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Exercício:
Mediu-se os ângulos internos de um quadrilátero e obteve-se 361,4°. Qual é o erro relacionado à esta medida?
Entretanto o valor real ou exato da maioria das grandezas físicas nem sempre é conhecido. Quando afirmamos que
o valor da carga do elétron é 1,60217738 x 10-19 C, este é, na verdade, o valor mais provável desta grandeza,
determinado através de experimentos com incerteza de 0,30 partes por milhão. Neste caso, ao efetuarmos uma medida
desta grandeza e compararmos com este valor, falamos em desvios e não erros.
De um modo simples podemos dizer que uma medida exata é aquela para qual os erros sistemáticos são nulos ou
desprezíveis. Por outro lado, uma medida precisa é aquela para qual os erros acidentais são pequenos.
O erro é inerente ao próprio processo de medida, isto é, nunca será completamente eliminado.
Poderá ser minimizado procurando-se eliminar o máximo possível as fontes de erros acima
citadas. Portanto, ao realizar medidas, é necessário avaliar quantitativamente os erros
cometidos.
L=
∑ L n 5,7 + 5,8 + 5,5 + 5,6 + 5,5 + 5,7 + 5,8 + 5,7 + 5,9 + 5,8 57
= = = 5,7 cm
N 10 10
que é o valor mais provável para o comprimento da barra.
Define-se o desvio de uma medida pela diferença entre o valor medido (Ln ) e o valor médio ( L ).
ΔLn = (Ln − L )
O desvio de cada medida, no caso do exemplo, está indicado na tabela. Desse conjunto deve-se extrair a incerteza
que afeta o valor médio. Considera-se, para esse fim, a média aritmética dos valores absolutos dos desvios denominada
desvio médio ( Δ L ) :
ΔL =
∑ ΔL n
=
0,0 + 0,1 + 0,2 + 0,1 + 0,2 + 0,0 + 0,1 + 0,0 + 0,2 + 0,1
cm =
1,0
cm = 0,1cm
N 10 10
Esse desvio significa que o erro que se comete ao adotar o valor médio ( L = 5,7 cm) é de 0,1 cm. Em outras
palavras, o valor real deve estar entre 5,6 e 5,8 cm. Dessa maneira, o comprimento da barra pode ser expresso como:
L = (L ± Δ L) ou seja L = (5,7 ± 0,1) cm
Exercício:
Indicaremos a seguir algumas grandezas físicas mensuráveis. Verifique quais que poderão estar afetadas de erro ou
desvio: (Assinale com um × a alternativa correta)
a) medida da soma dos ângulos formados pela interseção de duas retas quaisquer; - erro - desvio
b) medida da temperatura do corpo humano; - erro - desvio
c) medida de um determinado intervalo de tempo; - erro - desvio
d) medida da temperatura de fusão do gelo sob pressão normal; - erro - desvio
e) medida da densidade da água; - erro - desvio
f) medida de determinada massa; - erro - desvio
g) medida do diâmetro de uma esfera. - erro - desvio
iv- Quando tratamos apenas com matemática, podemos dizer, por exemplo, que 5 = 5,0 = 5,00 = 5,000. Contudo, ao
lidarmos com resultados de medidas devemos sempre lembrar que 5 cm ≠ 5,0 cm ≠ 5,00 cm ≠5,000cm, já que estas
medidas tem 1 A.S., 2 A.S., 3 A.S. e 4 A.S., respectivamente. Em outras palavras, a precisão de cada uma delas é
diferente.
v- Arredondamento:
Quando for necessário fazer arredondamento de algum número, utilizaremos a seguinte regra: quando o último
algarismo significativo for menor ou igual a 5 este é abandonado; quando o último algarismo significativo for
maior que 5, somamos 1 unidade ao algarismo significativo anterior. Por exemplo:
8,234 cm é arredondado para 8,23 cm
8,235 cm é arredondado para 8,23 cm
8,238 cm é arredondado para 8,24 cm
Exemplo:
Foram efetuadas 8 medidas do diâmetro (D) de um cabo, como mostra a tabela ao lado. Com esse conjunto de
medidas, obtém-se o valor médio e o desvio médio.
