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Eu curei.
Eu aprendi a aceitar o amor.
Eu vivi.
Está tudo feito. Ela estava fora e agora está de volta.
Eu a evitei por um ano e meio, mas não consegui
mais me esconder.
Mason fez um estágio em Fallen Crest, então
voltamos para o verão.
E quando chegamos lá - ninguém estava preparado
para o que aconteceu.
CAPÍTULO UM
Voltei da corrida ao amanhecer. Tudo ainda estava escuro, uma
mínima sugestão de luz começava a iluminar os gramados e o pavimento
onde eu corria.
Nas duas últimas semanas, comecei com o hábito de acordar às
quatro da manhã, sair da cama e pisar no concreto cinco minutos depois.
Eu não sabia o que era — correr no escuro, correr quando ninguém podia
me ver, ou mesmo saber que eu estava fora da vista de todos, — mas eu
me tornava uma figura escura misturada a uma outra escuridão.
Eu adorava, e quando voltava à casa da minha madrasta,
geralmente sentia que estava a mil por hora. Eu tinha começado a fazer
o café e, à medida que a máquina cuspia o líquido, eu escorregava para
a varanda da frente para terminar o alongamento. Na primeira parte da
manhã, eu estava acabando e planejava voltar para dentro para me servir
uma xícara, quando a porta se abriu. Acho que Malinda foi acordada pelo
cheiro do café, como um vampiro que se levanta no primeiro cheiro de
sangue.
Minha madrasta aparece com seu cabelo castanho reluzente,
parecendo ter passado seus dedos apressadamente através dele, com um
pouco de sono ainda cobrindo seus olhos. Ela tem dois copos e me
entrega um, afundando-se sobre uma cadeira na varanda antes de
apertar seu roupão.
Esta manhã foi como a primeira vez.
Eu estava simplesmente abaixando minha perna atrás de mim
quando ela apareceu, me dando um sorriso caloroso. — Ei, minha
lindinha. — Ela puxou as extremidades do seu roupão felpudo mais
apertado antes de sentar.
— Dia.
Sentei na cadeira ao lado dela, apoiando meus pés para que eu
pudesse descansar minha xícara de café nos joelhos. Isso aqueceu
minhas mãos e eu inalei o cheiro.
— Você correu muito hoje?
Eu endureci. Não tinha percebido que Malinda sabia quando eu me
levantava ou que hoje foi uma hora a mais do que o normal. Mas eu
deveria saber. Ela era a madrasta extraordinária.
— Não diga nada, pode ser? — pedi a ela.
Ela me deu um olhar conhecedor sobre sua caneca. — Para o seu
pai ou para aqueles dois jovens que a protegem como se fossem cães de
guarda?
— Ambos? — Uma garota poderia sonhar.
Ela riu, tomando seu café, e deu um tapinha no meu joelho. —
Mason sabe?
— Que me levantei cedo?
— Que você está correndo tanto toda manhã. Eu sei que você está
indo às tardes também. — Um segundo olhar conhecedor veio em minha
direção. — E o porquê você fez uma corrida de duas horas hoje.
Ah. Lá estava. — Eu não sabia que mais alguém sabia. — Eu me
movi no assento, ignorando o latejar que estava começando atrás das
minhas têmporas. Toda vez que eu pensava nela, começava.
Isso me perseguiu por toda corrida.
— Ouvi uma conversa telefônica entre Mason e seu pai, e não foi
bem.
Eu olhei para ela. Isso significava que Mason também sabia?
Ela bebeu o café, ficando mais confortável no banco. — Você sabia
que James está forçando ele e Logan a serem os padrinhos?
Eu sabia. — Estou preocupada que o mesmo aconteça comigo.
— Não, não, não. — Malinda agitou a mão no ar. — Ela terá sorte
se você comparecer ao casamento. Analise não vai abusar da sorte. Ela
pode ter… — Fez uma pausa. — problemas, mas ela é uma mulher
esperta. Confie em mim. Você não precisa se preocupar com isso.
Suas palavras deveriam ter sido um alívio, mas não foram. Apenas
duas pessoas entendiam completamente até onde Analise iria se ela
quisesse algo: eu e o marido de Malinda, David — também conhecido
como o homem que me criou. Havia uma razão pela qual ambos tínhamos
medo da mulher. Malinda, embora eu a amasse muito e fosse muito
agradecida por ela ter entrado na minha vida, ela não estava por perto
durante os tempos mais sombrios de Analise. Sim, minha mãe tinha ido
embora por quase dois anos para obter ajuda. Sim, ela parecia estar
melhorando e tinha voltado a Fallen Crest já há um ano e meio, e sim,
ela me deixou em paz, na maior parte. Mas ela tinha deixado a instalação
de tratamento e vivia não apenas em Fallen Crest, mas do outro lado da
rua, e eu também estava aqui agora.
Eu a evitei durante tanto tempo, mas o tempo acabou. Eu não
podia mais evitá-la.
Mason e eu estávamos passando o verão em Fallen Crest porque
ele tinha um estágio na companhia de seu pai para cumprir um requisito
de sua formação em gestão. Ele até teve a aprovação para retornar à
faculdade mais tarde do que o normal — não na semana anterior quando
as aulas começaram mais cedo para o treino de futebol, como de
costume. Um treinador pessoal deveria sair para compensar qualquer
treino que ele tivesse perdido, mas não era necessário. Se eu estava louca
com minha corrida, Mason estava igualmente louco com seu
treinamento. Ele estava na academia de três a quatro horas por noite, e
eu senti a prova disso toda vez que ele estava em cima de mim, embaixo
de mim e dentro de mim.
Meu calor corporal subiu agora enquanto pensava em nosso amor
na noite anterior. Tinha uma sensação diferente. Havia um desespero e
uma fome que eu não sentia há muito tempo. Como se não pudéssemos
ter o suficiente um do outro, como se soubéssemos que haviam coisas
em movimento que poderiam nos separar.
Eu não acreditava que isso fosse verdade, mas isso ainda me
deixou tensa.
O pai de Mason e a Analise estiveram em uma viagem a Londres
nos últimos três meses, mas eles voltariam para casa hoje.
Malinda suspirou, bocejando. Seu sorriso era cansado, mas cheio
de calor.
— Você realmente não precisa se preocupar com ela. Eu falei com
Analise no último ano e meio. Ela aceitou que tudo tem que estar de
acordo com seus termos. Você escolhe quando e se você a quer de volta
em sua vida. Ela não vai te pressionar. Ela nem vai dizer olá para você
em público se você vê-la. Pode se aproximar dela se quiser fazer isso. É
tudo com você.
Apesar do que Malinda pensava, dizer que Analise era mentalmente
estável seria um exagero. Dizer que ela não era um perigo para mim era
outro exagero. Havia uma lista de coisas que ela fez, e me bater e ameaçar
destruir a vida de Mason estava entre as últimas coisas que ela fez antes
de ir para o hospital.
A única coisa boa foi James Kade, o pai de Mason e Logan. Quando
Analise deixou David, ela e eu nos mudamos para a mansão Kade, e duas
famílias nasceram: juntei-me a Mason e Logan e Analise fez uma parceria
com James. Ambos, Analise e James, eram bem idiotas, mas pelo menos,
James provou o quanto ele realmente a amava. Eles eram uma
combinação perfeita, no meu ponto de vista.
Mason e Logan tiveram seus próprios problemas com o pai, mas o
relacionamento era um pouco mais agradável do que o meu com Analise.
A exaustão da minha corrida estava começando a se instalar
quando um par de faróis iluminou a rua. Minhas mãos apertaram em
torno da caneca, mas anos de treinamento assumiram. Eu sempre
congelei quando Analise estava por perto, mas isso foi transferido para
um sentimento de preparação. Ok, mamãe querida, pensei. Meus lábios
se separaram e um meio rosnado se formou. Eu podia sentir meus
pulmões se expandirem com a minha respiração profunda. Eu estava
pronta. Eu estava disposta, e o que quer que ela fosse jogar em mim,
seria jogado de volta para ela.
Duas SUVs pretas diminuíram na frente do portão dos Kades. Ele
se abriu lentamente e os duas SUVs entraram na garagem. O portão se
fechou atrás deles e nossa visão foi obstruída, mas eu sabia o que aquilo
significava.
Minha mãe estava oficialmente de volta.
CAPÍTULO DOIS
Minha porta do chuveiro se abriu e a mão de Mason tocou meu
quadril, deslizando pelas minhas costas quando ele entrou atrás de mim.
Senti o frio por um mero segundo antes de seu calor me aquecer e ele
fechar a porta. Seus braços vieram ao meu redor e eu me inclinei contra
ele. Mexi minha cabeça para que a água não me cegasse e lá estava ele.
Mandíbula forte. Lindos olhos verdes. Cabelos negros cortados e
um físico tonificado à perfeição de todo o seu treinamento. Lindo.
Seus olhos escureceram quando suas mãos deslizaram ao redor da
minha cintura e por cima das minhas costelas. Eu ofeguei, mas não
desviei o olhar. Eu não pude. Em momentos como estes, Mason parecia
minha força vital. Se eu quebrasse o contato, aí ia a minha força. Não era
um sentimento regular agora, não como antes, quando Analise tentou
nos quebrar. Mas nesse momento eu senti isso. Eu inalei, arqueando as
costas para dar-lhe um melhor controle sobre mim e uma oportunidade
para que eu saboreasse essa conexão.
Muitos tentaram se interpor entre nós. Tantos falharam.
Seria Mason e eu para sempre.
Eu me virei, me pressionando contra ele. Cada centímetro meu se
encaixava nele como uma luva. Todos os seus cumes rígidos e músculos
eram como casa para mim.
Eu envolvi meus braços em volta do pescoço dele. — Bom dia.
Seus olhos escureceram ainda mais. — Bom dia. — Uma mão caiu
no meu quadril. — Você correu esta manhã novamente.
Um arrepio delicioso passou por mim. — Eu ainda vou com você
mais tarde, se você quiser.
A outra mão dele subiu até a parte de trás do meu pescoço. Ele me
segurou lá, ancorando minha cabeça enquanto me estudava, e vi um
ligeiro traço de preocupação.
— Você está correndo demais.
Então ele sabia. Eu tentei me afastar, mas ele não me deixou.
— Não — acrescentou em um suave apelo: — Por favor.
Eu fiquei em seus braços com a água batendo em nós.
— Malinda disse algo esta manhã também.
Ele assentiu. — Sua mãe está de volta, não é?
— Você sabia?
— Eu imaginei. Eu deveria começar meu estágio com um dos
parceiros do meu pai, mas ele mandou uma mensagem esta manhã
dizendo que ele estaria lá. — Um canto da boca de Mason se levantou. —
Ele perguntou se eu queria uma carona para o trabalho.
Eu combinei o meu meio sorriso com o dele. — Você respondeu?
— Claro — zombou. — Porque sou o filho bom e perfeito que vai
trabalhar com o pai.
— Bem, James pode sempre sonhar.
Mason riu, pressionando os lábios na minha testa. Ele baixou a
mão, colocando meu cabelo atrás da minha orelha. Por um momento, me
segurou, descansando sua bochecha na minha testa. Eu podia sentir sua
tensão. Ele estava preocupado e eu não podia culpá-lo. Analise estava
fora da minha vida há dois anos e as coisas estavam boas. Elas estavam
muito boas, mas agora estávamos de volta em casa. De volta ao seu
território. Um casamento estava acontecendo em dois meses e tudo de
bom podia descarrilhar.
Não iria, no entanto. Eu estava disposta e determinada a não deixar
ninguém nos machucar.
— Tudo vai ficar bem — eu disse suavemente. — Você sabe disso,
certo?
Ele sorriu. Eu senti seus lábios se curvarem contra a minha pele.
— Você nem a viu, e você já está correndo como costumava fazer.
Isso era verdade. Eu soltei um suspiro. — OK. Eu prometo que vou
parar de correr... — Olhei para ele. — Tanto.
— Eu não me importo com quanto tempo você corre. Eu só quero
que você esteja saudável.
— Eu estou.
Ele olhou para baixo, ainda me estudando atentamente. Então ele
suavizou e seus lábios desceram para descansar nos meus. — Não a deixe
na sua cabeça.
— Eu não vou. Eu prometo.
Ele amaldiçoou. — Eu já estou cansado dela.
— Vamos esquecer tudo sobre isso, ela e ele. — Eu me levantei na
ponta dos pés, selando minha boca à dele, e ele respondeu apertando as
mãos debaixo de mim. Mason levantou uma das minhas pernas para que
eu pudesse senti-lo ali mesmo e, assim, tudo se foi. Era apenas ele e eu.
Do jeito que deveria ser.
Fechei meus olhos, sentindo-o entrar em mim.
Isto. Ele. Eu. Isso era tudo que eu precisava. Eu passei meus
braços em volta do seu pescoço e comecei a me mover com ele.
Dentro. Fora.
Mason empurrou para dentro de mim. Este homem, ele não era
mais um garoto. Eu senti como se tivesse crescido com ele. Lado a lado.
Desde a primeira vez que ele me tocou até agora, sempre foi o mesmo.
O prazer sombrio e primitivo me encheu, e tudo que eu pude fazer
foi engasgar enquanto ele continuava.
Dentro.
Fora.
E novamente.
Quanto mais ele vinha, mais fundo ele deslizava dentro de mim, e
eu senti meu clímax chegando. Um grito baixo e gutural surgiu no fundo
da minha garganta. Eu arqueei minhas costas, o suor se misturando com
a água do chuveiro, mas eu não aguentei mais. Eu ia gozar.
Mason me observou. Eu vi a necessidade em seu rosto, assim como
senti dentro de mim.
Este era o mesmo fervor que sentimos na noite passada. Eu senti
em seus beijos ásperos, seu aperto no meu pescoço, meus quadris, no
jeito como ele estava me fodendo.
Eu queria deixá-lo me dominar, mas meus joelhos começaram a
enfraquecer e eu não aguentei mais. Eu agarrei o chuveiro e me levantei.
Os olhos de Mason brilharam quando ele me pegou e me levantou o resto
do caminho. Então ele estava dentro de mim novamente. Eu o montei
desta vez, com minhas pernas em volta da cintura dele e usando o
chuveiro para alavancar. Quando isso não bastou, envolvi um braço em
volta dos ombros dele e descansei minha mão contra o ladrilho.
Seus beijos eram exigentes, me possuindo.
Eu movi meus quadris para cima e para baixo, com um
formigamento delicioso fazendo meu corpo tremer. Ele estava exatamente
onde deveria estar: comigo.
Logo estávamos ambos convulsionando.
Uma onda me atingiu com força, fazendo meu corpo tremer, mas
Mason me segurou o tempo todo. Pressionando um beijo suave nos meus
lábios, depois na minha testa, ele enfiou a cabeça no meu ombro e
esperou até que parássemos de tremer.
— Você está bem? — Ele murmurou suavemente contra o meu
ouvido.
Eu soltei uma risada fraca. — Isso é retórico?
Ele sorriu, me beijando antes de levantar a cabeça. Seus olhos
encontraram os meus. — Eu fui muito áspero?
Fiz um gesto para me abaixar, mas Mason me levou para fora e me
sentou no balcão do banheiro. Ele começou a recuar, mas eu o segurei,
mantendo-o entre as minhas pernas. Fechando meus braços ao redor de
seu pescoço, eu me inclinei contra o espelho. Eu não dava a mínima para
nada neste momento.
— Apenas da melhor maneira, e, por favor, seja assim novamente.
Ele riu baixinho, curvando-se para beijar meus ombros. Ele
sussurrou lá, seus lábios se movendo sobre a minha pele. — Eu senti
falta de acordar perto de você.
Uma pontada de arrependimento me apunhalou. — Eu sinto muito.
Ele balançou a cabeça, olhando nos meus olhos novamente. —
Não. Eu entendi. Eu entendo. Eu estava apenas afirmando um fato. —
Franziu a testa, esfregando o polegar sobre a minha como se estivesse
alisando uma linha de preocupação. — O que você fará hoje?
— Você quer dizer enquanto você sai e trabalha com seu pai?
Ele gemeu, inclinando a cabeça para trás para descansar no meu
ombro. — Sim, eu quero dizer isso.
Eu me certifiquei de dar de ombros com o outro ombro. — Eu
suponho que você não deve ser o único responsável neste
relacionamento.
— Você vai conseguir um emprego?
Eu balancei a cabeça, falando do meu pai biológico. — Garrett me
deu um fundo fiduciário, mas eu preciso fazer alguma coisa. Tenho
certeza de que posso trabalhar no Manny's, mas não sei. Acho que posso
querer fazer outra coisa neste verão.
Sua mão deslizou pelas minhas costas. — Tenho certeza que o que
você fizer, Logan vai tentar aparecer o tempo todo.
Eu assenti. — Ele está em Paris com sua mãe, certo? Taylor foi com
ele ou ele vai vê-la depois?
— Ambos. Minha mãe levou os dois na viagem, mas quando eles
voltarem, vão passar uma semana com o pai de Taylor. Eu acho que eles
vão acampar ou algo assim. E isso traz outro assunto, Helen me ligou
hoje de manhã. Ela me pediu para morar em sua casa durante o verão.
Adorável. Maravilhoso. Estupendo.
Meu namorado estava saindo por três meses. Não importava que
ele estivesse literalmente do outro lado da calçada. Helen Malbourne não
era minha fã.
Eu me inclinei para trás e soltei um som decepcionado. — Se não
é minha mãe, é sua. Você percebe que os únicos que não tentaram ficar
entre nós são nossos pais? Isso significa alguma coisa?
Ele me deu um sorriso suave. — Do que você está falando?
— Você está se mudando para a casa da sua mãe. Como isso vai
funcionar? Você vai acabar dormindo comigo todas as noites de qualquer
maneira. Qual é o ponto? — Olhei para o chão.
— Sim, eu vou, porque você vai morar comigo.
Eu levantei minha cabeça novamente. — O quê? Sua mãe me odeia.
Eu não achei que eu fosse permitida morar lá.
Ele se inclinou para perto de mim novamente. Eu me inclinei até
que minhas costas estavam contra o espelho e ele pairou sobre mim, seus
lábios a poucos centímetros do meu.
— E para citar meu irmão dor na bunda… — Ele segurou a parte
de trás do meu pescoço, seus dedos deslizando em meu cabelo. — Foda-
se a minha mãe. — Ele baixou a boca para a minha em um beijo duro,
que deixou meu coração batendo forte. — O que você acha? Quer morar
comigo, só você e eu?
— Sem Logan?
— Não no primeiro mês.
— Sem Nate?
— Ele está em uma filmagem de cinema com seus pais.
— Ninguém mais?
Seus olhos brilharam com luxúria novamente. — Só você e eu.
Eu só podia olhar para ele. Nós nunca moramos sozinhos. O
máximo que tivemos foi um fim de semana fora. Mas desta vez eu estava
quase salivando com a ideia. Parecia certo, como se tivéssemos feito isso
o tempo todo.
— Sim. — Eu balancei a cabeça. — Sim, eu gostaria disso.
— Sim?
— Oh sim. — E então sua boca estava na minha novamente e ele
me levou para a cama. Mais uma vez, não conseguimos o suficiente um
do outro. Não importa quantas vezes eu tocasse este homem, eu só
estaria ansiando pelo próximo toque.
Quando ele se moveu para dentro de mim, minhas pernas e braços
em volta dele, minha mente correu até que eu desliguei e me entreguei.
Eu cedi completamente a Mason.
CAPÍTULO TRÊS
— Ei, garota.
Eu estava esperando em uma cadeira no gramado perto do poço da
fogueira do lado de fora do Manny's. Havia mais três para escolher, mas
todas pareciam estar no mesmo estado miserável — buracos no meio,
desgastadas nas extremidades. Fiquei surpresa que elas ainda eram
capazes de manter as pessoas na posição vertical. Quando eu inclinei de
volta na minha, chutando meus pés para descansar nos tijolos que
cercam a fogueira apagada, senti-a afundar sob o meu peso.
Eu me levantei. — Merda, Heather.
Uma risada baixa e suave soou quando uma das minhas melhores
amigas — correção, uma das minhas únicas amigas — sentou-se ao meu
lado, tirando seus cigarros e isqueiro. Heather recostou-se como eu
acabei de tentar, cruzando um pé sobre o outro no poço de pedra
enquanto ela exalava a primeira tragada. — Eu acho que você está na
que eu deixo aqui fora no caso de Logan aparecer. Eu espero que isso vire
com ele um dia desses, só assim eu posso dar uma boa risada.
Eu balancei a cabeça. Essa era a velha dinâmica e uma parte de
mim relaxava por dentro.
— Eu pensei que tudo tinha acabado? — murmurei, tentando
sentar de volta novamente. — Você está feliz com Channing. Ele está com
Taylor.
Ela estava colocando o cigarro nos lábios, mas parou e puxou a
mão para longe. — Do que você está falando?
— Essa coisa de paquera sexual. Eu pensei que tinha acabado.
Ela grunhiu, acendendo o cigarro agora. — Quando Logan parar de
me dar merda, vou devolver o favor. Ele ainda fala, e não é do jeito que
você diz que é. — Ela parecia irritada. — Em algum momento nos
tornamos como irmão e irmã, mas eu já tenho um irmão perdedor que
não me deixa em paz! — Ela se inclinou para trás, mais perto da porta
lateral do Manny, onde ela dirigia a lanchonete do bar e grill. Um segundo
depois, o irmão dela gritou de volta.
— Fique na sua, Heather! Eu gerencio o bar. Você a grelha. Afaste-
se de mim. Você ficaria louca se eu parasse de fazer meu trabalho.
Ela riu baixinho, sentando normalmente de novo. — Meu irmão
estúpido. Eu não preciso de outro, além de Brad, quero dizer. — Então
ela franze a testa, concentrando-se em mim. — Como está o pequeno
Kade? A sua senhora foi com ele para as férias de verão?
— Ele e Taylor foram para Paris nas primeiras semanas.
Isso chamou sua atenção. — Paris? Eu não sabia que Taylor era
rica.
— Pelo que ouvi, foi com o dinheiro de Helen.
— Droga. — A cabeça de Heather esticou para trás uma polegada.
— Mamãe querida está lá com eles?
Eu assenti. — Até onde sei.
Ela grunhiu, dando uma tragada. — Então o Pesadelo da Mamãe
da Rua levou a nova namorada até a França para uma viagem… e você
conseguiu o que com ela? — Sua sobrancelha se ergueu. — Um grande e
gordo nada, certo?
Se ela estava esperando obter uma reação, estava latindo para a
árvore errada. Sim, Helen Malbourne sempre me odiou com Mason, e
sim, ela parecia adorar Taylor, o amor da vida de Logan, mas isso não me
incomodava.
Dei de ombros. — Você realmente acha que eu iria viajar com ela?
— Touché. — Seus olhos se estreitaram quando ela jogou o cigarro
na fogueira vazia. — Já que estamos no tópico das mães pesadelo, você
falou com a sua?
— Eu vejo Malinda todos os dias.
— Você sabe quem eu quero dizer.
E lá estava o olhar. Ela estava esperando que eu quebrasse, ou
jogasse minha cadeira no buraco, ou saísse correndo por seis horas todos
os dias. Era o mesmo olhar que todos tinham desde que minha mãe
voltou.
Fiquei tentada a lhe dar o dedo do meio, mas tudo o que fiz foi
suspirar. — Ela está aqui.
— Isso é tudo o que você vai dizer?
Eu rolei meus ombros para trás. — O que você quer que eu diga?
Ela está de volta. Não há nada que eu possa fazer sobre isso. É o que é.
— Ela mentiu para você toda a sua vida sobre o seu pai.
Sim. Ela mentiu. David não era meu pai de verdade.
— E quando o seu verdadeiro pai se aproximou, ela o chantageou
para sair.
A mulher era dedicada.
— Então, quando você começou a namorar o Mason, ela ameaçou
entregá-lo a polícia por ter feito sexo com você.
Oh sim. Estupro podia ter sido horrível, mas Mason não era dois
anos mais velho que eu. Ele era apenas um. Eu descobri esse pequeno
pedaço de informação depois. Eu não precisei me preocupar que todo o
seu futuro poderia ter sido rasgado em pedaços pela mulher de quem eu
vim.
Eu estava bem com isso. Mesmo. Não me incomodou ouvir uma
lista de todas as coisas ruins que Analise fez antes de finalmente
desaparecer em um hospital psiquiátrico por dois anos.
Então Heather soltou a última bomba. — Ela matou seus irmãos
que ainda nem tinham nascido e foi você quem a encontrou.
Em uma pilha de sangue.
Eu liguei para o 911.
Eu tinha onze anos.
Eu reprimi um estremecimento com isso. — O que você quer que
eu diga? Ela está de volta. Ela vai se casar com James, que também é pai
de Mason. Não há nada que eu possa fazer. — Acalmei o tom de voz. —
Eu me recuso a deixar que ela me perturbe.
— Bom para você. — Heather me saudou com uma bebida invisível,
com sua mão enrolada ao redor de um copo invisível. — Agora fique
bêbada, e então você pode me dizer como realmente se sente.
Eu bufei e cobri meu rosto com a minha mão. — Eu não consigo
acreditar que fiz isso.
— Graças a Deus você fez. — Heather sorriu, uma nota seca em
sua voz normalmente rouca.
Eu olhei para ela, esperando. Era quando ela normalmente voltava
ao turno, mas essa foi nossa primeira visita desde que Mason e eu
chegamos em casa da faculdade Fallen Crest há uma semana. Sim, isso
me tornava uma pequena covarde. Heather Jax foi uma das minhas
amigas mais leais desde o ensino médio, e ela tinha a habilidade de
superar as besteiras.
Mason e Logan tinham as mesmas qualidades, mas eu vivia com
eles, então eles não estavam constantemente me repreendendo. Eles
estavam apenas observando, esperando.
Um segundo arrepio percorreu minha espinha. Eu ignorei isso. Era
um hábito que rapidamente se tornou uma rotina diária.
— Por que você não me conta sobre você e Channing?— perguntei.
— Vocês dois não se casaram ainda?
Eu quis dizer isso como uma piada, mas os olhos dela mudaram.
Seus lábios pressionaram em uma linha tensa. — Ele quer. Ele é maluco.
Isso é o que ele é.
— Você está brincando? — Minha boca ficou aberta. — Channing
pediu para você se casar com ele?!
Ela revirou os olhos. — Não, mas… Bem, sim. Ele me perguntou
há um tempo porque nós tivemos um susto de gravidez, mas foi apenas
um susto. Nenhum bebê. Eu pensei que ele iria deixar pra lá.
— Ele não deixou?
— Ele não deixou. — Ela estava tão triste. — Ele quer sossegar. Eu
acho que é principalmente porque ele está criando Bren desde que sua
mãe morreu.
— Espera. O quê?
Channing Monroe? Um irmão mais velho? Agora como um pai para
uma garotinha? Esta não era uma imagem que eu pudesse assimilar.
Mason e Logan comandavam a Fallen Crest Public High School, e
Channing, um modelo parecido, fez o mesmo com seu colégio, Roussou
Public.
Roussou era na cidade vizinha e nosso rival habitual, que às vezes
levava ao derramamento de sangue quando Brett e Budd Broudou a
comandavam. Channing havia trabalhado com Mason e Logan ajudando-
o a assumir o controle da Roussou. Ajudaram a Brett Broudou a perceber
o quanto seu irmão era um psicopata, e agora Budd estava residindo na
prisão por tentativa de estupro. Channing manteve sua cidade sob
controle, mas eu não tinha tanta certeza sobre ele criar uma criança.
— Ele não está administrando um bar em Roussou agora? — Achei
que era o que Logan tinha dito da última vez.
Heather assentiu, soltando um suspiro. — Sim. Como se eu tivesse
tempo de brincar de casinha. Eu estou dirigindo este lugar desde que
meu pai se aposentou e indo para a faculdade da comunidade. Eu não
tenho tempo para criar uma adolescente. Além disso, a garota é dura
como pedra. Ela não precisa e nem quer uma mãe substituta. Confie em
mim. Eu estive lá. Eu não quero lidar com outra eu mesma.
— Uau. — Eu não consegui superar isso. — Channing é como um
pai...
— Mais como um grande irmão extraordinário, mas ele tenta. Ela
tem sua própria turma, no entanto. Vai ficar bem. — Ela levantou a mão.
— E não se precipite. Channing não é apenas o modelo extraordinário de
irmão mais velho. Ele tem alguma merda estúpida também.
— Heather!
Ela levantou a mão, seu dedo médio estendido, mas seu irmão não
podia ver de onde ele gritou seu nome.
— Estou aqui!
Ela pegou seus cigarros e se levantou. — Estou a um metro e meio
de onde ele está. Você acha que ele realmente precisa gritar a plenos
pulmões?
— Eu ouvi isso. — Brandon atirou de volta. — Você faz o mesmo
comigo, Heatherkins.
— Não me chame assim! — retrucou, alcançando a porta. Ela parou
antes de entrar. — Hey, eu vou para essa coisa do Channing mais tarde.
Ele está lutando em um grande evento hoje à noite. Se você estiver super
entediada, venha comigo. Seria bom ter outra amiga lá.
Não havia necessidade de pensar. Se eu ficasse em casa, ficaria
louca quando Analise atacasse.
— Estou dentro.
CAPÍTULO QUATRO
— Você está onde?
Eu estava encostada no carro de Heather no meio de um campo,
cercado por uns duzentos outros carros, e ao meu redor havia música
pesada, falatório e um grito de vez em quando. Eu tinha o dedo tapando
minha outra orelha, mas ainda me esforçava para ouvir Mason pelo
telefone.
— Channing vai lutar hoje à noite — disse a ele. — Eu estou indo
com Heather e seu irmão.
— Espera. O quê?
Eu parei ao ouvir o estalo em sua voz. — O que está errado?
— Você vai a um evento de luta?
— Sim. — Minha boca virou para baixo.
— Em Roussou?
— Sim. — Minha careta se aprofundou. Eu podia sentir as rugas
começando a surgir na minha testa e as rodas se agitando. Eu nem tinha
pensado nisso, mas uma vez que eu caí na real, eu quis me bater. — Ah
não.
— Sim. — Ele mordeu pelo telefone. — Você está brincando comigo,
Sam? Você está sozinha? É perigoso lá. Eu ainda tenho inimigos em
Roussou e você está sozinha.
— Eu não estou. — Eu olhei para Heather e Brandon, mas eu sabia
que ele não se importava com eles ou mesmo sobre Channing e todos os
seus amigos. Quando ele disse sozinha, ele quis dizer que ele ou Logan
não estavam comigo.
Eu me encolhi, rangendo os dentes. — Eu sinto muito. Eu não
pensei nisso. Eu só não queria ficar louca em casa.
Ele suspirou, ou eu pensei que suspirou. Eu estava adivinhando o
que os sons do seu lado eram cerca de oitenta por cento do tempo. —
Você pode esperar até eu terminar aqui? Eu posso sair cedo. Eu não dou
a mínima para o que meu pai diz.
Oh. Bem, foda-se. Novamente. — Eu já estou aqui — corri para
dizer, — me desculpe. De verdade. Eu não pensei e para ser honesta, eu
só pensei que haveria umas trinta pessoas aqui. — Olhei ao redor. — Tem
que haver cerca de cem ou mais.
— Cem?
— Sim. — Segurando o telefone com mais força no meu ouvido, eu
me virei. Eu podia ver um grande palco ao lado de algumas tendas. Havia
uma tenda realmente grande à direita. Eu me perguntei se era ali que o
evento principal aconteceria. Havia um palco menor no canto, e as
pessoas andavam por aí com bebidas, comida e até balões. Se eu não
soubesse melhor, eu acharia que isso era algum tipo de festival de
música. Eu sabia melhor, no entanto. Assim como Mason.
Ele estava gemendo agora. — Você está aí sem mim, Logan ou Nate.
— Eu sei — disse baixinho. — Mas, ei, tenho Heather como uma
espécie de guarda-costas. Tenho certeza que ela vai me proteger. — Eu
descansei meu ombro contra o carro, meio virada para que eu pudesse
ver as pessoas passando. — Channing está aqui e todos os seus amigos
também. Além disso, eu realmente duvido que alguém me reconheça ou
até se lembre de quem eu sou. — Parecia ridículo. Quem diabos eu era?
Uma ninguém. As pessoas conheciam Mason e Logan. Eles não me
conheciam.
Ele xingou de novo. — Eu sei que as pessoas em Roussou não estão
todas felizes com a gente. Nós fizemos muitos danos aí e nos livramos
deles. É assim que eles veem isso.
— Sim. Bem. — Meu estômago torceu. — Você quer que eu peça a
Heather para me levar de volta?
Não houve hesitação. — Não. Eu estou indo aí, James mencionou
algo sobre uma reunião depois do trabalho que ele queria que eu fosse,
mas eu vou dispensar.
— Ok. — Um nó se formou na minha garganta. — Espera. Eu
deveria estar preocupada agora com você? Será apenas você vindo.
— Vou ver se consigo encontrar alguns amigos, mas esteja pronta
quando eu chegar. Nós não vamos ficar por muito tempo.
— Eu sei. Eu estarei pronta. — Eu deixei cair a minha voz — Esteja
seguro, ok?
— O mesmo para você.
— Te amo.
— Te amo.
Nós sempre nos despedimos dessa maneira. Desconectando a
chamada, coloquei meu telefone no bolso de trás e fui para onde Heather
e Brandon estavam esperando a alguns carros, nos arredores de uma
grande multidão.
Heather leu meu rosto e levantou uma sobrancelha. — Ele estava
chateado?
Eu assenti. — Eu não pensei.
Ela grunhiu. — Eu não te contei. Minha culpa. Eu também não
pensei. — Seus olhos se estreitaram em mim. — Você quer voltar?
Eu balancei a cabeça, deslizando as mãos nos meus bolsos. — Ele
vai vir aqui.
Eu não disse a ela que íamos sair imediatamente.
Uma parte de mim estava feliz por eu ter vindo. Eu estava
esperando mudar de ideia. Isso foi algo que eu fiz sozinha e, de um jeito
muito estranho, eu estava gostando de estar aqui apenas como
Samantha Strattan e não como a namorada de Mason ou um tipo de irmã
de Logan. Eu não fiz nada sozinha por muito tempo.
Foi bom.
Logo que chegamos aqui, um zumbido animado começou no meu
intestino. Ele ficou cada vez mais forte desde então. Eu estava aqui com
amigos e o que eu disse era verdade. Nada iria acontecer. Eu tinha certeza
disso. Channing e seus amigos não eram perturbados por aqui.
Heather jogou o braço em volta do meu ombro. — Tenho que
admitir que estou sendo egoísta agora, porque é bom ter você aqui.
Coloquei um braço em recíproca em volta do ombro dela e ri do
quão ridículo devíamos parecer. Então dois caras sem camisa, vestindo
calções brancos com pontos verdes, passaram por nós, cada um
carregando um flamingo de pelúcia. Eles tinham tinta azul em seus
rostos.
Talvez não parecêssemos tão ridículas.
****
MASON
Sam ia me dar uma maldita enxaqueca até o final do dia.
Eu amaldiçoei e mandei uma mensagem para Channing. Sam está
aí. Você pode fazer alguém vigiá-la? Desculpe, mas estou preocupado que
alguns idiotas façam algo com ela para me machucar.
Ele respondeu imediatamente: já estou nisso. Heather me alertou
que ela estava chegando. Me desculpe, cara. Se ela ainda estiver aqui
depois da minha luta, nós vamos tirar todo mundo o mais rápido possível.
Espero estar aí muito antes disso, eu respondi.
Você também fique atento. Jared Caldron era o #2 de Budd, e com
Brett fora, ele se aproximou. Nós ficamos cara a cara mais do que eu
quero admitir. Ele é a porra de uma cobra.
Eu me lembrava de Caldron. Obrigado. Eu estarei pronto para ele.
— Mason.
Eu afastei meu telefone quando vi James atravessando a sala com
outro homem. Esse cara... ele parecia vagamente familiar, mas eu não
conseguia lembrar. Ele estava vestido como meu pai: terno sob medida e
gravata colorida.
Eu balancei a cabeça. Por que as gravatas? Todos os empresários
que conheci hoje tinham sólidas gravatas, mas as cores me
incomodavam. Rosa. Rosa quente. Rosa suave. Roxa. Verde. Azul. Era
como se todos pensassem que estavam fazendo uma declaração de moda.
Ou eles eram apenas ricos? Não... Quando James se aproximou com esse
cara ao seu lado, me ocorreu — era a arrogância deles. Eles estavam
transmitindo seu lugar especial na vida: no topo, com uma secretária
chupando seus paus e uma mulher miserável e alcoólatra em casa, de
onde ela nunca iria embora.
Era assim que costumava ser para o meu pai. Não mais, mas eu vi
de novo agora.
Eu odiava essa atitude arrogante e elitista. Eu esqueci o quanto
depois de estar ausente em Cain por três anos.
— Mason — meu pai disse novamente. Ele bateu nas costas do
cara. — Este é Stephen Quinn. Não sei se você lembra, mas conhece o
filho dele.
Tudo clicou então.
Adam Quinn. O idiota que tentou tirar Sam de mim quando
começamos a namorar.
Eu fiz uma careta. — Eu sei o nome dele. Você não precisa dizer.
— Mason.
Esse foi o jeito do meu pai de me repreender. Seja bom, Mason, ou
você será expulso deste estágio. Eu tentei mascarar a carranca; eu
realmente tentei. Talvez fosse saber que Sam estava onde eu deveria
estar, ou me preocupar que algo estava errado com ela e eu não tinha
conseguido descobrir até agora, ou talvez fosse apenas o lembrete de que
eu realmente odiava o filho chorão desse cara, mas o que quer que fosse,
eu sabia que a carranca não estava saindo.
Meu pai teria que lidar com isso.
Seus olhos contornaram meu pai e vieram para mim, o cara limpou
a garganta e estendeu a mão. — Uh, sem ofensa. James. Se estou me
lembrando corretamente, meu filho teve uma queda pela namorada do
seu filho. — Ele se inclinou para mim, oferecendo sua mão. — Isso foi
antes. Adam tem uma namorada maravilhosa agora.
