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ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS

1. Introdução
O conhecimento das propriedades qualitativas e quantitativas da matéria está
diretamente relacionada às suas Grandezas Físicas, que são aquelas grandezas que
podem ser medidas.
Em física elas podem ser vetoriais ou escalares, como por exemplo, o tempo, a
massa de um corpo, comprimento, velocidade, aceleração, força, e muitas outras.
Grandeza escalar é aquela que precisa somente de um valor numérico e uma unidade
para determinar uma grandeza física, um exemplo é a nossa massa corporal.
Grandezas como massa, comprimento e tempo são exemplos de grandeza escalar. Já
as grandezas vetoriais necessitam, para sua perfeita caracterização, de uma
representação mais precisa. Assim sendo, elas necessitam além do valor numérico,
que mostra a intensidade, uma representação espacial que determine a direção e o
sentido. Aceleração, velocidade e força são exemplos de grandezas vetoriais. As
grandezas vetoriais possuem uma representação especial. Elas são representadas por
um símbolo matemático denominado vetor. Nele se encontram três características
sobre um corpo ou móvel: Módulo: representa o valor numérico ou a intensidade da
grandeza; Direção e Sentido: determinam a orientação da grandeza.

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O ato de medir significa comparar, com base num elemento de medida, que é
graduado segundo uma unidade de medida. Portanto, medir significa comparar uma
grandeza qualquer com um padrão pré definido, que indica a unidade da medida.
Assim, a unidade é o padrão que iremos escolher para efetuar nossas medidas.
Determinar uma grandeza física significa determinar o número de vezes que a
unidade (padrão) está contida na grandeza. O valor numérico obtido em uma
determinada unidade física é chamado medida.
O valor numérico da medida está sujeito a um grau de incerteza. Pois, o
resultado está relacionado aos erros dos instrumentos, operador, processo de medida
e outros. O que leva a concluir que: o valor numérico associado a medida de toda
grandeza mensurável é sempre um valor aproximado, com maior ou menor precisão.
Por isso, é necessário expressar o resultado da medida e estabelecer o grau de
confiança que o valor encontrado representa.
Exemplos:
1) As figuras abaixo demonstram a determinação da medida de um objeto
empregando duas réguas diferentes. Qual ou quais os possíveis resultados
encontrados para o objeto nas réguas utilizadas

a)

Os resultados 4,6 cm ou 4,7 cm são aceitáveis, pois temos certeza do algarismo


4, porém os algarismos 6 e 7 são duvidosos e correspondem a uma estimativa de
quem está medindo. Portanto, 4,6 cm e 4,7 cm são boas medidas. Se, no entanto,
alguém propuser um valor igual a 4,658cm para o objeto acima, usando a régua
disponível, diremos que esta é uma medida grosseira. Utilizando uma régua cuja menor
divisão é o centímetro, não faz o menor sentido medir o objeto em milésimos de
centímetro. Os algarismos 5 e 8 não possuem significado nenhum.

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b)

Agora, se usarmos uma régua com divisões em milímetros como no exemplo


acima, é razoável dizer que o comprimento do objeto vale 4,68cm, onde somente o 8 é
duvidoso.

2. Definição
A medida de uma grandeza física é sempre aproximada, por mais capaz que
seja o operador e por mais preciso que seja o aparelho utilizado. Esta limitação reflete-
se no número de algarismos que usamos para representar as medidas. Ou seja, só
utilizamos os algarismos que temos certeza de estarem corretos, admitindo-se apenas
o uso de um algarismo duvidoso. Claramente o número de algarismos significativos
está diretamente ligado à precisão da medida, de forma que quanto mais precisa a
medida, maior o número de algarismos significativos. Portanto, denominam-se
algarismos significativos o número de dígitos necessário para expressar os
resultados de uma medida, consiste com a precisão que a medida foi realizada.
Assim, por exemplo, se afirmamos que o resultado de uma medida é 3,24 cm
estamos dizendo que os algarismos 3 e 2 são corretos e que o algarismo 4 é duvidoso,
não tendo sentido físico escrever qualquer algarismo após o 4.

Algarismos significativos = Algarismos exatos + um único algarismo duvidoso


Importância
• Expressar o valor de uma grandeza determinada experimentalmente.
• O número de algarismos significativo expressa a precisão de uma medida.

