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Erros e Medidas

Anthonny Yan de Souza Martins, Italo Augusto da Silva, Johnnatan Fawler Jácome
Morais

Bacharelado em Ciência e Tecnologia – Laboratório de Mecânica Clássica – Turma 02


Universidade Federal Rural do Semiárido – Campus Caraúbas
Rio Grande do Norte - Brasil

Experimento realizado nos dias 08 de Dezembro de 2023 e 15 de Dezembro de 2023

Resumo. O presente relatório demonstra o funcionamento de alguns aparelhos de medida, a sua utilização
e analisa a particularidades dos resultados obtidos. O experimento foi obtido mediante a realização da
medição de um cilindro metálico, utilizando um paquímetro e uma régua como instrumentos principais.
Com os dados coletados da altura e diâmetro do cilindro, faz-se o tratamento adequado com o uso de
fórmulas capazes de determinar incertezas afim de diminuir a margem de erro ao fazer as aferições
corretas para determinar seu volume.

Palavras chave: Medidas, erros, experimento, incertezas, aparelhos.

I. Introdução Teórica Para quantificar e comparar essas grandezas são


utilizados dispositivos projetados para serem usados
A física é uma ciência experimental que busca como instrumentos de medida. Essas medidas podem
compreender as leis fundamentais que governam o ser classificadas em duas categorias: medidas diretas e
universo. A medição é uma ferramenta crucial nesse indiretas.
processo, permitindo quantificar e comparar Medidas diretas são aquelas em que a grandeza de
fenômenos físicos. Essa é uma correlação importante interesse é obtida diretamente, sem a necessidade de
da Física, Química, Engenharia, assim como de outras cálculos ou transformações adicionai, normalmente
áreas experimentais, elas são quantitativas, isto é, suas através da leitura de uma magnitude utilizando de
teorias fundamentam-se na medição de grandezas. instrumento de medida, como por exemplo, um
Um princípio fundamental da física é que é comprimento com uma régua graduada, ou a de uma
impossível medir uma grandeza física com absoluta massa com uso de uma balança ou de um intervalo de
precisão; toda medição, por mais cuidadosa que seja, é tempo com um cronômetro.
sempre uma aproximação. No entanto, a ciência se Medidas indiretas envolvem a determinação da
dedica a aprimorar os sistemas de medição, grandeza desejada através de cálculos matemáticos ou
minimizando os erros para obter resultados mais relações com outras grandezas mensuráveis ou ainda
precisos. Isso é alcançado por meio do uso das usando um método experimental que dele resulte
equações de média, desvio padrão da média e volume, medidas indiretas, exemplos comuns dessa medida é o
que fornecem cálculos precisos, especialmente em cálculo da velocidade de um corpo observando o tempo
medições complexas. e a distância percorrida, ou ainda o volume de um dado
Daqui em diante trataremos então das grandezas objeto usando uma proveta com líquido, por exemplo,
físicas com as quais estaremos envolvidos e os água.
procedimentos necessários na realização de medidas. O procedimento de medição em si, juntamente com
esses dispositivos, apresenta limites de precisão e
exatidão. Em outras palavras, cada medição realizada
A. Medidas Físicas carrega consigo uma margem de incerteza que reflete
nossa ignorância (ou apedeutismo) em relação ao valor
Medir uma grandeza física significa comparar esta medido. A escolha do método de medição, do
grandeza com uma outra do mesmo tipo escolhida instrumento utilizado e a capacidade de reprodução da
como termo de comparação ou padrão, essa adotada magnitude medida devem ser devidamente expressas.
como unidade. As medidas físicas são valores que Em alguns dispositivos, a incerteza do instrumento já é
descrevem propriedades de objetos, substâncias ou indicada de forma prévia, caso contrário, a metade da
fenômenos no mundo físico, expressas numericamente menor divisão da escala será utilizada como incerteza.
e são acompanhadas de unidades que indicam a escala
ou magnitude da quantidade medida. B. Teoria dos Erros
Temos essa teoria como um conceito fundamental estimar o número duvidoso. A leitura será, portanto
na análise de medidas e experimentos. Ela proporciona 3,65cm, onde 3,6 é o valor mais provável (correto) e 5
uma estrutura sistemática para lidar com a passa ser o valor duvidoso, mas todos os três números
complexidade das incertezas nas medições, pois são significativos.
permite compreender a confiabilidade das medições
realizadas e avaliar a precisão dos resultados obtidos
garantindo uma abordagem científica sólida na
interpretação e apresentação de resultados
experimentais.

