Tempo de Queda de um Objeto

Cauã Souza Ramos Vieira, Geider Leal de Melo

Laboratório de Física – Bacharelado em Engenharia Civil, turma 2021
Docente responsável: Graciana dos Santos de Sousa
Instituto Federal do Pará/Campus Santarém
e-mail: cauav.stm@gmail.com, geiderleal@yahoo.com.br

Resumo. O presente estudo avaliou a importância do cálculo do erro relativo por meio de um
experimento de tempo de queda de um objeto solto a partir de três alturas diferentes. A análise
qualitativa dos resultados permitiu avaliar a precisão das medidas, comparando-as com o valor
esperado e identificando fontes de incerteza. Concluiu-se que o cálculo do erro relativo é uma
medida fundamental na experimentação física, permitindo comparar resultados de experimentos
diferentes e determinar se eles são consistentes entre si, além de identificar fontes de erro e tomar
medidas para minimizá-los

Palavras-chave: erro relativo, tempo teórico, experimento de física

Introdução causar um aumento sistemático ou uma diminuição

As ciências experimentais têm, entre seus objetivos
principais, o estudo qualitativo e/ou quantitativo de
propriedades da matéria. A análise quantitativa é
realizada a partir das medidas dos valores das
grandezas relacionadas à propriedade-alvo da
pesquisa. Para isso, o experimentador faz uso de
instrumentos de medida cuja complexidade varia de
acordo com a natureza da grandeza a ser mensurada.
Do ponto de vista de teoria de erros, costuma-se
idealizar que toda grandeza física possui um valor bem
definido, ou exato, que aqui chamaremos de "valor
verdadeiro" da grandeza. Quando se repete várias
vezes a medição de uma grandeza, na maioria das vezes
os sucessivos resultados não coincidem. Os novos
valores da grandeza podem diferir muito pouco do
valor inicial, mas dificilmente se consegue uma série
de valores idênticos. Este fato reflete a impossibilidade
de se conhecer o valor verdadeiro da grandeza em
questão. As causas destas flutuações são erros de
medição. Os erros podem classificar-se em dois
grupos, os erros sistemáticos e os erros aleatórios (ou
estatísticos).
Os erros sistemáticos são aqueles que ocorrem de
forma a gerar desvios de medida (em relação ao que se
acredita ser o "valor verdadeiro" da mesma) sempre no
mesmo sentido, isto é, são aqueles que concorrem para
sistemática nas medidas. Em outras palavras, os erros
sistemáticos não possuem um caráter aleatório. Alguns
exemplos de erros sistemáticos são: erro instrumental
(gerado por exemplo, pela má calibração do
instrumento de medida), erro ambiental (decorrente da
interferência do ambiente através de fatores como, por
exemplo, temperatura, pressão, humidade, campo
magnético terrestre, etc., sobre a experiência), erro
observacional (decorrente de procedimento
inadequado do observador, como por exemplo, o erro
de paralaxe quando se mede uma grandeza através de
um instrumento de ponteiro), e o erro teórico
(decorrente, em uma medida indireta, do uso de
fórmulas teóricas aproximadas ou de valores
aproximados de constantes físicas nas mesmas).
Mesmo quando os erros sistemáticos são
substancialmente reduzidos (nem sempre é possível
fazê-lo), ainda assim se observa que medidas
sucessivas de uma grandeza física são discordantes.
Isto se deve à existência de outros tipos de erros, os
erros aleatórios (ou estatísticos).
Erros estatísticos são aqueles que produzem os
desvios aleatórios que se observam em uma série de
medidas. Os erros estatísticos podem ser de naturezas
diversas. Alguns erros aleatórios podem ser reduzidos
ou praticamente eliminados. Com exemplo, podemos
reduzir as flutuações nas medidas de massa fornecidas