Como se isso devesse me apaziguar.
Eu balancei a mão de qualquer maneira, passando meus olhos
para o meu pai. Viu? Eu posso jogar bem. Às vezes.
A boca de James era uma linha de desaprovação, mas ele disse: —
Sim, bem, estou feliz por ter apresentado vocês dois. Stephen, estou
designando meu filho para o projeto do hotel. — Ele olhou para mim como
se estivesse tentando transmitir uma mensagem.
Eu fiz uma careta.
— E seu filho está trabalhando com você também, não é? — Ele
continuou avaliando minha reação.
Foda-se isso.
Stephen riu. — Ah, sim. Adam está na empresa desde o ensino
médio e eu tenho lhe dado mais e mais responsabilidades. Ele ficará
encarregado de lidar com as promoções do hotel.
— Você está abrindo um hotel em Fallen Crest?
Meu pai se virou para mim, propositadamente mantendo suas
características neutras, mas eu vi o aviso à espreita sob a superfície. Ele
estava me colocando nisso, e ele não queria que eu estragasse tudo. Eu
tinha algumas palavras escolhidas para ele, mas as segurei de volta. Elas
podiam esperar até estarmos atrás das portas fechadas.
— Sim, no campo de golfe, e vai ser ligado ao clube de campo —
explicou James. — Haverá muita promoção cruzada acontecendo. Eu
estava esperando que esse fosse seu único projeto neste verão.
O subtexto era: você vai trabalhar com Adam Quinn. Lide com isso.
Eu estreitei meus olhos, mas não havia nada que eu pudesse dizer.
Ele falou sobre um grande projeto que ele queria que eu ajudasse, mas
nunca disse nada sobre trabalhar com outras pessoas na comunidade.
Meu pai e Stephen se viraram para ir, mas não antes de meu pai
dizer: — Meu escritório em dez minutos, Mason? Nós podemos passar
pelos detalhes lá.
Eu fui esperar por ele. Eu precisava dizer a ele que eu teria que sair
do trabalho mais cedo, mas uma vez que estávamos lá dentro com a porta
fechada, ele sentou em sua mesa e começou com: — Teremos um
problema aqui?
— Eu odeio o filho desse cara.
— Eu percebi isso. — Ácido pingava de sua voz, enquanto ele
cruzava as mãos sobre a mesa. — O que eu perguntei é se vamos ter um
problema.
Eu segurei seu olhar; e senti outras merdas acontecendo. — Por
que você está me colocando neste projeto? Quais são minhas
responsabilidades? — Havia uma razão. Tinha que haver. Eu não era
conhecido por me dar bem com as pessoas, especialmente quando elas
iam atrás daquelas que eu amava. Não importa há quanto tempo isso
aconteceu. Adam mostrou suas cores, então, eu duvidava que elas
tivessem mudado.
James suspirou e recostou-se na cadeira de couro. — Adam Quinn
está namorando Becky Sullivan. Eu acredito que ela também era amiga
de Samantha.
Eu assenti. Aqueles dois juntos? Como isso funcionou?
— Estou lhe dizendo isso porque Stephen Quinn se envolveu em
uma amizade íntima e pessoal com o comissário e o prefeito de nossa
comunidade, duas pessoas que eu quero do meu lado. Que eu preciso do
meu lado.
— Então me fazer trabalhar com o filho dele é estúpido. Eu odeio
aquele pedaço de merda. Eu provavelmente vou socá-lo em algum
momento.
— Você terá que se abster, mas não é por isso que estou colocando
você no projeto. Tem havido rumores de que Stephen está fazendo algo
ilegal, e acho que os outros dois estão envolvidos também. Ele tem um
grupo restrito que está trancado para o resto de nós da comunidade.
Exceto…
— Exceto, talvez, o próprio filho — terminei.
— Você é o único no meu campo que tem laços com o filho dele.
Sim, vocês eram inimigos, mas aquele garoto vai assumir o império de
seu pai. Você não vai jogar futebol para sempre, Mason. Estou ciente de
que este é seu plano B, está aqui se quiser. E eu preciso que você faça
isso por mim.
Eu estava cauteloso, mas ele tinha razão em alguns pontos. Eu
teria que trabalhar com pessoas como eles eventualmente.
— O que você quer que eu faça? Descubra o que é essa merda
ilegal?
— Você poderia ter usado uma linguagem melhor, mas sim,
descubra qual é a merda ilegal. Você acha que pode fazer isso?
— Você estava esperando usar Sam para isso também? Porque ela
está fora. Eu não vou deixar você usá-la assim.
Ele levantou as mãos. — Eu sei. Sam está fora. Concordo. É muito
complicado, especialmente com Analise. Eu estive fora, Mason. E perder
a pista interna com algumas pessoas importantes em nossa cidade foi
uma das consequências. Eu preciso voltar lá, e informação é sempre
poder.
Ele estava certo nessa, com certeza. Foooooooda. Eu teria que ser
cordial com Adam. Eu poderia até ter que ser legal.
— Sério? Adam Quinn? Tinha que ser ele?
— Eu não escolhi os jogadores. — Meu pai me deu um sorriso leve.
— Se eu tivesse, não seria você.
Eu revirei meus olhos. — Bem, fique feliz que Logan não esteja por
perto. Isso é uma coisa a seu favor.
Ele empalideceu. — Eu nunca pensei nisso. Você está certo. Ele
teria explodido dentro de um dia. — Suas mãos se achataram sobre a
mesa. — Então, você vai fazer isso?
Eu assenti. — Qualquer maneira de pegar os Quinns, eu estou
dentro.
— Obrigado, Mason. Mesmo.
— Quando este projeto começa?
— Agora.
Eu balancei a cabeça. — Não. Tem que ser amanhã. Eu tenho que
fazer uma coisa.
— Você está indo? Você está...
Ele pegou meu olhar de aviso e decidiu por um aceno de cabeça,
apontando para a porta. — Bem. Vejo você amanhã de manhã. Há uma
reunião às sete horas no clube de campo de qualquer maneira. Vá direto
para lá. Você estará trabalhando lá na maior parte do tempo, já que é o
mais próximo do hotel.
Eu levantei para sair.
— Mason — chamou atrás de mim.
— Sim?
— É bom ter você a bordo.
Isso foi inesperado. Eu levantei a mão. — Não me agradeça ainda.
Eu não fiz nada.
— Não foi o que eu quis dizer.
Eu sabia o que ele queria dizer. Eu apenas ignorei. Eu não estava
trabalhando aqui para um melhor relacionamento pai/filho. Eu estava
aqui para cumprir uma exigência, e era isso. Mas primeiro eu tinha que
lidar com um problema diferente: a mulher que eu amava.
CAPÍTULO CINCO
SAMANTHA
A multidão dobrou desde a minha ligação para Mason. Eu assumi
que algo surgiu em seu estágio porque já faz um tempo desde que
conversamos. Mandei uma mensagem uma vez perguntando se ele ainda
estava vindo e ele respondeu que tinha que fazer um pequeno desvio. Isso
foi há duas horas, e o sol estava começando a se pôr, então uma sensação
sombria surgiu no ar, misturando-se com os cheiros de cerveja, suor e
comida gordurosa. A música de um palco próximo batia nos meus
ouvidos, mas eu gostei, me recostando na caçamba do caminhão onde
Heather e eu nos sentamos.
Channing e seus amigos estavam conversando e rindo. Um casal
sentou em cadeiras de jardim, segurando bebidas e observando as
meninas passarem. Algumas daquelas garotas pararam para conversar,
depois passaram os olhos para Heather e eu. Foi divertido assistir,
porque eu poderia dizer quais garotas estavam interessadas em
Channing. Quando viram Heather, continuaram seguindo em frente.
Estávamos na esquina do estacionamento com a tenda de combate
a poucos metros de distância e um palco do outro lado, então as pessoas
iam e vinham do estacionamento e checavam quem quer que estivesse
brigando dentro da tenda. Enquanto os grupos dos caras passavam,
alguns pararam e cumprimentaram os caras com Channing. A maioria
acenou com a cabeça, bateu no ombro ou bateu o punho. Alguns outros
pararam e puxaram Channing para cima e para baixo, zombaram e
continuaram andando.
Um cara estava fazendo exatamente isso agora. Ele tinha um grupo
de sete ou oito ao seu redor, mas ao contrário dos outros que olhavam
para os amigos de Channing — e tinham sido ignorados ou brincavam
sobre isso — esse cara recebeu uma recepção diferente. Todos baixaram
suas bebidas e Channing saiu na frente de seus amigos. Eles ficaram
atentos atrás dele, prontos e esperando para ver o que aconteceria. Uma
dupla estava tentando fazer garotas conversarem com eles, mas quando
viram o cara, as mulheres imediatamente se acalmaram, afastando-se.
Heather cutucou meu braço, inclinando-se para perto. — Aquele é
Jared Caldron. Você precisa tomar cuidado com ele.
Eu avaliei. Seu cabelo estava em um moicano loiro, e ele era um
pouco mais baixo que Channing, então ele ficaria uma ou duas polegadas
abaixo da altura de Mason também. Seu rosto era redondo, mas suado
com um bronzeado profundo. Ele tinha algumas cicatrizes em volta da
boca e nos cantos dos olhos. Eu não queria pensar de onde elas vieram.
Ele me lembrou um pouco de um ogro do qual eu tinha lido, mas com
uma atitude durona. Olhos cinzentos afiados sorriram de volta para
Channing. Ele segurava uma lata de um litro na mão e usava uma
camiseta sem mangas e já suja. Era tão folgada que, quando o vento
passou, levantou o tecido e dois mamilos perfurados apareceram. Calça
jeans rasgada completava o conjunto. A maioria de seus amigos usava
algo semelhante, e a maioria deles eram mais altos que esse cara. Alguns
eram mais musculosos, mas dois eram apenas mais pesados — com
barrigas de cerveja. Haviam algumas garotas com eles, mas eu não estava
prestando atenção nelas.
— Por que eu preciso tomar cuidado? — perguntei a Heather. —
Quem é ele?
Ela já estava perto, mas quando os olhos do cara se moveram para
nós, ela se aproximou ainda mais. Ela baixou a voz enquanto ele nos
observava. — Ele era o melhor amigo de Budd no ensino médio —
Channing falou, distraindo Heather de qualquer outra coisa que ela
estava prestes a adicionar. — Siga em frente, Caldron. — Channing se
mexeu, então ele bloqueou a visão do cara de Heather e eu. — A menos
que você queira começar a luta mais cedo.
— Calma, Monroe. — O cara tinha uma voz leve, o que me
surpreendeu, mas ele definitivamente era convencido e o líder de seu
grupo. — Essa é a mulher de Kade, não é?
Eu engoli em seco. Foi sobre isso que Mason me alertou.
— Ela está conosco e não é da sua conta.
Caldron bufou. — Sim. Certo. Mas é bom saber.
— Siga em frente. Agora.
O comando saiu suavemente. Eu não deveria ter podido ouvi-lo, já
que Channing estava a poucos metros à nossa frente, de costas, mas de
alguma forma, o grupo inteiro ouviu. Os amigos de Channing pareciam
ficar ainda mais atentos, como se fosse um sinal de alerta e a próxima
palavra falada pudesse ser o comando deles para atacar.
Eu me encontrei segurando minha respiração. Talvez eu devesse
ter ido embora em vez de esperar que Mason viesse aqui.
— Sim, sim. — Ele avançou um par de passos, e seus olhos nos
encontraram novamente, então ele falou com Channing. — Mas isso não
é mais o ensino médio. Não há Brett para nos manter na linha, lembra?
Você se lembra disso também.
Pela segunda vez, Channing nos protegeu da visão do cara. Seus
braços estavam soltos ao lado do corpo, mas ele segurou a cerveja com
mais força, começando a amassar a lata em uma bola. Então parou como
se estivesse esperando que algo mais acontecesse.
O tempo pareceu ficar parado, mas demorou apenas alguns
segundos até que Caldron grunhiu uma vez e depois se afastou, ainda
olhando por cima do ombro para nós. Seus amigos seguiram, assim como
as meninas que estavam com eles, rindo e quase tropeçando em seus
calcanhares.
Heather sacudiu a cabeça. — Beth Clovers. Ela é uma idiota. Quem
usa saltos de prostituta para andar na grama, suja e lamacenta?
Eu não respondi. Eu ainda estava olhando para Caldron e seus
amigos. Eu os acompanhei até que eles foram engolidos por outro grupo.
Eu olhei para Channing. Ele olha para mim e eu meio que espero algum
comentário sobre como eu não deveria estar lá. Nada veio. Seus olhos
foram para os de Heather antes que um de seus amigos dissesse alguma
coisa. Um sorriso calmo apareceu em seu rosto e ele se virou, socando o
amigo no braço. Então tudo foi esquecido.
O momento tenso se foi.
— Você precisa ficar grudada em mim esta noite — Heather
instruiu.
Eu assenti. Depois de ver isso, não havia como arriscar sequer uma
ida ao banheiro sozinha. — Entendi.
— Quando o seu cara chega?
Essa pergunta veio de um dos amigos de Channing. Eu não
lembrava o nome dele, mas ele era careca com duas grandes tatuagens
de chamas que circulavam sua cabeça. Eu olhei para as costas dele
antes, quando estávamos nos movendo no meio da multidão. O grupo
inteiro parecia estar esperando pela minha resposta.
— Eu não tenho certeza, na verdade. Ele mencionou uma reunião
depois do trabalho, mas ia se livrar dela.
— Bem, nos avise, sim? Nós vamos encontrá-lo.
— A notícia saiu agora — acrescentou Channing. — As pessoas
sabem que você está aqui, então eles vão estar esperando por ele também.
Logan e Nate foram embora, certo?
Eu assenti. A frase "hora ruim" não chegava perto de descrever
isso. Hora foda era mais precisa. — Ele disse que tentaria encontrar
outros para vir com ele, mas… — Esse era Mason. Mais do que provável,
que ele viesse sozinho porque queria estar ao meu lado.
Channing parecia estar no mesmo pensamento. — Envie uma
mensagem para ele. Diga que você quer saber quando ele vai chegar.
Eu balancei a cabeça e peguei meu telefone, mas então ouvi a voz
de Mason ao meu lado, subindo pela lateral do caminhão. — Estou aqui.
E ele não estava sozinho.
Minha boca caiu. — Matteo?!
O companheiro de equipe de futebol de Mason sorriu de volta,
passando a mão pela cabeça raspada. Ele estava vestido quase como
Caldron, com uma camisa branca sem mangas por cima do jeans, mas
era aí que as semelhanças terminavam — sem anéis de mamilo e em vez
de parecer que ele estava enlameado o dia todo, Matteo estava mais limpo
e aparado do que da última vez em que o vi.
Ele grunhiu, batendo a mão nas costas de Mason. — Esse cara me
chamou com um timing perfeito. Eu estava prestes a embarcar no avião
para casa, mas ele me convenceu a ficar na famigerada Fallen Crest por
algumas semanas. — Seus olhos escuros se demoraram em Heather, e
ele estendeu a mão. — Não sei se já nos conhecemos. Eu salvo a vida
deste cara no campo.
Mason riu. — Salvaria se não fosse tão lento. Você está na linha de
frente.
— Tanto faz. — Matteo revirou os ombros, parecendo perplexo.
Duas covinhas apareceram de volta para Heather. — De verdade, minha
alma deve estar trabalhando nos dois sentidos. Olá amiga de Sam, que
também deve ser minha amiga. — Ele deu um passo à frente, com a mão
ainda estendida.
Eu olhei para Channing, mas ele não parecia se importar. Estava
rindo com o resto de seus amigos. A recepção foi muito menos tensa do
que foi com Caldron. Eles sabiam que Matteo não era uma ameaça de
qualquer forma, e um segundo depois, Heather confirmou.
Ela olhou para a mão, depois se virou para olhar a multidão. — Eu
acho que você pode querer apontar essa mão para o meu namorado, a
luta dele é a principal atração desta noite.
— Oh. — Matteo retirou a mão, olhou em volta e acenou para
Channing. — Olá, amigo de Mason, que eu espero que seja um amigo
meu também. — Ele apontou um polegar na direção de Heather. — Sem
desrespeito. Eu sou uma alma amiga aqui para dar suporte ao meu
homem, só que fora do campo desta vez.
Channing sorriu, movendo-se ao redor de uma cadeira de jardim.
— Não tem problema. — Ele acenou para Mason. — Apenas um?
Mason levantou um ombro, seus olhos se demorando em mim. —
Foi de última hora.
— E quem é melhor do que eu? Huh? — Matteo acrescentou.
Os outros voltaram ao que estavam fazendo antes: flertar, olhar as
garotas ou conversar. Channing baixou a voz. Eu não consegui entender
o que ele disse para Mason e Matteo, mas ambos me olharam com
expressões sérias. Eu senti uma vibração nervosa no meu estômago.
— Ele está contando sobre Jared — disse Heather.
Jared? Ah, sim. Jared Caldron.
— Ele é má notícia? — Eu não precisava perguntar. Eu já sabia.
Senti isso no meu instinto.
— Oh, sim. Budd tentou estuprar Kate, lembra? Quem você acha
que deu a ideia a ele?
A sensação de vibração cresceu e o gelo fluiu em minhas veias. —
Bom saber.
— Não se preocupe, no entanto. — Heather clareou seu tom. —
Você está segura. Os caras estão apenas sendo cautelosos. Caldron
estava em cima de Channing desde a volta à escola. Channing começou
o sistema de tripulação para ajudar a empurrar Budd e Brett para fora
do poder que eles achavam que tinham.
— Sistema de tripulação?
— Sim, é como uma versão suave de gangues. Ele teve que fazer.
Uma vez que ele formou sua equipe, outros se juntaram e se aliaram.
Budd perdeu muito poder no final do seu último ano. Não era tudo sobre
proteger Mason e você, mas algumas delas eram. Budd não poderia
descontar em Channing. Se ele fizesse isso, arriscaria a ira de todas
aquelas tripulações. Acho que foi outra razão pela qual ele se concentrou
em ferir quem quer que seja a namorada de Mason.
A vibração agora cresceu em uma rocha de tamanho normal,
sentada bem ali no fundo do meu estomago.
Eu soltei uma risada trêmula. — Eu esqueci como foi aquele ano
na escola.
Tem sido assustador na Fallen Crest Public, mas eu sabia que era
muito pior em Roussou. A cidade deles não tinha as fábricas e empresas
que a Fallen Crest tinha, o que dava mais dinheiro.
— Kate e aquelas vadias. — Heather estava bem ali comigo. — Elas
ainda estão por perto, sabia?
— O quê?
— Kate. Ela está trabalhando no salão em Roussou. Ela ficou
alienada de seus amigos depois daquele ano, então ela se mudou
oficialmente para cá. Transferida para a escola de Roussou vinda de
Fallen Crest e tudo mais. Acho que ela está na quadra de trailers com o
namorado agora.
Eu revirei meus olhos. — Adorável.
— Eu odeio dizer lixo branco porque alguns podem me considerar
lixo branco, mas essa garota realmente é. Se ela não está fazendo cabelo,
ela está no bar do Channing ou bebendo em seu trailer. — Heather
pensou por um segundo. — Ou na frente do trailer. Essa quadra não é
nada mal. Eu tenho uma amiga que mora lá e ela odeia quando Kate faz
isso. Faz todo o lugar parecer ruim, sabe?
— Channing tem um bar?
— É do pai dele, mas ele assumiu este ano.
— Porque já era hora? — Eu não estava realmente pensando sobre
a conversa, apenas levando até ouvi-la responder.
— Não, porque o pai dele está na prisão.
Isso chamou minha atenção. — O quê?
— Você não sabia?
Eu balancei a cabeça. — Você nunca disse.
— Oh. — Sua cabeça abaixou um pouco. — Às vezes eu não digo
coisas porque eu não quero que você olhe para mim diferente.
— O quê? — Isso veio do campo esquerdo. — Por que eu faria isso?
Ela olhou para Mason e depois para Matteo, e eu vi o que ela queria
dizer. Channing e seus amigos estavam bem, vestindo jeans e camisetas,
e Mason e Matteo não estavam vestidos de maneira diferente. Ambos
usavam camisetas da Cain University, a de Matteo sem mangas, e ambos
usavam jeans. Mas era a aparência deles. Eu não entendia, mas era óbvio
que Mason tinha dinheiro. E Matteo se destacava, como se ele fosse de
uma liga acima deles ou algo assim.
Eu odiava pensar assim, mas era assim que Heather os via.
Era assim que Heather me viu.
— Eu não sou rica.
Ela meio bufou, meio gargalhou. — Você literalmente tem uma
escolha entre a mansão para viver no verão: a do seu pai, do pai dele ou
até mesmo do seu pai biológico. — Ela ergueu as mãos. — Nada contra o
dinheiro. Eu não procuro, mas estamos indo bem com Manny's. — Ela
se mexeu, suas mãos curvando-se ao redor da borda do caminhão
enquanto ela se inclinava para frente. — Mas não estamos ao alcance de
vocês. Então sim, eu acho que às vezes eu não digo coisas por causa
disso.
Minha língua nunca se sentiu mais pesada do que naquele
momento. — Minha mãe usou um fio para fazer seu próprio aborto. Ela
ameaçou denunciar Mason por fazer sexo comigo, então ele seria
classificado como criminoso sexual quando estávamos no colegial. Não
há nada que me faça melhor do que você. Confie em mim.
— Eu sei. Eu sei. E eu sei que você não pensa assim, mas ... — Ela
fez uma pausa, suspirando pesadamente. — Às vezes é intimidante.
— O que é?
Eu estava ficando chateada. Eu nunca esperei nada disso dela.
— Observar até onde você vai com Mason e Logan e saber que eu
vou estar no mesmo lugar pode ser ... humilhante às vezes.
Humilhante? Eu estava honestamente chocada. — Do que você
está falando?
— Nada. — Ela gesticulou para os caras começando a se reunir.
Channing parou para se juntar a eles enquanto Mason se encaminhava
para nós. — A primeira luta deve estar começando.
— Heather. — Eu toquei seu braço.
Ela pulou da cama do caminhão quando Mason chegou. — Nada.
Esqueça o que eu disse. — Ela deu um sorriso a Mason. — Eu vou te dar
um pouco de espaço.
Matteo ficou atrás de Mason e ela segurou-o no ombro. — Vamos
lá, rapaz adorável. Vou apresentar algumas garotas amigáveis que você
pode conhecer.
— Eu sabia que havia uma razão pela qual eu fiquei atraído por
você. — Ele a olhou de cima a baixo novamente, mas o brilho lascivo
sumiu. — Você é uma garota, não é? Você consegue caras aqui. — Ele
gesticulou para o peito.
Heather inclinou a cabeça para trás, o cabelo loiro sujo ondulando,
e ela piscou para ele. — Mais como lá em baixo. — Seus olhos caíram
para sua virilha. — Eu cresci com meu pai e dois irmãos. Eu entendo os
caras.
Matteo gemeu, suas mãos chegando ao seu peito. — Estou sentindo
dor aqui. Por que você tem que ser comprometida, e por alguém que
parece legal como merda?
Ela riu. — Vamos. Você gosta do nome Tiffany? — Sua voz sumiu
quando ela o puxou para frente do grupo.
Eu sabia que ela fez isso para dar privacidade a Mason e a mim, e
a sensação de humildade que ela mencionou agora pousou no meu peito.
Me senti aterrada ao aço do caminhão abaixo de mim. Eu reiterei um
pouco do que ela disse para Mason.
— Ela é uma boa amiga para você. Fiel.
— Eu não me sinto boa o suficiente para ela. Não mais.
— E é por isso que você é uma boa amiga. — Ele deixou cair um
beijo na minha testa, sua mão se curvando e descansando nas minhas
costas. — Vamos. Podemos conversar mais tarde. Apenas fique perto de
mim.
Eu inclinei a cabeça para trás para olhar para ele. — Nós vamos
ficar? Eu pensei que você queria ir imediatamente.
Ele deu de ombros, olhando para onde Channing estava de pé. —
Eu meio que quero vê-lo lutar.
Não havia um "meio que". Ele queria. Eu podia ouvir em sua voz e
sabia que parte de Mason sentia falta daqueles dias. Parecia mais simples
naquela época. Eles poderiam lutar e não se importar com as
consequências. As coisas eram diferentes agora. Futuros tinham que ser
considerados. As decisões tomadas agora podiam prejudicar a carreira
de alguém.
Eu enfiei minha mão na dele e apertei. — Eu sinto muito.
— Por quê?
— Por vir aqui e não pensar no que eu estaria me metendo.
Ele deu de ombros novamente. — Está bem. Eu tenho Matteo aqui
e nós vamos lidar com o que acontecer.
Eu vi como ele estava observando Channing. Ele queria apoiar seu
amigo e eu olhei para a minha amiga. Eu não me sentia como uma boa
amiga para ela.
— Vamos lá. — Ele me tirou do caminhão e sua mão descansou
nas minhas costas.
Ele começou a ir para a tenda de combate, mas eu o parei. —
Heather não fala muito sobre Channing ou sobre Roussou comigo. Se há
alguma parte sua culpando-a por me trazer aqui, não foi isso. É minha
culpa. Eu deveria saber, e uma parte de mim não deveria, porque eu não
falo com ela sobre essa parte de sua vida. Eu não tenho sido uma boa
amiga.
Os olhos de Mason seguraram os meus, provocando um sentimento
diferente por dentro. Os nervos ainda estavam lá, mas se misturavam a
outro tipo de tensão. Nós voltamos para casa, e agora que estávamos
aqui, precisávamos encarar a música. Não fazia sentido para mim, mas
o que eu disse era verdade. Eu não poderia ser amiga de Heather se eu
tivesse apenas metade dela. Isso não era ser uma verdadeira amiga como
eu pensava que era.
Minha boca estava seca e eu não disse nenhuma dessas palavras
para Mason, mas ele estava me observando. E como se ele tivesse lido
minha mente, como tinha certeza que podia, seus olhos suavizaram.
Ele colocou uma mecha solta de cabelo atrás da minha orelha. —
Eu sei, mas não posso mentir. Eu não gosto de dever a outra pessoa por
me dar apoio. Não é nada contra o Channing. Eu gosto dele. Eu o
respeito, mas ele não é da família. Logan e Nate são, e nenhum deles está
aqui. — Seus dedos se entrelaçaram com os meus. Ele começou a
avançar, me levando. — E tenho que ter muito cuidado com o que faço.
Qualquer vídeo vazado pode ser o fim da minha carreira.
Essa foi a sensação que tive — o outro tipo de nervosismo. Meu
estômago caiu aos meus pés, com a pedra e tudo.
Olhando em volta, reparei quantas pessoas estavam prestando
atenção em nós. Eu me senti assim quando Mason estava no ensino
médio, e isso só piorou na faculdade, mas de pé aqui agora, entre essa
multidão mais áspera, era diferente. As pessoas queriam conhecer Mason
para que pudessem usá-lo em Cain. Não era assim aqui. Essas pessoas
queriam machucá-lo.
E eu era uma maneira de isso acontecer.
Eu fui tão estupida.
CAPÍTULO SEIS
O calor estava quase sufocando quando entramos, e Heather
acenou para nós do canto deles. Eles se posicionaram perto de uma
abertura na tenda, então uma pequena brisa entrava, dando-nos um
pouco de descanso. Channing não estava mais lá, mas seus amigos
vieram até nós. Ou vieram até Mason e eu, principalmente. Todos eles,
Mason incluso, ficavam olhavam ao redor, e eu tive que me chutar
novamente.
Eu esqueci o quanto ele era odiado.
Como se lesse minha mente, Mason apertou minha mão
tranquilizadoramente. Eu deslizei meus dedos entre os dele, e apesar do
calor, ele me puxou na frente dele. Ficamos assim, de mãos dadas,
minhas costas descansando contra o peito dele. Eu peguei Heather nos
dando um sorriso quando um grito alto se levantou.
Um cara vestindo um robe branco pulou no ringue de boxe
improvisado. Enquanto a multidão continuava a aplaudir, ele ergueu dois
punhos no ar e eles realmente se soltaram. Ele começou a saltar ao redor,
fazendo um pequeno passo com os pés até que um cara gritou do lado de
fora e jogou um microfone para ele. O cara do robe parou e pegou, e, de
repente, a barraca ficou quieta. Ele puxou o capuz para cima, parando
no meio do ringue e segurou o microfone. Nós podíamos ouvi-lo
respirando.
— Vocês estão prontos? — ele sussurrou primeiro.
Houve silêncio. Um cara gritou uma batida depois: — Yeah!
— Vocês estão prontos? — perguntou, uma fração mais alta, não
exatamente um sussurro.
— Sim! — o mesmo cara gritou de volta, acompanhado por outros.
Punhos começaram a tremer no ar e mais pessoas gritaram: —
Vamos! Vamos começar.
— Eu disse… — Ele empurrou o capuz para trás e levantou o rosto.
— Vocês estão PRONTOS?!
— Porra, sim, filho da puta!
Eu sacudi, batendo em Matteo, que estava ao nosso lado.
O cara atrás de nós tinha rugido isso, e quando percebeu minha
reação, ele me deu um sorriso. — Desculpa. Eu fico animado.
Eu assenti. — Eu notei.
O locutor gritou alguma coisa no microfone, mas eu não consegui
ouvi-lo. A multidão o afogou, mas eu entendi que ele anunciou a primeira
luta.
Depois de um nocaute rápido, ele introduziu a segunda e terceira
luta da mesma maneira. Eu tive que sair para ver se o zumbido nos meus
ouvidos desaparecia quando o volume diminuía ou se era permanente.
Eu ainda não tinha certeza, dez minutos depois, quando Heather
fez sinal para eu voltar. A última luta estava começando, a luta de
Channing.
A multidão estava insana. Quanto mais sangrenta a luta, melhor.
O locutor recuou para o ringue. Ele ergueu as mãos e a multidão se
aquietou. Mason segurou minha coxa e eu pisei de volta nele. Apenas
sentindo-o me firmar.
Heather olhou por cima do ombro. Eu segui seu olhar e lá estava
Channing. Ele não usava camisa, e seu short preto pendia baixo em seus
quadris. Channing era um cara de boa aparência e eu podia ver o que os
outros estavam vendo. Ele era musculoso e construído. Mas enquanto ele
estava lá, balançando os braços para trás e para frente e pulando de leve
para cima e para baixo, não era ele que eu estava vendo.
Eu vi Mason.
Ele era o único que se preparava para lutar.
Ele era o único que todos estavam assistindo.
Ele era o único com que todos queriam lutar.
Eu podia sentir uma pressão subjacente daqueles que nos
rodeavam. As pessoas continuavam olhando para Mason, e eu sabia que
Caldron estava olhando do outro lado do ringue. As pessoas realmente
queriam ver Mason lutar. Outra onda de auto aversão veio sobre mim.
Eu não deveria ter vindo aqui. Qual o meu problema?
Um novo rugido surgiu da multidão, e eu me virei para ver
Channing indo para o ringue. Seu adversário subiu do outro lado. Depois
de outra rodada de anúncios, a luta começou. Eu ainda não conseguia
me livrar da sensação de Mason estar envolvido.
Quando Channing se abaixou, vi Mason se abaixando. Ele acertou
o outro cara com um rebaixo, e eu quase pude sentir a mão de Mason se
contraindo. Channing dançou de volta, evitando socos e devolvendo com
os seus. Isso continuou até que, eventualmente, o outro cara se
desgastou. Então Channing foi para a sua vitória. Ele terminou a luta em
uma rodada, entregando um soco antes da campainha tocar.
O cara caiu e ele não se mexeu.
Channing foi o vencedor.
A multidão enlouqueceu e eu vi luxúria nos olhos de Heather. Seus
lábios se separaram e ela deu para ele um sorriso lento e sedutor. Ele
estava olhando para ela também, seus próprios olhos já escurecidos. Se
eu não tinha certeza antes, eu tinha agora. Heather estava apaixonada,
e ela nunca ia sair do lado dele.
Eu me inclinei contra Mason. Sua mão segurou minha cintura, me
ancorando a ele. Todos os meus amigos estavam se acomodando,
encontrando aqueles que amavam. Logan tinha Taylor. Heather
finalmente acabou com o Channing, e eu encontrei minha alma gêmea
há muito tempo. Todos nós lidamos com obstáculos, e agora era hora de
nos prepararmos para o futuro.
Saímos da tenda e esperamos que Heather parabenizasse
Channing por sua vitória. Eu enfiei a mão dentro do bolso da frente de
Mason e ele olhou para mim com um sorriso suave no rosto, sabendo o
que eu estava sentindo.
Eu estava pronta para ir para casa. Estava pronta para senti-lo
dentro de mim.
Nós esperamos, entretanto. Os amigos de Channing queriam
comemorar mais e Channing cumprimentou outras pessoas que ainda
estavam chegando para oferecer seus parabéns. Matteo tinha uma garota
em seus braços. Eu não tinha ideia de onde ela veio, mas suas mãos
estavam em volta da cintura dele, e ele jogou o braço em volta dos ombros
dela, segurando-a firmemente ao seu lado. Heather estava ao lado de
Channing. Ela não estava grudada nele como cola, mas depois de ver
alguns olhares de lobo compartilhados entre os dois, eu sabia que
poderíamos ir. Heather não estaria pronta para sair tão cedo.
Eu apertei a mão de Mason.
Ele olhou para baixo. — Esta pronta?
Eu balancei a cabeça e empurrei minha cabeça em direção a
Matteo. — E ele?
— Uh… — Mason encolheu os ombros. — Eu vou trocar uma
palavra com ele, mas tenho certeza que ele quer ficar.
Isso estava bem pra mim. Fui até Heather e avisei que estávamos
indo.
— Vocês estão bem de voltar sozinhos? — Channing perguntou. —
Nós podemos acompanhar vocês.
Mason veio atrás de mim. Eu podia sentir seu calor e uma de suas
mãos encontrou meu quadril de novo, enterrando-se debaixo da minha
camisa. — Podemos ligar se tivermos problemas.
— Apenas se atente a Caldron. Agora que você está aqui, ele pode
sentir o gosto do sangue na água.
— Eu tenho prestado atenção. Ele e seus amigos foram para um
dos palcos há alguns minutos atrás.
Channing assentiu, descansando contra Heather com os braços
cruzados sobre o peito. — Eles estão bebendo a noite toda. Fiz alguns dos
caras ficarem de olho neles também, mas eles estão apenas começando.
Apenas fique de olho. Se um deles perceber que você está saindo, ele fará
uma tentativa. Você está aqui sem Logan e Nate. É a melhor chance que
eles terão, e eles sabem disso.
— Nós estaremos observando. — Mason acenou para ele
novamente, começando a me afastar. — Obrigado por cuidar de Sam
antes, e parabéns pela vitória.
Channing sorriu. — Eu gostaria de ver você no ringue. Algo me diz
que você daria conta.
Mason espelhou seu sorriso, mas não disse nada.
Eu acenei para Heather e ela acenou de volta, mas ela já estava
derretendo no lado de Channing. Ele levantou o braço para envolver seus
ombros quando nos afastamos do grupo.
A área fora da tenda ainda estava cheia de pessoas andando, mas
desde a última luta, a multidão principal tinha migrado para as outras
tendas que tinham bandas tocando nelas.
Nós podíamos ouvir a música enquanto estávamos com o grupo,
mas quando descíamos a fila de carros, começou a desvanecer-se. Estava
quieto em comparação com a multidão que acabamos de deixar, e uma
sensação quase estranha tomou conta de mim.
— Você está bem?
Suspirei, segurando firme na mão de Mason. — Por que você não
está mais bravo comigo?
Ele parou, virando-se para me olhar. — O que você quer dizer?
— Isso. — Eu indiquei onde estávamos. — Este lugar é perigoso
para você.
Ele levantou um ombro. — É o que é. Nós poderíamos ter saído
antes. Eu também queria ficar e você queria passar um tempo com sua
amiga. Não há nada de errado com isso. Além disso, os inimigos que
tenho aqui são parcialmente culpa minha — acrescentou. — Nós não
tivemos que lutar muito com Broudou naquela época. Nós fizemos
algumas coisas estúpidas. Carros em chamas? Merda. Logan queria
incendiar até o celeiro dele. — Ele fez uma pausa, franzindo a testa. —
Acho que ele incendiou mesmo.
Eu não falei nada. Um celeiro não era nada comparado com a casa
da fraternidade.
— Não se martirize. É uma pilha de merda, e você pode ter ajudado
a trazer essa pilha de merda para a minha porta, mas não é a sua merda.
É minha. Você não pode olhar de outra maneira.
— Uma pilha de merda? — provoquei, batendo meu quadril no dele.
— Você está soando como Logan.
Um leve sorriso levantou seu lábio superior. — Não diga a ele. Eu
nunca vou ouvir o final disso. Ele vai começar a proclamar que eu
secretamente quero ser ele. — Ele fez uma careta, mas eu peguei o olhar
que passou em seus olhos.
Ele sentia falta do irmão.
Murmurei: — Sinto falta dele também.
Ele olhou para baixo e nós compartilhamos um olhar com música
e luar como pano de fundo.
Então eu ouvi: — Você saiu sem se despedir? Tsc, tsc, Kade.
Jared Caldron estava atrás de nós, com um bastão na mão.
CAPÍTULO SETE
Mais três caras se filtraram pelos carros para ficar atrás de Caldron
e eu me virei para ver outros três em pé atrás de nós. Nós estávamos
encurralados a menos que corrêssemos pelos carros, mas quando a mão
de Mason pegou meu braço, eu não pude avaliar o que ele queria fazer.
Ele me moveu para trás e ficou de lado, com os carros atrás de nós.
— Qualquer coisa que tínhamos, terminou, Caldron. Foi para a
prisão com Broudou.
Jared veio para frente, seus olhos duros brilhando com raiva
fervente. — Certo. Porque você não teve nada a ver com isso, e sua
namorada também não.
— Ela não teve.
— Besteira. — As narinas do cara queimaram, e ele começou a
andar em nossa direção, balançando o bastão lentamente em sua mão.
