Seus olhos
ardiam, e instantaneamente senti uma vibração no meu peito. Meu corpo
aqueceu.
— Você tem certeza que isso é sobre o que Steven Quinn está
fazendo? Ou isso é sobre outra coisa?
Meus lábios se separaram. Minha garganta secou de repente. — O
que você quer dizer?
— Você sabe o que eu quero dizer.
— Sobre eu ser desleal com Becky?
— Sobre você correr por quase cinco horas no outro dia.
A agitação acelerou seu ritmo. Meu coração estava voando como
um maldito foguete tentando decolar dentro de mim.
Eu olhei para longe, encolhendo no meu lugar. — Eu não posso
falar sobre isso. — Eu podia ouvir Heather tão claramente como se ela
estivesse lá fora com a gente. Diga a ele, Samantha! Diga a ele! Eu ignorei
a voz dela. — Não foi nada mesmo. É estúpido.
Ele parou de esfregar e segurou a parte de baixo da minha perna.
Eu olhei para ele em reflexo, e ele se inclinou para frente, certificando-se
de que eu não pudesse desviar o olhar.
— Qualquer coisa que você tenha medo de falar é o oposto de nada
ou estúpido. E seja o que for, você não precisa se preocupar. A menos
que você tenha me traído. Então você precisa se preocupar.
Eu sorri, chutando-o levemente com o meu pé. — Você teria que se
preocupar com isso também.
Ele pegou meu pé e segurou. — Então não é que você foi infiel.
— O quê?
— Você não recuou quando eu disse isso. Eu sei que esse não é o
problema. — Ele inclinou a cabeça para trás, descansando-a contra o
lado da casa atrás de nós, ainda me observando atentamente. — O que é
Sam? Por favor, diga.
Meu coração ficou quieto. Este homem, ele era um menino, mas eu
não acho que ele tenha sido uma criança. Ele já era um homem quando
o conheci. Poderoso. Alfa. Um mentor. Bonito. Sua presença cativou a
tantos, mas agora ele estava sob meu controle.
Me inclinei para frente, embora ele ainda estivesse com meu pé e
toquei o lado do seu rosto. — Eu não acho que eu poderia amar você mais
do que eu amo agora — eu sussurrei.
Sua mão repousou sobre a minha. — Você não vai me dizer?
— Sim — eu suspirei. — Eu vou, mas não agora. Quando eu estiver
pronta.
— Você tem que me dizer.
— Eu vou. Eu prometo.
Meu medo era real, mas quando Mason se levantou e me levantou
com ele, eu sabia que tinha tempo. Eu envolvi meus braços e pernas ao
redor dele, beijando-o enquanto ele me levava através da casa para o
nosso quarto.
Algumas horas depois, ele saiu da cama. Eu rolei capaz de ver sua
silhueta enquanto ele se vestia na escuridão. Eu não perguntei para onde
ele estava indo. Eu já sabia.
Ele veio, dando um beijo na minha testa. — Eu te amo. — Sua mão
descansou contra o lado do meu rosto.
Minha mão cobriu a dele. — Apenas fique seguro.
— Sempre. — Ele saiu e, um momento depois, ouvi as vozes de
Logan e Nate do lado de fora. Os faróis acenderam e ouvi os sons de um
veículo saindo da garagem.
O que quer que fosse acontecer, já foi posto em movimento.
CAPÍTULO TRINTA E CINCO
MASON
Meu pai não queria a reunião em sua casa, onde Analise estava, e
isso estava bem para nós. Nós nos encontramos em seu escritório. Eu
entreguei a cópia dos arquivos que fiz para ele, e ele disse que cuidaria
do resto. Eu não perguntei o que aconteceria ou como ele usaria. Eu sabia
que ele iria, e eu também sabia que James Kade tinha conexões
questionáveis. Provavelmente era melhor não saber.
Com a reunião terminada, Logan, Nate e eu saímos, todos em
silêncio. Eu olhei para Logan enquanto ele contornava para o banco do
passageiro da frente. Nós aprendemos há um ano até que ponto do outro
lado da lei nosso pai poderia viajar. Ele ajudou a manter um chefe do
crime fora de nossas costas. Mas nisso, algo estava me incomodando.
Peguei a maçaneta da porta do Escalade e estava prestes a abri-la
quando alguém saiu das sombras.
— Eu posso ver que não fiz o meu trabalho muito bem.
Caldron e um monte de seus homens nos cercaram.
Eu me afastei da porta. — Como?
Ele segurou um bastão nas mãos e gesticulou com ele para o prédio
de escritórios. — Isso foi você levando uma cópia dos arquivos de Quinn
para o seu pai, certo?
— O que te faz pensar isso?
Esses caras estavam aqui para nos parar. Eu não sei como Caldron
sabia, qual era o negócio dele, mas se eles estavam vindo contra nós, eu
sabia que meu pai não estava seguro também. Eu peguei o olhar de Logan
e empurrei minha cabeça em direção ao prédio. Ele assentiu e começou
a retroceder. Ele colocaria James em segurança ou tentaria.
Caldron apontou para alguns de seus amigos. — O bloqueie. Nós
não queremos que o papai rico, querido, saia impune, não depois de
limparmos o chão com seus filhos.
— Isso está ficando velho. — Nate rosnou, caminhando em direção
a alguns dos caras.
Eu fiz uma contagem rápida e parei depois que contei mais de doze.
— Você saiu com força total, Caldron. — Virei para ele. Ele era o
líder. Ele tinha todas as respostas. — Por que você não mostra alguma
decência e diz por quê?
— Sim. — Logan se aproximou de nós, mas quatro caras correram
para impedi-lo de chegar até nós. — Como você sabe sobre isso? O que
você sabe sobre Quinn? E por que diabos você está aqui?
— Está certo. Seu pai rico idiota deveria "cuidar de mim", não era?
Bem, ele cuidou. Ele me transferiu para outro local de trabalho. Eu
estava lá no mês passado quando, de repente, recebi uma ligação dizendo
que fui demitido.
Logan e eu compartilhamos um olhar. James não iria dispensar
Caldron. Não havia razão.
Ele viu o olhar. — Oh sim. Isso aí diz que estou certo. Eu tenho
sido "cuidado" assim como estou aqui para "cuidar” de você.
— Quem te demitiu?
Caldron olhou para mim, com os braços dobrados sobre o peito. O
bastão caiu ao seu lado. — A pessoa que me contratou para ir atrás de
vocês. — Ele apontou o bastão para todos ao seu redor. — Isso é o que
estamos fazendo aqui, o que eu fui contratado para fazer em primeiro
lugar.
— E isso foi? — Eu estava ficando cansado de sua conversa. Uma
raiva profunda começou a ferver dentro de mim.
— Sim. — Logan empurrou o cara mais próximo a ele. — Chegue
ao ponto, caralho.
Caldron sorriu e eu sorri de volta, mas olhei para Nate. Toda a
atenção estava concentrada em nós. Até os caras que estavam "vigiando"
Nate não estavam olhando ele. Eu peguei um flash rápido de luz do seu
telefone. Ele escondeu de volta no bolso e acenou para mim.
Ele ligou para os policiais.
Era o antigo sistema que tínhamos de funcionamento em
momentos como esse: Logan e eu chamamos a atenção de todos e Nate
pedia ajuda. Infelizmente, o nosso reforço tinha que ser a aplicação da lei
desta vez. Esses caras não estavam aqui apenas para nos machucar. Eles
estavam aqui por sangue.
Nós precisávamos mantê-los longe o suficiente, ou estaríamos
mortos.
Logan revirou os ombros e deu um pequeno mergulho de cabeça.
Ele estava pronto.
Eu fui contra o Caldron. Eu queria lutar, mas também queria
respostas. — Quem realmente te contratou? Você não está atrás de nós
por causa de Budd, não é?
Caldron começou a rir, inclinando a cabeça para trás como uma
hiena. — Não, não. Vocês me fizeram um favor com ele. Desde que ele
saiu, eu sou o cara no comando. Com ele fora, eu estou no topo. — Um
olhar sério se instalou em seus olhos, e eu sabia que eu estava olhando
para o olhar de um assassino. — Quinn me contratou no mesmo dia que
ele e seu pai tiveram uma reunião. Ele sabia que eu já estava trabalhando
para o seu pai. Nós deveríamos fazer o paisagismo para o hotel que eles
estão abrindo. Quinn pensou que eu poderia ficar de olho em você, mas
seu pai estragou tudo. Ele adiou o paisagismo. Nós não começamos até
a próxima semana, agora que tudo está quase pronto no hotel. Mas isso
não importa, porque este é o trabalho real para qual ele me contratou.
Eu deveria impedir você de ficar perto demais do filho dele.
— Adam? — Foi por isso que ele continuou tentando nos atacar. —
É por isso que você foi atrás de Sam?
Caldron assentiu, balançando o bastão como se estivesse se
preparando para treinar rebatidas. — Sim. Ela é sua fraqueza. Continue
indo atrás dela e você não conseguirá se concentrar no que quer que seu
pai tenha feito. Você estaria muito focado em manter sua garota segura.
Ele parou por um momento. — Meu palpite é que o seu pai te
prendeu com o pequeno Quinn para vigiá-lo, certo?
Eu não ofereci uma resposta e ele deu de ombros.
— Não importa se você não confirmar. Eu sei que é verdade, assim
como eu sei que recebi uma ligação uma hora atrás para estar à espreita
se você fizesse um movimento. Eu acho que você vir ao escritório do seu
pai à meia-noite foi um movimento. Estou certo? Sei que eu estou. Eu
também sei que houve uma quebra na segurança em algum local externo
que Quinn usa. Eu sei que sua namorada teve uma conversa confortável
com a noiva de Quinn Jr., e essa mesma noiva desabou chorando para
Quinn Jr. no início da tarde. Agora — ele esticou os braços, — eu não
tenho ideia do que você copiou, mas foi o que me disseram para tirar de
você. Já que chegamos aqui muito tarde e parece que você já entregou,
vamos ter que fazer isso da maneira mais difícil.
— Você quer dizer o caminho sangrento.
Seja qual for o caminho que você quiser. Ou seu pai o traz para
salvar suas bundas, ou nós passamos por cima de seus corpos para obtê-
lo. Você decide.
Eu ouvi sirenes ao longe, mas eles estavam quase chegando cedo
demais. Eu queria o sangue desse cara no chão. Eu queria tudo, e queria
ser aquele que o partiria ao meio. Nós tínhamos o suficiente. Eu não
precisava ouvir mais nada para entender o que aconteceu.
— Eu pensei que você se cansaria disso, Caldron.
— O que você quer dizer? — Seus olhos se contraíram, apenas
brevemente.
— Isto. Você. Eu. Lutando. — Eu sorri, sabendo que não alcançou
meus olhos. — Você está perdendo.
Ele engoliu em seco, o pomo de Adão subindo e descendo. — Isso
é o que você acha que vai acontecer?
Logan e Nate se moveram. Eles estavam prontos para lutar.
Eu me afastei do Escalade. — Eu sei o que vai acontecer. Eu
sempre te venci, Caldron. Eu sempre vou; não importa quantos caras
traga com você.
Ele voltou, assim como seus rapazes. Era como se eu tivesse uma
força invisível me protegendo. Mas se eu tinha ouvido as sirenes, eles
também ouviram.
— O quê? — Eu perguntei. — Você sabe que não pode terminar
essa luta antes que os policiais apareçam?
— Quem disse que eles estão vindo para cá? — Ele jogou o bastão
para cima, pegando-o como se fosse rebater uma bola de beisebol. Ele
segurou acima de sua cabeça.
Eu estreitei meus olhos. — Do que você está falando?
— Eles têm que priorizar suas ligações — disse ele. — É um
pequeno departamento de polícia. Eu acho que uma pousada em chamas
teria prioridade sobre uma mensagem sobre brigas vinda do celular de
alguém. — Ele olhou diretamente para Nate. — Eu vi isso, sabe.
— Você colocou fogo na pousada? — Nate empalideceu um pouco.
— Eles vão tirar todo mundo, eu tenho certeza. — Caldron não
soava como se ele se importasse. — Mas isso nos deixa com o nosso lado
feliz. — Ele soltou o bastão e pegou de novo. Ele ergueu de volta. — Que
tal termos esse show na estrada?
E ele girou o bastão.
Eu apaguei depois disso.
O bastão desceu. Eu vi minha mão segurando, vi Caldron no chão.
Seu rosto estava sangrando. Seus olhos estavam inchados. Havia mãos
nos meus ombros e eu estava balançando.
O tempo saltou.
Dois caras estavam em mim. Eu me abaixei, batendo meu ombro
em um deles. Alguém está com o braço quebrado e gritou de dor ao se
inclinar em um ângulo indecente.
Mais lapsos no tempo.
Nate estava no chão. Três caras o chutaram.
Eu puxei um para longe, batendo ele na calçada.
O tempo deu um pulo novamente.
Logan deu um soco e a cabeça de um cara se afastou do golpe.
Outro cara balançou um bastão, prestes a bater em Logan na parte de
trás da cabeça — outro apagão. Eu vim de novo, e esse mesmo cara
estava inconsciente.
Eu estava segurando seu bastão.
Mais escuridão.
— Mason. — Eu ouvi a voz de Logan à distância.
Havia um zumbido. Eu olhei em volta. O que foi isso?
— Mason. — De repente, o zumbido desapareceu, e Logan estava
bem ali. Sua voz estava muito alta e ele estava arranhando minhas mãos.
— Mason, pare! — Ele parecia em pânico. Meu irmão nunca entrou em
pânico. Ele continuou puxando as minhas mãos, e eu olhei — elas
estavam enroladas na garganta de um cara.
Logan recuou e bateu o ombro em mim. Ele me empurrou para
trás, mas eu soltei a garganta.
O que eu tinha...?
Eu não queria saber.
Eu balancei a cabeça. Havia uma nuvem ali, uma neblina sobre
tudo. Eu não me sentia como eu mesmo, e eu examinei o estacionamento
e me senti mal.
Havia corpos por toda parte.
Nate se sentou no chão, seu rosto coberto de sangue e apenas um
olho aberto. Ele estava segurando a camisa na cabeça. A ponta estava
encharcada de sangue.
Eu procurei por Logan. Ele estava bem na minha frente e também
estava sangrando. Ele caiu em mim e começou a escorregar para o chão,
mas eu o peguei. Envolvendo um braço ao redor de suas costas, eu o
abaixei e me sentei ao lado dele.
Minhas mãos já estavam machucadas. Elas estavam cobertas de
sangue, mas havia sangue por toda parte. Até o Escalade tinha sangue
nele.
— Logan. — Minha voz estava rouca. — O que nós fizemos?
Ele grunhiu de dor quando tentou esticar uma perna. — Lutamos.
Foi o que fizemos.
O som de alguém andando sobre vidros quebrados veio de trás de
nós. Eu não olhei. Meu corpo estava começando a gritar em agonia. Tudo
doía.
James entrou na nossa frente, olhando tudo. Ele respirou fundo.
— O que aconteceu?
Eu não tinha certeza. Eu fiquei quieto.
Logan olhou para mim, então disse: — Quinn sabia que você pediu
a Mason para vigiar o filho dele. Ele nos deu Caldron. Nós deveríamos
estar distraídos. — Ele teve que parar para cuspir sangue. — Ele falhou
em seu trabalho. — Ele olhou para o nosso pai, seu rosto deformado e
machucado. — Você ainda tem a cópia, certo? Nós não fizemos tudo isso
para nada.
James segurou o pendrive. — Está aqui. — Naquele momento, uma
viatura iluminou o estacionamento em vermelho e azul. — Eu ia usá-la
como vantagem contra ele, fazê-lo recuar, mas parece que vai ao
procurador do distrito.
Dois policiais saíram e pararam a poucos metros do carro. Eles
olharam ao redor, e um lentamente levantou a mão para o rádio. Ele
chamou uma ambulância quando James disse: — Deixe-me falar. Se você
disser alguma coisa, é para pedir por seu advogado. Você entendeu?
Ele olhou para nós para ter certeza.
Nós assentimos, e ele caminhou para frente, encontrando os
policiais no meio do caminho.
CAPÍTULO TRINTA E SEIS
SAMANTHA
James me ligou e explicou a situação, e quando parei no
estacionamento da delegacia um pouco depois das três da manhã, Becky
foi a primeira pessoa que vi. Ela correu em minha direção, com uma
expressão irritada, e mal consegui fechar a porta do carro antes que ela
estivesse em cima de mim.
— Você deveria ter ficado quieta sobre o que eu te disse — ela
sussurrou na minha cara, com as mãos fechadas em punhos. Ela as
segurou como se quisesse me bater, mas ela apenas pressionou uma no
meu ombro. — Você não deveria dizer, Sam!
— O que você acha que eu faria? Eu tive que escolher entre Adam
e Mason. — A escolha era óbvia.
Ela baixou a cabeça, as mãos caindo para os lados. — A escolha foi
entre Mason e eu. Eu confiei em você.
— Eu sinto muito. — E eu sentia. — Mas isso não foi entre você e
eu. Foi entre eles. — Foi finalmente entre James Kade e Steven Quinn. —
Nós só entramos no meio.
Ela suspirou quando um SUV branco estacionou ao lado de seu
carro. Adam saiu. Se Becky estava com raiva, Adam estava furioso. Sua
mandíbula estava cerrada e uma veia saltava ao longo de seu pescoço.
Ele começou a vir por nós.
Seus olhos estavam frios quando ele se virou para Becky. — Eu lhe
disse para não vir aqui.
Ela ficou um pouco mais alta. — Eu queria estar aqui para você.
Ele se virou para olhar para mim novamente. — Você queria gritar
com Sam.
— E? Você também.
Ele balançou sua cabeça. — Eu não sou a pessoa que ela traiu.
— Se é uma escolha entre Mason e outra pessoa, você sabe a minha
decisão. — Ele sempre soube.
— Sim — ele falou baixinho. — Estou bem ciente disso.
— Sam!
Heather saiu da estação, protegendo o rosto com o braço contra
uma súbita rajada de vento.
— O que você está fazendo aqui? — Eu perguntei para ela, mas...