Valor Médio: n Dn (mm) ΔDn (10−2 mm)
D=
∑ Dn = 97, 7 = 12,2125 mm 1 12,2 - 1,25
N 8
2 12,3 + 8,75
Desvio Médio:
3 12,1 - 11,25
ΔD =
∑ΔDn = 55,00 x 10-2
mm = 0,06875 mm ≅ 0,07 mm 4 12,2 - 1,25
N 8 5 12,2 - 1,25
O valor da grandeza é D = (12,2125 ± 0,06875). No 6 12,1 - 11,25
entanto, observa-se que a incerteza no valor médio, isto é, o 7 12,4 + 18,75
desvio médio, afeta a segunda casa decimal desse valor. 8 12,2 - 1,25
Assim, os outros algarismos posteriores perdem o significado
N= 8 ΣDn = 97,7mm Σ⎜ΔDn ⎢= (55,00×10-2 )mm
e não são significativos, já que entre os algarismos
significativos é admitida a presença de um único algarismo duvidoso. No entanto, esses algarismos presentes tanto no
valor médio quanto no desvio médio devem ser considerados para efeito de cálculo, devendo ser desprezados na
apresentação final . Escreve-se o resultado final da seguinte maneira:
D = (12,21 ± 0,07) mm
Normalmente, ao serem feitas aproximações, como no caso acima, é costume, quando o primeiro algarismo
desprezado for maior ou igual a cinco, acrescentar uma unidade ao último algarismo mantido.
Exemplo:
Suponha-se que um processo de medidas e cálculos tenha originado para a resistividade por uma unidade de área de
material o valor médio de 32,765 Ω/m com um desvio médio de 0,0241 Ω/m.
ρ ρ
Tem-se então: = ( 32 ,765 ±0 ,0241 )Ω / m
= ( 32 ,77 ±0 ,02 )Ω / m
⇒
A A
Deve-se notar que o valor médio pode apresentar um número de algarismos significativos maior que as medidas
individuais. Esse resultado, aparentemente sem sentido, é explicável já que está se tratando estatisticamente um
conjunto de dados, e as medidas individuais deixam de ter importância, prevalecendo o conjunto como um todo, ou
seja, o valor médio.
Exemplo:
O resultado de uma experiência forneceu o valor médio e o desvio médio iguais a:
1. m = (13,4258 ± 0,0342) g → m = (13,43 ± 0,03) g = (1,343 ± 0,003) x 10 g
2. m = (7836,6 ± 12,8) g → m = (784 ± 1) x 10 g = (7,84 ± 0,01) x 103 g
Ao se trabalhar com algarismos significativos, não se deve esquecer de que os zeros à esquerda não são
significativos, mas os da direita o são. Portanto, são significativos todos os números isentos de dúvida, a partir do
primeiro não nulo, e também o primeiro algarismo duvidoso e mais nenhum.
2.1 Operações com Algarismos Significativos − Regras Adotadas
a) Na adição e subtração - faz-se a operação normalmente e no final reduz-se o resultado, usando critério de
arredondamento, para o número de casas decimais da grandeza menos precisa. Exemplos:
Adição - (12.441 + 57,91 + 1,987 + 0,0031 + 119,20) = 12.620,1001 = 12.620
Subtração - (12.441,2 − 7.856,32) = 4.584,88 = 4.584,9
b) Na multiplicação e divisão - o resultado deverá ter igual número de algarismos (ou um algarismo a mais) que a
grandeza com menor quantidade de algarismos significativos que participa da operação. Exemplos:
Multiplicação - (12,46 x 39,83) = 496.2818 = 496,28
Divisão - (803,407 / 13,1) = 61,328 = 61,33
c) Na potenciação e radiciação o resultado deverá ter o mesmo número de algarismos significativos da base
(potenciação) ou do radicando (radiciação):
Potenciação - (1,52 x 103)2 = 2,31 x 106
Radiciação - (0,75 x 104)1/2 = 0,87 x 102
3. PROPAGAÇÃO DE ERROS
O valor de uma grandeza poderá ser obtido diretamente (medida de um comprimento, massa, tempo etc.) ou
indiretamente (medida de aceleração, pressão, força, volume etc.). Nas medidas indiretas o valor da grandeza final
dependerá das incertezas de cada uma das grandezas obtidas direta ou indiretamente, bem como da forma da expressão
matemática utilizada para obtê-las.