Ele parou a alguns metros de distância, abaixando a cabeça. — Kate
delatou. Eu sei que você armou para que Budd pensasse que ela era sua
namorada, e não esta aqui — ele apontou o bastão para mim — o
funcionário ligou para os policiais enquanto ela explodia sua
caminhonete. Você é a razão pela qual ele foi para a prisão.
Eu poderia ter me acostumado com o quão seguro Cain era, e eu
poderia ter ficado chocada com a lembrança de quão inseguro era
Roussou, mas meus nervos e medo rapidamente se dissiparam. Eu
estava me ajustando na hora e quase rosnei. Minhas unhas afundaram
na palma da minha mão quando minha mão formou um punho no aperto
de Mason.
— Budd foi para a prisão porque ele ia estuprá-la — disse Mason
calmamente.
— Besteira.
Eu fui em frente. — Eu estava lá!
Mason me pegou, me mantendo no lugar com um braço de cimento
em volta da minha cintura.
Caldron riu. — Você tem coragem, mais do que eu me lembro do
ensino médio.
— Não fale com ela. — Mason enviou-lhe um olhar, acrescentando
em voz baixa: — Sam, pare.
— Não fale com ela?
Eu parei, ouvindo o tom zombeteiro de Caldron.
— Quem diabos você pensa que é? Eu não posso falar com sua
mulher? — Ele rosnou. — Garoto, eu farei o que eu quiser com a sua
mulher.
Mais dois passos. Ele estava ao alcance do braço agora.
Mason me colocou atrás dele novamente. Sua mão agarrou a minha
e percebi que ele estava guiando-a em algum lugar. Baixa. Baixa. Para o
meu bolso. Ele apertou minha mão em volta do meu telefone. Eu fui tão
idiota. Amaldiçoando baixinho, eu me virei e curvei meus ombros,
tentando esconder o telefone enquanto enviava uma mensagem para
Brandon e Heather. Eu esperava que um deles não estivesse muito
bêbado para notar o telefone tocar. Enviei outra mensagem para Matteo.
Eu não tinha o número de Channing, ou eu também enviaria uma.
Depois disso, eu fiz uma oração rápida e tirei a mão. Eu estava
hiperconsciente do telefone e, quando eles não retornaram, um
sentimento de desamparo me atingiu com força.
Eu pisquei de volta as lágrimas.
Mason estava em desvantagem. Ele não teve que lutar por muito
tempo. Isso não era bom.
— Veja. — Caldron jogou os braços para fora, balançando o bastão
enquanto apontava para seus amigos. — Essa conversa que temos é
apenas uma tática de demora. Eu precisava de tempo para garantir que
o resto dos meus amigos ficassem em posição.
O resto dos... Olhei em volta novamente. Os seis amigos agora
tinham outros quatro adicionados ao seu número. Então eram onze
contra Mason. Não. Onze a dois. Eu também iria lutar.
— Agora está tudo pronto. — Ele nos deu um sorriso. — Vamos
dançar. — Ele não terminou sua última palavra antes de balançar o
bastão, mas Mason se abaixou. O bastão passou a cabeça e ele virou,
pegando o braço de Caldron com as duas mãos. Ele se mexeu, puxando
Caldron para se deitar de costas. Seus dedos estavam apenas pastando
no chão. Os olhos de Caldron se arregalaram. O pânico explodiu por um
segundo, mas então uma fúria assassina veio à tona e ele começou a
lutar.
Mason ajustou seu domínio, enfiando o cotovelo no rosto de
Caldron antes de puxar o pulso para o lado.
Três coisas aconteceram então:
O bastão caiu no chão.
Eu ouvi um som de algo estalando quando Mason quebrou o pulso
de Caldron.
E os dez amigos correram para dentro.
O que se seguiu foi um borrão. Eu estava apavorada, desesperada,
irracional e assustada. Mas eu segui em frente, minhas mãos já em
punhos. Eu ia ajudar, e não me importava com o que eu tinha que fazer
para mantê-lo seguro. Minha visão estava nublada. Eu só podia ver
Mason e sentir o ataque iminente quando ele se ajoelhou e pegou o
bastão.
Ele jogou para mim.
Eu peguei, surpresa.
Ele grunhiu antes de virar e bater Caldron com um último bom
soco. — Mire nos joelhos. — E então, quando o corpo de Caldron atingiu
o chão, inconsciente, Mason começou a trocar socos com os outros.
Pisquei uma vez, provei o sal das minhas lágrimas e senti a mão de
alguém no meu ombro. Eu parei de pensar e caí no chão em uma postura
ajoelhada, varrendo com o bastão. Eu balancei com toda a minha força e
ouvi um som de trituração quando fez contato. Alguém gritou e caiu ao
meu lado. Essa foi a minha primeira vitória. Eu gostei por uma fração de
segundo antes de ser arrancada no ar.
Não houve estratégia depois disso.
Eu lutei. Eu lutei muito. Eu balancei com tudo que eu tinha. Eu
chutei. Eu mordi. Eu arranhei. Eu fiz meu corpo ficar mole em mais de
uma ocasião para sair do lugar de alguém. Eles não me socaram, mas eu
fui esbofeteada e derrubada no chão. Vi estrelas, mas me levantei,
apontando para a virilha e recebendo um som de rosnado como
recompensa. Eu não sabia se era um grito ou um suspiro, ou até mesmo
um choro. Eu só podia ouvir o barulho do meu coração. Isso afogou tudo
e eu estava de novo em pé novamente. Eu não tinha tempo para parar e
pensar.
Eu tinha que lutar.
Eu tinha que machucar.
Eu tinha que proteger.
Sentindo alguém atrás de mim, eu salto com o bastão, um grito
saindo da minha garganta. Alguém pegou o bastão e passou um braço
em volta da minha cintura. Eu tentei chutar para fora. Ele desviou meus
pés e disse apressadamente em meu ouvido: — Droga, Strattan. Sou eu,
Channing. Pare!
Channing
Ele era amigável.
Pare.
Eu caí em seus braços, procurando por Mason. Onde ele estava?
Ele estava circulando um cara, ainda lutando.
Eu comecei a avançar, mas Channing pegou meu braço. — Uau.
Se acalme.
Eu rosnei quando puxei minha mão e comecei a avançar
novamente, mas Channing agarrou meu braço mais uma vez.
Ele ficou na minha frente, segurando a outra mão para cima. —
Whoa, whoa, whoa. Veja. Ele está bem. Estava aqui. Ele cuidou disso.
Veja. Olhe, Sam.
Meus sentidos começaram a se acalmar. O preto ao redor da minha
visão desapareceu. Eu podia ver mais normalmente, e o zumbido em
meus ouvidos diminuiu. Engoli em seco, saboreando o sal e a poeira na
minha boca.
Channing estava certo. Os olhos de Mason eram mortais, mas
alertas, a boca em uma linha reta. Seus ombros estavam tensos, mas ele
parecia no controle. Seu adversário era um cara mais pesado. Ele
provavelmente superava Mason por cinquenta quilos, mas quando ele
deu um soco, Mason evitou facilmente e bateu de volta com um dos seus
próprios. O cara vacilou, caindo de joelhos. Mason recuou, com a mão
descendo com força e, um momento depois, o sujeito desabou no chão.
Mason o nocauteou.
— Merda.
Eu olhei para Channing, que tinha falado ao meu lado. Ouvi o
espanto antes dele irromper em um sorriso, indo em direção a Mason.
— Porra, Kade. Se o futebol não acontecer pra você, e se você não
for se tornar um empresário milionário como o seu pai, você sempre pode
lutar como reforço. — Ele riu de novo, balançando a cabeça.— Você e sua
garota pegaram dez membros da equipe de Caldron. — Ele se virou. —
Heather, você deveria ter aulas com Sam aqui.
Eu olhei e, sem dúvida, Heather estava bem ao meu lado, suas
mãos segurando meus cotovelos. Ela me deu um sorriso trêmulo. Eu vi o
medo em seus olhos e, então, outro momento de realidade me atingiu
como uma bofetada no rosto. A adrenalina foi um bom cobertor em torno
de mim, mas agora se foi, e eu ofeguei, sentindo dores em todo o meu
corpo.
Eu dobrei. — Porra.
— Sam!
Mason estava lá, suas mãos gentis em mim enquanto me ajudava
a me levantar. — Você está bem? — Ele me inspecionou toda, escovando
meu cabelo, sentindo meus braços, pernas e estômago. Quando ele
estava certo de que nada importante estava errado, ele me puxou para
seu peito.
— Você está bem? — Ele enterrou a cabeça no meu cabelo, na curva
do meu pescoço.
Seu abraço foi gentil, mas eu o esmaguei em mim. Ele não era o
único que precisava de tranquilidade.
Santa merda. Porra.
Onze contra dois.
Eu o senti salpicando beijos suaves no meu pescoço. — Quem sabia
que você era tão foda com um bastão, hein?
Um leve riso me escapou, causando uma nova explosão de dor no
meu peito. Mas foi bom. Muito bom. Eu me inclinei para trás para poder
vê-lo. — Você está bem?
Seus olhos vagaram por mim, seu amor e preocupação evidentes
ali. — Estou bem. Preocupado com você.
— Eu estou bem.
Essas duas palavras não pareciam certas, mas eu não era capaz
de falar mais naquele momento.
****
***
SAMANTHA
— Ei, minha irmã.
Abaixei meu livro quando meu meio-irmão Mark abriu a porta da
frente e saiu para a varanda com um sorriso no rosto. Ele parecia ter
acabado de tomar banho enquanto gesticulava para eu mover minhas
pernas para que pudesse se sentar ao meu lado.
Eu fiz uma careta. — Eu estava confortável.
Ele encolheu os ombros, esticando as longas pernas na frente dele.
— Você vai superar. Você sabe onde minha mãe está?
Balanço minha cabeça. — Ela tinha saído quando eu cheguei esta
manhã. Suponho que ela esteja no clube de campo. Uma de suas amigas
tem uma nova obsessão por eventos de casamento.
Ele gemeu, inclinando a cabeça para trás e apertando o topo do
nariz. — Ótimo. Minha mãe vai começar a pensar que é uma planejadora
de casamentos agora. — Ele olhou para mim. — Ela já está começando a
tocar a harpa para você e Mason?
Eu escondi um sorriso. — Porque nós dois sabemos que ela não
está em cima de você e Cass.
Mark era filho de Malinda, e estava hospedado na casa da
namorada desde que chegou em casa para as férias de verão. Cass era
um ponto de discórdia. Malinda a odiava e Mark não terminava com ela.
Eu fiquei um pouco triste quando soube que ele iria ficar lá em vez de em
casa. Mark era o único da Fallen Crest Academy, minha antiga escola,
que se dava bem com Mason e Logan. Além disso, teria sido bom passar
um tempo com o cara que na verdade era oficialmente meu irmão.
Ele grunhiu, estendendo-se ainda mais. — Acho que ela está
torcendo para ajudar sua mãe com o casamento dela, na verdade.
Eu me endireitei no meu lugar. — Você está falando sério?
Ele assentiu, bocejando. — Ela gosta de tentar ter boas relações
com todos. — Ele me deu um sorriso tranquilizador. — Eu não me
importaria com isso. Ela provavelmente está fazendo isso para espionar
Analise mais do que qualquer coisa. Minha mãe não vai deixar você se
machucar novamente. Ela estava chorando na noite da festa de Natal do
ano passado.
Fiquei surpresa. Essa fui a primeira vez que vi minha mãe
novamente e eu não estava totalmente preparada. — Isso não foi culpa
de Malinda.
— Mas ela viu sua mãe te machucar, e estava sob o teto dela. Você
sabe como ela é.
Eu fiz uma careta. Eu não gostei de ouvir isso. — Vou falar com
ela.
— Não. Esquece. Ela vai se preocupar de qualquer maneira. Apenas
a deixe fazer a coisa dela. Isso a acalma, pelo menos um pouco.
— Oh. OK.
— Oh! — Ele subitamente disparou. — Ei, hoje é o dia, não é?
— Que dia?
— O dia em que Adam e Mason vão trabalhar juntos. Certo? Ou eu
entendi errado?
Eu entrei no banheiro esta manhã para encontrar Mason olhando
suas feridas da noite anterior. Eu esqueci que ele tinha que se encontrar
com Adam esta manhã. Eu deveria sentir alguma simpatia pelo meu
namorado, mas quando eu vi seu corpo endurecido e definido apenas de
cueca boxer, essa foi a última coisa em minha mente. Mesmo que nós
dois estivéssemos sofrendo, um minuto depois eu estava no balcão com
minhas pernas enroladas em volta de sua cintura enquanto ele deslizava
para dentro de mim.
Meu pescoço ficou quente. Eu tossi. — Oh sim? Era hoje?
Ele revirou os olhos. — Como se você não se lembrasse. Eu meio
que pensei que você estaria lá, espionando Mason enquanto minha mãe
espionava um próximo casamento.
Já havia um casamento programado para espionar, mas eu não
disse isso. — Certo. Porque eu sou do tipo de fazer isso?
— Uh, sim. Você é. Quando se trata de Malinda, qualquer um é do
tipo. Eu sei como ela consegue convencer uma rocha a fingir ser um
cachorro de estimação. Minha mãe tem habilidades. — Ele balançou a
cabeça. — Habilidades que eu gostaria de ter.
Eu estava indo com um pressentimento aqui. Problemas com Cass?
Ele se encolheu. — Não vamos discutir sobre minha namorada. E
você? Mamãe disse que você vai ficar com Mason na Helen agora?
Eu assenti. Ainda parecia estranho estar na casa dela. Mason havia
dito que eu era bem-vinda lá. Logan teria dito o mesmo. Mas a pessoa
que possuía a casa provavelmente tinha uma opinião diferente. E eu não
conseguia me livrar do desconforto que sentia por ficar lá, especialmente
com Mason no trabalho durante os dias agora.
Daí a razão pela qual Mark me encontrou na varanda da minha
madrasta.
— Uh, vamos pular esse tópico também.
Ele me deu um sorriso torto. — OK. Chega disso. Vamos fazer
alguma coisa.
Eu estava triste. O que quer que fosse eu não me importava. Sem
Logan, sem Mason, nem mesmo Heather. (Por muito tempo depois do
desastre da noite passada. Ela teria quebrado em desculpas novamente.)
Eu estava em extrema necessidade de manter meus dias ocupados.
Talvez tenha sido por isso que eu pensei em algo quando entramos
em seu carro.
— Nós poderíamos arranjar um emprego juntos em algum lugar.
CAPÍTULO NOVE
Quatro horas depois, me vi com uma lixeira, um saco de lixo e um
colete vermelho sobre as minhas roupas. Eu olhei para Mark, que usava
o mesmo traje.
— Quando você disse o festival local, retirar o lixo não era o que eu
tinha em mente.
Ele franziu a testa para o jardim da cerveja, o lugar no qual ele
disse que deveríamos tentar conseguir um emprego. — Eu também não.
— Vamos lá vocês dois. A menos que vocês estejam lendo no meio
do caminho, coloquem suas bundas em marcha. Há lixo para ser pego.
— O cara que nos contratou no local, depois de uma boa risada, apontou
para irmos em frente. — Todo mundo começa de baixo. E se vocês
encontrarem alguma bebida, ensaquem separadamente. Nós reciclamos
essa merda.
O cara não estava vestindo uma camisa. Ele provavelmente tinha
mais de cinquenta anos, e tinha a pele bronzeada e com tatuagens de
cima a baixo nos braços. Um boné de beisebol esfarrapado estava virado
para trás em sua cabeça, mas seus olhos eram afiados. Ele roçou as
cabines mesmo quando se virou para nos deixar, e um momento depois
ele gritou: — Doggie, coloque isso de volta. Eu não quero encontrar o seu
depósito vazio mais tarde.
O trabalhador acenou para ele. — Pare de se exaltar. Estou bem.
Eles compartilharam mais algumas trocas, mas eu não consegui
entender. As palavras foram misturadas.
— Bebida? — Mark olhou para o chão. — Eles reciclam álcool? Que
porra é essa?
Outro trabalhador começou a rir quando ele passou. — Favela. —
Ele apontou para um pedaço de plástico no chão e o pegou. — A merda
realmente barata. Keifer gosta de ser a definição de um pão duro. É essa
porcaria que ele quer. — Escovando um pouco da sujeira, ele entregou
um sorriso plastificado. Então ele nos olhou, pegando as picaretas e
sacos de lixo. — Eu teria mostrado a vocês se não estivessem segurando
essas coisas.
— Isso? — Mark levantou a alça do lixo.
O cara assentiu, estreitando os olhos ligeiramente. — Apenas
certifiquem-se que ele pague a vocês no final de cada dia.
— Espera. O quê?
O trabalhador estava saindo. Ele levantou a mão em um aceno
distraído antes de desviar de uma cabine para outra. Aparentemente, ele
conseguiu algum tipo de jogo de escalada. As pessoas tentavam subir
uma escada de corda para tocar uma campainha, mas ela continuava
girando e elas caíam.
Mark observou as mesmas duas pessoas tentando uma segunda
vez e amaldiçoou em voz baixa. — Desculpe, Sam. Parecia uma boa ideia.
Se eu estivesse sendo honesta, me encontrar catando lixo em um
festival parecia resumir as últimas semanas para mim. O que eu estava
fazendo? Heather tinha um emprego. Mason um estágio. Até Logan tinha
um novo propósito na vida: Taylor. E eu? Meu propósito parecia ser mais
sobre evitar Analise no caso de ela tentar falar comigo do que fazer
qualquer coisa produtiva.
Eu lancei um copo de papel vazio. — Vamos terminar o dia e ver
como vai ser. — Sorri para ele por cima do meu ombro. — Não é como se
qualquer um de nós tivesse algo melhor para fazer.
— Uh. — Ele levantou uma sobrancelha, pegando um pouco de
"bebida" e colocando em uma bolsa diferente. — Eu peço desculpa, mas
não concordo. Nós temos pessoas para evitar. É por isso que estamos
aqui. Não é como se tivéssemos clubes de campo, piscinas particulares
ou mansões vazias para relaxar. Não. Nós não temos nenhum desses para
ocupar nosso tempo.
Piscinas particulares, mansões vazias e clubes de campo eram
exatamente os lugares que eu queria evitar. Eu virei meu dedo do meio.
— Eu não sei dizer se você está sendo sarcástico ou não, então estou te
dando isso. Eu estou canalizando meu Logan interior.
Ele riu, colocando um monte de guardanapos e copos no saco de
lixo. — Falando do Sex Machine, quando ele vai voltar?
— Mason acha que em algumas semanas.
Senti os olhos de Mark em mim enquanto ele resmungava: —
Aposto que ele voltaria mais cedo se ouvisse sobre essas contusões que
você ainda não mencionou para mim.
Eu parei. Eu sabia que minha bochecha estava vermelha e
inchada, junto com alguns arranhões no meu pescoço. Havia outras
marcas debaixo da minha camisa, mas essas também não eram da sua
conta.
Eu levantei um ombro, virando minhas costas para ele. — Não é
nada. Algo estúpido. — Isso foi culpa minha em primeiro lugar.
— Adam me mandou uma mensagem. Ele disse que Mason está
coberto de hematomas e tem um lábio rachado.
Porra de inferno. Eu me virei. — É por isso que você veio, não é? —
Eu compreendi. — É por isso que estamos aqui. Você não está evitando
sua namorada. Você está tentando obter informações de mim.
Quando ele deu de ombros, eu sabia que estava certa.
Ele continuou pegando o lixo. — Você teria me dito se eu só
perguntasse?
— Não, e não vou falar agora também. Não é da conta de ninguém,
e ponto final.
— É isso?
Eu só pude olhar para ele por um momento. Havia algo mais em
seu tom. Mark sempre foi despreocupado e descontraído. Ele era amigo
de verdade de Logan — era antes mesmo de eu começar a namorar Mason
e a mãe de Mark começar com meu pai. Ele nunca esteve assim, tentando
se intrometer em meus negócios ou ter algo parecido com proteção
fraternal em sua voz.
Eu não sabia como processar isso. — O que você está fazendo aqui?
Ele deixou cair os braços e desistiu de tentar trabalhar e conversar
ao mesmo tempo. — Estou preocupado, ok? Eu sei o tipo de problema
que Mason e Logan entram, e eu não sei. — Sua mandíbula apertou
enquanto ele estava em silêncio por um tempo. — Talvez seja porque você
e eu somos como irmão e irmã. Talvez seja porque minha mãe te ama
muito. Eu me preocupo. OK? Eu só não quero que nada aconteça com
você.
— Nada vai acontecer. — Mas isso não era verdade.
— Você foi colocada no hospital por garotas loucas por causa de
Mason. — Ele olhou para o meu rosto e pescoço. — Eu não acho que seja
um exagero dizer que isso aconteceu por causa dele também.
Meu pescoço ficou quente. Eu cerrei meus dentes. — Afaste-se
disso, Mark. Você vai arruinar um relacionamento que eu estava
gostando de ter com você.
Minha mensagem foi clara: me force e eu escolho Mason. Cada.
Maldita. Vez.
Depois de um momento, ele perguntou: — Eu lhe contei a merda
que Cass quer que eu faça neste verão?
Ele deixou passar. Eu deveria estar agradecida, mas eu não estava.
Sentindo uma sensação estranha de decepção misturada com cautela, eu
apenas balancei a cabeça. Eu empurrei isso para longe. Mark era um
bom irmão, ou ele estava tentando ser. Isso era tudo. Eu não podia ficar
brava com ele por fazer o que eu faria por ele.
Mas quando ele começou uma história sobre Cass querendo que
ele se juntasse a um clube de caminhada, eu escutei com um nó no
estômago. A conversa anterior não acabou. Acabou de ser descartada,
por enquanto.
Algumas horas depois, atendemos ao aviso do funcionário e nos
certificamos de que Keifer nos pagasse. Depois que ele exigiu saber quem
nos disse para pedir nosso dinheiro, ele deu uma palmadinha na nossa
frente com algumas canetas. — Vocês podem muito bem preenchê-los, se
vamos tornar isso legal depois de tudo.
Mark e eu compartilhamos um olhar.
Keifer notou. — O quê? Nós não somos completamente ilegais aqui.
— Ele bateu nos papéis. — Eu vou dar o que devo a vocês hoje, mas se
vocês estão falando sério sobre o trabalho, voltem amanhã. Continuem
fazendo o lixo, e eu vou encontrar algo melhor até o final da semana para
vocês dois. — Ele fez uma pausa, nos olhando com desconfiança. — Eu
estou supondo que vocês querem trabalhar em um setor juntos?
Mark levantou a mão. — Eu estava esperando pelo jardim da
cerveja. — Isso era verdade. Essa foi a razão pela qual Mark sugeriu um
emprego aqui.
Keifer riu, mas olhou para mim. Era como se uma ideia tivesse
chegado até ele e ele assentiu. — Talvez. Veremos.
Mark franziu a testa para mim. Eu dei de ombros em resposta. Eu
não sabia do que se tratava, mas saímos com dinheiro em nossos bolsos.
Estávamos nos aproximando do carro de Mark quando o
trabalhador com quem conversamos nos chamou. Ele levantou um braço
e virou ao redor de alguns veículos com o mesmo atletismo ágil que ele
tinha mostrado antes quando pulou de sua cabine.
— Ei! Espere. — Desacelerando quando se aproximou de nós, ele
mostrou os dentes brancos. — Vocês dois foram pagos?
— Fomos.
Eu deixei Mark falar.
O cara balançou a cabeça para cima e para baixo, parecendo
pensar em alguma coisa. — Bem, tudo bem. Tenham uma boa noite. —
Ele estendeu a mão em um aceno, voltando para onde ele veio.
— Isso foi estranho — disse Mark quando entramos no carro.
— Sim.
Mas o cara não estava na minha cabeça. O novo protecionismo de
Mark estava. Mason estaria esperando por mim quando eu chegasse em
casa, mas eu não sabia se eu queria contar a ele sobre essa mudança. O
trabalho sim. A preocupação de Mark por mim, não. Ainda não, de
qualquer maneira.
CAPÍTULO DEZ
MASON
O dia foi... não como eu esperava. Quinn não era tão ruim quando
se tratava de oferecer ideias, e ele não tinha mais aquele olhar que ele
tinha no colégio — como se eu tivesse algo que ele queria e ele me odiasse
por isso. Eu não estava sentindo a necessidade de dar um soco nele no
final do dia. Isso durou até que nós saímos para o estacionamento e uma
garota com cabelo vermelho escuro o cumprimentou, inclinando a cabeça
para trás para um beijo.
Eu a reconheci. Becky Sullivan, a garota que apunhalou Sam em
mais de algumas ocasiões.
Quando eles se beijaram, meu telefone começou a tocar. Virei as
costas para eles, e segui para o meu veículo enquanto levantava o
telefone. — Sim?
— Você quer me dizer por que diabos eu estou recebendo
mensagens dizendo que Sam está coberta de hematomas?
Eu olhei para o identificador de chamadas. — Engraçado. Meu
telefone diz que esse é meu irmão ligando, não o namorado de Samantha.
— Vá se foder.
Eu grunhi, entrando no Escalade. — Não, vá se foder você. Você
não pode me ligar e reclamar sobre como eu devo relatar tudo a você ou
algo assim.
Ele gemeu. — Você está brincando comigo, né?! Por que Samantha
está parecendo ter sido chutada na cabeça, e por que estou ouvindo isso
de Mark e não de você?
— Mark?
— Sim — Logan disse. — Você entende porque eu estou um pouco
chateado agora? Eu estou descobrindo pelo meio-irmão de Sam. O que
diabos está acontecendo?
— Nada que não possamos lidar.
Ele ficou quieto por um momento. Sua voz estava baixa quando ele
falou novamente. — Por que você está me excluindo?
— Porque você está em Paris com a mãe e com sua namorada. Eu
não quero que você volte cedo porque você acha que eu não posso lidar
com as coisas.
— Isso não é o que…
— Isso é exatamente o que você faria. — Me sentei de volta, as
chaves penduradas na ignição.
— Você não tem reforço.
— Liguei para Matteo. Ele estava indo para casa por algumas
semanas. Ele disse que estava feliz em ficar um pouco.
— Nate não está aí.
— Nate estará aqui em duas semanas.
— Então você está sozinho por essas duas semanas.
— Logan — rosnei. Cheguei para frente, ligando o motor. —
Estamos bem. Entramos em uma situação complicada. Channing e sua
equipe estavam lá. Eles nos ajudaram. Estamos bem. Você acha que eu
deixaria Sam ser colocada em perigo de novo?
— Por que ela foi colocada em perigo em primeiro lugar? — Ele
rosnou de volta.
Porque ela queria estar em algum lugar onde sua mãe não estava.
Porque ela não queria sentir medo de que, a mulher que lhe deu a luz
pudesse atravessar a rua e machucá-la de novo. Porque... Eu suspirei
para mim mesmo. Porque talvez ela só quisesse ser normal e ir a um
evento com sua amiga.
Eu não disse nada disso.
— Porque uma situação saiu do controle. Eu não li rápido o
suficiente. É por isso.
— Você não ia me dizer.
Eu estava ficando cansado disso, bem rápido. — Pare com isso.
Você está agindo como se fosse pessoal contra você. Não é. Estou
tentando ser um irmão decente. Se você estivesse aqui, você estaria lá
com a gente. Você sabe disso. Eu não te contei — eu teria contado, em
algum momento, — mas eu ainda não contei, porque eu estou tentando
deixar você aproveitar o seu tempo.
— Certo — Logan resmungou. — Aproveitar meu tempo com
mamãe, você quer dizer? É como se ela tivesse um GPS amarrado na
bunda de Taylor. Toda vez que eu chego perto dela, mamãe entra no
mesmo cômodo.
Eu relaxei, sorrindo agora. — Você está no mesmo quarto de hotel
que ela?
— Mamãe tem essas grandes suítes, sabe, o tipo onde tem a sala
principal com três quartos anexos. Ela diz que eu deveria respeitar sua
presença e "me abster de comportamentos inadequados". — Ele bufou.
— Suas palavras exatas. E o pior é que Taylor está comprando toda a
merda dela.
— Taylor está apenas tentando ser legal. Você está esquecendo que
Helen gosta de Taylor. Ela não recebeu o tratamento de gelo como Sam
recebeu.
Logan xingou baixinho. — Isso é só por causa de Analise. Mamãe
vai tirá-la da bunda assim que Sam começar a empurrar seus bebês.
— Sim. Talvez. — Eu tinha outras coisas para dizer a ele, mas olhei
pela janela e vi uma daquelas coisas se aproximando. Este poderia ser
um bom momento para evitar Quinn por um longo telefonema. — Eu
tenho que ir — disse a ele. — Eu te ligo mais tarde.
Depois que Logan desligou, desliguei o carro e abri a porta
novamente. Adam parou a alguns metros de distância quando viu que eu
estava no telefone, mas ele fechou a distância agora.
— Uh, hey. — O parceiro do projeto que apareceu no clube oito
horas antes não fui cauteloso ou reservado, mas ele tinha exatamente
essas duas qualidades agora.
Eu estreitei meus olhos. O que quer que ele estivesse prestes a
dizer, seria no nível pessoal.
Ele apontou o polegar para a caminhonete, onde a garota estava
inclinada. — Becky acabou de receber uma mensagem de Cass. Eu acho
que Mark apareceu com Sam. Eles estão falando de um churrasco. Você
gostaria de...
— Sam está lá?
Ele assentiu.
— Ela não está planejando sair?
— Provavelmente, mas Mark é a carona dela, e ele quer ficar por
um tempo. Eu pensei que talvez...
Eu acenei para ele. Eu não precisava saber de mais nada. — Me
envie as instruções. Eu tenho que pegar alguém primeiro.
— Oh. — Ele piscou algumas vezes. — OK. Sim, eu posso fazer isso.
Depois de pegar Matteo na casa de Helen, seguimos para o norte
em Fallen Crest. Morávamos numa boa rua, mas esta era outra, e Matteo
assobiou ao ver a casa.
— Dinheiro dá em água ou algo assim? Ficar rico é contagioso aqui?
Porque merda, quem eu beijo para ficar doente?
Eu sorri, saindo e circulando para o lado dele. — Não essas
pessoas. — Eu contei toda a história com Quinn quando o peguei.
— Por que Sam está aqui de novo? — perguntou, me seguindo até
a porta da frente.
Eu não respondi por que eu estava me perguntando a mesma coisa.
Toquei a campainha.
****
SAMANTHA
Eu estava tendo um déjà vu do ensino médio, exceto que era Matteo
atrás de Mason e não Logan.
— Ei! — Mark se aproximou deles, a mão levantada para um high
five. Mason franziu a testa, mas levantou a mão e Mark jogou o braço em
volta dos ombros do meu namorado. — Você nunca vai adivinhar onde
Sam e eu conseguimos um emprego hoje.
Os olhos de Mason se moveram em minha direção. Eu mudei de
um pé para o outro, puxando minha camisa para baixo. Eu estava
fazendo isso desde que chegamos. Era o meu hábito nervoso — isso e
alisar a mão sobre o meu estômago. Eu sempre tentei acalmar meus
nervos, mas, na verdade, nunca funcionou. Eu me peguei fazendo isso
de novo e amaldiçoei sob a minha respiração, deixando minha mão cair.
Mason fez o seu caminho até mim, deixando Matteo e Mark para
fazer suas próprias batidas de punho. Matteo conheceu meu meio-irmão
em algumas visitas e os dois se amaram à primeira vista. Adicione Logan
na mistura, e eles eram demais para suportar às vezes. O bromance
estava bombando.
— O que… — Mason começou, pegando a cadeira ao meu lado.
Nós nos sentamos nas mesas ao redor da piscina de Cass.
— Mark disse que só queria pegar uma coisa. Isso foi há uma hora.
— Eu não compartilhei como essa “coisa” acabou sendo sua namorada.
Eles estavam em um quarto nos fundos até vinte minutos atrás, quando
Mark saiu e me disse que Becky e Adam estavam vindo. Eu lancei a
Mason um olhar interrogativo. — Eu quase caí da cadeira quando Mark
disse que você estava vindo. Eu estava me preparando para correr para
casa quando ele me disse isso.
Ele gemeu. — Se eu soubesse, eu teria apenas vindo buscá-la.
Eu estava prestes a perguntar o que estava nos impedindo de ir
agora, mas peguei seu olhar para Matteo. Esse era o problema. — Ele
parece tão feliz em ver Mark.
— Sim.
— Podemos deixá-lo aqui e voltar mais tarde.
Mason me deu um sorriso indiferente. — Eu posso ser um idiota,
mas isso é uma atitude de um verdadeiro babaca. Eu não posso
abandonar meu amigo aqui.
Eu me abstive de lembrá-lo de como Matteo o havia abandonado
na luta de Channing. Mason estava ciente disso, então se ele estava por
perto, havia uma razão.
— O que Mark estava falando antes?
— Oh. — Revirei os olhos, pronta para me lançar em todo o
discurso quando Becky e Adam se aproximaram. Eles chegaram apenas
cinco minutos antes de Mason, então não houve saudações estranhas.
Ainda. Quando Becky pressionou a mão sobre o cabelo, tentando acalmá-
lo, vi o quão firmemente ela agarrou a outra mão de Adam.
— Hey, Samantha. — A voz de Becky engatou, soando sem fôlego.
Ela mordeu o lábio ferozmente. — Uh... como você está? — Sua mão se
ergueu, apontando para mim. — É bom ver você aqui.
A velha Becky. Desajeitada. Autoconsciente. Esforçada. A garota
que eu vi há alguns anos atrás que foi minha amiga quando muitos me
deram as costas não se parecia com essa garota. Ela parecia sofisticada
com roupas bonitas, maquiagem e cabelos lisos. Ela também parecia
confiante e, embora fisicamente parecesse igual agora, senti alguma
familiaridade ao ver a Becky que eu conhecia.
— Becky. — Indiquei suas mãos unidas. — Vocês parecem estar
bem.
Sua mão apertou a dele. — Oh, sim. Tem sido maravilhoso. — Sua
cabeça inclinou para trás e ela ofereceu a Adam um olhar amoroso. —
Quase como um conto de fadas mesmo.
Adam espelhou seu olhar, um sorriso suave provocando sua boca,
antes de se concentrar em nós. — Vocês dois também. Quero dizer, desde
o primeiro ano do ensino médio. Isso é muito tempo.
Eu olhei para Mason. Ele estava assistindo a troca com uma
máscara ilegível, mas eu vi através dela. Ele estava pensando, que porra
é essa?
Eu quase ri. — Sim. Estamos bem.
Mason franziu a testa. — Por que diabos estamos aqui, Quinn?
Lá estava ele.
Eu ri agora.
O velho Mason, o velho Quinn.
Por qualquer motivo, isso me acalmou.
Adam tossiu. — Legal, Mason.
— Sam pensou que veio aqui para uma parada rápida. Nós dois
estamos aqui apenas porque nos falaram sobre o outro. Parece uma
armação. O que está acontecendo?
Mark riu desconfortavelmente quando ele veio com Matteo e Cass.
— O que está acontecendo?
Mason fixou-o com um olhar, as sobrancelhas ligeiramente
levantadas, como se ele estivesse perguntando: Você está falando sério?
— Nós não somos amigos de Quinn. Sam não sai mais com sua namorada
ou com essa aí. — Ele apontou para Becky. — Então por que estamos
aqui?
— Nenhuma razão. — Mark encolheu os ombros, descansando o
braço em volta dos ombros de Cass. — Eu não queria ficar tanto tempo.
Apenas me distrai. Isso é tudo.
Eu podia ouvir os pensamentos de Mason. Ele estava pensando que
isso era besteira, e eu sabia que era apenas uma questão de tempo antes
que esse sentimento saísse novamente por sua boca, mas não tão bem.
Mason estava sendo educado até agora.
Eu comecei a levantar da minha cadeira. — Bem, então eu acho
que estamos indo. Foi legal —
— Espera.
Todos se voltaram para Adam. Ele rolou os ombros para trás e,
ainda segurando a mão de Becky, puxou-a para mais perto. Suas
bochechas coraram e ele puxou o colarinho. — OK. Eu posso ver que é
hora de colocar tudo em pratos limpos. Mark não armou isso ou algo
assim, mas eu meio que pedi a ele para manter Sam aqui. — Ele
gesticulou para mim. — Eu não ia fazer isso desse jeito, mas então me
disseram que Mason e eu estaríamos trabalhando juntos e Mark disse
que ele estava com Sam e… — Ele olhou para baixo para Becky, um olhar
apaixonado vindo em seu rosto. — Eu pensei 'que diabos'. — Ele colocou
o braço em volta dos ombros dela, puxando-a para o lado. — Eu te amo
e sei que você tem sentido falta de Sam ao longo dos anos, então eu joguei
a cautela ao vento e… —
— Adam. — Becky tocou seu bíceps. — O que você está fazendo?
Um riso estrangulado raspou de sua garganta, e o rosa se esvaiu
de seu rosto. Ele tossiu para limpar a garganta antes de cair de joelhos.
Oh.
Meu.
De... Ele ia propor.
Adam olhou em volta, segurando a mão de Becky na frente dele. —
Sinto muito pelo engano, mas eu sabia que você gostaria de Sam aqui
para isso.
Ele estava…
Ele estava totalmente.
Ele olhou de volta para Becky, que tinha uma mão pressionada
contra sua boca. Ela começou a tremer. Seus olhos se encheram de
lágrimas.
— Rebecca Sullivan, você e eu tivemos um turbilhão de amizade e
depois um relacionamento, mas você sempre foi minha melhor amiga.
Você está sempre lá para mim, mesmo quando ninguém mais está, e hoje
gostaria de pedir que você seja minha parceira para o resto de nossas
vidas.
— Adam. — Seu nome era um suspiro suave. Lágrimas escorriam
pelo seu rosto, mas ela estava brilhando.
Ele puxou uma pequena caixa do bolso e abriu-a, mostrando um
anel de diamante. Ele estendeu a mão para ela. — Você quer se casar
comigo, Becky?
— Sim. Sim! Oh, uau. — Ela riu e chorou. Ela parecia tão feliz
quando ele deslizou o anel em seu dedo e a levantou, girando-a em um
abraço apertado.