— Como você chegou aqui tão rápido?
— Eu já sabia o que aconteceu antes de você ligar. Channing tem
um scanner policial. Já estávamos a caminho.
Ela não me disse isso no telefone. Ela me deu um sorriso de
desculpas. — Eu percebi que era mais fácil explicar quando você
chegasse aqui.
Eu fui em frente. — Eles estão bem?
— James é o único aqui.
— O quê?
— Eles prenderam meu pai — disse Adam. — Eles estão trazendo
ele.
Dois carros de polícia entraram no estacionamento e pararam
diante da porta da frente. Mas em vez de ver Steven Quinn algemado,
assistimos quando Nate e Logan foram ajudados a sair de uma viatura.
Suas mãos estavam algemadas na frente deles, e eu ofeguei,
cambaleando para trás.
Seus rostos estavam cobertos de ataduras, sem mencionar os
hematomas em toda a pele exposta, e os nós dos dedos estavam
machucados. Eles tinham brigado. Muito.
Heather se aproximou e me firmou com uma mão no meu braço. —
Isso é o que eu estava vindo te contar. Todos os outros foram primeiro ao
hospital. Todos os caras do Caldron foram admitidos. Mason, Logan e
Nate — eles foram feridos, mas acabaram com eles.
Mason…
Eu procurei por ele, mas não consegui encontrá-lo. Se Logan e Nate
estavam assim — a porta dos fundos do primeiro carro do pelotão se
abriu, e parei de pensar depois disso.
Um soluço engatou na minha garganta. Eu não podia deixar isso
sair.
Mason saiu com as mãos algemadas na frente dele.
Eu não consegui respirar.
Eu não pude fazer nada.
Ele tinha menos bandagens no rosto, mas um dos lados era uma
contusão gigante. Seu lábio estava preso, e eu poderia dizer que ele estava
com dor. Ele mancava. Eu devo ter feito um som porque ele se virou de
repente. Seu olhar encontrou o meu, embora um de seus olhos estivesse
coberto por fita adesiva.
Ele andou em minha direção, meu nome em seus lábios, mas o
policial o puxou de volta.
— Pare! — Eu corri para eles.
Dois policiais se moveram para me interceptar, mas Heather e
outra pessoa me pararam antes que eu pudesse chegar até eles. Heather
estendeu a mão para impedir que a polícia se aproximasse.
— Ela está bem. Nós a pegamos. — Ela se inclinou para perto e
sussurrou para mim — Se acalme ou eles podem prendê-la por fazer uma
cena.
Eu só pude assistir enquanto eles levavam Mason para dentro.
Então olhei para ver quem mais havia entrado para me segurar.
Becky. Ela me soltou, seus olhos se afastando. — Ninguém mais
precisa se machucar... ou ser preso.
Eu estendi a mão, dizendo um suave agradecimento antes de
Heather começar a avançar, e fui com ela. Eu olhei para trás por cima do
meu ombro. Becky nos observou ir e eu falei de novo para ela: —
Obrigada.
Ela assentiu, oferecendo um leve sorriso.
Heather segurou meu braço perto dela. — Nós vamos cantar a
canção da amizade com ela mais tarde. Vamos. Temos que começar a
assediá-los por fiança.
Mas no final, isso foi resolvido.
James Kade convocou um exército de advogados. Eles entraram
vestindo seus ternos de três peças como se fossem do serviço secreto —
exceto que com pastas. Quando eles apareceram, não demorou muito
para Nate, Logan e Mason serem liberados.
Eu pulei nos braços de Mason quando ele saiu, esfregando seus
pulsos. Ele me pegou, enfiando a cabeça no meu ombro e pescoço.
— Isso vale a pena — disse ele.
Eu esqueci e tentei me afastar.
Ele apenas apertou seu abraço, me segurando por mais um
momento. — Deus, Sam. — Ele levantou a cabeça. Um olhar cru e terno
apareceu em seus olhos, e ele traçou meu rosto com o dedo. — Caldron
poderia realmente te machucar.
Logan murmurou: — Ele era mais perigoso do que pensávamos.
Mason não me deixou ir, e Logan o cutucou. — Parceiro, eu sei que
estávamos presos, mas não é como se você tivesse que esconder um
pouco de sabão nas bochechas da sua bunda. Nate e eu estávamos lá o
tempo todo e levamos apenas algumas horas.
Mason endureceu e voltou a encarar. — Parceiro?
— É o conjunto. Eu já sou um criminoso endurecido.
Mason me soltou, mas sua mão ainda segurava uma das minhas.
— Você já foi preso antes, e me desculpe por abraçar minha namorada
quando percebi como Caldron poderia realmente machucá-la.
Logan entrou na frente dele, empurrando-o para fora do caminho.
Ele me puxou para um abraço. — É a minha vez.
— Você tem sua própria namorada.
— Que voltou para o pai. Lembra? — Logan me apertou. — Além
disso — acrescentou ele — Sam vai ser oficialmente minha meia-irmã
depois da próxima semana.
Isso era certo. O grande casamento seria no próximo sábado. Eu
não tinha energia para lidar com a tensão que se agarrava a mim quando
o casamento era mencionado. Mason e Logan foram discretos em
conseguir que seus smokings se encaixassem. Além disso, eu não sabia
nada sobre o casamento. Malinda estava ajudando, mas eu não morava
mais com ela e meu pai. Eu não precisava ver nenhuma das decorações
ou preparações que ela poderia estar fazendo em sua casa.
Heather e Channing se aproximaram, a mão dele descansando na
parte baixa das costas dela.
— O que vai acontecer depois disso? — perguntou Heather.
Nate e Logan fecharam a boca e olharam para Mason.
Senti a tensão inundá-lo, embora ele não mostrasse nada disso. —
Estamos bem, contanto que esses caras estejam bem.
— Que caras? — Heather olhou ao redor da estação. — Todo mundo
está aqui.
Todos nós olhamos quando Adam e Becky entraram na estação.
Atrás deles dois policiais traziam Steven Quinn. Suas mãos estavam na
frente dele com uma camisa sobre elas. Não importava se não víamos as
algemas. Nós sabíamos que elas estavam lá.
— Ah... — Logan limpou a garganta. — Mason quer dizer Caldron
e todos os seus capangas.
— Mas Mason não precisa se preocupar com isso. — Nate lançou-
lhe um olhar significativo.
Mason soltou um suspiro silencioso. Eu podia sentir a liberação de
seu peito. — Você não está fazendo isso.
Nate balançou a cabeça. — Eu não me importo. Eu vou fazer isso
antes que você possa.
— Nate...
— Pare com isso, Mason. Falo sério. Você tem o futebol ainda.
— O que está acontecendo? — Eu perguntei a eles.
Nate e Mason ficaram em silêncio. Logan disse: — Contamos mais
tarde.
— Nada vai acontecer — Mason começou.
Nate o interrompeu novamente. — Você está certo, porque sem
chance de eu deixar meu melhor amigo jogar sua vida fora porque estava
protegendo a si mesmo e sua família. Será legítima defesa. Meus pais são
diretores de cinema. Eles têm boas conexões. Se for para um julgamento,
não serei condenado. Você sabe disso.
— Nate —
— Pela última vez — Nate retrucou. — Cale a boca.
Eu estava juntando as peças.
Mason disse que se esses caras estivessem bem, então se eles não
estivessem... Eu olhei para Mason e o horror me atingiu no fundo do
peito. Se um deles morresse, ou mesmo se tivessem sérios danos, ele
seria preso novamente. Ele seria detido. Pode haver um julgamento.
Me sentindo como se estivesse na água, como se uma força invisível
diminuísse meus movimentos, eu olhei para Nate.
Ele levaria a queda. Isso era o que ele quis dizer.
Meus lábios se separaram. Eu senti um suspiro, embora nenhum
som viesse de mim, e voltei a encontrar a mão de Mason. Eu apertei. Eu
sabia que ele estava com dor. Eu sabia que deveria soltar meu aperto,
mas não consegui. Eu senti como se quase tivesse acabado de perdê-lo.
E agora, se isso acontecesse, eu poderia perdê-lo novamente.
Ele nunca deixaria Nate assumir.
Eu olhei para Logan para encontrá-lo me observando. Ele percebeu
o que eu estava pensando, e eu poderia dizer que ele sabia disso também.
Eu olhei novamente para Nate e vi o mesmo olhar lá. Ele também sabia
disso. Nenhuma quantidade de argumento mudaria a decisão de Mason.
Eu não estava acordando de um pesadelo.
Estava apenas começando.
CAPÍTULO TRINTA E SETE
Quando chegamos em casa, James nos seguiu para dentro, mas
ele apenas repetiu o que ele disse na estação: Não diga nada. Essa era a
linha de fundo, e a julgar pela exaustão e dor nos rostos de Mason, Logan
e Nate, ninguém iria discutir com ele.
Matteo estava sentado na sala de estar quando entramos, mas ele
esperou até James sair antes de se levantar.
— Uh. — Ele cruzou os braços sobre o peito, os músculos do bíceps
e do peito arqueando um pouco. Olhando ao redor, ele parecia inseguro.
— Vocês precisam de alguma coisa? — Ele se virou para mim. —
Bandagens? Creme antibiótico? Você está abastecida com todas essas
coisas?
A mão de Mason veio descansar nas minhas costas. — Acho que
estamos bem. Mas obrigado, Teo.
Ele assentiu. — Sim. Apenas me avise. Se precisar de mim para
correr e pegar alguma coisa, eu posso fazer isso também.
Eu lutei contra recuar na mão de Mason. Eu queria. Eu queria
afundar em seu calor e me assegurar de que ele estava bem. Eu não fiz.
Eu não sabia a extensão de seus ferimentos, e fiquei grata quando Nate
e Logan murmuraram que iriam para a cama.
Logan parou a caminho do seu quarto. — Eu vou ligar pra Taylor.
Eu descansei uma mão no braço dele. — É uma boa ideia. — Ela
saiu uma semana antes para passar algum tempo com seu pai e seus
amigos. — Ela vai querer saber que você está bem.
— Sim. — Ele suspirou.
Matteo permaneceu enquanto todos se dispersavam. Até Mason foi
para o nosso quarto, mas eu me contive.
Os ombros de Matteo caíram. — Eu não sei o que fazer.
Ele parecia perdido, como uma criança de três anos cuja mãe
estava fora de vista.
Eu conhecia esse olhar. Eu vi isso em outras pessoas que
pensavam estar no círculo e depois perceberam que não estavam.
Eu dei um tapinha no ombro dele. — Apenas seja um bom amigo.
É isso aí.
— Eu não... eu sei que os três são fortes, mas eu poderia ter
ajudado. Eles sequer me deram a opção, sabe?
— Você é um cara legal. É assim que Mason vê você. Ele não quer
que você não seja bom.
— Isso é o que ele pensa? Porque parece muito como se eu não
fosse bom o suficiente.
Eu balancei a cabeça. — Não. Não é nada disso. Mason não deixaria
você ficar aqui se fosse isso. Ele nem chamaria se ele pensasse isso. Ele
não quer colocar você em uma posição onde seu futuro possa ser afetado.
Ele assentiu com a cabeça pendurada. — Eu entendo, mas eu não
me importo. Eu sei que eu brinco que Logan é minha alma gêmea, mas
Mason é um irmão para mim também. Eu amo o cara.
— Eu sei. Ele sente o mesmo.
— Apenas deixe-o saber que se ele precisar de alguma coisa... e eu
quero dizer, qualquer coisa — eu estou aqui para ele. Não há muita coisa
que eu não faria por vocês.
— Ele sabe.
Ele assentiu novamente, e eu o deixei lá, parecendo derrotado.
Eu encontrei Mason no banheiro, despido até a cintura enquanto
ele se olhava no espelho. Eu tive que parar na porta uma vez que eu dei
uma boa olhada nele. Alcançando o batente da porta, me estabilizei.
Seu peito e estômago estavam cobertos de hematomas. Havia
cortes e cortes por toda parte. O sangue tinha vazado através de algumas
das bandagens que o hospital colocou nele, e eu não consegui segurar
um pequeno gemido.
— Eu já estive pior do que isso.
Eu peguei a mão dele. — Eu sei.
Ele estava tentando me tranquilizar, mas quando eu o levei para o
chuveiro, eu sabia que o que eu podia ver não era o dano real. Eu coloquei
o chuveiro em uma ducha mais suave para que a água não batesse nele,
e quando ele estava no meio do chuveiro, eu comecei a remover seus
curativos. Já que ele estava nu na minha frente, eu não consegui me
controlar. Suavemente, eu corri minhas mãos sobre cada centímetro dele
e beijei todos os seus cortes, em todos os lugares que ele foi atingido ou
onde sua pele estava rasgada. Eu queria que ele soubesse que eu amava
cada centímetro dele, e quando terminei, olhei para cima.
Seu olhar era escuro, mas havia dor em seus olhos.
Ele estava sofrendo. Toquei o rosto dele e sussurrei: — O que você
fez foi nos proteger. Você protegeu Logan. Você protegeu Nate. Você se
protegeu e estava me protegendo também. — Ele se inclinou o suficiente
para que eu pudesse descansar minha testa contra a dele. — Se alguma
coisa tivesse acontecido com você. Qualquer coisa... — Fechei os olhos,
respirando estremecendo.
Eu não consegui
Eu não conseguia pensar sobre isso.
Meu Deus.
Eu abri meus olhos e olhei diretamente para os dele. — Se algo
tivesse acontecido com você, você sabe como eu ficaria devastada. Você
estava me protegendo também.
— Eu poderia ter matado alguém.
Ele poderia.
Eu balancei a cabeça. — Você não matou, e você não vai. Esses
caras vão acordar. Você estava apenas nos protegendo. É isso aí.
— Sam. — Seu peito subiu quando ele puxou uma respiração
irregular. Sua testa descansou um pouco mais pesada em mim. — Se
você estivesse lá...
Um nó se formou no fundo da minha garganta.
Eu engoli. Ele não podia pensar assim, e nem eu.
Minha mão percorreu seu braço até encontrar seus dedos, e eu atei
nossas mãos juntas. — Tudo vai ficar bem. Tudo vai ficar bem.
Eu estava mentindo para ele. Tudo pode não estar bem, mas eu
tinha que acreditar, e tinha que fazê-lo acreditar. Haveria outros
inimigos. Haveria outros momentos em que Mason poderia ter que lutar,
mas ele foi acima das probabilidades. Havia tantos contra ele, Nate e
Logan. Muitos.
Eu me aproximei, dobrando meu corpo suavemente para ele.
Quando seus braços se envolveram ao meu redor, eu me ouvi dizendo: —
Eles podiam ter matado você. — Meus lábios tocaram seu peito. A água
desceu sobre nós dois e atingiram meus lábios. Eu mal notei. — O policial
disse que dezesseis caras vieram para atacar vocês três. Dezesseis contra
três. Você se defendeu. Isso é tudo que você fez. — Eu recuei para segurar
seu olhar novamente. Eu o senti me procurando. Ele precisava acreditar
no que eu estava dizendo. — Dezesseis para três, Mason. Nenhum juiz
irá condená-lo nessas condições.
Ele assentiu, fechando os olhos.
— Tudo vai ficar bem.
Talvez eu estivesse mentindo para mim mesma agora.
CAPÍTULO TRINTA E OITO
Seis dias depois

— Eu não esperava ver você aqui, Sam.


Eu olhei para Nate. Eu sabia o que ele queria dizer. Aqui eu estava
no único lugar que eu esperava evitar todo o verão: o casamento de
Analise e James. Mais especificamente, eu estava esperando na parte de
trás da igreja para o ensaio e jantar.
Eu bufei, sentando no banco para que ele pudesse se sentar ao
meu lado. — Confie em mim. Eu protestei.
Ele apenas sorriu e deu um tapinha na minha perna. A verdade era
que ele provavelmente entendia porque eu estava aqui. Não era sobre
Analise ou James, ou mesmo sobre a certeza de não serem felizes, mas
sobre Mason. Desde o último ataque e sua prisão, eu não saí do lado dele.
Eu até parei de trabalhar no festival. Ele nunca forçou para saber o
porquê; talvez porque ele saiba que eu não daria a verdadeira resposta.
Mas foi porque eu tinha que estar ao lado dele.
Se alguma coisa acontecesse, eu estaria lá.
Se um daqueles caras morresse.
Se um deles entrasse em coma.
Se um deles entrasse com uma ação judicial.
Eu ia estar ao seu lado. Eu não poderia fazer muito, eu sabia disso,
mas eu estaria lá. Eu gostava de pensar que isso significava alguma
coisa.
Até agora, os caras estavam se recuperando. Todos eles acordaram
e a maioria foi liberada do hospital. O promotor disse que eles teriam um
caso difícil, já que todos esses caras tinham ido àquele estacionamento
com o objetivo de agressão. Mason, Logan e Nate estavam se defendendo.
Eu também estava esperando pelo dia em que o incidente fosse
coletado e denunciado pela mídia. O nome de Mason era grande. O fato
de não ter aparecido ainda era um milagre. Mas quando esse dia
chegasse, eu estaria lá para isso também.
Então, mesmo que eu me encolhesse a cada dois segundos, eu
estava aqui na igreja, e eu estava assistindo enquanto a mulher que me
deu à luz ensaiava como se casar com o pai que ajudou a trazer minha
alma gêmea para a vida. Era completamente foda, mas eu estava aqui de
qualquer maneira.
— O que você está fazendo aqui? — Eu perguntei a Nate. Ele não
era padrinho do casamento.
Ele apontou para Logan, que estava fazendo um gesto grosseiro
para nós com as mãos e a língua. — Nosso idiota favorito me disse para
vir. Disse que haveria boa comida e bebida de graça no jantar.
Eu empalideci. — Temos que ficar para o jantar?
Nate sorriu. — Logan disse que sim, mas talvez você e Mason
possam sair cedo. Ele olhou em volta. — Taylor está vindo?
— Ela estará aqui amanhã para o casamento.
É melhor que esteja.
— Matteo decolou, certo?