1
por uma balança colocando-a em uma mesa a prova de
vibrações. Podemos também reduzir as flutuações nas
medidas fornecidas por um instrumento eletrônico,
minimizando o ruído gerado por sinais
eletromagnéticos externos ao circuito do mesmo,
através de uma blindagem apropriada. Certos erros
estatísticos, entretanto, não podem ser reduzidos, como
por exemplo aqueles decorrentes de flutuações
intrínsecas à própria grandeza medida.
Quando se realiza uma medida, cometem-se os
mais variados tipos de erro. Dessa forma, o erro
associado a uma medida é a soma de todos eles.
O erro relativo é uma medida fundamental na
experimentação física que permite avaliar a precisão de
uma medida em relação ao valor esperado. Ele é
definido como a razão entre o erro absoluto e o valor
medido, e é geralmente expressado em porcentagem. O
erro relativo é importante porque permite comparar
resultados de experimentos diferentes e determinar se
eles são consistentes entre si. Além disso, permite aos
cientistas identificar fontes de erro e tomar medidas
para minimizá-los.
Procedimento Experimental
A análise qualitativa do experimento envolveu a
realização de medições do tempo de queda de um
objeto (borracha) solto a partir de três alturas
diferentes, medidas com o auxílio de uma trena: 1,5m,
2m e 2,5m. Esse procedimento experimental foi
realizado em dupla: enquanto um aluno abandonava o
objeto, o outro cronometrava o tempo de queda. Para
cada uma das alturas foram registrados 10 tempos de
queda, 5 por aluno. O objetivo era calcular o erro
relativo para cada medição.
As medições de tempo foram realizadas com o uso
de um aplicativo de cronômetro de smartphone e
registradas com cuidado para minimizar erros
humanos. O erro relativo foi calculado utilizando a
seguinte fórmula:
tempo teórico−tempo médio
Erro relativo =
tempo teórico
O tempo teórico é o valor obtido a partir da equação
𝟐𝒈
𝒕 = √ 𝒉 , onde h é a altura da queda e g é a
aceleração da gravidade (9,81 𝑚⁄𝑠 2). O tempo médio
equivale à média aritmética dos valores de tempos de
queda registrados pela quantidade de repetições.
Os resultados foram tabulados e calculados através
do software Microsoft Excel, utilizando as fórmulas de
soma, média, tempo médio, desvio padrão e desvio
padrão médio nativas do software. Os dados foram
analisados quanto à precisão das medições e
consistência entre elas. A influência de eventuais
fontes de erro, como a incerteza na leitura do
cronômetro ou a variação da altura da queda, também
foi avaliada e incluída na análise.
A análise qualitativa deste experimento permitiu
determinar o erro relativo em cada uma das medições
do tempo de queda, permitindo avaliar a precisão das
medidas e compará-las com o valor esperado,
fornecendo informações valiosas para aprimorar as
técnicas de experimentação.
Resultados e Discussão
De acordo com os procedimentos descritos
anteriormente, os dados obtidos foram os seguintes:
h1 = 2,5m / Aluno 1
N° medidas Tempo (segundos)
1 0,590 s
2 0,670 s
3 0,630 s
4 0,630 s
5 0,660 s
Tempo médio 0,636 s
σ (desvio padrão) 0,028 s
σ médio 0,023 s
2
 h1 = 2,5m / Aluno 2 h3 = 1,5m / Aluno 1

N° medidas Tempo (segundos) N° medidas Tempo (segundos)

1 0,660 s 1 0,400 s
2 0,770 s 2 0,340 s
3 0,760 s 3 0,400 s
4 0,670 s 4 0,340 s
5 0,690 s 5 0,410 s
Tempo médio 0,710 s Tempo médio 0,378 s
σ (desvio padrão) 0,046 s σ (desvio padrão) 0,031 s
σ médio 0,044 s σ médio 0,030 s

h2 = 2m / Aluno 1 h3 = 1,5m / Aluno 2

N° medidas Tempo (segundos) N° medidas Tempo (segundos)

1 0,580 s 1 0,400 s
2 0,630 s 2 0,410 s
3 0,550 s 3 0,400 s
4 0,630 s 4 0,410 s
5 0,560 s 5 0,47 s
Tempo médio 0,590 s Tempo médio 0,436 s
σ (desvio padrão) 0,034 s σ (desvio padrão) 0,037 s
σ médio 0,032 s σ médio 0,035 s