Eles se beijaram e Becky só pôde olhar de seu anel para Adam e
vice-versa. Ela pareceu em transe por um minuto inteiro antes de
balançar a cabeça e olhar para nós.
— Estou noiva, pessoal!
Isso foi estranho.
E desajeitado.
E desconfortável.
Cass avançou, segurando Becky para ela. — Parabéns!
Mark parabenizou Adam, assim como Matteo. Mason estendeu a
mão, dando a Adam um rápido aceno de parabéns.
Eu olhei ao redor, mas não havia mais ninguém. Deveria ter havido
mais pessoas. Todos pareciam se virar para mim. Eles estavam
esperando meus parabéns, mas tudo que eu conseguia pensar era: — Por
que você fez isso na nossa frente?
— O quê? — Becky franziu a testa.
Adam pareceu chocado.
— Apenas parabenize-os, Sam — Cass silvou.
Eu a ignorei. — Por que você não fez isso na frente de suas famílias?
Um olhar de dor brilhou nos olhos de Adam, e me lembrei de como
seu pai foi um idiota nas poucas vezes em que o vi. Mas Becky... — Seus
pais — eu sussurrei com voz rouca. — Isso deveria ter acontecido na
frente deles.
— Você está sendo uma cadela.
Eu ignorei Cass novamente. A dor pressionava meu peito, como se
alguém estivesse cutucando meus pulmões. Eu senti uma desgraça
iminente. Eu balancei a cabeça. — Becky, eu não sei... quero dizer, por
quê?
Tantos anos. Nós fomos amigas uma vez. Isso acabou, e agora isso?
Adam se moveu na frente de Becky, protegendo-a de mim. — Eu
queria que você estivesse aqui para isso. Para ela.
Becky descansou a mão em seu bíceps novamente e deu um passo
à frente dele. Ela apertou as mãos na frente dela e deu um passo mais
perto, me encarando diretamente.
— Eu fui sua amiga uma vez, Sam, e fui eu quem soltou a bola. Eu
escolhi Adam acima de você quando eu deveria ter escolhido você
primeiro. Eu sempre lamentei isso e acho que Adam sempre soube. Muito
tempo passou e eu não estou pedindo nada, mas fico feliz que Adam
tenha feito isso. Eu queria assim e ele sabia disso.
Sua cabeça se curvou por um momento antes que ela me desse um
sorriso mais chato, mais assustado e esperançoso que eu já tinha visto
nela. — Você pode fingir ser minha amiga agora e me parabenizar? —
sussurrou.
A parede que eu ergui quebrou, e eu a puxei em meus braços, o
que ela não parecia estar esperando.
— Parabéns, Becky. — Ela sempre o amou. — Estou muito feliz por
você. Realmente. — Eu a abracei ainda mais.
Ela me abraçou de volta.
Eu não conseguia lembrar o motivo exato pelo qual não éramos
mais amigas. A dor e a traição eram como uma leve névoa sobre minhas
memórias. Elas estavam lá e eu sabia que coisas aconteceram, mas neste
momento, um que ela lembraria pelo resto de sua vida, eu me deixei
sentir aquela velha amizade novamente.
CAPÍTULO ONZE
SAMANTHA
— Você estava quieta no caminho para casa.
Nós tínhamos acabado de entrar no nosso quarto. Eu afundei na
cama e me enrolei em uma bola, segurando um travesseiro no meu peito
enquanto olhava para ele. Eu estava quieta, contente em apenas observar
a paisagem enquanto Mason nos guiava. Matteo escolheu ficar para trás.
Ele queria se divertir com Mark, e Mason e eu não podíamos culpá-lo.
Havia uma sensação melancólica em nós, ou talvez fosse apenas eu.
Suspirei. — Está me atingindo que alguém que eu costumava amar
agora está noiva.
— Adam?
Eu fiz uma careta, então vi que ele estava brincando. — Becky —
Eu ri. — Idiota.
Seus olhos escureceram, e por um momento pensei que ele iria
deitar comigo, mas ele se virou para o armário. Ele tirou a camisa e
desapareceu no interior.
— Isso te incomoda? — Ele gritou. — Que ela está noiva?
Me sentei, encostando minhas costas contra a cabeceira da cama.
Eu ainda segurava aquele travesseiro na minha frente. — Talvez. Eu não
sei por quê.
— Sam. — Ele voltou, ainda sem camisa. Eu não estava
reclamando. Mason estava mais magro do que no ensino médio, mas
mais musculoso. Quase todos os músculos do tórax e do estômago se
destacavam, e meus olhos traçavam o V de seus abdômen, o modo como
eles desapareciam sob suas calças de moletom cinza claro.
— Você está esquecendo por que Becky e você não são mais amigas.
Quinn estava tentando nos separar, e ela escolheu o lado dele. Agora,
parece que ela escolheu o lado certo para ela desde que eles vão se casar,
mas não é assim que era naquela época. Se você está se esforçando para
deixar essa amizade acontecer, pare. Você não pode ser amiga de alguém
que não é sua amiga de volta.
Ele estava certo. Eu sabia, mas ainda sentia um pequeno buraco
dentro de onde ela costumava estar. — Eu não sei se é a Becky ou a
minha mãe... eu não sei o que é, mas me sinto mal. Eu tenho me sentido
assim desde que chegamos em casa para o verão.
Ele não disse nada, mas me observou com um olhar de
entendimento misturado com preocupação. Eu não estava dizendo nada
novo ou surpreendente. Indo a algum lugar que Mason tinha inimigos,
em seguida, conseguir um emprego no festival local com Mark, e agora
estar no noivado de Becky Sullivan — nada disso era normal. O último
foi jogado em cima de mim, mas eu fiquei mesmo depois de ouvir que
Becky e Adam estavam lá. Quer dizer, era a casa de Cass, porra. Cass e
eu nos odiamos, mas eu ainda fui.
Eu olhei para cima e segurei o olhar de Mason. — O que está
acontecendo comigo?
Seus olhos estavam embaçados e ele disse quase tão suavemente
quanto eu perguntei: — Eu não sei.
Soltando a camisa que ele estava segurando, ele se sentou na cama
e se inclinou para baixo. Seus lábios encontraram os meus, então ele se
afastou. Seu rosto estava a poucos centímetros do meu e seus olhos
olhavam para os meus lábios. — Seja o que for, vamos lidar com isso.
— Sim?
Eu estava ficando sem fôlego.
Meu corpo estava começando a queimar.
O que quer que eu sentia estava começando a desaparecer, e uma
necessidade urgente e diferente estava tomando seu lugar. O calor
começou a se acumular entre as minhas pernas, espalhando-se por mim.
Eu fechei meus olhos, arqueando-me contra ele, e gemi com a
sensação dele ali mesmo.
Não importava o que estava acontecendo comigo, isso nunca
cessaria. Nunca.
Seu braço deslizou por baixo das minhas costas e ele me moveu
até que eu estava no meio da cama. Ele estava deitado em cima de mim,
ainda segurando a maior parte do seu peso, então ele não me esmagou.
Ele olhou para baixo, seus olhos derretidos de desejo. Sua outra mão
levantou para o meu rosto e descansou lá, emoldurando o lado do meu
rosto.
Ele disse: — Sim. Nós vamos descobrir.
Isso foi o suficiente. Eu desliguei minha mente.
Nós nos encaramos por um momento, e então eu levantei a mão e
toquei seus lábios. Eles eram tão perfeitamente formados. Eles apenas
acentuavam a força nele de alguma forma, mas maldito. Eu podia sentir
todos os seus músculos enquanto ele descansava em mim. Mason era
conhecido como o lutador, o protetor, o forte. Às vezes eu me esquecia de
como ele era bonito por dentro também.
Ele sorriu antes de puxar meu dedo em sua boca. Sua língua rodou
e esfregou suavemente contra ele.
Eu ofeguei e apertei minhas pernas com força. A necessidade por
ele era quase esmagadora agora. Minhas pernas se entrelaçaram ao redor
dele, trazendo-o em contato total contra mim. Nós dois engasgamos. Eu
arqueei minhas costas novamente, fechando os olhos, apenas sentindo.
Seu corpo inteiro descansou completamente em mim agora, me
prendendo.
Minha mão embalou a parte de trás do seu pescoço, mantendo-o
prisioneiro.
Eu não queria que ele desviasse o olhar para se afastar.
Eu o queria dentro de mim.
Seus olhos escureceram e como se lesse minha mente, ele se
afastou para tirar as calças. Depois de pegar uma camisinha e colocá-la,
ele voltou e se acomodou entre as minhas pernas.
Meus braços voltaram ao redor dele, era como voltar para sua casa.
— Sam — ele murmurou, traçando um dedo no lado do meu rosto.
Ele colocou um pouco de cabelo atrás da minha orelha, e então eu senti
seus lábios contra os meus novamente.
Sim. Casa.
Isso é o que era.
Eu gemi, minha cabeça caindo para trás, e senti sua risada suave
contra a minha pele, mas depois ele se abaixou e se mexeu, levantando
minha perna até que eu a envolvesse em torno de sua cintura. Ele
mergulhou, mexendo-se, e eu o senti na minha entrada. Ele fez uma
pausa e depois deslizou para dentro.
Meus olhos se fecharam e eu apreciei a sensação dele em mim.
Ele começou a se mover, empurrando dentro de mim.
Enquanto ele continuava, deslizou as mãos pelos meus braços para
capturar minhas mãos, eu abri meus olhos. Nós estávamos nos
encarando, nos observando. Eu podia senti-lo chegando dentro de mim,
procurando, me reivindicando. Tudo no meu corpo ansiava por ele,
ansiava por mais. Eu queria mais. Eu precisava de mais.
No segundo em que ele me tocou, tudo soou vivo. Eu estava
acordada. Sempre.
Dentro e fora. Mason continuou empurrando.
Meus dedos se fecharam sobre os dele, afundando profundamente
quando seu ritmo acelerou.
— Mason — eu ofeguei. Fraco. Sua investida continuou mais forte,
mais rápido. — Eu te amo.
Ele gemeu no clímax, e seu corpo se apertou quando ele empurrou
em mim uma última vez. Isso me enviou para o limite, e eu envolvi os
dois braços em volta do seu pescoço, me segurando firme.
Um momento depois, ele deu um beijo suave na minha testa antes
de sair.
Eu ainda estava debaixo dele.
Eu não queria me mexer.
Eu não queria que ele se movesse e, eventualmente, nós dormimos
assim.
Acordei mais tarde, mas ainda estava em seus braços. Ele estava
enrolado atrás de mim e eu voltei a dormir novamente. Todas as dúvidas
e perguntas estariam lá amanhã.
CAPÍTULO DOZE
O resto da semana passou sem novidades.
Mark e eu pegamos lixo no festival. Mason olhou para mim como
se tivesse crescido uma cabeça alienígena quando eu contei sobre o nosso
novo trabalho, mas ele não disse nada contra.
Ele apenas assentiu e beijou minha testa. — Logan vai querer
trabalhar com você quando ele voltar, mesmo que ele não seja pago.
E no final de cada turno, Mason me pegou. Mas hoje eu mandei
uma mensagem que ele não precisaria. Quando Mark e eu fizemos o
check-in depois do almoço, Keifer anunciou que estaríamos ocupando os
estandes hoje — dois estandes diferentes.
— O quê? Você acha que eu sou um completo idiota? — Ele disse
para nossos rostos desapontados. — De jeito nenhum eu vou deixar vocês
dois se foderem. Não os conheço, ambos são muito verdes — ele grunhiu,
pegando nossos coletes vermelhos e trocando-os por camisas do festival.
Eu peguei uma azul e Mark pegou uma preta. Keifer apontou para as
camisas. — Rasguem isso e vai sair do pagamento de vocês. Entenderam?
Não somos milionários ricos por aqui.
Eu estava emparelhada com o cara que nos disse para ter certeza
de que fomos pagos no primeiro dia. Ele estendeu a mão, apresentando-
se. — Eu sou Petey.
Eu olhei para seus cachos loiros escuros listrados de sol, brilhantes
olhos azuis, sorriso combinando com dentes brancos perfeitos, e
constituição magra. Ele usava uma camisa do festival azul combinando,
mas a dele era maior e toda rasgada. Um grande corte ao lado mostrava
como ele estava bronzeado.
Keifer também viu o corte, eu percebi, mas ele apenas pressionou
os lábios. Petey sorriu.
— Sam — eu disse enquanto apertava sua mão.
Keifer fechou um olho, olhando fixamente para Petey. Eu tive uma
boa brisa de seu hálito quando ele exalou. — Você está bem com ela? Não
vá bagunçar essa aqui, tá?
Petey deu um sorriso arrogante e encolheu os ombros. — Você está
delirando, meu velho. Eu nunca estraguei uma. Continue. Ensine o outro
cara. — Ele acenou para mim. — Eu cuido dela. Ela vai ficar bem.
Keifer não se mexeu, apenas continuou a encarar Petey. Nem
piscou. Nenhum dos dois se mexeram. Um total de trinta segundos se
passaram antes que Keifer quebrasse, acenando para Mark segui-lo.
— Se você fizer isso, nós dois sabemos o que está reservado para
você.
Petey apenas riu. O som pareceu despreocupado, mas assim que
Keifer ficou fora do alcance da audição, todos os sorrisos e encantos
diminuíram. Um brilho duro entrou em seus olhos, e ele soltou um
suspiro suave. Então ele olhou para mim e, assim mesmo, um interruptor
girou e o trabalhador tranquilo voltou.
— Você pode me dizer. Você pediu meu estande, não é? — Ele
piscou.
— O quê? Não.
— Tudo bem. — Ele se moveu em volta de mim, pulando no balcão
em um movimento rápido antes de pular de volta para o meu outro lado.
— Vamos. Siga-me. — Ele me levou para a parte de trás do estande e me
mostrou algumas das coisas básicas que eu teria que saber caso o jogo
parasse de funcionar. — Apenas no caso de eu não estar por perto, sabe,
mas eu deveria estar. Este estande é meu bebê. Mas não se preocupe.
Você não vai estar trabalhando aqui o tempo todo.
Eu o segui de volta para frente. — Onde você acha que eu serei
colocada?
— Você é uma menina da cidade. Ele vai te colocar em algum lugar
em que ele quer que seus amigos locais venham visitá-la. — Um cliente
que aguardava estava na base da escada de corda, e Petey pegou o
dinheiro oferecido. Ele gesticulou para ele começar, e um segundo depois,
o cliente estava xingando. Ele já tinha caído de volta.
Os amigos do homem o aplaudiram, tirando sarro dele ao mesmo
tempo.
Petey se recostou em seu assento, observando a coisa toda. — Você
tem namorado? — Ele me perguntou.
— O quê? — Como isso era da sua conta? — Sim, eu tenho.
— Ele entra em brigas?
— Por quê?
— Porque Keifer vai querer saber. Se ele não entra, você vai para o
jardim da cerveja. Keifer vai querer que todos os seus amigos entrem e
fiquem bêbados. Se seu garoto luta, você será colocada no tanque de
natação.
Tanque de natação? Eu olhei através do festival. Um grande tanque
no meio tinha uma multidão de caras na frente. Eles se revezaram
jogando bolas no alvo, e cada vez que um acertava o alvo, uma garota de
biquíni caía na água. Eu observei quando ela caiu e percebi o quanto de
frio ela parecia ter. Ela tremeu quando subiu de volta.
Minhas mãos ficaram úmidas e geladas. Eu coloquei-as nos meus
bolsos.
— Não, não lá. — Petey apontou mais para baixo. — É na principal.
Você só estaria nadando lá. É um grande lugar parecido com uma
piscina. As pessoas podem pagar para seus filhos nadarem, ou você pode
pegar alguns dos bêbados lá também.
Minhas mãos não estavam tão frias agora. Mark mencionou...
— Sam?
Uma voz feminina me cortou, e eu olhei para cima para ver Becky,
Adam, Cass e outra garota de pé ali. Becky segurava um urso polar no
peito, e Cass e a outra garota tomavam uma cerveja. As sobrancelhas de
Adam estavam levantadas.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou Becky.
Eu a ignorei, perguntando a Adam: — Você acabou de trabalhar
hoje?
Ele assentiu, as sobrancelhas ainda arqueadas. — O que você está
fazendo aqui?
— Estou trabalhando. — Eu joguei-lhes um olhar sombrio antes de
puxar o meu telefone. Eu segurei o telefone para Petey. Se Mason tivesse
terminado o trabalho, ele poderia vir e visitar. — Eu preciso mandar uma
mensagem para alguém.
Ele assentiu, apontando para o lado. — Vá lá para trás.
Saí e mandei uma mensagem para Mason quando Becky chegou ao
fundo da tenda. — O que você está fazendo? — perguntei a ela.
— Eu poderia estar te perguntando a mesma coisa. — Ela olhou
por cima do ombro para o festival. — O que você está fazendo aqui,
Samantha? Mark disse que vocês conseguiram emprego, mas eu não
sabia que era nesse lugar.
Meu telefone tocou um segundo depois.
OK. Eu vou pegar o Matteo. Nós vamos entrar e andar um pouco.
Eu fiz uma careta. Eu o queria aqui, mas... eu sacudi a hesitação.
Eu o queria aqui. Só vê-lo à noite era bom, mas eu ainda tinha que
compartilhá-lo com Matteo, e Nate estava chegando no final da próxima
semana. Nós nunca tínhamos conseguido esse tempo sozinho. Logan
estaria aqui na semana seguinte e eu assumi que Taylor viria com ele.
Estou no estande da escada de corda. Te amo. Eu digitei.
Te amo.
Coloquei meu celular no bolso e voltei para a cabine. Becky ainda
estava parada ali, segurando aquele urso. Ela estava mordendo o lábio e
eu suspirei. Eu cruzei meus braços sobre o peito. — O que você quer,
Becky? Quero dizer, por que você está fazendo isso?
— Fazendo o quê?
— Isso. — Eu apontei para ela. — De pé aqui atrás. Fingindo que
está com medo ou nervosa, ou o que quer que você esteja fazendo.
— Eu não posso fazer tudo isso?
— Você está agindo como se fôssemos amigas.
— Eu… — Ela fechou a boca, recuando um passo. — Eu não sabia
que você ainda era assim.
— O quê? Não. — Ela estava entendendo tudo errado. — Não,
Becky. Isto não é eu sendo uma cadela. Sou eu lembrando como as coisas
foram nos últimos três anos e meio. Nós não somos amigas, e é estranho
me encontrar como a convidada de honra em seu noivado. Quero dizer,
isso é estranho.
— Eu não fiz isso. — Seu pescoço ficou vermelho. Suas bochechas
logo estariam iguais. Suas mãos formaram punhos ao redor daquele urso
polar. — Você não pode ficar com raiva de mim porque Adam pensou
sobre tudo isso, mas eu estou feliz que ele tenha feito.
Uma dor de cabeça estava se formando. Eu cerrei meus dentes,
sabendo que isso estaria me cegando dentro de uma hora. — Olha — eu
disse gentilmente. — Foi bom descobrir que você me queria no seu
noivado. Isso foi... — Eu não tinha as palavras. Eu não tinha certeza.
Ainda havia uma pontada no meu peito toda vez que eu pensava nisso.
— Mas nós não somos amigas. Eu te abracei. Parabenizei você, mas você
está agindo como se fôssemos amigas de novo. Não me lembro de dizer
que estava bem em ser sua amiga novamente.
— Oh. — Ela olhou para o chão.
E eu me senti como uma idiota, mas você não pode enganar alguém
para ser seu amigo. Não é assim que funciona, ou não é assim que
funcionava comigo.
— É bom não ter você ou Adam como meus inimigos, no entanto.
Sua cabeça se levantou. Seus olhos brilhavam com lágrimas não
derramadas. — Mesmo?
Eu assenti. Eu poderia dar isso a ela. — Mason disse que ele e
Adam estão realmente se dando bem. Isso é alguma coisa. — Suas
palavras exatas eram que ele ‘não sentia vontade de deixá-lo inconsciente
todo o dia’, — mas isso era um progresso para Mason. Eu tentei dar-lhe
um sorriso tranquilizador.
— Adam vai gostar de ouvir isso. — Seu urso parecia estar em
perigo de decapitação. Ela apertou-o como se fosse uma jiboia. — Ele
estava nervoso quando recebeu a tarefa de seu pai, disse que não haveria
como trabalharem juntos. Mas ele tem dito o mesmo, sabe? Ele está
impressionado com Mason, disse que ele tem uma cabeça brilhante para
os negócios.
Nós estávamos nos aproximando do território indesejado para mim.
Becky começava a sentir todo tipo de recato caloroso, com pensamentos
sobre Mason e Adam se tornando amigos. Isso levaria a ela querer que
eu e ela fôssemos amigas também, e eu teria que reciclar tudo o que eu
acabei de dizer para ela.
Comecei a me inclinar ao redor dela, de volta ao estande.
— Bem, foda-se.
Meus olhos se levantaram e eu reconheci um dos amigos de Jared,
Caldron.
— Caldron, olha quem está aqui — ele chamou.
Caldron chegou ao lado de seu amigo e eu me senti banhada em
lama suja e pervertida. Eu lutei contra realmente tremer; eles sairiam.
Em vez disso, passei por Becky e disse baixinho: — Dê a volta por trás.
Chame Mark.
Ela vacilou. — Mas...
— Agora!
Eu bloqueei a visão de sua retirada assim que Caldron começou a
andar em minha direção. Seu amigo estava acompanhado por outros dois
e eu soltei um suspiro.
— Onde está sua amiguinha? — Ele se inclinou para olhar além de
mim, mas Becky já deveria estar fora de vista.
Eu ainda me movi para bloquear sua visão. — Onde você acha?
— Indo chamar reforços? — Ele riu, e um cheiro de álcool
misturado com cigarros e algodão doce revestiu meu rosto. — Kade não
está aqui. Eu o teria visto, e já passamos por todo o lugar. — Ele levantou
um braço, segurando uma das cordas usadas para montar o estande, e
assumiu uma postura arrogante. Ele estava literalmente inclinado sobre
mim. Seu olhar permaneceu na camisa do festival que eu usava. — Você
trabalha aqui? Isso é... conveniente.
Ele parecia muito convencido. Eu lutei contra o desejo de levantar
meu joelho em um golpe forte. Mason estava chegando, mas eu não sabia
quando ele iria aparecer. Eu precisava enrolar até que Mark pudesse
chegar aqui, e eu esperava que Adam fosse participar. Eu não estava
segurando minha respiração, no entanto.
Voltei, me afastando do meio do caminho do festival. — Sim. Eu
trabalho aqui. Por quê?
— Eu te identifiquei como uma vadia esnobe. Nenhuma princesa
rica trabalha aqui.
— Mesmo? Como você sabe? Passa muito tempo em festivais?
— Ha-ha. — Seus olhos brilharam. — Eu costumava trabalhar em
um que não ficou por mais de duas semanas. — Ele puxou a corda,
testando o quão forte e apertado estava. Ele olhou em volta da tenda e do
estande ao nosso lado. — Eu acho que esta é uma boa companhia. Eles
ficam em um lugar por dois meses também. Eu gostaria que eles
estivessem aqui quando eu precisei de um emprego na época da escola.
— Seus olhos passaram por mim.
Eu tive aquela sensação de estar coberta de lama novamente. Eu
precisaria de mais do que umas chuveiradas para me sentir limpa da sua
sujeira.
Seus olhos escureceram com luxúria. — Seria legal se você
estivesse lá também. Talvez nós não estivéssemos em lados opostos como
agora. — A luxúria se dissipou rapidamente, a raiva voltou com força
total. Sua mandíbula se apertou quando ele se aproximou. — Mas eu sei
que você está apenas dando uma de pobre aqui porque você é uma vadia
privilegiada. Eu também sabia disso naquela época, e eu teria fodido
você, depois jogado no lixo. Kade não iria querer tocar em você, não
depois de eu ter rasgado essa sua buceta.
Eu senti um rosnado baixo no fundo da minha garganta, mas eu
engoli. Tempo. Eu precisava de mais disso. Eu apenas tinha que esperar.
A ajuda estaria chegando.
Tudo o que eu disse foi: — Sério?
— Oh, sim.
Ele olhou para a minha camisa e eu lutei contra a repulsa no meu
estômago. Queria vomitar em cima dele. Eu me movi ainda mais para
trás. Não pude evitar. Meu corpo estava em alerta total, minha mente
gritando para ficar longe dele.
— Aonde você vai?
— Ei! O que está acontecendo aqui?
Eu me encolhi. O pior momento de sempre, Petey. Eu não queria
que ele se envolvesse nisso também. Ele se machucaria.
Meu colega de trabalho saiu do nosso estande vindo em minha
direção.
— Ei, cara. — Um dos amigos de Caldron o parou, uma mão
colocada em seu ombro.
Petey ficou imóvel, estreitando os olhos. Ele olhou para a mão e
depois para o cara a quem a mão pertencia. — Tire isso de cima de mim,
ou você vai perdê-la.
— Ei. — Caldron se virou para encarar Petey. Ele ergueu as mãos,
tornando sua voz amigável. — Eu conheço Sam aqui. — Ele me agarrou,
me arrastando para o lado e jogando o braço em volta do meu ombro. Fiz
uma careta, mas ele continuou: — Temos um amigo em comum. Estamos
apenas conversando. Eu queria contar a ela tudo sobre Budd, como ele
está na prisão. Certo, Sam?
Seus olhos estavam em mim.
Petey estava observando.
Os amigos de Caldron também estavam esperando.
Enrolando, isso era o que eu deveria estar fazendo. Essa era a coisa
inteligente a fazer. Estar tão perto de Caldron já me deixava nauseada,
mas agora que ele estava me tocando, meus sentidos estavam se
desligando. Minha visão foi escurecendo. As bordas estavam borradas,
tornando-se pretas, e eu podia me concentrar em apenas uma
necessidade urgente: tirar as mãos dele de mim.
Eu parei de pensar então, e eu me senti empurrando seu braço,
pisando em seu pé, e rapidamente me virando para levantar meu joelho.
Fiz contato e ele recuou. Eu ouvi um rugido, mas veio de longe. E então
eu fiquei lá enquanto Caldron caiu de joelhos.
Havia algo…
Espere.
Algo... eu precisava fazer alguma coisa, mas tudo que eu podia
fazer era olhar para ele, fervendo. Como ele ousa colocar as mãos em
mim? Eu queria bater nele mais uma vez, e eu estava trazendo meu joelho
de novo, desta vez mirando diretamente em seu rosto, mas ele viu. Seu
rosto estava contorcido de dor, mas ele me empurrou para trás, uma mão
voando para o meu rosto, e então eu vi estrelas.
Eu me virei, caindo também.
Depois disso, um tornado girou dentro de mim. Enquanto Caldron
lutava para se levantar, seus amigos seguravam Petey de volta. Um deles
parecia ter sido atingido, mas ele ainda estava lá, ajudando a manter meu
colega de trabalho contido.
Bom para você, Petey, pensei quando uma sombra caiu sobre mim.
Eu olhei para cima, e Caldron estava lá, com raiva brilhando em
seus olhos.
Ele levantou o punho e eu sabia que era isso. Ele ia me deixar
inconsciente. E diferentemente das outras vezes que eu me machuquei,
eu não sabia se eu sairia dessa viva. Caldron parecia querer me matar.
Eu me senti puxando de volta. Eu não me mexi, mas minha mente
estava apagando. Estava recuando para uma área nos fundos, em algum
lugar onde eu estaria segura. Meus olhos queriam fechar, mas eu segurei.
Eu não consegui desviar o olhar. Se isso ia acontecer, se este era o fim
para mim, eu queria que esse cara visse meus olhos o tempo todo. Eu
queria que ele me visse.
Seu braço começou a descer.
Então, de repente, ele se foi.
Mason saiu do nada, atacando Caldron e empurrando-o na direção
de seus amigos e Petey. Petey se soltou e depois alguém passou correndo
por mim, bem nos calcanhares de Mason.
Eu olhei por cima. Eu estava aqui. Eu estava vendo isso, mas não
estava aqui ao mesmo tempo. Eu assisti de cima de alguma forma. Eu
engoli, tentando me levantar. Eu poderia voltar. Eu podia — tentei dizer
a mim mesma que era seguro agora.
Mason recuou e choveu socos em Caldron, um após o outro. Matteo
estava lá lutando com um dos outros caras. Petey — Petey? — tinha
abordado um terceiro amigo e o quarto... Eu balancei a cabeça, me senti
tão pesada. Mark estava segurando o quarto cara, com Adam ao lado
dele.
—... você está bem?
Uma voz soou através da névoa. Eu também procurei por ela. Becky
se aproximou de mim com a mão estendida. Quanto mais perto ela
chegava, mais clara sua voz ficava.
— Você está bem? Sam? — Ela me tocou, mas ainda parecia
distante.
Eu balancei a cabeça. Eu precisava limpar minha mente. Então,
com um estalo, eu estava de volta.
— Sam?! — ela gritou.
Eu estendi a mão. — Pare.
As pessoas estavam gritando. Gritando. Eu podia ouvir os golpes
profundos de socos sendo trocados, e eu ofeguei, sentindo sal e sujeira
na minha boca. Mason estava acabando com Caldron. — Mason! — Eu
corri para frente. — Pare!
Ele ia matá-lo.
BOOOM!
Eu me empurrei de volta e minha cabeça se virou.
Keifer estava a poucos metros da luta com uma arma no ar. Ele
abaixou, apontando para todos. — Saiam antes que eu chame a porra
dos policiais!
Mason saiu de Caldron, erguendo as mãos enquanto recuava para
onde eu estava. Matteo veio atrás dele e Petey ficou no meio, limpando o
sangue da boca. Ele descansou as mãos nos quadris, a camisa rasgada
ao meio. Um lado se foi e o outro pendia frouxamente de seu braço.
Caldron e seus amigos demoraram mais a se levantar.
— Eles começaram — disse Caldron, apontando para mim. — Você
sabe que tipo de puta está trabalhando por aqui?
Keifer disparou para cima novamente, com os olhos esbugalhados.
— Eu não dou a mínima. Dê o fora do meu festival, ou deixarei meus
garotos terminarem o trabalho. — Ele entrou no rosto de Caldron,
respirando em cima dele. — Você entendeu?!
— Mas —
— Saia! Agora! — Keifer fez um gesto atrás dele, e cinco ou seis
caras grandes começaram a avançar.
Os olhos de Caldron se arregalaram quando esses caras o
arrancaram de lá. Seus amigos também. Todos eles foram literalmente
carregados do festival.
Keifer acenou com os braços para a multidão que se reuniu. —
Todos vocês também! Voltem para os passeios e jogos. Este show acabou,
pessoal! — Ele se virou, e seu olhar afiado pousou em mim. — É melhor
você começar a explicar, mocinha, ou vai ficar sem emprego.
CAPÍTULO TREZE
— Uh, é assim, chefe...
Petey assumiu para mim e estava explicando o que aconteceu, ou
tentando explicar, no escritório de Keifer. O resto de nós esperou no
corredor. Adam, Becky e Cass estavam de pé, e Mason e Matteo
sentaram-se ao meu lado. Mark fui enviado de volta ao seu estande assim
que Keifer percebeu que ele só viria para ajudar.
Suspirei, me levantando. A explicação de Petey estava piorando
tudo em alguns níveis importantes.
Mason olhou para o lado. — O que você está fazendo?
Eu balancei a cabeça para a porta aberta. — Eu preciso fazer
alguma coisa. Petey está piorando as coisas.
Era óbvio que Keifer não estava comprando a primeira desculpa
que Petey lhe dera — que os caras nos atacaram sem razão.
As mãos de Petey estavam em todo o ar quando entrei atrás dele.
— Eu estava ocupado com alguns clientes quando os ouvi. Quando
cheguei lá, o cara já estava avançando em Sam. Eu não sei por que eles
escolheram ter um problema conosco — disse ele. — Quero dizer, nós
não fizemos nada, e Sam aqui, parecia que já tinha o suficiente. Ela se
cansou, sabe? Então sim.
Keifer ainda não parecia estar comprando, com os olhos
arregalados e uma expressão cética no rosto. Ou ele estava apenas
chateado com isso.
— Sam é uma garota legal, chefe — acrescentou Petey. — Eu a
manteria por perto com certeza, toda sinuosa e feroz.
— Ok. — Keifer levantou a mão, sentando-se para frente em sua
cadeira de escrivaninha. — Pare. Você não vai entregar sua colega de
trabalho. Entendi. Agora... — Ele transferiu seu olhar obtuso para mim.
— Que tal obtermos a história real, hmm? — Ele estalou os dedos,
apontando para a cadeira ao lado de onde Petey estava.
Eu dobrei minhas mãos no meu colo. — Petey não teve nada a ver
com esses caras. Ele estava tentando me proteger.
— Estou ciente. Petey não briga a um ano inteiro.
— É? — Petey sorriu.
Keifer lançou-lhe um olhar sombrio. — Que eu tenha visto, quero
dizer.
Petey riu.
Keifer voltou para mim. — Você estava dizendo?
— Esses caras não vieram para o festival por mim, mas agora que
eles sabem que eu trabalho aqui, ou… — Eu tossi. — … Costumava
trabalhar aqui, eles voltarão. Isso é tudo minha culpa.
— Vamos lá. — Adam entrou, seguido de perto por Becky. Cass
ficou no corredor. — Foram quatro contra um. Isso não é justo, e não é
culpa de Sam. Você não pode demiti-la, senhor.
As sobrancelhas de Keifer franziram juntas. Ele recostou-se na
cadeira, enquanto estudava Adam. — E quem diabos é você?
— Oh. Adam levantou a mão. — Eu sou Adam Quinn. Você pode
conhecer meu pai, Steph...
— Tire essa mão do meu rosto. — Keifer levantou, olhando para
mim. — Isso é o que vamos fazer. Você está demi...
— Isso seria um erro.
Mason falou do fundo do escritório. Ele deve ter vindo atrás de mim
e agora se encostou na parede com os braços cruzados sobre o peito.
Todos olhavam para ele. Era como se uma pantera sonolenta tivesse
acordado e todos se lembrassem de que haviam deixado a porta da gaiola
aberta. A tensão percorreu o ar e olhei para Keifer. Seus olhos estavam
trancados em Mason. Ele não conhecia Mason, mas sabia que não era
outro Adam Quinn que tentou afirmar seu domínio com um aperto de
mão fraco. Mason era o negócio real.
Keifer respondeu com um tom mais suave: — E você é?
Mason balançou a cabeça. — Meu nome não importa.
— Então o que importa?
— Você tem uma oportunidade aqui. — Mason apontou para Adam
e Becky, depois para mim. — Se eu fosse você, eu estaria contratando
pessoas da cidade por um motivo e esse é o atrativo que elas podem ter
na comunidade local. É por isso que você contratou Sam e Mark, certo?
Você acabaria indo colocá-los em algum lugar que seus amigos viriam e
sairiam? Gastando dinheiro com comida, jogos e bebida.
— Talvez.
Keifer não estava dando muito, mas Mason também não. Ele
continuou encostado na parede. Ele descansava um pé sobre o outro,
fazendo uma pose casual.
— Aqueles caras que atacaram Sam não são caras com os quais
você quer se aliar — disse Mason uniformemente.
— Quem disse que eu vou?
— Eles são o tipo que vão entrar, ficar bêbados e mijar em todo o
seu lugar. Seu festival será vandalizado e você sabe que estou certo.
Os olhos de Keifer se estreitaram. — Eu não ia deixá-los voltar.
— Demitir Sam é a decisão errada.
As narinas de Keifer se alargaram. — Você já disse. Ainda estou
esperando para ouvir uma boa razão.
— Coloque-a no jardim da cerveja. É aí que ela e Mark queriam
trabalhar em primeiro lugar.
— Todo maldito empregado começa a trabalhar de baixo para cima.
Eu não vou colocar nenhum novato lá. Nenhum garoto novo vai derramar
minha cerveja e foder minha caixa registradora. Você entendeu?
— Então avance rapidamente a orientação — disparou Mason, em
pé agora. Seus braços abaixaram para o lado, mas isso só aumentou a
tensão na sala. Sua voz permaneceu enganosamente calma. — Coloque-
os no jardim da cerveja. Nós iremos vir. E se estivermos aqui, todos os
outros também virão. Quinn está ligado ao grupo rico de malucos e eu
estou ligado ao pessoal da Roussou. Coloque Sam em algum lugar onde
possamos estar para ajudar a protegê-la e você dobrará suas vendas
normais.
— Nós ficamos muito bem nos fins de semana.
— Eu não estou falando dos fins de semana. Estou falando das
tardes. Se você fez sua lição de casa, sabe que há uma boa plateia no
Manny's todas as noites. Essa é a nossa multidão. Nós vamos trazê-los
para cá em vez disso.
Eu amaldiçoei interiormente. Heather adoraria isso.
Keifer parecia estar pensando, seu olhar contornando de mim para
Mason e voltando. Finalmente, depois de um silêncio mais do que
necessário, ele apontou para mim. — Este é seu namorado?
— Sim.
— Aqueles caras foram atrás de você por causa dele?
Como ele...
Ele sorriu. — Quatro em cima de uma garota? É sempre por
vingança se isso acontecer, querida.
Eu corei, mas olhei para ele ao mesmo tempo. — Meu nome não é
querida. É Samantha.
Mason veio para ficar ao meu lado. — Você pode demitir Sam. Isso
é bom. Ela não precisa desse emprego. Mas ela gosta de estar aqui. Faça
o que eu estou sugerindo e, no final do verão, você pode fazer uma grande
festa. Diga a todos que Mason Kade está comemorando em seu festival
antes de voltar a Universidade de Cain para o seu último ano.
A cabeça de Petey virou e Keifer agora ficou estranhamente imóvel,
quase olhando através de Mason. Uma veia saltou ao longo do lado de
sua mandíbula. — O superstar do futebol? Aquele garoto?
— Sim — disse Mason. — Aquele garoto.
Keifer empurrou a cabeça para frente. — Você é aquele garoto?
— Eu sou aquele garoto.
— Há rumores de que seu pai é muito rico também.