Eu assenti. — Ele começa a treinar na próxima semana. Tudo vai
ficar bem, então ele foi para casa para ver sua família por alguns dias.
— Ele é um bom amigo para Mason.
— Para você também.
Nate sorriu. — O mesmo para você. — Ele acenou para frente da
igreja. — E Logan. Eu sei que Mason quer protegê-lo, mas Matteo estava
lá para nós. Ele meio que se tornou família de certa forma.
Ele me deu um olhar significativo, e eu sabia o que ele queria dizer.
Matteo fez saber que ele queria ser trazido para o rebanho, mas ele não
estava fora do rebanho, mesmo que ele se sentisse assim. Eu coloquei
minhas mãos juntas no meu colo, olhando para as costas de Mason
enquanto ele e Logan brincavam, de pé ao lado direito de seu pai.
— Mason quer protegê-lo.
— Sim. — Nate se mexeu, recostando-se no banco e esticando as
pernas para fora. — Eu sei o que você quer dizer, mas é uma droga estar
do lado de fora.
Eu olhei para ele.
Ele não olhou para mim, mas falou como se sentisse o meu olhar.
— Foi difícil quando voltei pela primeira vez no ensino médio. Mason foi
meu melhor amigo. Eu voltei e você e Logan me substituíram. Levei muito
tempo para voltar. — As linhas ao redor de sua boca se esticaram. — Eu
errei algumas vezes, mas estou aqui de novo. Eu não vou fazer nada para
estragar tudo. Eu só estou dizendo que eu sinto por Matteo.
Não havia nada que eu pudesse dizer. Eu sabia o quão próximos
Mason e Logan eram, mas eu não estava por perto quando era Nate e
Mason, não Logan e Mason. E ele estava certo, eu me lembrei das vezes
em que Nate parecia não gostar de mim, quando ele olhava para mim
como se eu fosse o inimigo. Mas eu sabia que ele não queria dizer isso.
Ele voltou. Ele sempre voltaria. Ele amava Mason, assim como o resto de
nós.
Eu o cutuquei com o ombro. — Não nos deixe quando encontrar
sua garota, ok?
Eu senti sua surpresa. — O que você quer dizer?
Dei de ombros. — Mason e eu. Heather e Channing. Logan e Taylor.
Até Becky e Adam. Todo mundo encontrou sua pessoa. Não nos deixe
quando você encontrar a sua. Combinado?
Havia uma sugestão de sorriso no rosto dele. — Combinado. —
Então ele acrescentou: — Devemos cruzar os mindinhos em promessa
como Logan me fez fazer uma vez?
— Logan fez você prometer de mindinho alguma coisa?
Ele assentiu. — Eu não posso te dizer o quê. Eu fiz uma promessa.
Ele foi tão solene.
Eu ri. — Compreendo. Eu não vou forçar.
— Então terminamos?
A voz de Logan chamou nossa atenção para frente da igreja, e o
pastor se virou para ele. — Sim, eu acredito que sim. Vocês já praticaram
uma vez. Tudo deve estar definido. — Ele gesticulou para Analise e
James. — Se vocês dois puderem ficar, receberemos a certidão de
casamento esta noite.
Mason e Logan desceram o corredor lateral em nossa direção,
assim que um homem entrou. Ele usava um terno de três peças e o cabelo
penteado para trás, colônia que ameaçava me sufocar, e toda uma
vibração gordurosa nele.
Ele explodiu: — James!
James olhou para trás e sorriu. — Peter. — Uma transformação
ocorreu. O cara que estava tentando entender as instruções do pastor, o
cara que segurava a mão de Analise um instante antes, e até o cara
amoroso que continuava esfregando as costas dela antes de darem as
mãos se transformou em um empresário. Eu me senti transportada para
uma sala de conferências.
Mason e Logan pararam quando viram o cara, e então lentamente
voltaram para nós. Logan pulou no banco na nossa frente, e Mason foi
para trás, descansando as mãos atrás dos meus ombros. Se eu inclinasse
minha cabeça para trás, eu poderia olhar diretamente para ele.
Nate se virou para enfrentar Mason e eu, mas ele também foi capaz
de ver Logan. — Quem é aquele cara? Você sabe? — ele perguntou.
Logan poupou ao cara uma segunda olhada, e o desgosto veio ao
seu rosto. — É o prefeito — zombou.
— O prefeito? — Nate olhou para Mason.
Mason observou o prefeito apertar a mão de James e ser
apresentado a Analise. — Essa é a única coisa que nosso pai queria —
disse ele. — E ele saiu por cima. — Lançou um olhar para Logan,
conversando com o resto de nós. — Ele queria de volta.
— Ele voltou — Logan confirmou. — Claro que é útil que Steven
Quinn tenha sido removido de sua posição de CEO.
Nate perguntou. — Isso significa que Adam tomou o seu lugar?
Mason encolheu os ombros, cruzando os braços sobre o peito. — A
inauguração do hotel foi adiada. Adam e eu estamos fora do projeto, então
eu não sei. Suponho que sim, a menos que outra pessoa tenha assumido.
— Ele tocou a parte de trás do meu ombro. — Vamos. Nós não temos que
ficar por aqui para o jantar.
Eu levantei.
Nate também. — Eu pensei que era por isso que você me chamou
aqui — disse ele para Logan, que sorriu.
— Sim, está tudo pronto — assegurou Logan. — Vamos parar por
aí a caminho de casa.
Nós fomos em direção às portas.
Logan e Nate saíram primeiro. Mason segurou a porta para mim e
estava esperando do lado de fora quando ouvi meu nome ser chamado.
Eu olhei para trás. Talvez eu esperasse minha mãe, e quando vi
que ela não estava lá, senti uma pontada de desapontamento. Eu fiz uma
careta, empurrando isso para longe. Olhei para o estacionamento e vi
Becky. Ela estava parada ao lado, suas mãos torcidas juntas na frente
dela. Ela olhou para Logan e Nate, que tinham parado na calçada
enquanto esperavam por nós.
Mason soltou a porta atrás de mim e seu olhar saltou para seu
rosto. Sua boca se abriu em um suspiro silencioso. A maior parte de seus
hematomas tinha desaparecido, mas eu entendi. Ainda era chocante. Ela
olhou de volta para Logan e Nate. Eu só podia imaginar como todos os
três pareciam para outra pessoa.
— Becky?
Ela se virou para mim. — Sim. Um... — Ela mordeu o lábio. —
Podemos conversar?
— Claro.
Logan se aproximou de nós, com um olhar sombrio.
Becky deu um passo para trás.
— Uh… — Eu apontei para um banco em frente à igreja. — Nós
podemos conversar lá.
Ela pareceu aliviada até que Logan chamou seu nome. — Ei,
Sullivan.
Ela ficou tensa, endurecendo quando se virou. — Sim?
— Seu noivo. Ele é o novo CEO da empresa de seu pai?
Suas sobrancelhas se apertaram e ela olhou rapidamente para mim
antes de concordar. — Sim. Ele é.
— Então vocês dois têm que ficar por aqui? Ele não vai para a
faculdade de direito ainda?
— Uh. Sim. Quero dizer, ele vai, mas não imediatamente.
— Quando?
Eu fiz uma careta. Por que Logan queria saber?
— Eu não sei. Acho que ele vai esperar um ano.
— Ele ainda vai se formar neste ano, certo? Então ele vai em três
anos?
— Acho que sim. — Ela balançou a cabeça. — Por quê?
Ele a ignorou. — Que escola ele vai?
— Ele entrou para Harvard.
— Bom. — Logan deu um aceno de cabeça.
— Por quê? — Ela perguntou de novo.
Um olhar frio apareceu em seu rosto. — Porque para onde ele for,
eu vou. Esse maldito enviou Caldron atrás do meu irmão e Sam. Eu vou
tornar a vida dele miserável daqui em diante.
Sua boca se abriu e ficou assim. Ela não parecia capaz de fechar.
Nate olhou para Mason, mas Mason apenas balançou a cabeça.
Adam Quinn não mandou Caldron atrás de nós. Foi o pai dele, e Logan
sabia disso. O que quer que ele estivesse dizendo, ele tinha uma razão.
Becky olhou para mim implorando, mas ela não viu qualquer
simpatia de mim. — Você ainda quer falar comigo? — perguntei.
— Eu… — Ela fechou a boca, engolindo em seco. — Talvez não
agora. — Ela virou para o carro, deu alguns passos e voltou para nós. —
Nós nunca seremos amigas de novo, vamos?
Remorso varreu através de mim, mas eu não podia deixar esse
show também. Pode ter havido uma briga entre os pais, e eu não sabia
como as coisas estavam entre Mason e Adam, mas isso não importava.
Logan apenas jogou uma luva para baixo. Becky seria a mensageira.
Adam saberia nos próximos cinco minutos que Logan Kade era seu
inimigo agora. Isso significava que todos nós éramos.
Tudo o que eu pude dizer foi: — Acho melhor não sermos.
Eu a vi engolir de novo. Pura frustração puxou suas feições, e ela
olhou para o chão por um momento. Quando ela olhou de volta, parecia
derrotada.
— Eu acho que sim. — Ela dirigiu-se para o carro e bateu em algo
em seu olho.
Eu não pude deixar de me perguntar se foi uma lágrima.
Assim que ela saiu do estacionamento, eu perguntei a Logan. —
Você fez isso de propósito?
— O quê? — Mas havia uma máscara guardada em seu rosto. Ele
sabia exatamente o que acabou de fazer.
— Você disse isso para ela de propósito, porque ela vai contar a ele,
e isso vai fazê-la ter que ficar do lado dele.
Logan deu de ombros. — E daí?
— Então significa que eu não posso ser amiga dela — retruquei.
— Como se você tivesse sido capaz de qualquer maneira — ele
disparou de volta. Seus olhos estavam quentes quando eles foram para
Mason antes de voltar para mim. Ele suavizou seu tom. — Eu apenas fiz
o que você não conseguiu. Se você tentasse ser amiga dela, você a trairia
de novo eventualmente. Você sabe. Eu apenas fiz isso para que Mason
não precisasse. Limites foram desenhados, Sam. Os Quinn’s são nossos
inimigos, não importa quem tenha esse nome.
Becky Sullivan eventualmente seria Becky Quinn.
Ele estava certo.
Mas ainda doía.
CAPÍTULO TRINTA E NOVE
Minha mãe ia se casar hoje e eu me olhei no espelho sem saber o
que vestir. Mas não era nem as roupas. Eu não tinha ideia do que sentir,
e é por isso que eu estava aqui na última hora.
Havia uma leve vibração no meu peito, mas isso não fazia sentido.
Por que eu ficaria nervosa? Não havia razão para isso.
Uma batida suave soou na minha porta e Taylor falou do outro
lado. — Sam? Você tem um visitante.
Eu fiz uma careta. Quem seria? — Deixe entrar.
A porta se abriu e minha madrasta enfiou a cabeça primeiro. —
Sam? Oh bom. — Ela empurrou seu caminho para dentro, fechando a
porta atrás dela. Ela segurava um saco de roupa nos braços e pendurou
na porta do armário. — Eu não tinha certeza se você tinha um vestido
para o casamento, então eu trouxe. A menos que você tenha escolhido
um?
— Malinda. — Eu fiz uma careta. — O que você está fazendo aqui?
— Eu sabia que Mason e Logan provavelmente já estavam na igreja
para tirar fotos, e eu não tinha certeza se você precisava de uma carona
ou não.
Eu me senti fraca quando respondi. — Eu ia com Nate e Taylor.
— Está certo. Eu esqueci que a namorada de Logan voltou. Eu não
sabia que Nate ia, mas é claro que ele iria. Aonde vocês vão, ele também
vai.
Havia uma pequena gota de suor no lábio superior e ela parecia
corada.
— Você está bem? — eu perguntei.
— Huh? — Seus olhos dispararam ao redor, e seu lábio tremeu.
Ela teve que piscar algumas vezes antes que ela pudesse se concentrar
em mim. — Oh. Sim. Eu estou bem. Ela deu um tapinha no meu braço.
— Você não tem nada para se preocupar comigo, querida. Vamos nos
concentrar em você esta manhã. Agora. — Ela deu um passo para trás e
me examinou de cima a baixo, franzindo a testa. — Você perdeu peso,
Samantha?
Perdi, mas eu parei de correr tanto. Eu alisei a mão na minha blusa
e calças de pijama. Eles eram macios, largos e celestiais. — Eu estava
correndo muito no início deste verão. — Eu me certifiquei de segurar seu
olhar enquanto respondi. — Estou bem agora. — Eu queria que ela
soubesse que eu estava dizendo a verdade. Ela não precisava se
preocupar comigo.
Sua mão correu pelo meu braço, descansando no meu pulso. — Eu
sei que você está. — Ela me puxou para um abraço. — Você é uma das
pessoas mais fortes que eu conheço — murmurou, pressionando um
beijo na minha bochecha.
Eu escondi um sorriso. — Você trouxe alguns vestidos para mim?
— Oh, sim! — Ela voltou a atenção e seus olhos se iluminaram. —
As cores da sua mãe são verde-azulado e verde-água. Uma paleta tão
bonita e tão raramente usada. Entãoooo... — Ela puxou um dos vestidos.
— Eu trouxe um vestido azul-marinho e um azul claro. Sua mãe me ligou
no início da semana. Ela queria dizer que se você quisesse usar branco,
poderia. Mãe e filha, esse tipo de coisa, sabe. Então eu trouxe um branco
também. Mas você não precisa; não se você não quiser.
Minha boca secou.
Analise queria que eu combinasse com ela? Era um casamento.
Ninguém mais estaria vestindo branco. Seria só ela e eu.
Vendo minha indecisão, Malinda alcançou dentro de sua bolsa. Ela
puxou uma pequena caixa. — Ela também disse que você poderia usar
isso, se quisesse. Ela tem um par, e as pessoas vão saber que você não
está vestida de branco para desrespeitá-la. — Ela estendeu um pingente
de cor turquesa brilhante com um dente-de-leão nele. — Eu não quero
forçar, mas eu também quero te dar a opção. É completamente com você,
Sam.
Eu peguei o pingente e segurei. — Ela tem um correspondente?
— Tem. — Malinda colocou o colar em volta do próprio pescoço. Ela
puxou, e eu vi que era idêntico ao meu, mas maior. — Ela queria que eu
usasse também. Foi um presente por tê-la ajudado a planejar o
casamento. E mais uma vez, tirarei o meu se você não usar o seu. Estou
com você, o que você decidir.
EU…
Eu não estava pensando. Nenhuma reação.
Então eu fiz uma careta. De repente, eu queria usá-lo, mas não
sabia por quê. — Deixe-me ver o vestido de novo. — Eu perguntei com
voz rouca.
— Oh! — Ela segurou pelo cabide.
Era um vestido simples, mas lindo. Tinha pequenas tiras que
circundavam meus braços e se prendiam debaixo delas. Havia um bolso
lateral e o vestido caía até o chão. Eu não deveria usar, mas eu queria.
Como se sentisse meus sentimentos divididos, Malinda disse
suavemente: — Você gostaria de colocá-lo?
Eu balancei a cabeça, e quando coloquei, até eu fiquei surpresa
com a minha aparência.
Malinda deu um passo atrás de mim, descansando o queixo em um
dos meus ombros. Ela sorriu e vi lágrimas nos olhos dela. — Incrível.
Absolutamente incrível.
Eu não pude falar, nem por um momento. A emoção sufocou minha
garganta, mas eu não quis identificar que tipo de emoções eram. Eu as
engoli.
— Se eu usar isso, então o quê? — Eu perguntei. — Isto é uma
oferta de paz para ela? Estou dizendo que ela pode estar na minha vida
de novo?
— Não, querida. — Ela mudou meu cabelo para o meu outro ombro,
ainda sorrindo quase tristemente para mim. — Significa apenas que você
aceitou o presente dela. É tudo e ela sabe disso. O resto é quando você
decide ir até ela. Ela sabe disso. Ela está esperando, quando você quiser.
Meus olhos caíram naquele colar. Malinda o colocou na cama e eu
pude vê-lo no espelho.
Eu senti falta da minha mãe.
Era isso que essas emoções eram.
Eu sentia falta dela, mas eu estava tão zangada com ela.
Fechei meus olhos, sentindo as lágrimas ali. Eu não queria chorar
por ela.
Malinda beijou meu ombro nu e sussurrou: — O que você está
sentindo, querida? O que você está pensando?
Analise tinha duas outras mulheres em pé como damas de honra.
Eu as notei na noite passada, mas eu não perguntei quem eram. Eu não
consegui segurar as palavras hoje. — Quem são aquelas mulheres? As
que estão em pé perto dela hoje.
— Elas eram pacientes do centro de tratamento. Elas a ajudaram
em tempos difíceis, e acho que ela fez o mesmo por elas.
— Então ela tem amigas? Daquele lugar, quero dizer.
Malinda assentiu, segurando meu olhar no espelho. — Ela tem.
Sim.
Isso foi bom.
Minha mãe tinha amigos.
Eu olhei de volta para as minhas mãos e murmurei: — Ela nunca
teve antes. — E se ela teve, ela as perdeu porque flertou com seus
maridos, ou pior.
— Elas parecem verdadeiras amigas. Boas amigas.
— Isso é bom. — Eu olhei para baixo novamente. Eu não queria
ficar olhando para aquele dente-de-leão.
— Samantha? O que está acontecendo? Fale o que você está
pensando.
Eu balancei a cabeça. Malinda tinha boa intenção. Talvez me deixar
sentir essas emoções fosse inteligente, mas eu não queria. Agora não.
Havia uma montanha de merda reprimida, e tudo isso estava começando
a girar dentro de mim.
Eu limpei minha garganta, empurrando as lágrimas de lado. — Eu
vou ficar bem. Me dê um momento e eu estarei pronta.
— Eu reservei um cabeleireiro. Se você vier, você e Taylor podem
fazer o seu cabelo.
— Mesmo?
Ela assentiu e beijou meu ombro novamente. — Estarei na sala de
estar. O casamento não é até esta tarde. Você tem bastante tempo para
decidir sobre o vestido, então olhe para os outros também. Eles são tão
lindos. — Ela foi até a porta. — A estilista estará na minha casa daqui a
dez minutos. Você e Taylor vão mais ou menos quinze minutos depois
disso. Ela não demora muito para fazer o meu cabelo.
