Você está na página 1de 56

FIS 120 – Laboratório de Física

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS

DEPARTAMENTO DE FÍSICA

1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

ERROS E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS

1. NOÇÕES SOBRE A TEORIA DE ERROS


O ato de medir é, em essência, um ato de comparar, e essa comparação envolve erros de diversas
origens (dos instrumentos, do operador, do processo de medida etc.). Pretende-se aqui estudar esses erros e
suas consequências, de modo a expressar os resultados de dados experimentais em termos que sejam
compreensíveis a outras pessoas.
Quando se pretende medir o valor de uma grandeza, pode-se realizar apenas uma ou várias medidas
repetidas, dependendo das condições experimentais particulares ou ainda da postura adotada frente ao
experimento. Em cada caso, deve-se extrair do processo de medida um valor adotado como melhor na
representação da grandeza e ainda um limite de erro dentro do qual deve estar compreendido o valor real.

1.1 ERROS E DESVIOS

Algumas grandezas possuem seus valores reais conhecidos e outras não. Quando conhecemos o
valor real de uma grandeza e experimentalmente encontramos um resultado diferente, dizemos que o valor
obtido está afetado de um erro.

ERRO é a diferença entre um valor obtido ao se medir uma


grandeza e o valor real ou correto da mesma.
Matematicamente: erro = valor medido − valor real

Entretanto o valor real ou exato da maioria das grandezas físicas nem sempre é conhecido. Quando
afirmamos que o valor da carga do elétron é 1,60217738 x 10 -19 C, este é, na verdade, o valor mais provável
desta grandeza, determinado através de experimentos com incerteza de 0,30 partes por milhão. Neste caso,
ao efetuarmos uma medida desta grandeza e compararmos com este valor, falamos em desvios e não erros.

DESVIO é a diferença entre um valor obtido ao se medir uma grandeza


e um valor adotado que mais se aproxima do valor real.
Na prática se trabalha na maioria das vezes com desvios e não erros.

1.2 CLASSIFICAÇÃO DE ERROS

Por mais cuidadosa que seja uma medição e por mais preciso que seja o instrumento, não é possível
realizar uma medida direta perfeita. Ou seja, sempre existe uma incerteza ao se comparar uma quantidade de
uma dada grandeza física com sua unidade.
Segundo sua natureza, os erros são geralmente classificados em três categorias: grosseiros,
sistemáticos e aleatórios ou acidentais.

1.2.1 ERROS GROSSEIROS:

Ocorrem devido à falta de prática (imperícia) ou distração do operador. Como exemplos, podemos
citar a escolha errada de escalas, erros de cálculo, etc. Devem ser evitados pela repetição cuidadosa das
medições.

1.2.2 ERROS SISTEMÁTICOS:

Os erros sistemáticos são causados por fontes identificáveis, e, em princípio, podem ser eliminados
ou compensados. Estes fazem com que as medidas feitas estejam consistentemente acima ou abaixo do valor
real, prejudicando a exatidão da medida. Erros sistemáticos podem ser devidos a vários fatores, tais como:

2
• Ao instrumento que foi utilizado;
Ex: intervalos de tempo feitos com um relógio que atrasa;

• Ao método de observação utilizado;


Ex: medir o instante da ocorrência de um relâmpago pelo ruído do trovão associado;

• A efeitos ambientais;
Ex: a medida do comprimento de uma barra de metal, que pode depender da temperatura ambiente;

• As simplificações do modelo teórico utilizado;


Ex: não incluir o efeito da resistência do ar numa medida da aceleração da gravidade baseada na medida do
tempo de queda de um objeto a partir de uma dada altura.

1.2.3 ERROS ALEATÓRIOS OU ACIDENTAIS:

São devidos a causas diversas e incoerentes, bem como a causas temporais que variam durante
observações sucessivas e que escapam a uma análise em função de sua imprevisibilidade. Podem ter várias
origens, entre elas:
• Os instrumentos de medida;
• Pequenas variações das condições ambientais (pressão, temperatura, umidade, fontes de ruídos, etc.);
• Fatores relacionados com o próprio observador, sujeitos à flutuações, em particular a visão e a audição.
De um modo simples podemos dizer que uma medida exata é aquela para qual os erros sistemáticos
são nulos ou desprezíveis. Por outro lado, uma medida precisa é aquela para qual os erros acidentais são
pequenos.
O erro é inerente ao próprio processo de medida, isto é, nunca será completamente
eliminado. Poderá ser minimizado procurando-se eliminar o máximo possível as fontes
de erros acima citadas. Portanto, ao realizar medidas, é necessário avaliar
quantitativamente os erros cometidos.
1.3 DESVIO MÉDIO − VALOR MÉDIO
Quando um mesmo operador efetua uma série de medidas de uma grandeza, utilizando um mesmo
instrumento, as medidas obtidas terão valores que poderão não coincidir na maioria das vezes, isso devido
aos erros experimentais inerentes a qualquer processo de medida.
Suponha que um experimentador realize 10 vezes a medida do comprimento L de uma barra. Essas
medidas foram realizadas com uma régua cuja menor divisão era 1 cm (régua centimetrada), de modo que os
milímetros foram avaliados (é costume fazer estimativas com aproximações até décimos da menor divisão
da escala do instrumento).
Em qualquer das medidas efetuadas encontraram-se, como comprimento da barra, 5 cm completos
mais uma fração avaliada da menor divisão, de modo que as flutuações, neste caso, residem nas diferentes
avaliações da menor divisão. A tabela a seguir mostra os valores obtidos nas dez medidas realizadas.

n Ln(cm) ΔL n  (L n  L)(cm)
1 5,7 0,0
2 5,8 + 0,1
3 5,5 - 0,2
4 5,6 - 0,1
5 5,5 - 0,2
6 5,7 0,0
7 5,8 + 0,1
8 5,7 0,0
9 5,9 + 0,2
10 5,8 + 0,1
N=10 L n  57cm  L n  1,0cm

Calculando-se a média aritmética das medidas efetuadas tem-se:

3
L
L n

5,7  5,8  5,5  5,6  5,5  5,7  5,8  5,7  5,9  5,8 57
cm  cm  5,7cm
N 10 10

que é o valor mais provável para o comprimento da barra.

O valor médio é mais preciso e exato quanto


maior for o número N de medidas.

Define-se o desvio de uma medida como sendo a diferença entre o valor medido (L n ) e o valor médio
( L ).

ΔLn = (Ln − L )
O desvio de cada medida, no caso do exemplo, está indicado na tabela. Desse conjunto deve-se
extrair a incerteza que afeta o valor médio. Considera-se, para esse fim, a média aritmética dos valores
absolutos dos desvios denominada desvio médio ( ΔL ):

ΔL 
 ΔL n

0,0  0,1  0,2  0,1  0,2  0,0  0,1  0,0  0,2  0,1
cm 
1,0
cm  0,1cm
N 10 10

Esse desvio significa que o erro que se comete ao adotar o valor médio (L= 5,7 cm) é de 0,1 cm. Em
outras palavras, o valor real deve estar entre 5,6 e 5,8 cm. Dessa maneira, o comprimento da barra pode ser
expresso como:
L=( L  L ) ou seja L= (5,7 ± 0,1) cm

1.4 DESVIO AVALIADO OU INCERTEZA

Se o experimentador realiza apenas uma medida da grandeza, o valor medido evidentemente será o
valor adotado, já que não se tem um conjunto de dados para ser analisado, como no caso anterior. Aqui,
também, o valor adotado representa a grandeza dentro de certo grau de confiança. A incerteza de uma única
medida, em geral, depende de vários fatores como: o instrumento utilizado, as condições em que a medida se
realiza, o método utilizado na medida, a habilidade do experimentador, a própria avaliação do último
algarismo (fração avaliada da menor divisão da escala do instrumento) etc...

É costume tomar a incerteza de uma medida como sendo a


metade
da menor divisão da escala do instrumento utilizado.

1.5 DESVIO RELATIVO PERCENTUAL E ERRO RELATIVO PERCENTUAL

O desvio relativo percentual ou o erro relativo percentual são obtidos, multiplicando-se o desvio
relativo ou o erro relativo por 100%.
O desvio relativo/erro relativo nos dá, de uma certa forma, uma informação a mais acerca da
qualidade do processo de medida e nos permite decidir, entre duas medidas, qual a melhor. Isto é, quanto
menor o desvio relativo, maior a precisão da medida.

a) No caso de uma única medida:

valor medido - valor esperado


E%= valor esperado
X100%

b) No caso de uma série de medidas:


4
valor médio das medidas - valor esperado
E%= valor esperado
X100%

2. ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS (A.S.)

A medida de uma grandeza física é sempre aproximada, por mais capaz que seja o operador e por
mais preciso que seja o aparelho utilizado. Esta limitação reflete-se no número de algarismos que usamos
para representar as medidas. Ou seja, só utilizamos os algarismos que temos certeza de estarem corretos,
admitindo-se apenas o uso de um algarismo duvidoso. Claramente o número de algarismos significativos está
diretamente ligado à precisão da medida, de forma que quanto mais precisa a medida, maior o número de
algarismos significativos. Assim, por exemplo, se afirmamos que o resultado de uma medida é 3,24 cm
estamos dizendo que os algarismos 3 e 2 são corretos e que o algarismo 4 é duvidoso, não tendo sentido
físico escrever qualquer algarismo após o 4.
Portanto, denominam-se algarismos significativos de uma medida os algarismos exatos acrescidos
de um único algarismo duvidoso.

Algarismos significativos = Algarismos exatos + um único algarismo duvidoso

Algumas observações devem ser feitas:

i- Não é algarismo significativo o zero à esquerda do primeiro algarismo significativo diferente de zero.
Assim, tanto L=32,5 cm como L=0,325 m representam a mesma medida e tem três algarismos
significativos. Outros exemplos são:
5 = 0,5x10 = 0,05x102 = 0,005x103 (1 A.S. )
26 = 2,6x10 = 0,26x102 = 0,026x103 (2 A.S. )
0,00034606 = 0,34606x10-3 = 3,4606x10-4 (5 A.S.)

ii- O zero à direita de algarismo significativo também é algarismo significativo. Portanto, L=32,5 cm e
L=32,50 cm são diferentes, ou seja, a primeira medida tem 3 A.S. enquanto que a segunda é mais precisa
e tem 4 A.S.

iii- É significativo o zero situado entre algarismos significativos. Por exemplo:


L = 3,25 m tem 3 A.S. enquanto que L=3,025 m tem 4 A.S.

iv- Quando tratamos apenas com matemática, podemos dizer, por exemplo, que 5 = 5,0 = 5,00 = 5,000.
Contudo, ao lidarmos com resultados de medidas devemos sempre lembrar que 5 cm ≠ 5,0 cm ≠ 5,00 cm
≠5,000 cm, já que estas medidas têm 1 A.S., 2 A.S., 3 A.S. e 4 A.S., respectivamente. Em outras
palavras, a precisão de cada uma delas é diferente.

v- Arredondamento: Quando for necessário fazer arredondamento de algum número, utilizaremos a


seguinte regra: quando o último algarismo significativo for menor ou igual a 5 este é abandonado;
quando o último algarismo significativo for maior que 5, somamos 1 unidade ao algarismo
significativo anterior. Por exemplo:

8,234 cm é arredondado para 8,23 cm


8,235 cm é arredondado para 8,23 cm ou 8,24 cm
8,238 cm é arredondado para 8,24 cm

Em seguida serão fornecidos alguns exemplos de como escrever corretamente o resultado de uma
medida realizada em laboratório com os números corretos de algarismos significativos.

5
Exemplo 1:

Foram efetuadas 8 medidas do diâmetro (D) de um cabo, como mostra a tabela abaixo.

n Dn(mm) ΔD n  10 2 (mm)
1 12,20 -1,25
2 12,30 +8,75
3 12,10 -11,25
4 12,20 -1,25
5 12,20 -1,25
6 12,10 -11,25
7 12,40 +18,75
8 12,20 -1,25
N=10  D n  97,70mm  D n  (55,00 x102 )mm

Com esse conjunto de medidas, obtém-se o valor médio e o desvio médio.

Valor médio:

D
D n

97,7
mm  12,2125mm
N 8

Desvio médio:

ΔD 
 ΔD n

55,00x102
mm  0,06875cm  0,07mm
N 8

O valor da grandeza é D = (12,2125 ± 0,06875) mm. No entanto, observa-se que a incerteza no


valor médio, isto é, o desvio médio, afeta a segunda casa decimal desse valor. Assim, os outros algarismos
posteriores perdem o significado e não são significativos, já que entre os algarismos significativos é
admitida a presença de um único algarismo duvidoso. No entanto, esses algarismos presentes tanto no valor
médio quanto no desvio médio devem ser considerados para efeito de cálculo, devendo ser desprezados na
apresentação final. Escreve-se o resultado final da seguinte maneira:
D = (12,21 ± 0,07) mm

Normalmente, ao serem feitas aproximações, como no caso acima, é costume, quando o primeiro
algarismo desprezado for maior que cinco, acrescentar uma unidade ao último algarismo mantido.

Exemplo 2:

Suponha-se que um processo de medidas e cálculos tenha originado para a resistividade por uma
unidade de área de material o valor médio de 32,765 Ω/m com um desvio médio de 0,0241 Ω/m.
Tem-se então:

 
 (32,765  0,0241) / m   (32,77  0,02) / m
m m

Deve-se notar que o valor médio pode apresentar um número de algarismos significativos maior que
as medidas individuais. Esse resultado, aparentemente sem sentido, é explicável já que está se tratando
estatisticamente um conjunto de dados, e as medidas individuais deixam de ter importância, prevalecendo o
conjunto como um todo, ou seja, o valor médio.

6
Exemplo 3:

O resultado de uma experiência forneceu o valor médio e o desvio médio iguais a:

1) m = (13,4258 ± 0,0342) g → m = (13,43 ± 0,03) g = (1,343 ± 0,003) x 10 g


2) m = (7836,6 ± 12,8) g → m = (784 ± 1) x 10 g = (7,84 ± 0,01) x 103 g
Ao se trabalhar com algarismos significativos, não se deve esquecer de que os zeros à esquerda não
são significativos, mas os da direita o são. Portanto, são significativos todos os números isentos de dúvida, a
partir do primeiro não nulo, e também o primeiro algarismo duvidoso e mais nenhum.

2.1 OPERAÇÕES COM ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS − REGRAS ADOTADAS

a) Na adição e subtração: faz-se a operação normalmente e no final reduz-se o resultado, usando critério de
arredondamento, para o número de casas decimais da grandeza menos precisa.

Exemplos:
Adição - (12.441 + 57,91 + 1,987 + 0,0031 + 119,20) = 12.620,1001 = 12.620
Subtração - (12.441,2 − 7.856,32) = 4.584,88 = 4.584,9

b) Na multiplicação e divisão: o resultado deverá ter igual número de algarismos (ou um algarismo a mais)
que a grandeza com menor quantidade de algarismos significativos que participa da operação.