— Ele é, e ele vai se casar com a mãe de Sam. Foi assim que nos
conhecemos e é por isso que ela não precisa desse emprego. Você é o
único a perder se demiti-la.
— Agora. — Keifer ladrou essa palavra, inclinando-se para
descansar as mãos em sua mesa. Sua mandíbula se contraiu. — Eu sei
disso agora, mas a verdadeira questão não é se quero perder a chance
dessas vendas extras. É se eu quero lidar com um bando de idiotas pelo
resto do verão. Você não acha que podemos atrair nosso próprio público?
Você não acha que é o que fazemos para um maldito morador, garoto? —
Ele acenou para a porta, nos dispensando. — Deem um fora daqui antes
que eu mude de ideia e traga aqueles caras de volta.
Mason pegou minha mão. — Tudo bem. — Ele me levou para fora
do escritório. Adam e Becky se arrastaram atrás de nós. Encontramos
Matteo e Cass sentados em lados opostos do banco do lado de fora. Eles
levantaram quando nos viram.
— O que aconteceu? — perguntou Matteo.
— Sam foi demitida.
Adam acrescentou à breve explicação de Mason. — O cara é um
idiota. Ele está perdendo uma tonelada de dinheiro. Ele deveria ter
escutado...
Mason o interrompeu. — Onde você estava?
— O quê? — Adam deu um passo para trás.
— Você estava lá. Você poderia ter ajudado.
Os olhos de Adam se arregalaram. Ele olhou para mim, depois para
Becky antes de voltar para Mason. Ele tossiu. — Eu fui pegar o Mark. Fui
eu quem disse para Becky para chamar os seguranças. Ela é a razão pela
qual Petey soube que algo estava acontecendo. Nós não tínhamos ideia.
Eles estavam atrás da tenda e música estava tocando. Nós não
conseguimos ouvir.
Isso era besteira. Petey pode ter se distraído porque ele estava
fazendo o trabalho dele, mas Adam teria notado Caldron antes de passar
entre as barracas.
— É verdade — disse Mark. — Adam veio e me pegou. Ele é mais
rápido que Becky.
Isso estava estranho, mas as bases de Adam estavam cobertas. Eu
tinha outro problema para lidar. Larguei a mão de Mason e me virei para
ele. — Você fez isso de propósito?
Todos pararam. Novamente.
Matteo murmurou atrás de nós. — Porra.
O único que não pareceu surpreso com a minha pergunta foi
Mason. Uma máscara ilegível caiu em seu rosto, e eu sabia que ele estava
se protegendo.
— Sim — disse ele.
— Você sabia que meu chefe seria insultado pela maneira como
você falou com ele. Uma criança dizendo a ele o que fazer, você sabia que
ele me tiraria do trabalho aqui.
— Sim — ele se interrompeu pela segunda vez. — Eu faria de novo
também.
— Uh, pessoal. — Matteo se afastou de nós, guiando Adam e as
meninas. — Talvez devêssemos dar-lhes algum espaço, hein?
Eu estava ciente deles saindo, mas meu sangue ferveu. Eu não
consegui desviar o olhar de Mason. — Por quê? Por que você fez isso?
— Você sabe por quê.
Ah não. Eu balancei a cabeça, balançando um dedo no rosto dele.
— Você não faz isso. Você não suaviza seu tom comigo, como se estivesse
desistindo dessa luta. Você já me sabotou lá. Não recue agora.
— Eu não posso te proteger aqui.
— Você acabou de fazer toda uma discussão sobre que você poderia
fazer isso.
— Eu não posso estar aqui todos os dias.
— Então? Ele poderia me fazer trabalhar à noite, quando você pode
estar aqui.
— Toda noite?
— Sim!
— Todo minuto? Toda vez que você tem que levar o lixo para fora?
Toda vez que você esquecer algo em seu carro e tiver que correr para
pegar? Eu deveria ser sua sombra todas essas vezes?
— Sim! — Por que ele estava lutando contra isso? — Tivemos
ameaças piores.
— Caldron foi atrás de você duas vezes agora. A primeira vez eu
estava bem ali. Ele é pior que Budd Broudou. Ele sabe quem você é. Eu
não posso enganar esse cara, e tanto quanto eu gostaria, eu não posso
estar com você a cada momento. Ele é do tipo que vai ficar à espera, e ele
vai pegar você no segundo em que eu não estiver por perto.
Seus braços estavam tremendo e ele respirou com calma.
— Sam. — Ele deu um passo à frente, tocando meus braços
suavemente. — Esse cara vai te machucar.
Eu procurei seus olhos, tentando ler seu próximo movimento. — O
que você vai fazer?
— Eu vou machucá-lo primeiro.
— Você já machucou.
Mason não respondeu. Talvez este tenha sido o problema? Mason
já o havia derrubado, e Caldron acabou de atacar novamente. Se ele
continuasse vindo, o que poderia ser feito? Eu mastiguei o interior da
minha bochecha, mantendo todas essas perguntas para mim. Se eu
estava pensando nisso agora, eu sabia que Mason já havia processado.
— O que você vai fazer? — perguntei.
— Eu vou cortar seus joelhos para que o filho da puta não possa
andar.
Eu soltei uma risada trêmula. — Parece um bom plano.
Mason riu, seus olhos suavizaram quando ele me puxou contra ele.
Ele cruzou os braços em volta de mim e eu senti seus lábios roçarem
minha testa, ternamente, antes que ele encontrasse meus lábios. Fechei
meus olhos e me deixei derreter naquele beijo até que ouvimos a porta do
escritório abrir.
— Bem, garoto, você me convenceu a manter sua garota por perto.
Mason ficou tenso e levantou a cabeça.
Keifer estava na porta do escritório, de braços cruzados sobre o
peito e um sorriso maroto no rosto. Petey estava atrás dele, mastigando
o interior de sua bochecha.
— Você começa no jardim da cerveja amanhã à noite — Keifer me
disse. — Oito horas em ponto. Petey vai trabalhar com você. — Ele se
virou, deu um tapinha no ombro de Petey e desapareceu no interior.
O plano de Mason tinha acabado de sair pela culatra.
****
****
****
MASON
Logan levantou a cabeça entre os dois bancos da frente. — Até onde
fica este lugar? — Ele concordou em ir atrás porque Nate tinha o GPS
pronto para ir.
— Não temos um endereço exato, apenas uma ideia de onde será.
— Isso está muito fodido. Nós poderíamos ficar dirigindo por horas.
Nós não ficamos. Estávamos uma hora ao norte de casa, mas
quando Nate disse alguma coisa para Logan, virei para a estrada da
costa. Sam tinha dito que a cabana estava localizada na estrada, e essa
área correspondia à descrição de Becky — sem muitas casas, portanto,
muitas árvores e penhascos rochosos. Nate e Logan ainda estavam indo
e voltando quando parei o veículo no final de uma entrada de automóveis.
Eu podia ver o topo de uma mansão branca, e o nome na caixa de correio
dizia Quinn.
— Estamos aqui? — Logan perguntou.
— Estou dando um palpite, mas sim.
— Nós sabemos como vamos entrar? — Nate perguntou ao
estacionarmos. A casa tinha três andares, com um alpendre envolvente.
Logan e eu compartilhamos um olhar quando saímos e ficamos em frente
ao local. Era uma cabana. Sim, era grande, mas ainda uma cabana. A
tinta estava um pouco desgastada. Eu podia ver algumas teias de aranha
na varanda. O local não era muito visitado, e eu aposto que não havia
um sistema de segurança de última geração.
Logan pulou na varanda e sacudiu a porta. — Está trancada. —
Ele olhou para mim.
Eu gesticulei para os fundos. — Verifique todas as portas. Eles
podem ter deixado uma destrancada — ou até mesmo uma janela.
E nós estávamos com sorte. A porta da garagem anexa estava
destrancada, mas por dentro havia outra porta que dava para a casa, e
aquela estava trancada.
Logan começou a rir.
— O quê?
Ele pisou com cuidado em um tapete. — Você está brincando
comigo? — Ele se ajoelhou e sentiu por baixo, tirando uma chave. — Os
filhos da puta literalmente a deixaram debaixo do tapete. Isso é quase tão
ruim quanto mantê-la em uma daquelas pedras falsas.
Ele abriu a porta e nós entramos. Nós passamos pela cozinha e
Logan bateu palmas. — Ok, meu irmão gênio. Por onde começamos?
Nate acendeu uma luz sobre o fogão. — Eles têm eletricidade.
— Então, se eles têm um computador, podemos ligá-lo.
— Espero que eles não usem senha — acrescentou Logan.
Dei um tapinha no ombro dele. — Talvez tenhamos sorte
novamente e eles terão suas senhas escritas em algum lugar.
— Porra. Eles provavelmente terão. Mas sério. — Ele olhou para
mim. — O que você está procurando?
— Qualquer coisa que pareça ilegal? — Eu não tinha certeza do que
estávamos procurando, ou se estaria mesmo neste lugar. Eu só queria
algo na mão para trocar pelo favor que eu precisava pedir ao meu pai. Eu
precisaria da ajuda dele para lidar com o Caldron, e eu não queria dever
a ele. — Basta olhar através de seus arquivos.
— Entendi. — Logan assentiu. — Estamos pensando no que
faríamos se estivéssemos fazendo algo ilegal, como manter arquivos
incriminatórios como backup caso algo aconteça? Algo parecido?
— Você manteria isso em sua casa ou escritório?
— Aonde as autoridades iriam primeiro? — Logan sacudiu a
cabeça. — De jeito nenhum, e pensando nisso, precisamos começar a
usar o antigo lugar de papai novamente. Há muitos bons esconderijos
para nossos futuros empreendimentos ilegais.
Nate estava vasculhando um dos armários, mas parou para sorrir
para nós. — Somos futuros criminosos de colarinho branco?
— Todo mundo precisa ter aspirações.
Ignorando a brincadeira, eu me movi por um corredor lateral e abri
uma porta. — Eu encontrei o escritório.
— Basta lembrar, Mase — Logan chamou da cozinha. — Grande
bastão é uma senha perfeitamente aceitável. Só porque você usa, não
significa que os outros não vão.
— Vá se foder — eu disse de volta, mas estava sorrindo quando
liguei o computador e me sentei. Quando a tela de senha apareceu, eu
revirei os olhos e digitei. — Aparentemente, Steven Quinn não tem um
grande bastão. Não é a senha.
— Homem-foguete? — Logan sugeriu.
Nate acrescentou: — Pornstar?
Eu digitei Pau Grande. E nada. — Dane-se — eu murmurei,
folheando alguns dos papéis sobre a mesa. Dentro da gaveta, encontrei
uma palavra rabiscada. K45it () rd. Estava separado de todas as outras
notas, e digitando isso, eu entrei.
Logan e Nate ainda estavam jogando ideias. Big Johnson. Grande
Willy. Cacetudo. Atirador. Encantador de Taco. Deixei-os continuarem e
parei de ouvir.
O Sr. Quinn mantinha muitos arquivos comerciais neste
computador. Analisei tudo o que parecia relacionado a Fallen Crest, algo
sobre os negócios em Roussou e uma tonelada de arquivos sobre o
country club. Eu ainda estava lendo e folheando quando Logan disse meu
nome.
— O quê? — Eu olhei para cima.
— Você está aqui há uma hora.
— Estou?
— Sim. Obrigado por nos informar que você entrou. — Ele veio ao
redor para ficar atrás de mim.
— Desculpa. Eu não achei que vocês estivessem realmente
tentando ajudar com as ideias de senha.
— Sim, talvez não. — Ele bateu no meu ombro. — Então qual delas
funcionou? Foi iogurte lançador, não foi?
— Não. — Eu cliquei em outro arquivo intitulado Pagamentos. —
Foi encantador de taco.
— Eu sabia! Que mente suja Quinn tem. — Logan riu. — Eu aposto
que Quinn Júnior é tão sujo quanto ele. Tem que ser, se ele está indo
para a política.
— Ei! — Nate entrou na sala, franzindo a testa. — Você entrou e
não nos contou?
— Foi um acesso restrito, Nate, e você não precisa saber.
Eu os desliguei. Logan estava indo para cima de Nate, o que ele
estava fazendo desde que ele voltou, e Nate ia ignorá-lo a princípio, então
atirar insultos de volta ou ficar chateado. Essa era a dinâmica desde que
éramos crianças.
— Você encontrou alguma coisa? — Logan perguntou.
— O quê? — Eu olhei para cima, distraído. Eu estava olhando para
uma tela de nomes e números, mas nada disso fazia sentido. — Não. —
Peguei um pendrive e comecei a copiar tudo. — Vou pegar o máximo que
puder. Nós podemos olhar através disso depois. Vocês podem procurar
nos quartos dos fundos ou o porão por arquivos em papel?
Os dois compartilharam um olhar e deram de ombros.
Talvez ter vindo aqui tivesse sido sem razão, mas eu sabia um
pouco mais sobre os negócios de Quinn do que antes.
Uma hora depois, estávamos voltando quando Logan leu suas
mensagens de texto. — Uh, pessoal?
— O quê? — Nate se inclinou para frente, agora que estava sentado
na parte de trás.
Logan olhou para mim, encolhendo-se ligeiramente. — Precisamos
ir para Roussou.
— Por quê?
Eu disse a Sam para levar Taylor para sair, e conhecendo Sam, isso
significava que ela encontraria Heather. Eu já tinha uma ideia do que ele
ia dizer quando o ouvi.
— Elas estão na casa de Channing, e Taylor mandou mensagem.
Caldron está lá.
Eu apertei o acelerador. Se fossemos apanhados por um policial,
eu não me importaria. Eu precisava de um para me seguir até Channing
e me impedir de matar Caldron, porque era assim que eu me sentia no
momento.
Agarrei o volante, meus dedos se abriram, e não conversamos até
que eu freei do lado de fora da casa de Channing.
Eu estava correndo para a casa um segundo depois, com Logan
logo atrás de mim.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
Tudo começou bem. Foi até divertido.
Taylor e eu terminamos uma garrafa de vinho no momento em que
Heather se juntou a nós, e tudo o que ela fez foi juntar mais um monte
em uma caixa, e então nós estávamos no carro. A festa era no Channing,
já que sua irmãzinha tinha ido embora no final de semana. Na verdade,
era no prédio atrás de sua casa, que ficava a uma distância segura de
qualquer vizinho intrometido. Nós estávamos na cozinha fazendo
margaritas quando os primeiros amigos de Channing chegaram.
Grandes, musculosos – eu os reconheci da luta de Channing.
Todos eles acenaram para nós e pareciam saber quem eu era. Eu
não me lembrava dos nomes deles, mas eu sabia que eles eram boas
pessoas. Heather cumprimentou cada um deles pelo nome, abraçando
todos eles. Havia respeito na maneira como eles conversavam com ela,
respeito em como eles acenavam, me reconhecendo. Nenhum deles se
levantou e olhou para Taylor, que ficou no fundo. Eu não podia culpá-la
por isso. Esses caras pareciam duros. Alguns chegaram em motos.
Alguns usavam coletes de couro e bandanas. Outros se pareciam mais
com nós, de jeans e camisetas, do jeito que Mason e Logan se vestiam,
mas quando você misturava todos juntos, até eu ficava um pouco
intimidada.
As margaritas se transformaram em doses, e isso se transformou
em um jogo na fogueira no quintal de Channing. Acho que talvez fosse o
som — o riso, os gritos, os sons de mais e mais motos se juntando à festa,
ou talvez até a música. O hip-hop soou e, de repente, a festa na qual
Heather me disse que estaríamos bem em nos juntar com um grupo de
pessoas de tamanho médio que ela confiava se tornou uma grande festa,
e eu sabia que ela não confiava em todos os recém-chegados.
Em mais de algumas ocasiões, eu a vi congelar, seus olhos
grudados em alguém andando no quintal. Foi quando eu comecei a
verificar a hora, checando meu celular em busca de mensagens. Não
havia nenhuma. Isso significava que Mason ainda estava procurando,
mas notei Taylor em seu telefone.
— Você está mandando mensagens para Logan? — perguntei.
Ela assentiu, sem olhar para cima. — Estou começando a me
arrepiar.
Eu também estava e estava com medo. Eu não queria interromper
Mason, mas isso estava se tornando um lugar perigoso para nós.
Eu toquei no braço de Heather. — Que tal entrarmos?
Ela olhou em volta. — Sim. Nós podemos ir para o porão.
Encontramos Channing lá embaixo, jogando sinuca com seus
amigos. Alguns dos nós se afrouxaram no meu estômago, enquanto me
lembrava de quando Logan e Mason jogavam sinuca com seus amigos.
Por um momento, esqueci as pessoas do lado de fora. Ninguém estava
tenso aqui. Era tudo brincadeira, histórias sendo compartilhadas e um
jogo de sinuca bem-humorado.
Heather foi para trás do bar e nós seguimos. Algumas outras
garotas vieram junto com dois caras chamados Moose e Chad. Heather
apresentou-os como dois dos melhores amigos de Channing. Moose era
enorme, com uma cabeça careca e olhos castanhos gentis. As tatuagens
cobriam os lados do crânio e da nuca, assim como o outro amigo da noite
de luta. Chad não era tão musculoso quanto Moose, mas era mais alto e
mais magro. Ele tinha uma cabeça cheia de cachos ruivos, olhos verdes
e o começo de uma pequena barba. Eles se posicionaram entre nós e o
resto da sala, e eu sabia que eles tinham sido enviados por Channing
para ser nossa proteção. Eu não me lembrava do Chad do evento da luta,
mas me lembrava do Moose. Ele fez questão de se aproximar e apertar a
mão de Mason naquela noite.
Pouco depois, estávamos rindo de algo que Moose disse sobre
Chad. Foi engraçado e despreocupado, nada importante, mas foi o
momento antes de todo o inferno desabar.
Nós estávamos rindo.
Sobre alguma piada.
E nenhum de nós estava com medo, mas depois as coisas
mudaram.
Eu ouvi a voz atrás de mim.
— É aqui que a verdadeira festa está.
Calafrios desceram pela minha espinha.
Jared Caldron entrou na sala com um grupo inteiro seguindo-o. Eu
parei de contar quando cheguei a dez caras atrás dele, e eu cutuquei
Taylor para a esquina para que ele não pudesse nos ver.
Heather agarrou meu braço e me puxou para baixo do bar. Eu
puxei Taylor comigo e nos amontoamos nos pés de Heather. Ela se
levantou, revirando os ombros para trás. Ela tentou parecer casual, mas
seu joelho estava tremendo.
Moose e Chad assumiram a posição na entrada do bar. Se alguém
quisesse chegar até nós, eles teriam que passar por eles.
Acima de mim, ouvi Channing dizer: — É uma festa particular,
Caldron. Você precisa ir.
— Ir? Você está falando sério? — Caldron riu e, então, os caras
dele. — Nós entramos. Estive lá por vinte minutos. Obrigado pela bebida
grátis, a propósito.
Fechei meus olhos, mas não só de medo. Eu precisava sentir o
máximo possível na sala.
— Saia, Caldron.
— E o que você faria se eu dissesse não?
— Eu diria que vamos fazer você sair.
Os joelhos de Heather começaram a bater no armário embaixo do
bar. Eu olhei para cima, mas ela parecia completamente inconsciente.
— Você? — Caldron bufou em descrença. — Metade do seu pessoal
está espalhado do lado de fora. Meus caras estão bloqueando as portas.
Eles não têm ideia do que está acontecendo aqui.
— Porque não há como uma pessoa aqui ligar ou enviar mensagens
de texto. Sim. Você está certo. Nós estamos ferrados — Heather disse.
Seu joelho estava batendo com força na prateleira agora. Eu
estendi a mão e parei. Ela olhou para baixo e mudou sua postura. Taylor
olhou para mim. Dei de ombros.
— Cale-se, Jax, ou eu vou passar muito tempo na casa do seu
velho. Tenho certeza que você adoraria isso, né?
Ela mostrou o dedo para ele.
Ele riu. — Você tem luta em você; eu admito. Ela tem luta, Monroe.
Eu aposto que ela é muito boa na cama, hein?
— Você vai calar a boca agora mesmo. — A voz de Channing era
um aviso baixo.
— Você já fez essa ameaça e nada. Sem ninguém em cima de mim.
Ainda estou aqui.
A voz de Caldron era igualmente baixa, um desafio em si. Eu podia
imaginá-lo abrindo os braços, como se dissesse: — Aqui estou eu, venha
me buscar. Mas, enquanto eu ouvia, não havia sons de brigas ou contato
físico.
Eu esperei com meu coração na garganta.
Eu notei Taylor em seu telefone, apertando as letras e números
furiosamente. Ela estava mordendo o lábio. Ela respirou fundo e seu lábio
começou a tremer até que ela mordeu novamente, parando-o.
Ela ia estar sangrando em breve.
— Caldron. — A voz de Channing soou mais perto, como se ele
tivesse andado para o bar. — Eu disse pare.
— Eu sei que você disse. — Caldron estava mais perto também.
Ele estava vindo em nossa direção. Heather bateu nas minhas
pernas. Sua mão escorregou para baixo do bar e ela fez sinal para eu me
afastar. Eu fiz o máximo que pude. Assim que havia espaço suficiente,
ela se moveu, agora tentando ser um escudo humano, para que ele não
pudesse olhar para baixo e nos ver curvadas ali.
Era inútil. Caldron estava chegando. Eu podia ouvir seus
movimentos. As pessoas estavam começando a se empurrar. Algumas
garotas disseram: — Cuidado! — E — Ei! Eu estou de pé aqui.
Eles estavam procurando por nós.
Eu senti isso no meu interior. Alguém veio, nos viu e mandou uma
mensagem para ele que estávamos lá. E agora estávamos presas como
animais neste porão. A única saída era passando através de Caldron e
seus capangas. Eu me posicionei com as mãos no chão em cada lado das
minhas pernas — quase na posição inicial de um corredor, exceto que eu
pularia para cima e não para frente.
O telefone de Taylor brilhou. Ela segurou e eu li a mensagem de
Logan.
Aqui. Agora.
A luta estava prestes a começar, e se Mason e Logan corressem,
alguém poderia culpá-los. Isso não poderia acontecer, porque isso tinha
uma boa chance de ser levado pelas autoridades. Se alguém fosse levar
a culpa, eu me certificaria de que fosse o Caldron.
Meu coração ainda estava na minha garganta, eu respirei
rapidamente e me empurrei na posição vertical.
— Sam! — Heather assobiou, com seus olhos arregalados.
Meus olhos encontraram os de Caldron e eu sabia que tinha razão.
Ele não ficou surpreso em me ver. Um sorriso puxou seu lábio. Ele
parecia muito convencido.
— Quem foi? — perguntei.
— Quem foi o quê?
— Quem te disse que nós estávamos aqui.
— Nós? — Ele fez questão de olhar em volta. — Quem é 'nós'?
Taylor estava prestes a se levantar. Eu toquei o topo de sua cabeça
e a empurrei de volta para baixo. Ele não sabia que Logan estava aqui,
apesar de que ele iria descobrir em breve, mas ele realmente não
precisava saber sobre a namorada de Logan. Ela seria apenas mais um
alvo para ele.
Eu sorri para ele, fria. — Não leia isso. Eu gosto de me referir a
mim e a minha grandiosidade como duas pessoas separadas. Sabe,
porque eu sou tão incrível.
Ele balançou sua cabeça. — Você é muito convencida,
considerando que finalmente peguei você.
Channing se adiantou, junto com o resto de seus homens. Moose
e Chad saíram da abertura do bar e se juntaram ao grupo de amigos, que
começaram a formar uma parede.
Heather assobiou ao meu lado, em voz baixa. — O que você está
fazendo?
— Certificando-me de que ele comece a luta, e não nós.
Ela limpou a garganta. — Deixe-me fazer isso então.
Eu olhei de lado para ela quando ela se lançou sobre o bar, usando
sua vantagem de altura para pular para a frente da fila. Ela ficou ao lado
de Channing, com a mão em seu braço. Ele olhou para baixo, depois para
ela. Ela passou algum tipo de mensagem com esse toque, mas eu não
consegui decifrá-la de onde estávamos.
— Caldron. — Ela sorriu para ele, cruzando os braços sobre o peito.
— Eu nem sei por que você está aqui. Você está perdendo espaço. Você
está de volta ao ensino médio. Você ainda está atualmente. Tudo o que
você faz é passear com seus amigos, agindo como um cara durão, mas
você nunca consegue nada. Você esteve em duas lutas contra Mason
Kade, e ele colocou você para fora as duas vezes. — Ela gesticulou para
Channing. — Você está exagerando desde que nos formamos, e fazendo
todo tipo de ameaças ao meu namorado. Mas acho que sei o que está
acontecendo.
Ele franziu a testa para ela.
— Tudo bem se você é uma covarde. Ou se você...
Seu rosto ficou vermelho e em um instante ele estava dando o
primeiro soco. Heather não terminou a frase antes que Channing a
puxasse para trás. Ele se abaixou sob o braço de Caldron, depois deu um
soco direto no queixo.
Depois disso, ele estava ligado.
Eu ouvi gritos e pessoas chorando de dor, mas por um momento
antes de tudo isso, houve um silêncio total. Depois que Caldron atacou,
todos precisaram de tempo para compreender que a briga estava
acontecendo e, naquele segundo, ouvi meu próprio suspiro. Soava
ensurdecedor aos meus ouvidos e eu sabia — eu me lembraria daquele
suspiro pelo resto da minha vida.
Chad puxou Taylor e eu para trás, nos puxando para fora do bar e
indo para o lado de um corredor. Moose foi conosco, trazendo a
retaguarda e afastando outras pessoas que tentaram chegar até mim. Até
agora, ninguém estava tentando ir atrás de Taylor. Eu olhei para trás
para encontrar Heather, mas não consegui vê-la. Havia apenas uma
massa de pessoas lutando.
— Vamos. — Chad abriu uma porta e vimos uma janela para saída.
Ele puxou a tela e saiu. Ele levantou Taylor e jogou-a para o gramado.
Eu era a próxima, caindo meio em cima de Taylor. Nós nos levantamos
rapidamente, e Chad e Moose saíram atrás de nós.
— Vamos. — Chad apontou para os carros e começou a correr,
segurando o braço de Taylor.
Comecei a correr com eles, seguindo Moose. Eles poderiam levar
Taylor em segurança, mas eu tinha que voltar para encontrar Mason e
Logan. Eu sabia que eles estavam aqui; o Escalade preto de Mason estava
estacionado no gramado. Moose virou para trás, olhando para mim.
Eu acenei para ele. — Estou bem atrás de você.
Ele assentiu e os três correram mais rápido.
Eu não podia esperar mais. Eu me virei e corri de volta para a casa.
— Sam! — Taylor gritou atrás de mim.
Eu continuei, gritando por cima do meu ombro — Mason e Logan
estão aqui. Eu tenho que ir!
Eu ouvi um punhado de maldições e sabia que pelo menos uma
pessoa estava vindo atrás de mim. Um braço envolveu minha cintura e
de repente eu estava no ar.
— Não! — Comecei a lutar. Eu precisava me libertar.
— Porra, porra. Você é louca. — Era Chad. Ele grunhiu, evitando
minhas pernas. — Está bem, está bem. Eu vou com você se você parar
de me bater m... — Meu cotovelo bateu em seu queixo.
— Oh. — Eu me encolhi. — Eu sinto muito.
— Pare, ok? Pare.
Eu balancei a cabeça, esperando até meus pés estarem no chão.
Ele me colocou no chão e recuou com as mãos no ar. — Eu não vou parar
você, mas eu tenho que ir com você. OK? Eu tenho que ir, Channing me
disse para protegê-la.
Eu balancei a cabeça novamente. — Eles são minha família.
— Eu entendo isso. — Ele olhou para a casa. As brigas se
espalharam pelo jardim. Ele xingou, depois tirou o moletom. Ele segurou
para mim. — Coloque isso. — Quando eu coloquei, ele puxou o capuz
para frente. — Talvez isso ajude a camuflar você um pouco.
Eu puxei meu cabelo para frente também e comecei a correr na
frente. Chad se aproximou e correu ao meu lado, e nós começamos a
voltar para dentro.
Houve mais gritos, mais gritos, mais tudo.
Eu podia sentir o cheiro de sangue no ar. Sangue e suor.
Então tudo diminuiu, e eu assisti meu pesadelo ganhar vida. Eu
não consegui chegar a Mason e Logan. Eles iam se machucar, e eu não
podia fazer nada para impedir. Eu estava empurrando, puxando e
abrindo caminho, e ainda assim eu não conseguia vê-los.
Então, de repente, houve uma clareira na multidão.
Eu vi Mason e comecei a gritar seu nome.
Bang!
Bang!
Bang!
Três tiros soaram.
CAPÍTULO VINTE E SETE
MASON
— Mason!
Eu me virei, ouvindo meu nome, e lá estava Sam. Ela estava na
parte de trás, ao lado de um cara que eu reconheci como um dos amigos
de Channing. O cara que eu estava segurando deu um soco e eu segurei
seu braço. Torcendo para trás, ouvi um pop satisfatório e soube que ele
seria inútil pelo resto da noite. Eu o soquei no rosto, apenas o suficiente
para atordoá-lo, e o empurrei para outro grupo de amigos de Caldron.
Logan estava trocando socos ao meu lado.
Quando ouvimos a arma, nós dois congelamos um momento, mas
parecia ter vindo de longe, então continuamos. Foi quando eu ouvi Sam
gritando por mim e agora, eu peguei Logan e o puxei comigo.
— Ei! — Ele rosnou até perceber que era eu. — O que você está
fazendo?
Eu apontei. — É Sam. Vamos.
Nós decolamos, de volta pelo caminho que acabamos de chegar.
Alguns caras tentaram nos pegar, mas nos esquivamos e socamos, ou
evitamos e os pegamos, jogando-os para o lado.
— E quanto a Channing? — Logan perguntou enquanto nós
seguimos.
— Channing está bem. Caldron quer nossas cabeças em uma
bandeja, não Channing. Temos que levar Sam e Taylor para ficarem em
segurança.
Então saímos e Sam começou a correr na nossa frente. O cara com
ela ajudou a abrir caminho. Logan e eu nos juntamos a ele para cercar
Sam e formar uma barreira. Ela poderia simplesmente correr e não ter
que se preocupar em lutar.
Eu estendi a mão uma vez, minha mão deslizando sobre a dela. Eu
não pude me parar. Eu precisava me assegurar de que ela estava segura.
Ela estava, e sua mão apertou a minha enquanto continuávamos
correndo.
— Taylor. — Logan avistou sua namorada à frente, esperando
dentro do meu Escalade.
Eu reconheci Moose com ela e olhei ao redor. Sem Nate. Eu parei.
— Espera.
— O quê?
Logan se apressou para frente, subindo dentro do meu veículo e
abraçando sua namorada. Sam e o cara que a ajudou ficaram comigo.
Uma vez que Moose viu que Taylor estava bem, ele se aproximou de nós.
Eu olhei para Sam. — Nate não está aqui.
— Ele estava lá com você? — O cara perguntou.
Eu balancei a cabeça. — A luta já estava acontecendo. Dois caras
estavam se empurrando quando entramos pela porta do porão. Eu olhei
para trás, mas tinha apenas Logan comigo. Eu não me lembro de Nate.
Eu pensei que ele tivesse ido com a gente?
Sam colocou a mão na minha, mas eu já estava olhando para trás.
Eu tinha que entrar novamente.
— Espera. — O cara tocou meu ombro. — Deixe eu e Moose entrar.
Vou enviar uma mensagem para Channing e Heather, para que eles
saibam que vocês estão bem, mas estamos procurando por Nate Monson,
certo? Esse é o sobrenome dele?
Eu balancei a cabeça, examinando a casa. As pessoas estavam
começando a correr para os carros. Alguns estavam apenas correndo pela
calçada.
— Hey! — Logan gritou do veículo, agitando o telefone no ar. — É
Matteo. Ele e Nate estão voltando para a casa. Eles estão seguros.
— Matteo? — Sam perguntou.
Eu não me importei. Aquilo era o suficiente para mim. Eu me virei
de volta, estendendo minha mão. — Obrigado por cuidarem de Sam e a
garota de Logan.
O cara apertou minha mão, um aperto forte e firme. — Sem
problemas. Eu sei que você é bom com Channing. Isso faz você bom para
mim. Eu sou Chad, a propósito. — Ele acenou para Moose. — E esse é...
— Moose. — Eu estendi minha mão para ele também. — Obrigado.
Eu me lembro de você da noite da luta. Obrigado pela ajuda.
— Oh, sim.
Outro forte aperto de mão.
— Nós devemos ir. Os policiais vão aparecer. — Chad começou a ir
para a rua, e Moose foi com ele. — Vou entrar em contato com Channing
— acrescentou antes de sair. — Precisamos descobrir quem levou um
tiro, se alguém levou.
Um cara correndo atrás de nós parou. Seu peito arfava e ele passou
a mão pelo cabelo. — Foram dois motoqueiros de clubes rivais. Eles se
viram, e um puxou uma arma.
— Você está falando sério? — Chad franziu a testa.
O cara começou a fugir, mas Chad o agarrou e puxou de volta. O
cara assentiu. — Sim. — Seus olhos estavam selvagens. — Eu mesmo vi.
Eu estava fumando.
O som das sirenes o fez se virar para ver de onde elas vinham. —
Eu tenho que ir. — Ele deu uma cutucada na mão de Chad. — Se eles
me prenderem, eles têm mais do que apenas brigas comigo, se você sabe
o que quero dizer. Me solta, cara!
Chad o soltou, e o cara se mexeu, correndo entre as pessoas e
desaparecendo na multidão.
Sam puxou minha mão. — Vamos todos. Estamos todos bem.
Eu ouvi a urgência em sua voz e dei um beijo rápido em sua testa.
Acenando para Chad e Moose novamente, seguimos nossos caminhos
separados. Sam se acomodou no banco da frente e pegou o telefone
quando liguei o motor.
O telefone dela tocou um momento depois, quando eu virei a rua e
ela soltou um longo suspiro. — Graças a Deus. Heather está bem. Ela
disse que vai ligar mais tarde. — Ela levantou os olhos aliviados para
mim, me dando um sorriso trêmulo. — Ela está bem. Todos estão bem.
SAMANTHA
Todos estavam bem.
Fiquei me dizendo isso na viagem de volta para casa, mas se
alguma coisa tivesse sido diferente, todos poderiam não estar bem.
Alguém poderia ter se machucado. As pessoas que eu amava estavam em
um lugar onde uma arma foi disparada. Uma pessoa diferente, talvez
uma hora, ou até mesmo um lugar diferente, e talvez não estivéssemos
dirigindo para casa com todos aqui. Eu não conseguia me livrar desse
pensamento, e talvez todo mundo também tivesse, mas eu não queria
ficar sentada, tomar algumas bebidas e mentir a noite toda. Eu não
queria ouvir as piadas de Logan ou até mesmo sentar no silêncio estoico
de Mason. Eu queria tocar e queria lembrar que estávamos vivos.
Como se sentisse minhas necessidades, Mason pegou minha mão
quando chegamos em casa. Nada foi falado, mas fomos para o nosso
quarto, que era exatamente o que eu precisava. Minhas mãos estavam
nele no segundo em que a porta se fechou. Sua boca estava na minha.
Ele me pressionou na porta e a necessidade era profunda. Era primitiva.
Era urgente.
Eu precisava de Mason agora.
Nós fizemos amor como se nunca mais pudéssemos nos tocar
novamente.
Eu arqueei debaixo dele quando ele deslizou para dentro de mim,
mas nem isso foi suficiente. Eu precisava de mais e Mason começou a
empurrar. Mais profundo e profundo. Ele manteve a mão na minha
cintura para me ancorar, mas eu queria suas mãos em cima de mim. Eu
queria a boca dele em todo lugar. Eu precisava muito mais do que ele
estava dando, e como se sentindo isso, ele puxou para fora. Meus olhos
se voltaram para os dele. O que ele estava fazendo?
Ele me virou, e eu ofeguei, pressionando um braço contra a
cabeceira da cama. Minha mão envolveu a borda, porque eu teria que
segurar. Eu o senti atrás de mim e então ele estava dentro.
Eu estava viva.
Eu estava acordada.
Deus, isso era exatamente o que eu estava ansiando.
Ele estabeleceu o ritmo. Foi um ritmo mediano no início, algo que
eu normalmente amaria e ofegaria, mas eu gemi. Minha cabeça caiu para
trás. Suas mãos pegaram um pouco do meu cabelo e ele envolveu a mão
nele. Sim! Meus seios começaram a roçar a cabeceira da cama. Ele puxou
minha cabeça para trás, apenas levemente, mas eu me movi para trás,
pressionando nele enquanto ele empurrava dentro de mim. Eu o
encontrei enquanto ele continuava se movendo forte. Eu podia senti-lo.
Minhas paredes se apertaram ao redor dele.
Mais. Ainda mais.
Eu precisava sentir dor. Talvez. Talvez ajudasse a me lembrar de
que estávamos vivos, mesmo que alguém tivesse sido baleado hoje à
noite.
Eu olhei para trás. Eu queria que ele visse a fome em mim e,
quando viu, seus olhos escureceram. Ele começou a ir mais forte.
Ainda mais. Ainda mais forte.
— Mason!
Sua mão flexionou na minha bunda e ele bateu em mim.
Isso era o que eu queria — áspero, selvagem. Eu queria de tantas
maneiras diferentes, tantas posições diferentes e tantas vezes diferentes.
Eu queria lembrar que não estávamos mortos. Nenhum de nós. Aquele
tiro não foi planejado para nenhum de nós.
Nós batemos essa verdade no meu corpo, no meu cérebro, e depois
que ambos estávamos gastos, eu me enrolei ao lado dele.
Eu ainda queria esse sentimento fora da minha cabeça — o
momento em que eu ouvi o tiro e não consegui chegar em Mason. Mas
enquanto seus braços me rodeavam e sua mão acariciava meu peito, eu
sabia que nunca estaria livre dele.
Eu poderia ter perdido um dos meus hoje.
CAPÍTULO VINTE E OITO
Eu deslizei da cama algumas horas depois.