Ela escorregou pela porta, mas eu gritei: — Malinda?
— Sim? — Ela se inclinou para trás.
— Obrigada.
Eu não tinha certeza do que eu estava agradecendo, mas eu sabia
que havia muito.
— Claro, querida. Eu te amo, você sabe disso.
Eu assenti. Foi uma longa jornada, mas eu não lutei com essas
palavras. Eu as abracei. Eu me agarrei a elas, do jeito que uma filha de
verdade faria.
CAPÍTULO QUARENTA
MASON
— Você está pronto para isso?
Logan se aproximou de mim na frente da igreja. O pastor havia
saído, então a música ia mudar em breve. Meu pai estava à minha
esquerda e Logan à minha direita. Todos os olhos estavam sobre nós,
mas agora as pessoas começaram a se mexer em seus assentos. Analise
estava prestes a descer pelo corredor.
Eu grunhi. — Eu só quero acabar com essa porra.
Ele riu, cruzando as mãos na frente dele. — Eu odeio smoking. Eu
odeio casamentos. A única coisa boa em casamentos é a bebida. — Ele
piscou. — E ter Taylor aqui. Já te disse ultimamente quanto amo minha
namorada?
— Você está ficando irritante.
— Bom. — Ele bufou. — É o retorno de todas as suas melações de
merda de amor com Sam.
— Melações de merda de amor? — Nós não éramos conhecidos por
nossas demonstrações públicas de afeto.
Ele encolheu os ombros. — Você sabe o que eu quero dizer. Todas
as sexagens que vocês fazem. Lembro de quando nos mudamos para a
casa dos pais de Nate. Nós ouvíamos gemidos e gemidos a todas as horas
do dia. — Ele se aproximou e sussurrou. — Doentio, eu te digo. Doentio.
— Não impediu que você flertasse com ela todas as vezes.
Ele fez uma pausa. — Ela é minha meia-irmã. Isso é nojento,
Mason. Isso é chamado de brincadeira.
Eu revirei meus olhos. — Ela é sua meia-irmã depois de hoje. Isso
foi há três anos.
— Foram três anos? Eu pensei que eram quatro? Como este
casamento... este casamento está demorando uma eternidade.
James nos lançou um olhar. — Calem-se. Vocês dois.
Logan se inclinou ao meu redor. — Bem. Eu vou voltar a cobiçar
minha namorada.
— Todos os olhos devem estar na noiva.
Eu dei um olhar incrédulo. Ele percebeu a porta que ele acabou de
abrir para Logan?
Nem um segundo depois, ele acrescentou: — Não responda a isso.
Logan gemeu. — Você me dá essa abertura e depois tira? Neste dia?
Analise Manning Day? Vamos, papai.
— Logan, só… — James suspirou, voltando e sorrindo quando a
primeira dama de honra veio para frente. — Seja legal por hoje. Por favor?
Eu devo a você.
— O que você me deve?
— Você está brincando comigo?!
Eu balancei a cabeça. — Você sabe melhor, pai.
— Tudo bem — ele sussurrou pelo lado de sua boca. — O que você
quer?
— Eu quero usar o seu avião particular.
— Feito.
— Por um mês — acrescentou Logan.
Nosso pai lhe lançou um olhar. — Você está brincando?
— Um mês inteiro, ou eu posso ser um completo idiota para sua
nova esposa sem piscar um olho. Será meu prazer.
James me deu olhos suplicantes como se pedisse para eu entrar.
De jeito nenhum. Eu balancei a cabeça e recuei um pouco para que eu
não estivesse bem no meio. Esta não era a minha luta.
— Tudo bem — nosso pai disse.
Logan adicionou mais um item. — E você cobrirá todas as despesas
que o acompanham.
Um grunhido baixo soou antes da luta deixar nosso pai. Ele
redobrou as mãos na frente dele. — Tudo bem, e eu juro, Logan, essa é a
última coisa que você pode exigir. Se você não for gentil com o Analise,
vou rescindir tudo. Não haverá acordo.
Eu quase podia sentir a felicidade de Logan. — Eu vou ser tão legal
que ela vai pensar que me adotou. Não se preocupe, pai. Perfeito
encantador aqui. Sou eu agora.
A segunda dama de honra chegou, e então a música mudou. Todo
mundo ficou olhando com a gente, e não demorou muito para que Analise
começasse a descer pelo corredor.
— Oh, uau — disse Logan em voz baixa.
Apesar de ser uma puta mãe e alguém que machucou a filha mais
do que ajudou, entendi o que ele queria dizer. Analise era linda. Mas
quando ela veio em nossa direção, eu realmente não a vi.
Eu vi Samantha na maneira como seu cabelo preto estava varrido.
Eu vi Samantha na graciosa inclinação de seu pescoço. Eu vi Samantha
no jeito que ela andava, seus pequenos ombros em uma linha tímida,
como se ela fosse pega de surpresa por toda a atenção e se sentisse
autoconsciente sobre isso. E finalmente, eu vi Samantha no amor em
seus olhos. Ela olhou para o meu pai como se ele fosse sua razão de viver
e ela fosse se afogar sem ele.
Olhei para o segundo banco onde Sam estava sentada e fui atingido
profundamente. Se Analise era linda, sua filha era absolutamente
deslumbrante.
Sam usava um vestido branco de estilo semelhante. Tinha as
mesmas alças, mas não todas as rendas extras e outras coisas que o
vestido de Analise tinha. Quando meu olhar mergulhou em seu decote,
pude ver que ela usava um colar semelhante ao de sua mãe também.
O visual foi combinado. Foi ideia dela?
Eu fiz uma nota mental para perguntar sobre isso mais tarde, mas,
entretanto, eu não conseguia tirar os olhos dela. Mesmo quando o pastor
nos pediu para ficar de frente, eu me movi para o lado.
Ela era a pessoa mais incrível, coisa, criatura — qualquer palavra
que fosse colocada ali. Sam era isso.
Eu ia casar com ela.
Nós nunca conversamos sobre isso, mas eu sabia.
— Hey. — Logan me cutucou atrás do braço. — Acorda, namorado.
Você tem os anéis, lembra?
— Sim. — Mas eu permaneci onde estava. Prestei atenção na
cerimônia e soube a hora em que tive que entregar as alianças, mas
continuei olhando para Sam.
Parecia que demorou muito para que a cerimônia terminasse.
Analise e James eram oficialmente o Sr. e a Sra. Kade, e Logan e eu
tivemos nossa primeira madrasta oficial. Depois que acabou, esperei na
multidão até que Sam foi escoltada para fora. Quando ela saiu do
santuário e estava prestes a cumprimentar nossos pais, eu agarrei sua
mão e a puxei para trás de mim.
— Mason! — Ela agarrou meu braço em surpresa. — O que você
está fazendo? Onde estamos indo?
Eu não respondi. Eu conduzi o caminho através da pequena
multidão nos fundos da igreja e a puxei para o porão, para um armário
dos fundos. Uma vez lá dentro, eu estava nela. Boca a boca. Mão a mão.
Enquanto eu a beijava, reivindicando-a, cheguei atrás de mim e tranquei
a porta.
Eu tinha que tê-la.
Era uma necessidade primordial e, depois de um segundo de
hesitação, ela respondeu da mesma maneira.
— Mason. — Ela gemeu, passando as mãos pelo meu cabelo.
Eu precisava de mais.
Deslizando minha mão pelo braço dela, eu engatei meus dedos sob
sua perna e a levantei. Eu queria estar bem ali, e ela respondeu minha
necessidade. Ela se moveu comigo, içando as pernas para envolver minha
cintura e eu estava bem em sua abertura.
— O que estamos fazendo? Aqui?
Eu estava além do pensamento. A porta estava trancada e ela se
abria. Ninguém podia chegar até nós. Me abaixei, abri o zíper da calça,
tirei a roupa de baixo e entrei. Nós dois paramos no contato. Minha
cabeça caiu no ombro dela, e tive que parar um momento para respirar.
Bom Deus.
Eu amava essa mulher.
Então comecei a me mexer. Dentro e fora. Eu segurei nela. Ela
apertou mais contra mim e eu comecei a empurrar mais forte nela. Eu a
movi da porta, apenas ligeiramente, e apoiei minha mão contra ela para
poder segurar seu peso. Eu não queria que ela batesse na porta, mas eu
não conseguia parar e não podia ser mais gentil.
Essa era uma necessidade desesperada e quase frenética, como se
eu tivesse que reivindicá-la aqui e agora como minha.
— Mason. — Ela gemeu. Seus quadris estavam escorregadios, mas
eu continuava deslizando para dentro e para fora.
Mais.
Mais forte.
Rude.
Seus quadris se moveram junto com os meus e então senti meu
clímax chegando. Eu me forcei a parar. Eu queria ter certeza de que ela
gozaria comigo e estendi a mão para tocá-la. Comecei a esfregar e ela
ofegou, a cabeça caindo contra a porta.
— Oh, puta merda!
Eu continuei acariciando enquanto eu me movia dentro dela, e
quando ela agarrou meus ombros, eu soltei um beijo em seu ombro. —
Sam.
Ela soltou outro gemido profundo e seu corpo começou a se separar
em meus braços. Ela convulsionou. Seu orgasmo pareceu rasgá-la quase
violentamente, e então comecei a me esforçar mais para mim mesmo.
Deus. Eu gozei, e só depois que terminei percebi que não estava
usando camisinha.
— Porra — eu sussurrei, beijando seu pescoço.
Suas pernas lentamente se desenrolaram da minha cintura, mas
ela não aguentou. Eu a segurei firme na minha frente.
— O quê? — Seus olhos pareciam bêbados. Ela se abaixou para
ajustar sua calcinha, em seguida, me enfiou de volta na minha calça e
fechou. Ela passou a mão pelo meu cinto. — Qual o problema?
— Eu não usei camisinha.
— Oh. — Sua mão congelou, posicionada bem em cima de mim. —
Oh, não. — Ela caiu.
— Você está tomando pílula, né.
— Sim, mas ainda assim. — Ela mordeu o lábio.
Eu toquei sua boca e sorri. — Você sabe que eu amo quando você
faz isso.
— Eu sei. — Ela baixou o lábio, sorrindo, mas seus olhos ainda
estavam preocupados. — Mason, e se...
Eu balancei a cabeça. — Então nós vamos lidar.
Eu testei para ver se ela poderia ficar em pé sozinha, e quando seu
corpo não balançou imediatamente para o lado, eu recuei um centímetro,
apenas o suficiente para respirar. Passando a mão pelo meu cabelo, olhei
para baixo. Ela alisou tudo. Nada parecia fora do lugar.
— Você está bem? — perguntei.
— Eu deveria parar no banheiro para uma limpeza rápida.
Eu assenti. — Vou esperar por você. — Nós escorregamos do
armário, ainda de mãos dadas, e Sam entrou correndo no banheiro das
mulheres. Tomei posição, observando para ver se alguém descia pelo
corredor minúsculo. Eu sabia que ela estaria bem lá, mas era o mínimo
que eu podia fazer.
Eu não pude acreditar. Sem camisinha. Eu era um idiota.
— Ei. — Logan veio em minha direção, franzindo a testa. — Para
onde você desapareceu? Precisamos ir para a recepção. Nate e Taylor
estão esperando na limusine.
— E quanto a Mark? — Fiz um gesto para o andar de cima, onde
estávamos de pé. — Eu o vi sentado ao lado de Malinda.
— Oh sim. Eu vou pegá-lo. — Ele começou a sair, mas fez uma
pausa. — Você está bem?
Eu assenti. — Apenas esperando por Sam.
As perguntas ainda permaneciam em seu olhar, então eu
acrescentei: — Ela não queria esperar na fila ou lidar com outras pessoas.
Encontramos um banheiro aqui embaixo.
— Ok. — Ele ainda estava franzindo a testa, mas apontou de volta
para onde ele veio. — De qualquer forma, eu vou pegar Mark, e nós
estamos na limusine. Apresse-se, sem rapidinhas.
Eu atirei-lhe um sorriso. — Você vai dizer isso para nós? O Sex
Machine?
Logan sorriu, estufando o peito para fora. — Bem, talvez adiem até
chegarmos à recepção. Você e Sam podem conseguir um quarto no hotel.
— Uh-huh. — Meu tom zombou dele. — Ou podemos usar a suíte
king que você reservou.
— Porra, não. Onde você acha que minhas rapidinhas vão ser? Eu
planejo com antecedência, ao contrário de alguns de nós. — Ele olhou
para mim incisivamente.
— Saia daqui. — Ouvi a porta se abrir atrás de mim. — Estamos
indo agora.
Sam saiu ao meu lado, sua mão escorregou na minha e ela se
inclinou contra mim. Ela viu Logan indo embora. — O que ele quer?
— Eles têm uma limusine esperando por nós.
— Oh.
Eu sabia que ela estava pensando que deveríamos ir, mas ficamos
juntos por mais um momento. Sua cabeça descansou contra o meu braço
e senti seu corpo inteiro respirar um pouco.
— Eu sei que eu deveria estar preocupada, mas o que fizemos foi a
coisa mais natural do mundo — ela murmurou. Ela inclinou a cabeça
para trás, seus olhos escuros e solenes encontraram os meus. — Por que
não estou mais preocupada?
Porque eu a amava.
Eu beijei seus lábios. — Porque vamos ficar bem, e aconteça o que
acontecer, vamos ficar bem. — Minha mão envolveu-a, segurando em seu
quadril e ancorando-a para mim. — Você sabe que tudo vai ficar bem.
Ela fechou os olhos novamente, se enterrando em mim.
Eu poderia ficar lá o resto do dia. Eu não me importava se eles
estavam esperando por nós.
Finalmente, Sam se afastou de mim, e foi ela quem me levou do
porão. Uma vez na limusine, nos mantive o mais longe possível do resto
do grupo. Havia espaço entre nós onde sete pessoas poderiam se sentar,
e Logan nos encarou, com a cabeça inclinada para o lado. Ele sabia que
algo havia acontecido; ele simplesmente não conseguia descobrir.
Não era da conta dele dessa vez.
Eu puxei Sam para o meu colo e a segurei durante a viagem.
CAPÍTULO QUARENTA E UM
SAMANTHA
Acho que deveria estar feliz que minha mãe fosse casada.
Ela procurou por isto. Ela brilhava quando se sentou à mesa
principal com James e seus convidados especiais, menos Mason e Logan.
Os meninos sentaram-se comigo em uma mesa atrás, que também
incluía Mark e Cass e Taylor. Heather e Channing vieram para o jantar e
estavam conosco também. James estava sentado com dois colegas nas
cadeiras vazias de Mason e Logan.
Bebidas e aperitivos apareceram, e depois o jantar foi servido. A
dama de honra ofereceu um brinde comovente para minha mãe, e eu não
conseguia parar de assistir enquanto ela ouvia aquelas palavras gentis
sendo pronunciadas sobre ela.
Quem quer que ela fosse, essa mulher não a conhecia. Elas podem
ter estado em uma instalação de tratamento juntas. E todas pareciam
recatadas e perfeitas, mas era besteira. Eu sabia muito disso.
Elas derramaram algumas lágrimas, provavelmente ouviram
histórias uma da outra, mas elas ouviram sobre quem elas machucaram?
Elas sabiam como minha mãe mentiu para mim toda a minha vida, me
deixou me apaixonar pelo homem que me criou, e só depois que ela o
deixou me contou a verdade? Ou como ela o ameaçou e a meu pai
verdadeiro para mantê-los longe? Ou como ela tentou arruinar o que eu
tinha com o Mason? Ou... me obriguei a me acalmar.
Essa mulher. Eu queria destruí-la. Eu queria machucá-la do jeito
que ela me machucou. Eu queria que a miséria viesse para ela, mas
também sentia falta dela. Eu podia lembrar as vezes que rimos, as poucas
que havia.
E eu a amava.
Toquei o pingente de dente-de-leão pendurado no meu pescoço e,
sentindo toda a tempestade dentro de mim, só consegui sentar e olhar
para minha mãe.
Ela se virou, como se sentisse o meu olhar, e ela se encolheu. Seus
olhos se arregalaram e ela se virou imediatamente para fingir que estava
rindo junto com todos os outros. A dama de honra fez uma piada, pelo
visto.
Eu não precisava olhar em volta da minha mesa. Ninguém estava
rindo. Espera, eu ouvi Cass rir.
Ela rapidamente abafou e assobiou baixinho: — O quê? — Um
segundo se passou. — Oh.
E minha mesa voltou ao silêncio novamente. Todos eles me
observaram, eu não aguentava mais nada disso.
Eu me empurrei para trás na mesa, e quando a segunda dama de
honra começou a dar seu discurso, eu saí.
— Sam.
Mason veio atrás de mim. Eu balancei minha cabeça, não me
virando. Não, Mason. Eu só... Eu não fazia ideia. Eu fui para o
estacionamento.
— Ei. — Sua mão pegou a minha. — Ei.
— Eu não posso, Mason. Eu simplesmente não posso. — Meu peito
arfava.
Sua mão apertou a minha, e ao invés de me puxar para parar, ele
me puxou para um pátio externo escondido entre um monte de árvores
— um pequeno oásis. Ninguém mais estava lá. Havia algumas mesas, e
cada uma tinha uma luz sobre ela.
Ele sentou, mas eu não consegui. Eu passei meus braços em volta
de mim, mas então eu puxei meu vestido. — Eu não suporto usar isso
agora. — Nojo me inundou. Eu estava engasgada com isso. — Foda-se
essa merda combinando. — Se eu pudesse ter arrancado ele lá, eu teria.
Eu olhei para o riacho que fluía por perto. A maldita coisa ia parar lá. Eu
não me importo com o que aconteceria.
— Sam.
Eu queria dar um soco nele. A voz de Mason era tão calma e firme.
Eu queria que ele se enfurecesse comigo e então me lembrei da delegacia.
Ele havia se enfurecido. Não foi tão bom.