Exemplos:
Multiplicação - (12,46 x 39,83) = 496.2818 = 496,28
Divisão - (803,407 / 13,1) = 61,328 = 61,33

c) Na potenciação e radiciação: o resultado deverá ter o mesmo número de algarismos significativos da


base (potenciação) ou do radicando (radiciação).

Exemplos:
Potenciação - (1,52 x 103)2 = 2,31 x 106
Radiciação - (0,75 x 104)1/2 = 0,87 x 102

2.2 ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS EM MEDIDAS COM ERRO:

Suponhamos que uma pessoa ao fazer uma série de medidas do comprimento de uma barra L, tenha
obtido os seguintes resultados:

- comprimento médio, L = 82,7390 cm


- erro estimado, ΔL = 0,538 cm

Como o erro da medida está na casa dos décimos de cm, não faz sentido fornecer os algarismos
correspondentes aos centésimos, milésimos de cm e assim por diante. Ou seja, o erro estimado de uma
medida deve conter apenas o seu algarismo mais significativo. Os algarismos menos significativos de erro
são utilizados apenas para efetuar arredondamento ou simplesmente são desprezados. Neste caso ΔL deve ser
expresso apenas por ΔL = 0,5 cm.
Os algarismos 8 e 2 do valor médio são exatos, porém o algarismo 7 já é duvidoso porque o erro
estimado afeta a casa que lhe corresponde. Deste modo, os algarismos 3 e 9 são desprovidos de significado
físico e não é correto escrevê-los: estes algarismos são utilizados para efetuar arredondamento ou
simplesmente são desprezados. O modo correto de escrever o resultado final desta medida será então:

L = (82,7 ± 0,5) cm

Nos casos em que o erro da medida não é estimado devemos também escrever os algarismos
significativos da grandeza mensurada com critério.
7
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

CONSTRUÇÃO E LINEARIZAÇÃO DE GRÁFICOS

1. INTRODUÇÃO
Frequentemente, em experiências de física, medimos os valores de uma dada grandeza em função da
variação nos valores de outra grandeza. Como resultado, temos uma coleção de medidas relacionando ambas
as grandezas, o que gera uma tabela de dados. Entretanto, suponha que também desejamos conhecer o
comportamento de outros valores, os quais não aparecem na tabela de dados. Nesse caso um procedimento
científico consiste em apresentar os dados da tabela na forma de um gráfico (método gráfico). Um gráfico
tem a grande vantagem de tornar visível como a variação de uma grandeza afeta a outra. Assim sendo, um
gráfico, frequentemente, nos permite determinar a dependência funcional entre as variáveis envolvidas e
assim poder estimar por interpolação ou extrapolação outros valores que não tenham sido dados pela tabela.
Para tal fim, ligamos os pontos experimentais por uma curva suave e através da análise gráfica (análise do
gráfico) obtemos a relação matemática entre as variáveis. Trata-se de uma poderosa ferramenta de análise de
dados experimentais, a qual tem levado à formulação de novas leis físicas. Além disso, o método gráfico é
extremamente útil na comparação de dados teóricos e experimentais, pois qualquer discrepância entre a
teoria e o experimento é facilmente observada.

2. CONSTRUÇÃO DE GRÁFICOS
Etapas na construção de um gráfico:

a) Em geral, em um gráfico, a grandeza representada em cada eixo recebe o nome de variável. O primeiro
passo, a seguir, é identificar as variáveis (grandezas) cujos valores serão lançados em cada eixo do
gráfico. Assim os eixos devem ser identificados com a grandeza e sua unidade (indicada por vírgula
ou parênteses). O eixo horizontal é chamado de abscissa e nele lança-se os valores numéricos da
variável independente. No eixo vertical, ou ordenada, lança-se os valores numéricos da variável
dependente.

b) A seguir devemos escolher escalas apropriadas para cada eixo, de acordo com o número de algarismos
significativos dos dados. Como a escolha da escala para cada eixo vai depender dos algarismos
significativos dos valores numéricos da variável correspondente, as escalas adotadas para cada eixo, em
geral, serão diferentes. No entanto, uma boa escolha das escalas deve permitir que todos os pontos
experimentais fiquem contidos na região do papel delimitada pelos dois eixos de forma que o gráfico não
fique comprimido em um canto. As escalas devem ser marcadas nos eixos a intervalos iguais e com o
número correto de algarismos significativos. Não se deve marcar nada entre os intervalos, nem mesmo
os valores dos pontos experimentais, pois são os intervalos que irão nos auxiliar na visualização da
ordem de grandeza de ditos valores, como ilustrado na Figura 2.1.

c) Lançar os valores numéricos dos pares de valores contidos na tabela de dados. Cada par de valores da
tabela gera um ponto no gráfico (ponto experimental), é costume indicá-los por uma pequena cruz ou um
pequeno círculo. Para tal fim devemos determinar o ponto de interseção entre as retas paralelas aos eixos
traçadas a partir dos valores numéricos nos eixos correspondentes.

d) A última etapa compreende a análise gráfica da sequência dos pontos experimentais, a parte mais
importante do trabalho experimental.

8
Figura 2.1- Modo de se indicar os intervalos e os pontos experimentais em um gráfico.

2.1 CONSTRUÇÃO DE GRÁFICOS EM UMA ESCALA LINEAR (PAPEL


MILIMETRADO)

Uma escala linear é construída de tal modo que a distância entre marcas sucessivas das escalas, ao
longo de cada eixo, é constante. O papel milimetrado é um exemplo de escala linear.

2.1.1 ESCALA

Ao construir um gráfico numa escala linear, devemos escolher escalas apropriadas para cada eixo,
isto é, devemos escolher um determinado comprimento, sobre o eixo, para representar um dado valor da
grandeza. Assim, por exemplo, numa folha de papel quadriculado ou milimetrado, como ilustrado na Figura
2.2, que são exemplos de escalas lineares, cada unidade de comprimento passará a corresponder a um dado
valor da grandeza. O parâmetro de correspondência chama-se de fator de escala e. As dimensões típicas de
um papel milimetrado são 180 mm x 280 mm.

Figura 2.2- Exemplo de um papel com escala linear (papel milimetrado).

Segue abaixo um procedimento padrão para se determinar o fator de escala:

9
Seja x a grandeza cujos valores numéricos serão lançados num dos eixos do gráfico, vamos supor,
por exemplo, no eixo de 180 mm do papel milimetrado. Primeiro identificamos, na tabela de dados, o menor
valor de x, denotando-o x0, o qual é tomado como o referencial no eixo (em alguns casos é conveniente
considerar x0 igual a zero). Neste caso, o fator de escala pode ser obtido pela seguinte regra de três:

180 mm corresponde a ( xmax- x0 )


1 mm corresponde a ( xmax - x0 )/180 mm

Note: Como mencionado anteriormente, em muito casos é mais conveniente considerar x 0 igual a zero

Exemplo :

Construa uma escala linear em um segmento de reta de 150 mm, para representar os tempos x listados na
tabela abaixo. Considere intervalos de 10 segundos. x (s)

x (s) 2 4 8 14 22 30

a) Cálculo do fator de escala:

1. Partindo do zero: xmax= 30 s e façamos x0 = 0 (escolha arbitrária).


150 mm corresponde a 30 unidades de segundos
1 mm corresponde a 30 unidades de segundos /150 mm

e = 30 unidades de segundos /150 mm = 0,2 unidades de segundos/mm

Esse fator de escala nos informa que cada 10 mm do papel milimetrado corresponderá a 2 s.

2. Não partindo do zero: xmax= 30 s e x0 = 2 s (escolha arbitrária).


150 mm corresponde a 28 unidades de segundos
1 mm corresponde a 28 unidades de segundos /150 mm

e = 28 unidades de segundos /150 mm = 0,1867 unidades de segundos/mm

b) Neste exemplo teremos, portanto, a seguinte escala linear:

150 mm

Figura 2.3- Exemplo de uma escala linear.

Algumas informações úteis que devem ser seguidas ao se escolher a melhor escala de um gráfico:
a) Procurar sempre utilizar uma escala limpa e fácil de ser lida, ou seja, escolha uma escala que não sejam
necessários muitos cálculos para se encontrar a localização dos pontos no gráfico. Uma boa escala é aquela
que além de ocupar bem o papel, permite encontrar facilmente a localização dos pontos no gráfico. Logo,
para facilitar, tanto para quem faz o gráfico, quanto para quem vai lê-lo, utilize uma escala que seja bem
clara para todo mundo. Mesmo que isso signifique não usar todo o papel milimetrado.
b) A escala utilizada em um eixo é totalmente independente da escala usada no outro.
c) Sempre escreva no eixo, a escala que está sendo utilizada.

10
3. ANÁLISE GRÁFICA
A análise gráfica consiste em descobrir a dependência funcional entre as variáveis plotadas nos
eixos; isto é, achar a fórmula matemática que descreva a sua inter-relação. A análise gráfica permite, em
muitos casos, descobrir a lei que rege um fenômeno físico. O conhecimento dessas leis é muito importante
para a elaboração de modelos teóricos que expliquem o fenômeno estudado. A seguir, considerando a
dependência funcional mais simples entre duas variáveis que é a relação linear, este será o primeiro caso a
ser discutido.

3.1 RELAÇÃO LINEAR

Uma relação linear entre as variáveis x e y obedece à seguinte equação:

y = a x + b,

onde a e b são constantes. O gráfico resultante é uma reta. A interseção da reta com o eixo y fornece o valor
do coeficiente linear da reta, b, pois quando x = 0, y = b. Já o coeficiente angular, a, exprime a taxa de
variação da variável dependente em relação à variável independente, a=Δy/Δx. O coeficiente angular não
deve ser confundido com a tangente do ângulo formado pela reta com o eixo horizontal. Observe que se
você mudar as escalas, muda o ângulo também, entretanto o coeficiente angular não muda. No exemplo
ilustrado na Figura 2.4 a escala no eixo Y foi mudada do caso (a) para (b). Compare o valor do coeficiente
angular com a tangente dos ângulos em cada situação. São iguais?

(a) (b)

Figura 2.4 - Gráficos da posição x em função do tempo transcorrido, num movimento com velocidade constante.
Ambas as figuras têm o mesmo coeficiente angular, a=Δy/Δx, que neste caso corresponde ao valor da velocidade do
móvel. Entretanto, note que as tangentes são diferentes.

No gráfico, a sequência dos pontos experimentais sugerirá uma reta. Por se tratar de dados
experimentais podemos esperar uma pequena dispersão em torno de uma reta representativa (reta média).
Estas dispersões refletem o grau de incerteza associado a cada ponto e é costume indicá-las através de barras
de incertezas. Portanto, neste caso, o objetivo da análise gráfica é determinar a equação da reta média
(relação analítica ente as grandezas y=ax+b). Os parâmetros a e b devem ser calculados através da melhor
reta visual ou do método de mínimos quadrados (método da regressão linear).

11
3.2 MELHOR RETA VISUAL

Uma maneira direta de analisar os dados em um gráfico linear é traçar manualmente uma reta que
visualmente melhor se ajuste aos pontos do gráfico, obter o ponto que a reta intercepta o eixo vertical, b, e
calcular a inclinação desta reta utilizando a expressão a=Δy/Δx, onde os valores de Δx e Δy são sempre
calculados utilizando pontos da reta traçada, e nunca pontos da tabela de dados. É importante observar
que não é necessário que qualquer um dos pontos experimentais esteja sobre a reta traçada.

Exemplo: Análise gráfica através da melhor reta visual

A tabela abaixo mostra resultados experimentais (fictícios) obtidos em uma aula de laboratório, da
posição de um determinado objeto(x) em função do tempo (t).

t (s) x (m)
1,6 4,4
5,8 17,5
9,9 33,7
16,1 42,0
20,1 53,3

Com esses dados foi possível obter o seguinte gráfico:

x

a=x/t
b

t

t (s)
Figura 2.5 - Gráficos da posição x em função do tempo transcorrido, num movimento com velocidade constante.

Análise gráfica:

1) Para obter a inclinação da reta, deve-se usar pontos da reta e não os pontos experimentais. (Para essa reta
a= 2,6 m/s).
2) O ponto que a reta intercepta o eixo posição quando o tempo é igual a zero, nos fornece o valor de b.
(Para essa reta b= 2,7 m).
3) Sempre coloque unidades em a e b.
4) A relação analítica obtida ente x e t, será portanto: x=(2,6 m/s)t+2,7 m
5) Neste caso a inclinação da reta nos traz um resultado físico. Para este problema, a inclinação representa a
velocidade do que foi medido. Portanto, a = velocidade = 2,6 m/s.
6) O coeficiente b nem sempre possui um significado físico, pois em alguns casos ele pode estar relacionado
a erros experimentais. Nesse exemplo, b possui um significado físico. O gráfico nos diz que no tempo zero
segundos, o objeto em estudo se encontrava a 2,7 m da origem.

12
3.3 MÉTODO DA REGRESSÃO LINEAR

Aplicaremos o método de regressão linear para obter a expressão analítica de uma relação linear
entre as variáveis x e y. Sendo assim, procuramos uma equação da forma:

y = a x + b. (1)

que é a equação da reta média. O método consiste em minimizar os desvios (dispersões) em torno da reta
média. Portanto, devemos minimizar a seguinte quantidade:

n 2

S   yi  ax i  b  , (2)


i 1

onde n é o número de medidas (número de pares de valores na tabela de dados). Minimizar S corresponde a
fazer ∂S/∂a = 0 e ∂S/∂b = 0, o que gera as duas equações:

b x i  a  x i2   x i y i e (3)
nb  a  x i   y i . (4)

Resolvendo simultaneamente (3) e (4), obtemos o valor dos coeficientes da reta (1):

a 
n  x y   x  y 
i i i i

n  x   x  2 2 e (5)
i i

 y  x    x y  x 
i
2
i i i i
b . (6)
n x   x  2 2
i i

Uma outra constante, denominada de coeficiente de correlação linear (r), mede o grau do
relacionamento linear entre as duas variáveis y e x cuja relação analítica é dada por (1). O valor de r pode ser
obtido por meio da equação:

n  (x i y i )   x i  y i 
r
n x 2
i 
  x i  n  y i2   y i 
2 2
. (7)

 r=1  Significa uma correlação perfeita positiva entre as duas variáveis, neste caso, y e x.
Isto significa que se uma variável aumenta, a outra sempre aumenta. (y e x são diretamente
proporcionais).
 r=−1  Significa uma correlação negativa perfeita entre as duas variáveis. Isto é, se uma
aumenta, a outra sempre diminui. (y e x são inversamente proporcionais).
 r=0  Significa que as duas variáveis não dependem linearmente uma da outra. No
entanto, pode existir uma dependência não linear.