Mason estava dormindo, e ele rolou enquanto eu me movia. O braço
que me segurava agora estava vazio na cama, a mão e os dedos
apontando para mim como se me pedisse para voltar. Eu não pude.
Eu tive um pesadelo, e ouvir aqueles três tiros novamente me
acordou. Eu estava tremendo na cama, e eu ainda estava enquanto me
vestia para correr e amarrava meus tênis. Peguei meu telefone e fones de
ouvido e entrei no corredor, mas minhas mãos não eram fortes o
suficiente para pressioná-los em meus ouvidos. Eles continuaram
caindo.
Xinguei sob a minha respiração e senti uma mão no meu cotovelo.
Eu quase gritei, mas era Taylor. Ela parecia abatida e pálida, e quando
ela pegou meu fone de ouvido e pressionou no meu ouvido para mim,
senti um sopro de ar na sua respiração.
Depois que ambos os fones de ouvido estavam no lugar, ela recuou.
Nós olhamos uma para a outra. Eu não perguntei se ela estava doente, e
ela não perguntou por que eu estava correndo. Nós nos entendíamos
perfeitamente.
Saí pela porta e olhei para trás para vê-la indo para a cozinha. Eu
não tinha dúvidas de que ela estaria sentada à mesa da cozinha com uma
xícara de café intocada na frente dela quando eu voltasse.
Mas eu não conseguia pensar nisso. Essa necessidade de chorar,
de enfurecer, de rir, borbulhava dentro de mim e eu só queria suprimi-
la.
Eu comecei a descer a calçada e virei para a esquina.
Eu não queria me aquecer dessa vez. Eu comecei rápido, e sabia
que manteria o mesmo ritmo até desmaiar em algum lugar.
Eu não queria sentir esta manhã.
****
LOGAN
Eu acordei sozinho, e depois de ir ao banheiro, eu sabia onde Taylor
estaria. Eu podia sentir o cheiro do café, e com certeza, lá estava ela —
empoleirada em um assento na mesa da cozinha, seu café ficando frio na
frente dela. Um de seus braços descansava em seu joelho, sua mão
tocando seu rosto como se ela estivesse tentando não chorar enquanto
olhava pela janela.
Esperei trinta segundos, mas ela nunca se mexeu.
— Não consegue dormir? — Era para soar casual, mas saiu como
uma piada de mau gosto. Eu estremeci, sentando em frente a ela.
Ela me olhou, com a agonia em seus olhos centrada em mim. Eu
senti como se houvesse um maldito punho quente preso no meu peito,
me queimando de dentro para fora.
— Você está falando sério? — ela perguntou, raiva e exaustão
entrelaçando suas palavras.
— Eu sinto muito. Eu não quis dizer isso do jeito que saiu. Eu só...
— Só o quê?
De repente, entendi o cheiro estranho do banheiro. — Você
vomitou. — Eu caí de volta contra a minha cadeira.
— Eu tenho certeza que sim.
E então ainda mais pontos se conectaram para mim. Eu
silenciosamente amaldiçoei minha estupidez. — Sua mãe.
— O tempo todo eu continuei tentando não pensar sobre isso. —
Ela olhou de volta pela janela, suas palavras suavizando. — Eu não
estava em casa hoje à noite, mas ouvi essa arma. Três tiros. Três vezes
alguém puxou o gatilho.
Eu sabia onde isso estava indo, mas não consegui parar, mesmo
que quisesse. Eu não podia tirar o passado dela, não importava o quanto
isso a assombrasse. Eu estava desamparado, exceto por sentar e ouvir,
então eu o fiz.
— Eu esbarrei em Sam mais cedo — disse ela, ainda olhando para
fora. — Ela estava indo para uma corrida. Eu sei que ela corre. Eu sei
que você disse que é o que ela faz para lidar com as coisas, mas eu não
entendi. Quer dizer, eu entendi. Eu estive em casa quando ela saiu para
correr e quando ela voltou antes. Eu sei quanto tempo ela corre, às vezes,
mas não foi até esta manhã que eu realmente entendi. — Ela olhou para
mim agora. — Ela parecia tão assombrada quanto eu me sinto. Ela vai
correr até que ela não sinta, assim como eu vomitei, mas isso nunca
importa. Os sentimentos sempre voltam. Talvez eu devesse tentar do jeito
dela. Aposto que ela não sente por algumas horas depois de estar
exausta.
— O que Sam faz — eu me inclinei para frente, certificando-me de
que eu estava falando gentilmente — não é saudável. Ela está apenas
tentando fugir dos sentimentos.
— Literalmente. — Taylor riu, sacudindo a cabeça. — Mas isso não
é o que ela está fazendo. Ela não está tentando se esconder das coisas
dela. Ela está tentando controlá-la, suprimi-la para que possa lidar com
isso. Isso é tudo o que ela está fazendo.
— Olhe. — Eu abro minhas mãos na mesa. Eu ansiava ir até ela,
pegá-la, beijá-la até que ela pudesse apenas me sentir, mas eu não fiz
nada disso. — Eu não sei o que está incomodando Sam agora, mas...
— Não é preciso ser um cientista de foguetes! — Os olhos de Taylor
saltaram por cima do meu ombro, e eu sabia que meu irmão estava lá.
— Ela deixou sua cama pela mesma razão que eu estou sentada
aqui — ela disse a ele. — Ela está morrendo de medo de perder vocês. Ela
perdeu tudo antes e vocês pegaram seus pedaços. Ela não pode voltar.
Eu não estou sentada aqui preocupada, que eu vou perder alguém para
um atirador. Estou sentada aqui porque já perdi. Minha mãe morreu e
eu estava lá naquele hospital quando ela fechou os olhos.
Ela ficou de pé, com os olhos brilhando para nós dois. — Eu vou
superar minhas coisas. É chamado estresse pós-traumático, mas isso
não muda o fato de que vocês dois poderiam ter sido mortos hoje à noite.
— Taylor... — eu comecei a levantar. Mason estava bem ao meu
lado, mas ele não disse uma palavra. As mãos dele estavam nos bolsos
do moletom e ele não usava camisa.
— Estou com raiva, Logan, e tenho todo o direito de ficar com raiva.
Você não é mais criança. Você não está chateado porque seu pai é uma
prostituta se divorciando. Você será um calouro na faculdade. Mason,
você é um veterano. Vocês dois estão muito velhos para fazer essa merda.
— Taylor...
— Você estava em um lugar em que uma arma estava! — Suas
mãos estavam em punhos, pressionando tanto a mesa que eu me
preocupei que ela quebrasse uma junta. — Vocês têm inimigos sérios, e
não é nem mesmo o idiota típico que está chateado porque você roubou
a namorada dele. Você tem alguém atrás de você porque você ajudou a
colocar seu melhor amigo na prisão! Isso é insano! O que vocês dois estão
fazendo?! — Ela olhou para nós um momento antes de continuar
gritando. — Sejam normais! Sejam caretas mesmo! Pelo menos vocês
estarão vivos então!
Então, tão rapidamente quanto ela explodiu, ela se acalmou. A
cabeça dela desceu e os ombros dela subiram e desceram duas vezes
enquanto ela respirava profundamente duas vezes.
Ela pegou sua xícara de café. — Eu estarei bem. Eu vou superar
isso e vou seguir em frente. Eu sei que estamos voltando para Cain em
um mês, e quando você está lá, a vida é estável. Eu estive por aí tempo
suficiente para saber que minhas coisas foram seu último soluço
dramático lá, mas estar de volta aqui? — Ela balançou a cabeça, sua mão
enrolando firmemente ao redor de seu copo. — É assustador estar aqui
com vocês. Se os dois forem espertos, vocês sairão e nunca mais voltarão
a Fallen Crest. Visitas e Feriados. Esses intervalos de curto prazo são
bons, mas morar aqui? — Ela respirou fundo, fechando os olhos. — Vocês
vão se matar. Se vocês não fizerem isso por mim, façam isso por Sam.
Vocês são sua salvação. Nunca cortem essa corda.
Taylor largou o café frio e saiu da cozinha.
Em um dia típico, eu teria um comentário sarcástico sobre o
microfone pronto para começar. Hoje eu engoli, passei por Mason e segui
minha namorada de volta para a cama. Eu entrei e a abracei.
Eu segurei-a o mais forte que pude.
****
SAMANTHA
Eu ainda estava correndo, e estava acontecendo há uma hora e
meia agora. Minhas pernas estavam ficando mais fracas, mas a
tempestade se enfureceu dentro de mim. Estava se agitando, torcendo e
atacando. Eu tinha que continuar até que alguma coisa desaparecesse.
Eu não poderia lidar se não fosse assim, mas quando eu passei por um
vale, de repente, eu diminuí a velocidade.
O Escalade preto de Mason estava estacionado ao lado do caminho
da corrida. Eu estava no alto das colinas, com Fallen Crest muito atrás
de mim, então ver outra pessoa foi surpreendente. Ter sido Mason foi
ainda mais.
Vestido com um moletom preto com capuz e calça de moletom
preta, ele se se encostou ao assento com a porta aberta. Seu cabelo estava
molhado, seus olhos sombreados enquanto ele me observava indo direção
a ele. Ele me tirou o fôlego.
— Ei — eu consegui dizer sob minha respiração irregular. Eu
descansei minhas mãos nos meus quadris. — O que você está fazendo
aqui? — Eu olhei ao redor. A estrada em que ele dirigia era estreita. Quase
todos os carros subiam até aqui. — Como você sabia que eu vim por aqui?
— Porque você foi correr para suprimir algo. Eu sabia que era ruim,
e você sempre segue esse caminho se é muito ruim.
— Oh. — Um sentimento quente me inundou, cobrindo um pouco
da tensão interna.
Ele me olhou. — Taylor mastigou Logan e eu depois que você saiu.
— Ela fez isso?
Ele assentiu. — Ela disse que precisamos crescer. — Ele deu de
ombros. — Tenho certeza pelo tom que foi que eu sou um idiota por não
ser sensível às suas preocupações.
— Minhas preocupações?
Eu senti que ainda estava correndo. Meu peito se apertou. Minha
respiração pressionou contra ele, tentando se libertar.
Ele se aproximou quase a uma distância de toque. — Sua vida se
desfez. Logan e eu pegamos suas peças, e ela disse que você está
preocupada que a mesma coisa aconteça mais uma vez. — Seus olhos
olharam para mim. — Isso é verdade? Você acha que algo vai acontecer
comigo ou com Logan?
Dei de ombros. — Eu estava preocupada com isso, ainda estou,
mas isso não é tudo o que está acontecendo comigo.
— Então o que é?
— Eu... — Eu só podia olhar para ele. Memórias de quando nos
encontramos pela primeira vez, naquele ano inteiro, brilharam na minha
mente. Foi demais, mas senti uma pressão em mim. Foi empurrando
mais e mais. Eu não sabia o que era, mas era desconfortável e eu não
conseguia me livrar disso. Finalmente eu acabei desistindo, me curvando.
— Eu não faço ideia.
— Sua mãe?
— Provavelmente. — Eu descansei minhas mãos nos meus joelhos
e olhei para ele. — Isso me torna louca? Ela nem fez nada. Eu vi um carro
em que ela estava, e a vi andando uma manhã, mas ela está aqui. — Eu
me endireitei e apontei para a minha cabeça. — Ela é como um maldito
verme. Ela entrou aqui e eu a sinto ao redor. Eu a quero fora, Mason,
mas ela não sai.
— Talvez você devesse ir vê-la.
— O quê? — Eu parei. Ele não poderia ter sugerido isso, não ele.
Ele recostou-se no banco, apoiando o braço na porta aberta. — Ela
está aqui. Você sabe. Ela sabe disso. O casamento está a apenas um mês
de distância.
Eu respirei fundo. Eu esqueci o casamento. — Eu devo ir para o
casamento? — Ou pior — Eu deveria ajudar?
Ele parecia pronto para dizer alguma coisa, depois pensou melhor.
— O quê?
Ele ergueu as mãos no ar. — Não é que eu estivesse escondendo
isso de você; ouvi uma vez e esqueci de dizer alguma coisa porque
imaginei que você sabia.
— Mason — eu avisei, mantendo meus olhos fixos nele. — Conte.
Agora.
Ele gemeu. — Eu pensei que Malinda disse algo para você. Juro
por Deus que é por isso que não falei nada da vez em que pensei nisso.
Mas ela tem ajudado sua mãe no casamento.
— O quê?
— Porra. Desculpe, Sam. Eu realmente sinto. Eu sinceramente
pensei que você soubesse.
Malinda disse alguma coisa? Talvez. — Ela fala com a minha mãe,
e ela está nessa de arrumar outros casamentos. Faz sentido.
Ele suavizou sua voz. — Isso tudo é por causa disso?
— O que você quer dizer?
Seus olhos suavizaram e ele se moveu para mim. Sua mão tocou a
parte de baixo do meu queixo, e ele levantou minha cabeça, então eu
estava olhando para ele. Seu polegar esfregou minha bochecha em uma
carícia amorosa.
— Você foi para a luta de Channing sem mim. Você está
trabalhando em um festival. Agora você está correndo como costumava
fazer. Isso é tudo sobre sua mãe, e agora o incidente da arma na noite
passada, ou há algo mais acontecendo?
Havia algo mais? Eu senti aquela tempestade em mim,
pressionando para sair, levantando, explodindo. Eu balancei a cabeça.
Eu não podia nem falar sobre isso. — Se eu soubesse, eu diria a você.
— Ok. — Ele me puxou para o seu peito, embalando minha cabeça
lá. Seus lábios roçaram minha testa. Ele alisou a mão pelo meu cabelo,
esfregando minhas costas em conforto. — Você não precisa forçar.
Quando você souber, eu estarei aqui.
Eu fechei meus olhos e descansei.
CAPÍTULO VINTE E NOVE
Logan estava esperando do lado de fora quando entramos na
garagem em casa.
— Ele mandou uma mensagem, queria falar com você — disse
Mason enquanto estacionava.
— Ei — Logan começou quando saímos do carro para entrar.
Mason foi em frente e eu levantei a mão, parando Logan. — Se você
está aqui para se desculpar ou me tranquilizar, você não vai a lugar
nenhum, você não precisa.
Ele franziu a testa, passando a mão pelos cabelos e agarrando um
punhado. — Mesmo? — Ele gesticulou atrás dele. — É só que Taylor nos
açoitou, e eu pensei que talvez...
— Eu não fui correr porque estava preocupada em perder você e
Mason. — Eu inclinei a cabeça para o lado. — Bem, eu fui, mas não foi
tudo sobre isso.
— É?
Eu assenti. — Um pouco disso é sobre minha mãe e outras coisas.
Vou ficar bem, prometo. Eu não estou brava com você, se é isso que você
pensou.
— Eu sei que você não está, mas eu ainda me sinto mal.
Eu sorri abertamente. — Então Taylor te açoitou?
Ele riu, a mão caindo do cabelo. Seus ombros pareciam se soltar.
— Sim, e Mason veio sem camisa no meio da conversa. Outra hora e
lugar, e eu estaria em cima dele por fazer isso. Acho que ele saiu para
encontrar você.
Eu tentei segurar meu sorriso. — E ele encontrou sua namorada
em vez disso.
— Ainda bem que sou Logan Kade. Quero dizer, vamos lá. Se eu
não fosse o #sexmachine, eu poderia me sentir um pouco autoconsciente.
— Seus olhos ficaram pensativos. — Eu nunca percebi o quão definido
ele está. Eu acho que ele precisa cortar alguns de seus treinamentos. Ele
é da comida saudável agora. Dói? Quando você está batendo e moendo
contra ele? Todos aqueles músculos duros não lhe dão erupções ou algo
assim?
Eu bati no ombro dele, voltando para a casa. — Pare enquanto você
está à frente.
— Mas...
— Pare, Logan.
— Ok. — Ele suspirou, alcançando ao redor de mim e abrindo a
porta.
Nate, Matteo e Mark esperavam por nós lá dentro. Sem Taylor, e
sem Mason.
— Onde está meu namorado? — perguntei.
— Pegando um pouco de água — relatou Matteo.
— Onde está a minha outra metade? — Logan perguntou.
Nate sorriu. — Se ela for inteligente, voltando para Cain sem você.
Logan franziu o cenho. — Não é engraçado, Nate. Não é engraçado.
Nate riu. — Acho que ela está lá embaixo assistindo TV ou algo
assim.
— Então o que está acontecendo? — Logan perguntou, sentando.
Sua mão descansou ao longo do encosto do sofá. — O que a Malinda
Junior está fazendo aqui?
Mark zombou dele. — Tão engraçado, Logan.
Logan deu de ombros. — Você nunca liga. Você nunca envia e-mail.
Eu não recebo cartas suas. O que está acontecendo? É como se nem
fossemos mais irmãos.
— Eu sou irmão de Sam, não seu.
— Significa a mesma coisa.
— E você lê sua própria correspondência? Eu pensei que é por isso
que você tem uma namorada. Então ela poderia passar por todas as suas
correspondências e cartas de fãs.
A brincadeira de repente parou, e Logan se inclinou para frente. —
Você quer dizer isso de novo?
Os lábios de Mark formaram uma linha. — Você não esteve por aí
durante todo o verão, e a primeira vez que eu vejo você, está me
empurrando por não ter falado com você? Eu estive aqui. Onde você
esteve?
Mason voltou da cozinha, mas parou atrás de Mark.
— Eu sei que você estava com sua namorada, mas porra, cara —
Mark continuou. — Tudo o que importa é seu irmão, Sam, e agora sua
namorada. Pelo que tenho ouvido você não tem sido tão bom amigo de
Nate, muito menos de Matteo.
Nate parecia confuso.
Matteo lançou-lhe um olhar. — Eu sou o menor no totem? É isso
que ele está dizendo?
Logan ignorou os dois e atirou em seus pés. — Você quer ser amigo
agora? Eu estava brincando. Isto é o que eu faço. Mas porra, cara, se você
realmente quer receber ligações do Dr. Phil, apenas me ligue. Se eu não
estiver brigando ou fazendo sexo, vou atender.
— Não. — Mark balançou a cabeça. — Não é o que estou dizendo...
— Você está magoado porque eu não fiquei na sua festa na piscina?
Bem, me desculpe por isso, mas nós temos coisas para lidar.
— É disso que estou falando. — Mark apontou para ele, estalando
os dedos. Ele gesticulou para Mason também, vendo-o atrás dele. — Você
também. Eu ouvi sobre a festa na noite passada — que havia uma briga
de motoqueiros e alguém puxou uma arma. Recebi uma mensagem de
Matteo me perguntando o que estava acontecendo e não fazia ideia. Ele
não poderia chegar em vocês dois.
Mason e Logan olharam para Matteo, que encolheu os ombros e
ergueu as mãos. — Eu não sabia o que fazer. Eu estava com a Tiffany
ontem à noite. Ela recebeu mensagem sobre uma grande festa no
Channing e fomos para lá. Nós quase chegamos lá quando ouvimos o tiro.
Uma multidão enorme veio correndo pela rua depois disso. — Ele indicou
Nate. — Eu o vi correndo e o peguei.
Nate fez uma careta.
— Sim — Matteo acrescentou. — Voltamos para cá, mas ninguém
estava por perto. Eu sabia que vocês estavam aqui porque os dois carros
estavam. Mas eu não queria olhar nos quartos.
Eu corei, sabendo o que Matteo teria visto se ele tivesse.
Mason olhou para ele. — Você trouxe aquela garota aqui? Para esta
casa?
— Sim. — Ele olhou para Logan, depois para mim. — Eu não
deveria?
Eu encontrei o olhar de Mason. Kate tinha dito que alguém estava
espionando. Poderia ser ela?
— Você a conheceu na luta de Channing? — Eu perguntei a ele.
— Sim. — Todo mundo olhou para mim enquanto Matteo
continuava. — Ela estava saindo com algumas de suas amigas.
— Quem são as amigas dela? — perguntou Mason.
— O quê?
— Quem são as amigas?
Matteo se levantou devagar. — Olha, se você tiver um problema
com ela, eu não vou trazê-la novamente.
— Você já?
— O quê? — Matteo passou a mão pelo rosto, de repente parecendo
cansado.
Mason perguntou novamente: — Você a trouxe aqui?
— Uma ou duas vezes. Não muitas. Eu estive na casa dela.
— Ela tem seu próprio lugar?
— Ela tem colegas de quarto.
Porra do inferno. Fechei meus olhos, amaldiçoando na minha
cabeça. Este era o vazamento. — Será que uma dessas garotas se
chamaria Kate?
— Sim — Matteo confirmou. — Como você sabe?
— E o namorado de Kate fica na casa às vezes quando você está lá?
— Sim, ele é um grande babaca. Alguns de seus amigos estavam
naquele bar outro dia também. É por isso que eu disse olá... — Ele parou,
de repente vendo rostos irritados ao seu redor.
Mason se virou. Eu abaixei minha cabeça, mas Logan se levantou.
— Você está falando sério? Você andou com nossos inimigos?
— Eu não sabia que eles eram seus inimigos. Eu juro! — Matteo se
moveu ao redor de Logan. — Mason, eu não sabia. Estou sendo honesto.
— O que está acontecendo? — Mark sentou, seu olhar saltando ao
redor da sala.
Mason disse a Matteo, ignorando meu meio-irmão: — Há uma
merda de história aqui. Você está sempre tão feliz. Eu não queria acabar
com isso. Temos inimigos por aqui e, se você se envolver, pode deixá-lo
paranoico. Você parecia estar se divertindo.
— Não há como ele saber sobre Kate — eu ofereci.
— Quem é a Kate? Além de colega de quarto da Tiffany — Matteo
perguntou.
Mark bufou. — Uma garota que foi louca sobre Sam um tempo
atrás.
— O quê?!
Eu balancei a cabeça. — Não foi do nada. Ela e Mason costumavam
ter uma coisa antes de mim.
Matteo virou para Mason. — Você namorou com ela?
— Eu costumava transar com ela. — Seus lábios se estreitaram. —
Infelizmente.
— Ela e suas amigas pensavam que estavam em uma gangue de
garotas e saltaram em Sam — disse Logan. — Elas a colocaram no
hospital uma noite.
— Oh. Uau. — A voz de Matteo ficou baixa. — Sinto muito, Sam.
Eu não sabia que Kate era assim.
— Vocês disseram que alguém estava delatando? — Nate
perguntou a mim e a Mason.
Eu assenti. — Kate me encontrou no festival uma noite. Ela disse
que precisávamos ser cautelosos, que alguém no círculo interno estava
falando coisas. Olhei de volta para Matteo. — Você não tinha como saber,
então não se sinta mal.
— Ele realmente não sabia de nada, certo? — Logan perguntou a
Mason.
Na verdade não.
Matteo franziu a testa, coçando a cabeça. — Sim, vocês falam em
enigmas às vezes. Acho que me acostumei com isso, mas agora estou
começando a perceber que é tudo código para as coisas. Olha, não me
diga nada. Eu vou parar de ver a Tiffany. Nós não somos sérios.
Estávamos apenas nos divertindo até eu voltar para a escola e para o
futebol.
Nate e Logan pareciam satisfeitos com isso. Ambos se recostaram
nos sofás, esticando os pés para fora.
Mark continuou olhando de pessoa para pessoa, e depois de um
momento ele jogou as mãos para o ar. — Eu sou o único chateado agora?
Matteo não disse nada, apenas sentou entre Logan e Nate no sofá.
Mason se moveu para ficar ao meu lado e tocou minhas costas, sua mão
passando por baixo da minha camisa para descansar contra a minha
pele.
— Por que você está bravo, Mark? — ele perguntou.
— Porque — ele cuspiu. — Eu quero saber o que está acontecendo.
— Nós não podemos te dizer. — Logan desembaraçou o braço do
encosto do sofá e se inclinou para frente.
— Por que não?
— Porque você é amigo de Quinn — explicou Logan.
— Mas ele está trabalhando com Adam. — Mark apontou para
Mason.
— Não significa que eu sou amigo dele.
— Ele acha que você é.
Mason franziu a testa, a mão pressionando mais contra minhas
costas. Ele me puxou contra ele. — O que você quer dizer?
— Ele acha que vocês estão todos de boa. Becky também. Eles
estavam perguntando o que estava acontecendo na noite passada, já que
todos sabiam que você estava naquela festa.
Isso não parecia certo. — Becky perguntou também? — eu disse.
Ele olhou para mim. — Bem, quero dizer... — Ele levantou um
ombro. — Ela estava lá e Adam estava me perguntando. Ela não disse a
ele para ficar quieto ou qualquer coisa. Eu acabei de dizer que ela
concordou com ele.
Becky amava Adam, mas ela entendeu que não éramos amigos
dele. Isso me fez sentir como se alguma outra coisa estivesse
acontecendo, mas não era algo que eu pudesse conseguir de Mark.
Quando Mason e Logan ficaram quietos e permaneceram assim, eu sabia
o que eles estavam fazendo. Mark poderia ser amigo de Logan e amigável
com Mason, mas ele era meu meio-irmão. Ele era meu para lidar.
Eu segui em frente. — Mark, você está perguntando por que estava
preocupado comigo, ou porque Adam pediu para você descobrir o que
estava acontecendo?
— Ele — Mark parou novamente, agarrando a nuca. — Adam
realmente não perguntou em tantas palavras, não como se ele quisesse
que eu descobrisse. Mas isso ainda me irritou. Eu não tinha ideia do que
estava acontecendo e então ouvi que houve tiros em uma festa em que
você estava? Sim, acho que fiquei bravo. — Ele olhou para Logan, depois
para Mason. — Ela não é só sua. Ela é minha também. Minha irmã.
Minha família. Você não pode continuar colocando ela em perigo o tempo
todo.
Eu não olhei para Mason. Eu não ousei porque ele estava pronto
para arrancar a cabeça de Mark ou — eu não queria saber. Eu andei em
direção ao meu meio-irmão. — Mark, não é assim.
— Sim, é, Sam. Já faz muito tempo.
Ele estava vindo atrás de Mason. Não havia como as coisas
acabarem bem agora. Eu vi Logan se levantar para ir em defesa de seu
irmão. Você ataca um, você ataca todos. Esse era o nosso lema. Mas esse
era meu meio-irmão.
Eu segurei minhas mãos para fora, como se para ajudar a silenciá-
lo. — Mark, não é assim. Eu juro.
— É Sam! Você não pode argumentar com isso. Essas garotas te
colocando no hospital. Vocês não tiveram que lidar com um traficante de
drogas no outro ano? Como isso é seguro para Sam? E o Sebastian? Quer
dizer, há um padrão, e vocês não podem negar isso. Uma e outra vez
minha irmã está em perigo. E este ano, um cara tentou machucá-la no
festival, a porra do festival. Temos que ir trabalhar amanhã e ficarei
preocupado o tempo todo que alguém a pegue ou pior, como aquele cara
do Broudou tentou.
Eu senti Mason bem atrás de mim. Logan havia se adiantado para
ficar do outro lado. Eu vi Nate se levantando com o canto do meu olho.
Isso não era bom.
Mark abriu a boca para continuar, e havia tanta coisa que ele podia
dizer.
Eu fechei meus olhos. A lista era longa, mas então senti aquela
tempestade dentro de mim novamente — estava pressionando e
pressionando, tentando me libertar, até que de repente eu gritei: — Não
são eles!
Houve um momento de silêncio.
— Você não pode dizer que não são eles, Sam. Eu sei...
— Sou eu.
Eu abri meus olhos, sabendo que tudo estava bem ali. Ele podia
ver a dor, o anseio, a raiva. Tudo isso estava aparecendo, e eu não podia
fazer nada para esconder isso.
— Neste verão, sou eu, Mark. Eu fui a esse evento de luta sem o
Mason. Eu não deveria ter ido, e eu deveria ter saído imediatamente. Eu
não fiz. Eu sou a única que o colocou em perigo. E conseguir um emprego
em um festival, onde alguém de Roussou poderia facilmente me
encontrar? Foi ideia sua, mas tenho certeza que fui em frente. Todo o
verão eu me perdi. Eu estava pensando em psicologia, mas não parecia
certo. Não completamente. Todas as outras formações que eu pensei
também não se encaixaram, então eu não tenho uma. Eu não tenho ideia
do que quero fazer da minha vida. Mason tem dois caminhos de carreira
para os quais ele está se preparando. Logan está fazendo comunicações,
e todo mundo sabe que ele será incrível em tudo o que ele fizer com isso.
— Eu vou?
— Heather está administrando o Manny, e ela vai se casar com
Channing.
Mason olhou para mim. Eu vi o movimento pelo canto do olho, mas
não consegui olhar para ele. A vergonha me inundou quando minhas
palavras se espalharam. — Até Becky e Adam sabem o que estão fazendo
com suas vidas. Eles estão se casando. Ele vai assumir a empresa do pai
ou ir para a faculdade de Direito. E ela vai com ele.
Uma por uma, eu estava removendo as pedras dentro de mim.
Joguei-as para fora até restarem apenas duas. Essas eram as maiores, e
eu me mexi para que Mason não estivesse me tocando. Não parecia certo
deixá-lo me consolar enquanto eu dizia isso.
Minha voz caiu para um sussurro rouco. — E minha mãe vai se
casar neste verão. Eu não estou evitando-a porque ela quer voltar. Estou
evitando porque... — Aqui estava. A primeira pedra era ela, mas a
segunda era o que ela representava. —...Ela vai se casar, e eu acho que
a coisa toda é um monte de merda.
Dela.
Casamento.
Tudo isso.
Eu não queria me casar.
Essa era a última pedra sentada no meu peito, mas eu não
consegui dizer. Eu não poderia dizer a Mason porque eu sabia que era
algo que ele queria.
Eu não acreditava mais em casamento. Foi mais uma coisa que
minha mãe havia destruído para mim.
— Com licença. — Eu saí. Eu não sabia para onde estava indo, mas
não podia ficar aqui. A verdade ia se derramar de mim e eu não arriscaria.
Eu poderia perder Mason assim.
— Sam!
Ele me seguiu para fora, mas eu me virei e levantei minhas mãos.
— Não. Me deixe ir.
Eu ainda não conseguia olhar para ele, mas sua voz soava mais
próxima quando ele disse: — Sam, o que está acontecendo?
Era eu. Eu era o monstro aqui. Era tudo eu.
— Só... me deixe ir por enquanto. — Comecei a avançar novamente.
— Preciso de um tempo.
E antes que ele pudesse me pegar ou mudar de ideia, eu saí.
Eu não fiquei na calçada ou nas estradas. Eu atravessei caminhos
para trás e quando cheguei em uma encruzilhada, fugi de qualquer lugar
que eu já estive antes.
CAPÍTULO TRINTA
Eu corri e caminhei por horas.
Eu fui por todo lugar. Eu estava perto de Roussou em um ponto
antes de voltar para o lado leste de Fallen Crest. Eu não fui a mais
ninguém. Não era certo falar sobre esse sentimento com ninguém além
de Mason, mas eu não estava pronta para falar com ele sobre isso.
Pela primeira vez eu estava em uma posição onde eu não poderia
ir até ele e saber que tudo ficaria bem, não importa o quê. Pode não ficar.
Isso poderia ser uma virada de jogo.
Meu estômago roncou e avistando uma mercearia, entrei. Eu
precisava de água e algum tipo de sustento. Eu ainda tinha alguns
quilômetros para cobrir antes de voltar para casa. Eu teria que descansar
o resto da noite e amanhã de manhã para me recuperar antes de ir
trabalhar.
Eu queria entrar e sair dali. Eu queria que fosse rápido. Eu sabia
que eu estava fedendo, então decidi pegar alguns pacotes de gel
energético. Eu não teria que esperar meu estômago digeri-los.
Fui para o corredor direito e foi quando a vi.
Eu tive que rir.
Eu tinha evitado Analise por tanto tempo, mas esse era o momento
em que realmente nos cruzávamos: na maldita mercearia. Meu corredor
estava ao lado do dela, mas lá estava ela, segurando um saco de café.
Ninguém mais estava no corredor e ela não olhou para cima. Eu ainda
podia ir.
Mas eu devo ter feito um som porque, mesmo quando esse
pensamento passou pela minha cabeça, ela olhou.
Ela deixou cair o café. — Oh.
Um nó se formou na minha garganta.
Não foi surpresa, nem medo, nem dor que passou pelo seu rosto.
Ela não empalideceu. O que quer que estivesse acontecendo com o rosto
dela, eu não estava vendo essas coisas, porque isso não fazia sentido.
Minha mãe era malvada. Ela era uma cadela. Ela era o monstro que
queria tirar o futuro de Mason, não essa mulher que parecia encolher de
tamanho quanto mais eu ficava ali, olhando para ela.
Ela não parecia assim antes, quando a vi andando. Ela parecia um
fantasma então, uma invenção misteriosa da minha imaginação. Essa
mulher era real. Eu podia ver emoções dentro dela.
— Pare com isso. — Eu não aguentava.
Vê-la como uma pessoa real era demais.
Ela se abaixou para pegar o café e fez uma pausa quando me ouviu.
Ela olhou para cima, suspensa ali por um momento, antes de arrebatá-
lo. Endireitando-se, ela franziu a testa para mim. Seu olhar ficou
nublado, e ela baixou os olhos para o café.
Eu esperava um comentário contundente.
Eu me preparei.
Nada.
Ela não tiraria o olhar daquele maldito saco de café.
Eu não consegui lidar com isso. Eu caminhei para frente e peguei
o saco dela. — Você não vai dizer nada?
Ela engoliu em seco, olhando para mim, mas não de verdade. Eu
senti como se ela estivesse olhando através de mim, procurando por algo
atrás de mim.
Ela ainda não disse nada.
Eu cerrei meus dentes juntos. Eu merecia uma resposta. —
Mamãe!
Seus olhos se encheram e ela ofegou. — Samantha. — Sua mão
cobriu a boca. As lágrimas rolaram. — Eu... — Ela estendeu a mão, mas
eu recuei. — Eu sinto muito. Eu nunca pensei em ouvir você dizer isso
de novo.
O quê? Mamãe?
Emoções rodaram através de mim, mas uma coisa se destacou: o
fato de que eu estava sentindo. Eu não estava me entorpecendo. Eu não
estava ligando o robô Sam. Eu nem estava sentindo vontade de correr.
Isso era... novo.
Eu não gostei.
Eu coloquei o café de volta na prateleira. Eu não sabia o que dizer.
Aparentemente ela também não, porque apenas me olhou de volta,
um passo de cada vez. Foi tão fodidamente surreal este momento. Mal
nos falamos, mas eu senti como se tivesse acabado de fazer outro desafio.
Eu estava exausta. Sentindo meus próprios olhos lacrimejarem,
virei e saí.
****
****
— Puta merda! — Logan explodiu assim que passamos pela porta
principal. — Isso foi incrível, Sam! Eu não me importo com o que eu vou
fazer; eu quero que você trabalhe comigo. Você está tão perto. Você pode
acabar com qualquer merda que quiser.
Eu sorri, mas eu não estava sentindo isso. Dei de ombros. — Depois
que eu descobrir o que quero fazer, podemos fazer um plano de como
trabalhar juntos.
— Você me inspirou — disse ele. — Foda-se Comunicação. Eu
quero ser um advogado. Para qual faculdade Quinn vai? Eu vou lá, só
para irritá-lo diariamente. — Ele estalou os dedos para nós. — Talvez eu
até dê uma cutucada na Beck. Ahhh, e eu voltei para o solteiro Logan por
um tempo. Não conte a Taylor. Ela vai queimar minha bunda de verdade.
— Ele fingiu tomar ar fresco. — Eu estava tão emocionado, Sam. Eu senti
como se estivéssemos de volta ao colégio, derrubando os pedaços de
escória um de cada vez.
Ele franziu a testa para Mason. — Por que você está tão quieto?
Sua namorada deu uma surra em nós. Papai disse que lidaria com o
Caldron, e nós não devemos nada a ele por isso.
Eu sabia por que Mason estava quieto. Ele leu nas entrelinhas lá
atrás, mas ele apenas sorriu. — Talvez eu esteja excitado e tentando não
deixar você ver? Já pensou nisso?
— Deus, não. — Logan gemeu, franzindo o nariz. — E agora eu
penso. Obrigado por isso.
— Você sabe quantas piadas você faz sobre estar com o pau em
Taylor? Você acha que eu quero ouvir essas coisas sobre o meu
irmãozinho? — Mason apertou minha mão um pouco, indo em frente.
Eu sabia o que ele estava fazendo — distraindo Logan para mim.
— Agh! Cala a boca, Mase. — Logan balançou a cabeça, se movendo
em direção ao Escalade à frente. — Você não pode mais falar sobre meu
pau. Sem mais piadas entre nós.
Mason soltou minha mão, mantendo o ritmo com Logan. — E todas
as hashtags? Hashtag pau mole. Hashtag meu pau está na minha
namorada. Hashtag, eu sou o homem-foguete.
— Cale-se!
Eu comecei a rir com eles quando ouvi uma porta de carro fechar.
Eles não pareciam ouvir, mas eu ouvi.
Talvez eu soubesse. Talvez eu apenas sentisse que estava
chegando, ou talvez fosse finalmente certo encará-la, mas quando olhei,
eu sabia quem estaria ali. Eu a senti lá.
Minha mãe. E ao contrário das duas vezes anteriores, ela parecia
preparada para me ver.
Ela subiu na calçada, usando um vestido vermelho esvoaçante. O
material chicoteando ao redor dela, mas seu cabelo estava puxado para
cima sob um chapéu preto.
— Olá, Samantha.
— Você pode conversar desta vez.
Uma pequena risada escorregou dela e ela olhou para a calçada por
um segundo. — Eu não estava esperando você na mercearia, mas sei que
Mason está fazendo estágio aqui. Estou preparada para te ver toda vez
que eu venho.
— Preparada?
— Animada. — Suas sobrancelhas se apertaram e ela emendou. —
Esperançosa. Eu tenho esperança toda vez que eu venho aqui. — Ela
estendeu a mão, me indicando. — Você está adorável.
— Não como você. — Eu sorri. — Você está sempre bonita.
— Como você.
— Falou como uma mãe verdadeira normalmente diria.
