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Fenômenos de Transporte

Experiência 5: Medidas de Velocidade

Ana Luiza de Souza Rezende 151321515

Maria Amanda Catharino da Silva 17132483

Turma: 222L
Resumo: O seguinte experimento foi realizado com o objetivo de determinar a
velocidade média e vazão do escoamento de ar em cinco diferentes tubos, tendo eles as
seguintes dimensões, uma polegada e meia liso e corrugado, 3 polegadas liso, 250mm
de diâmetro e retangular de 270 x 310mm. Através da utilização do tubo de Pitot, foi
possível adquirir maior familiaridade com os processos utilizados na indústria
aeronáutica na atualidade e entender seu funcionamento.

Palavras chave: fluídos, velocidade, Pitot


1. Objetivo

Compreender na prática os conceitos básicos para medição de velocidade e


consolidar os conhecimentos teóricos adquiridos. Familiarizar com as técnicas
experimentais de medida de velocidade e com diferentes instrumentos que são
utilizados de acordo com as aplicações de projeto.

2. Introdução

2.1. Velocidade

Em um fluido cada partícula ou molécula tem ou pode ter velocidades diferentes.


A velocidade é uma grandeza vetorial, logo tem módulo ou magnitude, direção e sentido.
Sua representação se dá por três componentes, uma para cada eixo coordenado. Pode-se
representar a velocidade em um ponto ou em uma partícula do fluido pela equação:

V V x ex Vy ey Vz ez

O movimento do fluido, de acordo com AZEVEDO NETTO (1998), é


perfeitamente determinado em qualquer instante t se a grandeza e a direção da velocidade
relativa a qualquer ponto forem conhecidas.

2.2. Classificação dos Movimentos ou Escoamentos

A classificação dos escoamentos depende da velocidade e está sujeita ao


comportamento das moléculas de fluido que adotam um padrão de movimento
denominado estrutura interna. Em 1883, Osborne Reynolds publicou um estudo
sobre a estrutura de escoamentos que atualmente é conhecido como Experimento de
Reynolds, que consiste basicamente na injeção de um corante líquido na posição
central de um escoamento de água interno a um tubo circular de vidro transparente
(ROMA, 2003). O comportamento do filete de corante ao longo do escoamento no
tudo define três características distintas:
a) Regime laminar: o corante inserido não se mistura com o fluido, permanecendo
na forma de um filete no centro do tubo. O escoamento ocorre sem que haja uma
mistura entre o escoamento e o filete.

Figura 1: Regime laminar

b) Regime de transição: o filete de corante apresenta alguma mistura com o


escoamento, deixando de ser retilíneo e sofrendo ondulações. Neste caso, ocorre
uma pequena variação na velocidade, é um estágio intermediário entre o regime
laminar e um regime caótico (turbulento).

Figura 2: Regime de transição

c) Regime turbulento: O filete de corante apresenta uma mistura intensa com


dissipação rápida no meio do fluido. Os movimentos no interior do fluido são
aleatórios e provocam um deslocamento de moléculas entre as diferentes camadas
do fluido.

Figura 3: Regime turbulento

2.3.Instrumentos de Medida de Velocidade

Segundo White, 2002, a caracterização de escoamentos passa pela medição de


propriedades locais, integradas e globais. As propriedades locais podem ser
termodinâmicas, como pressão, temperatura, massa específica, etc., que definem o estado
do fluido, além de sua velocidade. As propriedades integradas são as vazões em massa e
volumétrica, e as propriedades globais são aquelas relativas à visualização de todo campo
de escoamento. Como o interesse desse documento é a medição de vazões, serão
estudados inicialmente as técnicas e os instrumentos ligados à medição da velocidade
local, para depois passar para a medição integrada da vazão.

2.3.1. Anemômetros de pás

Baseados na transformação de um movimento relativo de um rotor, submetido a


um escoamento de um líquido ou de um gás. A figura que segue mostra 4 modelos
diferentes de anemômetros rotativos.

Figura 4: Anemômetros: (a) rotativo de conchas; (b) de Savonius e (c) de hélice em duto e (d) em
escoamento livre [Fonte: WHITE, 2002]

Todos esses anemômetros somente medem a velocidade de uma corrente apenas


para um mesmo sentido. A leitura da velocidade é facilmente adquirida por meios digitais,
uma vez que sua calibração depende da contagem da rotação de um rotor. Devido ao seu
tamanho, não representam valores discretos ou de “ponto” do campo de velocidades.

2.3.2. Tubos de Pitot e Prandlt

Permite obter a velocidade de uma dada corrente de um escoamento a partir da


medição de duas pressões: estática e de estagnação, apresentadas no material da presente
disciplina, relativo à medição de pressões [SMITH SCHNEIDER, 2003]. A diferença
entre essas duas pressões é chamada de pressão dinâmica, e o processo de medição é
apresentado na figura que segue.
Figura 5: Medição da velocidade do escoamento de um fluido no interior de um duto

A velocidade do fluido é obtida pela equação pela da lei de conservação da massa e da


energia. A lei da conservação da massa aplicada a dois pontos 1 e 2 de uma linha de
corrente resulta em

As grandezas V e A referem-se à velocidade média do escoamento e à área da seção


normal ao mesmo escoamento, nas posições de uma linha de corrente. A equação anterior
pode ser reescrita para a velocidade V1 como segue:

Definindo-se β = D2 / D1 relação entre os diâmetros da tubulação nos pontos 1 e 2,


chega-se em:

A lei da conservação da energia para escoamentos permanentes, incompressíveis,


adiabáticos e sem atrito é dada pela equação de Bernoulli. Introduzindo o resultado a
última equação, a expressão para a velocidade em um escoamento é dada por
No caso de um tubo de Pitot, onde o diâmetro em 2 é muito menor do que o da
tubulação em 1, o coeficiente geométrico β →0, e a velocidade do escoamento é
simplesmente dada por

onde p0 é a pressão de estagnação no ponto 2, p é a pressão estática ou termodinâmica


medida na superfície do tubo.