𝟐𝒈
h2 = 2m / Aluno 2 Através da equação 𝒕 = √ 𝒉 obtivemos os
N° medidas Tempo (segundos) seguintes valores de tempo teórico:
- 0,713 segundos para a altura de 2,5m
1 0,450 s
- 0,638 segundos para a altura de 2m
2 0,620 s
- 0,553 segundos para a altura de 1,5m
3 0,550 s
4 0,580 s
Com os valores de tempo teórico e tempo médio
5 0,490 s
obtidos, calculamos os seguintes valores de erro
Tempo médio 0,538 s
relativo:
σ (desvio padrão) 0,061 s
➢ Aluno 1
σ médio 0,054 s
- 0,107 segundos para a altura de 2,5m
- 0,075 segundos para a altura de 2m
- 0,316 segundos para a altura de 1,5m

➢ Aluno 2
- 0,004 segundos para a altura de 2,5m
- 0,157 segundos para a altura de 2m

3
 - 0,211 segundos para a altura de 1,5m
Quando somamos os tempos registrados pelos dois
alunos para cada altura e calculamos o erro relativo, os
resultados são os seguintes:
- 0,056 segundos para a altura de 2,5m
- 0,115 segundos para a altura de 2m
- 0,280 segundos para a altura de 1,5m
Nota-se que quanto mais repetições são realizadas
a diferença entre tempo teórico e o tempo médio tende
a ser menor, tornando os resultados mais precisos.
Tendo em vista que incerteza é uma estimativa que
quantifica a confiabilidade do resultado de uma
medição, podemos inferir que neste experimento as
fontes de incerteza são oriundas dos erros de escala e
sistemático. O primeiro pode estar relacionado à trena
utilizada para medição das alturas, a qual pode não ser
perfeitamente precisa em sua escala. Por esse motivo é
importante considerar que, pelo fato da menor escala
da trena ser registrada em milímetros, ela pode assumir
um erro de 5mm para mais ou para menos. Neste
formato, mas medidas de altura a serem consideradas
são: h1=2500 ± 0,5 mm, h2=2000 ± 0,5 mm, h3=1500
± 0,5 mm. Deve-se também atentar para, durante o
processo de medição da altura na parede, manter a trena
perpendicular ao solo, evitando angulações diferentes
de 90º entre o piso e a trena.
Já o erro sistemático está ligado à possíveis falhas
na execução do experimento, como falta de precisão no
momento de soltar o objeto (borracha) e atraso ou
adiantamento no registro do tempo no cronômetro.
Tentamos minimizar tais erros através da coleta
repetitiva de dados e variação do papel desempenhado
por cada um dos alunos. Desta forma, caso um erro
ocorra, ele terá um peso menor por termos realizado 10
tentativas no total para cada altura do experimento.
Conclusão
A medição do tempo de queda de um objeto solto a
partir de três alturas diferentes permitiu calcular o erro
relativo para cada medição e avaliar a precisão das
medidas.
Os resultados obtidos mostraram a importância de
considerar o erro relativo em experimentos para
garantir a precisão e confiabilidade dos resultados.
Além disso, a análise qualitativa permitiu identificar
pontos que podem ser aprimorados na experimentação
futura, o que é fundamental para o avanço da ciência.
Referências
▪ Introdução ao laboratório de física.
Piacentini, João J.; et al. 5ª edição. Editora
UFSC.
▪ O que é incerteza de medição e como
calculá-la? KN Waagen. Knwaagen. 25
de setembro de 2019. Disponível em
<https://blog.knwaagen.com.br/o-que-e-
incerteza-de-medicao-e-como-calcula-la>
Acesso em 17 de fevereiro de 2023.
▪ Medidas e erros. Departamento de
Física. Universidade Federal de Ouro
Preto – UFOP. Disponível em
<https://fisica.ufop.br/sites/default/files/d
efis/files/medidas_e_erros.pdf?m=15257
25089>. Acesso em: 18 de fevereiro de
2023.
Data: 18 de Fevereiro de 2023.