Exemplo: Método da regressão linear.

A partir da seguinte tabela de dados, obter y como uma função linear de x usando o método
de regressão linear.

xi 1,0 1,6 2,0 3,0 3,4 4,0 5,0 5,5 6,0 7,0 x i  38,5
yi 1,4 1,6 2,0 2,3 2,6 3,1 3,4 3,8 4,1 4,6 y i  28,9

13
Procuramos uma equação da forma y = a x + b. Para isso calcularemos as quantidades indicadas
na tabela abaixo.

xi yi 1,40 2,56 4,00 6,90 8,84 12,4 17,0 20,9 24,6 32,2  x y  130,8
i i

 x  184,5
2
xi 1,00 2,56 4,00 9,00 11,6 16,0 25,0 30,3 36,0 49,0 2
i

A seguir determinamos o valor dos coeficientes angular e linear da reta através das equações (5) e
(6), com n = 10:

a
10130,8  38,528,9  0,54 b
28,9184,5  130,838,5  0,82
e .
10 184,5  38,52 10184,5  38,52

Obs: Neste caso a e b não possuem unidades pelo fato de x e y também não possuírem.

Logo, a relação procurada é: y = 0,54x + 0,82 , e o gráfico correspondente é

Figura 2.6 - Gráficos de y em função de


x, com a respectiva reta da regressão
linear.

Como pode ser observado no gráfico da Figura 2.6 a reta média, reta da regressão linear, não passa
necessariamente sobre os pontos no gráfico. Para traçar esta reta, basta substituir alguns valores de x (pelo
menos 3) na relação analítica obtida, encontrar os correspondentes valores de y, marcar esses pontos no
gráfico e traçar a reta correspondente. O coeficiente de correlação linear obtido foi muito próximo de +1 o
que implica em uma correlação linear positiva muito boa entre as duas variáveis y e x. Isto significa que se x
aumenta, y também aumenta. Ou seja, y e x são diretamente proporcionais

4. LINEARIZAÇÃO DE GRÁFICOS

Em geral, a relação entre duas grandezas físicas não é linear, e é fundamental descobrir de que tipo é
e quais são os parâmetros que a caracterizam. Sabe-se que na relação linear é muito simples o processo de se
determinar e associar os parâmetros envolvidos (neste caso o coeficiente linear e angular) a grandezas
físicas. Portanto, quando se observa que o gráfico obtido não é uma reta, pode-se linearizá-lo através de uma
mudança de variáveis, transformando em retas mesmo curvas aparentemente complexas. Este processo de
transformar um gráfico curvo em uma reta denomina-se linearização. Para isso, um certo grau de
familiaridade com as representações gráficas das principais funções matemáticas é recomendável, pois deve-

14
se ter uma noção sobre que tipo de função matemática poderia gerar uma curva igual a indicada pela
sequência de pontos experimentais no gráfico. Existem duas funções matemáticas especiais que aparecem
com bastante frequência em alguns fenômenos físicos, as chamadas funções logarítmicas. Para essas funções
foi desenvolvido um tipo de papel que, em vez da escala linear milimetrada, tem-se uma escala logarítmica.
Nesse tipo de papel, essas funções resultam diretamente em um gráfico linearizado, o que facilita a
determinação das constantes desconhecidas. Vamos discutir aqui como linearizar um gráfico utilizando papel
milimetrado e papel com escala logarítmica. Para isso vamos estudar dois tipos de funções que serão bastante
vistas em nossos experimentos: função tipo potência (y = kxn) e função do tipo exponencial (y = k.e nx ), onde
k e n são constantes.

4.1 LINEARIZAÇÃO DE GRÁFICOS EM PAPEL MILIMETRADO

Seja um gráfico que sugere uma curva do tipo y =kxn. Suponha que fazendo uma medida de duas
grandezas, observamos que a relação entre as duas é dada pela equação:
y=3x2 (8).
Se em um papel milimetrado fizermos o gráfico não de y versus x nós não teremos uma reta, como
ilustrado na Figura 2.7 (a). Para linearizarmos o gráfico, temos que ter uma função do tipo y = a x + b que
é a equação de uma reta. Logo, basta fazermos um gráfico com uma nova função:
y’ = a x’ + b (9),
’ 2 2
onde x = x . Esse novo gráfico de y versus x , como ilustrado na Figura 2.7 (b), estará linearizado e neste
gráfico os valores dos coeficientes linear e angular da reta podem ser calculados pelo método da regressão
linear ou pela melhor reta visual (como se trata de uma função exata, em ambos os métodos obteremos a=3 e
b=0, como era de se esperar). Note que no caso do uso do método da regressão linear deve-se usar o novo x’=
x2, ou seja, os coeficientes a e b, devem ser obtidos com as variáveis y e x’.

(a) y=ax' +b, onde x'= x2


(a) y=3x2

Figura 2.7 - Representação gráfica de (a) uma relação tipo potência y=3x 2 e (b) exemplo de mudança de variável para a
linearização do gráfico. Em (b), os coeficientes a e b podem ser obtidos pela melhor reta visual ou regressão linear.

4.2 LINEARIZAÇÃO DE GRÁFICOS EM PAPEL COM ESCALA LOGARÍTMICA

Novamente, seja um gráfico que sugere uma curva do tipo:

y =kxn . (10)

Nesse caso, aplicando logaritmo à relação acima, teremos:


15
log (y) = log (k) + n log (x). (11)

Fazendo: log (y) = y' , log (k) = b, a=n e log (x) = x' , obteremos:

y' = a x'+b, (12)


que é a equação de uma reta. Ou seja, podemos transformar uma relação tipo potência (equação 10) em uma
relação linear (equação 12) aplicando o logaritmo. Além do mais, se em um papel milimetrado fizermos o
gráfico não de y versus x, mas o gráfico de log (y) versus log (x) nós teremos uma reta. Essa linearização
seria trabalhosa de ser feita utilizando um papel milimetrado, pois necessitaríamos de uma nova tabela com
log (y) e log (x), e a partir dessa nova tabela é que teríamos que construir o gráfico linearizado. Para facilitar
o nosso trabalho existem papéis que já possuem escala logarítmica na base 10, os papeis mono-log e di-log.
No papel di-log (log-log) ambos os eixos do papel possuem uma escala logarítmica de base 10, dividida em
décadas (cada década multiplica por 10 os valores da década anterior). A Figura 2.8 ilustra um modelo de
papel di-log. Em geral o papel di-log tem duas décadas em um dos eixos e três décadas no outro eixo. Note
que o papel di-log não começa do ponto (0,0), pois como o papel possui escala logarítmica, ele começa do
ponto (1,1) , uma vez que log 1= 0. Numa escala logarítmica as distâncias entre marcas sucessivas não é
constante (como numa escala linear) aqui elas são proporcionais às diferenças entre os logaritmos das
variáveis. Isto é, a escala logarítmica é feita de tal maneira que a distância entre 1 e 2 é proporcional a (log 2
- log 1); a distância entre 2 e 3 é proporcional a (log 3 - log 2); e assim por diante (como tarefa observe as
escalas numa folha impressa de papel mono-log ou log-log). Sendo assim fica evidente que tanto no gráfico
mono-log como no log-log o aspecto do gráfico será diferente de quando você usa escalas lineares. Nessa
escala, ao colocarmos diretamente os valores de x e y no papel, estamos fazendo com que as distâncias entre
sucessivos valores de x e y sejam proporcionais a log (x ) e log (y), porque as escalas foram construídas
assim.

Figura 2.8 - Modelo de papel di-log (log-log).

Após a linearização utilizando o papel di-log ou o papel mono-log, os valores dos coeficientes linear
e angular da reta devem ser calculados utilizando a melhor reta visual ou o método de regressão linear, nesse
caso considerando-se as novas variáveis log(y) e log(x), como ilustrado na Figura 2.9. (Lembre-se, os
coeficientes só podem ser calculados em gráficos já linearizados).

16
log (y) log (y)

Δlog(y) Δlog(y)
a a
Δlog(x) x
b= log k b= log k

log (x) x

Figura 2.9 - Exemplos de mudança de variáveis na linearização de (a) uma relação tipo potência: y=kx n, e (b) tipo
exponencial: y = kenx.

Como indicado na Figra 2.9 (a) o coeficiente angular da reta exprime a taxa de variação de log(y) em
relação a log(x), e o coeficiente linear b = log(k) corresponde à interseção da reta com o eixo que passa pela
origem de log(x) (pois quando log(x) = 0, log(y) = log(k)). Finalmente, achado log(k) segue que k = 10 b.

Exemplo:

Em uma experiência sobre o movimento de um projétil, no plano (x,y), o gráfico em escala linear
dos dados correspondentes gerou a curva indicada na Figura 2.10.

y=kxn

Figura 2.10 - Movimento de um projétil, no plano (x,y),

17
Observando o gráfico acima, podemos inferir que a relação matemática entre as variáveis, altura
percorrida (y) e deslocamento na horizontal (x), é do tipo potência: y = kx n. Portanto, para podermos
determinar os parâmetros k e n é preciso linearizar o gráfico acima. Neste caso, a expressão linearizada
é log (y) = log (k) + a log (x), que corresponde a uma relação linear entre as novas variáveis log(x) e log(y).
Para determinar a reta média calcularemos os coeficientes linear, b = log(k), e o coeficiente angular, a=n,
pelo método de regressão linear, a partir dos dados listados na tabela a seguir.

Logo, obtemos:

a
100,4389   0,991 1,854  1,9615  2
100,2283  0,9912

b
- 1,8540,2283   0,4389 0,991  0,009
100,2283  0,9912

Finalmente, achado b = log(k) = 0,009 teremos k = 100,009 = 1,02. Portanto, a relação analítica
procurada, a qual descreve o movimento de um projétil, é dada por: y = 1,02 x2 (m). Observe que se trata de
uma trajetória parabólica.
Agora, seja um gráfico que sugere uma curva do tipo:

y =kenx . (13)

Nesse caso, aplicando logaritmo à relação acima, teremos:

log (y) = (n loge) x+ log (k) (14)

Fazendo: log (y) = y' , log (k) = b, a= n loge (é uma constante), obteremos:

y' = a x+b, (15)

que é a equação de uma reta. Em consequência, como indicado na Figura 2.9 (b), o gráfico log (y) versus x
gerará uma reta. Novamente, fazer essa linearização utilizando o papel milimetrado seria um tanto
trabalhoso, pois seria preciso calcular uma nova tabela para, a partir dela, construir o gráfico que fornece
uma reta. Para evitar este trabalho existe o papel mono-log que consiste em um papel com uma das escalas
sendo linear e a outra logarítmica. A Figura 2.11 ilustra um modelo de papel mono-log.
18
19Figura 2.11 - Modelo de papel mono-log.

Assim como no papel di-log não é preciso calcular os logaritmos dos valores tabelados obtidos no
experimento, como seria feito se fosse utilizado o papel milimetrado para linearizar o gráfico. Neste caso é
necessária somente a indicação dos pontos tabelados diretamente no gráfico e o gráfico assim obtido no
papel mono-log, será equivalente ao gráfico log (y) versus x obtido no papel milimetrado.

19
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PRÁTICA: LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS


1. OBJETIVO:
 Verificar experimentalmente a trajetória de um projétil em um plano e obter a velocidade inicial do
projétil no caso de um lançamento horizontal.

2. INTRODUÇÃO:
Nesta prática, se fará um estudo do movimento parabólico. É pertinente lembrar que o movimento de
uma partícula em queda livre não é necessariamente vertical. Considera-se queda livre todo movimento
sujeito apenas à força gravitacional (peso), como é o caso do movimento parabólico de um “projétil”. A
trajetória desse movimento deve ser analisada nas duas direções:

• vertical (y). A componente vertical do vetor velocidade (vy) é variável, pois nesta direção atua a aceleração
da gravidade (g), sempre para baixo, oriunda da força gravitacional.
• horizontal (x): A componente horizontal do vetor velocidade (vx) é constante pois nenhuma força
(desprezando qualquer tipo de resistência) atua sobre o corpo nessa direção.

Assim, as equações para cada componente, adotando o eixo vertical (y) positivo orientado para
baixo, são:
   1
r  r0  v 0 t  a t 2 . (1)
2

Como na horizontal ax=0 e na vertical ay=g, teremos:

1) Horizontal: x  x 0  v0 x t (2)

1 2
2) Vertical: y  y0  v0 y t  gt (3)
2

No caso de um lançamento horizontal, como o que será realizado na prática, v0y=0.

3. METODOLOGIA:

MATERIAL UTILIZADO:
Calha, esfera, trena, folha de papel carbono coberta com papel branco, fita adesiva, corda com peso na ponta
(prumo), nível, papel milimetrado.

PROCEDIMENTOS:
A Figura 1 ilustra o aparato que será utilizado para a realização do experimento. A esfera será
abandonada do topo de uma calha (ponto A). No ponto B, tomado com a origem do sistema de referência
(y0=0 e x0=0), a esfera abandonará a calha e atingirá o piso no ponto C.
Vamos fazer uma tabela com medidas diferentes de y e de x, mantendo para cada conjunto de
medidas a mesma configuração inicial. Para isso, selecione um valor para a altura y e a seguir solte a esfera

20
sempre de uma altura h fixa. Com isso conseguiremos para cada lançamento a mesma velocidade inicial no
final da calha (ponto B). O ponto em que a esfera se choca com o piso (ponto C) refere-se ao alcance x
correspondente a esta altura y.
Passos para a realização das medidas:
Ponto A
a) Nivele a base horizontal da calha para garantir um
lançamento horizontal (voy=0).
h Ponto B
b) Com o auxílio do prumo marque no piso o ponto x0=0.
Esse ponto deve ser sempre o mesmo em todas as medidas.

c) Marque o ponto inicial de lançamento na calha (Ponto g
A) e mantenha o valor de h constante durante todas as
medidas.
y
h= ( ± ) m
x Ponto C
d) Faça um lançamento teste para um determinado y e
onde a esfera tocar o piso coloque a folha de pap el
carbono coberta com papel branco. A esfera deixará uma
marca no papel branco e através desta marca o valor de x Figura 1- Esquema do aparato experimental.
poderá ser obtido.

e) Varie y 8 vezes e para cada valor de y faça 3 lançamentos. Meça com uma trena o valor médio de x para
cada y e complete a tabela a seguir. (Obtenha o valor médio de x visualmente)

y (cm)
x (cm)
x2 (cm2)

ATIVIDADES:

1) Faça um gráfico de y versus x no papel milimetrado. Que tipo de relação existe entre x e y?

2) Linearize o gráfico fazendo um gráfico de y versus x2 em um outro papel milimetrado.

3) Utilizando a melhor reta visual e a regressão linear, encontre o relacionamento analítico entre as grandezas
y e x.