Seja y uma função das variáveis x1, x2, ..., xn, ou seja:
y = f(x1, x2, ..., xn),
onde xi é uma medida experimental com erro Δxi, ou seja:
xi = xi ± Δxi.
O erro Δy em y devido aos erros Δxi das medidas de xi pode ser obtido através da expressão:
∂y ∂y ∂y
Δy = Δx 1 + Δx 2 + ⋅ ⋅ ⋅ + Δx n
∂x 1 ∂x 2 ∂x n
Exemplo:
Para se calcular o volume de um cilindro foram feitas medidas de sua altura L e de seu diâmetro D. Os resultados
foram:
L = (5,00 ± 0,02) cm D = (2,00 ± 0,01) cm
Sabemos que o volume de um cilindro é dado pela expressão:
πD 2 L
V= .
4
Portanto temos:
π (2,00)2 (5,00)
V= = 15,70796 ⋅ ⋅ ⋅ cm 3 ,
4
e
∂V ∂V πDL πD 2 π × 2,00 × 5,00 π × 2,00 2
ΔV = ΔD + ΔL = ΔD + ΔL = × 0,01 + × 0,02 = 0,21991⋅ ⋅ ⋅ cm 3 .
∂D ∂L 2 4 2 4
Arredondando o valor de ΔV para um único algarismo significativo vemos que o erro em V está na primeira casa
decimal. Portanto, arredondando o valor de V para apenas uma casa decimal temos o resultado final:
V = (15,7 ± 0,2) cm3.
Obs:
Cálculos que serão utilizados em funções mais complicadas, como sen(x), cos(x), x1/n e xn com n muito
grande etc.
Neste caso utilize a incerteza Δx para obter os limites superior e inferior da função no intervalo x ± Δx. Obtenha, a
seguir, o valor da função, com a respectiva incerteza, seguindo o procedimento sugerido abaixo:
⎛ f sup + f inf ⎞ ⎛ f sup − f inf ⎞
F = ⎜⎜ ⎟±⎜ ⎟
2 ⎟ ⎜ 2 ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
Após obter F = f ± Δf, trate o número obtido da mesma forma que nos casos anteriores.
Exemplos:
20
1) F = 25 ± 5 = 1,17348 ± 0,01189 → F = 1,17 ± 0,01
20 20
fsup = 25 + 5 = 1,1853758 e finf = 25 - 5 = 1,1615864
7
3) F = (2,345630 ± 0,000008)20 = 25420855 ± 1734 → F = (2,5421 ± 0,0002) x 10
2) Dadas as medidas e seus respectivos desvios, escrever os resultados corretamente, em termos de algarismos
significativos.
3) Numa experiência, a medida do comprimento de uma barra, repetida 5 vezes ( N = 5 ), forneceu a tabela:
n 1 2 3 4 5
Ln (m) 2,21 2,26 2,24 2,22 2,27
∂f ∂f 1 x 1 2,14
Δf = Δx + Δy = Δx + − 2 Δy = x0,03 + − x0,1 = 0,130612
∂x ∂y y y 1,4 (1,4)
2
Uma escala linear é construída de tal modo que a distância entre marcas sucessivas das escalas, ao longo de cada
eixo, é constante (o papel milimetrado é um exemplo).
500
E spaço p ercorri do (m )
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10
Tempo (s)
onde m é o fator de escala e x0 é o menor valor da grandeza (ou zero). O fator de escala, m, é obtido através de uma
regra de três, o que resulta em:
L max
m=
x max − x 0
Exemplo:
Construa uma escala linear em um segmento de reta de 150 mm, para representar os tempos x listados na tabela abaixo.