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Exemplo:
1- A massa de uma amostra foi previamente determinada numa balança analítica,
cujo valor foi 65,4321 g. Um analista deseja determinar a massa desta mesma amostra
utilizando quatro balanças, que apresentam as precisões abaixo. Expresse o valor da
massa encontrada, em cada balança utilizada e identifique o algarismo duvidosos.
a) ±0,1g b) ±0,01g c) ±0,001 d) ±0,0001

Quando tratamos apenas com matemática, podemos dizer, por exemplo, que 5 =
5,0 = 5,00 = 5,000. Contudo, ao lidarmos com resultados de medidas devemos sempre
lembrar que 5 cm ≠ 5,0 cm ≠ 5,00 cm ≠5,000cm, já que estas medidas a precisão de cada
uma delas é diferente.
3. Considerações Sobre Algarismos Significativos
- Todo algarismo diferente de zero será considerado algarismo significativo de uma
medida;
- Todo zero à direita de um algarismo significativo será considerado algarismo
significativo;
- Todos os zeros localizados à extrema esquerda de uma medida não serão
considerados algarismos significativos;
- As potências de base dez não são consideradas como algarismos significativos.
Exemplos:
5,21 tem 3 algarismos significativos;
5,70 tem 3 algarismos significativos;
5,700 tem 4 algarismos significativos;
0,0003790 tem 4 algarismos significativos;
6,12 x 108 tem 3 algarismos significativos;
125 = 1,25 x 102 tem 3 algarismos significativos;
22,24 = 2,224 x 10 tem 4 algarismos significativos;
0,00350 = 3,50 x 10-3 tem 3 algarismos significativos;
1,0007 tem 5 algarismos significativos.

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4. Algarismos Significativos nos Cálculos – Propagação De Erros
O valor de uma grandeza poderá ser obtido diretamente (medida de um
comprimento, massa, tempo etc.) ou indiretamente (medida de aceleração, pressão,
força, volume etc.). Nas medidas indiretas o valor da grandeza final dependerá das
incertezas de cada uma das grandezas obtidas direta ou indiretamente, bem como da
forma da expressão matemática utilizada para obtê-las.

4.1. Arredondamento
Quando for necessário fazer arredondamento de algum número, utilizaremos a
seguinte regra:
O arredondamento ou a aproximação é necessário quando temos de eliminar um ou
mais algarismos à direita, para tais aproximações usaremos como fronteira o valor 5,
isto dar-se-á da seguinte maneira :
- Se o algarismo a suprimir for inferior a 5, mantém-se o algarismo anterior. Exemplos:
a) 4,453 = 4,45 b) 7,12356 = 7,12.

- Se o algarismo a suprimir for superior a 5, acrescenta-se uma unidade ao algarismo


anterior. Exemplos:
a) 4,456 = 4,46 b) 6,02856 = 6,03.

- Se o algarismo a suprimir for 5, o algarismo anterior mantém-se, se for par, e


aumenta uma unidade, se for ímpar. Exemplos:
a) 4,45 = 4,44 b) 4,35 = 4,4 c) 10,2541 = 10,2 d) 2,335 = 2,34.

4.2. Adição e Subtração


Quando adicionamos (ou subtraímos) medidas, o número de casas decimais do
resultado deve ser igual ao menor número de casas decimais encontrado entre os
termos adicionados (ou subtraídos). Exemplos:
a) 1,362 x 10-4 + 3,111 x 10-4 = 4,473 × 10-4
b) 5,345 + 6,728 = 12,073

5
c) 7,26 x 1014 - 6,69 x 1014 = 0,57 x 1014 ou 5,70 x 1014
d) 1,35 + 1,231 = 2,581 , logo o resultado é 2,58
e) 12,561 - 0,1236 = 12,4374 = 12,437

4.3. Multiplicação e Divisão


Quando multiplicamos (ou dividimos) medidas, o número de algarismos
significativos no resultado deve ser igual ao menor número de algarismos
significativos encontrado entre as medidas multiplicadas (ou divididas). Exemplos:
a) 803,407 / 13,1 = 61,328 = 61,33
b) 35,63 x 0,5481 x 0,05300 / 1,1689 = 0,88547058 → 0,8855
c) 4,52 x 1,3 = 5,876, logo o resultado é 5,9

5. Erros e Incertezas
O objetivo da medição de uma grandeza física é alcançar o seu valor verdadeiro ou
valor real, que é muito difícil. Pode-se concluir, após uma série de medidas, um valor
que mais se aproxime do valor real. Caso tenhamos, a priori, o conhecimento do valor
real da grandeza e o comparamos com o resultado de uma série de medidas podemos
definir o que denominamos de ERRO. Erro é a diferença entre o valor medido e o valor
verdadeiro da grandeza.
Uma vez que uma única análise não fornece informações sobre a variação dos
resultados, geralmente os analistas utilizam entre duas e cinco porções (réplicas) de
uma amostra para realizar o procedimento completo. Os resultados individuais obtidos
para um conjunto de medidas raramente são iguais, assim sendo, normalmente
consideramos que o “melhor”resultado é o valor central do conjunto.