Ela ouviu meu tom mordaz e seu sorriso diminuiu. — E nós duas
sabemos que isso não é normal, é? Você e eu. Nosso relacionamento
nunca foi.
Minha raiva estava aumentando, rolando em uma nuvem enorme.
Eu não consegui segurar. — Porque você nunca foi mãe, não é?
Seus olhos se arregalaram e ela não respondeu. Ela respirou fundo,
fechando os olhos por um instante. — Você tem anos de raiva
acumulados em direção a mim.
Ela estava certa, eu tinha.
— E você tem todo o direito de sentir essa raiva — acrescentou ela,
sua voz suave. — Você tem todo o direito de ter sua opinião, expressar
essa raiva e ter uma mãe que finalmente vai ouvir você.
Porque eu estava me sentindo insignificante, eu disse: — Não se
preocupe. Eu tenho mãe agora.
O sangue drenou de seu rosto.
Eu pude ver Mason e Logan voltando para mim. — E ao contrário
de você, não tenho motivos para ficar com raiva dela, então tudo deu
certo no final. Agora eu tenho que ir porque se eles virem você aqui e
acharem que você é a razão pela qual eu estou chateada, você estará
lidando com nós três. — Eu passei por ela na calçada, mas me virei de
volta. Eu tinha uma última coisa a dizer. — Eu não tenho mais medo de
você.
Ela franziu a testa. — Você não tinha antes.
— Eu sei. Eu só queria dizer isso porque dessa vez você deveria ter
medo de mim.
— Ei. — Mason estava chegando. Dois passos e ele passaria o
último SUV que bloqueava sua visão de Analise.
Acenei de volta, acelerando o meu ritmo. — Estou indo.
— Qual o problema?
Claro que ele saberia. Eu só balancei a cabeça, no entanto. — Só
pensando. Estou bem agora. Passei por ele e peguei sua mão, puxando-
o para trás de mim. — Vamos para casa.
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
Duas semanas se passaram.
Sem drama.
Sem brigas.
Sem nada.
Havia uma calma misteriosa, e não era que nada aconteceu,
apenas não coisas ruins. Tivemos festas. Heather e Channing vieram, e
nós saímos pro Manny's. Não houve mais encontros com Caldron, então
Mason e Adam voltaram a trabalhar no clube de campo. O hotel estava
se aproximando da inauguração, e eles estavam fazendo mais e mais
eventos para ele — entrevistas de rádio, entrevistas em jornais, anúncios,
até alguns vídeos para o Facebook. E de alguma forma, durante aquelas
três semanas, eu me vi ajudando com um chá de panela para Becky.
Heather trouxe um pacote de flores de seda e as jogou na mesa de
Malinda. — O que você está fazendo aqui? Nós não somos amigas do chá
de panela. Somos Vegas e amigas da despedida de solteira.
Cass se aproximou e pegou algumas das flores. — Você está
apoiando as amigas e Sam prometeu apoiar Becky.
Heather olhou para ela. — Eu te odeio.
Cass estreitou os olhos.
— Vá embora — acrescentou Heather.
Eu sufoquei uma risada.
— Você ainda é tão odiosa quanto era na escola. — Cass fungou.
— Como se você soubesse — rebateu Heather. — Você foi para a
escola rica e formal.
Eu estava contente em deixar isso continuar o tempo que fosse
necessário. A namorada de Mark era uma antiga inimiga minha. Nós
chegamos a uma trégua por causa de Becky, mas nada havia sido falado
entre nós. Eu estava esperando por seu ataque. Chegou. Sempre foi
assim. Eu tive muitos incêndios na minha vida. Foram todos calorosos e
contidos, mas a qualquer momento poderia haver uma explosão.
Malinda veio assistir a troca da cozinha, e minha excitação morreu
lentamente dentro de mim. Eu tinha que impedir Heather de aniquilar
Cass completamente, embora tenha sido muito divertido assistir.
Limpando a garganta, peguei uma pilha de papéis que ainda
precisavam ser dobrados e me sentei. — Estou apoiando o pedido de
Heather. Vá embora, Cass. Estamos ocupadas dobrando esses pequenos
papeis. Nós não precisamos de você dando ordens por aí.
Heather sentou ao meu lado, pegando metade da pilha. — Sim. Vá
vazando... — ela esperou até que Cass tivesse saído com uma bufada
antes de acrescentar baixinho — sua cadela certinha.
Eu tive que abafar outra risada. Hoje não era o dia.
Ela olhou para o papel quando começou a dobrar e fez uma pausa.
— Espera. O Jogo do Amor? — Ela leu uma das perguntas. — Quem disse
eu te amo primeiro? — Ela olhou para mim. — Você está falando sério?
Este é o tipo de jogo que as pessoas jogam em chás de panela?
Dei de ombros, começando a minha pilha. As perguntas estavam
na frente da página e as respostas estavam no verso. Ninguém deveria
olhar, mas Malinda mandou imprimi-las de propósito. Todos iriam
trapacear, mas Becky sentiria como se todos realmente a conhecessem
bem.
— Pelo que eu pesquisei, isso é uma coisa comum — eu disse a ela.
Ela bufou, começando em sua pilha. — Pena que não é o chá de
panela do Logan. Este jogo teria perguntas como Quem pediu para fazer
anal primeiro?
Olhamos uma para a outra e dissemos ao mesmo tempo: — Logan.
Eu ri. — Isso é óbvio.
Heather suspirou. — Eu vou morrer de tédio com isso. Com o que
você me chantageou para me obrigar a fazer isso?
Eu pensei sobre. — Eu ameacei dizer a Logan que Channing quer
se casar com você.
— Oh sim. — Ela estremeceu. — Eu não quero pensar sobre o que
ele diria se soubesse disso. Ele reclamaria o dia todo.
— Se ele não tivesse Taylor, ele estaria implorando para ser sua
dama de honra.
Heather soltou uma risada. — Ele iria. Ele estaria te esfaqueando
pelas costas, tentando conseguir a sua posição.
— Ele poderia tê-la. Eu odeio casamentos.
Eu me encolhi, percebendo o que eu acabei de dizer. As palavras
escaparam antes que eu soubesse que ia dizê-las.
Heather fez uma pausa no meio da dobra. — Você está falando
sério?
Eu olhei ao redor, me certificando de que ninguém mais tivesse
ouvido meu deslize. Então dei de ombros, me inclinando para frente. —
Talvez.
— Este é o verão errado para você estar dizendo isso. Você sabe
disso, certo?
Eu assenti. — Eu não proclamo nem nada.
— Becky ficou noiva. Channing vem falando mais e mais comigo e
sua mãe vai se casar muito em breve.
— Estou ciente. Está tudo ao meu redor.
Ela baixou a voz. — Mason mencionou a palavra com C para você?
Eu balancei a cabeça, sentindo algum alívio. — Não. Eu acho que
é apenas um exagero. Isso é tudo.
— Besteira. — Heather continuou a me observar com firmeza. Ela
não estava me dando nenhum espaço para respirar. — Geralmente a
coisa toda do casamento é contagiosa para as meninas. Se você está por
perto, de repente você também quer fazer isso. — Ela me estudou. — Você
parece pronta para fugir só de ter essa conversa. Você realmente odeia
casamentos ou odeia seu próprio casamento?
Eu odiava essa conversa. — Eu não estou envolvida, então esta é
uma conversa com a qual eu não preciso me preocupar.
— Mas ele vai propor a você.
Meu coração pulou para a minha garganta. — Você sabe algo que
eu deveria saber?
Ela balançou a cabeça. — Não, mas é o Mason. Ele ama você, gosta
muito de você. Ele vai querer um anel no seu dedo.
Eu sabia disso, mas o pensamento do casamento enviava gelo em
minhas veias.
— Eu vou lidar com isso — eu disse a ela.
O olhar em seus olhos disse besteira.
— Não é grande coisa.
Ela bufou. Novamente. — Você precisa falar com Mason sobre isso.
De verdade, Sam. É um grande negócio. Está no mesmo nível de quando
um parceiro quer ter filhos e o outro não.
Ela não estava ajudando. Eu senti uma dor de cabeça se formando.
— Eu sei. Eu vou falar com ele.
— Promete?
Eu assenti.
— Não, você tem que dizer a palavra. Eu conheço você e você vai
tentar sair disso de alguma forma. Prometa, Sam.
Eu não entendi o problema. Mason nunca trouxe à tona o assunto
casamento. Nós não falamos sobre isso, e ele veio da mesma realidade
que eu. Ele entenderia. Certo? Mas lembrei do medo que senti quando
percebi o quanto não queria casamento.
Eu não queria prometer, mas Heather estava esperando, me
observando como um falcão. — Eu vou falar com ele — eu me ouvi dizer.
Ela soltou um suspiro de alívio. — Bom. — Ela apertou minha mão.
— Vai ficar tudo bem. Eu sei isso. Esse cara adora o chão em que você
anda. Não há nada com que ele não lide por você.
Sim... eu esperava que sim.
Heather voltou a ler as perguntas e gemeu. — Sério? "Qual é a sua
ideia de um final de semana perfeito?" O seu é provavelmente quando há
uma leve brisa no ar, passeios na praia e carinhos na frente da lareira. O
dele é provavelmente com um boquete ao acordar, um boquete na hora
do almoço, uma reunião secreta à tarde e um bom uísque depois do
jantar. — Ela revirou os olhos. — Eu não suporto quando casais como
eles se casam.
Eu ri, imaginando o quão longe suas respostas eram da verdade de
Becky e Adam.
Então Becky entrou com Adam logo atrás dela. Eles estavam de
mãos dadas e sorrindo, mas o terror em seus olhos e as linhas forçadas
ao redor de sua boca foram o que me chamou a atenção.
— Espere, espere, espere — disse Heather. — Desde quando o noivo
vem para essas coisas? Isso acaba com todos os meus estereótipos de
lixo branco sobre o que as pessoas ricas fazem.
Malinda aproximou-se para cumprimentá-los. Quando Adam a
abraçou, Becky olhou para mim e eu fiquei de pé.
— Algo não está certo — eu disse a Heather.
— O quê?
Eu estava do outro lado da sala antes que Malinda terminasse de
falar sobre o casal. Ela tinha um braço em volta da cintura de Becky e
sorriu para mim.
— Um dia desses será você e Mason, Sam. Eu mal posso esperar.
— Sim. — Minhas bochechas estavam doendo, meu sorriso era tão
forçado. Eu peguei a mão de Becky. — Posso ter um minuto?
Uma emoção cintilou nos olhos de Malinda e ela olhou para baixo.
Eu sei que ela viu o quão firme Becky segurou na minha mão, mas ela
continuou a exalar calor. Ela se virou, puxando Adam até onde Cass e
algumas outras garotas estavam ajudando a colocar as decorações. —
Vamos, Adam. Preciso da sua opinião sobre onde devemos colocar o bolo.
Becky ouviu. — Tem um bolo?
Eu a puxei passando por todo mundo, fazendo sinal para Heather
segui-la e puxando-a para frente.
Encontramos Mark no sofá jogando vídeo games.
— Ei, o que... — ele começou a dizer, mas eu o interrompi.
— Saia. Esta é a hora das garotas.
Ele fez uma pausa no jogo. — Onde eu devo ir?
— Logan está determinado a criar uma nova bebida. Vá e seja sua
cobaia.
Ele gemeu, mas desligou o jogo. — Eu vou ficar perdido, não vou?
Heather deu um tapinha nas costas dele quando ele passou por
nós, subindo as escadas. — Apenas se divirta fazendo isso. Esse é o
truque.
Ele murmurou algo em voz baixa, mas depois a porta se fechou
atrás dele.
Becky mordeu o lábio, se abraçando. Ela olhou para Heather.
— Heather é tranquila.
— Ela é sua amiga, não minha — disse Becky.
Heather bufou, sentando onde Mark acabara de sair. — Se você
quer começar uma briga, continue me lembrando disso.
— Heather é leal a mim, e enquanto eu for leal a você, ela também
é.
Becky continuou a encarar Heather, dúvida evidente em seu olhar.
Então ela se virou para mim. — Você me puxou aqui para baixo. O que
está acontecendo?
— Algo está errado.
— Eu sei. Tudo bem?
— Não. — Eu balancei a cabeça, sentando no sofá ao lado de
Heather. — Com você e Adam. O que está acontecendo?
Becky pareceu encolher quando se sentou no sofá em frente a nós.
— Você notou isso, hein? — Ela esfregou as mãos, colando-as entre os
joelhos. — Eu pensei que tinha aperfeiçoado o visual de plástico.
Heather riu. — O fato de eu saber exatamente o que você quer dizer
me faz pensar que Sam não é tão louca por gostar de você novamente.
Becky olhou para cima com cautela e encolheu os ombros. —
Plástico e brilhante. É a aparência falsa que as pessoas ricas oferecem,
não é?
Heather levantou um ombro. — É o equivalente ao olhar duro, eu-
não-dou-a-mínima, que as pessoas não ricas têm.
Uma nuvem veio sobre as feições de Becky. — Adam pode não ser
capaz de ir para a faculdade de direito. Podemos ter que ficar aqui depois
de nos formarmos. Ele vai ter que assumir o negócio de seu pai.
Este.
Este era o momento — eu podia sentir, — o que Mason estava
procurando desde que James o havia colocado em cima de Adam. Eu
tentei baixar a minha adrenalina.
Eu me inclinei para frente, mantendo minha voz casual e firme. —
O que você quer dizer?
Heather me enviou um olhar.
Becky sacudiu a cabeça. — É tão confuso. Eu nem sei o que dizer.
Ela olhou para o teto. — Não é nada que Adam tenha feito. É o que estão
fazendo com ele. O pai dele está fodido de uma forma importante.
Heather se inclinou para frente devagar. Ela suavizou sua voz. —
O que ele está fazendo?
— Ele está infringindo a lei.
— Como?
— Ele não aguentou e disse a Adam esta manhã. É tudo
complicado, mas pelo que eu entendi, quando ele tem que conseguir
autorizações para desenvolver terras em algum lugar, ele suborna quem
dá a ele as permissões. Ele encontrou uma cópia dos e-mails em um
computador em algum lugar. Ele não sabe quem fez a cópia, mas ele sabe
que está lá fora e tudo pode explodir em nossos rostos. Ele iria para a
cadeia.
— Besteira. — Heather se inclinou para trás. — Pessoas ricas
pagam multas. Pessoas pobres vão para a cadeia. Isso é um fato.
— Não com isso. — Becky de repente parecia tão cansada, como se
um leve vento pudesse derrubá-la. — Isso vem acontecendo há anos, e
há o suficiente para ele se preocupar com isso, até mesmo eu sei. — Ela
balançou a cabeça, levantando-se e começando a andar pela sala. —
Vocês não podem dizer nada. Falo sério. Adam iria romper o noivado se
soubesse que eu estou contando isso para vocês. Ninguém pode saber.
— Sim, claro. — Eu balancei a cabeça.
Becky suspirou. — Quero dizer, a longo prazo, não é tão ruim
assim. Adam poderia assumir a empresa e administrá-la até encontrar
outra pessoa para substituí-lo.
— O que ele faria então? — perguntou Heather.
— Ele ia para a faculdade de direito enquanto isso. E então ele iria
para a política depois. Isso seria apenas uma lombada ao longo do
caminho.
Heather compartilhou um olhar comigo. Parecia um plano factível,
mas qualquer coisa poderia ser planejada no papel. Só que às vezes a
vida não era assim. Levantei e fui até Becky, puxando-a para um abraço.
Então eu menti para ela porque era isso que ela queria ouvir no momento.
— Tudo vai ficar bem.
Ela me abraçou de volta e, quando essas palavras me deixaram, ela
caiu de alívio.
— Obrigada, Sam.
A porta do porão se abriu e Malinda chamou: — Todo mundo está
começando a chegar. Becky, você está aí embaixo?
Ela respirou fundo quando se afastou de mim.
— Estou aqui. — Alisando o vestido e afofando o cabelo, ela deu
um sorriso para Heather e eu. — Obrigada, pessoal. — Ela apertou minha
mão. — De verdade. Já vou, Malinda!
Heather ficou ao meu lado, observando-a subir as escadas.
— Samantha? Heather? — Malinda chamou de volta.
Heather perguntou suavemente: — Por que parece que você acabou
de matar seu cachorrinho?
— Você realmente quer saber? — Eu mantive minha voz baixa para
que Malinda não pudesse ouvir.
— Você precisa perguntar?
— Meninas?
— Eu sei quem tem a cópia desses e-mails.
— Quem? — Heather me parou.
Malinda nos observou, uma pequena carranca marcando seu rosto.
— Basta vir quando estiverem prontas. — Ela se afastou, fechando a
porta.
— Sam — Heather me perguntou. — Quem tem essa cópia?
— Mason. — Eu subi as escadas.
Ele só não percebeu que tinha a cópia.
Heather estava bem atrás de mim, e ela pegou meu braço e me
puxou para a varanda dos fundos. — Você tem certeza de que quer fazer
isso?
Eu podia ver através da janela. O sorriso de Becky estava mais
relaxado. Ela tinha um brilho novo nela, e ela inclinou a cabeça para que
Adam pudesse deixar cair um leve beijo em seus lábios. Ela parecia feliz,
e eu seria a razão pela qual isso seria tirado dela.
Eu assenti. — É ela ou Mason. Eu sempre escolho Mason. — Eu a
estudei. — Você está comigo?
Ela me deu uma olhada. — Você sabe que eu estou. Eu só queria
ter certeza de que você sabe o que estava fazendo. Você recentemente
decidiu se tornar amiga dela novamente, e agora você vai fazer algo que
eu sei que você odeia.
— Eu sei. Eu vou esfaqueá-la pelas costas.
E com essas palavras, voltei para dentro. Heather estava bem atrás
de mim. Não teria confusão. Eu sabia exatamente o que eu acabei de me
tornar, e ela também.
Eu era o cara mau agora.
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO
Eu estava sentada na varanda dos fundos da casa de Helen quando
as portas se abriram atrás de mim. Eu não olhei para cima da minha
posição em um dos sofás. Continuei examinando a piscina, a casa da
piscina e o segundo andar inferior e a varanda. Nada disso parecia
impressionante ou surpreendente para mim. Era como as outras
mansões, e eu não conseguia lembrar o dia em que fiquei impressionada.
Eu estava tão longe dessa pessoa agora.
— Logan disse que você estava aqui fora.
Mason sentou ao meu lado. Ele levantou minhas pernas e as
colocou em seu colo, começando a amassar minhas panturrilhas. — Você
está bem?
— Eu estava apenas pensando sobre o começo.
— Esse parece ser o tema deste verão.
Eu olhei e senti minha respiração parar. O luar brilhava nele,
lançando-o em um brilho romântico e nebuloso. Ele era lindo.
— Sam?
Eu dei-lhe um rápido meio sorriso. — O que você quer dizer com
isso?
— Sobre o tema?
— Sim.
Ele encolheu os ombros. — Só que você é amiga de Becky Sullivan
novamente. Adam Quinn está em nossas vidas. Estamos lidando com
meu pai e sua mãe. Eu sei que muita coisa mudou, mas, de certa forma,
nada mudou.
— Bem, eu mudei.
Ele se aquietou. Eu sabia que ele estava esperando por mim para
dizer o que eu tinha vindo aqui para ter coragem de dizer a ele. Eu ri e
estremeci com o quão amargo soava.
— Eu tenho que te dizer uma coisa, e eu estou questionando se eu
realmente quero. E então eu estou questionando por que estou
questionando isso em primeiro lugar.
— Sam...
Me acalmou ouvir sua voz ficar mais forte, mais autoritária. — Seja
o que for, nada é sua culpa. Você não precisa se preocupar com nada.
Isso não era verdade, mas eu disse: — Você sabe que coisa ilegal
você deve ter de Steven Quinn?
Os olhos de Mason se afiaram e eu continuei. Depois que eu contei
o que Becky havia dito antes, ele não comentou nem por um momento.
— Eles sabem que alguém tem uma cópia? — Ele finalmente
perguntou.
— Isso é o que ela disse.
— OK.
— É isso aí? Apenas "ok"? É tudo o que você vai dizer?
— Eu não quero mais colocar você no meio. Eu vou lidar com isso
daqui.
— Significa que você vai dar a cópia para o seu pai e lhe dizer quais
transações procurar?
— Sim. — Ele assentiu. — Depois de fazer uma segunda cópia para
mim. Eu também não confio no meu pai.
— Então isso pode até não sair de nós?
Ele balançou sua cabeça. — Eu não sei. Poderia, mas mais do que
provavelmente meu pai vai usá-lo como vantagem para ter Steven
cooperando com algumas decisões. Pode nunca sair.
— Isso não é ilegal?
Um fantasma de um sorriso brincou no rosto de Mason. Ele
continuou esfregando minha perna para cima e para baixo. — Fazer algo
ilegal não é exatamente fora do padrão aqui.
Eu corei, me recostando contra as almofadas. — Eu sei. Eu só
estou me sentindo mal. Isso é tudo.
— Sam
Eu levantei minha cabeça para encontrar seu olhar. Seus olhos
ardiam, e instantaneamente senti uma vibração no meu peito. Meu corpo
aqueceu.
— Você tem certeza que isso é sobre o que Steven Quinn está
fazendo? Ou isso é sobre outra coisa?
Meus lábios se separaram. Minha garganta secou de repente. — O
que você quer dizer?
— Você sabe o que eu quero dizer.
— Sobre eu ser desleal com Becky?
— Sobre você correr por quase cinco horas no outro dia.
A agitação acelerou seu ritmo. Meu coração estava voando como
um maldito foguete tentando decolar dentro de mim.
Eu olhei para longe, encolhendo no meu lugar. — Eu não posso
falar sobre isso. — Eu podia ouvir Heather tão claramente como se ela
estivesse lá fora com a gente. Diga a ele, Samantha! Diga a ele! Eu ignorei
a voz dela. — Não foi nada mesmo. É estúpido.
Ele parou de esfregar e segurou a parte de baixo da minha perna.
Eu olhei para ele em reflexo, e ele se inclinou para frente, certificando-se
de que eu não pudesse desviar o olhar.
— Qualquer coisa que você tenha medo de falar é o oposto de nada
ou estúpido. E seja o que for, você não precisa se preocupar. A menos
que você tenha me traído. Então você precisa se preocupar.
Eu sorri, chutando-o levemente com o meu pé. — Você teria que se
preocupar com isso também.
Ele pegou meu pé e segurou. — Então não é que você foi infiel.
— O quê?
— Você não recuou quando eu disse isso. Eu sei que esse não é o
problema. — Ele inclinou a cabeça para trás, descansando-a contra o
lado da casa atrás de nós, ainda me observando atentamente. — O que é
Sam? Por favor, diga.
Meu coração ficou quieto. Este homem, ele era um menino, mas eu
não acho que ele tenha sido uma criança. Ele já era um homem quando
o conheci. Poderoso. Alfa. Um mentor. Bonito. Sua presença cativou a
tantos, mas agora ele estava sob meu controle.
Me inclinei para frente, embora ele ainda estivesse com meu pé e
toquei o lado do seu rosto. — Eu não acho que eu poderia amar você mais
do que eu amo agora — eu sussurrei.
Sua mão repousou sobre a minha. — Você não vai me dizer?
— Sim — eu suspirei. — Eu vou, mas não agora. Quando eu estiver
pronta.
— Você tem que me dizer.
— Eu vou. Eu prometo.
Meu medo era real, mas quando Mason se levantou e me levantou
com ele, eu sabia que tinha tempo. Eu envolvi meus braços e pernas ao
redor dele, beijando-o enquanto ele me levava através da casa para o
nosso quarto.
Algumas horas depois, ele saiu da cama. Eu rolei capaz de ver sua
silhueta enquanto ele se vestia na escuridão. Eu não perguntei para onde
ele estava indo. Eu já sabia.
Ele veio, dando um beijo na minha testa. — Eu te amo. — Sua mão
descansou contra o lado do meu rosto.
Minha mão cobriu a dele. — Apenas fique seguro.
— Sempre. — Ele saiu e, um momento depois, ouvi as vozes de
Logan e Nate do lado de fora. Os faróis acenderam e ouvi os sons de um
veículo saindo da garagem.
O que quer que fosse acontecer, já foi posto em movimento.
CAPÍTULO TRINTA E CINCO
MASON
Meu pai não queria a reunião em sua casa, onde Analise estava, e
isso estava bem para nós. Nós nos encontramos em seu escritório. Eu
entreguei a cópia dos arquivos que fiz para ele, e ele disse que cuidaria
do resto. Eu não perguntei o que aconteceria ou como ele usaria. Eu sabia
que ele iria, e eu também sabia que James Kade tinha conexões
questionáveis. Provavelmente era melhor não saber.
Com a reunião terminada, Logan, Nate e eu saímos, todos em
silêncio. Eu olhei para Logan enquanto ele contornava para o banco do
passageiro da frente. Nós aprendemos há um ano até que ponto do outro
lado da lei nosso pai poderia viajar. Ele ajudou a manter um chefe do
crime fora de nossas costas. Mas nisso, algo estava me incomodando.
Peguei a maçaneta da porta do Escalade e estava prestes a abri-la
quando alguém saiu das sombras.
— Eu posso ver que não fiz o meu trabalho muito bem.
Caldron e um monte de seus homens nos cercaram.
Eu me afastei da porta. — Como?
Ele segurou um bastão nas mãos e gesticulou com ele para o prédio
de escritórios. — Isso foi você levando uma cópia dos arquivos de Quinn
para o seu pai, certo?
— O que te faz pensar isso?
Esses caras estavam aqui para nos parar. Eu não sei como Caldron
sabia, qual era o negócio dele, mas se eles estavam vindo contra nós, eu
sabia que meu pai não estava seguro também. Eu peguei o olhar de Logan
e empurrei minha cabeça em direção ao prédio. Ele assentiu e começou
a retroceder. Ele colocaria James em segurança ou tentaria.
Caldron apontou para alguns de seus amigos. — O bloqueie. Nós
não queremos que o papai rico, querido, saia impune, não depois de
limparmos o chão com seus filhos.
— Isso está ficando velho. — Nate rosnou, caminhando em direção
a alguns dos caras.
Eu fiz uma contagem rápida e parei depois que contei mais de doze.
— Você saiu com força total, Caldron. — Virei para ele. Ele era o
líder. Ele tinha todas as respostas. — Por que você não mostra alguma
decência e diz por quê?
— Sim. — Logan se aproximou de nós, mas quatro caras correram
para impedi-lo de chegar até nós. — Como você sabe sobre isso? O que
você sabe sobre Quinn? E por que diabos você está aqui?
— Está certo. Seu pai rico idiota deveria "cuidar de mim", não era?
Bem, ele cuidou. Ele me transferiu para outro local de trabalho. Eu
estava lá no mês passado quando, de repente, recebi uma ligação dizendo
que fui demitido.
Logan e eu compartilhamos um olhar. James não iria dispensar
Caldron. Não havia razão.
Ele viu o olhar. — Oh sim. Isso aí diz que estou certo. Eu tenho
sido "cuidado" assim como estou aqui para "cuidar” de você.
— Quem te demitiu?
Caldron olhou para mim, com os braços dobrados sobre o peito. O
bastão caiu ao seu lado. — A pessoa que me contratou para ir atrás de
vocês. — Ele apontou o bastão para todos ao seu redor. — Isso é o que
estamos fazendo aqui, o que eu fui contratado para fazer em primeiro
lugar.
— E isso foi? — Eu estava ficando cansado de sua conversa. Uma
raiva profunda começou a ferver dentro de mim.
— Sim. — Logan empurrou o cara mais próximo a ele. — Chegue
ao ponto, caralho.
Caldron sorriu e eu sorri de volta, mas olhei para Nate. Toda a
atenção estava concentrada em nós. Até os caras que estavam "vigiando"
Nate não estavam olhando ele. Eu peguei um flash rápido de luz do seu
telefone. Ele escondeu de volta no bolso e acenou para mim.
Ele ligou para os policiais.
Era o antigo sistema que tínhamos de funcionamento em
momentos como esse: Logan e eu chamamos a atenção de todos e Nate
pedia ajuda. Infelizmente, o nosso reforço tinha que ser a aplicação da lei
desta vez. Esses caras não estavam aqui apenas para nos machucar. Eles
estavam aqui por sangue.
Nós precisávamos mantê-los longe o suficiente, ou estaríamos
mortos.
Logan revirou os ombros e deu um pequeno mergulho de cabeça.
Ele estava pronto.
Eu fui contra o Caldron. Eu queria lutar, mas também queria
respostas. — Quem realmente te contratou? Você não está atrás de nós
por causa de Budd, não é?
Caldron começou a rir, inclinando a cabeça para trás como uma
hiena. — Não, não. Vocês me fizeram um favor com ele. Desde que ele
saiu, eu sou o cara no comando. Com ele fora, eu estou no topo. — Um
olhar sério se instalou em seus olhos, e eu sabia que eu estava olhando
para o olhar de um assassino. — Quinn me contratou no mesmo dia que
ele e seu pai tiveram uma reunião. Ele sabia que eu já estava trabalhando
para o seu pai. Nós deveríamos fazer o paisagismo para o hotel que eles
estão abrindo. Quinn pensou que eu poderia ficar de olho em você, mas
seu pai estragou tudo. Ele adiou o paisagismo. Nós não começamos até
a próxima semana, agora que tudo está quase pronto no hotel. Mas isso
não importa, porque este é o trabalho real para qual ele me contratou.
Eu deveria impedir você de ficar perto demais do filho dele.
— Adam? — Foi por isso que ele continuou tentando nos atacar. —
É por isso que você foi atrás de Sam?
Caldron assentiu, balançando o bastão como se estivesse se
preparando para treinar rebatidas. — Sim. Ela é sua fraqueza. Continue
indo atrás dela e você não conseguirá se concentrar no que quer que seu
pai tenha feito. Você estaria muito focado em manter sua garota segura.
Ele parou por um momento. — Meu palpite é que o seu pai te
prendeu com o pequeno Quinn para vigiá-lo, certo?
Eu não ofereci uma resposta e ele deu de ombros.
— Não importa se você não confirmar. Eu sei que é verdade, assim
como eu sei que recebi uma ligação uma hora atrás para estar à espreita
se você fizesse um movimento. Eu acho que você vir ao escritório do seu
pai à meia-noite foi um movimento. Estou certo? Sei que eu estou. Eu
também sei que houve uma quebra na segurança em algum local externo
que Quinn usa. Eu sei que sua namorada teve uma conversa confortável
com a noiva de Quinn Jr., e essa mesma noiva desabou chorando para
Quinn Jr. no início da tarde. Agora — ele esticou os braços, — eu não
tenho ideia do que você copiou, mas foi o que me disseram para tirar de
você. Já que chegamos aqui muito tarde e parece que você já entregou,
vamos ter que fazer isso da maneira mais difícil.
— Você quer dizer o caminho sangrento.
Seja qual for o caminho que você quiser. Ou seu pai o traz para
salvar suas bundas, ou nós passamos por cima de seus corpos para obtê-
lo. Você decide.
Eu ouvi sirenes ao longe, mas eles estavam quase chegando cedo
demais. Eu queria o sangue desse cara no chão. Eu queria tudo, e queria
ser aquele que o partiria ao meio. Nós tínhamos o suficiente. Eu não
precisava ouvir mais nada para entender o que aconteceu.
— Eu pensei que você se cansaria disso, Caldron.
— O que você quer dizer? — Seus olhos se contraíram, apenas
brevemente.
— Isto. Você. Eu. Lutando. — Eu sorri, sabendo que não alcançou
meus olhos. — Você está perdendo.
Ele engoliu em seco, o pomo de Adão subindo e descendo. — Isso
é o que você acha que vai acontecer?
Logan e Nate se moveram. Eles estavam prontos para lutar.
Eu me afastei do Escalade. — Eu sei o que vai acontecer. Eu
sempre te venci, Caldron. Eu sempre vou; não importa quantos caras
traga com você.
Ele voltou, assim como seus rapazes. Era como se eu tivesse uma
força invisível me protegendo. Mas se eu tinha ouvido as sirenes, eles
também ouviram.
— O quê? — Eu perguntei. — Você sabe que não pode terminar
essa luta antes que os policiais apareçam?
— Quem disse que eles estão vindo para cá? — Ele jogou o bastão
para cima, pegando-o como se fosse rebater uma bola de beisebol. Ele
segurou acima de sua cabeça.
Eu estreitei meus olhos. — Do que você está falando?
— Eles têm que priorizar suas ligações — disse ele. — É um
pequeno departamento de polícia. Eu acho que uma pousada em chamas
teria prioridade sobre uma mensagem sobre brigas vinda do celular de
alguém. — Ele olhou diretamente para Nate. — Eu vi isso, sabe.
— Você colocou fogo na pousada? — Nate empalideceu um pouco.
— Eles vão tirar todo mundo, eu tenho certeza. — Caldron não
soava como se ele se importasse. — Mas isso nos deixa com o nosso lado
feliz. — Ele soltou o bastão e pegou de novo. Ele ergueu de volta. — Que
tal termos esse show na estrada?
E ele girou o bastão.
Eu apaguei depois disso.
O bastão desceu. Eu vi minha mão segurando, vi Caldron no chão.
Seu rosto estava sangrando. Seus olhos estavam inchados. Havia mãos
nos meus ombros e eu estava balançando.
O tempo saltou.
Dois caras estavam em mim. Eu me abaixei, batendo meu ombro
em um deles. Alguém está com o braço quebrado e gritou de dor ao se
inclinar em um ângulo indecente.
Mais lapsos no tempo.
Nate estava no chão. Três caras o chutaram.
Eu puxei um para longe, batendo ele na calçada.
O tempo deu um pulo novamente.
Logan deu um soco e a cabeça de um cara se afastou do golpe.
Outro cara balançou um bastão, prestes a bater em Logan na parte de
trás da cabeça — outro apagão. Eu vim de novo, e esse mesmo cara
estava inconsciente.
Eu estava segurando seu bastão.
Mais escuridão.
— Mason. — Eu ouvi a voz de Logan à distância.
Havia um zumbido. Eu olhei em volta. O que foi isso?
— Mason. — De repente, o zumbido desapareceu, e Logan estava
bem ali. Sua voz estava muito alta e ele estava arranhando minhas mãos.
— Mason, pare! — Ele parecia em pânico. Meu irmão nunca entrou em
pânico. Ele continuou puxando as minhas mãos, e eu olhei — elas
estavam enroladas na garganta de um cara.
Logan recuou e bateu o ombro em mim. Ele me empurrou para
trás, mas eu soltei a garganta.
O que eu tinha...?
Eu não queria saber.
Eu balancei a cabeça. Havia uma nuvem ali, uma neblina sobre
tudo. Eu não me sentia como eu mesmo, e eu examinei o estacionamento
e me senti mal.
Havia corpos por toda parte.
Nate se sentou no chão, seu rosto coberto de sangue e apenas um
olho aberto. Ele estava segurando a camisa na cabeça. A ponta estava
encharcada de sangue.
Eu procurei por Logan. Ele estava bem na minha frente e também
estava sangrando. Ele caiu em mim e começou a escorregar para o chão,
mas eu o peguei. Envolvendo um braço ao redor de suas costas, eu o
abaixei e me sentei ao lado dele.
Minhas mãos já estavam machucadas. Elas estavam cobertas de
sangue, mas havia sangue por toda parte. Até o Escalade tinha sangue
nele.
— Logan. — Minha voz estava rouca. — O que nós fizemos?
Ele grunhiu de dor quando tentou esticar uma perna. — Lutamos.
Foi o que fizemos.
O som de alguém andando sobre vidros quebrados veio de trás de
nós. Eu não olhei. Meu corpo estava começando a gritar em agonia. Tudo
doía.
James entrou na nossa frente, olhando tudo. Ele respirou fundo.
— O que aconteceu?
Eu não tinha certeza. Eu fiquei quieto.
Logan olhou para mim, então disse: — Quinn sabia que você pediu
a Mason para vigiar o filho dele. Ele nos deu Caldron. Nós deveríamos
estar distraídos. — Ele teve que parar para cuspir sangue. — Ele falhou
em seu trabalho. — Ele olhou para o nosso pai, seu rosto deformado e
machucado. — Você ainda tem a cópia, certo? Nós não fizemos tudo isso
para nada.
James segurou o pendrive. — Está aqui. — Naquele momento, uma
viatura iluminou o estacionamento em vermelho e azul. — Eu ia usá-la
como vantagem contra ele, fazê-lo recuar, mas parece que vai ao
procurador do distrito.
Dois policiais saíram e pararam a poucos metros do carro. Eles
olharam ao redor, e um lentamente levantou a mão para o rádio. Ele
chamou uma ambulância quando James disse: — Deixe-me falar. Se você
disser alguma coisa, é para pedir por seu advogado. Você entendeu?
Ele olhou para nós para ter certeza.
Nós assentimos, e ele caminhou para frente, encontrando os
policiais no meio do caminho.
CAPÍTULO TRINTA E SEIS
SAMANTHA
James me ligou e explicou a situação, e quando parei no
estacionamento da delegacia um pouco depois das três da manhã, Becky
foi a primeira pessoa que vi. Ela correu em minha direção, com uma
expressão irritada, e mal consegui fechar a porta do carro antes que ela
estivesse em cima de mim.
— Você deveria ter ficado quieta sobre o que eu te disse — ela
sussurrou na minha cara, com as mãos fechadas em punhos. Ela as
segurou como se quisesse me bater, mas ela apenas pressionou uma no
meu ombro. — Você não deveria dizer, Sam!
— O que você acha que eu faria? Eu tive que escolher entre Adam
e Mason. — A escolha era óbvia.
Ela baixou a cabeça, as mãos caindo para os lados. — A escolha foi
entre Mason e eu. Eu confiei em você.
— Eu sinto muito. — E eu sentia. — Mas isso não foi entre você e
eu. Foi entre eles. — Foi finalmente entre James Kade e Steven Quinn. —
Nós só entramos no meio.
Ela suspirou quando um SUV branco estacionou ao lado de seu
carro. Adam saiu. Se Becky estava com raiva, Adam estava furioso. Sua
mandíbula estava cerrada e uma veia saltava ao longo de seu pescoço.