4) Quais são os significados físicos do coeficiente angular da reta e da interseção desta com o eixo vertical?

(DICA: Do movimento horizontal temos t = x/v0X. Substituindo este tempo na equação (3) você pode obter
uma equação para y em função de x2. Esta será a equação para a trajetória do projétil, deduzida a partir das
equações dadas.)

5) Adotando-se o valor de g = 9,78 m/s2, determine a velocidade com que a esfera abandonou o extremo
inferior da calha (vox). (Não utilizar pontos da tabela. Obter por análise gráfica).

6) Calcule o valor da velocidade no Ponto B, caso a energia mecânica do sistema entre os Pontos A e B se
mantivesse constante. Compare com o valor obtido em 5 e discuta sobre a diferença entre esses dois
resultados.

21
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PRÁTICA: QUEDA LIVRE


1. OBJETIVO:
 Medir a aceleração da gravidade local a partir do estudo do movimento de uma esfera em queda
livre.

2. INTRODUÇÃO:
Ao longo do dia é muito comum observarmos o movimento de queda de objetos. Seja uma caneta
que cai da mesa, um pingo de chuva que cai na terra ou mesmo uma folha seca que cai da árvore no inverno.
Dessa forma, o estudo desse tipo de movimento se torna algo importante para o entendimento de processos
tais como os exemplificados. Normalmente, num movimento de queda como esses, a força de atrito também
influencia no movimento, entretanto, num tratamento mais simplificado, desconsiderando os efeitos desta
força, pode-se dizer que a força peso é a responsável pela queda do objeto até o chão. Portanto, este objeto
deve ter um movimento acelerado com aceleração igual à aceleração da gravidade, onde seu deslocamento
vertical y , ao longo da queda, considerando o eixo y positivo de cima para baixo, será:
1
y  y0  v0 t  at 2 (1)
2
onde y 0 é a posição inicial do objeto, que pode ser considerado zero dependendo da referência escolhida,
v0 é a velocidade inicial de queda do objeto, que também pode ser considerada nula se o objeto parte do
repouso, e a é o módulo da aceleração do objeto, que em queda livre é a própria aceleração da gravidade
local g . Como a posição depende do tempo de queda, este é incluído como a variável t . Com essas
considerações, temos que uma versão mais simplificada da equação acima é dada por:
1
y  gt 2 (2)
2
Nota-se desta equação que o deslocamento de um objeto em queda livre ao longo da posição
representada pela coordenada y aumenta com o quadrado do tempo de queda e que a constante de
proporcionalidade está intimamente ligada à aceleração da gravidade no local da queda do objeto.

3. METODOLOGIA:

MATERIAL UTILIZADO:
Dispositivo para medição de tempo, suportes, esferas e trena.

PROCEDIMENTOS:
Nesta prática deseja-se coletar dados de tempo de queda t referente à respectiva altura y da qual a
esfera foi abandonada.

Passos para a realização das medidas:

a) Disponha o equipamento como mostrado na Figura 1. Use uma esfera de 13 mm de diâmetro como o
objeto em queda.
b) Ajuste a altura da qual a esfera cai até a base, em 1,80 m. Meça tal altura e anote o valor na Tabela 1.
Pressione o botão RESET no medidor de tempo e libere o parafuso do disparador tal que a esfera seja
liberada. Anote o valor de tempo medido, t1 , na Tabela 1. Repita a medida, anotando o correspondente
valor t 2 . Calcule o valor médio do tempo, t med , e anote na tabela.

22
Esfera no
disparador

y Figura 1- Esquema de montagem do


equipamento para medida do tempo de
queda da esfera.
Medidor de tempo
base

c) Repita o procedimento anterior para as diferentes alturas apresentadas na tabela.

Esfera y (m) t1 (s) t2 (s) tmed (s) tmed2 (s2)

1,80
1,60
1,40
Esfera de 1.20
13 mm 1,00
0,80
0,60
0,40

Tabela 1: Dados coletados e calculados relativos à queda da esfera de 13mm de diâmetro.

ATIVIDADES:

1) Para a esfera estudada, faça um gráfico de y versus tmed no papel milimetrado. Que tipo de relação prevê
entre y e t?
2) Linearize o gráfico relacionando, y com t med em um outro papel milimetrado. Fazendo a análise pela
2

2
melhor reta visual e pela regressão linear, encontre, o relacionamento analítico entre as grandezas y e t med .
3) A partir dos gráficos linearizados, responda:
 Qual o significado físico da interseção de cada reta com o eixo vertical ? E do respectivo
coeficiente angular ?
 A aceleração é constante para a esfera? Como se conclui isso a partir dos gráficos?
4) A partir de sua resposta anterior e dos dados obtidos, determine a aceleração da gravidade local.
5) Adotando g = (9,78 ± 0,01) m/s 2como sendo o valor esperado para a aceleração da gravidade local, qual o
erro relativo percentual obtido?
6) Descreva o experimento e discuta sobre seus resultados. Sob que condições os resultados obtidos são
válidos? Como os erros experimentais afetam as conclusões? Como se poderia melhorar o experimento?

23
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PRÁTICA: OSCILAÇÕES
1. OBJETIVO:
 Observar experimentalmente e discutir alguns fenômenos oscilatórios

2. INTRODUÇÃO:
Na natureza há um grande número de processos que se repetem em intervalos de tempo iguais. São
os chamados fenômenos periódicos, entre os quais podem ser citados o movimento de um pêndulo, a
oscilação de um massa suspensa em uma mola e a vibração de uma corda. Embora se diferenciem, a natureza
destas oscilações é bastante análoga as formulações matemáticas utilizadas para descrevê-la. Uma grandeza
física fundamental para a análise de todos esses fenômenos é o período T, definido como o tempo
correspondente a uma oscilação completa. Já ao número de oscilações efetuadas por unidade de tempo
denominamos frequência f, sendo a relação entre essas grandezas
1
f  . (1)
T
Se o período é expresso em segundos (s), a frequência deverá ser expressa em s -1 ou hz (hertz). Pode-
se demonstrar que, na ausência de atritos, o período de uma massa m que oscila verticalmente na
extremidade de uma mola de constante elástica k é dado por:
m
T  2 . (2)
k
Por outro lado, no caso de uma massa m oscilando na extremidade de um fio de comprimento L
numa região onde a aceleração gravitacional é g, o período de oscilação, também na ausência de efeitos
dissipativos, será:

L   1  2   m   1  3 2  4  m  
T  2 1    sen     2  2  sen    ...... , (3)
g   22   2   2  4   2  

onde θm é o deslocamento angular máximo da massa (amplitude de oscilação). Pode-se então concluir que,
no caso da oscilação de um pêndulo com amplitude inferior a 15º, os termos senoidais são muito pequenos,
sendo o período dependente praticamente apenas do comprimento L e da aceleração gravitacional g, isto é:
L
T  2 . (4)
g

Cada um desses osciladores, conjunto bloco-mola e pêndulo simples (este no caso de pequenas
amplitudes) apresentam, portanto, uma única frequência natural, podendo ressonar (entrar em ressonância)
com um agente externo que atue sobre o sistema com uma frequência igual ou muito próxima da respectiva
frequência natural. Como pode ser demonstrado, esse fenômeno (ressonância) é caracterizado pela
otimização de transferência de energia (do agente externo para o sistema oscilante), ocasionando uma
significativa elevação na amplitude de oscilação.
Diferentemente dos dois sistemas acima citados, uma corda vibrante apresenta, não uma única
frequência natural, mas sim n frequências naturais, podendo, assim, o fenômeno de ressonância ser
observado, nesse caso, para diferentes frequências de um agente externo. Senão, vejamos:
Suponha uma onda transversal se propagando numa corda de comprimento L, densidade linear μ e
submetida à tensão F. Para que essa corda entre em ressonância com um agente externo, configurando-se
uma nítida onda estacionária (com nós nas extremidades e ventres de amplitude significativa), como
ilustrado na Figura 1, o comprimento L tem que conter um número inteiro de meios comprimentos de onda
(L = n λ/2) e a frequência do agente externo tem que coincidir ou ser bem próxima de uma das frequências
naturais da corda vibrante
.
24
/2

Figura 1- Onda estacionária em uma corda. Imagem modificada extraída do livro Physics For Scientists And Engineers
6Th Ed.

Assim, e lembrando que v = λ f, onde v é a velocidade da onda na corda, as frequências naturais da


corda serão:
 n 
f naturais   v n=1, 2, 3, 4, .... (5)
 2L 

Como se sabe que a velocidade de propagação de uma onda numa corda v pode ser obtida também a
partir de sua tensão e densidade linear, v = (F/μ)1/2, as frequências naturais da corda em função dessas
características físicas da corda serão dadas por:
 n  F 
f naturais      . (6)
 2L   

Assim, se o agente externo (por exemplo, um vibrador colocado a oscilar em uma das extremidades da
corda) vibrar com uma frequência que seja muito próxima de uma dessas frequências naturais da corda, esta
entrará em ressonância com esse agente, passando a oscilar com significativa amplitude.

3. METODOLOGIA:

PRIMEIRA PARTE: PÊNDULO SIMPLES

MATERIAL UTILIZADO:
Barbante, uma massa de 20 g e uma massa de 100 g, cronômetro e trena milimetrada.

PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:

a) Amarre a massa de 20 g na extremidade de um barbante de 1,60 m de comprimento, fixando a outra


extremidade no teto, de tal forma que esse pêndulo simples oscile num plano vertical.

b) Afaste lateralmente a massa formando um ângulo menor que 15º com a vertical e abandone a massa. Após
abandoná-la, meça o tempo correspondente a 10(dez) oscilações completas. Determine o período médio
desse pêndulo. (T = tempo das 10 (dez) oscilações completas/10). T = 1,60 m (20 g)

c) Repita o procedimento anterior mas agora com uma massa de 100 g suspensa. Houve alteração no período
anteriormente obtido?
T1,60 m (100 g)=
25
d) Reduza o comprimento do barbante a um quarto do valor original e utilizando uma massa de 20 g repita o
procedimento. Qual a razão entre os períodos obtidos? Qual seria a razão esperada?
T0,40 m=

e) Com a montagem do item anterior, obtenha o período para diferentes amplitudes de oscilações. Utilize
amplitudes maiores que 15º, como por exemplo, 50º e 80º.
T1 = T2 =

f) Discuta a dependência do período de um pêndulo com a amplitude de oscilação.

ATIVIDADES:

1) A partir das atividades realizadas na primeira parte preencha o quadro abaixo:

Atividades Relato e explicação do fenômeno observado

1 Medição dos períodos de pêndulos simples


de massa 20 g e comprimentos L e L/4.

2 Medição dos períodos de pêndulos simples


de comprimento L e massas de 20g e 100 g.

3 Medição do período de um pêndulo simples


de massa 20 g e com amplitudes variadas.

SEGUNDA PARTE: SISTEMA MASSA-MOLA

MATERIAL UTILIZADO:
Massas variadas, barbante, molas com diferentes constantes elásticas, tripés, hastes e cronômetro.

PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:

a) Disponha uma massa (m1) na extremidade de uma mola (k 1), fixando a outra extremidade da mola no
arranjo formado com os tripés, hastes e barbantes, como indicado na Figura 2.

k1 Figura 2- Montagem experimental para a


medida do período de oscilação da mola.

m1
m1= 100,0 gramas k1= 10 N/m
Tteórico= Tmedido=

Faça o sistema massa-mola oscilar ao longo dessa direção vertical e, medindo o tempo correspondente a
10(dez) oscilações completas, determine o respectivo período médio. Compare esse resultado obtido com o
valor esperado.
b) Repita o procedimento anterior, para uma massa diferente da anterior (m 2), discutindo a dependência do
período desse sistema com a massa suspensa.
m2= 50,0 gramas k1= 10 N/m
Tteórico= Tmedido=
26
c) Repita o procedimento realizado em (a) trocando a mola por uma com constante elástica diferente (k 2).
Discuta a dependência do período desse sistema com o valor da constante elástica da mola.

m1= 100,0 g k2= 20 N/m


Tteórico= Tmedido=
d) Com a montagem do item (a), obtenha o período de oscilação da mola para diferentes amplitudes de
oscilações.
Tamplitude 1= Tamplitude 2=

ATIVIDADES:

1) A partir das atividades realizadas na segunda parte preencha o quadro abaixo:

Atividades Relato e explicação do fenômeno observado

1 Medição dos períodos de um sistema massa-


mola de constante elástica k1 e massas m1 e m2.

2 Medição dos períodos de sistemas massa-mola


de massa m1 e constantes elásticas k1 e k2.

3 Medição dos períodos de um sistema massa-


mola de massa m1, constantes elásticas k1 e
amplitudes variadas.

TERCEIRA PARTE: RESSONÂNCIA

MATERIAL UTILIZADO:
Massas variadas, barbante, molas com diferentes constantes elásticas, tripés e hastes.

PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:

a) Faça a montagem abaixo, ligando as extremidades dos 4 pêndulos simples a um barbante bem esticado e
disposto horizontalmente, como ilustrado na Figura 3.

1 2 3 4
Quais pêndulos possuem a mesma frequência de
L1 L3 oscilação? (Obs: L1=L3)
L2 L4

10 g 20 g
20 g
10 g

Figura 3 – Pêndulos simples


Fazendo apenas um dos pêndulos oscilar, os outro(s) passam também a oscilar com amplitude significativa ?
Repita o procedimento para a oscilação inicial de outro pêndulo e explique o fenômeno observado.

b) Substitua agora os pêndulos simples por 4 conjuntos massa-mola, como ilustrado abaixo na Figura 4.
Fazendo apenas um dos conjuntos oscilar, os outro(s) passam também a oscilar com amplitude significativa?
Repita o procedimento para a oscilação inicial de outro conjunto e explique o fenômeno observado.

27
1 2 3 4

ka kb ka kb
Quais sistemas massa-mola possuem a mesma
frequência natural de oscilação?
10 g 10 g 10 g 10 g

Figura 4 – Osciladores massa-mola

ATIVIDADES:

1) A partir das atividades realizadas na terceira parte preencha o quadro abaixo:

Atividades Relato e explicação do fenômeno observado

1 Perturbação de um pêndulo simples em um


conjunto de quatro pêndulos de comprimentos e
massas variados.

2 Perturbação de um sistema massa-mola em um


conjunto de quatro conjuntos de massas e
constantes elásticas variada.

QUARTA PARTE: CORDA VIBRANTE

MATERIAL UTILIZADO:
Barbante de densidade linear conhecida, massas variadas, tripés e hastes, roldana com suporte e
estroboscópio.

PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:

a) Ligue um barbante de comprimento L e densidade linear μ a outro barbante de mesmo comprimento e


densidade linear quatro vezes maior (4μ).
b) Disponha o conjunto horizontalmente, com uma extremidade ligada ao vibrador e a outra ligada a uma
massa, de forma a obter, com a oscilação do vibrador, ondas estacionárias nos barbantes, como ilustrado na
Figura 5.
c) Faça o vibrador oscilar e, ajustando a massa m da outra extremidade, obtenha uma onda estacionária (2º
harmônico) no barbante de densidade linear μ. Nesse caso, qual foi o harmônico obtido no segundo
barbante? Esse resultado coincidiu com o esperado? Explique.
d) Explique o fenômeno de ressonância observado, utilizando, inclusive, o estroboscópio.

28
L, 4 L, 
Vibrador

Figura 5 – Ondas estacionárias em cordas de diferentes densidades lineares

ATIVIDADES:

1) A partir das atividades realizadas na quarta parte preencha o quadro abaixo:

Atividades Relato e explicação do fenômeno observado

1 Conexão de dois barbantes (o primeiro de


comprimento L e densidade linear  o segundo
de comprimento L e densidade linear 4) e
conexão da extremidade do primeiro barbante a
um vibrador e da extremidade do segundo
barbante a uma massa suspensa.

2 Incidência de luz estroboscópica ao sistema da


atividade quatro.

29
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PRÁTICA: LEI DE RESFRIAMENTO DE NEWTON


1. OBJETIVO:
 Verificar experimentalmente a Lei de resfriamento de Newton.

2. INTRODUÇÃO:
A Lei de resfriamento de Newton estabelece que a taxa de variação da temperatura de um fluido é
proporcional à diferença entre as temperaturas do sistema e do meio em que se encontra. Supondo que tal
fluido à uma temperatura uniforme T se encontre em um ambiente cuja temperatura seja Ta, sendo T  Ta,
podemos escrever:
dT dT
 T  Ta    k T  Ta  . (1)
dt dt
Resolvendo esta equação diferencial, obtém-se:
T  Ta  (T0  Ta )e  kt (2)
onde k=hA/C; A=área da seção reta, C= capacidade térmica e h= coeficiente de película (que depende das
propriedades físicas do fluido, da forma, natureza e rugosidade da superfície e do tipo de escoamento).
Fazendo, T  T  Ta e T0  T0  Ta tem-se:
T  T0 e  kt . (3)

3. METODOLOGIA:

MATERIAL UTILIZADO:
Ebulidor, dois beckers com diferentes áreas de seção reta (A 1 e A2), vasilhames de isopor, termômetros e
cronômetro ou relógio.

PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:

a) Meça a temperatura ambiente. Ta = ( ± ) 0C.


0
b) Aqueça a água até aproximadamente 80 C, transportando cerca de 250 ml para cada um dos beckers.
c) Coloque os beckers no vasilhame de isopor para evitar perdas de calor por condução através das paredes
de vidro.
c) Meça a temperatura da água em cada um dos beckers. Esta temperatura será considerada a temperatura
inicial T0.
e) A partir desse instante, meça a temperatura da água nos instantes estabelecidos e complete a tabela abaixo.

t(min) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 50 60
0 A1(Menor)
T ( C)
A2(Maior)
T (0C) A1(Menor)
A2(Maior)

ATIVIDADES:

1) Construa, em uma mesma folha de papel milimetrado, o gráfico T versus t para os dois beckers (A1 e A2).
Faça uma legenda indicando de forma clara qual medida corresponde a cada becker.
2) Construa, em uma mesma folha de papel mono-log, o gráfico linearizado de log T versus t para os dois
beckers (A1 e A2).

30
Obs: Para linearizar a curva aplicamos a função log na equação (3) e obtemos a seguinte relação:
log T  (k log e)t  log T0 .
Através da melhor reta visual e da regressão linear, determine o relacionamento analítico entre T e t. Para
isso, encontre os valores de k e  T0.

3) Construa, em uma mesma folha de papel milimetrado, o gráfico linearizado de ln T versus t para os dois
beckers (A1 e A2).

Obs: Para linearizar a curva aplicamos a função log na equação (3) e obtemos a seguinte relação:
lnΔT = (k)t + lnΔT0 .
Através da melhor reta visual e da regressão linear, determine o relacionamento analítico entre T e t. Para
isso, encontre os valores de k e  T0.

4) Tomando o valor de T0 esperado como aquele medido com o termômetro no tempo zero (ver tabela),
calcule o erro relativo percentual obtido no experimento. Discuta sobre as possíveis fontes de erros.
5) Calcule o coeficiente de correlação linear (r) entre log  T e t e discuta o significado do resultado obtido.
6) Discuta os valores de k obtidos nos beckers de diferentes áreas de seção reta.

31
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PRÁTICA: FENÔMENOS ÓTICOS

REFLEXÃO E REFRAÇÃO DA LUZ


1. OBJETIVO:
 Verificar os fenômenos de reflexão e refração da luz
 Determinar experimentalmente o índice de refração de um meio

2. INTRODUÇÃO:
Um raio de luz monocromática incidente na interface de dois meios transparentes dá origem a um
raio refletido (retorna ao meio inicial) e a um raio refratado (passa a se propagar no segundo meio, com
alteração em sua velocidade). Como exemplo, podemos supor um raio incidente na face curva de um semi-
disco de acrílico, como ilustrado na Figura 1.
Normal
Raio refletido
Raio incidente

Acrílico (meio 1)

r 
1

Ar (meio 2)
2
Raio refratado
Normal

Figura 1- Refração e reflexão de um raio incidente na face curva de um semi-disco.

Esses três raios (incidente, refletido e refratado) situam-se em um mesmo plano. Como ilustrado na
Figura 1, θ1, θr e θ2 são, respectivamente, os ângulos de incidência, reflexão e refração, todos tomados em
relação à direção normal à superfície de interface entre os dois meios. Verifica-se experimentalmente que

θ1 = θr (1ª Lei da reflexão) (1)


n1 sen θ1 = n2 sen θ2 (Lei de Snell-Descartes) (2),

onde n é o índice de refração de cada meio, definido como a razão entre a velocidade da luz no vácuo (c) e a
velocidade da luz nesse meio (v) , ou seja

c
n (3)
v

Desse modo, quando a luz incide na interface de dois meios de índices de refração diferentes ela se
refrata, alterando sua velocidade. Essa refração é acompanhada, na maioria das vezes pelo desvio da luz em
relação à sua direção original, o que só não acontece quando o feixe incide perpendicularmente à superfície
de separação, ou seja, ao longo da normal. Nesse caso específico, há refração (variação da velocidade da luz)
mas não desvio na trajetória do raio incidente. Essa situação especial pode ser verificada na mesma Figura 1,
32
quando o raio refletido, ao incidir na interface curva entre os meios 2 e 1, passa para esse segundo meio sem
se desviar. Isso acontece pelo fato de essa nova incidência se dar ao longo do raio do semi-disco que, como
se sabe, é perpendicular à superfície, configurando-se, portanto, uma incidência ao longo da normal.
Uma importante aplicação da lei de Snell-Descartes é na determinação experimental do índice de
refração de um meio, a partir do conhecimento do índice do outro meio e dos respectivos ângulos de
incidência e refração. Por outro lado, caso se conheça os índices dos dois meios, pode-se, também, pela
aplicação dessa lei, determinar-se experimentalmente o ângulo crítico do meio mais refringente (de maior
índice de refração). Como pode-se concluir rapidamente, caso a incidência da luz ocorra de um meio mais
refringente para um menos refringente, ou seja n 1 > n2, o ângulo de refração será maior que o ângulo de
incidência. Assim, haverá um ângulo θ 1 para o qual haverá a última refração (θ 2 = 90º). Esse ângulo θ1
especial é chamado ângulo limite ou ângulo crítico (θ c). Portanto, para ângulos de incidência superiores a
esse ângulo (θ1 > θc) não haverá mais refração, configurando-se o fenômeno de reflexão interna total, quando
os raios refratado e refletido se unem num único raio refletido. Logo, o ângulo crítico θ c é definido como o
ângulo de incidência para o qual o ângulo refratado é de 90º. Substituindo na lei de Snell temos:

n 
n 1sen c  n 2 sen 90 o   c  arcsen  2  . (4)
 n1 

3. METODOLOGIA:

PRIMEIRA PARTE: VERIFICAÇÃO DA LEI DA REFLEXÃO.

MATERIAL UTILIZADO:
Espelho plano, suporte circular (disco) graduado em graus e fonte de raio laser.

PROCEDIMENTO:
a) Disponha o espelho plano no suporte circular, de forma que sua superfície coincida com o diâmetro do
disco.
b) Incida um feixe de luz laser sobre o espelho, medindo os ângulos de incidência e reflexão.
c) Variando o ângulo de incidência complete a tabela abaixo.

θ1 (grau) 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0


θr (grau)

ATIVIDADES:

1) A partir da atividade realizadas na primeira parte preencha o quadro abaixo:


Atividade Relato e explicação do fenômeno observado
1 Medição do ângulo de reflexão
em um espelho plano.

SEGUNDA PARTE: DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DO ÍNDICE DE REFRAÇÃO


DE UM MEIO.

MATERIAL UTLIZADO:
Semi-disco de vidro ou acrílico, suporte circular (disco) graduado em graus e fonte de raio laser.

33
PROCEDIMENTO:
a) Disponha o semi-disco sobre o suporte circular, de forma que superfície plana do primeiro coincida com o
diâmetro do segundo.
b) Incida um feixe de raio laser no centro da superfície plana do semi-disco tal que o ângulo de incidência
seja diferente de zero.
c) Meça o respectivo ângulo de refração. Por que, nesse caso, esse ângulo pode ser medido fora do semi-
disco de acrílico, após a segunda refração (do semi-disco para o ar) ?
d) Repita essas medidas, para diferentes ângulos de incidência, completando a tabela abaixo.

θ1 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0


θ2
n2

ATIVIDADES:

1) Faça uma ilustração da montagem.

2) A partir da atividade realizadas na segunda parte preencha o quadro abaixo:


Atividade Relato e explicação do fenômeno observado
1 Incidência de um raio luminoso
na interface ar- acrílico, do ar
para o acrílico.

3) Sabendo que o feixe de luz era proveniente do ar (n ar= 1,00), qual foi o índice de refração obtido? Escreva
o resultado final utilizando os conceitos de valor médio e desvio médio.

4) Determine, graficamente, o índice de refração do acrílico. Novamente considere que o índice de refração
do ar é 1,0. Para a construção do gráfico linearizado, preencha a tabela abaixo:

θ1 (graus) sen θ1 θ2 (graus) sen θ2


20,0
30,0
40,0
50,0
60,0

5) Se o índice de refração do acrílico informado pelo fabricante é n esperado= , determine o erro relativo
percentual obtido na realização da prática.

34
TERCEIRA PARTE: VERIFICAÇÃO DA REFLEXÃO INTERNA TOTAL.

MATERIAL UTILIZADO:
Semi-disco de vidro ou acrílico, suporte circular (disco) graduado em graus e fonte de raio laser.

PROCEDIMENTO:
a) Incida o feixe laser na parte curva do semi-disco tal que seu prolongamento passe pelo centro de sua face
plana.
b) Varie o ângulo de incidência até observar o fenômeno da reflexão interna total.
c) Repita essa medida, pelo menos quatro vezes e complete a tabela abaixo:

c (grau)

ATIVIDADES:

1) Faça uma ilustração da montagem.

2) A partir da atividade realizada na terceira parte preencha o quadro abaixo:


Atividade Relato e explicação do fenômeno observado
1 Incidência de um raio luminoso na
interface acrílico-ar, do acrílico
para o ar.

3) Escreva o resultado final para o c utilizando os conceitos de valor médio e desvio médio.

4) Utilizando o valor médio do índice de refração do acrílico obtido no item 3 das atividades da segunda
parte e com o auxílio da equação 4, calcule o ângulo crítico esperado. c (esperaro)=

5) Determine o erro relativo percentual obtido na realização da prática .

35
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PRÁTICA: FORMAÇÃO DE IMAGENS


1. OBJETIVO:
 Determinar experimentalmente a distância focal de espelhos e lentes.

2. INTRODUÇÃO:
A aplicação da lei de Snell-Descartes, rever prática Fenômenos óticos, no caso da incidência da luz
em uma lente, combinada com a utilização de conceitos simples de geometria, pode também nos fornecer
importantes informações sobre o processo de formação de imagens. Assim procedendo, pode-se demonstrar
que, no caso de os raios luminosos incidentes serem paraxiais ou centrais, isto é, limitados a uma pequena
faixa da lente tal que sejam pequenos os ângulos envolvidos:

1 1 1 oi
   f 
f o i o  i  , (1) Equação dos pontos conjugados

onde o, i e f representam, respectivamente, as distâncias do objeto, da imagem e do foco, todas essas tomadas
em relação à lente. A Figura 1 ilustra, respectivamente, uma situação de formação de imagem real (captada
num anteparo) por um espelho côncavo e uma lente convergente. Traçando-se os raios seguindo as leis da
reflexão e refração é possível descrever a formação de imagens reais e virtuais por espelhos (planos,
côncavos e convexos) e lentes (divergentes e convergentes) empregados em instrumentos ópticos.

(a)

(b
)

Figura 1- Formação de imagem real (captada num anteparo) por um espelho côncavo (a) e por uma lente convergente
(b). Imagem extraída do livro Physics For Scientists And Engineers 6Th Ed.

Observa-se que uma lente convergente forma imagens reais e virtuais (nesse caso, quando o objeto
for colocado entre a lente e o foco). Já as lentes divergentes só formam imagens virtuais (não captadas em
um anteparo). A equação (1), equação dos pontos conjugados, pode ser aplicada também para espelhos
esféricos, lembrando que, desta feita, as imagens são formadas pelo fenômeno da reflexão da luz (aplicando-
se, portanto, não a lei de Snell, mas as leis da reflexão).
A distância focal de um sistema ótico (lente ou espelho) está ligada à sua capacidade de
convergência (C), que definimos como C = 1/ f. Assim, um sistema que tem uma pequena distância focal é
um sistema que converge significativamente os raios quando se incide sobre ele raios paralelos, ao passo que
uma grande distância focal está associada uma pequena convergência (os raios paralelos convergirão para
36
um ponto afastado do sistema). Caso o sistema seja convergente (espelho côncavo ou lente convergente), os
raios refletidos ou refratados, respectivamente, passam por um ponto comum, o foco real, sendo por isso a
distância focal f considerada positiva. Já no caso de um sistema ótico divergente (espelho convexo ou lente
divergente), os raios refletidos ou refratados, respectivamente, não se encontram em um ponto comum e sim
os seus prolongamentos, motivo pelo qual o foco é virtual e a distância focal considerada negativa.
A distância focal de um sistema ótico, muito importante para vários fins práticos, pode, então, ser
obtida a partir do conhecimento prévio das distâncias o e i. Isso é mais fácil no caso de o sistema ser
convergente (lente convergente ou espelho côncavo), pois as imagens são reais (formadas num anteparo).
Por outro lado, no caso do sistema divergente (espelho convexo ou lente divergente), que só formam
imagens virtuais, a determinação experimental da respectiva distância focal não pode ser obtida diretamente
pela equação dos pontos conjugados, já que a respectiva distância i não pode ser medida, pois a imagem não
é captada em anteparo. Nesse caso, é recomendável a utilização de uma outra metodologia, que passa por
uma prévia associação dessa lente ou espelho com uma lente convergente.
Outro método muito útil para a determinação da distância focal de uma lente convergente é o método
de Bessel, que sintetizamos a seguir. Fixando-se a distância D entre o objeto e o anteparo, observa-se que
existem duas posições da lente, distanciadas de d, para as quais são obtidas imagens nítidas. Pode-se
demonstrar facilmente que a distância focal da lente pode ser obtida a partir dessas duas distâncias D e d, de
acordo com a equação:

f 
 
D2  d 2
. (2) Equação de Bessel
4D

3. METODOLOGIA:

PRIMEIRA PARTE: ESPELHO CÔNCAVO.