Considere intervalos de 10 segundos.
x (s) 2 4 8 14 22 30
b) Neste exemplo: L = 5,0 (mm/s).(x − 0) s = 5,0x (mm) ; o que gera a seguinte escala linear:
Exemplo:
Determine uma escala linear para a temperatura de -15,0°C a 40,0°C distribuída ao longo de um eixo de 90 mm. Depois
marque as temperaturas de -8,0°C e de 26,0°C no eixo.
Neste caso é apropriado adotar x0 = - 15,0°C, e temos que Lmax = 90 mm e xmax = 40,0°C, assim obtendo o seguinte
fator de escala:
90 ⎛ mm ⎞
m= ⎜ ⎟ = 1,6364 ≈ 1,5 (mm/°C)
[40 − (−15,0)] ⎜⎝ o C ⎟⎠
Obs:
É aconselhável, para facilitar as contas, utilizar-se sempre um fator de escala arredondado múltiplo de 2 ou 5
(sempre para menos). Caso m seja menor do que 1 deixá-lo com apenas um algarismo significativo múltiplo de 5. Por
exemplo, no exemplo anterior, o arredondamento levou 1,6364 para 1,5.
É importante observar que muitas vezes o procedimento acima não é o mais recomendado pois resulta em fatores
de escala que dificultam a marcação dos pontos experimentais no gráfico. Não é necessário que o primeiro e/ou que o
último ponto da tabela correspondam ao início e/ou ao final do eixo, respectivamente. Observe o exemplo abaixo:
Exemplo:
Considere os pontos da tabela abaixo:
Deseja-se marcar estes pontos sobre um eixo em um papel com 10 divisões, como mostrado abaixo:
Seguindo o procedimento padrão a escala ficaria muito complicada. Uma maneira muito mais simples, neste caso, seria
colocar o primeiro ponto do eixo como sendo zero (e não 2,30) e o último ponto do eixo como sendo 20 (e não 18,7). O
fator de escala neste caso seria calculado pela mesma expressão anterior, mas utilizando-se os valores mostrados
abaixo:
L max 10
m= = = 0,5 (mm/s)
x max − x 0 20 − 0
Figura 2 - Gráficos do espaço percorrido x tempo transcorrido num movimento com velocidade constante.
Ambas as figuras têm o mesmo coeficiente angular, a=Δe/Δt, que neste caso corresponde ao valor da
velocidade do móvel. Entretanto, note que as tangentes são diferentes (tgα > tg α´).
No gráfico, a seqüência dos pontos experimentais irão sugerir uma reta. Por se tratar de dados experimentais
podemos esperar uma pequena dispersão em torno de uma reta representativa (reta média). Estas dispersões refletem o
grau de incerteza associado a cada ponto e é costume indicá-las através de barras de incertezas.
Portanto, neste caso, o objetivo da análise gráfica é determinar a equação da reta média (ou também denominada
reta mais provável) cujos parâmetros a e b devem ser calculados através do método de mínimos quadrados (método de
regressão linear).
Exemplo:Plotagem de Gráfico
Resultados experimentais (fictícios) obtidos em laboratório estão expostos na tabela abaixo. Estes valores foram
plotados num papel milimetrado.
Tempo (s) Distância (m)
1,6 4,4
5,8 17,5
9,9 33,7
16,1 42,0
20,1 53,3
Todo gráfico tem por objetivo transmitir de maneira bem mais simples e fácil um
conjunto de resultados obtidos. Portanto é necessário que um gráfico tenha boa
aparência.
A partir da análise do gráfico fica bem mais simples retirar conclusões e resultados.
Você é capaz de dizer qual grandeza física representa o coeficiente angular da reta deste gráfico?
Obs:
i. A inclinação da reta sempre nos traz um resultado físico. Neste caso, a inclinação representa a velocidade do que
foi medido. Portanto,
a = velocidade = 3,1 m/s
ii. A melhor reta não necessariamente passou pelos pontos experimentais.
iii. Os eixos estão devidamente identificados e não completamente preenchidos por pontos.
iv. Os pontos estão marcados levando em conta as possíveis incertezas.