A medição com o mesmo princípio do Tudo de Pitot é efetuada com a Sonda de


Prandtl, que tem várias tomadas de pressão estática ao longo da superfície lateral da
sonda, como mostra a figura.

Figura 6: Sonda de Prandtl para medição da velocidade de um escoamento.

Alguns cuidados devem ser tomados para diminuir os erros ou desvios na medição
da velocidade com esse equipamento. Inicialmente, a sonda deve ser alinhada à corrente
do escoamento, a fim de se obter a pressão estática e de estagnação. Quanto maior o
ângulo de ataque, formado entre a velocidade do escoamento e o eixo longitudinal da
sonda (figura anterior), maiores serão os desvios na medição.

A pressão estática apresenta desvios positivos, pois a sua tomada de medição


estará sujeita aos componentes transversais de velocidade do escoamento, e
simultaneamente a pressão de estagnação diminui, com desvios negativos em relação ao
valor esperado. Esse comportamento é visto na figura que segue, bem como na figura 4.5
da apostila de medição de pressão [SMITH SCHNEIDER, 2003].
Figura 7: Erro na leitura da pressão estática e de estagnação em função do ângulo de ataque da
sonda de Prandtl [WHITE, 2002].

O emprego do tubo de Pitot não é aconselhado para escoamentos transientes,


pois o sistema de leitura de pressão diferencial responde de forma lenta.

Com o tubo de Pitot é possível se medir a velocidade de um fluido em um ponto


do escoamento, e a vazão do escoamento pode ser calculada a partir da medição em
diferentes pontos.

A vazão será o resultado do tratamento das velocidades adequadamente


[DELMÉE, 1983]. Os tubos de Pitot não são instrumentos recomendados para medição
de velocidades variáveis em um dado ponto, e a medição integrada também não pode ser
feita em situações onde a vazão muda com o tempo. Em tubulações cilíndricas deve-se
explorar a medição da velocidade em diferentes raios de um mesmo plano, espaçados por
ângulos iguais, sendo recomendado o mínimo de 4 raios, isto é, 2 ângulos igualmente
espaçados. Para tubulações com seção transversal retangular repete-se o mesmo
procedimento para coordenadas de medição escolhidas, similares aos raios.

O procedimento de medição é feito da seguinte maneira:

1) Seleciona-se os valores de raios (seção cilíndrica) ou coordenadas (seção


retangular).

2) Escolha dos pontos de medição em função dos métodos de espaçamento e


integração. O valor médio de velocidades Vm é dado pelo somatório dos produtos
velocidade pelo fator de peso w, ou simplesmente:

Os valores de velocidade obtidos por qualquer outro anemômetro podem ser usados para
a medição de vazões, seguindo o procedimento acima apresentado.
2. Procedimento Experimental

Para o experimento foram selecionados dois tipos de dutos para serem aplicados na
determinação da velocidade dos fluídos. Foi apresentado aos participantes diversos
instrumentos de aferição de velocidade.
No primeiro momento foram fornecidas as condições experimentais. A massa
específica do ar foi considerada de 1,13[kg/m³] e a da água de 1000[kg/m³]. O valor da
gravidade foi 9,81[m/s²].
O experimento consistiu no levantamento de perfis de velocidade em diferentes
dutos de ensaio, aferindo a diferença de pressão em cada tubo (Δh).

Materiais:
1. Dutos de plástico (1 ½ polegada liso e corrugado, 3 polegadas liso)
2. Dutos normais (Ø250mm e retangular com dimensões 270x310mm)
3. Manômetro de tubo em U
4. Nível de bolha
5. Régua

Figura 8: Manômetro de tubo em U empregado no experimento

Para cada experimento com os dutos selecionados, era ligada uma corrente de ar para
que fosse criada a diferença de pressão que era constatada no manômetro de tubo em U.
Dois voluntários realizavam a medição da altura (Δh), que foi utilizada para os cálculos
de Velocidade (V) e Vazão (Q) apresentados nos resultados.

Figura 9: Tubo de Pitot 1 ½ pol liso

Figura 10: Tubo de Pitot de Ø250mm


2. Resultados

Por meio dos valores obtidos do diferencial de pressão, foi utilizada a Equação de
Bernoulli para se obter a velocidade.

A vazão foi dada pela fórmula Q = v.A.

Medidas Tubos Δh (m) V ( m/s) Q (m³/s)


1 1. 1/2 pol. liso 0,02 18,63 0,021
2 1. 1/2 pol. corrugado 0,013 15,02 0,017
3 3 pol. liso 0,021 19,10 0,087
4 250 mm 0,123 46,21 2,269
5 270 x 310 mm 0,042 27,00 2,260

3. Conclusões

Foi possível concluir através da prática que o instrumento de medição de pressão


tubo de Pitot permite a construção do perfil de velocidade através dos valores de
diferencial de pressão. O perfil de velocidade da literatura é coerente ao perfil de
velocidade obtido experimentalmente, com isso, é possível observar que as
equações descrevem satisfatoriamente o comportamento do escoamento de um
fluído em uma tubulação.

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