MATERIAL UTILIZADO:
Banco ótico com anteparo, espelho côncavo (f=10 cm), trena e réguas milimetradas, objeto luminoso (vela
ou lâmpada incandescente).

PROCEDIMENTO:
a) Monte o banco ótico, com o espelho côncavo, anteparo e objeto (vela ou lâmpada incandescente), de
forma a obter imagens reais.
b) Para diferentes distâncias do objeto ao espelho (superiores à distância focal), meça as respectivas
distâncias da imagem, utilizando uma trena milimetrada, completando a tabela abaixo.
c) Variando o ângulo de incidência complete a tabela abaixo.

o (cm) 12,00 13,00 14,00 16,50 40,00


i (cm)
f (cm)
Tabela 1: Valores medidos para o espelho.

ATIVIDADES:

1) Faça uma ilustração da montagem.

2) Calcule a distância focal do espelho obtida na prática. Escreva o resultado final utilizando os conceitos de
valor médio e desvio médio.
37
3) Sabendo que fesperado= 10,00 cm, determine o erro relativo percentual obtido na realização da prática.
4) Através do gráfico de 1/i versus 1/o, determine a distância focal do espelho. Utilize o papel milimetrado.

SEGUNDA PARTE: LENTE CONVERGENTE (Equação dos Pontos Conjugados).

1) Fixe uma lente convergente em um suporte apropriado e aponte-a para um objeto distante (o >>> f)
capturando a imagem deste objeto no anteparo. Com isto estime a distância focal dessa lente.

fest = ( ) cm.

2) Monte o suporte com a lente e o anteparo na bancada óptica.


3) Usando como objeto um feixe de laser refletido por um pedaço de papel meça quatro combinações
diferentes de o e i.
o (cm) 12,00 13,00 14,00 16,50 40,00
i (cm)

Tabela 2: Valores medidos para a lente.

4) Determine, graficamente, a distância focal da lente.


5) Compare os valores obtidos nos itens 1) e 4).

TERCEIRA PARTE: LENTE CONVERGENTE (Equação de Bessel).

MATERIAL UTILIZADO:
Banco ótico com anteparo, lente convergente (f=20 cm), trena e régua milimetradas, objeto luminoso (vela
ou lâmpada incandescente).

PROCEDIMENTO:
b) Monte o banco ótico, distanciando o objeto luminoso do anteparo de uma distância previamente
estabelecida (D = 1,20 m, por exemplo).
c) Mantendo fixa essa distância D, movimente a lente entre o objeto e o anteparo até obter, nesse último,
duas imagens nítidas. Marque as posições dessas imagens e meça a distância d entre elas. d= ( )
cm

ATIVIDADES:

1) Faça uma ilustração da montagem.

2) A partir da equação de Bessel, equação (2), determine a distância focal da lente e compare esse resultado
com o valor esperado e com o valor obtido a partir da captação da imagem de um objeto no infinito.

3) Sabendo que fesperado= 20,00 cm, determine o erro relativo percentual obtido na realização da prática.

38
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PRÁTICA: RESISTÊNCIA ELÉTRICA


1. OBJETIVO:
 Medir resistência elétrica e verificar experimentalmente sua dependência com as dimensões de um
fio.

2. INTRODUÇÃO:
Se aplicarmos uma mesma diferença de potencial V às extremidades de dois materiais diferentes,
eles podem ser percorridos por diferentes correntes elétricas I. Diz-se, então, que cada material (resistor)
apresenta uma diferente oposição à passagem da corrente elétrica, ou seja, tem uma específica resistência
elétrica, grandeza representada por R e cuja unidade usual é o  (ohm).
Uma grandeza relacionada com a resistência R é a resistividade , que não é uma propriedade do
resistor e sim uma propriedade específica da substância da qual ele é feito. Assim, cada substância apresenta
um valor específico para a resistividade, valor este que, por sua vez, varia com a temperatura, sendo o valor
da resistividade , a uma certa temperatura comparado com o valor desta resistividade à temperatura de
referência, que representamos por o. Isso pode ser sintetizado pela equação:

   0 1  T  , (1)

onde α é o coeficiente de temperatura da resistividade.


A resistência elétrica de um resistor depende, não só da resistividade da substância, mas também de
suas dimensões. Consideremos um resistor de resistividade , comprimento L e área de seção reta A. Pode-se
demonstrar que
L
R . (2)
A

Assim, caso variemos as dimensões do resistor, não alterando a substância de que é feito, tampouco
a temperatura na qual o experimento tiver sendo realizado, a resistência elétrica do resistor será diretamente
proporcional ao seu comprimento e inversamente proporcional à área de sua seção reta, sendo a constante de
proporcionalidade a própria resistividade da substância.
Muitas vezes necessitamos utilizar resistores cujas resistências elétricas são diferentes daquelas que
dispomos no laboratório. A solução desse problema pode estar na simples associação dos resistores
disponíveis, obtendo-se, a partir desse procedimento, um outro resistor, chamado de resistor equivalente,
cuja resistência elétrica é a desejada.
Essa associação pode ser em série (quando os resistores são percorridos pela mesma corrente
elétrica i e submetidos a diferenças de potencial V não necessariamente iguais), ou em paralelo (quando os
resistores são submetidos à mesma diferença de potencial V e são percorridos por correntes elétricas i não
necessariamente iguais), como ilustrado na Figura 1.
Pode-se demonstrar que as resistências equivalentes Rsérie e Rparalelo podem ser obtidas,
respectivamente, pelas equações:
R série  R1  R2  R3  ............ , (3)
1  1   1   1 
      ........... , (4)
R paralelo  R1   R2   R3 

onde R1, R2 e R3 são as resistências elétricas dos resistores associados.


Das equações acima, pode-se depreender facilmente que, no caso de associações de n resistores
iguais, cada um com resistência elétrica R, as respectivas resistências equivalentes serão:
R
Rsérie  nR e R paralelo  . (5)
n

39
(a) i (b)
R1
i
i
i1 i2 i3
 R2
 R1 R2 R3

R3
i i
Figura 1- Associação de resistores: (a) em série e (b) em paralelo.

Para se medir diretamente a resistência de um resistor, utilizamos normalmente um multímetro


digital (aparelho que mede corrente elétrica, diferença de potencial e resistência elétrica, ilustrado na Figura
2), selecionando-se devidamente a função desejada (medida de resistência), que pode ser facilmente
identificada pelo símbolo da respectiva unidade ( ). Isso pode ser feito girando-se o botão central para a
parte identificada com esse símbolo e escolhendo-se uma escala adequada (valor que deve ser próximo e
superior à medida esperada).

Figura 2- Multímetro

Se, no entanto, os resistores cujas resistências elétricas devem ser medidas apresentam um código de
cores, pode-se efetuar a medida diretamente, sem o uso do Ohmímetro. Basta decifrar esse código, como
detalhado na Figura 3.
Figura 3- Resistor com código de cores. Imagem extraída do
site: http://www.electronica-pt.com/index.php/content/view/27/37/

Prata
Ouro

40
O procedimento para a leitura é o seguinte:

1. Identificação das cores dos dois primeiros anéis (iniciando-se do mais próximo da extremidade) e os seus
respectivos algarismos (X e Y, por exemplo)
2. Identificação da cor do terceiro anel e o seu respectivo algarismo (Z, por exemplo), que representa o fator
multiplicador, expresso em potências de dez
3. Identificação da cor do último anel, associado à faixa de tolerância da medida (W%).

A leitura correta será, então: XY.10 Z (W% de tolerância)

Exemplo: Caso as cores dos anéis de um resistor sejam, nesta ordem, VERDE/AZUL/VERMELHA/OURO,
a medida da respectiva resistência será 56.10 2, com tolerância de 5%. Como 5% de 5600  = 280 , isso
indica que o valor real da resistência está entre 5880  (5600  + 280 ) e 5320  (5600  280).

Representação final com o número correto de algarismos significativos: R= (56 ± 3)x102 .

3. METODOLOGIA:

PRIMEIRA PARTE: MEDIDA DA RESISTÊNCIA.

MATERIAL UTILIZADO:
Resistores variados em códigos de cores, multímetro e fios de ligação.

PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:

a) De posse de três resistores diferentes, meça as respectivas resistências elétricas, por intermédio de suas
cores e, em seguida, utilizando o multímetro.

CORES CÓDIGO DE CORES MULTÍMETRO


R1: R1= ________________ R1= ________________
R2: R2= ________________ R2= ________________
R3: R3= ________________ R3= ________________

Foram próximos os resultados obtidos pelos dois métodos?

SEGUNDA PARTE: ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES.

MATERIAL UTILIZADO:
Resistores variados em códigos de cores, multímetro e fios de ligação.

PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:

a) Associe três resistores iguais em série, prevendo a resistência equivalente da associação, por intermédio de
suas cores. Meça a resistência equivalente utilizando o multímetro e compare os resultados.

ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE
CÓDIGO DE CORES MULTÍMETRO
Requivalente= ________________ Requivalente=________________

41
Foram próximos os resultados obtidos pelos dois métodos ?
b) Repita o procedimento anterior, dispondo os resistores em paralelo e, em seguida, em associação mista
(dois resistores em paralelo e em série com o terceiro).

ASSOCIAÇÃO EM PARALELO
CÓDIGO DE CORES MULTÍMETRO
Requivalente=________________ Requivalente= ________________
ASSOCIAÇÃO MISTA
CÓDIGO DE CORES MULTÍMETRO
Requivalente=________________ Requivalente=________________

TERCEIRA PARTE: DEPENDÊNCIA DA RESISTÊNCIA COM O COMPRIMENTO DO


FIO.

MATERIAL UTILIZADO:
Multímetro, painel de madeira com fio de nicrômio, fios de ligação.

PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:

a) Faça a montagem como ilustrado na Figura 4, onde tem-se o painel de madeira com um fio de nicrômio,
fios de ligação e um multímetro. Faça a conexão dos fios de ligação como indicado na figura. O nicrômio
possui uma resistência pequena. Utilize a menor escala do Ohmímetro conforme ilustrado.
MÓVEL
FIXO

10A
DC
Vm
A

COM

Figura 4- Painel de madeira com fio de nicrômio.

b) Utilizando uma trena milimetrada, meça a distância entre os dois primeiros contatos sucessivos do fio de
nicrômio e a respectiva resistência elétrica. (L= __________________)

c) Repita o procedimento anterior para diferentes comprimentos do fio (alterando a posição do fio de ligação
móvel), completando a tabela abaixo:

L (m)
R ()

42
ATIVIDADES:

1) Construa, em uma folha de papel milimetrado, o gráfico de R versus L.


2) Através da melhor reta visual e da regressão linear, determine o relacionamento analítico entre R e L.
3) A partir do gráfico determine a resistividade elétrica do nicrômio à temperatura ambiente.
OBS: o diâmetro do fio que está sendo utilizado é 0,3 mm. (A=πR2= _____________m)
4) Sabendo-se que a resistividade elétrica desse material à temperatura ambiente é 116.10 -8 .m, determine o
erro relativo percentual da medida obtida experimentalmente.
5) A relação analítica encontrada entre R e L é consistente com o fato de que aumentar L é acrescentar
resistores em série?

QUARTA PARTE: DEPENDÊNCIA DA RESISTÊNCIA COM ÁREA DE SEÇÃO RETA


DO FIO.

MATERIAL UTILIZADO:
Multímetro, fios de nicrômio, fios de ligação.
PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:

a) Mantendo-se agora fixo o comprimento do fio (L = (________± ______) m), varie a área da seção reta,
medindo, em cada caso, a respectiva resistência elétrica.
b) Complete a tabela a seguir:

A (m2)
1/A (m-2)
R ()

ATIVIDADES:
1) Construa, em uma folha de papel milimetrado, o gráfico de R versus 1/A.
2) Através da melhor reta visual e da regressão linear, determine o relacionamento analítico entre R e 1/A.
3) A partir do gráfico, determine a resistividade elétrica do nicrômio à temperatura ambiente.
4) Sabendo-se que a resistividade elétrica desse material à temperatura ambiente é 116.10 -8 .m, determine o
erro relativo percentual da medida obtida experimentalmente.
5) A relação analítica encontrada entre R e (1/A) é consistente com o fato de que aumentar A é acrescentar
resistores em paralelo?

43
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PRÁTICA: CIRCUITO SIMPLES I


1. OBJETIVOS:
 Relacionar corrente elétrica e tensão num circuito simples e diferenciar resistores ôhmicos e não-
ôhmicos.