4.3.2 Método de regressão linear
Aplicaremos o método de regressão linear para obter a expressão analítica da relação linear entre as variáveis x e y.
sendo assim, procuramos uma equação da forma:
y=ax + b (1)
que é a equação da reta média. O método consiste em minimizar os desvios (dispersões) em torno da reta média.
Portanto, devemos minimizar a seguinte quantidade:
n (2)
S= ∑
[y i − (ax i + b )]2
i =1
onde n é o número de medidas (número de pares de valores na tabela de dados). Minimizar S corresponde a fazer
∂S/∂a = 0 e ∂S/∂b = 0, o que gera as duas equações:
b ∑
xi + a ∑ ∑
x i2 = x i yi (3)
nb + a ∑ x = ∑ y i i
(4)
Resolvendo simultaneamente (3) e (4), obtemos o valor dos coeficientes da reta:
a=
n ∑ ∑ ∑
x i y i − ( x i )( y i ) (5)
n ∑ ∑ x i2 − ( x i ) 2
(∑ y )(∑ x ) − (∑ x y )(∑ x )
i
2
i i i i
(6)
b=
n ∑ x − (∑ x ) 2
i i
2
Exemplo
A partir da seguinte tabela de dados, obter y como uma função linear de x usando o método de regressão linear.
xi 1,0 1,6 2,0 3,0 3,4 4,0 5,0 5,5 6,0 7,0 ∑x i = 38,5
yi 1,4 1,6 2,0 2,3 2,6 3,1 3,4 3,8 4,1 4,6 ∑y i = 28,9
Solução:
Procuramos uma equação da forma y = a x + b. Para isso calcularemos as quantidades indicadas na tabela abaixo.
xiyi 1,40 2,56 4,00 6,90 8,84 12,4 17,0 20,9 24,6 32,2 ∑ x y = 130,8
i i
xi2 1,00 2,56 4,00 9,00 11,6 16,0 25,0 30,3 36,0 49,0 ∑ x = 184,5
2
i
A seguir determinamos o valor dos coeficientes angular e linear da reta através das Eqs. (5) e (6), com n = 10:
a=
(10 )(130,8) − (38,5)(28,9 ) = 0,54 e b=
(28,9 )(184,5) − (130,8)(38,5) = 0,82
(10)(184,5) − (38,5)2 (10)(184,5) − (38,5)2
Ou seja, podemos transformar uma relação tipo potência (Eq.7) em uma relação linear (Eq.9) aplicando o
logaritmo. Além do mais, se em um papel milimetrado fizermos o gráfico não de x,y mas de log (y) e log (x) nós
teremos uma reta, como ilustrado na figura 4(a). Observe que os valores dos coeficientes linear e angular da reta devem
ser calculados pelo método de regressão linear, nesse caso considerando-se as novas variáveis log(y) e log(x) (ver
exemplo abaixo).
80 1000
800
60 2 2x
y = 3x y = 3e
y 600
40
400
20
200
(a) (b)
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
x
Como indicado na fig. 4(a) o coeficiente angular a exprime a taxa de variação de log(y) em relação a log(x), e o
coeficiente linear b = log(k) corresponde à interseção da reta com o eixo que passa pela origem de log(x) (pois quando
log(x) = 0, log(y) = log(k)). Finalmente, achado log(k) segue que k = 10logk.
Exemplo
Numa experiência sobre o movimento de um projétil, no plano (x,y), o gráfico em escala linear dos dados
correspondentes gerou uma curva indicada na figura abaixo:
Logo, observando o gráfico podemos inferir que a relação matemática entre as variáveis, altura percorrida (y) e
deslocamento na horizontal (x), é do tipo potência: y = kxa. Portanto, para poder determinar os parâmetros k e a é
preciso linearizar o gráfico acima.