— O quê?
Ele me puxou para o seu colo.
Eu esperei, mas ele não disse nada. — O quê? Nenhuma palavra
de sabedoria do filho fodido de James Kade? — Fiz uma careta, ouvindo
a mordida em minhas palavras. — Eu sinto muito.
— Por quê? — Ele olhou nos meus olhos. — Eu sou filho de James,
e sou fodido como ele. Não houve insulto no que você disse, e mesmo se
houvesse, você sabe que eu não vou ficar bravo. — Seus olhos
suavizaram, e ele puxou minha cabeça para baixo para que ele pudesse
beijar minha têmpora. — Não com você.
Eu me virei para que minhas costas estivessem contra o peito dele,
e observei o fluxo. Eu quase não consegui desviar o olhar daquele
pequeno fio de água. — Ela matou meu irmão mais novo ou irmã, então
eu liguei para o 911, e ela fingiu que tentou se matar. — Eu nunca a
perdoaria por isso. — Eu pensei que estava acima disso.
— Ei! — Heather veio em nossa direção. Ela caiu em outro lugar na
mesa e disse: — Logan me enviou aqui fora. — Ela se virou para Mason.
— Ele disse algo sobre dever ao seu pai e ter que ficar com sua bunda ali.
— Ela se virou para mim, um sorriso torto em seu rosto quando ela enfiou
a mão na bolsa. — Eu saí para fazer companhia a você.
Mason olhou para mim.
Eu assenti. — Vá. — Eu apontei para Heather. — Ela está certa, ou
Logan está. Você deve ao seu pai. Você precisa cumprir sua parte do
acordo.
Ele gemeu, mas eu me levantei e ele também. Ele pressionou um
beijo na minha testa antes de voltar para dentro do hotel.
Depois que ele se foi, Heather pegou um cigarro. — Está tudo bem?
— Sim.
Pegando um cinzeiro de outra mesa, ela se iluminou. Ela deu uma
tragada rápida antes de se inclinar para trás e expirar. — Eu
normalmente não faria isso, mas estou um pouco tensa lá. Este é o
casamento de uma pessoa rica? Casamentos que eu fui não são assim.
— Isso foi um casamento, mas eu não sei. — Embora eu soubesse
ao que ela estava se referindo. Havia um número desordenado de corpos
bronzeados e em forma, peitos que não pareciam naturais, e dinheiro.
Não havia outra maneira de descrever. Estava presente nas roupas, nos
maneirismos e até mesmo no engodo do ar. James Kade era rico e
importante. Faz sentido que ele convidasse convidados semelhantes em
seu casamento.
— As mulheres parecem presas.
Heather estava colocando isso suavemente. Eu sorri para ela. —
Você não tem que ser tão legal.
— Eu não sou. — Ela deu outra longa tragada. — Mas eu acho que
o pai deles vai fazê-los fazer um discurso, então eu não tenho certeza se
você queria ouvir ou não? — Ela terminou seu cigarro rapidamente,
moendo-o.
— Você me conhece tão bem.
Heather riu, e quando voltamos para dentro, Channing estava na
porta aberta do salão de baile, esperando por nós.
— Mason acabou de pegar o microfone — disse ele. — James fez
questão de dizer que eles tinham que fazer um discurso juntos. Ele não
permitirá que Logan faça o seu próprio.
Heather se moveu para ficar ao lado dele. — Inteligente.
Mason estava na plataforma atrás da mesa da festa nupcial e riu
no microfone. Logan estava bem ao lado dele.
— Eu tenho que admitir, eu estou chocado que nosso pai nos pediu
para fazer um discurso. — Um educado conjunto de risadas veio da sala,
mas Mason os ignorou. Seu pai se virou para vê-lo. — Você tem certeza
disso? — Perguntou Mason.
— Logan prometeu ser legal.
Mason aproximou o microfone de sua boca, sua voz ainda mais
alta. — Mas eu não prometi.
A risada dobrou das mesas, mas também havia uma tensão no ar.
Eu segurei minha respiração.
Mason parecia estar considerando alguma coisa, então seus olhos
me encontraram aqui atrás e uma resolução se instalou.
Eu soltei a respiração. E peguei o batente da porta e segurei.
— OK. Você pediu por isso, papai.
Eu não olhei para mais ninguém. Ninguém mais existia naquele
momento.
— Eu sei que estamos todos aqui por estes dois, já que eles estão
casados agora, esperançosamente casados e felizes. Mas todos nós vamos
esperar para ver isso, não vamos?
Houve outra ronda educada de risos, mas foi como se o resto deles
estivesse se aproximando. Isso pode não acontecer como a maioria dos
brindes acontece.
— Eu sei que eu deveria vir aqui e dizer um monte de coisas legais.
— A voz de Mason ficou séria; não havia leveza forçada agora. A sala ficou
quieta. — Mas eu não posso fazer isso. Posso dizer um monte de coisas
sobre o que espero para o futuro deles. Espero que continuem felizes.
Espero que eles permaneçam fiéis um ao outro. Espero que Analise não
comece a beber porque, apesar de não ter sido o problema dela, sei que
isso pode ter ajudado. Espero que ela não faça nada para separar essa
família. Espero que um dia Logan e eu gostemos de voltar para casa, o
lugar onde crescemos. Espero que nosso pai um dia peça desculpas à
nossa mãe pelo fluxo interminável de amantes. Espero que Logan tenha
um relacionamento com o pai, porque ele não cresceu com ele. Espero
que Samantha não tenha medo da mãe um dia. Espero que vocês dois
sejam bem-vindos no meu casamento um dia. — Ele olhou para mim
então. — Espero que vocês dois sejam os avós amorosos para meus
futuros filhos, e espero que vocês os vejam, e talvez até tenham noites
com eles sem supervisão. Eu espero por muitas coisas.
Seu olhar varreu a multidão quieta. Algumas das mulheres tinham
as mãos sobre as bocas. Alguns dos homens estavam carrancudos. Mas
outros não reagiram. Aqueles eram os que conheciam os verdadeiros
Analise e James, e alguns deles olhavam para Mason e Logan com
simpatia.
Uma mão agarrou a minha, e eu olhei para ver Heather me dando
um sorriso tranquilizador. Eu percebi que estava chorando. Eu usei
minha outra mão para enxugar minhas lágrimas.
A voz de Mason suavizou enquanto ele segurava meu olhar. — Eu
sei que este não foi o melhor discurso, mas eu não sou uma pessoa falsa.
Meu pai sabe disso, então ele deve estar esperando algo assim. Eu posso
dizer algumas coisas boas. Eu posso dizer que eu costumava odiar meu
pai, e eu não odeio mais. — Ele desviou os olhos para olhar para seu pai.
— Eu não tenho tanta raiva de você quanto tinha, então talvez você
quisesse ouvir isso? — Então ele olhou para minha mãe. — E Analise…
— Ouvi uma mulher sugar sua respiração na mesa mais próxima. — Eu
posso te agradecer por dar espaço a Sam, mas eu quero que você a deixe
ir.
Uma onda de murmúrios subiu.
Um casal olhou um para o outro perto de mim e ouvi a mulher
dizer: — Como ele pode pedir isso?
Alguém disse: — Foda-se isso. — Uma cadeira empurrou para trás.
Mason ignorou todos. — O vestido combinando, o colar. Você
recuou, mas ela ainda pode sentir o seu aperto. Deixe-a ir. De uma vez
por todas, deixe-a ir.
Logan limpou a garganta, alcançando o microfone. Mason deixou
passar sem lutar, mas ele continuou a manter o olhar da minha mãe
firme.
— Uh. — Logan riu, movendo-se a poucos metros de distância de
seu irmão. Ele levou o holofote com ele. — Obrigado por isso... fala muito
transparente, Mason.
Mais pessoas começaram a falar, mas Logan falou sobre elas,
levantando a voz. — Sim. Então. Eu geralmente sou quem entrega a
bomba. Eu não acho que posso competir com meu irmão, e a propósito...
— Ele esperou até Mason olhar para ele. — Você deveria ter deixado cair
o microfone. Eu não sei se você vai ter um momento mais perfeito depois
desse discurso.
Mason encolheu os ombros.
Logan riu novamente. — Eu acho que aqui é a minha vez. Tudo o
que Mason disse era verdade. Se vocês não sabiam, não há uma boa
história entre nós e nosso pai. E a outra coisa que ele disse era verdade
também. Quando Analise estava andando pelo corredor, papai me fez
prometer ser legal, então isso é um pouco diferente para mim. Mason é o
lutador quieto, e eu sou o falador, e eu normalmente não equaciono legal
com Analise...
— Logan.
Ele levantou a mão para o pai. — Espere, pai. Mas eu vou fazer isso
hoje à noite. — Ele gesticulou para mim. — E se vocês também não sabem
disso, Mason e eu protegemos Sam, que é filha de Analise. Então... —
Suas sobrancelhas se comprimiram e ele se virou para olhar Analise. Ele
segurou o microfone até a boca para que pudéssemos ouvir sua
respiração suave. — Meu discurso vai ser ruim porque eu só consigo
pensar em algumas coisas boas para dizer. Um, obrigado, Analise, por
ter dado à luz a minha nova meia-irmã. Não só ela é minha primeira meia-
irmã, ela é minha primeira irmã. — Ele fez uma meia-reverência, o que
causou algumas risadas.
— Obrigado por isso. Dois, uh... — Ele passou a mão pelo cabelo.
— Você fez meu pai parar de dormir por aí. Eu dou-lhe dois polegares por
isso. — E ele realmente deu, piscando com um sorriso ao mesmo tempo.
Mais risadas soaram das mesas, junto com um ar de alívio.
— Eu tenho mais uma coisa que acabei de pensar; vai junto com a
nova fidelidade do meu pai. — De repente ele ficou sério. — Pelo que vale,
acho que meu pai te ama. E através disso, ele me mostrou um lado
diferente de si mesmo, que eu respeito.
Ele se virou para o pai.
— Mais ou menos. Eu meio que te respeito. Eu estou começando a
respeitar você. Espera. Não, sim. Eu respeito um pouco. Você está no
meio do caminho, pai. Eu quase te respeito completamente. Na verdade
não. Você está tipo, a um oitavo do caminho até lá. Talvez um pouquinho
mais que um oitavo, mas você sabe o que quero dizer. É mais do que
antes. — Ele sorriu e ergueu a mão, inclinando-se para James. — Um
High Five para isso.
James não se moveu para bater na mão dele, e Logan olhou para
ele. — Você está me deixando no vácuo? Eu fui legal sobre Analise.
Um dos assistentes aproveitou a oportunidade para pegar o
microfone de Logan. — OK. Obrigado... a ambos. — O pomo de Adão dele
subiu e desceu, e ele olhou para um palco onde o DJ estava se
preparando. — Acredito que estamos prontos para o nosso slide show e,
em seguida, a dança será iniciada. As bebidas estão na casa, então todos
bebam! — Ele se virou, mas Mason e Logan ainda estavam lá. O
microfone estava ao lado dele, mas ainda deu para ouvi-lo dizendo: —
Saiam da plataforma. Vocês dois são filhos horríveis.
Logan não se mexeu, então Mason começou a movê-lo para a
borda. Logan se virou de novo. — Papai, você nos pediu para fazer
discursos. O que você estava pensando?
— Eu pensei que vocês teriam a decência de serem educados.
— Logan, vamos lá. — Mason continuou se movendo.
Logan recuou e, quando Mason desceu e seguiu em minha direção,
Logan falou novamente. — Ei. Pelo menos eu estou te chamando de papai
novamente. Mase também. Esse é um grande passo para nós.
Mason estava quase em mim, mas mais movimento na plataforma
chamou minha atenção.
Analise ficou de pé e se moveu na frente de Logan, cruzando os
braços sobre o peito. Todos se aquietaram e eu a ouvi dizer: — Você
protege Samantha de mim. Esta é a minha vez de proteger meu marido
de você. Por favor saia, Logan. — Ela olhou para mim. — Todos vocês.
Não senti nada. A Sam que eu costumava ser seria esfaqueada,
tomando essas palavras como um golpe pessoal, mas a Analise de antes
as entregaria com essa intenção. Elas não eram desta vez. Elas realmente
eram apenas palavras de uma esposa que amava seu marido e o protegia.
Mason me puxou com ele enquanto se dirigia para o
estacionamento. Logan saltou para seguir. Eu sabia que Heather e
Channing também estavam vindo, e pela primeira vez, eu senti que
tínhamos passado dos limites.
Assim que saímos, Channing bateu palmas. — Lembre-me de não
ficar do lado ruim dele e depois pedir que façam um discurso no meu
casamento. — Ele cutucou Heather com o cotovelo. — Qualquer que seja
a hora que isso acontecer.
Senti uma tempestade dentro de Mason, mas sabia que ele não
diria nada até ficarmos sozinhos.
— James não deveria ter pedido, e ele sabe disso — eu disse a eles.
A mão de Mason apertou a minha. Ele olhou para baixo, como se
pudesse dizer que eu não tinha certeza sobre minhas próprias palavras.
— Ei. — Mark estava correndo para nos alcançar. Cass estava com
ele e, por trás deles, Logan estava de mãos dadas com Taylor. Mark
levantou o telefone. — Eu tenho a coisa toda em vídeo...
Mason girou, pegou o telefone e quebrou-o no cimento.
— Cara!
Ele trouxe o pé para baixo, então olhou para ele. — Você acha que
eu queria machucar meu pai?
Os olhos de Mark se arregalaram. — Eu… bem, sim. Isso é
exatamente o que você fez.
— Mas eu não queria. Essa é a diferença. Ele me colocou nessa
posição. Ele nos fez concordar em ser seus padrinhos, e então seguiu até
o último detalhe. Um fodido discurso de seus adorados filhos — isso é o
que ele queria. Ele nos encurralou em um canto porque achou que
dançaríamos a sua música. Eu não queria fazer nada disso, mas não
serei falso. Eu não vou mentir e criar a ilusão de que ele vai poder jogar
uma e outra vez e se iludir. “Eu tive dois filhos amados uma vez. Eu me
pergunto o que aconteceu com eles?” — Mason balançou a cabeça. — Ele
não pode reescrever a história e não pode forçar um novo futuro. Aquela
merda que eu disse lá em cima era eu sendo gentil. Confie em mim. Eu
tenho muito mais coisas para dizer, mas os poupei.
— Meu telefone, cara.
Mason chutou o celular de Mark para o pé de Logan. Ele se inclinou
e embolsou.
— Desculpe, cara — disse Logan. — Pode haver outros vídeos, mas
não é algo que queremos sendo divulgado. — Ele avançou, ainda
segurando a mão de Taylor. — Podemos não gostar de James, mas ele
ainda é nosso pai.
O resto de nós começou a se mover de mãos dadas. Mark e Cass
deram um passo para trás e, em seguida, com um suspiro, Mark também
pegou a mão dela. Eles começaram a nos seguir.
Tínhamos uma última pista de estacionamento para atravessar
antes de chegarmos ao Escalade de Mason, quando um carro-patrulha
parou na nossa frente.
Mason apontou para o seu veículo. — Nós estávamos saindo.
Dois policiais saíram e o mais próximo de nós perguntou: — Mason
Kade?
— Sim?
Ele pegou um par de algemas e gesticulou para Mason se virar. —
Você está preso pelo ataque a Jared Caldron.
— O quê? — Logan se lançou para frente, como se quisesse
arrancar as algemas de Mason. — Isso foi autodefesa.
O oficial abriu a porta de trás, recitando os direitos, enquanto
guiava Mason para o banco de trás, cobrindo a cabeça com a mão. Ele
parou uma vez para perguntar se Mason entendia os direitos que ele
declarou, e Mason assentiu.
Ele se virou para nós. — Não pelo incidente que aconteceu há uma
semana. Pelo incidente que aconteceu há um mês. — Seus olhos frios
pousaram em mim. — Você estava lá. Talvez você possa contar para eles?
Eu acredito que aconteceu no seu local de trabalho.
Eu estreitei meus olhos. O que ele quis dizer... então eu soube.
Quando Caldron estava prestes a me bater no festival. — Mason estava
me defendendo. — Eu olhei para Mark. — Diga a ele.
Mark levantou as mãos de um jeito impotente. — Eu não vi. Eu não
estava lá, lembra? Eu cheguei depois que acabou.
O policial deu de ombros, parecendo cansado: — Traga seu
argumento para a delegacia.
O carro foi embora e Logan chutou selvagemente uma pedra no
chão. — Porra! Porra! — Ele se virou para Mark. — Você não podia falar?
Você não podia dizer que estava lá? — Ele ergueu as mãos como se fosse
empurrar Mark.
As narinas de Mark se alargaram. — Afaste-se de mim. Eu não
posso mentir, Logan. Você quer que eu minta?
— Não teria importado de qualquer maneira. — Channing se
adiantou, ficando entre os dois, suas mãos para fora. — Eles vieram
prender Mason. Eles o teriam prendido, não importa o que Mark dissesse.
É com os tribunais agora.
Logan ainda estava olhando para Mark. — Você tem experiência
com isso, Monroe? — Sua voz tinha uma aspereza nela.
— Sim. — Channing abaixou as mãos. — Você acha que é a única
pessoa a ser presa por aqui? — Ele pareceu forçar um tom mais leve. —
Vamos lá, sabe de algum bom advogado que podemos chamar?
Logan amaldiçoou. — Sim, meu pai.
O pai que ele e Mason tinham acabado de irritar.
Logan olhou para mim. — Conheço outro advogado da família.
Suspirei, querendo amaldiçoar também. — Ele não é esse tipo de
advogado.
— Não importa. Ele ainda é advogado.
— Porra do inferno — eu murmurei, mas ele estava certo. Eu não
tinha meu celular ou bolsa comigo, então Logan me entregou o dele.
Um segundo depois, estava tocando e meu pai biológico respondeu.
— Aqui é Garrett.
— Pai? — Eu me senti como uma garotinha naquele momento, mas
eu não sabia o porquê. — Preciso da sua ajuda.
CAPÍTULO QUARENTA E DOIS
Demorou algumas horas para meu pai dirigir de Cain, onde ele e
sua esposa estavam de férias no último mês antes de voltar para Boston.