1. Algarismos significativos

Quando comunicamos uma medida, é essencial


indicar a quantidade de dígitos com os quais podemos Podemos assim considerar que os algarismos
representar essa medida, a unidade correspondente e o significativos de uma medida são todos aqueles que
nível de confiança associado ao valor comunicado. Em individualmente têm significado (Todos os algarismos
uma medida temos os algarismos significativos, que corretos de um número mais o primeiro duvidoso). Esse
são os números responsáveis pela determinação da algarismo duvidoso é o número que estar sujeito a
precisão de um certo número, composto números tido erros. É importante destacar que a palavra erro não tem,
como corretos e o último como duvidoso. Quanto mais aqui, o significado de distração, descuido ou engano,
preciso o instrumento de medida, mais ficamos perto do pois estes podem ser evitados, enquanto o erro
valor real da grandeza que queremos medir. experimental não pode ser evitado, mesmo nas
Para esclarecer, vamos observar a figura 1 logo medições mais precisas.
abaixo. Observe o comprimento do lápis que está sendo Os algarismos significativos são uma parte
medido por uma régua calibrada apenas em centímetro fundamental na representação e comunicação precisa
(régua A). Olhando por ela poderíamos estimar o de medidas. E assim temos que é importante incorporar
comprimento do lápis em 3,6 cm ou 3,7 cm, . Este uma estimativa de incerteza.
último algarismo seria o algarismo avaliado, ou seja, o
duvidoso, pois a precisão da régua é em centímetro e 2. Incertezas
não em décimos de centímetros para aumentar a A teoria do erro reconhece que todas as medições
precisão. estão sujeitas a alguma forma de incerteza. Mesmo com
Está claro que no caso A não faz sentido tentar instrumentos precisos, sempre existe uma margem de
erro devido a fatores como limitações instrumentais,

Figura 1. Usando a régua para medir um lápis (A) régua es escala de centímetro (B) régua em escala de
Milímetros
estimar outro algarismo para a medida, acrescentando, condições ambientais e habilidades do operador. Ela
por exemplo, outro 5 e representar a medida como fornece métodos para expressar de forma apropriada a
sendo 3,55 cm, ou até 3,65 cm. Se o primeiro 5 ou o 6 incerteza associada a uma medida. Isso geralmente é
(no segundo caso) já são duvidosos, quanto mais o feito através do uso de desvios padrão, intervalos de
algarismo seguinte. Portanto, os algarismos confiança ou outras métricas estatísticas.
significativos dessa medida com a régua A seria 3,5cm. A representação da incerteza é uma prática
Usando uma régua com maior precisão, régua B essencial para comunicar a confiabilidade e precisão de
(que tem precisão em milímetro, ou décimos de resultados experimentais, a sua representação não
centímetro), podemos verificar que fica mais fácil apenas informa sobre a variabilidade dos dados, mas
estimar o tamanho do lápis aproximando mais de sua também auxilia outras pessoas que terão acesso aos
medida real. Como a menor escala é 0,1cm, usaremos dados na avaliação da confiabilidade dos resultados.
para precisão a metade dessa escala, que é 0,05cm, para
Utilizaremos no nosso caso um paquímetro (figura 3)
que é um instrumento usado para medir as dimensões
lineares internas, externas e de profundidade de uma
peça, normalmente de tamanho pequeno.
A ferramenta, na sua versão mais comum, consiste
em uma régua graduada com encosto fixo, sobre a qual
desliza uma outra peça, chamada de cursor, que conta
com encostos móveis. Além disso, também conta com
a haste de medida de profundidade.
Figura 2. Altura de uma árvore
Suponha que foi realizado várias medições da altura II. Procedimento Experimental
de uma planta (figura 2) e obteve os seguintes
O Objetivo desse procedimento é aprender a medir
resultados: 52,3 cm, 51,8 cm, 52,0 cm, 51,5 cm e 52,2
grandezas corretamente e dar tratamento adequado para
cm. Usando a formula abaixo, encontramos que a
os erros cometidos. Para essa prática foram utilizados
média dessas medidas é 52,0 cm.
os seguintes materiais principais: um paquímetro
(figura 4), uma régua, uma proveta com água (figura 5),
∑𝑁
𝑖=1 𝑥𝑖
𝑥̅ = (Fórmula 1) um objeto cilíndrico de metal (figura 6) e uma
𝑁 calculadora científica para realizar os cálculos.
Para a representação da incerteza utiliza o desvio
padrão da média (fórmula abaixo)

𝜎 ∑𝑁
𝑖=1(𝑥𝑖 −𝑥̅ )
2
𝜎𝑥̅ = , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝜎 = √ Figura 4. Paquímetro utilizado no experimento
√𝑁 𝑁−1
(Fórmula 2)

pode ser expressa da seguinte forma: "A altura da


planta é 52,0 ± 0,3 cm", onde 0,3 cm é o desvio padrão
das medições. Essa notação indica que existe uma
variação de aproximadamente 0,3 cm ao redor da média
de 52,0 cm, representando a incerteza associada às
medições.