Solução:
Neste caso a expressão linearizada é log (y) = log (k) + a log (x), que corresponde a uma relação linear entre as novas
variáveis log(x) e log(y). Para determinar a reta média calcularemos os coeficientes linear, b = log(k), e angular, a, pelo
método de regressão linear, a partir dos dados listados na tabela a seguir.
xi (m) yi (m) Log (xi) log (yi) log(xi).log(yi) (log(xi))2
0,49 0,24 -0,310 -0,620 0,1922 0,0961
0,57 0,35 -0,244 -0,456 0,1113 0,0595
0,66 0,45 -0,180 -0,347 0,0625 0,0324
0,72 0,55 -0,143 -0,260 0,0372 0,0204
0,78 0,65 -0,108 -0,187 0,0202 0,0117
0,87 0,75 -0,071 -0,125 0,0089 0,0050
0,96 0,95 -0,018 -0,022 0,0004 0,0003
1,02 1,02 +0,009 +0,009 0,0001 0,0001
1,07 1,14 +0,029 +0,057 0,0017 0,0008
1,11 1,25 +0,045 +0,097 0,0044 0,0020
∑ log( x i ) = −0,991 ∑ log( y i ) = −1,854 ∑ log( x i ) log( y i ) = 0,4389 ∑ (log( x i )) 2 = 0,2283
(10)(0,4389) − (−0,991)(−1,854)
logo, obtemos: a= = 1,9615 ≈ 2
(10)(0,2283) − (−0,991) 2
(−1,854)(0,2283) − (0,4389)(−0,991)
b= = 0,009
(10)(0,2283) − (−0,991) 2
Finalmente, achado b = log(k) = 0,009 ⇒ k = 100,009 = 1,02. Portanto, a relação matemática procurada, a qual descreve
o movimento de um projétil, é dada por: y = 1,02 x2 (m). Observe que trata-se de uma trajetoria parabólica (leia as
seções 4-5 e 4-6 do livro Fundamentos de Física, vol. 1 de Halliday, Resnick e Walker). O gráfico linearizado é
mostrado na seguinte figura:
Uma limitação dos gráficos em escala linear é em relação às escalas escolhidas. Se escolhermos uma escala que
contenha valores muito grandes (1 s) não conseguiremos representar valores muito pequenos (0,001 s). Se escolhermos
uma escala em que 0,001 s possa ser marcado com facilidade, provavelmente os dados maiores (1 s) não caberão sobre
o papel. No entanto, o problema dos dados que não cabem sobre o gráfico pode ser resolvido por escalas logarítmicas.
Pode-se usar a escala logarítmica em um dos eixos ou em ambos os eixos. No primeiro caso o seu gráfico será chamado
mono-log e no segundo di-log ou log-log.
Numa escala logarítmica as distâncias entre marcas sucessivas não é constante (como numa escala linear) aqui elas
são proporcionais às diferenças entre os logaritmos das variáveis. Isto é, a escala logarítmica é feita de tal maneira que a
distância entre 1 e 2 é proporcional a (log 2 - log 1); a distância entre 2 e 3 é proporcional a (log 3 - log 2); e assim por
diante (como tarefa observe as escalas numa folha impressa de papel mono-log ou log-log). Sendo assim fica evidente
que tanto no gráfico mono-log como no log-log o aspecto do gráfico será diferente de quando você usa escalas lineares.
Nessa escala, ao colocarmos diretamente os valores de x e y nós estamos fazendo com que as distâncias entre
sucessivos valores de x e y sejam proporcionais a log (x ) e log (y), porque as escalas foram construídas assim. A figura
4 ilustra o uso de escala logarítmica num caso típico no qual as variáveis valham varias ordens de grandeza.
Figura 8 - Gráfico em papel mono-log da taxa de decaimento radioativo (R) de uma amostra de 128I. A análise gráfica mostra
que R obedece uma lei exponencial do tipo: R=R0e-λt, sendo λ a constante de desintegração radioativo. Os dados correspondem
a tabela mostrada na seção 47-3 do livro Fundamentos de Física, vol. 4, de Halliday, Resnick e Walker.