Quando ele chegou, parecia exausto, e depois que contamos tudo a ele,
ele parecia ainda mais exausto.
Ele me lançou um olhar irado. — Quantas lutas físicas houve?
Antes que eu pudesse responder, ele balançou a cabeça,
levantando a mão. — Deixa pra lá. Eu não quero saber, vou falar com
Mason, mas... — Ele se virou para Logan. — Por que os advogados do seu
pai não estão aqui? Há algo que eu deva saber sobre o caso de Mason?
— Uh. — Logan e eu nos entreolhamos. Ele puxou o colarinho. —
James nos pediu para fazer discursos em seu casamento, e bem —
Outro tremor de cabeça seguiu. — Não diga mais nada. Eu já
imagino. — Seus olhos se demoraram em mim. — Eu esqueci que sua
mãe se casou hoje. Como você está?
— Estarei melhor quando tirarmos Mason de lá — eu disse a ele.
— Entendi. Essa é a minha deixa. — Ele examinou o resto do grupo
enquanto entrava na estação.
Heather e Channing ainda estavam aqui, e alguns dos amigos de
Channing — Moose, Chad e outros dois — trouxeram pizza. Eu tinha
certeza que não era café em suas garrafas térmicas. Nós pegamos um
canto do estacionamento da delegacia. Alguns sentaram na parte de trás
do caminhão de Channing, alguns em uma mesa de piquenique, e os
amigos de Channing tinham trazido cadeiras de jardim também. Mark e
Cass ainda estavam aqui também. Eu pensei que Cass estaria
reclamando mais, mas ela estava quieta.
Todo mundo tinha ido para casa para trocar de roupa depois que
ouviram que meu pai tinha uma viagem de três horas, mas Logan e eu
ficamos. Taylor nos trouxe uma muda de roupa. Logan tinha se trocado
em seu Escalade, mas eu ainda estava no meu vestido do casamento.
Eu mudaria quando Mason pudesse mudar. Era assim que minha
mente estava trabalhando no momento. Eu só estava focada em quando
ele iria sair.
Algumas horas depois, eu saí da cadeira enquanto Garrett saía da
estação. A gravata dele balançou ao vento e ele esfregou bruscamente a
testa. Logan estava ao meu lado, segurando a mão de Taylor do outro
lado.
— Fiança? — eu perguntei a ele.
— É sábado, Sam. E é tarde. — Ele descansou a mão no meu ombro
brevemente. — O juiz não vai vê-lo até segunda-feira, e eu não vou
conseguir fazer muito até lá. Eu descobri o que eles têm dele. Há um
vídeo mostrando esse cara, e Mason entra. Ele o aborda e, em seguida, o
vídeo se aproxima para mostrar ele socando esse cara. Eu tenho que
dizer, esta evidência é condenatória para Mason. Isso é ameaça e
agressão, e eles provavelmente vão acabar com o ataque agravado
também. Isso não é bom, nada disso. O que aconteceu naquele dia?
Eu olhei para Logan, mas ele não estava lá. Eu balancei a cabeça.
— Eu estava trabalhando, e eu vi — não era uma amiga, não mais —
alguém que eu conhecia. Ela queria conversar, então fomos para o lado
da tenda, depois Caldron me viu. Ele ia me bater. Mason chegou lá a
tempo de me defender. Não mostra isso no vídeo?
— Não. Quem mais estava lá enquanto esse vídeo acontecia? Quem
iria querer fazer isso com Mason?
Logan bufou. Ele disse. — A questão é quem não faria. — Ele
indicou o grupo com o braço rapidamente. — Essas pessoas aqui não. —
Ele fez uma pausa, olhando para Cass. — Ela ainda é suspeita, no
entanto.
Cass estava sentada, com os cotovelos apoiados nos joelhos, mas
se sacudiu com isso. — Você está brincando comigo? — Sua boca se
abriu. Ela levantou a mão quase acertando Mark. — Nós saímos e eu
poderia ter ficado em casa. Eu não fiquei. Mark queria estar aqui por
vocês e eu estou aqui por ele. Eu tenho sido muito legal com Sam neste
verão.
Ela foi. Ela não disse nada para mim. Isso era legal dela.
Logan arqueou uma sobrancelha e dei de ombros. Foi a única coisa
que consegui reunir.
— Surreal. — Ela se levantou. — Mark, vou sair fora daqui.
Ele pegou o braço dela, puxando-a para trás. — Pare. Vocês não
têm a melhor história. Querida. Fique, por favor. — Ele beijou sua
bochecha. — Por mim?
A luta a deixou diante de nossos olhos. Sua mandíbula rígida e os
ombros apertados se afrouxaram com seu pedido suave.
Logan revirou os olhos, voltando-se para Garrett. — Não há nada
então? Para conseguir que Mase saia?
Garrett suspirou preguiçosamente. — Eu não tenho muita
influência, pelo menos não legalmente. O que eu posso fazer é
recomendar que você fale com seu pai. Ele pode pedir alguns favores,
tenho certeza, e fazer com que Mason seja libertado. Eu não sei se ele
pode tirar as acusações, mas aposto que ele pode diminuí-las. — Ele
olhou para mim. — Quem mais estava lá naquele dia? Houve outra
história com Jared Caldron, certo? Eles mencionaram outro incidente.
Ele teria motivação para desenterrar esse vídeo e entregá-lo?
Logan se virou para mim também.
Ele podia, mas... Eu balancei a cabeça com a pergunta silenciosa
de Logan. Eu não achei que Caldron tivesse feito isso.
Como se lesse minha mente, Logan disse: — Sim, foi o que eu
pensei também. Não parece certo, mas Caldron tem muita motivação.
Mason deu uma surra nele semana passada.
— Nenhuma acusação foi trazida por causa disso, embora?
— Não contra nós. Foi autodefesa. Dezesseis caras apareceram.
As sobrancelhas de Garrett se levantaram.
— Mas isso é covardia — continuou Logan. — Caldron mereceu a
porrada que Mason deu a ele, mas ele não luta assim. Ou ele não lutou
no passado.
— Sim. Eu não sei muito sobre ele, mas ele poderia processar
Mason no tribunal civil. — O telefone do meu pai começou a tocar, e ele
puxou e desligou. — Ok, aqui está o plano. Sam, eu vou dirigir até Cain
esta noite, e vou trazer Sharon e Seb de volta comigo amanhã. Você pode
ver sua irmãzinha, se quiser?
Mason estava na cadeia. Ele era minha primeira preocupação, mas
o pensamento de ver a pequena Sabrina... senti meu primeiro sorriso nas
últimas seis horas estender-se sobre o meu rosto. Eu assenti. Houve
alguns feriados e alguns momentos aleatórios em que Garrett e sua
esposa estavam em Cain enquanto eu também estava. Essa foi a extensão
do meu tempo com minha irmãzinha. Eu estive lá para o seu nascimento,
e eu já estava antecipando segurar seu corpinho de dois anos de idade
em meus braços.
— Eu aposto que ela está bem travessa agora — eu murmurei.
Garrett grunhiu, rindo. — Você vai ver por si mesma amanhã. —
Ele se moveu em direção a Logan e levantou a mão. — Eu não sei por que
eu estava prestes a te dizer o que fazer. Você não estava lá. — Sua mão
voltou para mim. — Você estava. Faça uma lista de quem mais estava
também, e você está em boas condições com o festival? Você ainda está
trabalhando lá? — Então ele percebeu. — Por que você estava
trabalhando em um festival em primeiro lugar?
Perdida.
Machucada.
Entediada.
E tentando evitar Analise.
— Parecia divertido na época — eu disse.
A cabeça de Logan caiu e eu ouvi uma pequena tosse. Ele estava
segurando uma risada. — Sim. — O canto de sua boca se contraiu. —
Nós vamos lá de manhã ver se eles podem nos ajudar.
— Eles podem ter um vídeo diferente que mostre Caldron prestes a
atacar Sam. Nunca se sabe. Ou, às vezes, esses lugares também têm
políticas sobre o uso de câmeras ocultas. Eles não gostam de ser
gravados. Você nunca sabe o que pode encontrar, e também vou vê-los
na próxima semana. Dependendo de quando Mason possa chegar à frente
de um juiz, eu tentarei chegar lá antes disso. Seus olhos pousaram em
mim, com uma pequena careta. — Você parece cansada.
Minha mãe se casou. Eu senti falta dela no começo, então me
enfureci por dentro. Então meu namorado fez um discurso polêmico e foi
preso.
Eu levantei meu ombro e deixei cair. — Sábado típico para nós.
Logan sorriu, estendendo a mão. — Obrigado por ter vindo.
Significa muito.
Garrett assentiu. — Bem, Sam é minha filha. — Os dois apertaram
as mãos e ele se moveu para me abraçar. — Você está bem, querida?
O calor dessas palavras ajudou a acalmar alguns dos meus nervos,
mas Mason ainda estava na cadeia. — Estarei melhor na segunda-feira.
Era tarde, quase meia-noite, e eu sabia que a maioria dos
advogados sequer teria vindo. Eu abracei Garrett de volta um segundo
mais. — Obrigada.
— Claro. — Sua voz estava rouca de repente. — Eu normalmente
pegaria um quarto de hotel, mas prometi cuidar de Seb enquanto Sharon
tem um brunch com alguns amigos amanhã, então eu preciso ir.
Voltaremos aqui no final da tarde. — Ele recuou enquanto falava. — E,
Logan, eu não sei o quão ruim os discursos foram, mas fale com seu pai.
Eu ficaria chocado se ele ainda não quisesse ajudar Mason com isso.
Agressão agravada é um grande problema; é uma mudança de vida.
— Eu vou.
Eu recuei quando Garrett disse o último pedaço para Logan, e senti
um calafrio vindo. Eu não sabia se era da brisa da noite ou algo dentro
de mim, mas senti ao meu redor. Eu me abracei, tentando evitar, mas
não consegui tirar da minha cabeça. Mason estava na cadeia. Ele não
estava saindo. Ele saiu antes. Ele só passou algumas horas lá, mas isso
foi diferente.
Depois que Garrett saiu, eu sabia que os outros se aproximariam.
Eles gostariam de saber o que estava acontecendo, considerando que eles
se afastaram para nos dar espaço. Eu só tive um momento de privacidade
com Logan. Taylor estava aqui, mas ela fazia parte de Logan agora. Eu
olhei para ele e disse: — Então é isso que é estar do lado de fora.
Ele suspirou, dando ao meu braço um aperto suave. — Eu vou falar
com James amanhã. Tenho certeza que ele vai ajudar.
Ele provavelmente iria, mas não hoje à noite, e talvez nem mesmo
amanhã.
Eu não sabia como as coisas funcionavam no sistema legal, mas
eu tinha que assumir cada minuto contava. Precisávamos de alguém para
ajudar, e só havia uma pessoa em quem eu podia pensar em pedir.
Eu estendi minha mão. — Me dê suas chaves.
— Por quê? — Logan franziu a testa, cavando no bolso.
Ele as colocou na minha mão e eu entrei no banco do motorista do
Escalade. Ele poderia pegar uma carona para casa com outra pessoa.
— Sam?
Eu liguei o carro e abri a janela. — Mark?
Ele avançou com Cass logo atrás dele. — Sim?
— Vá falar com Keifer. Veja se eles têm alguma coisa lá que possa
nos ajudar. Eu sei que Petey tentará ajudar.
Ele assentiu. — Pode deixar.
— Sam. — Logan se aproximou da porta, descansando a mão sobre
a janela aberta. — Aonde você vai?
— Precisamos de ajuda agora. Eu vou pedir um favor.
— A quem?
Havia realmente apenas uma pessoa que me devia.
— Minha mãe.
CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS
Foi irracional vir aqui.
Logan conversaria com James amanhã e ele ajudaria Mason. Mas
eu não estava ouvindo o meu lado racional. Eu estava toda irracional
neste momento, e era por isso que eu estava esperando no saguão de um
hotel uma hora da manhã.
As portas do elevador apitaram e eu olhei para cima.
Analise saiu, vestindo um robe com a camisola cobrindo os pés por
baixo. Ela me viu, franziu a testa e puxou o roupão mais apertado ao
redor de si. O saguão estava relativamente vazio, apenas dois
recepcionistas e eu.
— Samantha? — Ela veio. — O que está acontecendo? Por que você
está aqui a esta hora? — Ela olhou ao redor, alisando o cabelo. Ela não
tirou os grampos, então ainda estavam torcidos de lado como ela usava
no casamento.
Eu procurei no rosto dela por qualquer sinal de sonolência, mas
seus olhos estavam alertas, e nenhuma de sua maquiagem parecia
borrada. — Eu não sabia se você estaria aqui ou se vocês teriam ido a
outro lugar para a noite. — Eu não sabia de nenhum dos planos deles,
na verdade. Eu agora senti que deveria. — Sinto muito se você estava
dormindo.
— Não. — Ela balançou a cabeça, ainda franzindo a testa. —
Acabamos de nos acomodar na cama, mas é isso. Nós estávamos
conversando sobre o dia. Sam. — Sua cabeça se inclinou para mim. — O
que está acontecendo?
Isso foi tão idiota. As palavras, a urgência, tudo isso me deixou de
repente, e percebi a verdadeira razão de estar aqui.
— Mason foi preso hoje à noite.
— O quê?!
Eu olhei para as minhas mãos, fechando os punhos ao meu lado.
— Estávamos saindo do hotel e dois policiais apareceram. É porque ele
atacou alguém, mas ele só estava me defendendo. O cara ia me bater.
— Oh, Sam. — Ela se inclinou para mim, sua mão alcançando meu
braço.
Eu vi isso chegando e não fiz nada. Eu me encontrei inclinada em
direção a ela, e então ela percebeu o que estava prestes a fazer. Sua mão
parou, flexionou algumas vezes e voltou para o lado dela. Ela enfiou no
bolso do robe.
— Eu sinto muito, Sam. Tenho certeza de que tudo será
consertado, especialmente se Mason estava apenas defendendo você.
James sempre tira seus filhos, você sabe disso. Ele nunca deixaria nada
realmente machucá-los.
Uma pequena risada me deixou. Eu estendi a mão, pressionando
minha mão na minha testa. Eu senti uma dor de cabeça se formando.
— O quê? — ela me perguntou.
— Nada. É só... — Eu ouvi as palavras dela novamente. James
sempre tira seus filhos, você sabe disso. Ele nunca deixaria nada
realmente machucá-los. Oh, a ironia. Mason e Logan ficaram tão
zangados com o pai porque isso era tudo que ele fazia que os feria.
— Ele os ajuda, não é? — eu murmurei.
— Do seu jeito, ele ajuda.
Eu olhei para ela. Ela estava dizendo ele. Eu estava dizendo ele.
Nós não estávamos falando sobre James.
Há um momento na vida — quando você atinge uma certa idade e
vê seu futuro exposto diante de você — que você tem que tomar uma
decisão. Quaisquer que sejam as fraturas dentro de você, qualquer que
seja o vazio ou as feridas que existam, você deve se tornar inteiro
novamente porque é hora.
Era hora de deixar ir.
Eu senti essa onda de realização agora e algo caiu de mim. Era uma
lente antiga. Agora eu podia olhar para o Analise de um jeito diferente.
Era hora de entrar no meu futuro.
— Você me ama, não é? — perguntei.
Sua cabeça levantou e seus olhos se arregalaram.
Eu vi agora. Estava lá em fragmentos. Ela me amava, mas não
podia me amar como uma mãe normal. Mas ainda estava lá.
Sua boca se abriu, nenhum som saiu, e ela fechou novamente.
Então ela sussurrou: — Sim. Eu amo.
Me joguei em uma das poltronas do hotel e me inclinei para frente,
apoiando meus cotovelos nos joelhos. Ela sentou ao meu lado.
Eu olhei para frente enquanto dizia: — Eu estou tão tensa,
esperando você falar comigo durante todo o verão. — Não, isso não estava
certo. — Na verdade, desde o Natal ou antes, quando você chegou em
casa. E você não fez nada.
— Isso não é verdade, Samantha. Eu fiz muito, e você sabe disso.
— Ela estendeu a mão, tocando minha mão dessa vez. Ela estava
hesitante, mas quando eu não a ignorei, sua mão ficou mais pesada. Ela
respirou silenciosamente. — Eu tentei deixar você ir. O que Mason disse
no final do seu discurso hoje à noite? Ele tem razão. Eu não deixei você
ir, e nós duas sabemos disso. Você sentiu isso. Talvez seja por isso que
você veio até mim hoje à noite. Eu não sei, mas agradeço. Eu tive muitas
noites com James, mas não tive uma noite com minha filha em muito
tempo. Obrigada por ter vindo.
— Eu vim lhe pedir um favor.
— Eu sei. — Ela acariciou minha mão, apertando-a antes de soltar.
— Você quer que eu fale com James, faça com que ele ajude Mason assim
que ele puder.
Eu assenti. Eu ainda não conseguia olhar para ela, no entanto. Eu
não sabia por quê.
— Eu vou falar com ele.
— Obrigada. — Minha língua estava pesada na parte de trás da
minha boca.
— Eu gostaria de dizer que sempre ajudei, mas isso não é verdade.
Eu olhei agora. A velha Analise estava lá, mas estava apenas no
rosto dela, no cabelo dela, no jeito que ela parecia do lado de fora. Seus
olhos eram novos. Essa pessoa era diferente aqui. Ela até se sentava
diferente agora.
— Antes de ir ao tratamento, eu teria usado esse favor contra você.
Eu teria concordado em perguntar a James se você terminasse com o
Mason. Isso é o que eu teria feito, mas não é isso que uma mãe verdadeira
deveria fazer com seu filho. — Sua mão se estendeu, mas recuou
novamente. — Você está justificadamente zangada comigo. Eu fiquei fora
por dois anos e depois fiquei ausente pelo último ano e meio. A verdade
é que eu nunca deveria ter voltado. Você estava melhor quando eu não
estava aqui. James tinha alguém te observando por mim.
O quê?