3. Instrumentos de medidas
A definição de instrumento de medição é um
dispositivo, ou ferramenta, usado para inspecionar,
medir, testar ou examinar partes e dados, a fim de obter
valores numéricos representativos de grandezas.
Régua, termômetro, balança, cronômetro, voltímetro,
amperímetro, por exemplo, são modelos
de instrumentos de medição comuns no nosso dia a dia.

Figura 3. Paquímetro universal

Devido à crescente necessidade de maior precisão e


medição de padrões, as ferramentas envolvidas em teste
e medição estão em constante desenvolvimento para
Figura 5. Régua e proveta utilizada no
acomodar os avanços tecnológicos. A indústria cria
experimento
ferramentas altamente especializadas e atende tanto o
uso geral como, principalmente, para as indústrias de
alta tecnologia, automotiva, comunicações e médica.
Figura 7. Equação e medida necessárias para
Figura 6. Objeto cilíndrico de metal utilizado no
encontrar o volume do cilindro
experimento

Ao iniciar, foi apresentado as equações que serão


utilizadas para obter os resultados do experimento.
Primeiro foi apresentado a equação para calcular o
valor médio de um conjunto de dados N, sendo definida
a formula da média Aritmética, já mostrada
anteriormente no exemplo da árvore (Fórmula 1).
Também foi exposto a equação do desvio padrão,
que é de suma importância para nossos cálculos, pois
através dela será indicado a margem de erro presente no
cálculo. Essas também já vimos no exemplo da árvore
(Fórmula 2).
Por último, antes de iniciar os procedimentos de
medição, foi orientando a forma correta de utilização e
Figura 9. Medição do diâmetro do objeto no
leitura do paquímetro (Figura 3) e da régua.
Com os dados da altura e diâmetro do cilindro paquímetro
medido com a régua e paquímetro e com o aumento do
nível da água na proveta com a imersão do mesmo na
água serão feitos 3 cálculos, um para cada item de
medição, para determinar o volume do cilindro e para
analisar a variação dos resultados obtidos.
Iniciando as medições, cada componente do grupo
fez uma medição do cilindro usando o paquímetro e
outras duas medidas foram feitas a fim de ter 5 medidas
do objeto (medidas exemplificadas nas figuras 8 e 9).
As medidas feitas foram o diâmetro d (para encontrar o
raio r) do cilindro e sua altura h, com o objetivo de
calcular seu volume (figura 7).

Figura 8. Medição da altura do objeto no


paquímetro

Resultados e Discussão

Tabela 1: Medidas do objeto feitas com o


paquímetro, a média e o desvio padrão da média.

Medidas Lado 1 (h) mm Lado 2 (d) mm


1 25,10 ± 0,05 12,70 ± 0,05
2 25,10 ± 0,05 12,65 ± 0,05
3 25,10 ± 0,05 12,65 ± 0,05
4 25,10 ± 0,05 12,70 ± 0,05 Experimentos de qualquer natureza estão sujeitos a
5 25,15 ± 0,05 12,65 ± 0,05 erros, sejam eles ocorridos devido ao clima, ou
𝑥̅ 25,11 12,67 referente a uma falha de execução do aparelho pelo
𝜎𝑥̅ 0,01 0,01 experimentador ou até mesmo um erro de fábrica.
Podemos observar que há diferença medição e
As mesmas medidas foram repetidas, porém usando precisão quando se muda a pessoa que faz a leitura do
a régua de menor graduação em um décimo de instrumento e também de aparelho para outro.
centímetro, ou um milímetro. Fizemos aqui uma série de medidas e, a partir delas,
Os dados coletados estão na tabela abaixo: obtivemos uma média que, partir destas, foi possível
calcular o valor experimental para o volume do
cilindro de forma indireta e compara-lo com o valor
Tabela 2: Medidas do objeto feitas com uma régua e a
destas grandezas medida de forma direta.
média.