Ele começou a vir por nós.
Seus olhos estavam frios quando ele se virou para Becky. — Eu lhe
disse para não vir aqui.
Ela ficou um pouco mais alta. — Eu queria estar aqui para você.
Ele se virou para olhar para mim novamente. — Você queria gritar
com Sam.
— E? Você também.
Ele balançou sua cabeça. — Eu não sou a pessoa que ela traiu.
— Se é uma escolha entre Mason e outra pessoa, você sabe a minha
decisão. — Ele sempre soube.
— Sim — ele falou baixinho. — Estou bem ciente disso.
— Sam!
Heather saiu da estação, protegendo o rosto com o braço contra
uma súbita rajada de vento.
— O que você está fazendo aqui? — Eu perguntei para ela, mas...
— Como você chegou aqui tão rápido?
— Eu já sabia o que aconteceu antes de você ligar. Channing tem
um scanner policial. Já estávamos a caminho.
Ela não me disse isso no telefone. Ela me deu um sorriso de
desculpas. — Eu percebi que era mais fácil explicar quando você
chegasse aqui.
Eu fui em frente. — Eles estão bem?
— James é o único aqui.
— O quê?
— Eles prenderam meu pai — disse Adam. — Eles estão trazendo
ele.
Dois carros de polícia entraram no estacionamento e pararam
diante da porta da frente. Mas em vez de ver Steven Quinn algemado,
assistimos quando Nate e Logan foram ajudados a sair de uma viatura.
Suas mãos estavam algemadas na frente deles, e eu ofeguei,
cambaleando para trás.
Seus rostos estavam cobertos de ataduras, sem mencionar os
hematomas em toda a pele exposta, e os nós dos dedos estavam
machucados. Eles tinham brigado. Muito.
Heather se aproximou e me firmou com uma mão no meu braço. —
Isso é o que eu estava vindo te contar. Todos os outros foram primeiro ao
hospital. Todos os caras do Caldron foram admitidos. Mason, Logan e
Nate — eles foram feridos, mas acabaram com eles.
Mason…
Eu procurei por ele, mas não consegui encontrá-lo. Se Logan e Nate
estavam assim — a porta dos fundos do primeiro carro do pelotão se
abriu, e parei de pensar depois disso.
Um soluço engatou na minha garganta. Eu não podia deixar isso
sair.
Mason saiu com as mãos algemadas na frente dele.
Eu não consegui respirar.
Eu não pude fazer nada.
Ele tinha menos bandagens no rosto, mas um dos lados era uma
contusão gigante. Seu lábio estava preso, e eu poderia dizer que ele estava
com dor. Ele mancava. Eu devo ter feito um som porque ele se virou de
repente. Seu olhar encontrou o meu, embora um de seus olhos estivesse
coberto por fita adesiva.
Ele andou em minha direção, meu nome em seus lábios, mas o
policial o puxou de volta.
— Pare! — Eu corri para eles.
Dois policiais se moveram para me interceptar, mas Heather e
outra pessoa me pararam antes que eu pudesse chegar até eles. Heather
estendeu a mão para impedir que a polícia se aproximasse.
— Ela está bem. Nós a pegamos. — Ela se inclinou para perto e
sussurrou para mim — Se acalme ou eles podem prendê-la por fazer uma
cena.
Eu só pude assistir enquanto eles levavam Mason para dentro.
Então olhei para ver quem mais havia entrado para me segurar.
Becky. Ela me soltou, seus olhos se afastando. — Ninguém mais
precisa se machucar... ou ser preso.
Eu estendi a mão, dizendo um suave agradecimento antes de
Heather começar a avançar, e fui com ela. Eu olhei para trás por cima do
meu ombro. Becky nos observou ir e eu falei de novo para ela: —
Obrigada.
Ela assentiu, oferecendo um leve sorriso.
Heather segurou meu braço perto dela. — Nós vamos cantar a
canção da amizade com ela mais tarde. Vamos. Temos que começar a
assediá-los por fiança.
Mas no final, isso foi resolvido.
James Kade convocou um exército de advogados. Eles entraram
vestindo seus ternos de três peças como se fossem do serviço secreto —
exceto que com pastas. Quando eles apareceram, não demorou muito
para Nate, Logan e Mason serem liberados.
Eu pulei nos braços de Mason quando ele saiu, esfregando seus
pulsos. Ele me pegou, enfiando a cabeça no meu ombro e pescoço.
— Isso vale a pena — disse ele.
Eu esqueci e tentei me afastar.
Ele apenas apertou seu abraço, me segurando por mais um
momento. — Deus, Sam. — Ele levantou a cabeça. Um olhar cru e terno
apareceu em seus olhos, e ele traçou meu rosto com o dedo. — Caldron
poderia realmente te machucar.
Logan murmurou: — Ele era mais perigoso do que pensávamos.
Mason não me deixou ir, e Logan o cutucou. — Parceiro, eu sei que
estávamos presos, mas não é como se você tivesse que esconder um
pouco de sabão nas bochechas da sua bunda. Nate e eu estávamos lá o
tempo todo e levamos apenas algumas horas.
Mason endureceu e voltou a encarar. — Parceiro?
— É o conjunto. Eu já sou um criminoso endurecido.
Mason me soltou, mas sua mão ainda segurava uma das minhas.
— Você já foi preso antes, e me desculpe por abraçar minha namorada
quando percebi como Caldron poderia realmente machucá-la.
Logan entrou na frente dele, empurrando-o para fora do caminho.
Ele me puxou para um abraço. — É a minha vez.
— Você tem sua própria namorada.
— Que voltou para o pai. Lembra? — Logan me apertou. — Além
disso — acrescentou ele — Sam vai ser oficialmente minha meia-irmã
depois da próxima semana.
Isso era certo. O grande casamento seria no próximo sábado. Eu
não tinha energia para lidar com a tensão que se agarrava a mim quando
o casamento era mencionado. Mason e Logan foram discretos em
conseguir que seus smokings se encaixassem. Além disso, eu não sabia
nada sobre o casamento. Malinda estava ajudando, mas eu não morava
mais com ela e meu pai. Eu não precisava ver nenhuma das decorações
ou preparações que ela poderia estar fazendo em sua casa.
Heather e Channing se aproximaram, a mão dele descansando na
parte baixa das costas dela.
— O que vai acontecer depois disso? — perguntou Heather.
Nate e Logan fecharam a boca e olharam para Mason.
Senti a tensão inundá-lo, embora ele não mostrasse nada disso. —
Estamos bem, contanto que esses caras estejam bem.
— Que caras? — Heather olhou ao redor da estação. — Todo mundo
está aqui.
Todos nós olhamos quando Adam e Becky entraram na estação.
Atrás deles dois policiais traziam Steven Quinn. Suas mãos estavam na
frente dele com uma camisa sobre elas. Não importava se não víamos as
algemas. Nós sabíamos que elas estavam lá.
— Ah... — Logan limpou a garganta. — Mason quer dizer Caldron
e todos os seus capangas.
— Mas Mason não precisa se preocupar com isso. — Nate lançou-
lhe um olhar significativo.
Mason soltou um suspiro silencioso. Eu podia sentir a liberação de
seu peito. — Você não está fazendo isso.
Nate balançou a cabeça. — Eu não me importo. Eu vou fazer isso
antes que você possa.
— Nate...
— Pare com isso, Mason. Falo sério. Você tem o futebol ainda.
— O que está acontecendo? — Eu perguntei a eles.
Nate e Mason ficaram em silêncio. Logan disse: — Contamos mais
tarde.
— Nada vai acontecer — Mason começou.
Nate o interrompeu novamente. — Você está certo, porque sem
chance de eu deixar meu melhor amigo jogar sua vida fora porque estava
protegendo a si mesmo e sua família. Será legítima defesa. Meus pais são
diretores de cinema. Eles têm boas conexões. Se for para um julgamento,
não serei condenado. Você sabe disso.
— Nate —
— Pela última vez — Nate retrucou. — Cale a boca.
Eu estava juntando as peças.
Mason disse que se esses caras estivessem bem, então se eles não
estivessem... Eu olhei para Mason e o horror me atingiu no fundo do
peito. Se um deles morresse, ou mesmo se tivessem sérios danos, ele
seria preso novamente. Ele seria detido. Pode haver um julgamento.
Me sentindo como se estivesse na água, como se uma força invisível
diminuísse meus movimentos, eu olhei para Nate.
Ele levaria a queda. Isso era o que ele quis dizer.
Meus lábios se separaram. Eu senti um suspiro, embora nenhum
som viesse de mim, e voltei a encontrar a mão de Mason. Eu apertei. Eu
sabia que ele estava com dor. Eu sabia que deveria soltar meu aperto,
mas não consegui. Eu senti como se quase tivesse acabado de perdê-lo.
E agora, se isso acontecesse, eu poderia perdê-lo novamente.
Ele nunca deixaria Nate assumir.
Eu olhei para Logan para encontrá-lo me observando. Ele percebeu
o que eu estava pensando, e eu poderia dizer que ele sabia disso também.
Eu olhei novamente para Nate e vi o mesmo olhar lá. Ele também sabia
disso. Nenhuma quantidade de argumento mudaria a decisão de Mason.
Eu não estava acordando de um pesadelo.
Estava apenas começando.
CAPÍTULO TRINTA E SETE
Quando chegamos em casa, James nos seguiu para dentro, mas
ele apenas repetiu o que ele disse na estação: Não diga nada. Essa era a
linha de fundo, e a julgar pela exaustão e dor nos rostos de Mason, Logan
e Nate, ninguém iria discutir com ele.
Matteo estava sentado na sala de estar quando entramos, mas ele
esperou até James sair antes de se levantar.
— Uh. — Ele cruzou os braços sobre o peito, os músculos do bíceps
e do peito arqueando um pouco. Olhando ao redor, ele parecia inseguro.
— Vocês precisam de alguma coisa? — Ele se virou para mim. —
Bandagens? Creme antibiótico? Você está abastecida com todas essas
coisas?
A mão de Mason veio descansar nas minhas costas. — Acho que
estamos bem. Mas obrigado, Teo.
Ele assentiu. — Sim. Apenas me avise. Se precisar de mim para
correr e pegar alguma coisa, eu posso fazer isso também.
Eu lutei contra recuar na mão de Mason. Eu queria. Eu queria
afundar em seu calor e me assegurar de que ele estava bem. Eu não fiz.
Eu não sabia a extensão de seus ferimentos, e fiquei grata quando Nate
e Logan murmuraram que iriam para a cama.
Logan parou a caminho do seu quarto. — Eu vou ligar pra Taylor.
Eu descansei uma mão no braço dele. — É uma boa ideia. — Ela
saiu uma semana antes para passar algum tempo com seu pai e seus
amigos. — Ela vai querer saber que você está bem.
— Sim. — Ele suspirou.
Matteo permaneceu enquanto todos se dispersavam. Até Mason foi
para o nosso quarto, mas eu me contive.
Os ombros de Matteo caíram. — Eu não sei o que fazer.
Ele parecia perdido, como uma criança de três anos cuja mãe
estava fora de vista.
Eu conhecia esse olhar. Eu vi isso em outras pessoas que
pensavam estar no círculo e depois perceberam que não estavam.
Eu dei um tapinha no ombro dele. — Apenas seja um bom amigo.
É isso aí.
— Eu não... eu sei que os três são fortes, mas eu poderia ter
ajudado. Eles sequer me deram a opção, sabe?
— Você é um cara legal. É assim que Mason vê você. Ele não quer
que você não seja bom.
— Isso é o que ele pensa? Porque parece muito como se eu não
fosse bom o suficiente.
Eu balancei a cabeça. — Não. Não é nada disso. Mason não deixaria
você ficar aqui se fosse isso. Ele nem chamaria se ele pensasse isso. Ele
não quer colocar você em uma posição onde seu futuro possa ser afetado.
Ele assentiu com a cabeça pendurada. — Eu entendo, mas eu não
me importo. Eu sei que eu brinco que Logan é minha alma gêmea, mas
Mason é um irmão para mim também. Eu amo o cara.
— Eu sei. Ele sente o mesmo.
— Apenas deixe-o saber que se ele precisar de alguma coisa... e eu
quero dizer, qualquer coisa — eu estou aqui para ele. Não há muita coisa
que eu não faria por vocês.
— Ele sabe.
Ele assentiu novamente, e eu o deixei lá, parecendo derrotado.
Eu encontrei Mason no banheiro, despido até a cintura enquanto
ele se olhava no espelho. Eu tive que parar na porta uma vez que eu dei
uma boa olhada nele. Alcançando o batente da porta, me estabilizei.
Seu peito e estômago estavam cobertos de hematomas. Havia
cortes e cortes por toda parte. O sangue tinha vazado através de algumas
das bandagens que o hospital colocou nele, e eu não consegui segurar
um pequeno gemido.
— Eu já estive pior do que isso.
Eu peguei a mão dele. — Eu sei.
Ele estava tentando me tranquilizar, mas quando eu o levei para o
chuveiro, eu sabia que o que eu podia ver não era o dano real. Eu coloquei
o chuveiro em uma ducha mais suave para que a água não batesse nele,
e quando ele estava no meio do chuveiro, eu comecei a remover seus
curativos. Já que ele estava nu na minha frente, eu não consegui me
controlar. Suavemente, eu corri minhas mãos sobre cada centímetro dele
e beijei todos os seus cortes, em todos os lugares que ele foi atingido ou
onde sua pele estava rasgada. Eu queria que ele soubesse que eu amava
cada centímetro dele, e quando terminei, olhei para cima.
Seu olhar era escuro, mas havia dor em seus olhos.
Ele estava sofrendo. Toquei o rosto dele e sussurrei: — O que você
fez foi nos proteger. Você protegeu Logan. Você protegeu Nate. Você se
protegeu e estava me protegendo também. — Ele se inclinou o suficiente
para que eu pudesse descansar minha testa contra a dele. — Se alguma
coisa tivesse acontecido com você. Qualquer coisa... — Fechei os olhos,
respirando estremecendo.
Eu não consegui
Eu não conseguia pensar sobre isso.
Meu Deus.
Eu abri meus olhos e olhei diretamente para os dele. — Se algo
tivesse acontecido com você, você sabe como eu ficaria devastada. Você
estava me protegendo também.
— Eu poderia ter matado alguém.
Ele poderia.
Eu balancei a cabeça. — Você não matou, e você não vai. Esses
caras vão acordar. Você estava apenas nos protegendo. É isso aí.
— Sam. — Seu peito subiu quando ele puxou uma respiração
irregular. Sua testa descansou um pouco mais pesada em mim. — Se
você estivesse lá...
Um nó se formou no fundo da minha garganta.
Eu engoli. Ele não podia pensar assim, e nem eu.
Minha mão percorreu seu braço até encontrar seus dedos, e eu atei
nossas mãos juntas. — Tudo vai ficar bem. Tudo vai ficar bem.
Eu estava mentindo para ele. Tudo pode não estar bem, mas eu
tinha que acreditar, e tinha que fazê-lo acreditar. Haveria outros
inimigos. Haveria outros momentos em que Mason poderia ter que lutar,
mas ele foi acima das probabilidades. Havia tantos contra ele, Nate e
Logan. Muitos.
Eu me aproximei, dobrando meu corpo suavemente para ele.
Quando seus braços se envolveram ao meu redor, eu me ouvi dizendo: —
Eles podiam ter matado você. — Meus lábios tocaram seu peito. A água
desceu sobre nós dois e atingiram meus lábios. Eu mal notei. — O policial
disse que dezesseis caras vieram para atacar vocês três. Dezesseis contra
três. Você se defendeu. Isso é tudo que você fez. — Eu recuei para segurar
seu olhar novamente. Eu o senti me procurando. Ele precisava acreditar
no que eu estava dizendo. — Dezesseis para três, Mason. Nenhum juiz
irá condená-lo nessas condições.
Ele assentiu, fechando os olhos.
— Tudo vai ficar bem.
Talvez eu estivesse mentindo para mim mesma agora.
CAPÍTULO TRINTA E OITO
Seis dias depois
****
— Sam.
Eu estava finalmente saindo do hotel quando ouvi meu nome.
Becky descansava contra o carro de Logan. Ela torceu as mãos e se
endireitou quando me aproximei.
— O que você está fazendo aqui? — Eu olhei ao redor. O
estacionamento estava cheio de carros, mas era relativamente silencioso,
como o saguão. Um ônibus de festa parou na entrada da frente, e um
grupo de pessoas saiu cambaleando, rindo alto.
— Foi Adam.
— O quê?
— Foi Adam quem entregou o vídeo de Mason. Ele viu que um dos
trabalhadores de lá tinha o celular ligado e depois o localizou. Ele editou
o vídeo, então parece que Mason atacou aquele cara sem motivo. Aqui. —
Ela segurou um pendrive.
— O que é isso? — Eu peguei.
— É o resto do vídeo. Vai mostrar que o cara está prestes a bater
em você e Mason está apenas protegendo você. Deve tirá-lo de lá.
— Por que você está me dando isso?
— Porque Adam está errado com o que ele está fazendo. — Ela
desviou o olhar. Empurrando as mãos nos bolsos de trás, ela parecia
metade da pessoa que ela foi. — Eu sinto muito, Sam.
Eu ri. Isso se tornou a noite das desculpas de alguma forma. —
Eu... Por que Adam fez isso?
— Porque ele ainda está furioso sobre como Mason o humilhou no
ensino médio. — Ela levantou a cabeça, e seus olhos se encheram de
lágrimas. — Porque ele sabe que vocês estão por trás de ter seu pai preso,
e por causa da ameaça de Logan de ir para a faculdade de direito com
ele. — Ela parou e respirou fundo. — Adam não está pensando direito
agora. E ele está com raiva por que... — Ela respirou fundo novamente.
— Ele está bravo por eu ter interrompido o noivado. Ele está te culpando
por isso. — Ela acenou para o pendrive ainda na minha mão. — Ele
queria machucar vocês. Esta sou eu tentando fazer tudo certo.
Ela começou a ir, mas eu dei um passo à frente. — Espera. Você
terminou com ele?
Ela assentiu seu lábio tremendo. — Ele acha que é porque o pai
dele está com problemas legais, mas não é. Eu sempre amei Adam,
mesmo antes de me amar. E eu sempre escolhi ele, mas tenho pensado
muito na última semana. Eu ainda o amo. Eu acho que está apenas no
meu DNA, mas eu não sei. Eu acho que preciso começar a fazer as coisas
sozinha, sabe? Eu não posso me casar com um cara e ter toda a nossa
vida mapeada. Eu sei que é repentino e aleatório, mas... — Ela levantou
o ombro e apoiou a bochecha contra ele. — Talvez seja a briga com vocês.
Estou tão cansada disso. Eu não sei se o Logan realmente vai fazer a
coisa toda da escola de direito, mas quando ele disse isso, foi como se eu
tivesse um alerta. Adam sempre vai lutar com alguém. Se não são vocês
é outra pessoa. Ele odeia Mason, e é como ele escolhe os caras na escola
para odiar também. Fiquei chocada quando ele disse que queria
consertar as coisas com vocês, mas era tudo uma farsa. Adam sabia o
que Caldron deveria fazer. James insistiu que os dois garotos
trabalhassem juntos e esse também era seu trabalho. Ele deveria distrair
Mason também. Ele queria fazer isso sendo amigo dele, mas todos nós
sabemos que não deu certo. Eu sinto muito. — Ela voltou a torcer as
mãos juntas. — Isso é muita conversa e eu provavelmente não estou
fazendo nenhum sentido.
— Não. Você está.
Ela parou de torcer as mãos e ficou parada enquanto seus olhos
encontraram os meus. Ela quase parecia uma estátua, como alguém que
eu costumava conhecer quando a vida era mais simples.
— Eu posso nunca ser sua amiga. Eu sei disso agora. Eu tenho
sentido sua falta todos esses anos e pensando o que eu poderia ter feito
diferente, ou o que eu ainda poderia fazer diferente, mas essa
oportunidade se foi. Mesmo que Adam seja meu ex, eu ainda tenho que
estar do lado dele. Não seria correto terminar as coisas com ele e tentar
ser sua amiga novamente. Isso é traição desnecessária, sabe?
— Então o que você vai fazer?
Ela encolheu os ombros novamente. — Ficar longe de Adam até o
final do verão. Tentar descobrir o que eu quero fazer. Eu fui para a
faculdade porque ele foi. Eu acho que preciso decidir se quero ficar lá ou
me transferir, e depois de seguir lá. Enfim... — Ela gesticulou para o
pendrive, que eu coloquei no meu bolso. — Espero que ajude a libertar
Mason. Ele pode merecer estar lá por outra coisa, mas não isso. — Ela
fez uma pausa, depois respirou fundo. Ela tentou sorrir, mas vacilou.
Não chegou aos olhos dela. — Adeus, Sam.
Eu assenti. Este foi o meu segundo adeus nas últimas duas horas.
E este era realmente um adeus. Eu sabia que ainda ia ver minha mãe em
algum momento, mas eu sinceramente não sabia se voltaria a ver Becky.
— Eu senti sua falta — eu disse. E eu falei sério, pensando nos
outros anos. — Senti falta da nossa amizade e fiquei feliz quando achei
que tinha conseguido isso no verão. Sinto muito que as coisas tenham
acontecido assim.
— Sim. — Ela suspirou. — É assim que é, né?
— Sim. Eu acho.
Ela começou a recuar e levantou a mão. — Tchau, Sam.
Acenei de volta, mas esperei até que ela entrasse no carro e saísse.
Então eu disse, baixinho: — Tchau, amiga.
CAPÍTULO QUARENTA E QUATRO
Mason foi libertado na segunda de manhã, sem acusações
pendentes.
O pendrive fez o que Becky disse que faria: absolveu Mason da
culpa. Mostrava Caldron prestes a me acertar e que ele não estava
sozinho. Logan acabou indo com Mark quando ele foi ver Keifer, e eles
conseguiram liberar a gravação de vídeo do festival. Garrett estava certo.
Aparentemente, eles tinham câmeras de segurança instaladas, e as
imagens ajudaram a reforçar o que o primeiro vídeo mostrou. Os policiais
estavam agora investigando acusações contra Adam, mas Garrett não
tinha certeza se isso aconteceria. Ele nos disse naquela tarde, depois que
Mason saiu, que quaisquer acusações contra Adam não eram da nossa
conta. Nós não deveríamos procurar problemas, porque já tínhamos o
suficiente.
Eu concordei com ele.
Eu estava apenas agradecida que Mason estava fora, e nada tinha
vindo de sua temporada na cadeia.
— Então, todo mundo está bem, Jeeves? — Logan perguntou.
Ele recebeu uma rodada de olhares estranhos em troca.
Vendo nossa reação, ele empurrou um ombro para cima. — O quê?
Eu gosto do nome. Me processe.
— Uh, sim. — Garrett estreitou os olhos apenas brevemente. —
Tudo bem, Jeeves.
Logan sorriu. — Sam, eu acho que eu gosto mais desse pai do que
do outro.
— Obrigada. — Eu fiz uma careta. — Eu não vou contar para David.
Logan deu de ombros novamente. — Diga a ele se você quiser. Ele
sabe que daquele temível casal, Malinda é que segura meu coração.
— Você está começando com essas coisas de novo? — perguntou
Mason.
— Precisamos de um novo nome, já que Nate está no rebanho.
Estamos de volta ao Quarteto Incrível?
— Pare de pensar nisso.
— Por quê? — Logan perguntou a seu irmão.
— Porque eu percebo que está te incomodando. — A mão de Mason
se estabeleceu mais firmemente no meu quadril, deslizando sob a minha
camisa. Logan fez um som, mas Mason o ignorou. — Obrigado, Garrett,
por ter vindo e nos ajudado.
Os dois apertaram as mãos.
O olhar de Garrett caiu em mim. — Você sabe que eu faria qualquer
coisa para ajudar vocês.
Um calor escorreu através de mim e senti minha garganta
engasgar. — Obrigada, Garrett.
Mason e Logan recuaram, então era apenas meu pai biológico e eu.
Ele se virou para mim, com seus braços para os lados e eu entrei neles.
— Você pode começar a me chamar de pai? — ele perguntou.
Eu balancei a cabeça, minha cabeça se movendo contra o peito
dele. E quando nos soltamos, senti um pouco de umidade no meu rosto.
— Sim, quero dizer, eu não gostaria de confundir Sabrina — eu
provoquei, enxugando as lágrimas.
— Ah, a pequena Seb. — Seu carinho era evidente. — Ela é tão
ocupada. Eu sempre me pergunto se você era assim também. Ela parece
com você.
— Exceto pelo cabelo loiro que é quase branco. — Eu escovei alguns
dos meus cabelos negros do meu ombro.
— Sim, mas a personalidade dela é como a sua.
Tanto quanto uma criança de dois anos pode ser. Mas eu sorri.
Ele acenou para Mason e Logan e se dirigiu para o seu Audi.
Quando ele saiu, Logan bateu palmas, pulando no meio-fio. — E
agora é só o Trio Incrível novamente.
O olhar de Mason estava encoberto. Eu não olhei, mas eu o senti
me estudando quando ele disse para Logan. — Eu te disse para parar de
se preocupar com isso. Somos os três. Nate está perto, mas ele não é você
ou Sam.
Logan soltou um suspiro, pulando de volta para baixo. — Sim, tudo
bem. Eu devo ir. Taylor falou sobre voltar para ver seus amigos. Eles
ligaram ontem à noite; algo aconteceu lá em cima.
Mason se concentrou mais completamente em seu irmão. Eu podia
sentir o aperto no meu peito aliviar quando ele fez isso. — Você vai com
ela? — ele perguntou.
— Eu poderia — admitiu Logan. — Sem ofensa, mas tenho a
sensação de que vocês dois vão fazer a coisa do 'acoplar' pelo resto do seu
tempo aqui. A não ser que vocês também queiram voltar? — Seus olhos
se iluminaram. — Sim! Vocês deveriam. Mase, seu estágio acabou. Papai
não vai abrir o hotel enquanto você estiver aqui, e Sam, você não tem
emprego. Vamos. Vamos todos voltar.
A razão pela qual ele queria ir era óbvia. Taylor estava lá. E a razão
pela qual nós viemos para Fallen Crest foi o estágio de Mason. Ele
precisava desse crédito.
— Seu pai vai preencher todos os seus documentos de estágio,
certo? — Eu perguntei.
— Ele já preencheu. A única coisa que preciso dele é uma nota.
Logan soltou uma risada. — Deus, nosso pai é uma merda. Você
vai ter que entrar e beijar a bunda dele.
— Eu sei. Vou pedir desculpas pelos discursos também.
— Foda-se isso. Ele sabia o que estava fazendo quando tentou nos
forçar a fazer aquilo.
Lembrei do que Analise me disse. Eu não contei a eles sobre essa
conversa. Eles sabiam sobre Becky, mas eu fiquei quieta sobre a razão
pela qual Becky tinha me encontrado no hotel em primeiro lugar. Eu diria
a eles quando as coisas se aquietassem.
— Eu acho que ele vai fazer a coisa certa e te dar um A — eu disse
a ele.
Logan me deu um olhar incrédulo, e Mason apenas pressionou os
lábios.
Eles duvidaram obviamente.
— OK. Certo, Sam. — Logan sacudiu a cabeça.
Dei de ombros. — Tenho um pressentimento.
— Você está bem?
A pergunta de Mason surgiu do nada. Eu me virei para olhá-lo,
momentaneamente sem fala. — Sim. Por que eu não estaria?
— Porque Mason estava na prisão por quase quarenta e oito horas
— Logan ofereceu.
Mason franziu a testa para o irmão. — Já ficamos mais tempo.
— Ei. — Logan inclinou a cabeça para o lado. — Você disse que ia
ver sua mãe. Você foi?
Aqui estava. Esta era a minha abertura para dizer-lhes que ela
estava oficialmente me deixando ir. Eu abri minha boca, pronta para
compartilhar as notícias alegres... e nada. Nenhuma palavra saiu. No
lugar disso eu disse.
— Eu fui, mas nada aconteceu.
Os olhos de Mason se estreitaram.
— Não importa. Aquele pendrive que Sullivan deu a você e o vídeo
que Keifer acrescentou era tudo que precisávamos. — Ele deu uma
palmada no ombro de Mason. — Você está fora e acho que aprendemos
uma lição valiosa.
Nós dois esperamos.
— Devemos sempre ter nosso próprio cara da câmera por perto.
Você nunca sabe a que ponto algum pedaço de merda pode ir da próxima
vez que estivermos arrebentando cabeças.
Mason balançou a cabeça. — Ou poderíamos tentar parar de entrar
em lutas físicas. Se algum vídeo desse tipo vazar para a NFL, eu poderia
sair antes mesmo de entrar.
— Nah. — Logan rejeitou isso. — Você é bom. Tudo está bem. —
Ele estalou os dedos, apontando para nós. — E nessa nota, eu estive
pensando em Taylor desde que eu disse a vocês que ela queria voltar.
Agora estou duro. — Ele olhou para baixo. — Vocês são minha carona,
então podemos ir? Eu gostaria de passar um tempo com ela antes de
pegarmos a estrada hoje à noite.
— Nós não precisamos saber alguns desses detalhes. — Mason foi
até a porta do motorista enquanto Logan pegava a maçaneta da porta
traseira. Eu fui para o lado do passageiro.
Quando todos nos instalamos, Mason perguntou: — Vocês estão
saindo hoje à noite, então?
Logan estava olhando para o celular. — Sim, e ela acabou de
mandar uma mensagem. Algo aconteceu com Jason. — Ele pulou.
— Logan. — O tom de Mason segurou um aviso. — Não faça nada
estúpido.
— Como saltar nos caras que saltaram nele? — Logan terminou de
enviar uma mensagem e deslizou seu telefone de volta no bolso. — Não.
Você está certo. Eu nunca defendo esse pequeno pedaço de merda, mas
o problema é que ele é da família de Taylor, e você sabe como nós somos
com os familiares. Totalmente não fazem nada para ajudar uns aos
outros. Somos nós. Esse é o lema dos Kades: não fazem merda nenhuma.
Mason saiu do estacionamento. — Você pode diminuir o sarcasmo.
Eu não estou dizendo para não ajudar. Eu estou dizendo para não lutar
fisicamente. Faça isso de uma maneira diferente.
— Eu sei. Eu sei, mas é tão satisfatório quando o outro cara está
no chão por causa de você, sabe?
— Eu sei.
Eu olhei para cima. A voz de Mason tinha se acalmado.
— Nós saímos do caminho neste verão — ele continuou em uma
voz mais normal. — Nós tentamos fazer o certo antes. Precisamos voltar
a isso. Você tem um futuro também, sabe.
Logan sorriu. — Droga, certo. Eu serei um advogado. Isso vai
realmente irritar Quinn se eu chegar lá na frente dele também.
Eu me virei no meu lugar. — Você realmente vai seguir com isso?
— Porra, sim.
— Esse é o compromisso vitalício de foder com Adam Quinn.
Logan olhou para seu irmão, seus olhos se encontrando no espelho
retrovisor. — Eu sei, mas não se trata apenas de foder com ele. Talvez eu
estivesse sendo arrastado naquela noite, ou você sendo preso pela
segunda vez, ou até mesmo Quinn dizendo que ele seria um advogado.
Eu não sei o que foi, mas é o que eu quero fazer. Eu quero ser capaz de
enfiar isso em qualquer um que eu queira, porque eu conheço a lei e eles
não.
Isso fazia sentido e o assunto estava encerrado.
Quando chegamos em casa, Logan não sequestrou Taylor em seu
quarto pela próxima hora como ele planejou. Em vez disso, eles fizeram
planos para decolar.
Mason e eu estávamos na cozinha quando Nate apareceu. Ele
apontou por cima do ombro com o polegar. — Uh, Logan e Taylor estão
fazendo as malas. O que está acontecendo? — Ele puxou uma cadeira e
sentou-se à minha frente na mesa.
Mason se endireitou da geladeira onde ele estava pegando um
refrigerante diet para mim. Deixando a porta fechar sozinha, ele me
entregou a lata e encostou-se no balcão. — Eles estão voltando. Algo com
um dos amigos de Taylor.
— Oh. — As sobrancelhas de Nate se franziram juntas. Seus olhos
patinaram entre Mason e eu. — O que vocês estão fazendo?
Mason olhou para mim. — Não sabemos. Nós não falamos sobre
isso. Você?
— Tecnicamente, você poderia ir — disse Nate
Uma das sobrancelhas de Mason se ergueu. — Significa que você
quer voltar?
— Bem…
Então ele queria.
Nate abriu as mãos sobre a mesa, as palmas das mãos para cima.
— Não há motivo real para estar mais aqui. Nós viemos para o seu
estágio, mas acabou agora. E o casamento também. Então... — Ele
sorriu, nos persuadindo. — Matteo já voltou para o treinamento de
futebol. Não há motivo para ficar.
— Exceto meu meio-irmão estar aqui. — Eu me inclinei para frente,
apoiando meus cotovelos na mesa. — Oh. — Eu estalei meus dedos para
ele. — E minha melhor amiga e minha madrasta e David.
— Você teve todo o verão para sair com eles, e você saiu. Você viu
Heather uma tonelada de vezes. Além disso, Malinda e David estiveram
no casamento ontem à noite também. Quero dizer isso, pessoal. Vamos
voltar. Há festas lá. Podemos relaxar por um mês inteiro antes do início
das aulas. Seu estágio terminou cedo. Você poderia começar o futebol a
tempo. Eu não entendo porque nós não vamos voltar.
— Então vá.
Nate olhou para Mason. — O quê?
— Vá. — Ele gesticulou para mim. — Talvez nós iremos ficar um
dia extra.
Nate recostou-se devagar na cadeira e inclinou-a nas pernas
traseiras. — Você está bem com isso?
— Por que eu não estaria?
— Eu não sei. Caldron contra um. Você não quer reforço?
— Caldron é o menor dos nossos problemas agora. Ele será cobrado
do ataque contra nós e também pela tentativa de bater em Sam.
— Quinn então.
— Eu não tenho certeza… — Os olhos de Mason piscaram para os
meus brevemente. — Mas eu tenho a sensação de que Quinn tem seus
próprios problemas agora. — Nate não sabia que Becky tinha terminado
com Adam.
— Mais uma razão para você vir conosco. — Nate se levantou. —
Vamos, Mason. Vamos todos voltar para Cain. Tivemos problemas em um
ano, mas não nos metemos mais em problemas. Nosso maior problema
agora são os amigos de Taylor, e esses caras são mansos em comparação
com o que geralmente lidamos.
— Um chefe do crime era manso?
— Isso foi uma coisa única. Você sabe disso. — Nate mudou para
mim. — Sam, o que você está pensando? Você tem que querer voltar para
Cain também. Analise está na mesma rua e ela não terá mais um
casamento para planejar. Ela vai ter muito tempo livre agora.
— Na verdade — eu limpei minha garganta, olhando para Mason,
— ela está fazendo o que você sugeriu.
— Mesmo?
— O quê? — Nate olhou entre nós dois. — O que está acontecendo?
— Analise está me deixando ir.
— Então você falou com ela.
— Eu nunca disse que não — observei, em voz baixa.
Ele não se importou. — O que mais ela disse?
— Ela e seu pai vão se mudar. Nós podemos ter a casa.
Os olhos de Nate se arregalaram. — O quê? De verdade? — Um
sorriso se espalhou por seu rosto. — Cara, todas aquelas memórias
daquela casa. — Ele se virou para Mason. — Vamos ficar por uma
semana e fazer uma grande festa no próximo final de semana. Mais uma
grande festa antes de voltarmos. Logan ficaria triste por isso.
— Triste com o quê? — Logan e Taylor se juntaram a nós, deixando
suas malas na sala de estar.
— Sam acabou de dizer que seus pais estão se mudando. Nós
ficamos com a casa — anunciou Nate. — Uma última grande festa. Que
tal isso?
Os olhos de Taylor se arregalaram e ela pareceu cair em si mesma.
— Oh. Você pode ficar então? — Nate perguntou.
— Bem… — Ela olhou para Logan. — Eu tenho que voltar agora.
Você —
Ele balançou sua cabeça. — Não. Eu vou aonde você for. Se você
puder ficar, eu ficarei. Se você quiser voltar, eu vou para lá também. É a
sua escolha.
Ela mordeu o lábio, obviamente dividida enquanto olhava ao redor
da cozinha. — Eu sinto muito, pessoal. Eu realmente preciso voltar.
Jason ficou ferido. Eu não quero que ele...
Mason se levantou, interrompendo-a com um aceno. — Então você
vai. Está decidido.
— Eu realmente sinto muito.
Logan pegou a mão dela e a puxou para o lado dele. — Você não
tem nada com que se desculpar.
— Eu sei, mas estou te afastando da sua família.
Nate riu, apontando para Mason e para mim. — Uh, você não nos
conhece? Somos todos da família. Se algo afeta você, isso afeta todos nós.
Taylor ainda parecia dividida, mas Logan levantou o braço para o
ombro dela. — Ela sabe, e ela vai superar sua culpa. Então... — Ele
assentiu para o resto de nós. — Festa na casa neste fim de semana? Em
Cain?
Mason assentiu e gesticulou para Nate. — Me faz um favor, Logan?
— Qualquer coisa.
— Leve-o com você.
Nate se virou de novo. — O quê? Mason...
— Eu não quero ouvir isso. Você vai. Sam e eu estaremos atrás de
você. — Seu olhar veio para mim. — Eu gostaria de passar algum tempo
sozinho com a minha namorada.
— Então tudo está planejado. Nate e eu vamos voltar com Taylor.
Nós cuidaremos dos filhos da puta que foderam com o amigo de Taylor,
e então todos vamos celebrar este fim de semana. Seu treinamento
começa na próxima segunda. Tenho certeza que todos os caras vão querer
relaxar neste fim de semana de qualquer maneira.
E com isso, o plano foi posto em movimento.
Logan, Nate e Taylor saíram naquele dia.
Mason e eu passamos o resto da noite na cama, abraçados e
aproveitando nosso primeiro tempo sozinho durante todo o verão.
***