5.1 Precisão e Exatidão


Precisão e exatidão são dois termos comumente utilizados na análise dos
resultados de uma medida, mas também são confundidos facilmente apesar de
possuírem sentidos muito diferentes.

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Figura 1. Diferença entre precisão e exatidão

A exatidão é difícil de ser determinada, pois o valor verdadeiro é geralmente


desconhecido, por se tratar do objetivo da análise. Então, um valor aceito é
normalmente utilizado, assim ela é expressa em termos de erro absoluto e erro relativo.
A exatidão e precisão de uma medida também ser ilustrados conforme as Figuras 2
Figuras 3.

Figura 2. Exatidão e precisão de uma medida

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Figura 3. Exatidão e precisão de uma medida

5.2. Classificação dos Erros


Por mais cuidadosa que seja uma medição e por mais preciso que seja o
instrumento, não é possível realizar uma medida direta perfeita. Ou seja, sempre existe
uma incerteza ao se comparar uma quantidade de uma dada grandeza física com sua
unidade. Segundo sua natureza, os erros são geralmente classificados em:
sistemáticos ou determinados e indeterminados ou aleatórios.

5.2.1 Erros sistemáticos


Apresentam um valor definido e, pelo menos em princípio, podem ser medidos e
computados no final do resultado. São considerados erros sistemáticos:
a) Erros de método: São provavelmente os mais sérios dos erros determinados, pois
são os mais difíceis de serem detectados. Para realizarmos uma análise geralmente,
adaptamos um procedimento ou método retirado da literatura e, não importando quão
cuidadosamente se trabalhe, o método pode induzir a erros, inerentes ao próprio
método. Exemplos: Em gravimetria os erros de método mais comum são aqueles

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devidos à solubilidade dos precipitados, à co-precipitação e pós-precipitação e à
decomposição ou higroscopicidade da forma de pesagem. Em volumetria, citam-se o
uso impróprio de indicadores e a aplicação do método a concentrações inadequadas.
b) Erros operacionais: São erros relacionados com as manipulações feitas durante a
realização das análises. Eles não dependem das propriedades químicas e físicas dos
sistema, nem dos instrumentos utilizados, mas somente da capacidade técnica do
analista. Exemplos: quando da filtração em uma análise gravimétrica, não remover o
precipitado completamente; usar pipetas e buretas sujas;... etc.
c) Erros pessoais: Estes erros provêm da inaptidão de algumas pessoas em fazerem
certas observações, corretamente. Por exemplo, dificuldade em observar a mudança
de cor dos indicadores. Forçar os resultados a concordarem entre si após uma análise,
também é classificado como erro pessoal.
d) Erros devidos a instrumentos e reagentes: São erros relacionados com as
imperfeições dos instrumentos, aparelhos volumétricos e reagentes. Por exemplo,
pesos e aparelhos volumétricos mal calibrados são fontes de erro. Impurezas de
reagentes também são fontes gravíssimas de erros.

5.2.2. Erros indeterminados ou aleatórios:


Mesmo na ausência de erros determinados, se uma pessoa faz uma mesma
análise, haverá pequenas variações nos resultados. Isto é conseqüência dos
chamados erros indeterminados, os quais não podem ser localizados e corrigidos. No
entanto, estes erros podem ser submetidos a um tratamento estatístico que permite
saber qual o valor mais provável e também a precisão de uma série de medidas.
Admite-se que os erros indeterminados seguem a lei da distribuição normal
(distribuição de Gauss, Figura 4). A probabilidade de erro aleatório ser positivo ou
negativo é a mesma. Exemplos: ruído elétrico de um instrumento; um analista lendo o
instrumento diversas vezes provavelmente obterá diversas leituras diferentes; erro
aleatório associado à leitura de escala.

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Figura 4. Distribuição normal de Gauss

5.3. Erros de uma medida


O erro de uma análise é geralmente expresso em termos relativos, sendo
calculado através da relação:
Erro absoluto (Eab) = Xi - Xv
e,
Erro relativo (ER) = Eab/Xv, que é adimensional e comumente expresso em partes por
cem ou em partes por mil.
Onde:
Xi = valor medido E Xv = valor verdadeiro

Desvio aparente (di)


O desvio (também chamado de erro aparente) de uma medida, di, é definido

pela diferença entre o seu valor (medido), Xi, e a média, Xm ou .


di = Xi - Xm;

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Desvio padrão (s)
A dispersão dos valores é medida com eficiência pelo desvio padrão (s).

Variância
Refere-se ao Grau de variação dos valores medidos em torno do respectivo
valor médio. É dada pelo quadrado do desvio padrão (s2).