Ela baixou a cabeça com vergonha. — Não foi o tempo todo, mas
de vez em quando. Eu só queria saber o que estava acontecendo em sua
vida. Você era feliz. Isso é o que eu vi, e então você mudou quando voltei.
Você estava sempre olhando por cima do seu ombro em suas fotos. Não
posso deixar de pensar que foi por minha causa. Como se eu fosse uma
sombra atrás de você.
Exatamente. Tudo o que ela disse foi como me senti.
— Então vocês voltaram, e as últimas duas rodadas de fotos que
ele enviou para mim foram todas suas correndo. Havia algumas outras
durante o dia, mas você parecia tão atormentada. E eu também. O
pensamento de me ver. Eu não aguentava mais ver aquilo, então pedi a
James para que ele parasse.
— Você estava na garagem naquele dia.
— Isso foi por acaso. Fui dar um passeio e não passei pela casa da
Malinda com a intenção de ver você. Ela me disse que você tinha ficado
na casa de Helen com Mason. Eu costumo andar pelo outro lado, mas
naquele dia eu não andei. Lá estava você, ajudando-a a carregar as cestas
de presentes em seu carro. — Ela se inclinou para frente, um reflexo de
mim com os cotovelos nos joelhos. — Eu estava com tanto ciúme. Malinda
tem sido incrível. Ela está protegendo você, sabendo o que está
acontecendo comigo. Eu sei que uma parte dela parece para mim – ser
uma mãe para você, sabe – mas é realmente sobre você. Ela quer saber o
que estou fazendo. Quase como manter seus amigos próximos, mas seus
inimigos mais próximos. Mas isso não me incomoda. Ela está fazendo
isso por você. — Ela fez uma pausa. — Ela é a mãe que eu deveria ter
sido. Ela é a mãe que você deveria ter.
Eu deveria ter alcançado ela. Eu deveria ter palavras de segurança
na ponta da minha língua.
Eu não me mexi.
— Você não me deve nada, Samantha — ela acrescentou depois de
um momento. — Eu costumava pensar que sim, mas as palavras de
Mason me atingiram duramente esta noite. Você não deve. Eu estou
deixando você ir. Oficialmente. Nós vamos nos mudar. James e eu
conversamos sobre isso hoje à noite. Mason tem a casa, então vocês
podem tê-la. Eu sei que Helen está voltando em algum momento. Ela vai
querer ver Mason e Logan e se for antes de eles voltarem para Cain, eu
sei que você não vai querer estar lá quando ela voltar. James e eu iremos
embora até o final da próxima semana. Você pode se mudar então.
Mamãe…
Eu quase disse essa palavra.
Ela deu um tapinha na minha perna antes de se levantar. — Se
você quiser tomar café, eu estou aqui. Estou aqui para qualquer coisa
que você precisar, ok? Mas você nunca precisa fazer nada por mim. Você
nunca tem que me ver. Você nunca tem que falar comigo. Se você me ver
em uma loja, não precisa dizer oi. Você pode passar por mim como se
fôssemos estranhos, e eu nunca ficarei brava com você. Eu estou
deixando você ir, Sam. — Ela segurou o lado do meu rosto, e seu polegar
roçou minha bochecha. — Você sempre será minha filhinha — ela disse
carinhosamente — mas eu serei quem você quiser que eu seja. — Ela se
abaixou e eu fechei meus olhos enquanto ela me beijava na testa.
Eu estendi a mão, trazendo meus dedos para descansar onde ela
me beijou quando ela voltou para o elevador. Eu tentei lembrar outra vez
quando ela me beijou assim.
Eu não pude.
O elevador abriu. Ela entrou e as portas se fecharam.
Eu sentei lá por mais uma hora.

****

— Sam.
Eu estava finalmente saindo do hotel quando ouvi meu nome.
Becky descansava contra o carro de Logan. Ela torceu as mãos e se
endireitou quando me aproximei.
— O que você está fazendo aqui? — Eu olhei ao redor. O
estacionamento estava cheio de carros, mas era relativamente silencioso,
como o saguão. Um ônibus de festa parou na entrada da frente, e um
grupo de pessoas saiu cambaleando, rindo alto.
— Foi Adam.
— O quê?
— Foi Adam quem entregou o vídeo de Mason. Ele viu que um dos
trabalhadores de lá tinha o celular ligado e depois o localizou. Ele editou
o vídeo, então parece que Mason atacou aquele cara sem motivo. Aqui. —
Ela segurou um pendrive.
— O que é isso? — Eu peguei.
— É o resto do vídeo. Vai mostrar que o cara está prestes a bater
em você e Mason está apenas protegendo você. Deve tirá-lo de lá.
— Por que você está me dando isso?
— Porque Adam está errado com o que ele está fazendo. — Ela
desviou o olhar. Empurrando as mãos nos bolsos de trás, ela parecia
metade da pessoa que ela foi. — Eu sinto muito, Sam.
Eu ri. Isso se tornou a noite das desculpas de alguma forma. —
Eu... Por que Adam fez isso?
— Porque ele ainda está furioso sobre como Mason o humilhou no
ensino médio. — Ela levantou a cabeça, e seus olhos se encheram de
lágrimas. — Porque ele sabe que vocês estão por trás de ter seu pai preso,
e por causa da ameaça de Logan de ir para a faculdade de direito com
ele. — Ela parou e respirou fundo. — Adam não está pensando direito
agora. E ele está com raiva por que... — Ela respirou fundo novamente.
— Ele está bravo por eu ter interrompido o noivado. Ele está te culpando
por isso. — Ela acenou para o pendrive ainda na minha mão. — Ele
queria machucar vocês. Esta sou eu tentando fazer tudo certo.
Ela começou a ir, mas eu dei um passo à frente. — Espera. Você
terminou com ele?
Ela assentiu seu lábio tremendo. — Ele acha que é porque o pai
dele está com problemas legais, mas não é. Eu sempre amei Adam,
mesmo antes de me amar. E eu sempre escolhi ele, mas tenho pensado
muito na última semana. Eu ainda o amo. Eu acho que está apenas no
meu DNA, mas eu não sei. Eu acho que preciso começar a fazer as coisas
sozinha, sabe? Eu não posso me casar com um cara e ter toda a nossa
vida mapeada. Eu sei que é repentino e aleatório, mas... — Ela levantou
o ombro e apoiou a bochecha contra ele. — Talvez seja a briga com vocês.
Estou tão cansada disso. Eu não sei se o Logan realmente vai fazer a
coisa toda da escola de direito, mas quando ele disse isso, foi como se eu
tivesse um alerta. Adam sempre vai lutar com alguém. Se não são vocês
é outra pessoa. Ele odeia Mason, e é como ele escolhe os caras na escola
para odiar também. Fiquei chocada quando ele disse que queria
consertar as coisas com vocês, mas era tudo uma farsa. Adam sabia o
que Caldron deveria fazer. James insistiu que os dois garotos
trabalhassem juntos e esse também era seu trabalho. Ele deveria distrair
Mason também. Ele queria fazer isso sendo amigo dele, mas todos nós
sabemos que não deu certo. Eu sinto muito. — Ela voltou a torcer as
mãos juntas. — Isso é muita conversa e eu provavelmente não estou
fazendo nenhum sentido.
— Não. Você está.
Ela parou de torcer as mãos e ficou parada enquanto seus olhos
encontraram os meus. Ela quase parecia uma estátua, como alguém que
eu costumava conhecer quando a vida era mais simples.
— Eu posso nunca ser sua amiga. Eu sei disso agora. Eu tenho
sentido sua falta todos esses anos e pensando o que eu poderia ter feito
diferente, ou o que eu ainda poderia fazer diferente, mas essa
oportunidade se foi. Mesmo que Adam seja meu ex, eu ainda tenho que
estar do lado dele. Não seria correto terminar as coisas com ele e tentar
ser sua amiga novamente. Isso é traição desnecessária, sabe?
— Então o que você vai fazer?
Ela encolheu os ombros novamente. — Ficar longe de Adam até o
final do verão. Tentar descobrir o que eu quero fazer. Eu fui para a
faculdade porque ele foi. Eu acho que preciso decidir se quero ficar lá ou
me transferir, e depois de seguir lá. Enfim... — Ela gesticulou para o
pendrive, que eu coloquei no meu bolso. — Espero que ajude a libertar
Mason. Ele pode merecer estar lá por outra coisa, mas não isso. — Ela
fez uma pausa, depois respirou fundo. Ela tentou sorrir, mas vacilou.
Não chegou aos olhos dela. — Adeus, Sam.
Eu assenti. Este foi o meu segundo adeus nas últimas duas horas.
E este era realmente um adeus. Eu sabia que ainda ia ver minha mãe em
algum momento, mas eu sinceramente não sabia se voltaria a ver Becky.
— Eu senti sua falta — eu disse. E eu falei sério, pensando nos
outros anos. — Senti falta da nossa amizade e fiquei feliz quando achei
que tinha conseguido isso no verão. Sinto muito que as coisas tenham
acontecido assim.
— Sim. — Ela suspirou. — É assim que é, né?
— Sim. Eu acho.
Ela começou a recuar e levantou a mão. — Tchau, Sam.
Acenei de volta, mas esperei até que ela entrasse no carro e saísse.
Então eu disse, baixinho: — Tchau, amiga.
CAPÍTULO QUARENTA E QUATRO
Mason foi libertado na segunda de manhã, sem acusações
pendentes.
O pendrive fez o que Becky disse que faria: absolveu Mason da
culpa. Mostrava Caldron prestes a me acertar e que ele não estava
sozinho. Logan acabou indo com Mark quando ele foi ver Keifer, e eles
conseguiram liberar a gravação de vídeo do festival. Garrett estava certo.
Aparentemente, eles tinham câmeras de segurança instaladas, e as
imagens ajudaram a reforçar o que o primeiro vídeo mostrou. Os policiais
estavam agora investigando acusações contra Adam, mas Garrett não
tinha certeza se isso aconteceria. Ele nos disse naquela tarde, depois que
Mason saiu, que quaisquer acusações contra Adam não eram da nossa
conta. Nós não deveríamos procurar problemas, porque já tínhamos o
suficiente.
Eu concordei com ele.
Eu estava apenas agradecida que Mason estava fora, e nada tinha
vindo de sua temporada na cadeia.
— Então, todo mundo está bem, Jeeves? — Logan perguntou.
Ele recebeu uma rodada de olhares estranhos em troca.
Vendo nossa reação, ele empurrou um ombro para cima. — O quê?
Eu gosto do nome. Me processe.
— Uh, sim. — Garrett estreitou os olhos apenas brevemente. —
Tudo bem, Jeeves.
Logan sorriu. — Sam, eu acho que eu gosto mais desse pai do que
do outro.
— Obrigada. — Eu fiz uma careta. — Eu não vou contar para David.
Logan deu de ombros novamente. — Diga a ele se você quiser. Ele
sabe que daquele temível casal, Malinda é que segura meu coração.
— Você está começando com essas coisas de novo? — perguntou
Mason.
— Precisamos de um novo nome, já que Nate está no rebanho.
Estamos de volta ao Quarteto Incrível?
— Pare de pensar nisso.
— Por quê? — Logan perguntou a seu irmão.
— Porque eu percebo que está te incomodando. — A mão de Mason
se estabeleceu mais firmemente no meu quadril, deslizando sob a minha
camisa. Logan fez um som, mas Mason o ignorou. — Obrigado, Garrett,
por ter vindo e nos ajudado.
Os dois apertaram as mãos.
O olhar de Garrett caiu em mim. — Você sabe que eu faria qualquer
coisa para ajudar vocês.
Um calor escorreu através de mim e senti minha garganta
engasgar. — Obrigada, Garrett.
Mason e Logan recuaram, então era apenas meu pai biológico e eu.
Ele se virou para mim, com seus braços para os lados e eu entrei neles.
— Você pode começar a me chamar de pai? — ele perguntou.
Eu balancei a cabeça, minha cabeça se movendo contra o peito
dele. E quando nos soltamos, senti um pouco de umidade no meu rosto.
— Sim, quero dizer, eu não gostaria de confundir Sabrina — eu
provoquei, enxugando as lágrimas.
— Ah, a pequena Seb. — Seu carinho era evidente. — Ela é tão
ocupada. Eu sempre me pergunto se você era assim também. Ela parece
com você.
— Exceto pelo cabelo loiro que é quase branco. — Eu escovei alguns
dos meus cabelos negros do meu ombro.
— Sim, mas a personalidade dela é como a sua.
Tanto quanto uma criança de dois anos pode ser. Mas eu sorri.
Ele acenou para Mason e Logan e se dirigiu para o seu Audi.
Quando ele saiu, Logan bateu palmas, pulando no meio-fio. — E
agora é só o Trio Incrível novamente.
O olhar de Mason estava encoberto. Eu não olhei, mas eu o senti
me estudando quando ele disse para Logan. — Eu te disse para parar de
se preocupar com isso. Somos os três. Nate está perto, mas ele não é você
ou Sam.
Logan soltou um suspiro, pulando de volta para baixo. — Sim, tudo
bem. Eu devo ir. Taylor falou sobre voltar para ver seus amigos. Eles
ligaram ontem à noite; algo aconteceu lá em cima.
Mason se concentrou mais completamente em seu irmão. Eu podia
sentir o aperto no meu peito aliviar quando ele fez isso. — Você vai com
ela? — ele perguntou.
— Eu poderia — admitiu Logan. — Sem ofensa, mas tenho a
sensação de que vocês dois vão fazer a coisa do 'acoplar' pelo resto do seu
tempo aqui. A não ser que vocês também queiram voltar? — Seus olhos
se iluminaram. — Sim! Vocês deveriam. Mase, seu estágio acabou. Papai
não vai abrir o hotel enquanto você estiver aqui, e Sam, você não tem
emprego. Vamos. Vamos todos voltar.
A razão pela qual ele queria ir era óbvia. Taylor estava lá. E a razão
pela qual nós viemos para Fallen Crest foi o estágio de Mason. Ele
precisava desse crédito.
— Seu pai vai preencher todos os seus documentos de estágio,
certo? — Eu perguntei.
— Ele já preencheu. A única coisa que preciso dele é uma nota.
Logan soltou uma risada. — Deus, nosso pai é uma merda. Você
vai ter que entrar e beijar a bunda dele.
— Eu sei. Vou pedir desculpas pelos discursos também.
— Foda-se isso. Ele sabia o que estava fazendo quando tentou nos
forçar a fazer aquilo.
Lembrei do que Analise me disse. Eu não contei a eles sobre essa
conversa. Eles sabiam sobre Becky, mas eu fiquei quieta sobre a razão
pela qual Becky tinha me encontrado no hotel em primeiro lugar. Eu diria
a eles quando as coisas se aquietassem.
— Eu acho que ele vai fazer a coisa certa e te dar um A — eu disse
a ele.
Logan me deu um olhar incrédulo, e Mason apenas pressionou os
lábios.
Eles duvidaram obviamente.
— OK. Certo, Sam. — Logan sacudiu a cabeça.
Dei de ombros. — Tenho um pressentimento.
— Você está bem?
A pergunta de Mason surgiu do nada. Eu me virei para olhá-lo,
momentaneamente sem fala. — Sim. Por que eu não estaria?
— Porque Mason estava na prisão por quase quarenta e oito horas
— Logan ofereceu.
Mason franziu a testa para o irmão. — Já ficamos mais tempo.
— Ei. — Logan inclinou a cabeça para o lado. — Você disse que ia
ver sua mãe. Você foi?
Aqui estava. Esta era a minha abertura para dizer-lhes que ela
estava oficialmente me deixando ir. Eu abri minha boca, pronta para
compartilhar as notícias alegres... e nada. Nenhuma palavra saiu. No
lugar disso eu disse.
— Eu fui, mas nada aconteceu.
Os olhos de Mason se estreitaram.
— Não importa. Aquele pendrive que Sullivan deu a você e o vídeo
que Keifer acrescentou era tudo que precisávamos. — Ele deu uma
palmada no ombro de Mason. — Você está fora e acho que aprendemos
uma lição valiosa.
Nós dois esperamos.
— Devemos sempre ter nosso próprio cara da câmera por perto.
Você nunca sabe a que ponto algum pedaço de merda pode ir da próxima
vez que estivermos arrebentando cabeças.
Mason balançou a cabeça. — Ou poderíamos tentar parar de entrar
em lutas físicas. Se algum vídeo desse tipo vazar para a NFL, eu poderia
sair antes mesmo de entrar.
— Nah. — Logan rejeitou isso. — Você é bom. Tudo está bem. —
Ele estalou os dedos, apontando para nós. — E nessa nota, eu estive
pensando em Taylor desde que eu disse a vocês que ela queria voltar.
Agora estou duro. — Ele olhou para baixo. — Vocês são minha carona,
então podemos ir? Eu gostaria de passar um tempo com ela antes de
pegarmos a estrada hoje à noite.
— Nós não precisamos saber alguns desses detalhes. — Mason foi
até a porta do motorista enquanto Logan pegava a maçaneta da porta
traseira. Eu fui para o lado do passageiro.
Quando todos nos instalamos, Mason perguntou: — Vocês estão
saindo hoje à noite, então?
Logan estava olhando para o celular. — Sim, e ela acabou de
mandar uma mensagem. Algo aconteceu com Jason. — Ele pulou.
— Logan. — O tom de Mason segurou um aviso. — Não faça nada
estúpido.
— Como saltar nos caras que saltaram nele? — Logan terminou de
enviar uma mensagem e deslizou seu telefone de volta no bolso. — Não.
Você está certo. Eu nunca defendo esse pequeno pedaço de merda, mas
o problema é que ele é da família de Taylor, e você sabe como nós somos
com os familiares. Totalmente não fazem nada para ajudar uns aos
outros. Somos nós. Esse é o lema dos Kades: não fazem merda nenhuma.
Mason saiu do estacionamento. — Você pode diminuir o sarcasmo.
Eu não estou dizendo para não ajudar. Eu estou dizendo para não lutar
fisicamente. Faça isso de uma maneira diferente.
— Eu sei. Eu sei, mas é tão satisfatório quando o outro cara está
no chão por causa de você, sabe?