III. Conclusão
Apesar de se parecer simples, o ato de medir
Medidas Lado 1 (h) (mm) Lado 2 (d) (mm) envolve diversas condições. Pode ser observado que a
1 24,5 ± 0,5 12,4 ± 0,5 qualidade do instrumento utilizado influi muito no
2 24,2 ± 0,5 12,3 ± 0,5 resultado da experiência. Para medir adequadamente
3 24,3 ± 0,5 12,5 ± 0,5 algum objeto é necessário atentar com o grau de
4 24,5 ± 0,5 12,3 ± 0,5 precisão do instrumento utilizado. Observar se o meio
5 24,4 ± 0,5 12,4 ± 0,5 ambiente não vai interferir na obtenção do resultado.
𝑥̅ 24,4 12,4 Além de assumir o erro na hora de manusear os
𝜎𝑥̅ 0,05 0,03 equipamentos.
Durante a prática ficou clara a importância de retirar
as medidas com extrema exatidão, é importante lembrar
As medidas feitas até aqui (excerto o valor da que os resultados desta prática dependem integralmente
média e do desvio padrão da média), foram de uma boa leitura do paquímetro. Nos procedimentos
formas diretas. Porém para calcularmos o volume realizados os erros podem estar associados a erros no
do cilindro estamos aplicando uma medida indireta. equipamento (pois até a temperatura do ambiente pode
Uma forma de medida direta feita para conseguir interferir nas medidas), ou por ter sido feito em dias
calcular o volume de um objeto é mergulhar ele em diferentes e não foi garantido que o material usado era
um recipiente com líquido e observar o volume o mesmo do primeiro dia, assim como à falha humana
deslocado do volume inicial, esse método de medir que são explicados principalmente pela falta de
volume é atribuída a Arquimedes que percebeu que experiência no manuseio dos instrumentos, caso que
poderia usar o deslocamento de líquido para medir deverá ser minimizado com o decorrer das novas
o volume irregular de uma coroa. Voltando ao experiências a serem realizadas. Mas os resultados
experimento, mergulhamos o cilindro em uma encontrados para as medidas podem satisfazer os dados
proveta com água e observamos. Os dados estão a científicos, se comparados às práticas cotidianas.
seguir: Vimos então que ao fazer medidas, não é possível
obter uma medida exata, mas podemos obter medidas
Tabela 3: Dados obtidos com a proveta e o objeto precisas, levando em consideração os erros, que podem
mergulhado. ser atribuídos às fontes já citadas anteriormente.
Vale ressaltar que, dentre os três volumes
calculados, o mais preciso é com a utilização do
Antes de mergulhar Após mergulho
paquímetro, visto que a precisão dele é alta por
Volume 30,0 ml 33,5 ml trabalhar com valores de medidas menores. O volume
obtido com a régua foi mais próximo com o resultado
Através dos dados médios obtidos com o do paquímetro do que o volume obtido na utilização da
paquímetro e com a régua, fizemos a medida indireta proveta, pois a régua, por mais que sua precisão seja
do volume em cada situação, para posteriormente menor, não apresenta as falhas que esse instrumento
comparar com a medida da proveta. Para isso usamos a químico possui, porque a proveta não é um instrumento
equação que acompanha a figura 7. utilizado para trabalhar com volumes por não ser um
Os valores obtidos do volume estão dispostos a equipamento de precisão volumétrica, tendo em vista
seguir: que essa proveta possa ter sido exposta a algum
aquecimento, descalibrando sua medição e gerando por
Volume cm³ Volume cm³ Volume cm³ conseguinte mais erros.
(paquímetro) (régua) (proveta)
3,2±0,01 3,0±0,24 3,5 ± 0,5
IV. Referências
[1] Apostila de Laboratório de Física A; UFS; https://www2.fis.ufba.br/dftma/TeoriaDeErr
2009. SÁ, Renato Laureano – Apostila de os2013v3.pdf (autor não encontrado).
erros e medidas para experimental I. UFRR – [3] Toginho Filho, D. O., Andrello, A.C.,
2012. SÁ, Renato Laureano – Guia de Catálogo de Experimentos do Laboratório
experimento: medidas e erros. UFRR – 2012. Integrado de Física Geral Departamento de
SÁ, Renato Laureano – Modelo de relatório Física. Universidade Estadual de Londrina,
de atividades experimentais. UFRR – 2012. Junho de 2010.
[2] Teoria de erros; UFBA, Salvador, BA 2013.
Disponivel em:

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