Coeficiente de variação (CV) ou desvio padrão relativo ao porcentual (DPR%)


O coeficiente de variação (CV) é definido como sendo a razão entre o desvio

padrão (s) e a média aritmética (Xm ou )


CV = (s / Xm) x 100
Exemplo:
1. Os seguintes resultados foram obtidos para réplicas da determinação de
chumbo em uma amostra de sangue: 0,752; 0,756; 0,752; 0,751 e 0,760 mg L -1
de Pb. Calcule:
a) média, Xm = 0,754
b) desvio padrão , s = 0,004
c) variância, s2 = 0,00001
d) o desvio padrão relativo, sr = 0,005
e) o coeficiente de variação, CV = 0,500
f) os resultados são precisos, pois o conjunto de dados apresenta baixos valores
para desvio padrão e variância.

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5.4. Detecção de erros grosseiros
Existem algumas situações que num conjunto de dados contém um
resultado que está em desacordo com o restante do grupo. Embora, não exista
uma regra universal para definir a questão da rejeição ou manutenção dos
resultados, o teste Q é geralmente reconhecido como método adequado para
tomada de direções.
A aplicação é feita da seguinte forma:
a) Colocar os valores obtidos em ordem crescente;
b) Determinar a diferença existente entre o maior e o menor valor da série
(faixa);
c) Determinar a diferença entre o menor valor da série e o resultado mais
próximo (em módulo);
d) Dividir esta diferença (em módulo) pela faixa, obtendo um valor Q;
e) Se Q > Q90% (valor tabelado), o menor valor é rejeitado;
f) Se o menor valor é rejeitado, determinar a faixa para os valores restantes e
testar o maior valor da série;
g) Repetir o processo até que o menor e o maior valores sejam aceitos;
h) Se o menor valor é aceito, então o maior valor é testado e o processo é
repetido até que o maior e o menor valores sejam aceitos;
i) Quando a série de medidas é constituída por três valores, aparentemente um
valor será duvidoso, de modo que somente um teste precise ser feito.

Tabela 1. Valores críticos do quociente de rejeição Q, co 90% de confiança


Número de resultados (N) Q90%
2 -
3 0,94
4 0,76
5 0,64
6 0,56
7 0,51

12
8 0,47
9 0,44
10 0,41

Exemplo:
1. Uma análise de cobre, envolvendo dez determinações, resultou nos seguintes
valores porcentuais:
%Cu = 15,42; 15,51; 15,52; 15,53; 15,68; 15,52; 15,56; 15,53; 15,54; 15,56
Determinar qual (is) resultado (s) requer (em( rejeição.

Exercícios a parte
1- Uma análise de % de ferro duma amostra de minério deu valores de 45,67; 49,01;
46,24; 46,18 e 45,99. Diga para que serve o teste Q 90% e utilize-o nesta gama de
valores, respondendo também às questões seguintes:
a) Qual é o valor suspeito?
b) Qual é o valor de Q experimental?
c) Qual é o valor de Q tabelado?
d) O valor deve ser rejeitado ou não?
e) Calcule também o valor da média para estes valores.

2) Aplique o teste-Q para determinar se algum dos seguintes resultados deve ser
rejeitado:
a) 70,10; 69,62; 69,70
b) 70,10; 69,62; 69,70; 69,65

3) Uma análise de cobre, envolvendo dez determinações, resultou nos seguintes


valores percentuais: 15,42; 15,51; 15,52; 15,53; 15,68; 15,52; 15,56; 15,53; 15,54 e
15,56. Determinar quais resultados requerem rejeição.

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4) Benedetti-Pichler (Mikrochemie Pregl Festschrift,, 1929) estudou a determinação
gravimétrica de alumínio, em escala microanalítica, por precipitação com 8-
hidroxiquinolina, aplicando o método à determinação do elemento em amostras de
alúmen puro, KAl(SO4)2.12H2O, variando de 1,7 a 6,5 mg. O teor de Al 2O3 no alúmen é
igual a 10,77%. Em uma série de nove determinações, foram achados os seguintes
resultados: 10,74; 10,77; 10,73; 10,77; 10,81; 10,86; 10,77; 10,82 e 10,81% de Al 2O3.
Responda:
a) calcule a média e o desvio padrão.

b) usando o teste-t mostre se a diferença entre a média e o valor verdadeiro é ou não


significativa. Pode essa diferença ser atribuída a um valor constante?

c) estipule os limites de confiança com 95% de certeza.

5) Os resultados obtidos por dois analistas para o conteúdo de carbono em um


composto orgânico são dados abaixo:
Analista 1: 49,32; 49,41; 49,66; 49,45
Analista 2: 49,09; 49,08; 49,25; 49,13; 49,10; 49,19
Decida:
a) Se existe diferença significativa entre os desvios padrões dos dois analistas;

b) Se existe diferença significativa entre as médias dos dois analistas.

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