— Eu sei.
Eu olhei para cima. A voz de Mason tinha se acalmado.
— Nós saímos do caminho neste verão — ele continuou em uma
voz mais normal. — Nós tentamos fazer o certo antes. Precisamos voltar
a isso. Você tem um futuro também, sabe.
Logan sorriu. — Droga, certo. Eu serei um advogado. Isso vai
realmente irritar Quinn se eu chegar lá na frente dele também.
Eu me virei no meu lugar. — Você realmente vai seguir com isso?
— Porra, sim.
— Esse é o compromisso vitalício de foder com Adam Quinn.
Logan olhou para seu irmão, seus olhos se encontrando no espelho
retrovisor. — Eu sei, mas não se trata apenas de foder com ele. Talvez eu
estivesse sendo arrastado naquela noite, ou você sendo preso pela
segunda vez, ou até mesmo Quinn dizendo que ele seria um advogado.
Eu não sei o que foi, mas é o que eu quero fazer. Eu quero ser capaz de
enfiar isso em qualquer um que eu queira, porque eu conheço a lei e eles
não.
Isso fazia sentido e o assunto estava encerrado.
Quando chegamos em casa, Logan não sequestrou Taylor em seu
quarto pela próxima hora como ele planejou. Em vez disso, eles fizeram
planos para decolar.
Mason e eu estávamos na cozinha quando Nate apareceu. Ele
apontou por cima do ombro com o polegar. — Uh, Logan e Taylor estão
fazendo as malas. O que está acontecendo? — Ele puxou uma cadeira e
sentou-se à minha frente na mesa.
Mason se endireitou da geladeira onde ele estava pegando um
refrigerante diet para mim. Deixando a porta fechar sozinha, ele me
entregou a lata e encostou-se no balcão. — Eles estão voltando. Algo com
um dos amigos de Taylor.
— Oh. — As sobrancelhas de Nate se franziram juntas. Seus olhos
patinaram entre Mason e eu. — O que vocês estão fazendo?
Mason olhou para mim. — Não sabemos. Nós não falamos sobre
isso. Você?
— Tecnicamente, você poderia ir — disse Nate
Uma das sobrancelhas de Mason se ergueu. — Significa que você
quer voltar?
— Bem…
Então ele queria.
Nate abriu as mãos sobre a mesa, as palmas das mãos para cima.
— Não há motivo real para estar mais aqui. Nós viemos para o seu
estágio, mas acabou agora. E o casamento também. Então... — Ele
sorriu, nos persuadindo. — Matteo já voltou para o treinamento de
futebol. Não há motivo para ficar.
— Exceto meu meio-irmão estar aqui. — Eu me inclinei para frente,
apoiando meus cotovelos na mesa. — Oh. — Eu estalei meus dedos para
ele. — E minha melhor amiga e minha madrasta e David.
— Você teve todo o verão para sair com eles, e você saiu. Você viu
Heather uma tonelada de vezes. Além disso, Malinda e David estiveram
no casamento ontem à noite também. Quero dizer isso, pessoal. Vamos
voltar. Há festas lá. Podemos relaxar por um mês inteiro antes do início
das aulas. Seu estágio terminou cedo. Você poderia começar o futebol a
tempo. Eu não entendo porque nós não vamos voltar.
— Então vá.
Nate olhou para Mason. — O quê?
— Vá. — Ele gesticulou para mim. — Talvez nós iremos ficar um
dia extra.
Nate recostou-se devagar na cadeira e inclinou-a nas pernas
traseiras. — Você está bem com isso?
— Por que eu não estaria?
— Eu não sei. Caldron contra um. Você não quer reforço?
— Caldron é o menor dos nossos problemas agora. Ele será cobrado
do ataque contra nós e também pela tentativa de bater em Sam.
— Quinn então.
— Eu não tenho certeza… — Os olhos de Mason piscaram para os
meus brevemente. — Mas eu tenho a sensação de que Quinn tem seus
próprios problemas agora. — Nate não sabia que Becky tinha terminado
com Adam.
— Mais uma razão para você vir conosco. — Nate se levantou. —
Vamos, Mason. Vamos todos voltar para Cain. Tivemos problemas em um
ano, mas não nos metemos mais em problemas. Nosso maior problema
agora são os amigos de Taylor, e esses caras são mansos em comparação
com o que geralmente lidamos.
— Um chefe do crime era manso?
— Isso foi uma coisa única. Você sabe disso. — Nate mudou para
mim. — Sam, o que você está pensando? Você tem que querer voltar para
Cain também. Analise está na mesma rua e ela não terá mais um
casamento para planejar. Ela vai ter muito tempo livre agora.
— Na verdade — eu limpei minha garganta, olhando para Mason,
— ela está fazendo o que você sugeriu.
— Mesmo?
— O quê? — Nate olhou entre nós dois. — O que está acontecendo?
— Analise está me deixando ir.
— Então você falou com ela.
— Eu nunca disse que não — observei, em voz baixa.
Ele não se importou. — O que mais ela disse?
— Ela e seu pai vão se mudar. Nós podemos ter a casa.
Os olhos de Nate se arregalaram. — O quê? De verdade? — Um
sorriso se espalhou por seu rosto. — Cara, todas aquelas memórias
daquela casa. — Ele se virou para Mason. — Vamos ficar por uma
semana e fazer uma grande festa no próximo final de semana. Mais uma
grande festa antes de voltarmos. Logan ficaria triste por isso.
— Triste com o quê? — Logan e Taylor se juntaram a nós, deixando
suas malas na sala de estar.
— Sam acabou de dizer que seus pais estão se mudando. Nós
ficamos com a casa — anunciou Nate. — Uma última grande festa. Que
tal isso?
Os olhos de Taylor se arregalaram e ela pareceu cair em si mesma.
— Oh. Você pode ficar então? — Nate perguntou.
— Bem… — Ela olhou para Logan. — Eu tenho que voltar agora.
Você —
Ele balançou sua cabeça. — Não. Eu vou aonde você for. Se você
puder ficar, eu ficarei. Se você quiser voltar, eu vou para lá também. É a
sua escolha.
Ela mordeu o lábio, obviamente dividida enquanto olhava ao redor
da cozinha. — Eu sinto muito, pessoal. Eu realmente preciso voltar.
Jason ficou ferido. Eu não quero que ele...
Mason se levantou, interrompendo-a com um aceno. — Então você
vai. Está decidido.
— Eu realmente sinto muito.
Logan pegou a mão dela e a puxou para o lado dele. — Você não
tem nada com que se desculpar.
— Eu sei, mas estou te afastando da sua família.
Nate riu, apontando para Mason e para mim. — Uh, você não nos
conhece? Somos todos da família. Se algo afeta você, isso afeta todos nós.
Taylor ainda parecia dividida, mas Logan levantou o braço para o
ombro dela. — Ela sabe, e ela vai superar sua culpa. Então... — Ele
assentiu para o resto de nós. — Festa na casa neste fim de semana? Em
Cain?
Mason assentiu e gesticulou para Nate. — Me faz um favor, Logan?
— Qualquer coisa.
— Leve-o com você.
Nate se virou de novo. — O quê? Mason...
— Eu não quero ouvir isso. Você vai. Sam e eu estaremos atrás de
você. — Seu olhar veio para mim. — Eu gostaria de passar algum tempo
sozinho com a minha namorada.
— Então tudo está planejado. Nate e eu vamos voltar com Taylor.
Nós cuidaremos dos filhos da puta que foderam com o amigo de Taylor,
e então todos vamos celebrar este fim de semana. Seu treinamento
começa na próxima segunda. Tenho certeza que todos os caras vão querer
relaxar neste fim de semana de qualquer maneira.
E com isso, o plano foi posto em movimento.
Logan, Nate e Taylor saíram naquele dia.
Mason e eu passamos o resto da noite na cama, abraçados e
aproveitando nosso primeiro tempo sozinho durante todo o verão.

***

Ficamos mais alguns dias e o resto da semana passou


rapidamente. Fui ao festival para agradecer a Petey e Keifer por
compartilhar o vídeo de vigilância. Ambos me disseram para não hesitar
em procurá-los novamente, e Petey me lembrou com uma piscadela, para
não vendê-lo. Eu guardei essa informação e dei a cada um deles um
abraço. Eu não sabia quando os veria novamente.
Depois disso passei meus dias com Malinda, Mark ou Heather. Eu
tentei passar o maior tempo possível com cada um deles. David também.
Ele esteve presente o verão todo, mas não passamos muito tempo um
com o outro.
Eu sabia que ele estava ocupado planejando as coisas do futebol,
e em nossa última noite em Fallen Crest, percebi que eu tinha garantido
isso. Eu expressei isso para ele na varanda, depois de terminarmos um
jantar em família.
— Não, Sam. — Ele balançou a cabeça, relaxando ao meu lado no
banco. — Eu estou sempre aqui. Você sabe disso. Você nunca precisa se
preocupar em encaixar o seu tempo comigo. Se você quiser me ver, estou
aqui. Se você tiver outras pessoas para ver, eu ainda estou aqui.
— Obrigada, papai.
— Sem problemas. Eu te amo.
— Amo você também.
Malinda saiu para a varanda, seu rosto se encheu de lágrimas e eu
me levantei. Seu adeus parecia durar mais do que o normal, e nós
estávamos voltando para a faculdade. Nós não estávamos atravessando
o país. Eu sabia que Malinda estaria no fim de semana dos pais também.
Ela veio todo ano.
— Eu vou sentir tanto a sua falta. — Ela me abraçou, e a Mason.
— E você. É seu último ano. Eu não consigo acreditar. Vocês estão
crescendo rápido demais. — Mark passou pela porta atrás deles e ela
acrescentou: — Você também. Pare de crescer. Eu não gosto disso.
— Eu me certificarei disso, mãe. Sem problemas.
— Oh, e Sam também. — Ela se virou para mim, a represa se
quebrando e as lágrimas molhando seu rosto inteiro novamente.
Mais abraços, mais adeus. Mais risos até que, finalmente, Mason
pegou minha mão e começou a andar pelo jardim.
Mark acenou, então ouvimos: — Mãe, você sabe que não pode
impedi-los de ir, certo? — Eles voltaram para dentro.
A porta de tela se fechou, mas pudemos ouvir Malinda dizer: — Eu
posso tentar. Eu vou fazer o mesmo com você, então não tenha ideias.
Você sabe que longas despedidas são essenciais para mim.
Mark gemeu, mas David acenou, um sorriso gentil e amoroso em
seu rosto quando ele me viu olhando para trás, e então ele fechou a porta
interna.
Mason aumentou seu aperto na minha mão. — Vamos. Eu quero
te levar a um lugar.
— O quê?
Atravessamos a rua até a casa de Helen e entramos. — Vista algo
quente — ele me disse. — Pode ficar frio hoje à noite.
Esta noite?
Estava quase escuro. Mas nós estávamos indo para algum lugar.
— O que você tem planejado?
Ele sorriu e meu coração pulou uma batida. — Apenas se vista, ok?
Eu derreti, como sempre fiz com ele.
— OK.
CAPÍTULO QUARENTA E CINCO
Estava escurecendo quando subimos a colina, e havia alguns
pontos em que eu me preocupava que o Escalade de Mason não caberia.
O caminho continuava ficando cada vez mais estreito, mas quando ele
pegou a última curva, vi onde estávamos. Mason tinha me levado para o
alto das colinas, de volta para o local onde ele veio me buscar depois que
eu estava correndo.
— Mason? — Eu apenas sentei lá, segurando a mão dele. Eu mal
podia ver o caminho do qual eu viera naquele dia, e lembrei que o veículo
dele estava estacionado bem aqui.
— Fique aqui um minuto — ele me disse.
Ele saiu do Escalade e desapareceu por um momento. Eu me virei,
mas não consegui ver o que ele estava fazendo. Então uma pequena luz
começou a aparecer, e cresceu até que toda a floresta e caminho foram
iluminados contra a noite,
Minha porta se abriu e Mason ficou ali.
Meu coração pulou contra o meu peito.
Com a luz fraca do vale atrás dele e a nova luz brilhando ao seu
lado, eu juro que me apaixonei por ele um pouco mais do que eu já estava.
Este não era o Mason de sempre na minha frente. Este não era o homem
que me olhou tão ferozmente quando fizemos amor, ou ficou em pé com
confiança, sabendo que quem quer que viesse a nós, ele poderia nos
proteger. Este não era o irmão que criou Logan, ou mesmo aquele que
xingou o pai por não ser um pai de verdade. Este Mason parecia gentil e
talvez até um pouco incerto.
Ele estendeu a mão para mim e, quando coloquei a minha mão na
dele, este doce Mason baixou a cabeça. Ele estava se sentindo inseguro
sobre alguma coisa. Quando eu saí, ele me segurou por um momento.
Seus lábios roçaram minha testa, tão suave e gentilmente.
Eu olhei para cima, sentindo meu coração subir até a minha
garganta. — O que está acontecendo?
Seus dedos se entrelaçaram com os meus. — Vamos.
Ele me levou para trás do Escalade e desceu um pequeno caminho
que se dirigia para a pista principal. Nós não fomos longe, apenas através
de um amontoado de árvores para uma clareira ao lado da borda do
penhasco. O sol ainda não tinha desaparecido completamente, e nós
tínhamos uma visão perfeita da floresta, do resto do pôr-do-sol e de Fallen
Crest. Era lindo, e foi o que ele fez.
Potes estavam por toda parte, com velas acesas dentro e um grande
cobertor espalhado entre eles.
— Mason, o que está acontecendo?
Sua mão afrouxou, mas dois de seus dedos continuaram
segurando os meus, e ele me levou para o edredom. Eu fiquei lá quando
ele olhou para mim, seus olhos desolados de repente.
— Mason? — Eu não conseguia mais falar.
Minha outra mão começou a tremer, então eu a coloquei nas
minhas costas. Eu me segurei para ficar quieta. Fique calma.
— Eu não comecei a pensar em casamento até este verão.
Ah...
— A coisa toda é meio que uma farsa — continuou ele. — Eu
costumava pensar assim, mas me ocorreu quando meu pai se casou com
Analise, na cerimônia de casamento que: Eu quero casar com você, Sam.
Eu não estava planejando pedir. Presumi que iríamos falar sobre isso em
algum momento, mas não surgiu esse momento, e quando eu estava lá e
sua mãe estava vindo pelo corredor, fiquei com raiva no começo. Não
deveria ser ela naquele vestido. Deveria ser você.
Meu…
Ele se ajoelhou, segurando minha mão. Ele olhou para cima
quando o sol finalmente desapareceu no horizonte. Havia apenas Mason,
eu e um monte de luzes que lançavam um brilho romântico sobre este
local para nós.
— Samantha...
…Deus!
Eu sabia o que ele ia fazer. Eu não sabia qual seria a minha
resposta. Eu comecei a alcançá-lo. — EU —
Seu telefone tocou. Mas ele só enfiou a mão no bolso e desligou. O
silêncio foi tão alto depois. Eu sabia o que estava por vir.
Minha mãe traiu. Seu pai traiu. Eu sabia que David não. Eu
esperava que Malinda nunca traísse. E outras figuras de pais correram
pela minha mente. Mason estava esperando por mim, mas Garrett
brilhou na minha cabeça. Ele era um trapaceiro. Ele me teve traindo com
a minha mãe. Eu não sabia sobre Sharon, se ela já o traiu, mas...
Eu não conseguia pensar.
Uma sensação de desgraça se instalou no fundo do meu peito. Era
a mesma sensação de quando eu sabia que ia dar um golpe nas costas
de Becky.
Eu era o cara mau aqui.
Eu me tornei o vilão de alguma forma.
— Mason. — Parei, molhando meus lábios. O que eu ia fazer?
Seu telefone tocou novamente.
Ele xingou e desligou pela segunda vez.
O meu começou a tocar logo depois disso.
Nossos olhos captaram e seguraram, e eu fiz uma careta.
— Maldito inferno. — Ele se levantou, pegando meu telefone. Vendo
quem era, ele apertou o botão para responder. — É melhor que seja uma
maldita emergência. — Ele ficou em silêncio, depois ficou absolutamente
imóvel. — Você tem certeza? — ele perguntou. Medo, medo gritante,
apareceu em seus olhos um momento antes de ele encobrir. Sua
mandíbula se apertou. — OK. Obrigado por me avisar. — Ele terminou a
ligação, entregando o telefone de volta para mim.
Eu peguei, colocando no meu bolso sem pensar. Eu senti a tensão
crescendo no meu peito. — Qual o problema? O que aconteceu?
Sua voz era tão fraca. — Era Logan. Ele conversou com o pai de
Taylor quando chegou em casa. — O pomo de Adão dele subiu e desceu
e ele meio que se virou.
Estendi a mão para ele, segurando sua mão antes que os últimos
dois dedos escapassem. Eu o puxei de volta. — Ei. O que aconteceu?
— Quinn enviou aquele vídeo para a equipe de treinamento da
Universidade de Cain.
Brigar não era tolerado. Em absoluto. Era a política deles.
Meu estômago ficou inquieto. Eu sabia o que aquilo significava.
Mason concluiu: — Fui suspenso devido a uma investigação
pessoal.
— Mason, vai ficar tudo bem.
— Não. — Ele sentou-se no edredom, descansando as mãos sobre
os joelhos. Ele observou quando eu me sentei ao lado dele. — A luta está
no meu registro. Eles vão se apossar do caso que temos contra o Caldron.
Então eles vão começar a olhar para o passado. Eu estava fodido antes
mesmo de começar.
— Mason. — Peguei a mão dele. Eu precisava dizer mais, mas isso
parecia ser tudo que eu conseguia dizer. Eu não queria ouvir o que ele ia
dizer em seguida...
— A NFL tem uma política rígida sobre escândalos e toda essa
tempestade no verão? Eles verão isso como um escândalo gigante.
Acabou para a NFL.
— Mason. — Eu fechei meus olhos, apenas segurando sua mão.
Então a pergunta veio. Eu não estava esperando, embora eu
devesse estar.
Sua voz soava crua.
— Sam, você vai se casar comigo?

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