2. INTRODUÇÃO:

Ao aplicarmos uma diferença de potencial V às extremidades de um resistor num circuito fechado,


esse será percorrido por uma corrente elétrica i, sendo a seguinte a relação entre essas grandezas
V  Ri , (1)
onde R é a resistência elétrica. Se V e i são dadas em Volt e (V) e Ampère (A), respectivamente, R será dada
em Ohm ().
Para alguns resistores, verifica-se que, ao aumentar a diferença de potencial à qual estão submetidos,
a corrente aumenta na mesma proporção, mantendo-se, assim, a resistência elétrica constante. Esses
resistores, para os quais a resistência elétrica independe da diferença de potencial aplicada, são chamados
ôhmicos e diz-se que obedecem à Lei de Ohm.
Muitos outros resistores, no entanto, não obedecem à Lei de Ohm, pois suas resistências elétricas
variam quando se varia a diferença de potencial. Como exemplos desses resistores não-ôhmicos (ou não-
lineares) podem ser citados os seguintes:
♦ NTC (Negative Temperature Coefficient), resistores com coeficiente negativo de temperatura, ou
seja, com o aumento da temperatura a resistência elétrica diminui, com consequente aumento da corrente
elétrica. Esse tipo de resistor é utilizado, por exemplo, como limitador de corrente de filamento nos
ebulidores, em alarmes contra incêndios e em circuitos de ar-condicionados e refrigeradores.
♦ PTC (Positive Temperature Coefficient), resistores com coeficiente positivo de temperatura, ou
seja, com o aumento da temperatura a resistência elétrica aumenta, com consequente diminuição da corrente
elétrica. É utilizado em circuitos (de amplificadores transistorizados, por exemplo), onde a corrente tende a
aumentar com a temperatura. Esse aumento de corrente causa um novo aumento da temperatura e assim por
diante, até a destruição do transistor. Essa destruição pode ser evitada pelo uso de resistor PTC pois, com o
aumento da temperatura, a resistência do PTC aumenta, diminuindo a corrente de base.
♦ LDR (Light Dependent Resistors), resistores cuja resistência varia com a luminosidade incidente
sobre eles, utilizados em alarmes contra incêndios, em análises de alimentos, em circuitos de acendimento
automático de lâmpadas e, na indústria, em contagem automática de peças, latas e frascos, por exemplo.
Neste caso, um feixe luminoso incide no LDR e reduz sua resistência. Ao ser o feixe interrompido
pela passagem da peça, cresce a resistência do LDR e esta variação resulta num pulso elétrico que é utilizado
para ativar um contador eletrônico ou eletro-mecânico. Em alarmes contra ladrões o mesmo princípio é
utilizado, mas usa-se luz infra-vermelha (invisível, mas que afeta o LDR).
Ressalte-se que, apesar da equação V = R i ser citada equivocadamente em muitos textos como a Lei
de Ohm, e, por conseguinte, ser suposta aplicada apenas a resistores ôhmicos, ela se aplica a todos os
resistores, mesmos que sejam não ôhmicos.
As Figuras de 1 a 3 ilustram a variação da corrente elétrica com a diferença de potencial para
resistores ohmicos e não-ohmicos, observando-se que, no primeiro caso, a curva obtida é uma reta cuja
inclinação é a resistência elétrica do resistor (constante, neste caso).

44
3. METODOLOGIA:

PRIMEIRA PARTE: RESISTORES ESPECIAIS.

MATERIAL UTILIZADO:
Resistores especiais (NTC, PTC e LDR), fios de ligação, becker com água quente, fonte de luz.
PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:
a) Com o ohmímetro, meça a resistência elétrica, à temperatura ambiente, de cada um dos resistores
especiais (PTC, NTC e LDR).
b) Mergulhe os resistores PTC e NTC na água quente e meça novamente as respectivas resistências elétricas.
Discuta o resultado observado.
c) Incida luz sobre o LDR e meça novamente a resistência elétrica deste resistor, agora nessa nova situação.
Discuta o resultado observado.

SEGUNDA PARTE: RESISTOR ÔHMICO.

MATERIAL UTILIZADO:
Painel de circuito de base de acrílico, bateria ( = 9V), S2 S1
quatro resistores iguais (resistência em código de cores) e
um quinto resistor diferente, dois multímetros, painel de Bateria
circuito de base de madeira, chaves e fios de ligação.

PROCEDIMENTO: S3 S4
Passos para a realização das medidas:
R
a) Monte o circuito no painel de circuito de base de
acrílico, como ilustrado na figura ao lado, dispondo
convenientemente dois multímetros, um para medir a A V
diferença de potencial (em paralelo) e outro para medir a
corrente elétrica (em série), ambas as medidas relativas ao resistor R.

b) Feche as chaves S1, S2 e S3 e mantenha aberta a chave S 4. Meça V e i e obtenha, a partir destas medidas, a
resistência elétrica do resistor. O valor obtido é próximo do valor esperado pela aplicação do código de
cores?
c) Substitua a chave S1 por um resistor idêntico ao anterior e repita as medidas de V e i. A resistência elétrica
do resistor R variou ou permaneceu constante?
d) Repita o procedimento anterior, substituindo, passo a passo, cada uma das demais chaves por outro
resistor, também idêntico ao primeiro.
e) Para a quinta medida, substitua o resistor colocado no lugar da chave S3 pelo quinto resistor, que possui a
resistência diferente das demais. Sistematize na tabela abaixo os dados obtidos.

V (V)
i (mA)

ATIVIDADES:

1) Plote os dados num gráfico V versus i. Qual a relação analítica observada entre essas grandezas?
2) Obtenha o valor de R através do gráfico.
3) Calcule o erro relativo percentual obtido no experimento. Tome como valor de referência para R o
fornecido pelo código de cores.
4) O resistor analisado é ôhmico? Justifique sua resposta.
45
PARTE: RESISTOR NÃO - ÔHMICO.

MATERIAL UTILIZADO:
Dois multímetros, painel de circuito de base de madeira, lâmpadas incandescentes iguais (40W/127V),
chaves e fios de ligação.

PROCEDIMENTO:
Passos para a realização das medidas:

a) Analise o circuito ao lado, montado em um painel de madeira. Agora, a


resistência de referência R e todos os resistores utilizados serão lâmpadas
A ~ incandescentes de 40W/127V.

b) Feche as chaves S 1, S2, S3 e S4. Meça V e i e obtenha, a partir destas


S1 medidas, a resistência elétrica do resistor (lâmpada).

c) Substitua a chave S1 por uma lâmpada idêntica à utilizada anteriormente e


repita as medidas de V e i. A resistência elétrica do resistor R variou ou
S2 permaneceu constante?

d) Repita o procedimento anterior, substituindo, passo a passo, cada uma das


demais chaves por outro resistor, também idêntico ao primeiro. Sistematize na
tabela abaixo os dados obtidos.
R V

V (V)
i (A)

S3

ATIVIDADES:
S4 1) Plote os dados num gráfico V versus i.
2) O resistor analisado é ôhmico? Justifique sua resposta.

46
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PRÁTICA: FENÔMENOS ELETROSTÁTICOS E MAGNÉTICOS


1. OBJETIVO:
 Observar experimentalmente e discutir alguns fenômenos eletrostáticos e magnéticos.

2. INTRODUÇÃO:

2.1. FUNDAMENTOS DE ELETROSTÁTICA

Em geral, a matéria e os objetos com os quais lidamos acham-se em estado de neutralidade elétrica,
ou seja, suas cargas positivas e negativas se compensam. No entanto, podemos separar algumas cargas
positivas das negativas, por intermédio de processos químicos como no caso das pilhas e baterias ou por
meio de atrito entre diferentes materiais.
Os raios que acontecem durante as tempestades são movimentos de cargas elétricas entre nuvens, ou
entre estas e a superfície terrestre. Essas grandes quantidades de cargas (da ordem de 100 a 200 Coulombs)
são separadas devido ao atrito das gotículas de água com o ar. Outro exemplo é o caso dos veículos que, ao
se deslocarem, também trocam cargas com o ar. É por isso que os caminhões que transportam combustíveis
costumam arrastar uma corrente, para garantir descarga constante para o solo (já que os pneus são isolantes),
evitando-se a ocorrência de indesejáveis faíscas elétricas.
Pelas próprias condições de uso, vários objetos isolantes ficam eletrizados por atrito, como discos de
vinil, pentes, blusas e agasalhos sintéticos, e sacos de lixo novos. Quando o objeto está bem eletrizado e o ar
está seco, podemos observar os pelos do braço se eriçarem, ou mesmo a emissão de pequenas faíscas,
acompanhadas de estalidos quando tiramos um agasalho sintético no inverno.
Quando atritamos fortemente um pedaço de plástico (canudinho ou tubo de PVC) com um pedaço de
feltro ou papel, este cede elétrons para o plástico, de forma que o plástico fica negativo (com excesso de
elétrons) com carga absoluta idêntica (em módulo) à carga positiva adquirida pelo feltro ou papel. Se ao
invés de plástico e papel atritarmos um bastão de vidro com um pedaço de seda, o bastão fica positivo e a
seda negativa, pois o vidro cede elétrons para a seda. Os quatro materiais citados são isolantes (plástico,
papel, vidro e seda), portanto as cargas tendem a ficar localizadas no local onde ocorreu o atrito. Caso, no
entanto, o atrito seja bastante significativo e o clima esteja seco, atingindo-se alguns milhares de Volts, tais
materiais deixam de ser isolantes e o excesso de cargas distribui-se em toda a superfície do objeto.

Esfera Dielétrica Esfera


Polarização + Condutora +
+ Indução +
- -
+ + -
+ - - +
+ -
+ -
-
+
+
-
+ - +
+ - - Dipolos + Cargas
+ + elétricos + + elétricas

FIGURA 1- Polarização e indução eletrostáticas

Se ao invés de atritar, simplesmente aproximarmos um corpo carregado de um material isolante


(também chamado dielétrico), embora este continue eletricamente neutro, ocorrerá uma polarização das
moléculas, resultante do deslocamento da nuvem eletrônica em relação aos núcleos positivos, ficando cada
extremidade do corpo com uma carga de um sinal, como ilustra a Figura 1, configurando o que chamamos de
polarização eletrostática. Por outro lado, caso o material já possua moléculas naturalmente polares
(constituindo-se cada uma delas um pequeno dipolo elétrico, como a água, por exemplo), a aproximação de
um corpo carregado produzirá inicialmente uma orientação desses dipolos.

47
Já os metais, por possuírem elétrons livres, são bons condutores de eletricidade. Assim, ao
aproximarmos um corpo carregado de um pedaço de metal, embora como um todo o metal continue neutro,
haverá uma separação de cargas devido ao movimento dos elétrons, num processo chamado de indução
eletrostática (também ilustrado na figura acima). Se, por outro lado, transferirmos carga para o corpo
metálico, esse excesso de carga (seja positivo ou negativo) tende a se distribuir em todo a superfície do
corpo.
Um corpo carregado interage com uma carga q colocada em suas proximidades. Dizemos, então, que
o corpo criou, nessa região, um campo elétrico cuja intensidade E, num determinado ponto, é proporcional à
intensidade da carga Q do corpo e inversamente proporcional ao quadrado da distância r do corpo ao ponto,
ou seja,
Q
Ek . (1)
r2
Por sua vez, a intensidade da força de interação elétrica F entre o corpo e a outra carga q é dada por:
kQq
F  qE  . (2)
r2

2.1. FUNDAMENTOS DE MAGNETISMO

Desde os tempos remotos é conhecida a pedra-ímã (óxido de fero denominado magnetita), que
possui a característica de atrair pedaços de ferro. Outro ímã natural é a própria Terra, cuja ação sobre a
agulha das bússolas é também há muito observada.
Um ímã, seja natural ou não, é caracterizado como um dipolo magnético (pólos sul e norte), e cria
em sua vizinhança um campo magnético, assim como uma carga elétrica cria ao seu redor um campo
elétrico. Esse vetor campo magnético é também representado por linhas (de indução magnética, nesse caso),
cujas características podem ser verificadas facilmente pela disposição de limalhas de ferro nas proximidades
do ímã. Essas linhas se dirigem do pólo norte para o pólo sul (fora do ímã) e do pólo sul para o pólo norte
(dentro do ímã).
A Figura 2 ilustra essa orientação das linhas de indução magnética para o caso do campo magnético
terrestre que, em primeira aproximação, pode ser representado como uma barra intensamente imantada,
localizada no interior da Terra. Observe que o pólo norte geográfico, localizado na região ártica canadense) é
o polo sul magnético, já que as linhas convergem para ele. Por outro lado, o pólo sul geográfico, localizado
na Antártica, é o polo norte magnético.

FIGURA 2 - A Terra e seus pólos geográficos e magnéticos . Imagem extraída da referência: Sears and Zemansky´s.
University Physics. 12th edition.

48
Sabe-se que certos materiais são sensíveis à presença de ímãs, sendo atraídos ou repelidos. Esse
fenômeno de magnetização pode ser explicado simplificadamente da seguinte forma: os elétrons do material,
além do momento angular orbital, possuem um momento angular próprio, denominado spin. A esses
momentos angulares se associam dipolos magnéticos orbitais e de spin, respectivamente. Na maioria dos
átomos (e íons) esses efeitos magnéticos se cancelam, de modo que, como um todo, não apresentam
características magnéticas. Entretanto, alguns átomos (e íons) possuem um momento magnético resultante,
configurando o que chamamos dipolo magnético. Esses dipolos, em média, só se alinharão numa dada
direção se um campo magnético externo estiver presente. Substâncias que se comportam desse modo são
ditas paramagnéticas. Cessado o efeito do campo magnético externo, cessará o alinhamento dos dipolos.
Já nos materiais chamados ferromagnéticos, como ferro, cobalto e níquel, os momentos magnéticos
de spin de átomos vizinhos tendem a se alinhar entre si, em virtude da interação especial chamada de
acoplamento de troca. Por causa dessa interação cooperativa entre átomos vizinhos, formam-se nos materiais
ferromagnéticos pequenas regiões chamadas domínios (Figura 3), em cada uma das quais os dipolos
magnéticos se alinham paralelamente, mesmo na ausência de um campo magnético externo. As direções de
magnetização nos domínios não são necessariamente paralelas entre si, de forma que é nula a magnetização
resultante de todo o material. Na presença de um campo magnético externo, ocorre a imantação, que consiste
na orientação dos diferentes domínios, segundo a direção do campo magnético exterior. Essa situação, no
entanto, pode persistir por algum tempo, mesmo na ausência de um campo magnético externo, após o que os
domínios sofrem nova desorientação, que podem ser precipitada por choques mecânicos ou térmicos.

FIGURA 3 - Domínios magnéticos. Imagem extraída da referência: Sears and Zemansky´s. University Physics. 12 th
edition.

Outra maneira de se obter um campo magnético numa determinada região, sem necessariamente
dispor nela um ímã, é fazer percorrer uma corrente elétrica num fio. Em 1820, Oersted, colocando uma
agulha magnetizada próxima de um fio percorrido por uma corrente elétrica, observou que a agulha foi
desviada de sua direção habitual norte-sul, indicando que a corrente elétrica gera um campo magnético cujo
efeito sobre a agulha da bússola é semelhante ao verificado quando se aproxima um ímã à bússola. A Figura
4 ilustra as linhas de indução geradas pela corrente no fio. Esse fenômeno tem um grande número de
aplicações práticas, como no caso dos eletroímãs. Pode-se verificar neste caso de um fio retilíneo que a
intensidade do campo gerado B, num determinado ponto externo ao fio, é diretamente proporcional à
corrente i no fio e inversamente proporcional à distância r do fio ao ponto, ou seja:
ki
B . (3)
r

FIGURA 4 - Campo magnético gerado por corrente elétrica num fio.


Imagem extraída do site: efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/campo_corrente/exper_oersted.
49
3. METODOLOGIA:

PRIMEIRA PARTE: FENÔMENOS ELETROSTÁTICOS

MATERIAL UTILIZADO:
Bastão de PVC, papel-toalha, pêndulo com esfera de isopor, canudinhos de plástico, gerador de Van de
Graaff com acessórios.

PROCEDIMENTO:
a) Atrite o bastão de PVC com o papel toalha e, segurando-o na outra extremidade, aproxime-o de
pedacinhos de papel sobre a mesa e da esfera de isopor do pêndulo.
b) Aproxime agora o bastão, após eletrizá-lo novamente, de um filete de água.
c) Atrite um canudinho com o papel toalha e tente colocá-lo em pé na parede do laboratório.
a) Acompanhe as explicações do professor sobre o funcionamento básico do gerador de Van de Graaff e as
demonstrações por ele realizadas.
b) Discuta cada um dos fenômenos observados e anote as conclusões tiradas de cada um dos fenômenos
observados.
ATIVIDADES:

1) A partir das atividades realizadas na primeira parte preencha o quadro abaixo:

Atividades Relato e explicação do fenômeno observado

1 Atrito do bastão de PVC com papel toalha e sua aproximação de


pedacinhos de papel e da esfera de isopor do pêndulo
eletrostático.

2 Atrito do bastão de PVC com papel toalha e sua aproximação de


um filete de água.

3 Atrito do canudinho com papel toalha e sua "fixação" a uma


parede.

4 Ligação e carregamento do gerador de Van de Graaff.

5 Aproximação de uma vela acesa ao gerador de Van de Graaff.

6 Aproximação de fiapos de algodão ao gerador de Van de


Graaff.

7 Aproximação do eletroscópio de folhas ao gerador de Van de


Graaff.

8 Fixação de tiras de alumínio no gerador de Van de Graaff e


ligação desse aparelho.

9 Conexão do torniquete ("suástica") ao gerador de Van de Graaff


e ligação desse aparelho.

10 Aproximação de uma lâmpada fluorescente desligada ao


gerador de Van de Graaff.

50
SEGUNDA PARTE: FENÔMENOS MAGNÉTICOS

MATERIAL UTILIZADO:
Ímã em barra, ímã em ferradura, limalhas de ferro, pregos, fio de nicrômio, bússola, vela, fonte regulada de
tensão (DC), suporte com fio de cobre.

PROCEDIMENTO:
a) Acompanhe as demonstrações realizadas pelo professor na configuração das linhas de campo magnético
com o retroprojetor.
b) Anote todas as conclusões tiradas de cada um dos fenômenos observados.
c) Aproxime dois ímãs um do outro. Aproxime agora um dos ímãs da bússola.
d) Discuta cada um dos fenômenos observados.
e) Encoste a extremidade de um prego a um dos pólos do ímã, disposto verticalmente. Encoste um segundo
prego à extremidade do primeiro.
f) Retire o ímã lentamente e observe o que ocorre com os dois pregos em seguida.
g) Junte a extremidade do fio de nicrômio a um pólo do ímã, como ilustrado na figura abaixo. Retire o fio e
aproxime-o da bússola, identificando as polaridades norte e sul do fio e da bússola, tendo o ímã como
referência polar. Golpeie, com um lápis, por exemplo, a extremidade imantada do fio e verifique, com a
bússola, o seu estado de imantação. Discuta o observado.
h) Amarre, por uma extremidade, o fio de nicrômio a uma linha e aproxime-a do ímã, cuidando para que não
se toquem. Aqueça o fio com a chama da vela. Qual o efeito da temperatura sobre a imantação do nicrômio ?
i) Acompanhe as demonstrações realizadas pelo professor da geração de um campo magnético por uma
corrente elétrica num fio.

ATIVIDADES:

1) A partir das atividades realizadas na segunda parte preencha o quadro abaixo:

Atividades Relato e explicação do fenômeno observado

1 Espalhamento de limalhas de ferro nas proximidades de


um ímã no retroprojetor.

2 Aproximação de um ímã a outro.

3 Aproximação de um ímã a uma bússola.

4 Contato da extremidade de um prego à um dos pólos de


um ímã disposto verticalmente e, em seguida,
disposição de outro prego na fila.

5 Contato da extremidade de um fio de nicrômio a um dos


pólos de um ímã e, em seguida, aproximação do fio a
uma bússola.

6 Contato da extremidade de um fio de nicrômio a um dos


pólos de um ímã e, em seguida, aproximação do fio a
uma bússola após golpe mecânico do fio.

7 Disposição de um pedaço de fio de nicrômio na


extremidade de um pêndulo simples, aproximação de
um pólo do ímã à extremidade livre do fio e
aquecimento deste com a vela.

8 Estabelecimento de uma corrente elétrica (DC) num fio


retilíneo, nas proximidades de uma bússola.

51
NIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

PRÁTICA: INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA


1. OBJETIVOS:
 Verificar experimentalmente a Lei de Faraday-Lenz

2. INTRODUÇÃO:
A área de uma espira é normalmente representada por um vetor perpendicular ao plano da espira,
saindo deste plano, e cujo módulo corresponde ao valor da respectiva área A.
Caso essa espira se situe numa região onde há um campo magnético externo, pode ser atravessada
por um fluxo magnético  definido como:
  BA cos  , (1)
onde  é o ângulo entre os vetores campo magnético e área.
Assim, se o campo magnético é perpendicular à espira (paralelo ao vetor área), o fluxo magnético
através da espira terá módulo máximo, sendo  = BA (vetores B e A paralelos e de mesmo sentido) ou
 = BA (vetores B e A paralelos e de sentidos contrários).
Por outro lado, o fluxo magnético através da espira será nulo se os vetores campo magnético e área
tiverem direções perpendiculares.
Michael Faraday, em 1831, observou que a variação do fluxo magnético através da área delimitada
por uma espira induzia nesta uma força eletromotriz dada por:


 ind  (Lei de Faraday-Lenz). (2)
t
Em decorrência disso, a espira, suposta de resistência elétrica R, passa a ser percorrida por uma
corrente induzida iind = ind /R = (/t )/R.
O sinal negativo na Lei de Faraday-Lenz indica que a corrente na espira deve ter um sentido tal que
produza um campo magnético secundário capaz de COMPENSAR (contrariar) a variação do fluxo gerada
pelo campo magnético principal. Este fato foi observado e justificado por Heinrich Friedrich Lenz, em 1834.
Assim, um campo magnético não gera corrente numa espira, tampouco o fluxo magnético. No
entanto, caso haja variação do fluxo magnético através da espira, surgirá nesta uma corrente elétrica
induzida decorrente da força eletromotriz induzida.
A Figura 1 ilustra duas formas de se obter a corrente induzida em virtude da variação do fluxo numa
espira.

(a)
(b)

Figura 1- Variação do fluxo magnético através de uma espira. Imagem extraída da referência: Sears and Zemansky´s.
University Physics. 12th edition.

52
Deve ser observado na Figura 1(a) que, quando o ímã se aproxima da espira, o fluxo magnético
através da espira aumenta pois a intensidade do campo magnético principal aumenta. Em decorrência disso,
aparecerá na espira uma corrente induzida cujo sentido será tal que gerará um campo magnético secundário
de direção e sentido tais que contrariará a variação do fluxo magnético através da espira. Assim, como o
campo magnético secundário será orientado de sul para norte da esquerda para a direita, haverá uma força
magnética repulsiva entre a espira e o ímã. Raciocínio similar pode ser feito para o caso de o ímã estar se
afastando da espira.
Já a Figura 1(b) representa uma outra possibilidade de variação do fluxo magnético: o giro de um
condutor semi-circular na presença do campo magnético principal. Com isso, estará continuamente variando
o ângulo  entre esse campo e o vetor área e, por conseguinte, haverá contínua variação do fluxo e geração
de corrente induzida na semi-espira.
Em suma, haverá força eletromotriz induzida e corrente induzida na espira sempre que houver
variação do fluxo magnético através dela, o que pode acontecer em três situações:
♦ variação da intensidade do campo magnético principal (aproximação ou afastamento do ímã)
♦ variação da área da espira (mudança da forma geométrica da espira)
♦ variação do ângulo entre os vetores campo magnético principal e área (giro da espira na presença
do campo magnético principal)

3. METODOLOGIA:

MATERIAL UTILIZADO:
Bobinas, microamperímetro com zero central, núcleo de ferro, ímãs cilíndrico e em forma de U, núcleo de
ferro, pedaço de ímã de auto-falante, bússola, vibrador terapêutico, fios de ligação, espira, LED, tubo oco de
alumínio, anel de alumínio, hastes e suportes.

PROCEDIMENTO:
Faça as montagens sugeridas a seguir, caracterizando, em cada caso:
♦ os vetores área da espira e campo magnético principal e o fluxo magnético através da espira
♦ a causa da variação do fluxo magnético
♦ o sentido da corrente induzida
Em seguida, explique o fenômeno observado em termos da Lei de Faraday-Lenz.

PRIMEIRA PARTE:
a) Aproxime (e, em seguida, afaste) um ímã de uma espira em série com o microamperímetro de zero
central, tal que o campo magnético principal seja paralelo à área da espira.

Relato e explicação do fenômeno observado

SEGUNDA PARTE:
a) Prenda um pedaço de ímã na extremidade oscilatória do vibrador terapêutico.
b) Monte uma espira circular de cobre com um LED em série.
c) Utilizando hastes e suportes, disponha o vibrador de uma de forma que o campo magnético principal seja
paralelo à área da espira.
d) Após apagar as luzes do laboratório, ligue o vibrador à rede elétrica (127V AC).

53
Relato e explicação do fenômeno observado

TERCEIRA PARTE:
a) Disponha verticalmente o tubo oco de alumínio.
b) Abandone em seu interior, na extremidade superior, um ímã cilíndrico.

Relato e explicação do fenômeno observado

QUARTA PARTE:
a) Ligue a bobina à rede elétrica com um anel de alumínio disposto ao longo de seu eixo.

Relato e explicação do fenômeno observado

54
ANEXO:
MODELO DE RELATÓRIO DE ATIVIDADE EXPERIMENTAL

Os relatórios devem apresentar de forma clara como foram encontrados os resultados dos
experimentos. Neste texto, são apresentadas as normas a serem seguidas nos relatórios, quanto à
estrutura de tópicos e quanto à apresentação.

1) Quanto à estrutura de tópicos:

Os relatórios devem, obrigatoriamente, conter os tópicos listados a seguir. Estejam atentos para o
fato de que não basta apenas colocar os tópicos. Eles devem estar corretos.

Título do experimento

Autor

Objetivos

Introdução
Aqui deve ser feita uma rápida introdução teórica referente ao problema a ser estudado. Os alunos
são incentivados a não simplesmente copiar o roteiro, mas também que recorram à literatura
utilizada nas disciplinas teóricas da Física.

Metodologia
Material utilizado
Neste tópico deve ser apresentada uma lista sucinta de todo o material utilizado no experimento.
Procedimentos:
Aqui deve ser feita a apresentação da configuração experimental. É importante deixar claro como o
experimento foi feito: descreva todos os passos experimentais de forma sucinta, completa e com
clareza. Esquemas dos aparatos usados são bem-vindos. Entretanto, quando for utilizar figuras para
a explicação de um experimento, estas devem apresentar legendas próprias. Por exemplo: Figura 1-
Representação esquemática do sistema utilizado nas medidas. Apresentem corretamente os dados
coletados, sob a forma de tabelas. Estejam atentos para o correto uso dos algarismos significativos,
que devem ser expressos de acordo com o instrumento utilizado na medida, erros de leitura e
unidades. Em caso de linearização dos gráficos, é importante mas não é necessário apresentar
tabelas com valores de logaritmos.

Resultados, análises e discussão


Apresentação dos gráficos e análise. Caso seja necessário um processo de linearização, coloquem a
equação originalmente utilizada e a equação linearizada, que será comparada com a regressão linear
ou melhor reta visual. O passo seguinte é, a partir da regressão linear ou melhor reta, obter os
parâmetros físicos do problema. Neste passo, é necessário fazer uma comparação entre a equação
teórica (teoria física) e a equação da reta usada no ajuste (matemática), e identificar cada termo. É
necessário colocar todos os cálculos e as contas no relatório, seja no corpo do texto, seja num
apêndice. (Caso optem por um apêndice, apresentem os cálculos de forma organizada, relacionando
cada cálculo ao respectivo valor apresentado no corpo do relatório). Escrevam, finalmente, o valor
obtido com seu erro (quando possível). Lembrem-se novamente de utilizar a quantidade correta de
algarismos significativos e das unidades, como nos exemplos a seguir:
M = (3,47 ± 0,03) mg
L = (2,1 ± 0,9) cm

55
Agora, a parte mais importante do experimento: faça uma discussão sobre os resultados
encontrados. Isso é feito comparando os resultados com valores teóricos ou de referência,
explicando eventuais diferenças e semelhanças, a precisão encontrada no experimento e quaisquer
outros aspectos importantes referentes aos resultados. Será na discussão dos resultados que o aluno
demonstrará se aprendeu corretamente o que foi apresentado no experimento. Neste ponto, é
interessante que os alunos sempre recorram à literatura utilizada nas disciplinas teóricas da Física.

Conclusões
Nesta seção o aluno deve sumarizar o experimento, mostrando se os objetivos iniciais foram
alcançados.

Referências Bibliográficas

2) Quanto à apresentação
Os relatórios podem ser feitos em computador ou manuscritos. Nos dois casos, certos detalhes
devem ser observados:
Caso seja manuscrito: letra legível. Relatórios ilegíveis ficarão com nota zero.
Caso seja feito em computador, apresentamos uma formatação sugerida:
- Fonte: Arial, nos seguintes tamanhos:
- Títulos: tamanho 12. Sempre em negrito.
- Texto do relatório: tamanho 10.
- Espaçamento entre linhas: 1,5.
- Margens da página: todas com 2 cm (inferior, superior, esquerda e direita).
- Parágrafo com recuo de 2 cm.
- Todas as páginas devem ser numeradas.
- Os cálculos entregues como anexo podem ser escritos à mão.
- O texto deve estar devidamente apresentável, com alinhamento. Para quem utilizar Word,
por exemplo, é a função “justificar”.

OBSERVAÇÕES
• Não confundir relatório com o roteiro de prática proposto pelo professor! No relatório, o aluno
deve relatar os passos executados e os resultados obtidos, não cabendo, portanto, o tempo do verbo
no infinitivo ou no imperativo, usuais quando se trata de roteiro.
• Os gráficos devem conter o título geral e os títulos de cada eixo com as respectivas unidades.
Quando houver mais de uma curva no mesmo gráfico, deve-se adicionar uma legenda.

Por fim, façam ao menos UMA LEITURA DO RELATÓRIO antes de entregar. Muitos erros
vergonhosos são cometidos por falta de atenção e facilmente detectáveis com uma simples
leitura. Tenham sempre em mente que o relatório deve ser compreensível para um leitor que
não tenha feito o experimento.

56

Você também pode gostar